Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE DOENÇAS INFECCIOSAS DOENÇAS BACTERIANAS E FÚNGICAS E RESPOSTA IMUNE FRENTE A MICRORGANISMOS: Uma infecção bacteriana tem início quando a bactéria consegue ultrapassar todas as barreiras imunológicas que impedem o acesso aos diferentes tecidos corporais SITUAÇÃO PROBLEMA: Quem nunca se machucou ou teve um ferimento que apresentou aquela secreção amarelo-esverdeada ou amarelada? Essa secreção, conhecida popularmente como pus, é composta de diversas células de defesa do sistema imunológico, dentre elas, os neutrófilos, que são as primeiras células a chegarem ao local da infecção. Nesta atividade, você vai exercitar sua capacidade de pensar sobre uma situação relacionada à infecção. Ao se machucar, seu ferimento começa a apresentar os sintomas clássicos de uma resposta inflamatória, como calor, vermelhidão, dor e inchaço. Acompanhado desses sintomas, o ferimento começa a infeccionar e apresentar pus. Ao procurar ajuda médica, baseado nos seus conhecimentos, você seria capaz de informar qual o agente patogênico que poderia estar causando esse processo infeccioso? A pele é considerada a primeira barreira física que a bactéria tem de vencer. Formada pelo tecido epitelial, é uma importante forma de impedir que esses microrganismos atinjam tecidos subjacentes. O epitélio possui peptídeos microbianos que controlam o tamanho da microbiota ali existente (MURPHY, 2014). Quando as bactérias conseguem atingir os tecidos mais profundos, o hospedeiro se encontra em situação de risco e então, o sistema imunológico entra em ação para combater os invasores. Assim que o tecido é acometido por uma infecção, os macrófagos residentes responsáveis iniciam a resposta imune inata. Caso a resposta inata não consiga eliminar o patógeno, elementos da resposta adaptativa entram em ação. “Os linfócitos que estão nos órgãos linfoides precisam entrar em contato com os antígenos provenientes deste patógeno. As células dendríticas são responsáveis por fagocitar o patógeno, processá-lo e transportá-lo até os órgãos linfoides. Logo após a internalização do patógeno, ocorre a expressão de receptores de POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE quimiocinas na superfície das células dendríticas, responsáveis por guiar essas células até os vasos linfáticos. Uma vez que as células dendríticas conseguem entrar nos vasos linfáticos, elas são transportadas até os linfonodos, onde apresentarão o antígeno para os linfócitos que ali residem.” RESPOSTA INATA E ADAPTATIVA: A resposta inata é ativada no momento da invasão bacteriana. Os macrófagos iniciam a fagocitose com objetivo de eliminar o risco de desenvolver a doença, e começam a produzir quimiocinas e citocinas no tecido lesionado, formando um “infiltrado leucocitário”. Com a liberação das citocinas, ocorre a ativação do endotélio vascular, que envia um sinal para os leucócitos circulantes sinalizando que existe algum problema no local. As moléculas expressas na superfície dos leucócitos sanguíneos se ligam às moléculas de adesão das células endoteliais. Entre os principais recrutadores de leucócitos, estão as integrinas, as selectinas e as moléculas da superfamília das imunoglobulinas (MURPHY, 2014). Os neutrófilos, células leucocitárias, são os primeiros a chegarem ao local. Essas células são granulócitos que possuem grânulos primários e secundários com ação antimicrobiana. Os neutrófilos iniciam a eliminação do patógeno quando os receptores de reconhecimento padrão (PRRs) ligam-se aos padrões moleculares associados ao patógeno (PAMPs) existentes nas bactérias. Essa interação entre PRR e PAMP resulta na formação do “fagossomo” (vesícula fagocítica) com a bactéria e seu interior. Fagossoma+Lisossomo = Fagolisossoma Durante a fagocitose, a produção de espécies reativas de oxigênio (radicais livres) aumenta, causando a morte do neutrófilo e do microrganismo fagocitado. LINFÓCITOS E DIFERENTES MOLÉCULAS: Como já foi dito, a resposta adaptativa entra em ação caso a resposta inata não consiga eliminar o patógeno. Nesse caso, as células B e T são recrutadas para evitar que a infecção piore. As células B e T precisam ser ativadas com reconhecimento do antígeno pelo receptor de células B (BCR) ou receptor das células T (TCR). Os TCRs só reconhecem antígeno proteico e os BCRs só reconhecem antígenos não proteicos. Depois dessa ativação, os linfócitos se diferenciam em linfócitos efetores e células de memória. Um plasmócito é originado quando um linfócito B reconhece um antígeno pelo BCR, e eles são capazes de produzir e secretar anticorpos que são dispersos pela corrente sanguínea podendo chegar até o local da infecção. Funções dos anticorpos presentes no sangue: • “Opsonização do microrganismo (anticorpos recobrem patógeno, facilitando fagocitose). • Ativação do sistema complemento (formando poros que induzem a morte do microrganismo). • Neutralização dos antígenos (impedindo que ele adentre à sua célula alvo). • Ativação da citotoxicidade celular dependente de anticorpos (ADCC) – que possui como célula efetora a célula NK, que reconhece um anticorpo aderido à superfície de uma célula infectada e a mata.” Todas essas funções são importantes para a resposta contra uma infecção por bactérias. É importante lembrar que somente os microrganismos que estão no espaço extracelular podem ser “atacados” pelos anticorpos e pelo sistema complemento (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). CASO: Um local inflamado pode apresentar, em alguns casos, uma secreção amarelo-esverdeada ou amarelada. Essa secreção é composta por neutrófilos que combatem a infecção bacteriana, e para que ocorra a eliminação do POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE patógeno, essas células morrem. No local da infecção, há muitos neutrófilos que já morreram ou estão prestes a morrer. A secreção que observamos nessas feridas é o conhecido pus, e é composta por esses neutrófilos que morreram para combater essa infeção bacteriana, normalmente causada por bactérias piogênicas (bactérias capsuladas de vida extracelular), e também por glóbulos brancos em processo de degeneração, bactérias, proteínas e elementos orgânicos. Os linfócitos T podem ser classificados em TCD8+ ou TCD4+. Os TCD8+ podem ser chamados de T citolíticos ou citotóxicos, eles expressam na sua superfície CD8 e tem grande importância como armas contra infecções virais e tumores. Já os TCD4+ são aqueles que expressam CD4 na sua superfície, eles também são chamados de T auxiliares ou “helper” e são importantes nas respostas contra infecções bacterianas. Os efetores podem se diferenciar em célula TH1, TH2, TH17, TFH, Treg e alguns podem ser ativados em infecções causadas por bactérias. Uns dos responsáveis pela produção de citocinas que recrutam os neutrófilos para o local de uma infecção são os linfócitos TH17. Eles têm papel importante na neutrofilia, condição bastante observada nas infeções bacterianas. Já os linfócitos TH1 aumentam a capacidade microbicida dos fagócitos com a maior expressão de MHC de classe I e classe II e receptores de citocinas na superfície celular. As citocinas produzidas pelos linfócitos TH1 podem ativar a troca de um isotipo de anticorpo para IgG, que atua como opsonina e ativador do sistema complemento (CHAPEL et al., 2014). SISTEMA COMPLEMENTO: Formado por proteínas solúveis que tem ação sob a eliminação de infecções bacterianas por opsonização ou perfuração da membrana da bactéria. Via das lectinas e via alternativa do sistema complemento: ativadas sem necessidade de anticorpos Via clássica: ativada pela ligação de anticorpo com a superfície do microrganismo patogênico. Coma invasão bacterianaao tecido, as Opsoninas, moléculas do sistema complemento, sinalizam ais fagócitos para realizarem a fagocitose do patógeno com mais facilidade. Esse sistema pode lisar uma bactéria, causando sua morte. POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE A enzima C3 convertase é formada nas três vias do complemento, ela origina a enzima C5 convertase, que inícia a formação do MAC (complexo de ataque à membrana) que leva a citólise (morte) da bactéria através da formação de um poro que causa perfuração da membrana. DOENÇAS VIRAIS E RESPOSTA IMUNE FRENTE A VÍRUS E OUTROS PATÓGENOS INTRACELULARES: Exemplos de doença virais: AIDS, causada pelo vírus HIV, e a gripe, causada pelo vírus da Influenza. Propagação/Transmissão: pelo ar, por alimentos, pela água ou transmitidos pelo contato entre pessoas. Quando um vírus é transmitido para o hospedeiro, inicia-se o seu ciclo. Cada tipo de vírus tem um ciclo específico. Por isso, as infecções virais são muito diversificadas e dependem tanto das características dos vírus quanto do hospedeiro. Os princípios importantes relacionados com as doenças virais compreendem os seguintes: (1) muitas infecções virais são subclínicas; (2) a mesma doença pode ser causada por uma variedade de vírus; (3) o mesmo vírus pode causar uma variedade de doenças; (4) a doença não tem relação com a morfologia viral; e (5) a evolução de qualquer caso específico é determinada pelos fatores virais e do hospedeiro, sendo influenciada pela genética de ambos (BROOKS et al., 2014, p.431). Com exceção das plaquetas, as células humanas apresentam em suas superfícies o “complexo principal de histocompatibilidade” (MHC) que são responsáveis por apresentar antígeno para os linfócitos T helper e T citotóxicos. Dessa forma, quando há uma infecção celular é através desses receptores que os antígenos virais são expressos e podem ser detectados pelo sistema imunológico. “As células apresentadoras de antígeno (APCs) expressam MHC de classe II na sua superfície e todas as outras células nucleadas do organismo expressam MHC de classe I, sendo as que expressam MHC de classe I essenciais para combater as infecções virais. Isso porque as células do hospedeiro continuamente estão apresentando antígenos via MHC de classe I, que carregam fragmentos proteicos que foram produzidos pela própria célula do hospedeiro. Quando a partícula viral invade a célula do hospedeiro, o material de ambos se mistura e ocorre a síntese de proteínas que não são próprias da célula hospedeira. Logo, no instante em que a molécula de MHC de classe I estiver carregando um peptídeo estranho, o linfócito T CD8+ ativado induzirá à morte dessa célula.” ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS T CITOTÓXICAS VIRGENS: Para ativação das células T citotóxicas, é necessário: • Primeiro sinal: “reconhecimento do MHC de classe I com o TCR da célula T CD8+, ou MHC de classe II com o TCR da célula T CD4+.” • Segundo sinal: “vem das moléculas coestimuladoras, conhecidas também por acessórias, expressas na superfície das APCs. No momento da apresentação de antígenos, essas moléculas se ligam ao CD28, que é expresso no linfócito T.” Assim que as partículas virais ultrapassam a barreira imunológica da pele, as APC1s as capturam por meio da fagocitose ou da macropinocitose. Depois disso, alas seguem para os linfonodos e aumentam a expressão em sua superfície de CD80 e CD86, que atuam como moléculas coestimuladoras, com importante papel para ativação dos linfócitos T virgens ” As células dendríticas podem apresentar o antígeno via MHC de classe II para as células T CD4+, e também, apresentarem os antígenos via MHC de classe I para célula T CD8+. Por conseguirem apresentar antígenos via MHC de classe I e II, algumas células dendríticas têm a capacidade de realizar a apresentação cruzada.” Com a ativação dos linfócitos TCD4+, é possível que ocorra o fornecimento de alguns sinais que ajudarão a completar a ativação do linfócito TCD8+ Muitas vezes as células infectadas pelos vírus não têm a capacidade de expressar as moléculas coestimuladoras necessárias para disparar o segundo sinal de ativação dos linfócitos T CD8+ virgens. Quando isso acontece, os linfócitos T CD4+ produzem citocinas que vão ajudar nesse processo (como a IL-2, por exemplo). Uma vez que o linfócito T CD8+ foi ativado, inicia a sua função citolítica para combater a infecção viral (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE COMBATE À INFECÇÃO VIRAL: “Com exceção das hemácias, todas as células expressam na sua superfície o MHC, algumas de classe I (todas as células que possuem núcleo) e outras de classe II (as APCs), que são responsáveis por apresentar antígenos para os linfócitos T CD4+ ou CD8+. Nas infecções virais, as células CD4+ TH1 possuem papel muito importante e isso se deve às citocinas que tais células secretam. A IL-2, por exemplo, auxilia na multiplicação e diferenciação de células T, tanto CD4+ como CD8+. Já o aumento da expressão de moléculas do MHC de classe I e II é resultado da ação de outra citocina produzida pelas TH1, o IFN-γ. A combinação dessas duas citocinas, IL- 2 e IFN-γ, estimula o crescimento e a ativação de células NK. Além disso, o fator de crescimento GM- CSF leva a uma maior produção de granulócitos, macrófagos e de células dendríticas pela medula óssea. Graças à produção dessa variedade de citocinas, os linfócitos CD8+ efetores, ou linfócitos T citolíticos, que se encontram nos órgãos linfoides e, são capazes de sair, e ao se depararem com uma célula infectada que apresenta o antígeno via MHC de classe I, induzem a apoptose dessa célula. Para que somente a célula infectada sofra apoptose (morte celular programada), os linfócitos T citolíticos induzem essa morte via liberação de grânulos contendo granzimas e perforinas. Os grânulos são liberados somente no local de contato entre a célula infectada e o linfócito T citolítico. Primeiramente, é liberada a perforina, que abre um buraco na membrana plasmática da célula infectada, e logo após a liberação da perforina, são liberadas as granzimas que desencadeiam a apoptose da célula infectada.” Células NK = células da resposta imune inata responsáveis por combater as infecções virais, matando todas as células que não apresentam MHC de classe I em sua superfície POR: FLÁVIA LIMA / FONTE: MATERIAL DISPONIBILIZADO PELA FACULDADE Alguns vírus podem alterar a expressão de MHC de classe I da célula infectada. Isso seria uma estratégia de evasão imunológica, em que o vírus tenta enganar o sistema imune do hospedeiro, pois evitaria, assim, que os linfócitos T CD8+ atacassem a célula infectada (MURPHY, 2014). ANTICORPOS: Só podem reconhecer e agir sobre uma partícula viral quando esta não está no interior da célula hospedeira. Quando se encontra no meio extracelular, podem ser reconhecidas por meio do BCR dos linfócitos B. Após o reconhecimento, a partícula viral é internalizada, processada e os antígenos são apresentados à célula T CD4+. Os linfócitos T helper produzem citocinas que disparam o processo de diferenciação dos linfócitos B em plasmócitos. Os plasmócitos iniciam a produção e secreção de anticorpos específicos àquele vírus fagocitado (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012). As mucosas são locais onde os anticorpos da classe IgA têm uma importante participação, atuando na defesa contra infecções virais, pois neutralizam antígenos virais. Esses anticorpos podem ser transportados por meio da barreira epitelial, impedindo, dessa forma, a proliferação do vírus (ABBAS; LICHTMAN; PILLAI, 2012).
Compartilhar