Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Obstetrícia ATD2 Catarina Alipio XXIIB Sangramento de 1º trimestre: - Abortamento. - Gestação ectópica. - Doença trofoblástica gestacional. Abortamento: Definição: - De acordo com a OMS: é a interrupção da gestação com menos de 20 semanas ou com produto da concepção (feto ou embrião) pesando menos de 500g. - De acordo com o MS: interrupção da gravidez até a 20ª ou 22ª semana e com produto da concepção pesando menos que 500g. - Perda bioquímica: aborto que ocorre após um teste urinário ou beta hCG positivo, mas sem diagnóstico ultrassonográfico ou histológico. - Aborto clínico: é utilizado quando a USG ou a histologia confirmam que houve gravidez intra uterina. - Levando em conta a viabilidade do produto conceptual, considera-se abortamento a interrupção da gestação antes do feto ser capaz de sobreviver fora do útero. Causa mais frequente de hemorragia do 1º trimestre. - Incidência: 15 a 20% das gestações clinicamente diagnosticadas terminarão em abortamento. • Precoce: < 12 semanas (50 a 80%). - P r i n c i p a l c a u s a : a l t e r a ç ã o cromossômica (50 a 80%). - Maioria das vezes, não sabemos o que causa o abortamento. • Tardio: 12 a 20 semanas. - FATORES MATERNOS: • Infecções podem causar lesões na placenta, nas membranas ovulares e no produto conceptual. • Endocrinopatias (diabetes mellitus, hipo hipertireoidimso descompensado). • Fatores Autoimunes : Ac antifosfolípides e anticoagulante lúpico e anti beta 2 glicoproteína podem causar perdas fetais recorrentes (fenômenos trombóticos). - 3 abortamentos consecutivos. - FATORES ANATÔMICOS: • Miomas : submucoso e intramural (volumosos). • S i n é q u i a s U t e r i n a s ( 1 5 a 3 0 % ) : abortamento de repetição. • Incompetência istmo Cervical. - OUTROS :desnutrição, alcóol , drogas, traumas. Incompetência do istmo cervical: - Perda fetal recorrente no 2º trimestre devido a oclusão insuficiente do colo do útero. • Há di latação indolor , ausênc ia de sangramento, protrusão das membranas ovulares na vagina e posterior rotura de membranas, seguida de expulsão fetal. • Esse bebê que é expulso não e1 viável e acaba não sobrevivendo. - Etiologia: dilatação e curetagem, conização ou amputação colo, congênita (história familiar). - Diagnóstico: geralmente é clínico = perdas fetais recorrentes no 2º trimestre (entre 12 e 20 semanas) ou partos prematuros extremos (entre 21 e 32 semanas). - Tratamento: 24 San"amentos de 1º trimestre Dra. Paula- DATA 13/04 Obstetrícia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • Circulagem profi lát ica : após US morfológico do 1º trimestre (entre 12 e 16 semanas). - Sutura em bolsa do colo do útero após o USG morfológico do 1º trimestre. - Técnica de MacDonald. - Remoção circlagem: após 36 semanas, TPP, RPMO, corioamnionite ou OF. Formas clínica de abortamento: AMEAÇA DE ABORTO: - A paciente apresenta sangramento vaginal, mas o OIC permanece impérvio e a vitalidade embrionária está preservada. • 15 a 20% das gestações. - Clínica: • Sangramento vaginal em pequena quantidade. - Sangramento = ir p/ hospital. • Abdômen inocente. • Tamanho do útero compatível com IG. • Toque: colo fechado. - Diagnóstico: • BCF > 12 semanas. • USG mostra BCF (> 6 semanas) ou saco gestacional regular. ‣ 50% das mulheres com sangramento no início da gestação irão abortar ou apresentar alguma forma de gestação não evolutiva. ‣ Taxa de aborto diminui para 4 a 10% se o sangramento ocorrer após constatação prévia do BCF via US. - Tratamento: repouso e antiespasmódicos. • Não tem o que fazer nem como garantir que a paciente evolua para abortamento. • Não há evidências científicas de um tratamento efetivo para diminuir o risco de evolução para aborto inevitável. - Recomenda-se o uso de Imunoglobulina anti-D nas pacientes Rh negativo não sensibilizadas. ABORTO EM CURSO: - Clínica: • Sangramento intenso e cólica forte. • Anemia, taquicardia e hipotensão. - Exame especular: sangramento ativo pelo canal cervical. - Toque: orifício do colo dilatado. - USG : descolamento ovulat ou saco gestacional irregular. - Completo: • Ocorre principalmente nas primeiras 10 semanas. • Útero se contrai e sangramento e cólicas diminuem. • Colo uterino tende a fechar-se em poucas horas. • USG: ECO endometrial < 15 mm. - Incompleto: • Mais frequente após 10 semanas. • Eliminação parcial dos produtos de concepção. • Volume do útero menor do que o esperado para IG. • Colo uterino geralmente está pérvio. • Tratamento: esvaziamento cirúrgico do conteúdo. • U S G : c o n t e ú d o i n t r a u t e r i n o heterogêneo, eco endometrial > 15mm. ABORTO RETIDO E GESTAÇÃO ANEMBRIONADA: - Aborto retido: morte embrionária ou fetal antes de 20 semanas associado à retenção do produto conceptual. 25 Obstetrícia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • Clínica: - Perda dos sintomas gravídicos. - Pequeno sangramento vaginal. - Volume uterino menor que o esperado para IG. • Toque: colo fechado. • USG: ausência de atividade cardíaca em embrião com CCN > 7mm. - Gestação anembrionada: USG mostrando saco gestacional sem embrião. • Confirmação diagnóstica: - Não visualização de embrião com diâmetro médio do saco gestacional maior ou igual a 25mm = devemos repetir a USG para confirmação diagnóstica. ABORTO INFECTADO: - Polimicrobiana = infecção inicial no útero podendo se propagar. - Clínica: depende da gravidade. • Leve: febre e sangramento vaginal leve. • Grave: saída de pus pelo OIC, peritonite, sepse. - Tratamento clínico e cirúrgico: • ATB de amplo espectro: clindamicina + gentamicina ou ampicilina/ sulbactam. • Esvaziamento do útero. Tratamento do aborto: - Expectante: • Casos selecionados de aborto precoce (< 12 semanas). • Em casos de aborto incompleto, os resultados são estimulantes. • Em casos de gestação anembrionada, e aborto retido, os resultados não são animadores. • Geralmente a eliminação do produto conceptual ocorre nas primeiras semanas de acompanhamento. • As principais complicações da conduta expectante são: esvaziamento uterino incompleto, hemorragia e infecção. • Paciente estável hemodinamicamente, que não quer fazer procedimento cirúrgico (casos selecionados). - Medicamentoso: • Alternativa para as mulheres que não querem ser submetidas ao tratamento cirúrgico. • Misoprostol (análogo da prostaglandina) = efeito na contratilidade uterina e no esvaecimento cervical. • Para perda gestacional precoce usa-se 800 μg por via vaginal a cada 24h, por até 2 dias. • Taxa de sucesso (aborto completo) superior a 80% nos casos de aborto retido e gestação anembrionada. - Cirúrgico: • Indicado nos casos de sangramento intenso, infecção ou quando a mulher não deseja aguardar a eliminação espontânea. • Curetagem uterina ou AMIU ( Aspiração Manual Intrauterina). Acompanhamento: - Realizar anatomopatológico do produto do abortamento. - Se não houver material, realizar hCG urinário após 2 semanas e, então, alta se hCG urinário negativo. 26 Obstetrícia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - A positividade de hCG urinário após 2 s e m a n a s re q u e r a re a l i z a ç ã o d e Ultrassonografia transvaginal e dosagem sérica seriada de beta-hCG para verificar a p o s s i b i l i d a d e d e ev e n t u a l e r ro diagnóstico e provável gravidez ectópica ou moléstia trofoblástica gestacional. • Dica: lembre sempre de enviar todos os materiais para o anátomo patológico. Gravidez ectópica: - Definição: implantação do blastocisto e desenvolvimento do embrião fora do útero. • Maioria: tubária (nas trompas) • Principal causa de mortalidade materna no 1º trimestre. • Após ocorrência do 1º quadro de gravidez e c t ó p i c a , a r e c o r r ê n c i a é d e aproximadamente 15%. Etiologia: - Doença inflamatóriapélvica: causa obstrução tubária, redução no número e no movimento dos cílios e redução das fímbrias. - Uso de DIU: causa exata ainda não está estabelecida. - Reprodução assistida: aumento dos valores de estrógeno devido ao uso de drogas indutoras da ovulação, pode interferir na motilidade tubária (óvulo não se descoloca para implantar na cavidade uterina). - Ectópica prévia: há aumento de 6 a 8x no risco de uma outra ectópica na próxima gestação. Quadro clínico: - Dor abdominal (quase 100%). - Atraso menstrual (75 a 90%). - Sangramento vaginal (60 a 80%). Diagnóstico: - Exames subsidiários: beta hCG. • P o s i t i v i d a d e c o i n c i d e c o m o e s t a b e l e c i m e n t o d a c i r c u l a ç ã o uteroplacentária e pode ser detectada 10 dias após a ovulação. • Na gestação tópica viável, ocorre duplicação dos valores a cada 48h. • Em alguns casos, a duplicação dos valores pode ser mais lenta. - Exame f ís ico depende do estado hemodinâmico da paciente. • Sinal de Cullen = e q u i m o s e periumbilical. • Sinal de Laffond = dor subescapular. - Toque: • Colo amolecido. • Dor no fundo de saco posterior (sinal de Proust). 27 - BhCg > 2000 já deveríamos que ver o embrião dentro da cavidade uterina. Obstetrícia ATD2 Catarina Alipio XXIIB Diagnóstico diferencial: - Rotura de cisto ovariano. - Salpingite: • Dor a mobilização do colo. • Não há atraso menstrual e hCG negativo. - Afecções gastrointestinais: apendicite, colescistite, etc. Tratamento: - Salpingectomia: promove hemostasia adequada e remoção completa do tecido trofoblástico. • Indicações: - Pacientes sem desejo reprodutivo. - Gravidez tubária rota. - Recidiva na mesma tuba. - Salpingostomia: • Padrão outro em tuba íntegra. • Pacientes com desejo de reprodução futura. - Tratamento clínico - metorexato: • Atividade antitrofoblástica. • Interfere na divisão celular. • T u b a í n t e g r a e e s t a b i l i d a d e hemodinâmica. • Desejo de futuro reprodutivo. • Acompanhamento rigoroso. - Conduta expectante: • Gestação ectópica íntegra até 4cm quando de maior diâmetro. • Estabilidade hemodinâmica. • Desejo de procriação. • Ausência de atividade cardíaca do produto conceptual. • Beta hCG ≤ 500 mUI/mL e decrescente (acima de 10%) ou estável (variação de até 10%) em 2 dosagens consecutivas (24 a 48h). • Líquido livre limitado a pelve. • A u t o r i z a ç ã o p o r e s c r i t o a p ó s esclarecimento de riscos e benefícios do tratamento proposto. Doença trofoblástica gestacional: Definição: - Proliferação anormal dos diferentes tipos de epitélio trofoblástico: citotrofoblasto, sinciciotrofoblasto. - Fatores de risco: • Idade materna (> 40 anos RR 10x maior). • História anterior de doença trofoblástica. • Contracepção oral. - Na mola hidatiforme, mola invasora e coriocarcinoma, há uma correlação direta entre os valores de hCG, o número de células trofoblásticas e a carga tumoral refletindo assim o comportamento da doença. Mola hidatiforme: - Mola hidatiforme completa: • Não há desenvolvimento de embrião, membranas e cordão umbilical. • Aspecto de cacho de uva. • 20% progride para formas malignas. • Cariótipo 46XX ou 46XY sendo todos os cromossomos de origem paterna. 28 Obstetrícia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Mola hidatiformes incompleta: • Há feto ou embrião com malformações. • 5% progride para malignidade. - Quadro clínico e diagnóstico: • Sangramento vaginal. • Vômitos (hiperêmese gravídica). • Discordância entre altura uterina e IG (50%). • Cistos tecaluteínicos: hiperestimulação ovariana devida as altas concentrações de hCG. • DHGE antes de 20 semanas. • Hipertireoidismo (estimulação cruzada do TSH). • USG: imagem em flocos de neve. • Beta hCG > 200.000UI/ml é altamente sugestivo de MOLA. - Fração alfa do hCG é comum aos hormônios TSH, LH, FSH, por isso a tireoide e os ovários apresentamos hiperestimulados pelo hCG, resultando em hipertireoidismo e em cistos teca luiteínicos ovarianos. - Tratamento: • Esvaziamento molar a vacuo. • Enviar material para anátomo patológico. • Histerectomia se prole constituída, idade > 40 anos (preservar ovários). • Quimioterapia profilática (controverso). • Recomenda-se o uso de Imunoglobulina anti-D nas pacientes Rh negativo não sensibilizadas. - Acompanhamento pós esvaziamento: • Regressão dos sintomas gravídicos. • Regressão do tamanho do útero (2 a 3 semanas). • Regressão dos cistos luteínicos (2 a 4 meses). • Beta hCG a cada 15 dias até que fique indetectável (< 5mUi/mL). - Geralmente beta hCG torna-se negativo 8-10 semanas após esvaziamento. • ACHO. • Desaconselhar o DIU (risco de perfuração e infecção). Neoplasia trofoblástica gestacional: - A estabilização ou aumento da concentração do hCG após esvaziamento desde que afastada a hipótese de gravidez impõe o diagnóstico de neoplasia trofoblástica gestacional. - Critérios diagnósticos (sendo necessário apenas 1 critério): não vai cobrar (saber que o nível de BhCG tem que diminuir e entre 6 a8 semana deve estar indetectável, se aumentar, pensar em neoplasia). • Pelo menos 4 valores de hCG em platô (variação de ± 10% títulos), por no mínimo 3 semanas nos dias 1,7,14 e 2. • Elevação dos títulos de hCG em pelo menos 10% por no mínimo 3 valores ao menos por 2 semanas, nos dias 1,7 e 14. • Diagnóstico histológico de neoplasia trofoblástica gestacional. • Evidência de doença metastática em mulher em idade reprodutiva. 29
Compartilhar