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Estrongiloidose Aula 16 – Parasitologia Introdução Doença causada pela infecção por três espécies de parasitos do gênero Strongyloides Strongyloides stercoralis (principal, distribuição global) Strongyloides fuelleborni (África e Ásia) Strongyloides kellyi (Oceania) São parasitos com infecção em cães, gatos e primatas regitradas (zoonose) Ainda se discute se as espécies que circulam no homem são exclusivas do homem (antroponose ou zoonose) Morfologia Apresentam ciclo monoxeno, com dois tipos de ciclo biológico: direto ou partenogenético ou o indireto ou sexuado O ciclo direto apresenta quatro formas morfológicas: Ovos Larvas rabditóides (L1 e L2) e filarióides (L3 e L4) Fêmeas partenogenéticas O ciclo indireto apresenta cinco formas morfológicas: Ovos Larvas rabditóides (L1 e L2) e filarióides (L3 e L4) Fêmeas de vida livre Machos de vida livre Morfologia Ovos São elípticos, parede fina e transparente Particamente idênticos aos de Ancilostoma Larvas rabditóides e filarióides Diferenciam-se pela morfologia do esôfago: curto (rabditóides) ou longo (filarióides) As larvas L1 e L2 são rabditóides e L3 e L4 são filarióides, sendo a L3 infectante Os ovos podem dar origem a três tipos de larvas: Larvas triplóides (3n): originam fêmeas partenogenéticas Larvas diplóides (2n): originam fêmeas de vida livre Larvas haplóides (n): originam machos de vida livre Morfologia Fêmea partenogenética Corpo cilíndrico e filiforme (1,7 a 2,5 mm) Extremidade anterior arredonda e posterior afilada Fêmea de vida livre Corpo fusiforme (0,8 a 1,2 mm) Extremidade anterior arredonda e posterior afilada Macho de vida livre Corpo fusiforme (0,7 mm) Extremidade anterior arredonda e posterior recurvada ventralmente Presença de dois espículos que auxiliam na cópula Morfologia Ciclo biológico Transmissão Três formas usuais de infecção Hetero ou primoinfecção Penetração de larvas L3 infectantes pela pele e mucosas oral ou esofágica Autoinfecção Externa ou Exógena Penetração das larvas infectantes pela pele da região perianal Comum em pessoas que utilizam fraldas (infantil ou geriátrica) ou que defecam nas roupa Os parasitos podem permanecer nos pêlos perianais (má higienização) Autoinfecção Interna ou Endógena Larvas se desenvolvem ainda no intestino e penetram na mucosa intestinal Pessoas imunosuprimidas podem ter hiperinfecção por autoinfecção interna Evolução da doença A evolução da doença pode levar a três quadros: Erradicação da infecção A cronicidade da infecção Hiperinfecção e disseminação O que determina qual quadro se estabelece é um balanço entre: Sistema imunológico do hospedeiro Capacidade do parasito em evadir da resposta imunológica A patogenia decorre das várias ações no hospedeiro: Ação mecânica (lesões de penetração e fixação) Ação traumática (irritações na mucosa, formação de fibromas) Ação antigênica (liberação de antígenos que disparam resposta inflamatória) Evolução da doença Manifestações cutâneas A penetração causa apenas reação no local da picada Pessoas com hipersensibilidade, em casos de reinfecção podem formar pápulas no local da penetração (edema, eritrema e prurido) Larvas mortas na circulação periférica podem formam pontos inflamatórios Manifestações pulmonares São pequenas lesões geralmente decorrentes da passagem pelos alvéolos (causam tosse, febre, dispnéia, crises de asma) Quando adultos se estabelecem nos pulmões, estes produzem ovos e larvas no local provocando vários pontos hemorrágicos e inflamatórios (podem causar: broncopneumonia, edema pulmonar e insuficiência respiratória) Evolução da doença Manifestações intestinais Manifestações decorrem na fixação das fêmeas na mucosa e liberação de metabólitos antigênicos A sintomatologia é variável em gravidade: Enterite: reação inflamatória leve, aumento da secreção mucoide Enterite edematosa: edema da submucosa levando a má absorção intestinal (dor epigástrica, diarréia, desidratação, emagrecimento, fraqueza) Enterite ulcerosa: alta carga parasitária leva a forte reação inflamatória, formação de tecido fibroso e alterações no peristaltismo (aumento da gravidade dos sintomas gerais) Evolução da doença Hiperinfecção A autoinfecção interna contribui para o aumento da carga parasitária Pessoas imunossuprimidas podem ter um aumento da carga parasitária que leva à disseminação ectópica dos parasitos (pulmões, rins, fígado, vesícula biliar, coração, cérebro, pâncreas e outros órgãos) Os sintomas incluem: Dor abdominal, vômitos, diarréia intensa Pneumonia hemorrágica, broncopneumonia, insuficiência respiratória Anemia, sudorese, incontinência urinária Palpitações, arritmias Diagnóstico Clínico Difícil, sintomas muito semelhantes a outras helmintoses Vários casos assintomáticos Laboratorial Pesquisa de parasitos nas fezes: dificultado pelo baixo número de ovos Pesquisa de larvas em secreções ou líquidos orgânicos Endoscopia e biópsia intestinal: casos de alta infecção Hemograma: alta eosinofilia podem indicar a infecção Imunológicos: reação contra antígenos das larvas (muita reação cruzada) Biologia molecular: promissor Epidemiologia Apresenta distribuição mundial heterogênea No Brasil, considerada um problema de saúde pública em algumas regiões Epidemiologia Grupos de maior incidência Crianças de 0 a 15 anos Trabalhadores rurais (especialmente hortigranjeiros) Moradores de áreas com situação se saneamento básico precário Fatores que contribuem para a manutenção de áreas endêmicas Lançamento de fezes de humanos e animais no solo (saneamento básico inadequado) Presença de condições de solo propícias ao desenvolvimento das formas de vida livre (solo areno-argiloso, úmido, 25 a 30°C, ausência de incidência direta do sol) Condições de higiene pessoal inadequada Contato com alimentos contaminados por água Profilaxia Diagnóstico e tratamento dos infectados Campanhas para triagem da população para detecção dos assintomáticos Educação em saúde Melhoria nas condições de saneamento básico Destinação adequada às fezes de cães e gatos Tratamento O tratamento se faz por meio de três drogas: Tiabendazol (atua apenas sobre as fêmeas intestinais) Cambendazol (atua tanto em fêmeas quanto larvas intestinais) Albendazol (atua tanto em fêmeas quanto larvas intestinais) A Ivermectina é de uso veterinário O Mebendazol é ineficaz
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