Buscar

Redação Há limites para o humor?

Prévia do material em texto

HÁ LIMITES PARA O HUMOR?
Em 1964, deflagra-se o golpe da ditadura civil-militar, regime responsável por grande
censura às ideias oposicionistas por meio de atos institucionais de caráter autoritário.
Todavia, embora a liberdade de expressão tenha retornado após a dissolução do governo
militar, ainda ocorrem grandes debates que englobam os reais limites dessa liberdade. Uma
vez que muitas pessoas se blindam por trás de tal prerrogativa, visando a propagação de
discursos de ódio e intolerância, os quais, muitas vezes, são repletos de sátiras e ironias,
transmitindo uma ideia preconceituosa paramentada com a comicidade.
Mormente, é válido ressaltar que o humor é um espelho social fidedigno e, de acordo
com o filósofo Johann Goethe, nada descreve melhor o caráter dos homens do que aquilo
que eles acham ridículo. Dessa forma, o riso acompanha as tendências socioculturais e
reflete padrões, pensamentos, atitudes e preconceitos por muitas vezes ocultos na
sociedade. Nesse contexto, o humorista Rafinha Bastos é um exemplo a se citar, visto que
já teve que responder a diversos processos por causa de piadas de cunho preconceituso,
todavia, deve a estas a sua fama, corroborando a premissa.
Por conseguinte, a disseminação desse humor desrespeitoso e hostil acarreta na difusão
de argumentos que incitam o ódio e preconceito na sociedade e convergem para o aumento
da violência. Isto posto, um claro exemplo é o caso do ataque terrorista, em 2015, que
resultou na morte de 12 jornalistas da revista humorística francesa Charlie Hebdo. Tal
ataque ocorreu em virtude da publicação de uma capa que continha a caricatura do profeta
Momé, o que caracteriza em um ato de desrespeito para os adeptos da religião islâmica.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a
conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o MEC crie, por
meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que retratem a
problemática da extrapolação dos limites do humor, sugerindo ao interlocutor um olhar mais
crítico dessas piadas. Dessa maneira, será possível combater o desprezo e o preconceito
camuflados sob a ótica da liberdade de expressão, assim como combateu-se a intolerância
atrelada à censura das ideias oposicionistas em 1964.

Mais conteúdos dessa disciplina