Buscar

Sanar - ebook-ventilacao-mecanica-sanar-pos-1

Prévia do material em texto

MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
Guia para Médicos na UTI: Conceitos e Aplicação
EBOOK PARA MÉDICOS
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
Olá, doutor(a)!
Este material foi preparado pela Sanar Pós especialmente 
para você, participante da 2ª edição da MedWeek Sanar 
Pós - Medicina de Emergência e Terapia Intensiva.
Esperamos que este ebook, assim como as aulas da 
MedWeek, te ajudem a se preparar e conquistar mais 
segurança em seus plantões de Emergência e UTI.
Caso deseje se aprofundar e conquistar uma carreira 
médica de sucesso, a pós-graduação médica pode ser o seu 
caminho! A Sanar Pós possui diversos cursos de 
pós-graduação EAD com uma metodologia diferenciada e 
aulas preparadas pelos melhores profissionais do país.
Conheça agora os nossos cursos:
PÓS EM MEDICINA 
DE EMERGÊNCIA
EAD + PRÁTICAS 
PRESENCIAIS
PÓS EM TERAPIA 
INTENSIVA
EAD + TELEPRÁTICAS 
+ PRÁTICAS PRESEN-
CIAIS
OUTROS CURSOS DE 
PÓS-GRADUAÇÃO 
MÉDICA
SAIBA MAIS! SAIBA MAIS! SAIBA MAIS!
http://pos.sanarmed.com/?utm_source=materiais&utm_medium=referral&utm_campaign=ebook-ventilacao-mecanica-medweek-link-1
https://pos.sanarmed.com/terapiaintensiva/?utm_source=materiais&utm_medium=referral&utm_campaign=ebook-ventilacao-mecanica-medweek-link-1
https://pos.sanarmed.com/posemmedicinadeemergencia/?utm_source=materiais&utm_medium=referral&utm_campaign=ebook-ventilacao-mecanica-medweek-link-1
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
CONCEITOS
VOLUMES VENTILATÓRIOS 
PRESSÃO NAS VIAS AERÉAS
CURVAS
CICLO VENTILATÓRIO
MODALIDADES VENTILATÓRIAS
DESMAME DA VENT. MECÂNICA
INDICAÇÃO DE TRAQUEOSTOMIA
APLICANDO NA PRÁTICA
PARA AJUDAR A FIXAR
REFERÊNCIAS
02
02
03
04
05
09
17
21
26
27
28
29
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
02
INTRODUÇÃO
Para começar, é necessário ter em mente qual é a função dos pul-
mões. 
A sua principal função é realizar a troca gasosa de oxigênio e gás 
carbônico. Para que isso aconteça, é preciso que dois processos ocor-
ram, são eles:
Troca gasosa 
 Ventilação 
A ventilação mecânica (VM) vai ocorrer através da utilização de 
aparelhos que, de forma intermitente, irão insuflar as vias respiratórias 
com volumes de ar (volume corrente - VT). 
Há dois tipos de ventilação mecânica: a por pressão negativa, onde 
o movimento do gás para dentro dos pulmões se dá devido à geração
de um gradiente de pressão entre as vias aéreas superiores e o alvéo-
lo; e a ventilação por pressão positiva, onde um equipamento
aumenta a pressão da via aérea proximal.
Aqui nesse material serão comentados apenas os aspectos que 
estão relacionados à ventilação por pressão positiva, pois na prática 
ela possui maior aplicação clínica. Na ventilação mecânica controla-
mos a concentração de O2 (FIO2), que é necessária para se conse-
guir uma taxa arterial de oxigênio (pressão parcial de oxigênio no 
sangue arterial - PaO2) adequada. Além disso, também controlamos 
a velocidade com que o ar será administrado (que é denominado 
fluxo inspiratório), e, por último, definimos a forma da onda de 
fluxo.
CONCEITOS
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
03
VOLUME CORRENTE (Vt)
O volume corrente é o principal parâmetro analisado na VM. Esse 
volume pode ser inspirado ou expirado e sua relevância maior se dá 
quando, ao examinarmos o volume expirado, avaliamos se há ventila-
ção adequada no paciente entubado. Quando há falhas no circuito, o 
volume corrente expirado é muito diferente do inspirado, o que indica, 
por exemplo, vazamentos.
A frequência respiratória é definida como a quantidade de ciclos 
ventilatórios que são realizados em um minuto. Ela é estabelecida de 
acordo com a demanda real do paciente, a necessidade esperada de 
oxigenação e ventilação, além do impacto resultante na relação l:E 
(divisão do tempo inspiratório pelo tempo expiratório). 
DICA
!
O índice de respiração rápida superficial (índice de Tobin) é derivado do 
Volume Corrente. Ele é calculado a partir do quociente entre frequência 
respiratória e volume corrente (FR/Vt). Um índice de Tobin menor ou 
igual a 100 respirações/min/L é indicativo de sucesso na extubação.
VOLUMES VENTILATÓRIOS
FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
Ao final da expiração fisiológica, o ar não é todo expulso dos pul-
mões. Parte dele não é expirada: a esse volume de ar damos o nome 
de volume residual. Esse volume é garantido pela ação das pregas 
vocais e ocorre de forma fisiológica em ventilação espontânea. O 
volume residual impede o colabamento dos alvéolos e gera uma 
pressão residual fisiológica nas vias aéreas. 
Em pacientes que estão em ventilação mecânica e intubação en-
dotraqueal a glote é incapaz de manter essa pressão expiratória, de 
forma que o ventilador se torna responsável por gerar a pressão 
expiratória final positiva (PEEP). 
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
04
PRESSÃO NAS VIAS AÉREAS
O volume-minuto é resultado do seguinte produto: Vt x FR, e 
significa o volume de ar ventilado em 1 minuto; como o volume-mi-
nuto representa a ventilação pulmonar, tem relação direta com o CO2 
alveolar e arterial (PaCO2). Ele também está associado com os esto-
ques corporais de CO2.
VOLUME-MINUTO
PEEP
A pressão de pico é a pressão máxima que o ventilador mede, 
que pode ou não corresponder à pressão alveolar. Isso irá depender 
da resistência do sistema. Uma Ppico muito elevada aumenta o risco 
de barotrauma.
Ppico
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
05
Pplatô
A pressão de platô é a pressão alveolar estabilizada. Geralmente, 
valores de pressão de pico de 40 cmH2O e de pressão de platô de 30 
cmH2O são considerados valores de risco para barotrauma.
Auto-PEEP
A auto-PEEP ocorre quando há um represamento de ar, com 
aumento das pressões pulmonares, gerando assim a pressão maior 
que a PEEP desejada. Quando não há tempo expiratório suficiente 
para esvaziar o ar inspirado, ocorre aprisionamento de ar e aumento 
da auto-PEEP, o que pode resultar em instabilidade hemodinâmica e 
redução no volume corrente com aumento progressivo das pressões. 
Existem várias maneiras de monitorizar a função pulmonar. Monito-
rizar significa criar critérios que possam indicar limites ou mostrar de 
forma gráfica um evento, com o objetivo de auxiliar na decisão clínica. 
Por isso, a função da monitorização é identificar a causa da patologia, 
compreender a gravidade e acompanhar a resposta a tratamentos ou 
a sua evolução. 
Existem muitos parâmetros que analisam a função pulmonar. Além 
de números, existem representações gráficas que são de grande rele-
vância. 
CURVAS
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
06
PRESSÃO-TEMPO
A curva pressão-tempo pode aparecer em formato mais apicula-
do, o que indica uma ventilação volume-controlada, ou em formato 
quadrado, indicando ventilação pressão-controlada. 
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
FLUXO-TEMPO
Outra curva importante é a fluxo-tempo. Existem vários tipos de 
curvas fluxo-tempo, mas a curva reversa é a mais fisiológica, pois per-
mite melhor distribuição do gás no alvéolo e menos necessidade de 
ar. Na fase expiratória, o pico expiratório baixo indica sinais de obstru-
ção, assim como a demora para retornar à linha basal, o que também 
pode demonstrar a formação de auto-PEEP.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
07
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
08
VOLUME-TEMPO
A principal função da curva volume-tempo é avaliar a perda de 
volume ou seu represamento, o que pode indicar a formação de 
auto-PEEP ou então uma falha no circuito. Outra característica da 
curva volume-tempo é que é possível identificar vazamento, como na 
figura a seguir, quando a curva não retoma ao seu ponto inicial.
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
09
CICLO VENTILATÓRIO
1
O ventilador fornece a entrada de gás para os 
pulmões; a válvula inspiratória está aberta e a 
expiratória está fechada.
Aqui é a fase de transição entre a fase inspiratória e a 
expiratória. O oposto da fase 1 ocorre: há fechamento 
da válvulainspiratória e abertura da válvula expiratória.
Agora que a válvula expiratória se encontra aberta e a inspiratória 
fechada, a pressão do sistema respiratório é equilibrada com a 
pressão expiratória final definida no ventilador (PEEP), resultando 
na saída de gás dos pulmões, que irá para o ventilador.
Por fim temos a abertura da válvula inspiratória e a 
válvula expiratória fechada. Assim, temos o início de 
uma nova fase inspiratória, reiniciando o ciclo.
Fase 
inspiratória
Ciclagem
Fase
expiratória
Disparo
2
3
4
CICLO VENTILATÓRIO
O ciclo ventilatório durante a ventilação mecânica com pressão 
positiva pode ser dividido em 4 fases, descritas na tabela a seguir: 
ANALISANDO OS GRÁFICOS DA 
VENTILAÇÃO MECÂNICA
CURVAS DE FLUXO
O fluxo é medido diretamente pelo ventilador. O fluxo iniciará nos 
modos controlados depois de determinado tempo (o qual depende da 
FR ou da relação inspiração:expiração - TI/TE) ou através de um limite 
de sensibilidade (trigger ou disparo) que foi pré-estabelecido.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
10
A forma da onda de fluxo pode ser alterada no ventilador diretamen-
te ou indiretamente, dependendo do modo ventilatório escolhido. Mais 
à frente nesse material, os diferentes modos ventilatórios serão descri-
tos. Abaixo, são demonstrados alguns exemplos de curva de fluxo.
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
DICA
!
As formas mais utilizadas na prática clínica são a quadrada, permite a 
realização da monitoração da mecânica respiratória, proporciona uma 
melhor distribuição do ar inspirado.
DISPARO DO VENTILADOR
Na ventilação mecânica, é preciso que uma variável que é pré-deter-
minada seja atingida para iniciar a inspiração. Na ventilação controlada, 
essa variável é o tempo: ela não depende do esforço do paciente. Nos 
modos ventilatórios que permitem ciclos assistidos e espontâneos, a 
inspiração inicia quando é alcançado um nível de pressão ou fluxo 
pré-determinado. 
Quando o disparo se der pela pressão, o ventilador vai detectar uma 
queda na pressão das vias aéreas que ocorre devido ao esforço 
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
11
do paciente. Isso pode iniciar a inspiração se a pressão negativa reali-
zada ultrapassar o limiar de pressão para o disparo ou pode não dispa-
rar o ciclo. Caso a pressão negativa não atinja este limiar, haverá 
apenas um maior trabalho respiratório e dissincronia. Esse limiar é 
selecionado pelo operador no ventilador. 
Já o disparo por fluxo envolve o uso de um fluxo inspiratório que é 
basal e contínuo. Quando a diferença entre o fluxo inspiratório e o 
expiratório alcança um certo limite de sensibilidade, a válvula inspira-
tória é aberta e um novo ciclo ventilatório se inicia. 
Observe na imagem os gráficos do disparo do ventilador por 
pressão e fluxo: 
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
12
CURVAS DE PRESSÃO
A pressão é medida pelo ventilador de forma direta, através de 
transdutor que fica instalado próximo ao tubo endotraqueal.
Durante a ventilação espontânea, fisiológica, no momento da inspi-
ração ocorre a contração da musculatura inspiratória, o que vai resultar 
em uma queda da pressão nos alvéolos/vias aéreas, com o objetivo de 
que seja gerado o fluxo inspiratório. Isso está representado no gráfico 
a seguir:
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
Por outro lado, durante a ventilação assistida, a contração da mus-
culatura depende da demanda metabólica do paciente, concedendo a 
queda de pressão no circuito e, de acordo com a sensibilidade ajusta-
da, irá proporcionar a abertura da válvula (disparo), provocando um 
pico de fluxo inspiratório, aumentando de forma progressiva a pressão 
no sistema respiratório do paciente. Na expiração, ocorre o contrário: 
como a pressão no sistema está alta, a abertura da válvula expiratória 
acarreta a saída do volume corrente de forma passiva. 
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
13
Na ventilação espontânea, a pressão intratorácica é negativa na 
inspiração e positiva na expiração. Já na ventilação mecânica, a pres-
são nas vias aéreas é mantida positiva durante todo o ciclo (desde que 
se use uma PEEP). 
À medida que o fluxo de ar penetra o sistema respiratório, eleva-se 
a pressão inspiratória, pois essa pressão é essencial para vencer dois 
componentes: o componente resistivo (1), devido à resistência ao fluxo 
de ar passando pelas vias aéreas; e o componente elástico (2), oriundo 
da distensão dos pulmões e da parede torácica. 
Estes dois componentes da pressão inspiratória são demonstrados 
no gráfico abaixo. Quando um determinado volume é fornecido com 
fluxo constante até determinado ponto (observe no número 1 do 
gráfico), ocorre uma interrupção do fluxo (pausa inspiratória) que de-
termina a pressão de platô (representada pelo número 2 do gráfico).
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
O primeiro ponto (1) está representando o pico de pressão (PPI) nas 
vias aéreas, que sofre interferência tanto do fluxo (Pres = pressão resis-
tiva) como da variação de volume (Pel = pressão elástica). E o segundo 
ponto (2) está demarcando a pressão de platô (PPLATÔ) das vias 
aéreas, que significa a pressão de equilíbrio do sistema respiratório, na 
ausência de fluxo. 
Se não existe fluxo, então não existe o componente de resistência 
das vias aéreas. Na circunstância de fluxo zero, ou seja, durante a 
pausa inspiratória, a pressão resistiva é zero e a pressão observada no 
sistema (pressão de platô) corresponde à pressão elástica do sistema 
respiratório (diferença entre a PPLATÔ e a PEEP).
14
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
15
Fonte: https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000800002.
SENSIBILIDADE E TEMPO DE RESPOSTA 
DO VENTILADOR
Quando o disparo é determinado pelo paciente há um intervalo 
entre o início da deflexão negativa da pressão e o início do fluxo inspi-
ratório. Este intervalo é denominado de "tempo de resposta do ven-
tilador". Este tempo depende de alguns fatores, que são a sensibilida-
de da válvula inspiratória do ventilador e a capacidade do ventilador 
em gerar o fluxo. 
Quando o tempo de resposta do ventilador é elevado, o paciente 
necessita fazer um esforço acima do necessário até que o fluxo se 
inicie, o que gera mais trabalho respiratório, resultando em dissincro-
nia paciente-ventilador. Em geral, a responsividade é aceita quando 
está abaixo de 150 milissegundos.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
16
 Fonte: https://doi.org/10.1590/S180637132007000800002.
CURVAS DE VOLUME
Ao analisar o gráfico de volume em sua porção ascendente, temos o 
volume pulmonar inspirado e, em sua curva descendente, o volume 
pulmonar total expirado. 
Os volumes devem ser iguais. Caso não sejam, estará ocorrendo: (1) 
vazamento, (2) desconexão do circuito ou (3) aprisionamento aéreo. 
Ao lado temos o gráfico representando a curva de volume.
CURVAS DE FLUXO, PRESSÃO E VOLUME 
EM FUNÇÃO DO TEMPO
De forma individual, as curvas de fluxo, pressão e volume são 
importantes. Todavia, podemos utilizar e completar melhor as curvas 
quando estão associadas. 
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
17
 Fonte: https://doi.org/10.1590/S180637132007000800002.
MODALIDADES VENTILATÓRIAS
Após todos esses conceitos, estamos aptos a entender como operar 
o ventilador mecânico de fato. E é aí que entram as modalidades venti-
latórias. Tudo começa com os parâmetros que colocamos no ventilador.
Existem parâmetros que independem do modo ventilatório escolhi-
do. Eles podem ser utilizados em qualquer situação. Por outro lado, há 
parâmetros que dependem do modo selecionado. No esquema a 
seguir esses parâmetros são mostrados:
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
18
FiO2
Sensibilidade
Alarmes
PEEP
Frequência respiratória (FR)
Volume corrente (VC)
Relação I:E (divisão do tempo inspirartório pelo 
tempo expiratório) ou o Tempo inspiratório (Tins)
Pressão 
Fluxo
INDEPENDENTEDO MODO
A DEPENDER DO MODO
VENTILAÇÃO CONTROLADA
Esse é o modo de menor interação entre paciente e ventilador. A 
frequência respiratória, o volume corrente (ou pressão inspiratória), a 
relação I:E e o fluxo são definidos totalmente pelo aparelho. Nesse 
modo o aparelho ignora os esforços do paciente e as respirações me-
cânicas são fornecidas de acordo com os parâmetros definidos no 
ventilador.
Esse modo é utilizado quando o paciente não realiza nenhum esfor-
ço respiratório (ou praticamente nenhum), como durante uma aneste-
sia ou uma sedação profunda.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
19
VENTILAÇÃO MANDATÓRIA INTERMITENTE E 
VENTILAÇÃO MANDATÓRIA INTERMITENTE 
SINCRONIZADA (IMV E SIMV)
A ventilação mandatória intermitente é caracterizada pela associa-
ção entre um número de ventilações controlada mandatórias e ventila-
ções espontâneas intermitentes, podendo ser assistidas ou não pelo 
aparelho.
VENTILAÇÃO ASSISTO-CONTROLADA
Já nesse modo, os esforços inspiratórios podem ser detectados e 
deflagrar disparos do ventilador e, portanto, o início da inspiração. 
O aparelho pode detectar os esforços inspiratórios de duas formas:
Baseado em pressão: quando o paciente realizar um esforço inspi-
ratório, será gerada uma pressão negativa no circuito que, ao atingir 
um valor definido no aparelho, desencadeia o disparo.
Baseado em fluxo: o aparelho irá manter um fluxo constante de ar 
da alça inspiratória para expiratória, e quando o paciente realizar um 
esforço inspiratório, o fluxo será desviado para os pulmões e uma 
diferença entre as alças será percebida.
DICA
!
Alguns fatores podem levar a maiores atrasos entre o esforço inspiratório 
e a detecção da variação de pressão, atrasando o disparo. Podemos citar 
como exemplo a presença de aprisionamento aéreo/autoPEEP, a qual 
requer grande esforço do paciente para equalizar as pressões das vias 
aéreas. Outro desses fatores é a distância entre o sensor e as vias aéreas, 
a qual pode atrasar a transmissão de pressão do paciente ao ventilador. 
Isso é relevante pois pequenos atrasos nessa transmissão podem causar 
grande gasto energético e desconforto desses pacientes.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
20
VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA (VNI)
A VNI envolve todos os modos de suporte ventilatório com pressão 
positiva que podem ser oferecidos sem que haja a necessidade de 
prótese endotraqueal ou cânula de traqueostomia. Exemplos de VNI 
são as máscaras faciais e as nasais. Essa modalidade é utilizada em 
situações como a exacerbação da DPOC, edema pulmonar agudo 
cardiogênico, doenças da caixa torácica e apneia do sono. As suas 
contraindicações são rebaixamento do nível de consciência, vômitos/ 
secreções abundantes, inabilidade de proteger adequadamente as 
vias aéreas e choque circulatório.
VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA COM PRESSÃO 
DE SUPORTE
Modo espontâneo de ventilação à pressão, no qual o aparelho 
assiste ao paciente com um valor de pressão positiva na inspiração, 
gerando fluxo inspiratório e entrada do gás. Com o aumento do 
volume pulmonar durante a inspiração, ocorre aumento também da 
pressão de retorno elástico, diminuindo assim, de forma progressiva, o 
fluxo inspiratório até gere a abertura da válvula expiratória e o início da 
expiração.
Dessa forma, é um modo assistido. Esse é um modo utilizado nos 
pacientes que estão acordados e para desmame ventilatório. Nele é 
possível que ocorra a assincronia expiratória, ou seja, o aparelho conti-
nua ofertando fluxo inspiratório mesmo após cessação de uso da 
musculatura inspiratória.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
21
DESMAME DA VENTILAÇÃO 
MECÂNICA
A ventilação mecânica é fundamental na manutenção das trocas 
gasosas e da vida em pacientes com insuficiência respiratória aguda. 
Porém, quanto mais tempo se utiliza, maiores serão as complicações 
associadas. 
As principais complicações que a VM gera são pneumonia associa-
da ao ventilador, lesão pulmonar induzida pela ventilação, trauma de 
vias aéreas, uso excessivo de sedativos, complicações hemodinâmicas 
e fraqueza muscular. Tudo isso leva ao aumento da morbidade e mor-
talidade, do tempo de internação e, como consequência, dos custos 
hospitalares. 
No entanto, retirada prematura do suporte ventilatório invasivo 
também traz prejuízos ao paciente, aumentando o risco de reentuba-
ção, além de aumento da morbidade e mortalidade. Dessa forma, é 
muito importante que se estabeleçam estratégias que tenham como 
objetivo reduzir a duração da ventilação mecânica sem que haja 
aumento do risco de reentubação.
CRITÉRIOS PARA O INÍCIO DO DESMAME 
DA VENTILAÇÃO MECÂNICA
Para que o desmame da ventilação mecânica seja realizado com 
sucesso, é necessário que haja a recuperação do evento que levou à 
falência respiratória. 
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
22
Por isso, é de extrema importância que seja realizada uma avaliação 
clínica frequente para a determinação exata do momento no qual o 
paciente estará pronto para iniciar a retirada do suporte ventilatório e, 
posteriormente, poderá ser extubado.
Os critérios usados para decidir se um paciente consegue aguentar 
a retirada do suporte ventilatório ainda não estão bem definidos. Nor-
malmente, é feito o uso de combinações de critérios subjetivos e 
objetivos para avaliação dos sistemas respiratório, cardiovascular, 
neurológico, além do equilíbrio acidobásico, da presença de distúrbios 
eletrolíticos e, em algumas situações, da força muscular. A presença de 
todos os critérios não é suficiente para a extubação, mas sugere que 
esse paciente possui uma estabilidade clínica, que é o primeiro passo 
para o início do desmame. 
Posteriormente, é necessária uma avaliação mais específica antes 
de decidir pela descontinuação da VM e pela extubação. Um dos 
índices preditores para sucesso no desmame é o Índice de Tobin, em 
que a frequência respiratória (FR) é dividida pelo volume corrente (Vt). 
Em um resultado onde a FR/Vt ≥ 105 ipm/L, considera-se que houve 
fracasso no desmame ventilatório. 
TESTE DE RESPIRAÇÃO ESPONTÂNEA (TRE) 
Após atestar que um paciente se encontra apto para o desmame da 
VM, com os índices preditores, como o índice de Tobin indicando o 
sucesso do processo, deve-se iniciar o teste de respiração espontânea 
(TRE).
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
23
O teste de respiração espontânea é realizado permitindo que o 
paciente ventile de forma espontânea através do tubo endotraqueal, 
conectado a uma peça em forma de “T”, com uma fonte enriquecida 
de oxigênio, ou colocando-o em ventilação com pressão de suporte 
(PSV). 
O TRE dura normalmente de 30 a 120 minutos. A suplementação de 
oxigênio deve ser feita com uma FIO2 de até 0,4, não devendo ser 
aumentada durante o processo de desconexão. Os parâmetros que 
indicam insucesso e necessidade de interrupção do teste são:
É considerado que houve sucesso no TRE, quando o paciente que 
consegue manter o padrão respiratório, troca gasosa, estabilidade 
hemodinâmica e conforto. Esse paciente está apto para a retirada do 
suporte ventilatório e para a extubação. 
A falência da extubação pode ocorrer não só por incapacidade do 
paciente de satisfazer suas demandas ventilatórias, mas também por 
incapacidade de proteger as vias aéreas superiores e manipular de 
forma adequada as secreções, ou até por alguma obstrução de vias 
aéreas superiores, o que torna necessária uma avaliação cuidadosa 
antes da extubação, mesmo após o paciente tolerar o teste de ventila-
ção espontânea.
FR > 35 irpm; 
SatO2 < 90%;
FC 20% > ou < em relação ao basal 
PAS >180 mmHg ou < 90 mmHg;
Agitação, sonolência, ansiedade, sudorese 
e/ou uso de musculatura acessória 
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
24
A capacidade de proteger as vias aéreas, eliminar secreções e a pre-
sença de tosse efetiva são vitais para o sucesso da extubação. 
Por isso, quando pacientes apresentam tosse ineficaz e secreção 
abundante ou que seja espessa, é preciso que se leve em considera-
ção a possibilidade de postergar a extubação,mesmo nos pacientes 
que toleraram o TRE. 
Após a extubação do paciente, é definido fracasso de extubação 
quando existe a necessidade de reinstituir a via aérea artificial. A rein-
tubação é considerada precoce quando ela ocorre em menos de 48 
horas. 
Dependendo do grau de dificuldade e duração do processo de 
desmame ventilatório, este pode ser classificado em três tipos:
As causas geralmente associadas a um desmame difícil são:
a) Doença neuromuscular;
b) Doença clínica grave, determinando disfunção de múltiplos 
órgãos;
c) Doença cardiorrespiratória preexistente, descompensada por cirur-
gia ou por doença aguda;
1 - Desmame simples: é definido como uma interrupção da 
ventilação mecânica sem necessidade de retorno para VMI em até 
48h após o primeiro TRE; 
2 - Desmame difícil: refere-se aos casos em que são necessá-
rios até três TRE ou tempo de VMI de até 7 dias após o primeiro 
TRE; 
3 - Desmame prolongado: são aqueles nos quais ocorrem 
falhas em mais de três TRE ou paciente permanece em VMI por 
mais de 7 dias após o primeiro TRE.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
25
MANEJO DOS PACIENTES QUE FALHAM NO 
TESTE DE VENTILAÇÃO ESPONTÂNEA
A falência no teste de ventilação espontânea pode ser causada por 
alterações na mecânica do sistema respiratório, broncoespasmo, fra-
queza muscular congestão pulmonar, ansiedade, controle inadequado 
da dor, distensão abdominal ou uso excessivo de sedativos.
A principal causa de intolerância ao teste é o desequilíbrio entre a 
demanda e a capacidade ventilatória, resultante de alterações na me-
cânica respiratória, tornando, desse modo, imprescindível a procura e 
o tratamento de qualquer outra causa que possa interferir no desma-
me. 
Sugere-se que um novo teste de ventilação espontânea seja reali-
zado somente após um intervalo de pelo menos 24 horas. O intervalo 
deve ter essa duração mínima pois os pacientes que falham no teste 
frequentemente desenvolvem fadiga muscular, de forma que necessi-
tam de pelo menos 24 horas para recuperação. Ademais, a realização 
do TRE por duas ou mais vezes ao dia não tem vantagem sobre a 
realização de um único teste por dia, levando apenas ao desperdício 
de recursos e aumentando o risco de surgimento de fadiga muscular.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
26
INDICAÇÃO DE TRAQUEOSTOMIA NOS PACIENTES 
DEPENDENTES DE VM
A traqueostomia é realizada em pacientes que estão em ventilação 
mecânica prolongada. Dentre seus benefícios podemos citar: maior 
conforto, maior facilidade na aspiração de secreções, maior mobilida-
de do paciente, acesso mais seguro à via aérea; permite a possibilida-
de de articular a fala e de se alimentar por via oral e há menor necessi-
dade de sedação. Essas vantagens podem resultar em um desmame 
mais rápido e com menos complicações.
Pacientes que podem se beneficiar da realização da traqueostomia 
precoce são:
- Os que necessitam de níveis elevados de sedação para tolerar o 
tubo traqueal;
- Que possuem lesões neurológicas graves;
- Aqueles com mecânica respiratória limítrofe, na qual a redução da 
resistência das vias aéreas pode reduzir a sobrecarga dos músculos 
respiratórios;
- E os pacientes que podem apresentar benefícios psicológicos em 
se comunicar melhor, ter maior mobilidade e alimentar-se por via oral.
Com relação aos riscos, a traqueostomia é considerada um procedi-
mento seguro.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
27
AJUSTES INICIAIS
Para o início da VMI, após a intubação orotraqueal, devemos optar 
entre os dois principais modos assistidos-controlados utilizados na 
prática: VCV ou PC. Os parâmetros gerais são mostrados na figura a 
seguir:
LEGENDA
- VCM: VENTILAÇÃO CONTROLADA A VOLUME 
- PCV: VENTILAÇÃO CONTROLADA A PRESSÃO
- VC: VOLUME CORRENTE 
- P: PRESSÃO (PMÁX- PEEP)
APLICANDO NA PRÁTICA
F i O 2 1 0 0 %
( V C V )
V C : 4 2 0 m L
( 6 m L / k g )
F R 1 2 i p m P E E P5 c m H 2 O
R E L A Ç Ã O
I : E 1 : 2 -1 : 3
( P C V )
P : 1 2 c m
H 2 O
PARA AJUDAR A 
F I X A R
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição 28
C u r v a
A s c e n d e n t e
C u r v a
Q u a d r a d a
C u r v a
S i n u s o i d a l
C u r v a
D e s c e n d e n t e
V E N T I L A Ç Ã O
M E C Â N I C A
P r e s s ã o
d e P i c o
P r e s s ã o
d e Va p o r
P E E P
C U R VA
F L U XO -T E M P O
C U R VA
V O L U M E -T E M P O
F I O 2 1 0 0 %
F R 8 -1 8 I P M
P E E P 5 C M H G
S E N S I B I L I D A D E
C U R VA
P R E S S Ã O -T E M P O
C I C L O
V E N T I L AT Ó R I O
FA S E E X P I R AT Ó R I A
FA S E I N S P I R AT Ó R I A C I C L A G E MD I S PA R O
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
REFERÊNCIAS
1. Azevedo, Luciano César Pontes de; Taniguchi, Leandro Utino; 
Ladeira, José Paulo; Martins, Herlon Saraiva; Velasco, Irineu Tadeu; 
Azevedo, Luciano César Pontes de; Taniguchi, Leandro Utino; Ladeira, 
José Paulo; Martins, Herlon Saraiva; Velasco, Irineu Tadeu (eds). Medi-
cina intensiva: abordagem prática [3ed.]. BARUERI: Manole, 2018. 
1156p.
2. Carvalho, Carlos Roberto Ribeiro de; Toufen Junior, Carlos; e 
Franca, Suelene Aires. Ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e 
modalidades ventilatórias. Jornal Brasileiro de Pneumologia [online]. 
2007, v. 33, suppl 2, pp. 54-70. Disponível em: <https://doi.or-
g/10.1590/S1806-37132007000800002>. Acesso em jul. 2021.
3. CORDEIRO, Andre Luiz Lisboa. Manual de Ventilação Mecânica 
nas Afecções Virais. Editora Sanar, 1ª edição, 2020, 352p.
MedWeek Sanar Pós | 2ª edição
E aí, curtiu este 
conteúdo?
Invista em sua carreira médica! 
Aprimore-se e esteja ainda mais 
preparado(a) para os desafios dos 
plantões com a Sanar Pós:
PÓS EM MEDICINA 
DE EMERGÊNCIA
EAD + PRÁTICAS 
PRESENCIAIS
PÓS EM TERAPIA 
INTENSIVA
EAD + TELEPRÁTICAS 
+ PRÁTICAS PRESEN-
CIAIS
OUTROS CURSOS DE 
PÓS-GRADUAÇÃO 
MÉDICA
SAIBA MAIS! SAIBA MAIS! SAIBA MAIS!
https://pos.sanarmed.com/posemmedicinadeemergencia/?utm_source=materiais&utm_medium=referral&utm_campaign=ebook-ventilacao-mecanica-medweek-link-2
https://pos.sanarmed.com/terapiaintensiva/?utm_source=materiais&utm_medium=referral&utm_campaign=ebook-ventilacao-mecanica-medweek-link-2
http://pos.sanarmed.com/?utm_source=materiais&utm_medium=referral&utm_campaign=ebook-ventilacao-mecanica-medweek-link-2

Continue navegando