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SUMÁRIO 1 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NOS PRIMEIROS DOIS ANOS DE VIDA 3 1.1 Leite Materno ....................................................................................... 4 1.2 Alimentação Complementar ................................................................. 6 1.3 Suplementação De Vitaminas E Ferro ................................................. 8 1.4 Orientações Nutricionais Durante A Fase Pré-Escolar ....................... 11 2 ORIENTAÇÕES QUANTO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA ........................................................................... 14 2.1 Conhecimento: 0 a 1 ano ................................................................... 16 2.2 Desenvolvimento neuropsicomotor: 1 a 6 anos .................................. 18 2.3 Crescimento: 6 a 12 anos ................................................................... 19 2.4 Desenvolvimento: 12 a 18 anos ......................................................... 19 3 PREVENÇÃO DA OBESIDADE ................................................................ 21 4 QUANTIDADE DE ALIMENTOS QUE REPRESENTA UMA PORÇÃO.... 23 5 QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL? ........................................................................................... 25 5.1 Como deve ser a alimentação do PNAE para a educação infantil ..... 25 5.2 O que restringir ................................................................................... 30 6 MANUAL DE ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL: 6 A 10 ANOS ................................................................................ 31 6.1 Como deve ser a alimentação do PNAE no ensino fundamental ....... 32 6.2 O que oferecer ................................................................................... 33 6.3 O que controlar ................................................................................... 36 7 MANUAL DE ALIMENTAÇÃO DO ADOLESCENTE ................................ 38 8 COMO DEVE SER A ALIMENTAÇÃO DO PNAE PARA OS ADOLESCENTES ..................................................................................................... 40 8.1 O que oferecer ................................................................................... 40 9 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS DURANTE A FASE ESCOLAR ........... 44 10 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ADOLESCÊNCIA ....................... 45 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 1 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NOS PRIMEIROS DOIS ANOS DE VIDA Fonte: www.guiadobebe.uol.com.br A alimentação, principalmente no 1º ano de vida, é fator determinante na saúde da criança. Por isso, é importante conhecimento correto e atualizado acerca do assunto. As fases iniciais do desenvolvimento humano são influenciadas por fatores nutricionais e metabólicos levando a efeitos de longo prazo na programação metabólica da saúde na vida adulta. O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde adota 10 passos para alimentação saudável: 1. Dar somente leite materno até os seis meses de idade, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. 2. A partir de seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais. 3. Após os seis meses, oferecer alimentação complementar (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada. 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas, purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família. 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida. 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequados. 10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo a sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação. 1.1 Leite Materno Fonte: www.guiadobebe.uol.com.br O leite materno é constituído de IgA secretora, lizosima, 6-caseína, oligossacarídeos, fatores de crescimento epidérmico, de transformação e neural, enzimas como acetilhidrolase, glutationa peroxidasse, nucleotídeos, vitaminas A, C e E, glutamina e lipídios. Além disso, seu conteúdo é modificado ao longo do dia e de acordo com a idade da criança. O aleitamento materno exclusivo acontece quando a criança recebe somente leite materno, em livre demanda e sem horários determinados. Oferecer em cada mamada os dois peitos sendo que, a mamada seguinte, deve ser iniciada naquele peito que foi o último. O tempo de esvaziamento das mamas é variável chegando até 30 minutos. Para retirar o bebê do peito, recomenda-se introduzir gentilmente o dedo mínimo no canto da sua boca; ele largará o peito, sem tracionar o mamilo. Após a mamada, colocá-lo para arrotar. No caso de mães que obrigatoriamente devem retornar ao trabalho precocemente, com grandes intervalos de ausência junto ao seu filho e com dificuldades na obtenção de leite materno por ordenha, deve-se utilizar fórmulas infantis. Fonte: www.nossagente.net.com.br É recomendado utilizar antes do 6º mês fórmula infantil de partida - 1º semestre - e a partir do 6º mês, fórmula infantil de seguimento - 2º semestre. As fórmulas infantis devem ter gordura, carboidratos, proteínas, minerais, oligoelementos (vitaminas e micro minerais), outros nutrientes e componentes como nucleotídeos, prebióticos, probióticos e LC-PUFAS. 1.2 Alimentação Complementar A alimentação complementar, tanto para criança amamentada ao seio quanto para aquela que utiliza fórmula infantil, deve ser introduzida a partir dos seis meses de idade, gradualmente, para suprir novas necessidades da criança. Deve-se observar a maturidade neurológica da criança para introduzir outros alimentos, como sustentação do tronco e deglutição adequada. O leite materno deve ser mantido até os dois anos. A introdução da alimentação complementar deve ser da seguinte maneira: Até 6 meses - leite materno exclusivo 6 meses completos - papa de frutas e 1ª refeição (almoço) 7 º ao 8º mês - 2ª refeição (jantar) 9º ao 11º mês - gradativamente, passar para refeição da família adaptando a consistência 12 º mês - alimentação da família (orientar práticas saudáveis) As refeições (almoço e jantar) devem ser preparadas da seguinte forma (utilizar um alimento de cada classe como tabela abaixo). Tabela - Classes De Alimentos Que Devem Ser Usados No Preparo Das Refeições Cereal Tubérculo Leguminosa Proteína Animal Hortaliças/ Verduras Hortaliças/ Legumes Arroz Feijão Carne bovina Alface Cenoura Milho Soja Vísceras Espinafre Chuchu Cará Ervilha Frango Couve Abóbora Batata Lentilha Ovos Almeirão Vagem Mandioca Grão-de- bico Peixe Taioba Berinjela Inhame Carne suína Brócolis Beterraba Batata doce Fonte: DRI,2002 Deve-se cozinhar todos os alimentos, principalmente as carnes, somente em água.Após tudo cozido e amassado (utilizar garfo), colocar no prato e acrescentar uma colher (de chá) de óleo de soja ou canola ou azeite e oferecer para a criança. A carne (70 a 120 g/dia), para duas refeições, não deve ser triturada, apenas picada ou desfiada. Não utilizar sal; pode-se utilizar cebola de cabeça, salsa, alho e cebolinha para temperar a refeição. O ovo inteiro (clara e gema) pode ser introduzido, sempre muito bem cozido, a partir do sexto mês. As leguminosas e hortaliças/verduras serão introduzidas no 7º mês. Não é recomendado utilizar beterraba e espinafre todos os dias, pois além de baixa biodisponibilidade de ferro, interferem na absorção de cálcio e ferro dos outros alimentos. Alguns alimentos com glúten devem ser introduzidos até o 9º mês de idade, portanto, iniciar após o 7º mês uma porção de macarrão por semana. É importante lembrar sempre de usar alimentos da safra devido à maior facilidade de aquisição dos mesmos. As frutas devem ser oferecidas em forma de papas (amassadas ou raspadas) duas vezes ao dia (nos intervalos), e se em forma de suco não ultrapassar 100ml/dia (não usar açúcar ou água). Oferecer água após o 6º mês nos intervalos das refeições (tabela abaixo). Tabela - Ingestão De Água Recomendada Pela DRI (Dietary Reference Intakes) Para Cada Faixa Etária E Sexo Idade Ingestão de água total (litros/dia) 0-2 anos 0-6 meses 6-12 meses 1-2 anos 0 , 7* 0,8** 1 , 3 3-6 anos 3-4 anos 4-6 anos 1 , 3 1 , 7 Meninos: 7-13 anos 7-8 anos 8-11 anos 1 , 7 2,4 14-18 anos 3 , 3 Meninas: 7-13 anos 7-8 anos 8-11 anos 1 , 7 2 , 1 14-18 anos 2 , 3 * provenientes do leite materno ** provenientes do leite materno + alimentação complementar Fonte: DRI,2002 A partir de um ano de idade, quando já se utiliza alimentos da família, não deve ser acrescentado sal no prato, apenas o que é utilizado para toda a família; evitar excessos. Além disso, não devem ser introduzidos açúcares simples até o final do segundo ano. 1.3 Suplementação De Vitaminas E Ferro As reposições de vitamina D devem ser de 400 UI/ dia por via oral para lactentes até 18 meses em aleitamento materno e que recebam fórmula infantil em volume inferior a 500 ml/dia. Exposição solar adequada: cota semanal de 30 minutos com a criança apenas de fraldas (4 a 5 minutos por dia, todos os dias da semana) ou 2 horas semanais com exposição apenas da face e das mãos da criança (17 minutos por dia, todos os dias da semana). Fonte: www.guiadobebe.uol.com.br A suplementação de ferro deve ser feita de maneira universal para lactentes a partir do sexto mês de vida ou da interrupção do aleitamento exclusivo até os dois anos de idade. Observe as tabelas seguintes para identificar essas porcentagem de suplementações necessárias. Tabela – quantidade de ferro por idades Situação Recomendação Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em aleitamento materno 1 mg de ferro elementar/kg peso/dia a partir do 6º mês (ou da introdução de outros alimentos) até o 24º mês. Recém-nascidos a termo, de peso adequado para a idade gestacional em uso de 500 ml/dia de fórmula infantil Não recomendado. Recém-nascidos pré-termo e recém-nascidos de baixo peso, acima 1500 g, a partir do 30º dia de vida 2 mg de ferro elementar/kg peso/dia, durante um ano. Recém-nascidos pré-termo com peso entre 1000 e 1500 g, a partir do 30º dia de vida 3 mg de ferro elementar/kg peso/dia durante um ano e posteriormente 1 mg/kg/dia por mais um ano. Recém-nascidos pré-termo com peso menor que 1000 g, a partir do 30º dia de vida 4 mg de ferro elementar/kg peso/dia durante um ano e posteriormente 1 mg/kg/dia por mais um ano. Tabela - Valores De Ingestão Dietética De Ferro (Mg/Dia) Por Faixa Etária/Estágio De Vida (RDA) Faixa etária/estágio Feminino* Masculino* 0 a 6 meses 0,27** 0,27** 7 a 12 meses 11 11 1 a 3 anos 7 7 4 a 8 anos 10 10 9 a 13 anos 8 8 14 a 18 anos 11 11 19 a 30 anos 18 8 Gravidez 10 Lactação 10 *RDA = Recommended dietary allowance **AI = Radequate intake Fonte: Dados do Institute of Medicine (DRI) Tabela - Quantidade de ferro existente em alguns tipos de carnes Carne Quantidade Ferro (mg) Bovina (contrafilé grelhado) 1 bife médio (100g) 1 , 7 Bovina (coxão duro grelhado) 1 bife médio (100g) 1 , 7 Bovina (coxão mole grelhado) 1 bife médio (100g) 2 , 6 Bovina (fígado grelhado) Unidade grande (100g) 5 , 8 Bovina (lagarto grelhado) 1 bife médio (100g) 1 , 9 Bovina (músculo cozido) 2 porções (100g) 2 , 4 Bovina (patinho cozido) 2 porções (100g) 3 , 0 Frango (asa com pele crua) 2 unidades (100g) 0 , 6 Frango (coração cru) 12 unidades (100g) 4 , 1 Frango (coxa com pele crua) 2 unidades (100g) 0 , 7 Frango (fígado cru) 2 unidades (100g) 9 , 5 Frango (peito sem pele cru) 1 unidade (100g) 0 , 4 Frango (sobrecoxa com pele crua) 2 unidades(100g) 0 , 7 Fonte: Shils ME,1994 1.4 Orientações Nutricionais Durante A Fase Pré-Escolar A fase pré-escolar, entre dois anos e sete anos incompletos, caracteriza-se por estabilização do crescimento estrutural e do ganho de peso. Assim, nessa etapa do desenvolvimento infantil, há uma menor necessidade de ingestão energética quando comparada ao período de zero a dois anos e a fase escolar. A criança desenvolve ainda mais a capacidade de selecionar os alimentos a partir de sabores, cores, experiências sensoriais e texturas, sendo que essas escolhas irão influenciar o padrão alimentar futuro. Fonte: www.ltmcdn.com Nessa faixa etária, as escolhas alimentares da criança sofrem intensas influências dos hábitos alimentares da família. A formação da preferência da criança pode, então, decorrer da observação e imitação dos alimentos escolhidos por familiares ou outras pessoas e crianças que convivem em seu ambiente. As crianças dessa faixa etária podem apresentar uma relutância em consumir alimentos novos prontamente (neofobia). Para que esse comportamento se modifique, é necessário que a criança prove o alimento de oito a dez vezes – em diferentes momentos e diversos tipos de preparação – mesmo que em quantidades mínimas. Somente dessa forma ela conhecerá o sabor do alimento e estabelecerá, assim, seu padrão de aceitação. Fonte: www.bebesyembarazos.com Importante esclarecer aos pais que recusas são comuns. Dá mais certo estimular o prazer da alimentação sem impor a aceitação, pois quando se utiliza coerção, a chance do alimento ser recusado é maior. Atitudes excessivamente autoritárias ou permissivas dificultam o estabelecimento de um mecanismo saudável para o controle da ingestão alimentar. Durante essa faixa etária, a anemia ferropriva apresenta uma relevante prevalência, assim, é de extrema importância que os cuidadores estejam atentos quanto à suplementação adequadade ferro através da dieta. O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde adotam os “10 passos” como guia para alimentação saudável para crianças nas fases pré-escolar e escolar: 1. Procure oferecer alimentos de diferentes grupos, distribuindo-os em pelo menos três refeições e dois lanches por dia. 2. Inclua diariamente alimentos como cereais (arroz, milho), tubérculos (batatas), raízes (mandioca/macaxeira/ aipim), pães e massas, distribuindo esses alimentos nas refeições e lanches ao longo do dia. Fonte: www.popmundi.com.br 3. Procure oferecer diariamente legumes e verduras como parte das refeições da criança. As frutas podem ser distribuídas nas refeições, sobremesas e lanches. 4. Ofereça feijão com arroz todos os dias, ou no mínimo cinco vezes por semana. 5. Ofereça diariamente leite e derivados, como queijo e iogurte, nos lanches, e carnes, aves, peixes ou ovos na refeição principal. 6. Alimentos gordurosos e frituras devem ser evitados; prefira alimentos assados, grelhados ou cozidos. 7. Evite oferecer refrigerantes e sucos industrializados, balas, bombons, biscoitos doces e recheados, salgadinhos e outras guloseimas no dia a dia. 8. Diminua a quantidade de sal na comida. 9. Estimule a criança a beber bastante água e sucos naturais de frutas durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições, para manter a hidratação e a saúde do corpo. 10. Incentive a criança a ser ativa e evite que ela passe muitas horas assistindo TV, jogando videogame ou brincando no computador. 2 ORIENTAÇÕES QUANTO À PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA Está bem estabelecido que a realização regular e contínua de atividade física é benéfica a indivíduos em qualquer faixa etária e previne contra doenças crônicas, como hipertensão arterial sistêmica, obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Os impactos positivos de tal exercitação estendem-se aos vários sistemas do corpo humano e os efeitos mais impactantes na qualidade de vida, referem-se aos sistemas cardiovascular, respiratório e osteomuscular. Fonte: www.blogspot.com Em relação ao sistema cardiovascular, há aumento da força de contração e redução da frequência cardíaca, com melhor condicionamento da musculatura estriada cardíaca. Esse efeito se soma ao maior retorno venoso e linfático proporcionado pela contração muscular, potencializando a irrigação de tecidos periféricos. No sistema respiratório, observa-se aumento da expansibilidade torácica, enquanto no sistema esquelético, o aumento do tônus acarreta melhora da postura, além de otimizar o processo de deposição de matriz óssea. Fonte: www.marcuscamara.com A intensidade e frequência da atividade física a ser desenvolvida dependem do objetivo do indivíduo. No caso de um atleta, deve-se obter o melhor rendimento, sem que haja danos físicos ou psíquicos ou agravamento de quadros patológicos. Para as demais pessoas, a exercitação física não precisa ser tão intensa, entretanto, em todos os casos, deve ser contínua (durante toda a vida), ainda que a modalidade e intensidade sejam variáveis. A exercitação física deve ser estimulada já na infância. Segundo Ronque e cols., a prática sistemática de atividade física na infância e adolescência aumenta a aptidão física e reduz o risco de doenças crônicas e disfunções metabólicas em idade precoce. Além disso, o estilo de vida aprendido durante essas fases parece influenciar os hábitos de toda a vida, inclusive o comportamento em relação à exercitação física. No caso de crianças e adolescentes, a atividade física merece considerações especiais. Durante essas fases da vida, o indivíduo se encontra em processo de crescimento e amadurecimento neuropsicomotor, apresentando não só maior vulnerabilidade a danos físicos e emocionais, como também mudanças significativas em relação a interesses e objetivos (incluindo a adesão a exercícios físicos). Fonte: www.dicasdobebe.com.br De acordo com as principais etapas do desenvolvimento infantil, Carazzato divide o período da infância e adolescência em quatro fases (zero a 1 ano, “conhecimento”; 1 a 6 anos, “desenvolvimento neuropsicomotor”; 6 a 12 anos, “crescimento”; e 12 a 18 anos, “desenvolvimento”) e sugere que a orientação quanto à atividade física seja individualizada para cada fase, da forma abordada a seguir. 2.1 Conhecimento: 0 a 1 ano Durante o primeiro ano de vida, as atividades realizadas pela criança são muito limitadas e a exercitação física intuitiva. Fonte: www.depositphotos.com Enquanto a criança não consegue mudar de decúbito, os cuidadores devem basicamente auxiliar na escolha da melhor posição para cada atividade: • Decúbito lateral após alimentação, eructação ou para dormir (evita aspiração de conteúdo de possível refluxo gastroesofágico). • Decúbito dorso-horizontal nos demais momentos (possibilita a visualização das mãos e objetos). As crianças devem ser estimuladas de acordo com o marco de desenvolvimento motor já atingido. Dessa forma, uma criança que já se assenta deve ser estimulada a adotar uma postura de sustento, sem que ocorra grande inclinação anterior do tronco. Para tanto e para facilitar a transição de decúbitos e o ato de engatinhar, os cercadinhos e andadores devem ser evitados nesta fase. A movimentação, mudança de decúbitos, tentativa de ajoelhar e mesmo de levantar-se, podem ser estimulados por meio da apresentação de objetos chamativos. No segundo semestre, é importante que a criança tenha liberdade de locomoção em espaço amplo para evitar acidentes. A partir dos seis meses, o contato com água deve ser estimulado mesmo que o objetivo ainda não seja aprender a nadar. 2.2 Desenvolvimento neuropsicomotor: 1 a 6 anos Nessa etapa, a criança é capaz de andar, correr, pular, segurar e arremessar e o estímulo deve respeitar a capacidade de realizar as atividades. Fonte: www.guiadobebe.uol.com.br Geralmente as habilidades seguem um padrão de ocorrência. Inicia-se, pelo andar ainda inseguro, com muitas quedas; passando pelo controle total do andar, correr, conseguir parar subitamente, andar de lado e para trás; e chega-se à capacidade de agachar, subir degraus e pular. Durante esse desenvolvimento de habilidades, o cuidador deve sempre estar próximo, acompanhando as atividades; a princípio auxiliando sua execução e gradualmente reduzindo sua interferência e deixando a criança ganhar autonomia. Quando a criança já domina essas atividades, é possível estimular outras mais complexas, como mergulhar (inicialmente “em pé” e depois “de cabeça”), arremessar e chutar bola, e por fim, pegar objetos lançados, sempre por meio de brincadeiras. Fonte: www.static.vix.com 2.3 Crescimento: 6 a 12 anos Nessa faixa etária, todos os atos motores são possíveis. Esse é o momento de iniciar a programação de atividades físicas sistemáticas, com horários determinados e uma rotina estabelecida. Além dos exercícios físicos realizados na escola, o ideal é que a criança participe de atividades em uma “escolinha de esportes”, com exercícios variados, tanto em água, quanto em solo, sempre de forma coletiva. Aos 10 anos, já é possível a escolha de um esporte específico para prática rotineira, de acordo com a preferência e habilidades da criança. É importante lembrar que nessa fase, a criança encontra-se em franco crescimento, com alongamento de ossos e estruturas musculoesqueléticas, não devendo haver sobrecarga aos mesmos. 2.4 Desenvolvimento: 12 a 18 anos Nessa etapa há a decisão da realização da atividade física como atividaderecreativa e preventiva ou na qualidade de esporte competitivo. Quando a opção é de realizar um exercício competitivo (esporte), o que geralmente significa maior intensidade e frequência, deve-se atentar ainda mais para algumas questões peculiares da criança, discutidas a seguir. Qualquer tipo de pressão emocional, como necessidade de vencer ou de agradar ao técnico, ao professor ou à família, é negativo ao desenvolvimento psíquico da criança ou do adolescente. Esforços intensos e contínuos (como no futsal) podem causar desenvolvimento anormal do músculo cardíaco, com prejuízo da sua contratilidade, sendo por isso contraindicados. Fonte: www.maepop.com.br Atividades como lutas ou com mobilização de peso (musculação, por exemplo) podem ocasionar hipertensão arterial devido ao uso de apneia durante a realização da força, além de lesões mecânicas nas estruturas osteomusculares imaturas, hipertrofias deformantes, distúrbio de crescimento e defeitos posturais. Já a prática de atividades físicas aeróbicas, de moderada intensidade, e com uso principalmente de grandes grupos musculares, é segura e benéfica às crianças e adolescentes. Weffort e cols. propõem uma tabela que simplifica as recomendações em relação à prática de atividade física para cada etapa de desenvolvimento da infância e da adolescência: Tabela – Atividades para crianças Idade (anos) Atividade 0 a 1 Pegar objetos, sentar, rolar, engatinhar, levantar, andar, estimulação da psicomotricidade, brincar na água a partir de 6 meses 2 a 6 Recreação, arremessar a um alvo, pegar ou chutar bola, pular, explorar o meio ambiente, pedalar, correr, saltar obstáculos ou degraus, subir escadas, mergulhar 7 a 12 Escolas de esportes, natação, ginástica olímpica, dança, basquetebol, futebol, voleibol, entre outros (não-competitivos) 13 a 18 Esportes competitivos Fonte: Weffort VRS & Lamounier JA. Nutrição em Pediatria. Da neonatologia à adolescência. Ed. Manole. 2009. Certamente, a prática de atividades físicas deve ser estimulada precocemente. Entretanto, é importante que uma avaliação individualizada, com profissional que conheça todas as peculiaridades do exercício físico durante a infância e adolescência e que respeite seus limites, oriente tal prática. 3 PREVENÇÃO DA OBESIDADE Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008/2009 (IBGE e MS), a frequência do excesso de peso praticamente triplicou nos últimos 20 anos em crianças entre 5 e 9 anos de idade e adolescentes no Brasil. A alimentação inadequada na infância e na adolescência, além do estado nutricional, pode comprometer a saúde ao longo da vida e levar ao risco de doenças crônicas como hipertensão, doença arterial coronariana, dislipidemias, obesidade, diabetes e osteoporose. O risco e a evolução dessas doenças podem ser modificados por mudanças de estilo de vida e adoção de hábitos alimentares mais saudáveis. Se a intervenção for precoce, mais fácil será a reversão do quadro e menores as consequências futuras. Tabela - Recomendações de cálcio conforme as faixas etárias Fonte: Weffort VRS & Lamounier JA. Nutrição em Pediatria. Tabela - Comparação da absorção de cálcio em várias fontes nutricionais. Alimento Teor de cálcio (mg/g de alimento) Absorção Fracional (%) Tamanho da porção (g) necessária para (%) substituir 240 g de leite Leite integral 1,25 32,1 - Iogurte* 1,25 32,1 240 Queijo cheddar* 7,21 32,1 41 , 7 Queijo branco* 10,0 32,1 30 , 0 Feijão vermelho 0,24 24,4 1605 Feijão branco 1,04 21,8 437,7 Brócolis 0,49 61,3 321 Suco de fruta c/ Citrato malato de CA* 1,25 52,0 148,2 Couve 0,72 49,3 275,1 Espinafre 1,35 5,1 1375,7 Batata doce 0,27 22,2 1605 Tofú com cálcio* 2,05 31,0 150,5 Fonte: Weffort VRS & Lamounier JA. Nutrição em Pediatria. Idade Recomendações (mg/dia) 0-2 anos 0-6 meses 6-12 meses 1-2 anos 210 270 500 3-6 anos 3-4 anos 4-6 anos 500 800 7-11 anos 7-8 anos 8-11 anos 1300 Tabela - Quantidade de porções ao dia ajustada segundo grupos da Pirâmide Alimentar Alimento Idade 6 a 11 meses Idade 1 a 3 anos Idade pré- escolares Idade adolescentes Pães, cereais, tubérculos e raízes 3 5 5 5 a 9 Frutas 3 4 3 5 Verduras, legumes e hortaliças 3 3 3 4 Leguminosas 1 1 1 1 Carne bovina, frango, peixe e ovo 2 2 2 2 Leite, queijo e iogurte 3 3 3 3 Óleos e gorduras 2 2 1 1 Açúcares 1 1 1 2 Fonte: Adaptado:Phillippi ST e Cols , Rev Nutr 12: 65-80,1999 e Guia Alimentar para crianças MS,2005 4 QUANTIDADE DE ALIMENTOS QUE REPRESENTA UMA PORÇÃO Lembrando que essas recomendações devem ser ajustadas à saciedade da criança: 1 . Pães, cereais, tubérculos e raízes: • 1 e ½ colher de sopa de aipim cozido ou macaxeira ou mandioca ou 2 colheres de arroz branco cozido ou aveia • 1 unidade média de batata cozida • ½ unidade de pão francês • 3 unidades de biscoito de leite ou biscoito tipo “cream cracker” • 4 unidades de biscoito tipo “maria” ou “maisena” 2 . Frutas: • ½ unidade de banana nanica ou caqui ou fruta do conde - 1 unidade de caju ou carambola ou kiwi ou laranja ou pera ou laranja lima ou nectarina ou pêssego • 2 unidades de ameixa preta ou vermelha ou limão • 4 gomos de laranja bahia ou seleta - 9 unidades de morango 3 . Verduras, legumes e hortaliças: • 1 colher de sopa de beterraba crua ralada ou cenoura crua ou chuchu cozido ou ervilha fresca ou couve manteiga cozida • 2 colheres de sopa de abobrinha ou brócolis cozido • 2 fatias de beterraba cozida • 4 fatias de cenoura cozida • 1 unidade de ervilha torta ou vagem • 8 folhas de alface 4 . Leguminosas: • 1 colher de sopa de feijão cozido ou ervilha seca cozida ou grão de bico cozido • ½ colher de sopa de feijão branco cozido ou lentilha cozida ou soja cozida 5 . Carne bovina, frango, peixe e ovo: • ½ unidade de bife bovino grelhado ou filé de frango grelhado ou omelete simples ou ovo frito ou sobrecoxa de frango cozida ou hambúrguer (caseiro) • 1 unidade de espetinho de frango ou ovo cozido ou moela • 2 unidades de coração de frango • 1 filé de merluza ou pescada cozido • ½ unidade de peito de frango assado ou sobrecoxa ou coxa • ½ fatia de carne bovina cozida ou assada • 2 colheres de sopa de carne bovina moída refogada 6 . Leite, queijo e iogurte: • 1 xícara de chá de leite fluido • 1 pote de bebida láctea ou iogurte de frutas ou iogurte de polpa de frutas • 2 potes de leite fermentado ou queijo tipo petit suisse • 2 colheres de sopa de leite em pó integral • 3 fatias de mussarela • 2 fatias de queijo minas ou pasteurizado ou prato - 3 colheres de sopa de queijo parmesão 7 . Óleos e gorduras: • 1 colher de sobremesa de azeite de oliva ou óleo de soja ou canola • 1 colher de sobremesa de manteiga ou margarina 8 . Açúcares: • ½ colher de sopa de açúcar refinado • 1 colher de sopa de doce de leite cremoso ou açúcar mascavo grosso • 2 colheres de sobremesa de geleia • 3 colheres de chá de açúcar cristal 5 QUAIS AS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL? O período da educaçãoinfantil engloba crianças entre 0 a 6 anos de idade, ou seja, a creche e a pré-escola, constituindo um grupo que apresenta elevada vulnerabilidade biológica, sujeita a diversos agravos nutricionais, além de situações de falta de apetite às refeições básicas e/ou alimentos. Isto decorre de vários fatores que podem estar relacionados a uma maior seletividade em relação aos alimentos, fácil acesso a guloseimas, além da incidência de infecções e verminoses que podem diminuir o apetite. Esta fase é caracterizada pelo amadurecimento da habilidade motora, da linguagem e das habilidades sociais relacionadas à alimentação, sendo este um grupo vulnerável que depende dos pais ou responsáveis para receber alimentação adequada. A fase pré-escolar envolve comportamentos e atitudes que persistirão no futuro, podendo determinar uma vida saudável, à medida que um conjunto de ações que envolvem o ambiente familiar e escolar forem favoráveis ao estímulo e a garantia de práticas alimentares adequadas. As creches devem proporcionar condições de garantia para o desenvolvimento do potencial de crescimento adequado e a manutenção da saúde integral das crianças, envolvendo aspectos educacionais, sociais, culturais e psicológicos. 5.1 Como deve ser a alimentação do PNAE para a educação infantil A OMS e o Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementar até os 2 anos ou mais. Os benefícios e as vantagens da amamentação devem estimular profissionais da educação e da saúde a utilizarem seus conhecimentos no sentido de promover e apoiar esta prática. Nas creches, visando contribuir para a manutenção do aleitamento materno pelo maior tempo possível, os líquidos deverão ser oferecidos as crianças em copos ou colheres. Fonte: www.maesamigas.com.br Deve-se lembrar que a mãe poderá continuar a amamentar a criança em casa, de manhã e à noite e deve-se buscar facilitar esta prática, evitando-se o desmame total da criança. Na impossibilidade do aleitamento materno em tempo integral, como no caso de lactentes frequentadores de creches em período integral a partir dos 4 meses, há necessidade de algumas orientações: Apesar da maioria das creches receberem crianças a partir dos 6 meses de idade, muitas recebem crianças com apenas 4 meses. Neste sentido, é importante que existam profissionais capacitados para desenvolver ações de apoio e proteção ao aleitamento materno, evitando-se o desmame total até os 2 anos de idade. 1. É conveniente evitar o leite de vaca não modificado no primeiro ano de vida em razão de um maior risco de desenvolvimento de alergia alimentar, desidratação e predisposição futura para excesso de peso e suas implicações. 2. Atender as características e especificidades de introdução dos alimentos, em função da faixa etária em questão, estimulando o consumo de alimentação básica e alimentos regionais variados, como arroz, feijão, batata, mandioca/ macaxeira/aipim, legumes, frutas e carnes nas papas salgadas; 3. Deve-se elaborar cardápios contendo miúdos como fígado de boi e miúdos de galinha (nas papas salgadas), uma vez por semana, porque são importantes fontes de ferro; 4. Após os 6 meses, para aquelas com aleitamento materno exclusivo, deve-se introduzir a alimentação complementar, que pode ser considerada como qualquer alimento que não o leite materno e que pode ser oferecido à criança amamentada. A alimentação na creche das crianças de 4 a 12 meses deve constituir-se de: Menores de 4 meses: Apenas alimentação láctea; Dos 4 aos 8 meses: Leite, papa de frutas e papa salgada; Após completar 8 meses: Leite, fruta in natura, papa salgada ou a Refeição oferecida às demais crianças; Após completar 12 meses: Leite com frutas, pão, cereal ou tubérculos, frutas, Refeição normal oferecida às demais crianças da creche. No planejamento dos cardápios deve ser levado em consideração as necessidades de ferro da criança e a relevância da prevenção da anemia ferropriva, nas várias faixas etárias, pois a deficiência de ferro pode comprometer o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Após os seis meses de idade, a criança amamentada deve receber alimentos, priorizando a inclusão de cereais, tubérculos, carnes e leguminosas e após completar sete meses de vida, respeitando- se a evolução da criança, deve-se priorizar alimentos como arroz, feijão, carne, legumes, verduras e frutas. Fonte: www.depositphotos.com O mel não deve ser oferecido para crianças menores de um ano pelo risco de contaminação. Entre os seis e os 12 meses de vida, a criança necessita se adaptar aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são muito diferentes do leite materno. Os profissionais vinculados à elaboração e administração das refeições das crianças devem ser capacitados quanto ao preparo e conhecimento adequados relativo ás técnicas corretas e seguras de elaboração dos alimentos/refeições, bem como o número e horário das mesmas. Atualmente, tem-se dado atenção à viscosidade dos alimentos complementares, que está relacionada com sua densidade energética. A pequena capacidade gástrica impede que as crianças pequenas supram suas necessidades energéticas por meio de alimentos diluídos. Por isto, sopas e mingaus muito diluídos e oferecidos em mamadeiras devem ser evitados. Ressalta-se também que o uso de mamadeiras oferece riscos de contaminação, com prejuízos à saúde das crianças assim como a possibilidade de deformações na formação dentária. A alimentação complementar adequada deve incluir alimentos ricos em energia e micronutrientes (principalmente zinco, ferro, vitamina A, vitamina C, folato e cálcio), sem contaminação por micro-organismos patogênicos, toxinas ou produtos químicos prejudiciais. Deve-se evitar alimentos industrializados, incluindo-se nas várias refeições diárias, frutas, verduras e legumes, de preferência os orgânicos e/ou agroecológicos. Existem creches onde as crianças permanecem em período integral e por isso, devem receber o lanche da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar. Fonte: www.photos1.blogger.com O conjunto destas refeições deve atender, no mínimo, 70% das necessidades nutricionais diárias das crianças. A seguir, algumas sugestões: No lanche da manhã ou no lanche da tarde podem ser oferecidos alimentos na forma líquida como, por exemplo, suco natural de frutas da época, leite, vitamina de frutas, bebida láctea, iogurte ou achocolatado, acompanhados de alimentos sólidos, como pães, tortas salgadas, bolos, biscoitos, mingaus de amido de milho, arroz, misto, ou outro. Dentre os alimentos fontes de proteínas que podem ser oferecidos no almoço e no jantar estão a carne bovina moída, frango desfiado, carne de porco, ovos e peixe e as leguminosas. O ideal é variar a oferta, alternando as fontes proteicas no decorrer da semana. O arroz com feijão deve ser servido no mínimo 3 vezes por semana. Como complemento, pode ser oferecido macarrão, mandioca/aipim/macaxeira, batata, polenta, etc. Saladas cruas e cozidas com vegetais da época devem ser servidas diariamente, bem como uma fruta da época como sobremesa. Existem crianças que permanecem na creche somente meio período. As crianças que permanecem pela manhã recebem o lanche da manhã e o almoço e as crianças que permanecem à tarde devem receber o lanche da tarde e o jantar, sendo que este conjunto de duas refeições deve atender, no mínimo, 30% das necessidades nutricionais diárias das crianças. As frutas sazonais a serem oferecidas devem ser sempre descascadas e cortadas, pois as crianças nesta idade não possuemhabilidade para o manuseio de facas. A seguir, encontra-se o quadro a seguir com os valores nutricionais recomendados para macros e micronutrientes para crianças de 7 meses a 5 anos. 5.2 O que restringir Na alimentação complementar não devem ser oferecidas preparações contendo sal, açúcar e gordura em excesso. Os alimentos devem ser de fácil preparação, adquiridos, armazenados e preparados de forma a não apresentar riscos de contaminação. Devem ser ricos em micronutrientes, em quantidade adequada a idade da criança, sendo que os alimentos consumidos pelos adultos devem ser utilizados e introduzidos gradualmente. Não deve ser oferecido ás crianças refrigerantes, sucos industrializados, doces em geral, balas, chocolate, sorvetes, biscoitos recheados, salgadinhos, enlatados, embutidos (salsicha, linguiça, mortadela e presunto), frituras, café, chá mate, chá preto ou mel. Estes alimentos possuem excesso de gordura, açúcar, conservantes ou corantes e podem comprometer o crescimento e desenvolvimento, promover a carências de vitaminas e minerais, além de aumentarem o risco de doenças como alergias e obesidade. Os alimentos não devem apresentar contaminantes de natureza biológica, física ou química. Com o objetivo de redução dos riscos à saúde, medidas preventivas e de controle, incluindo as boas práticas de higiene, devem ser adotadas na escola em todos os processos que envolvem a manipulação de alimentos, desde a recepção até o preparo e distribuição para o consumo. Fonte: www.revistacrescer.globo.com 6 MANUAL DE ALIMENTAÇÃO DO ESCOLAR DO ENSINO FUNDAMENTAL: 6 A 10 ANOS O período escolar engloba crianças entre 6 a 10 anos de idade, sendo que o crescimento neste período é lento, mas constante, ocorrendo crescente maturação das habilidades motoras e ganho no crescimento cognitivo, social e emocional. O trato gastrointestinal dos escolares já atingiu a capacidade digestiva semelhante à do adulto, por isso possuem condições de receber a alimentação própria da família. Cabe ressaltar que o rendimento escolar da criança está diretamente relacionado com sua alimentação. Crianças desnutridas e com carências nutricionais específicas como anemia e hipovitaminose Fonte: www.blogspot.com A, por exemplo, apresentam dificuldades de concentração, comprometendo seu desenvolvimento e sua aprendizagem. Na fase escolar ocorre um aumento na ingestão alimentar, caracterizado pela formação de hábitos alimentares que devem ser mais diversificados. Neste período as crianças apresentam necessidades nutricionais mais 23 elevadas, bem como maior interesse pelos alimentos. Neste sentido, verifica-se a importância de programas de alimentação escolar que promovam a incorporação e manutenção de hábitos alimentares saudáveis, de forma a contribuir para a prevenção de carências nutricionais, bem como do excesso de peso. 6.1 Como deve ser a alimentação do PNAE no ensino fundamental As crianças em fase escolar já apresentam capacidade para selecionar seus próprios alimentos, escolhendo também a quantidade que desejam comer. O acesso, bem como a publicidade sobre alimentos e os exemplos e orientações sobre hábitos alimentares diários aos quais os escolares estão submetidos, interferindo a formação dos hábitos alimentares destes indivíduos. Fonte: www.temdicas.com 6.2 O que oferecer Inicialmente é necessário garantir que o escolar esteja alimentado para que disponha dos nutrientes necessários para o seu desenvolvimento e aprendizado. Em geral, os escolares permanecem apenas meio período na escola (manhã ou tarde), devendo, portanto, receber pelo menos uma refeição (lanche da manhã e lanche da tarde) correspondente a no mínimo 20% das necessidades nutricionais diárias destes escolares. No entanto, é necessário supervisão para verificar se todos os escolares chegam à escola já alimentados. Em caso negativo, sugere-se que sejam fornecidas 2 refeições aquelas crianças que vão para a escola sem alimentar-se (uma assim que chegar a escola e outra junto com os demais), perfazendo um total de, no mínimo, 30% das necessidades nutricionais diárias (as recomendações de energia, macro nutrientes e micronutrientes para escolares de 6 a 10 anos encontram-se no quadro a seguir). Dúvidas a respeito do tipo de preparação a ser oferecido podem ser resolvidas considerando-se a clientela em questão. Escolares que realizam almoço adequado em casa podem aceitar melhor o consumo de lanches na escola. Entretanto deve-se atentar para o fornecimento de refeições salgadas, caso os escolares atendidos não possuam acesso a uma alimentação adequada fora da escola. Em casos onde há atendimento de escolares com ambas as características, e na impossibilidade de adequar-se às diferentes realidades, sugere-se a variação da oferta de refeições salgadas (3 vezes na semana) e lanches (2 vezes na semana). Além de garantir o acesso à alimentação, é necessário garantir que esta alimentação seja de qualidade. Para tanto, alimentos de alto valor nutricional, como frutas e verduras devem ser continuamente ofertados, incentivando assim seu consumo. Apesar da legislação do FNDE exigir apenas o mínimo de 3 porções de frutas e verduras por semana, reconhece-se que o ideal seria o consumo diário destes alimentos. Para facilitar a aceitação destes alimentos, é importante que os mesmos sejam servidos de modo a atrair os escolares. Frutas variadas de acordo com a safra, descascadas e cortadas em formatos variados devem compor o cardápio do PNAE. Além disso, é possível enriquecer outras preparações por meio da adição de frutas como, por exemplo, bolos e vitaminas. Verduras diversas, isoladamente ou combinadas entre si, formando preparações como saladas, tortas, suflês, omeletes, sanduiches, etc., podem incentivar o consumo destes alimentos por parte dos escolares. É fundamental que a elaboração do cardápio considere a safra e a vocação agrícola da região, garantindo melhor qualidade nutricional ao cardápio. Fonte: www.papodegordo.com.br Valorizar o hábito e a cultura alimentar da região também são importantes, além de enriquecer o cardápio, melhoram a adesão dos escolares ao programa. É importante oferecer e incentivar o consumo de água aos escolares. Disponibilizar o acesso contínuo à água potável no refeitório e pontos de circulação da escola é o primeiro passo para que os escolares ingiram água adequadamente. Na idade escolar é importante dar atenção aos casos de deficiências nutricionais. Dentre as deficiências, destaca-se a anemia ferropriva (por deficiência de ingestão de ferro) e a hipovitaminose A que podem comprometer o aprendizado do escolar. Tais deficiências tendem a apresentar maior prevalência nas populações com dificuldade de acesso aos alimentos, mas pode estar presentes também em populações com ingestão alimentar inadequada. Casos de crianças obesas com deficiências em micronutrientes são cada vez mais comuns. Alimentos de origem animal ricos em ferro (carnes, com destaque aos miúdos e fígado) e vitamina A (leite integral, queijo e fígado) apresentam melhor absorção destes dois micronutrientes e devem fazer parte da alimentação escolar. No entanto, alimentos de origem vegetal também são fontes de ferro (folhosos verde-escuros como espinafre, couve, brócolis, etc.) e betacaroteno (cenoura, mamão, abóbora, manga, etc.). Neste caso é importante a combinação do vegetal rico em ferro com outro rico em vitamina C (laranja, goiaba, tomate, etc.), o que estimula a absorção do ferro. Os vegetais ricos em betacaroteno quando combinados com algum tipode gordura (por exemplo, óleo vegetal), também possuem uma melhoria da absorção da vitamina A, visto ser ela lipossolúvel, ou seja, solúvel em algum tipo de lipídeo ou gordura. Estas estratégias promovem a absorção destes micronutrientes. Além do cuidado com a qualidade dos alimentos que compõe o cardápio, é fundamental o controle sobre a quantidade de alimentos consumidos. Somente orientando os cozinheiros, professores e os próprios escolares a respeito do tamanho das porções adequadas à faixa etária é possível saber se as recomendações nutricionais estão realmente sendo cumpridas (Quadro 2). Atividades de educação nutricional que utilizem cartazes com representações gráficas das porções adequadas às diferentes faixas etárias podem auxiliar os escolares a servirem- -se adequadamente. No entanto, é conhecida a dificuldade da operacionalização do controle do tamanho das porções oferecidas, principalmente em escolas maiores, onde se oferecem alimentação escolar para crianças de diferentes faixas etárias, e consequentemente diferentes necessidades nutricionais. Uma estratégia para resolver a questão poderia ser a realização de um rodízio do espaço do refeitório, semelhante ao que ocorre na pré-escola, alternando os horários de alimentação conforme as faixas etárias. Utilizar utensílios de tamanhos diferentes para servir porções adequadas conforme a idade também pode auxiliar nesta questão. 6.3 O que controlar Atualmente há uma grande exposição das crianças na faixa etária escolar aos alimentos do tipo guloseimas, frituras, refrigerantes e outras bebidas de baixo valor nutricional, bem como um grande apelo publicitário destes. O consumo de alimentos industrializados de alta densidade energética (com grande quantidade de gorduras e/ou açúcar) e baixo valor nutricional (pobre em minerais e vitaminas) aliado ao comportamento sedentário são apontados como principais causas do aumento do excesso de peso entre crianças nas fases pré-escolar e escolar no Brasil. Percebendo-se a escola como um ambiente de promoção de hábitos alimentares saudáveis, cabe ao nutricionista orientar para a não disponibilidade destes alimentos no ambiente escolar, seja na elaboração do cardápio do PNAE, na orientação de cantineiros, pais dos escolares, CAE, comunidade escolar e o ambiente onde a escola está inserida. A mesma atenção deve ser dada à publicidade destes alimentos na escola. No país, diversos municípios e estados já possuem inclusive legislações específicas para nortear a venda de alimentos nos estabelecimentos comerciais que porventura funcionem no ambiente escolar. Além dos alimentos industrializados é necessário cuidado também com as preparações elaboradas na própria escola. Dar preferência a preparações que utilizem pouca quantidade de gordura (como assados, cozidos, ensopados, grelhados), bem como capacitar os cozinheiros a utilizarem pouco óleo vegetal, sal e açúcar quando cozinharem. Essas são boas estratégias para melhorar a qualidade nutricional da alimentação escolar. Lembrando que a oferta da alimentação escolar deve conter, no máximo, em média: 10% de açúcar adicionado, de 15 a 30% de gorduras totais e de 1 grama (período parcial) a 3,5 gramas (período integral) de sal, por escolar. Ressalta-se também que há na alimentação escolar a obrigatoriedade de se oferecer, no mínimo, três porções de frutas e hortaliças por semana (200g/aluno/semana) aos escolares. Além disso, o teste de aceitabilidade para frutas e hortaliças ou preparações que sejam constituídas, em sua maioria, por frutas e/ou hortaliças pode ser dispensado. Fonte: www.trrsf.com Neste quesito fica evidente a necessidade de se trabalhar a educação nutricional no ambiente escolar, além dos educadores e pais de alunos. Com os recursos repassados pelo FNDE é proibida a aquisição de bebidas com baixo teor nutricional, como por exemplo: refrigerantes, refrescos artificiais e outras bebidas similares. Deve-se optar sempre por refrescos e sucos elaborados com fruta in natura. 7 MANUAL DE ALIMENTAÇÃO DO ADOLESCENTE De acordo com o Ministério da Saúde, em consonância com a OMS, a adolescência corresponde à segunda década da vida, compreendendo o período de 10 a 19 anos de idade. Isso significa que nas escolas encontramos adolescentes no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Diferente da infância, cujo crescimento e desenvolvimento ocorrem em ritmo constante, a adolescência é uma fase de transformações físicas aceleradas, que afetam diretamente as necessidades nutricionais. As transformações físicas que ocorrem na adolescência se dão a partir da atividade dos hormônios sexuais e são diferentes para meninos e meninas, o que pode ser observado durante o estirão de crescimento. O crescimento está relacionado com o aumento de massa corporal e o desenvolvimento físico, compreendendo também a maturação dos órgãos e sistemas para a aquisição de novas capacidades específicas. Esses processos são resultantes de uma interação constante de fatores genéticos, ambientais, hormonais, sociais e culturais. Fonte: www.blogspot.com Este desenvolvimento físico proporciona mudanças nas experiências físicas individuais e requer um ajuste dos pensamentos e sentimentos acerca de sua identidade. Neste contexto, a puberdade será influenciada pela maneira como as pessoas à volta destes adolescentes respondem às suas mudanças individuais, sendo as pessoas envolvidas principalmente os pais, amigos e a própria escola, por ser este um dos principais espaços de convivência nessa fase da vida. Além do aspecto físico, há também importantes mudanças sociais e psicológicas, uma vez que a adolescência é um período de passagem para a fase adulta. Nesse momento, o adolescente começa a adquirir independência e responsabilidades, e há também o aumento da capacidade cognitiva e adaptações de personalidade. É comum a preocupação com a imagem corporal, por vezes exagerada e a troca dos hábitos da própria família por comportamentos da moda e dos colegas. Por este motivo também é importante observar sinais de transtornos alimentares, tais como bulimia, anorexia e compulsão alimentar. Todas essas transformações da adolescência têm efeito sobre o comportamento alimentar, sendo esse o momento privilegiado para se colocar em prática medidas preventivas. É a partir da adolescência, quando o indivíduo afirmar sua independência Anorexia Trata-se de uma rejeição à comida em função da perda da noção que a pessoa tem da sua imagem corporal, mesmo magra ela se vê gorda, e acredita que precisa emagrecer ainda mais. Bulimia Pessoas com bulimia nervosa ingerem grandes quantidades de alimentos e depois eliminam o excesso de calorias por meio de jejuns prolongados, vômitos auto- -induzidos, laxantes, diuréticos ou na prática exagerada e obsessiva de exercícios físicos. Compulsão Alimentar Caracteriza-se por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos tornando-se responsável por suas próprias ingestões alimentares. A proximidade com a vida adulta pode proporcionar oportunidades finais para implantar atividades visando prevenir problemas de saúde futuros. 8 COMO DEVE SER A ALIMENTAÇÃO DO PNAE PARA OS ADOLESCENTES 8.1 O que oferecer A maior necessidade de energia na adolescência é determinada pelo aumento da massa corporal magra (tecido muscular), sendo necessário o atendimento desta necessidade de forma a promover um ótimo crescimento e permitir a prática de atividade física. Em se tratando do PNAE, há uma faixa de recomendação de ingestão de energia para abranger as diferentes necessidades dos adolescentes que são determinadas por fatorescomo a velocidade de crescimento e o nível de exercícios praticados (quadro a seguir). Em geral, escolares nesta faixa etária permanecem apenas um turno na escola: manhã, tarde ou noite. Desta forma, devem receber pelo menos uma refeição durante o período em que estão na escola. Estudos populacionais demonstram que os adolescentes realizam muitas refeições fora de casa, como lanches e fast foods de alta densidade energética e baixo valor nutricional. Além disso, pode ocorrer o início do consumo de bebidas alcoólicas, cigarros e remédios para emagrecer, que por sua vez comprometem a absorção de micronutrientes. Fonte: www.gadoo.com.br Por este motivo é fundamental a oferta de refeições balanceadas e ações de educação nutricional a este público no ambiente escolar. A inclusão do Ensino Médio ao PNAE em 2009 gerou uma dificuldade em atender a este público devido as suas necessidades específicas e em alguns casos, por causa da falta de estrutura para preparo e distribuição dos alimentos nas escolas. O desenvolvimento de tais estruturas é imprescindível para que a escola não corra na contramão de uma alimentação saudável, oferecendo lanches pré-preparados com altos teores de açúcar e gordura e pobres em vitaminas e minerais. Outra dificuldade relaciona-se ao fato de que na adolescência ocorrem diversas modificações biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais que interferem no comportamento alimentar do adolescente. Neste período há a influência direta ou indireta de pais, amigos, familiares, normas e valores sociais e culturais, mídia, fast- food, pelo conhecimento em nutrição e manias alimentares, características psicológicas e imagem corporal. Fonte: www.statig.com.br As aversões à alimentação escolar e aos alimentos trazidos de casa são mais expressivas nessa faixa etária, por outro lado, há a preferência por alimentos industrializados vendidos em cantinas e/ou lanchonetes. Todos esses fatores tornam- se desafios constantes aos responsáveis pela elaboração/manutenção da alimentação no ambiente escolar para adolescentes. A ingestão insuficiente de proteína na adolescência é rara, entretanto devem ser oferecidos diversos tipos de carnes como carne bovina, suína, frango, peixes, além dos ovos, sendo estes alimentos ricos em proteínas de alto valor biológico. Isto é necessário, pois durante a adolescência a utilização de proteínas está fortemente ligada ao padrão de crescimento e pode representar uma porção substancial da dieta. Destaca-se que parte destas proteínas pode ser obtida com o consumo de arroz com feijão, uma combinação de bom valor nutricional. É preciso atenção para o consumo de vitaminas e minerais. Para tanto, é necessário manter a oferta diária de frutas. Um bom exemplo é a necessidade de ferro, aumentada nos meninos em função do aumento de massa muscular e nas meninas devido ao início da menstruação. A deficiência de ferro pode levar a anemia, prejudicando a resposta imunológica e afetando o aprendizado. Desta forma, destaca- se a utilização de carnes (com destaque aos miúdos e fígado), bem como vegetais ricos em ferro (folhosos verde-escuros como espinafre, couve, brócolis, etc.) associados à alimentos ricos em vitamina C (laranja, goiaba, tomate, etc.) para melhor absorção destes micronutrientes. Além disso, é comum os adolescentes trocarem a ingestão do leite por líquidos de alta densidade energética como refrigerantes e sucos artificiais, comprometendo a ingestão de cálcio. Cientes de que o risco de osteoporose na vida adulta dependerá parcialmente do depósito de cálcio ósseo na adolescência, ressalta- se a importância de manter no cardápio alimentos lácteos. Da mesma forma, é importante oferecer e incentivar o consumo de água por parte dos adolescentes. O zinco é essencial para o crescimento e maturação sexual, a retenção desse mineral no organismo aumenta significativamente no estirão de crescimento físico. Boas fontes alimentares deste mineral são os frutos do mar, carnes e frutas oleaginosas, lácteos e leguminosas. O que controlar? Pesquisas de base populacional destacam um aumento alarmante das taxas de excesso de peso na adolescência. Esse quadro epidemiológico é atribuído ao sedentarismo e à adoção de práticas alimentares inadequadas, sendo frequente o consumo excessivo de refrigerantes, açúcares e fast food, além da baixa ingestão de frutas e verduras. Aliado a isso, muitos adolescentes se restringem às atividades escolares e dispõem de longos períodos de ociosidade. Desta forma, restringir a oferta de alimentos de alta densidade energética e baixo valor nutricional na escola como fast food, frituras, guloseimas, sucos artificiais e refrigerantes é o primeiro passo para alterar o comportamento alimentar dos adolescentes. Paralelamente deve ocorrer a oferta de alimentos de alto valor nutricional juntamente com ações de educação alimentar para que estes alimentos sejam bem aceitos. 9 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS DURANTE A FASE ESCOLAR A fase escolar compreende crianças de 7 anos a 10 anos incompletos e é caracterizada por um período de crescimento e demandas nutricionais elevadas. O cardápio das crianças nessa faixa etária já está adaptado às disponibilidades e costumes dietéticos da família. Assim, é importante, reforçar às famílias sobre a importância de uma alimentação saudável e equilibrada, pois isso irá refletir na saúde da criança da mesma forma. Nessa fase é comum a criança ter um alto gasto energético devido ao metabolismo que é mais intenso que o do adulto. Além disso, há nessa faixa etária intensa atividade física e mental. Assim, a falta de apetite comum à fase pré-escolar é substituída por um apetite voraz. É comum, nessa idade, também, a diminuição da ingestão de leite e, consequentemente, limitação do suprimento de cálcio. As mães devem estar atentas a fim de compensar a falta de ingestão de leite por meio de outros alimentos ricos em cálcio. 10 ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS NA ADOLESCÊNCIA A adolescência é uma fase de crescimento e desenvolvimento do ser humano situada entre a infância e a vida adulta. A definição dessa faixa etária varia conforme diferentes instituições. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência é o período dos 12 aos 18 anos, já para a OMS e para o Ministério da Saúde, está entre 10 anos e 20 anos incompletos. Dotada de peculiaridades, tanto físicas (com o crescimento em estatura, a maturação sexual, o estabelecimento de caracteres sexuais secundários e as mudanças na estrutura corporal, os quais compõem a puberdade) quanto sociais e emocionais, a adolescência deve ser alvo de cuidadosas interferências, seja no sentido do relacionamento interpessoal, do ensino nas escolas, da educação por parte dos pais, seja nos cuidados com sua saúde. Dentro deste delicado contexto também se inserem os cuidados com a nutrição e a alimentação. Fonte: www.blogdafabee.com.br As orientações alimentares ao adolescente devem diferir daquelas realizadas às crianças mais novas e aos adultos. Mesmo o cálculo das necessidades calóricas para esta fase é mais complexo, uma vez que existem diferenças conforme o estágio pubertário do indivíduo, resultando em diferentes fórmulas para se obter as necessidades, defendidas por diferentes autores. Recommended Dietary Allowances (RDA) de 1989 propõem o cálculo por unidade (centímetro) de estatura. Já a FAO/WHO/UNO sugere que somem-se a taxa metabólica basal (TMB) e fatores de crescimento e de atividade física. Com o objetivo de facilitar as orientações, apresentamos aqui apenas o cálculo das necessidades energéticas sugeridapelas Dietary Reference Intakes (DRI), a mais recente revisão a respeito do assunto nos EUA e no Canadá, conforme demonstrado a seguir: • Estimativa da necessidade energética (EER) para meninos eutróficos de 9 a 18 anos de idade: EER = 88,5 – (61,9 x idade[anos]) + PA x (26,7 x peso[kg] + 903 x altura[metros]) + 25 (kcal para crescimento) Considerando: Coeficiente de atividade física (PA): PA = 1 se sedentário PA = 1,13 se atividade leve PA = 1,26 se atividade moderada PA = 1,49 se atividade intensa • Estimativa da necessidade energética (EER) para meninas eutróficas de 9 a 18 anos de idade: EER = 135,3 – (30,8 x idade[anos]) + PA x (10 x peso[kg] + 934 x altura[metros]) + 25 (kcal para crescimento) Considerando: Coeficiente de atividade física (PA): PA = 1 se sedentário PA = 1,16 se atividade leve PA = 1,31 se atividade moderada PA = 1,56 se atividade intensa Além da necessidade energética e de macro nutrientes, deve-se estimar as necessidades específicas de cada micronutriente, de forma a proporcionar uma nutrição balanceada e adequada, evitando sintomas de uma deficiência nutricional específica, comum na adolescência, por conta das variações de necessidades de acordo com o estágio púberal. Os macro nutrientes são: carboidratos, proteínas e lipídeos. Suas necessidades podem ser estimadas em percentual da energia total, conforme demonstra a tabela a seguir. Já os micronutrientes são as vitaminas e os minerais, ambos extremamente necessários em todas as fases da vida, mas em especial na adolescência. As recomendações referentes aos principais micronutrientes nessa faixa etária estão resumidas na tabela a seguir. Tabela - Recomendações de macro nutrientes, segundo as DRI (2002). Nutriente Proporção de energia proveniente dos macro nutrientes Carboidrato 45 a 65% da energia Em relação à necessidade de fibras, recomenda-se: Sexo masculino: 9 a 13 anos: 31 g/dia 14 a 18 anos: 38 g/dia Sexo feminino: 26 g/dia Proteína 10 a 30% da energia Lipídeo 25 a 35% da energia Retirada de: Weffort VR & Lamounier JA. Nutrição em Pediatria. Da neonatologia à adolescência. 2009. Tabela - Recomendações de micronutrientes e alimentos Micronutriente Necessidades Alimentos (fonte) Cálcio 1300mg/dia Leite e derivados, couve, brócolis, agrião, espinafre, alface, beterraba, cebola, batata-doce, aveia, etc. Ferro A 13 anos: 8 mg/dia 14 a 18 anos: Carnes vermelhas, fígado de boi, vegetais verde- Fonte: Weffort VR & Lamounier JA. Nutrição em Pediatria. Da neonatologia à adolescência. 2009. Ainda são necessárias orientações gerais, em relação aos hábitos alimentares, entre as quais destacam-se as seguintes recomendações: • Variar os alimentos. • Realizar 5 a 6 refeições diárias (café-da-manhã, almoço e jantar, e lanches nos intervalos). • Preferir proteínas de alto valor biológico (carnes, ovos, leite e derivados). • Estimular o consumo de peixes marinhos duas vezes por semana. • Evitar açúcares simples, dando preferência aos complexos (ricos em fibras). Sexo masculino: 15 mg/dia Sexo feminino: 11 mg/dia escuros e leguminosas Zinco A 13 anos: 8 mg/dia 14 a 18 anos: Sexo masculino: 11 mg/dia Sexo feminino: 9 mg/dia Carnes, cereais integrais e leguminosas Vitamina A A 13 anos: 600 mcg/dia 14 a 18 anos: Sexo masculino: 900 mg/dia Sexo feminino: 700 mcg/dia Leite, ovos, fígado Vitamina C A 13 anos: 45 mg/dia 14 a 18 anos: Sexo masculino: 75 mg/dia Sexo feminino: 65 mg/dia Frutas cítricas, tomate, cebola, pimentão, melão, morango, goiaba, etc. Vitamina D mcg/dia Óleo de fígado, óleo de peixes, manteiga, gema de ovo, fígado • Evitar gorduras saturadas e colesterol (menos de 2% de gorduras trans). • Controlar a ingestão de sal (menos de 6g/dia). • Evitar refrigerantes. • Ingerir frutas, verduras e legumes (mais de cinco porções/ dia). • Evitar trocas de refeições por lanches. • Orientar quanto à pratica de atividade física regular. No aconselhamento nutricional do adolescente, a relação interpessoal estabelecida com o médico ou profissional da saúde tem papel preponderante no sucesso da adoção de hábitos alimentares saudáveis. Estratégias eficazes são estimular pequenas e progressivas mudanças, compreender as preferências do adolescente e tentar adequar o esquema alimentar a seu estilo, enfatizar aspectos positivos e envolver o adolescente na organização de sua rotina alimentar. BIBLIOGRAFIA AMARAL Mfm, Morelli V, Pantoni Rv, Rossetti-Ferreira Mc. Alimentação de bebês e crianças pequenas em contextos coletivos: mediadores, interações e programações em educação infantil. Rev Bras Cresc Desenv Hum. 1996; 6(1/2):19-33. BANDURA A. Self-Efficacy: The Exercise Of Control. New York: Freeman & Co; 1997. BIZZO Mlg; Leder L. Educação Nutricional Nos Parâmetros Curriculares Nacionais Para O Ensino Fundamental. Rev. Nutr., Campinas, V. 18, N. 5, Oct. 2005. BRASIL. Fundo Nacional De Desenvolvimento Da Educação. 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