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Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 1 Agente causador: Treponema pallidum • Transmissão sexual • Tempo de incubação: média de 3 semanas Classificação • Primária – cancro duro • Secundária – rash cutâneo • Latente - assintomático • Terciária – manifestações em sistema nervoso central, no sistema cardiovascular. • Sífilis recente - até 1 ano da contaminação. • Sífilis tardia: 1 ano ou mais. Quando o tempo de contaminação for desconhecido, sempre considera tardia. Transmissão vertical • Passagem do Treponema pela placenta ou durante o parto • Probabilidade de transmissão: Em qualquer período da gestação. Varia de acordo com o estágio da doença. Sífilis primária e secundária: 70 a 100% de chance de transmissão. Sífilis terciária e latente: 30% de chance. Lesões de sífilis na vulva: pode transmitir no parto normal = não é indicação de cesárea. • Não é contraindicação para amamentação Sífilis na gestação: doença de notificação compulsória = sífilis na gestante = notifica semanalmente. Consequências: • Se a contaminação acontecer no 1º trimestre: aborto. • Contaminação no 2 e 3º trimestre: natimortalidade e prematuridade. • Sífilis congênita = infecção do feto pelo Treponema. = Pode ser evitada Rastreamento pré-natal • Teste rápido: realizado 3 vezes no pré-natal de baixo risco. 1ª trimestre = Repete no 3º trimestre (ideal 28ª semana) = Repete no trabalho de parto. É um teste treponêmico. = Os testes treponêmicos tem a tendência de positivar durante toda a vida. Isto é, a paciente pode ter apresentado sífilis anteriormente e já ter tratado (cicatriz imunológica). Janela imunológica – acontece até a 4ª semana de contaminação. A paciente tem o cancro duro, mas nenhum dos testes sorológicos positiva. Sempre que o teste rápido positivar em grávidas é necessário o tratamento, mesmo que seja um caso de cicatriz imunológica. • Follow up de paciente tratada: VDRL VDRL: útil para follow up, mas não para diagnóstico, pois acontece muito falso-positivo. Teste não treponêmico. Caso positive, é necessário tratar igual. Tendência é cair até negativar Pode haver cicatriz sorológica. {Infecções na Gestação} Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 2 Tratamento • 1.200.000 UI de penicilina em cada nádega • Recente = dose única • Tardia ou duração ignorada = 3 doses com intervalo de uma semana. • A penicilina é o único antibiótico capaz de cruzar a barreira placentária e, com isso, tratar o feto. • Caso a paciente tenha alergia a penicilina = promove a dessensibilização. • Orientar o uso de camisinha • Tratamento incompleto (mais de 14 dias): reinicia o tratamento de 3 doses. • Sempre tratar o parceiro. • VDRL mensal enquanto estiver grávida = ver se vai subir, o que indica retratamento. = Não pode subir 2 titulações. Transmitida por fezes de gatos, carnes e vísceras cruas. O problema é quando a grávida se contamina pela primeira vez na gestação. Clínica • 80 a 90% assintomáticas • Sintomas: muito parecidos com CMV, herpes, sarampo, rubéola. Gânglios na região do pescoço Exantema Dor de cabeça Dor no corpo Riscos fetais • Abortamento • Óbito fetal • Crescimento intrauterino restrito • Toxoplasmose congênita Contaminação no início da gravidez = gravidade maior para o bebê. Contaminação fetal é maior no final da gestação. Pré-natal • 1ª consulta = pedir o IgM e IgG IgM – surge na 1ª semana de infecção e declina em alguns meses. IgG – anticorpo de defesa = surge em cerca de 2 semanas após a infecção e declinam nos dois anos seguintes. IgM (-) e IgG (+) = imune IgM (-) e IgG (-) = suscetível = Repetição do exame no 2º e no 3º trimestre. = recomendações de higiene, alimentação, cuidados ao manipular jardins, cuidados com animais IgM (+) e IgG (+) = teste de avidez IgG (até o 3º mês) = enquanto aguarda, já inicia espiramicina • No 2º ou 3º trimestre = soroconversão • Se IG > 16 semanas e os anticorpos forem positivos, considerar infecção. • Alta avidez: infecção passada (+ de 3 a 4 meses) • Baixa avidez: infecção recente = tratamento Se 1ª sorologia após 30 semanas e tem os anticorpos postivos = tratar gestante e bebê. IgM (+) e IgG (-) = tratar e repetir em 3 semanas Tratamento • Espiramicina 3g/dia – reduz a ocorrência da TV = até fim da gestação • Pesquisa de infecção fetal Aminiocentese – 18 semanas Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 3 PCR para Toxoplasma gondii • Feto infectado = Tratamento com pirimetamina 25 mg 112/12h + sulfadiazina 3g/dia + ácido folínico 5mg/d • USG obstétrica – realizada mensalmente para acompanhar se o bebê terá alguma sequela relacionada a contaminação. Aconselho pré-concepcional: • Diminuir carga viral • Melhorar condições imunológicas = dieta, atividade física, desaconselhar álcool, drogas de vício e tabagismo. • Avaliar comorbidades • Avaliação psicossocial • Avaliar a fertilidade do casal Explicar redução de riscos Preservativo (uso constante) até o momento adequado da concepção. Casais sorodiferentes com homem + • Reprodução humanna • Inseminação/ FIV • Lavagem de esperma Casais sorodiferentes com mulher + • Reprodução humanna • Autoinseminação (redução de risco da transmissão sexual) Se: uso TARV/boa adesão, CV indetectável e CD4 estável, sem coinfecções ativas, sem infecções genitais, sem infecções oportunistas ativas: Coito programado x TARV pré e pós-exposição (parceiro HIV -) se concepção natural = Durante o período ovulatório da mulher, não utiliza preservativo, desde que o parceiro faça terapia antirretroviral pré e/ou pós-exposição. Casais soroiguais: • Orientações sobre estratégias para reduzir a transmissão vertical. • TARV para casal, esquema adequado para gestação, boa adesão. • CV indetectável e CD4 estável ≥ 6 meses. • Sem infecções genitais • Sem coinfecções ativas • Sem infecções oportunistas ativas = Concepção natural planejada para o período fértil Ou Procedimentos de reprodução assistida Diagnóstico: • Triagem sorológica no pré-natal: 1ª consulta e início do 3º trimestre (28ª semana). Triagem sorológica na maternidade = Faz em todas as gestantes, mas, principalmente, para aquelas que não possuem documentação teste e não fizeram pré-natal. A notificação é obrigatória. História de risco/violência Teste rápido e teste laboratorial (se resultado até 14 dias). Fatores de risco para TV • Recém-nascido: Prematuridade e baixo peso. Aleitamento materno (NÃO pode) • Maternos: Carga viral = Quanto maior, mais chance de transmissão. Terapia antirretroviral combinada (TARV) Infecções associada: hepatites C e B, sífilis, CMV, tuberculose, toxoplasmose, herpes genital, HPV. Uso de drogas de vício/sexo desprotegido. • Obstétricos: Transmissão no 3º trimestre Procedimentos invasivos Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 4 Via de parto Rotura das membranas (> 4h) Trabalho de parto prolongado Manobras no parto (amniotomia, episiotomia, uso do fórcipe). Risco de TV: 30-45% • Se acompanhamento e condutas adequadas = menos de 2% de chance de TV. • Se em uso de TARV e CV < 1.000 cópias = menor que 1% (indetectável – quase desprezível). Cuidados pré-natais • Equipe multiprofissional = pode ter infectologista • Anamnese e EF detalhados na 1ª consulta. • Perfil pré-natal geral e sorologias = Sífilis, rubéola, toxoplasmose, CMV, hepatites A, B e C, herpes, HTLV, chagas (se grupo de risc0). • Colpocitologiaoncológica Colposcopia (caso necessário) = Citologia vaginal alterada Lesão suspeita no trato genital inferior Lesões resultantes de HPV • Avaliação laboratorial Hematológica = hemograma, plaquetas = mensal/bimestral/trimestral Renal Hepática Perfil metabólico (glicemia e lipídios) TOTG – 75g Swab para pesquisa de Streptococcus do grupo B Urina e utocultura • Rastreamento para tuberculose Teste tuberculínico de Mantoux – PPD = Se ≥ 5mmm – investigar tuberculose ativa Se a investigação for positiva – tratar com esquema completo. Se a investigação for negativa – iniciar isoniazida + piridoxina (porque tem o PPD reativo, mesmo que a tuberculose não esteja na sua forma ativa.) • Diagnóstico e tratamento de ISTs e de infecções vaginais • Prevenção trabalho de parto prematuro e rotura prematura de membranas ovulares • Fundoscopia: CD4 < 50. • USG 1º trimestre morfológico 2ºtrimestre morfológico 3ºtrimestre Cardiotocografia e Doppler: > 30 sem. (caso tenha patologias associadas). Ecocardiografia fetal. • Carga viral e contagem de linfócitos T-CD4 Estágio da doença Tratamento/alterações de TARV Profilaxia da TV e oportunistas Genotipagem obrigatória antes do 1º tratamento. 3 exames = primeira consulta, 4 semanas após a introdução ou mudança do TARV, a partir da 34ª semana para indicação da via de parto 2 a 4 semanas após a introdução da TARV se espera que haja a redução de um logaritmo da carga viral encontrada. • Contraindicado procedimentos invasivos • Ênfase no uso constante do preservativo • Desaconselhados: tabagismo e drogas ilícitas • Suplementação de ferro e ácido fólico • Vacinas recomendadas: dT/dTPa Hepatite A Hepatite B Haemophilus tipo b= menores de 19 anos não vacinadas. Pneumocócica Meningocócica conjugada Influenza/H1N1 Febre amarela (risco x benefício) = região endemica Covid Adiar se sintomática/imunodeficiência grave (CD4 < 200). Evitar no final da gestação (pode aumentar a carga viral, então tem que terminar as vacinas até 4sem. antes do parto). Imunoglobulinas profilaxia – HBIG e VVZ (pós- exposição). Profilaxia – infecções oportunistas Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 5 Tratamento de terapia antirretroviral (TARV) • Todas as gestantes HIV + = independente de T- CD4 ou CV = tratamento materna + profilaxia TV = TARV combinada = não é interrompida pós-parto • Virgens de tratamento = pede genotipagem e começa a TARV preferencial para o trimestre. • Em uso de TARV e CV indetectável = manter o mesmo esquema. Exceto se as drogas forem contraindicadas na gestação, aí modifica • Em uso de TARV e CV detectável (> 500) = genotipar e reavaliar • Pré-natal precoce, assintomática, sem infecções oportunistas, CD4> 350, sem comprometimento de risco = discutir TARV após 1º trimestre Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 6 TARV – menos de 12 semanas de IG • Com genotipagem e ausência de mutações contra os inibidores da transcriptase reversa não-análogo de nucleosídeo (ITRNN). Tenofovir + Lamivudina + Efavirenz Tenofovir + lamivudina = já vem os 2 em 1 comprimido. • Sem genotipagem ou resistência aos ITRNN Tenofovir + Lamivudina + Atazanavir TARV – acima de 13 semanas de IG Tenofovir + Lamivudina + Dolutegravir Síndrome inflamatória da reconstituição imune • Quadro clínico de caráter inflamatório exacerbado • Relacionado ao início da TARV e à recuperação do sistema imunológico da pessoa em queda de carga viral do HIV • Piora da condição clínica do pct após início da TARV, atribuída à recuperação da resposta imune a patógenos viáveis ou inviáveis Via de parto Profilaxia da TV Atazanavir/r frasco com 200mg em 20ml (10mg/ml) ↓ Ataque – 2mg/kg na primeira hora Manutenção – 1mg/kg/h até clampear cordão ↓ Atazanavir/r IV iniciado 3h antes da intervenção cirúrgica ou antes do nascimento Lembrar de manter TARV VO no horário habitual no dia do parto. Condições especiais • Gestante HIV + com diagnóstico de trabalho de parto prematuro de 34 semanas e bolsa íntegra. Realizar tocólise Realizar corticoterapia 24-34 semanas Profilaxia parainfecção neonatal GBS Infundir AZT (atazanavir/r) EV em conjunto com a tocólise, enquanto houver dinâmica uterina. • Gestante HIV + com diagnóstico de TPP após 34 semanas e bolsa íntegra. Profilaxia para infecção neonatal por SGB Infundir AZT EV Conduta baseada na CV • Gestante HIV + com necessidade de procedimento invasivo. Infundir AZT EV 2mg/kg, 3h antes da punção. • Puerpério imediato de paciente HIV + com atonia uterina. Não administrar derivado do Ergot em pacientes em uso de AR que utiliza citocromo P450 (IP) • Gestante HIV + com rotura prematura de membranas ovulares < 34 semanas. Hiper-hidratação oral no oligoâmnio Corticoide 24-34 semanas Antibioticoterapia (latência e SGB) Vigilância de infecção • Gestante HIV + com RPMO > 34 semanas. AZT Antibioticoterapia (SGB) Depende do tempo de bolsa rota e trabalho de parto Não induzir (considerar somente em CV indetectável) • Gestante com diagnóstico de HIV na admissão da maternidade, em trabalho de parto com < 4cm, bolsa íntegra ou bolsa rota (BR). AZT EV Cesárea • Gestante com diagnóstico de HIV na admissão da maternidade, em trabalho de parto com ≥ 4cm e BR ou íntegra. AZT EV Individualizar Parto vaginal, se parto com evolução rápida. Parto vaginal • Não realizar procedimentos invasivos • Iniciar AZT (se indicado) assim que chegar ao hospital • Evitar indução (se membranas íntegras) Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 7 • Evitar amniotomia e bolsa rota ≥ 4h • Evitar toques repetidos e conduzir o TP (partograma) • Evitar episiotomia e parto instrumentado • Clampear imediatamente o cordão • Limpar delicadamente as vias aéreas do RN Puerpério • Inibição da lactação o cabergolina – 2cp (0.5mg), dose única. o Enfaixamento/top • Reforçar adesão TARV – continuidade • Não isolar a paciente e o RN • Anticoncepção • Agenda retorno precoce • Apoio emocional e psicológico • Encaminhar para infectologista: seguimento/alteração TARV Período de incubação de 14 a 21 dias. A excreção do vírus pela faringe pode ser detectada 7 dias antes do exantema ou até 7 a 12 dias após o seu início, assim, o paciente é potencialmente infectante por mais de 2 semanas. Clínica: • Linfadenopatia pós-auricular (precede de 5 dias o exantema) • Enantema maculopapular, que se inicia na parte superior do tórax, estendendo-se depois por todo o corpo • Febrícula. Complicações são mais comuns no adulto • Artralgia • Artrite, • Encefalite • Neurite • Púrpura trombocitopênica Diagnóstico laboratorial na grávida • A sorologia para rubéola não é mais exame de rotina no pré-natal para detectar as pacientes suscetíveis, exceto em grávidas com manifestações clínicas e/ou vínculo epidemiológico • Em 20 a 50% dos casos de rubéola, o paciente não apresenta exantema, o que dificulta o diagnóstico. • Quando feito pelo teste ELISA, o diagnóstico deve ser realizado em duas situações distintas: • Nas grávidas com exantema, os seguintes resultados indicam infeção: Soroconversão (caso a paciente tenha feito teste sorológico) Aumento do título de IgG de, no mínimo, 4 vezes em dois exames espaçados de 2 a 3 semanas (fase aguda exantemática e convalescença) IgM positivo • Nas grávidas que tiveram contato com a rubéola aplicam-se os mesmos critérios, apenas o intervalo dos exames pareados será de 4 a 5 semanas.Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 8 Diagnóstico da infecção fetal • Realizada por PCR no líquido amniótico. • Para reduzir os resultados falso-negativos, é necessário esperar 6 a 8 semanas após a infecção materna e 21 semanas de gestação, quando a excreção urinária fetal é maior. Síndrome da rubéola congênita • Na gravidez, a infecção nas primeiras 16 semanas, em especial nas 12 iniciais, determina abortamento, natimortalidade e defeitos congênitos. • Se a infecção ocorrer no primeiro trimestre, o risco da SRC está estimado em > 90%. • Entre 16 e 20 semanas, o risco é muito pequeno (< 1%) e quase sempre associado à surdez. • Após 20 semanas, é praticamente inexistente. • A tríade da SRC está representada por surdez, catarata e defeito cardíaco (especialmente a persistência do canal arterial). • Outras manifestações: CIR, púrpura, icterícia, hepatoesplenomegalia, microcefalia e retardamento mental, meningoencefalite e doença óssea radiolucente. Vacina • Indicada para crianças com 1 ano de idade e reforço entre os 4 e os 6 anos. • A vacinação é recomendada para mulheres em idade fértil e no pós-parto, e está proibida na gravidez. • Mulheres vacinadas deverão aguardar 1 mês para engravidar • O abortamento provocado não está indicado em mulheres acidentalmente vacinadas durante a gravidez ou que não esperaram os 30 dias para engravidar. Grande importância obstétrica pelas elevadas taxas de transmissão vertical, gravidade da infecção neonatal e possibilidade de prevenção. Diagnóstico laboratorial • É possível identificar o HBssAg na infecção aguda e ele pode ser marcador de infecção crônica quando presente por mais de 6 meses no indivíduo contaminado. Quando positivo, indica replicação viral. Transmissão • A via de transmissão ao recém-nascido é o parto (paranatal). • Se a mãe for HBsAg e HBeAgpositiva, a taxa de transmissão ao bebê é de 90%; se for positiva apenas para o HBsAg, a taxa cai para 15%. • Cerca de 70 a 90% dos recém-nascidos infectados desenvolverão infecção crônica, com potencial para a cirrose e o câncer de fígado. Profilaxia • Embora a infecção seja paranatal, não há indicação de cesárea. • A vacina para hepatite B é obrigatória para evitar a infecção no recém-nascido: a primeira dose é feita com menos de 12 h do nascimento, a segunda, 1 mês após a primeira, e a terceira dose, 6 meses após a inicial. • Aqueles com mãe HBsAg-positiva receberão, nas primeiras 12 h, além da vacina, uma dose (0,5 mℓ IM) de imunoglobulina hiperimune anti-hepatite B (IGHAHB). Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 9 Se não tratadas na gravidez, podem ocasionar parto pré-termo, infecção intrauterina ou infecção congênita na forma de conjuntivite, pneumonia e doença disseminada. O tratamento da gonorreia é feito com uma única dose de ceftriaxona de 250 mg IM, em combinação com a azitromicina 1 g VO, dose única (geralmente indicada para tratar a clamídia, mesmo que o exame tenha sido negativo). O controle de cura para clamídia deve ser feito após 3 semanas do tratamento; para a gonorreia, é desnecessário. A infecção por GBS (Streptococcus agalactiae) é a principal causa de infecção neonatal precoce e a maior causa de sepse no recém-nascido. Ela também é reconhecida como importante agente etiológico de infecção materna – corioamnionite, endometrite, infecção urinária e septicemia. As recomendações são de que todas as grávidas (entre 35 e 37 semanas da gestação) sejam rastreadas pela cultura vaginorretal para colonização por GBS. As mulheres colonizadas deverão receber profilaxia antibiótica intraparto (PAI) para a prevenção da infecção perinatal pelo GBS. Por outro lado, mulheres cujos resultados da cultura forem desconhecidos devem ser tratadas de acordo com os critérios de risco no parto: gestação com < 37 semanas, duração da ruptura das membranas ≥ 18 h ou temperatura ≥ 38°C. A profilaxia intraparto também está indicada para mulheres com bacteriúria por GBS na gravidez atual ou naquelas com bebê prévio com doença GBS invasiva. O fármaco escolhido para a PAI é a penicilina cristalina, na dose de 5 milhões de UI IV, seguidas de 2,5 milhões de UI a cada 4 h até o nascimento. A ampicilina, 2 g IV, seguidos por 1 g a cada 4 h, é alternativa aceitável. Para aquelas alérgicas à penicilina, é indicada a cefazolina, 2 g IV, depois 1 g a cada 8 h até o nascimento. Inclui os vírus herpes simples (HSV) dos tipos 1 e 2, o vírus varicela-zóster (VZV) e o vírus Epstein-Barr (EBV). Todos esses vírus mantêm a característica de ficarem adormecidos, latentes nas células, para sempre. Para a maioria das pessoas que adquirem a infecção pelo CMV após o nascimento, a sintomatologia é pobre, síndrome mononucleose-símile, com febre prolongada e hepatite leve, com testes para mononucleose e hepatite negativos. Infecção congênita • Para a grávida, as duas vias mais comuns de exposição ao CMV são o contato sexual (sêmen) e o contato com a saliva e a urina de bebês infectados. • Responsável por sequelas definitivas e morte na infância. • A incidência de crianças com sequelas definitivas é de 1:5 (20%) dos nascidos com infecção congênita ou 1 a 2:1.000 (0,1%) do total de nascidos vivos. • O CMV é causa importante de surdez neurossensorial e de retardamento mental. Em torno de 1 a 4% das mulheres soronegativas apresentam infecção primária pelo CMV e a taxa de transmissão fetal é de 30%. Aproximadamente 50 a 80% das mulheres em idade fértil (até 40 anos) são soropositivas e passíveis de infecção secundária ou recorrente; neste grupo, a taxa de transmissão fetal é de apenas 1% e é pequeno o risco de sequela definitiva no bebê infectado. A infecção primária por CMV no primeiro e no segundo trimestres da gravidez é responsável por 5 a 10% de recém-nascidos infectados sintomáticos e, desses, 30% morrem; dos que sobrevivem, 90% apresentam sequelas definitivas (perda da audição e comprometimento neurológico). Dos 90 a 95% assintomáticos, 10 a 15% desenvolvem sequelas (perda auditiva neurossensorial). Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 10 A infecção pelo CMV no terceiro trimestre da gravidez traz riscos mínimos de sequelas nos fetos infectados. Diagnóstico da infecção materna • Não está recomendado o rastreamento universal do CMV no pré-natal (ACOG, 2000; CDC, • O diagnóstico laboratorial na gravidez somente está indicado quando a gestante apresentar sintomatologia semelhante à da mononucleose ou à da influenza, ou sinais ultrassonográficos sugestivos de infecção fetal pelo CMV. • A paciente é assintomática em cerca de 80% dos casos de CMV. • Diagnóstico da infecção materna primária. = pode ser realizado quando a grávida sabidamente soronegativa apresentar reação positiva para IgG (soroconversão). O teste de avidez IgG separa uma infecção materna primária recente de uma primária antiga/recorrente. Um índice de baixa avidez é muito sugestivo de infecção primária recente (< 3 a 5 meses). • Diagnóstico da infecção materna antiga. = Em mulheres com IgM positivo no primeiro trimestre da gravidez, a alta avidez IgG indica infecção antiga (> 3 a 5 meses) Diagnóstico da infecção fetal • Os achados ultrassonográficos são importantes, mas não diagnósticos, pois são comuns a outras doenças fetais. • O teste usual para o diagnóstico da infecção fetal pelo CMV é a PCR no líquido amniótico (PCR-LA). Para conseguir boa sensibilidade, a amniocentese deve ser realizada 6 semanas após o início da infecção materna e depois de 21 semanas da gravidez. • Após o diagnósticoda infecção fetal pela amniocentese, a ultrassonografia está indicada a cada 2 semanas para a detecção de anormalidades; neste cenário, 25% dos fetos apresentarão anomalia. • A ressonância magnética (RM) será realizada nos casos duvidosos à ultrassonografia. Diagnóstico da infecção no recém-nascido • A infecção congênita pelo CMV pode ser diagnosticada se o recém-nascido apresentar o vírus na urina, na saliva, no sangue ou em qualquer outro tecido até 2 a 3 semanas após o nascimento. Se os testes virológicos forem realizados depois desse período, não há como diferenciar a infecção congênita da adquirida após o parto. • Como metade das grávidas apresenta anticorpos IgG específicos para o CMV, e eles atravessam a placenta, o achado deles no recém-nascido reflete apenas imunidade passiva. • Recém-nascidos saudáveis não devem ser rotineiramente testados para infecção pelo CMV, a menos que a mãe tenha tido infecção primária na gravidez. • Em geral, bebês com infecção pelo CMV adquirida após o parto não apresentam problemas, a não ser quando extremamente pré-termo ou de muito baixo peso. Tratamento • Nenhum tratamento está indicado para a infecção pelo CMV em pessoas saudáveis Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 11 • O tratamento antivirótico é prescrito para pacientes imunodeprimidos com infecção pelo CMV potencialmente fatal • Há dados limitados sobre o emprego do ganciclovir em recém-nascidos com infecção congênita pelo CMV com envolvimento do SNC, com o propósito de evitar perda auditiva e outras sequelas neurológicas. O ganciclovir pode apresentar graves efeitos colaterais • Todas as crianças infectadas congenitamente pelo CMV devem ser submetidas regularmente a testes auditivos e visuais O herpes simples é uma doença infecciosa determinada pelo herpes simplex virus (HSV) com dois tipos sorologicamente distintos: tipo 1 (HSV-1) e tipo 2 (HSV- 2). O HSV-1 é o responsável pela infecção não genital (lábios, face, córnea, mucosa oral), e o HSV-2 está associado à infecção genital (pênis, uretra, vulva, vagina, cérvice, pele das coxas e das nádegas). Depois do episódio de infecção primária genital, com remissão completa, a doença pode recorrer sem qualquer relação com contágio venéreo ulterior (infecção recorrente). A infecção genital HSV pode ser clinicamente aparente (p. ex., lesões genitais) ou inaparente (assintomática ou subclínica), localizando-se o vírus na cérvice uterina. A transmissão para o recém-nascido ocorre com qualquer tipo de infecção materna. O tratamento da lesão herpética na gravidez é feito com aciclovir. Infecção neonatal • Pode ser adquirida de três maneiras: intrauterina, intraparto (paranatal) ou pós-natal. • As manifestações da infecção congênita intrauterina são muito graves e incluem microcefalia, hepatoesplenomegalia, CIR e natimortalidade. • O diagnóstico da infecção herpética neonatal pode ser realizado levando-se em conta o quadro clínico e/ou a cultura positiva, presentes 48 h após o parto. A infecção HSV adquirida intraparto ou pós-natal pode assumir três tipos clínicos. Disseminado: envolvimento de múltiplos órgãos (pulmão, fígado, suprarrenal, pele, olhos, cérebro) Herpes do SNC Localizado (SEM): pele, olhos e boca Em mulheres com lesão genital ativa, a cesárea pode reduzir o risco de o bebê adquirir a infecção pelo HSV. A cesárea está indicada em mulheres que apresentaram a infecção primária com lesão ativa/pródromos no momento do parto ou que referem no terceiro trimestre da gravidez, e será realizada até 4 h após a ruptura das membranas. O VVZ no organismo causa a varicela ou catapora (infecção primária) e o herpes-zóster (infecção recorrente). O herpes-zóster, embora bastante doloroso, e por vezes debilitante em indivíduos imunodeprimidos, por estar associado a anticorpos contra o VVZ, não afeta o feto. Caracteriza-se por febre, mal-estar, exantema maculopapular pruriginoso, que evolui para vesícula, pústula e, finalmente, crosta (após 5 dias do início do exantema). O contágio ocorre 48 h antes do exantema até a formação da crosta e se dá pelas gotículas respiratórias (fômites) e pelo contato pessoal com o fluido vesicular. Considera-se exposição significativa o contato direto por 1 h ou mais com uma pessoa infectada. Após a infecção primária, o vírus pode permanecer adormecido no gânglio das raízes de nervos sensoriais, mas pode ser reativado, causando herpes-zóster, exantema vesicular na pele, doloroso, limitado ao dermátomo. Os efeitos fetais da varicela podem se manifestar pela varicela congênita (síndrome varicélica fetal) ou varicela neonatal, infecção varicélica dentro dos primeiros 10 dias de vida. Varicela congênita. A varicela materna durante as primeiras 20 semanas da gestação pode causar malformações fetais pela infecção transplacentária, com sequelas graves no feto, tais como atrofia cerebral cortical, retardamento mental e anormalidades dos membros, representadas especialmente por redução parcial. O diagnóstico da infecção fetal pode ser feito por PCR-LA, com as restrições impostas às outras viroses, e por ultrassonografia. A ultrassonografia pode mostrar deformidade dos membros, microcefalia, hidrocefalia e CIR. PCR-LA positivo e ultrassonografia normal, no morfológico de 20 a 24 semanas, atestam ausência de malformações. Sandy Vanessa Medicina o8 – UFPE CAA 12 A exposição da criança ao vírus no período perinatal constitui séria ameaça ao recém-nascido, que pode desenvolver infecção fulminante. A varicela neonatal ocorre, particularmente, quando os sintomas da infecção materna manifestam-se a menos de 5 dias antes do parto e 2 dias após (janela dos 7 dias). Esse período se correlaciona com o início da produção de IgG materno e, por isso, não há tempo para a passagem transplacentária desses anticorpos e consequente imunização passiva do feto/recém-nascido. A vacina tetraviral (SCRV) – sarampo/caxumba/rubéola/varicela – deve ser dada na criança de 1 ano e a segunda dose com 4 anos de idade. A vacina varicélica é produzida com vírus vivo atenuado e, por isso, está contraindicada na gravidez. No entanto, se administrada inadvertidamente, não há indicação para a interrupção. Grávidas suscetíveis no pós-parto recebem duas doses espaçadas de 6 a 8 semanas, e deverão esperar 3 meses para nova gravidez. Não há contraindicação para o uso da vacina durante a amamentação. O aciclovir oral deve ser utilizado dentro de 24 h do início do exantema, na dose de 800 mg 5/dia, durante 7 dias; não deve ser usado como profilático. Na pneumonia, encefalite, infecção disseminada, utilizar o aciclovir IV na dose de 10 mg/kg, infudido em 1 h, a cada 8 h.
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