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Responsabilidade 
extracontratual do Estado
Análise geral do tema
A apreciação do tema suscitado envolve aspecto essencial da responsabilidade do 
Estado: a necessária reparação por danos decorrentes da sua atuação.
O Estado, pela própria essência do Poder que exerce, pode produzir danos em 
todas as suas esferas, seja no âmbito do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário.
Enquanto, para alguns, tratar-se-ia de responsabilidade do próprio Estado, por 
ser este o detentor de capacidade e personalidade jurídica, o titular de direitos e obriga-
ções, para outros, a expressão mais apropriada haveria de ser responsabilidade da Adminis-
tração Pública, pelo fato de que a responsabilização é resultante de atos e omissões por 
esta praticados, e não de atos do Estado organizado como entidade política.
A opção pelo termo Estado é a adotada em função da amplitude que confere, vez 
que abrange tanto a atividade típica da Administração como a atividade judicial e legis-
lativa, todas passíveis de causar lesão ao cidadão em sua esfera individual de direitos.
Cuida-se, então, de responsabilidade da entidade estatal por danos decorrentes 
de sua atuação, seja comissiva ou omissiva, lícita ou ilícita, dolosa ou culposa.
Extracontratual por não decorrer de contrato com a Administração Pública.
Em sentido lato, a responsabilidade patrimonial do Estado decorre de atos seus, 
comissivos ou omissivos, lícitos ou ilícitos, os quais redundam em lesão à esfera jurídico- 
-patrimonial do cidadão, configurando pelo nexo lógico entre tais elementos a necessi-
dade de reparação, sem quaisquer considerações subjetivas.
A responsabilidade do Estado pela reparação de danos causados aos particulares 
é direta e objetiva, determinada pelo sistema jurídico-positivo brasileiro, em especial 
pela redação do artigo 37, parágrafo 6.º, da Carta Magna Federal.
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Conceito e extensão
Não se ignora que presentemente é sempre maior a ingerência do Estado na vida 
do cidadão. A razão de ser da Administração Pública, como aparato constituído pelo 
Estado objetivando a consecução dos seus objetivos, é o gerenciamento da coisa pública, 
tendo por fim a realização do bem comum.
Essa atividade desenvolve-se através de seus agentes, os servidores públicos em 
geral. É possível que esses agentes, no desempenho das missões que lhe foram outorga-
das, provoquem dano ao patrimônio dos cidadãos. Assim agindo, compelem o Estado à 
obrigação jurídica de compor tais danos, indenizando os prejuízos que se verificarem.
Evidencia-se que a Administração responde perante os particulares, pelos atos 
de seus agentes que venham em prejuízo daqueles. Esse dever jurídico decorre tanto da 
igualdade dos direitos, como também da solidariedade de todos perante os encargos 
sociais.
Assim, compreendidos dentro da atuação estatal capaz de produzir danos ao 
patrimônio particular estão os comportamentos unilaterais comissivos ou omissivos, 
lícitos ou ilícitos, materiais ou jurídicos, todos jungidos à tutela jurídica.
Pela mesma razão que o cidadão é obrigado a reparar os danos que porventura 
vier a causar a terceiros, deve o Estado indenizar suas vítimas, por imposição lógica do 
princípio da igualdade de todos perante a lei, cânone da Administração Pública, erigido 
à categoria de mandamento constitucional.
Donde, então, configura-se por demais antijurídico o comportamento da Admi-
nistração Pública, que, ao exercer atividades no interesse de toda a comunidade, onere 
desigualmente algum cidadão, não providenciando o ressarcimento ao lesado.
Tal atuação afronta a própria ordem jurídica, a qual assenta-se na máxima de 
que o Poder Público somente pode agir secundum legem, e, salvo melhor juízo, não existe 
lei que determine a omissão do Estado em tais casos. Pelo contrário, a própria Carta 
Federal disciplinou o assunto, determinando a reparação em caso de dano, de forma 
objetiva.
Dessa maneira, por ser o Estado sujeito de direitos e obrigações, é plenamente 
responsável, na exata concepção jurídica da palavra, o que implica no dever-poder de 
reparação em caso de dano, desde que configurado o nexo lógico entre o prejuízo e a 
atuação do ente estatal.
Teorias aplicáveis
A teoria da irresponsabilidade do Estado teve sua formação com o crescimento dos 
estados absolutos e consagrou-se, fundamentalmente, com a afirmação da ideia de sobe-
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rania. Ao soberano cabia o exercício da tutela de direitos, o que levava ao contrassenso 
da afirmação de que, em razão de tal fato, não poderia o rei agir contrário a essa tutela.
As teorias civilistas alicerçadas na ideia da culpa marcaram a história da evolução 
do Direito no que cinge à responsabilidade do Estado pois, de forma inédita, se contra-
puseram à consolidada e injusta ideia de que o soberano era irresponsável por seus atos 
(“the king can do no wrong”).
A evolução acentuada da matéria levou ao abandono da ideia da culpa, em face 
de suas limitações, e à adoção da teoria publicista da objetividade para fins de respon-
sabilização da Administração Pública.
No Brasil, o processo de evolução foi lapidado na doutrina e na jurisprudência 
através de teorias as quais forneceram o supedâneo necessário para o atual sistema 
normativo. São elas: teoria da culpa, do acidente administrativo, do risco integral e do risco 
administrativo.
Teoria da culpa
Tal corrente doutrinária representou uma forte dissociação ao princípio da irres-
ponsabilidade do Estado, já antes aclarado. Por ela pregava-se uma distinção entre os 
atos praticados pela Administração Pública, a qual ensejaria ou não a indenização pelo 
Estado.
Com efeito, o grande mérito dessa teoria foi romper com os tradicionais argu-
mentos utilizados para supedanear a irresponsabilidade absoluta do Estado, contes-
tando a sua essência, conteúdo e aplicabilidade. A teoria da culpa foi o alicerce para o 
desenvolvimento do que hoje denominamos responsabilidade objetiva do Poder Público, 
em todas as suas nuances.
Fulcro da obrigação de indenizar era a culpa ou dolo do agente público causador 
da lesão. Admitia-se a responsabilidade do agente público quando o ato lesivo pudesse 
ser atribuído diretamente a ele. Esse caráter culposo ou doloso era o fator condicionante 
da responsabilidade patrimonial do Estado. Os conceitos de culpa e dolo aplicados em 
âmbito privado eram os mesmos aplicados em relação ao Estado. A noção de culpa era 
fundamental para a imputação da responsabilidade.
Porém, em que pese o progresso em relação à teoria da irresponsabilidade, a teo-
ria da culpa demonstrava-se insuficiente aos interesses da própria justiça, na medida em 
que exigia dos cidadãos lesados carga muito elevada, consubstanciada na comprovação 
do dano e da situação culposa do agente estatal.
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Justificava-se a responsabilidade do Estado em caso de lesão somente por culpa 
do agente público, representante do Estado, pela figura da presunção da culpa, a qual 
podia ser derrogada sempre que se provasse ausência de culpa in vigilando e culpa in 
eligendo. 
Para fundamentar a teoria da culpa, fazia-se uma clara distinção entre os atos 
emanados da Entidade Estatal, destacando-os como atos de império e atos de gestão, 
donde decorriam sérias e gravosas consequências.
Atos iure imperii: impostos unilateralmente e de forma coercitiva e, portanto, 
insuscetíveis de gerar direito à indenização – o Estado estaria isento de qualquer respon-
sabilidade, mesmo havendo lesão ou dano ao cidadão pela prática do ato.
Atos iure gestionis: reconhecimento da responsabilidade civil nas mesmas condi-
ções e proporções a que se submetem os cidadãos.
Por tal entendimento, sempre que se configurasse evidente culpa do agente em 
caso de lesão e se tratassede atos de gestão, o Estado tornava-se responsável e obrigado 
a indenizar. Se não se caracterizasse ou comprovasse a culpa no atuar, não se lhe impu-
tava nenhuma responsabilidade.
Do mesmo modo, distinguia-se a pessoa do rei (insuscetível de errar), praticante 
dos atos de império, da pessoa do Estado, praticante dos atos de gestão através de seus 
prepostos.
A diferenciação apontada não logrou êxito como supedâneo da responsabilização 
ou não do Estado em determinados casos, em especial pelo fato de apresentar-se por 
demais controverso o fato de o Estado só ser responsável para fins de indenização na 
prática de atos de gestão.
A doutrina da culpa civil acabava por não explicar ou proteger a lesão ocasionada 
por falha da máquina administrativa, na qual não se podia individuar o agente público, 
ou ainda, aquela resultante da própria falta de serviço, denominada culpa anônima da 
Administração ou culpa administrativa.
Para resolver o problema, os doutrinadores optaram por desenvolver nova con-
cepção inerente à responsabilidade subjetiva (com culpa), baseada na ausência da figura 
do causador direto do dano (agente público) e na aceitação do fato de o serviço estatal 
poder funcionar mal, não funcionar ou funcionar atrasado, ensejando com isso certa 
reparação.
No primeiro caso, se não havia possibilidade material de individuação do agente 
público, a imputação da responsabilidade era feita na pessoa do responsável pelo ser-
viço, no caso, o Estado.
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No segundo, tratava-se da chamada falta de serviço, em que não se indagava 
culpa subjetiva do agente público, mas havia perquirição no que tange à falta objetiva do 
serviço em si mesmo, considerado bastante e suficiente como fato gerador da obrigação 
de ressarcir a lesão ocasionada. A falta do serviço não dependia da existência de falta do 
agente, pois se tratava de má condição do serviço, fator suficiente para ensejar a repara-
ção. Trata-se do que mais adiante será denominado acidente administrativo.
Teoria do acidente administrativo
No item anterior, desenvolveu-se claro raciocínio acerca da evolução da teoria da 
culpa, culminando na chamada falta de serviço (o serviço estatal funcionava mal, não 
funcionava ou funcionava atrasado), elemento este caracterizador do que comumente se 
denomina teoria do acidente administrativo, com a consequente ligação entre toda a dou-
trina civilística e as teorias publicistas consagradas pela objetividade.
De fato, da falta de serviço (funcionamento irregular) e da não individuação da 
culpa de agente público e sim da culpa do serviço público (culpa anônima da adminis-
tração) nasceu a teoria do acidente administrativo, donde se impunha a responsabili-
dade do Estado sempre que da sua atuação impessoal e irregular resultassem danos ao 
particular.
Conforme entende Celso Antônio Bandeira de Mello, tal modalidade de res-
ponsabilidade civil estava inserida no contexto da doutrina civilista, vez que a noção 
de culpa ainda encontrava-se arraigada e presente, apenas assumindo caráter de culpa 
especial, pois era relativa somente à Administração. Bastava que se configurasse ausente 
ou defeituoso o serviço para demandar a responsabilidade do Estado por danos daí 
decorrentes.
Teorias do risco
No Brasil, a responsabilidade objetiva ou direta foi assentada na Constituição 
Federal (CF) de 1946, sepultando a teoria subjetiva da culpa, passando a comunidade 
jurídica a conviver com a teoria do risco. Tal teoria fundamentava-se na atividade de risco 
que a administração desenvolve na figuração de seus misteres. 
Os fundamentos: princípio da equidade, risco que a atividade pública gera para 
os particulares e na possibilidade de acarretar dano a certos membros da comunidade 
impondo-lhes um ônus não suportado pelos demais, no princípio do enriquecimento 
ilícito e na ideia de segurança social.
O cidadão não mais teria que provar em juízo culpa ou dolo do funcionário ou da 
Administração, dado o caráter objetivo da reparação do dano, bastando somente trazer 
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aos autos o nexo de causalidade entre o evento danoso e o Poder Público. O elemento 
norteador da indenização deixou de ser a falta de serviço para repousar no fato do ser-
viço.
Uma justiça distributiva, com a partilha dos ônus e encargos sociais entre toda 
a sociedade. Para compensar a desigualdade individual entre Administração e cidadão, 
todos os componentes da coletividade devem concorrer para a reparação do dano. A 
ideia é a de que os benefícios advindos da atuação estatal repartem-se por todos, assim 
como os prejuízos sofridos por alguns. O equilíbrio de encargos sociais deve ser man-
tido entre todos os particulares, sem distinções.
Teoria do risco integral
Risco integral determina que a tão só comprovação da relação de nexo causal 
entre o evento danoso e a participação do agente público enseje a obrigação de reparação 
pelo Estado, independente de excludentes e atenuantes.
A modalidade do risco integral não foi contemplada pelo nosso direito.
Teoria do risco administrativo 
A orientação constitucional acerca da responsabilidade estatal repousou no risco 
administrativo, pelo qual se leva em conta a potencialidade de ações danosas do Estado, 
sejam normais ou anormais, lícitas ou ilícitas, aliada ao fator de possível anormalidade 
de conduta da vítima na determinação do dano injusto. No entanto, essa responsabili-
dade pode ser reduzida ou afastada por atenuantes e excludentes (caso fortuito, força 
maior e culpa da vítima).
Resta clara a ideia de função administrativa como pressuposto lógico para a qua-
lificação do dano como indenizável e para a configuração do nexo lógico entre o evento 
danoso e a atuação do agente estatal.
Responsabilidade direta e objetiva, extracontratual 
Não decorre de contratos administrativos e sim das atividades exercidas pela 
Administração Pública, de forma extracontratual, bem como a relativa à atuação legis-
latória e jurisdicional do Estado.
É responsabilidade objetiva, da qual não se pode prescindir do evento danoso, 
do prejuízo causado, por ser este elemento integrante da sua caracterização, ao lado do 
nexo de causalidade.
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Responsabilidade da Administração 
por ato de seus agentes (objetiva em relação 
ao Estado e subjetiva em relação ao funcionário)
A Carta Política consagrou definitivamente a teoria objetiva nas relações Estado- 
-cidadão, vez que, se contrário fosse, teria estendido a exigência de comprovação de dolo 
ou culpa (da teoria subjetiva – relações entre Estado e funcionário), o que de fato não 
ocorreu. 
Elemento subjetivo só aparece de forma eventual, que pode ocorrer tão somente 
para determinar a ação regressiva da Administração contra o servidor.
Possibilidade de o Estado ser ressarcido, ao depois, em caso de dolo ou culpa do 
agente, ocasião em que se verificaria a teoria subjetiva, sem introduzir qualquer modi-
ficação acerca da responsabilização objetiva do Poder Público. 
Responsabilidade do Estado em campos jurídicos diversos. Um atinente ao cida-
dão lesado e o ente estatal e outro somente relativo ao agente público nas suas relações 
com a Administração. 
Da denunciação da lide
A circunstância de, integrando a lide, o servidor público passar a discutir e pos-
sivelmente tentar comprovar a ausência de culpa ou dolo no ato omissivo ou comissivo 
que eventualmente praticou implicaria a fragilização da responsabilidade objetiva.
Artigo 70, III, do Código de Processo Civil assegura ao demandado o direito de 
denunciar a lide ao terceiro, sujeito pela lei ou pelo contrato, a reparar, em ação regres-
siva, os eventuais prejuízos que sua conduta causou à parte.
Para alguns, se a Constituição assegura aoEstado, nas indenizações que deva 
reparar, a ação regressiva contra o funcionário causador do ilícito praticado no exercício 
da função pública, em prejuízo do particular, inviável a recusa, em tais casos, da denun-
ciação da lide ao agente da Administração.
Outros intérpretes, contudo, defendem a inviabilidade jurídica da denunciação 
da lide pela Fazenda Pública ao seu preposto, agente ou servidor. Argumentam com 
fortes razões, no sentido de que, na relação entre Administração Pública e funcionário, 
causador do dano, inexiste solidariedade na obrigação de indenização, vez que a respon-
sabilidade pela composição dos prejuízos é objetiva, cabendo, pois, a sua quitação, pelo 
Estado.
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Em decorrência disso, a ação que o particular tem contra a Administração Pública 
é direta, não se podendo impor ao autor o litisconsórcio passivo que se instaura com o 
deferimento da denunciação e nem lhe interessando o litígio que se estabeleça entre o 
Poder Público e o funcionário, a respeito da conduta culposa ou não deste.
Julgada procedente a ação de indenização contra o Estado, terá este ação de 
regresso contra o servidor, fato que é de todo e em todo estranho ao particular que 
sofreu os danos.
Outros defendem que não é obrigatória, sendo a denunciação da lide pelo Estado 
ao seu agente público facultativa, porém, uma vez exercitada pelo órgão estatal, não 
pode ser vedada pelo Poder Judiciário.
Responsabilidade do Estado por atos 
lícitos e ilícitos, comissivos e omissivos
Tanto as ações administrativas lícitas como as ilícitas ensejam responsabilidade, 
apenas divergindo no que tange à sua natureza, ora se tratando de reparação (ato ilícito), 
ora de ressarcimento (ato lícito).
Fundamento jurídico que embasa a responsabilidade: em se tratando de ato ilí-
cito, a referência é o princípio da legalidade, do qual decorre que a Administração só 
atua secundum legem e por tal razão lhe é vedado praticar quaisquer atos além ou aquém 
do permitido pela lei. O Poder Público deve praticar somente aquilo que a lei determina, 
exatamente e na medida daquilo que lhe é imposto.
Em se tratando de ato lícito, e por conseguinte, dentro dos parâmetros legais, a 
imputação só se justifica no caso de a ação estatal desequilibrar a cota de ônus que cada 
cidadão deve suportar para o atingimento dos fins públicos. Nesse caso, o fundamento 
jurídico é o princípio da igualdade, com a ressalva que esse dano, além de certo, deve 
necessariamente ter caráter especial e anormal.
Destaca-se que a responsabilidade do Estado por ato comissivo é objetiva e por 
ato omissivo é subjetiva.
Excludentes e atenuantes 
da responsabilidade do Estado
Existem hipóteses certas e determinadas em que o caso concreto nos apresenta 
situação de exclusão total (excludentes) ou parcial (atenuantes) da responsabilidade do 
Estado. São elas: caso fortuito e força maior, culpa da vítima e estado de necessidade.
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Caso fortuito e força maior representam a primeira classe de situações que afas-
tam ou diminuem a responsabilidade estatal. Essas duas situações são e foram objeto de 
divergência doutrinária sob todos os aspectos, constituindo verdadeiro terreno move-
diço, ao passo que aquilo que certos tratadistas consideram caso fortuito para outros é 
a exata definição de força maior e vice-versa.
Como dito, para alguns, caso fortuito é o evento imprevisível decorrente da ativi-
dade humana, no caso, falha da máquina administrativa, e por tal característica enseja 
responsabilidade do Estado (ex.: explosão dos fios da rede elétrica), enquanto força 
maior é o evento imprevisível decorrente da ação da natureza, inevitável pelo Estado, 
não podendo desse modo ser propiciadora da referida responsabilidade (ex:. tufão, ter-
remoto, dilúvio etc.).
No entanto, para outros, as definições são exatamente inversas, sendo caso for-
tuito o evento decorrente da natureza e força maior aquele oriundo da ação humana.
Dessa forma, configurados fatos imprevisíveis e inevitáveis, de princípio o Estado 
não responde. São causas excludentes da responsabilidade. Porém, se for verificada falta 
do Poder Público na prevenção do evento danoso, por ação ou omissão culposa, ou ainda, 
concausas na produção do dano, o Estado responde, ainda que proporcionalmente.
Cabe mencionar o relevante papel do nexo de causalidade na determinação das 
excludentes ou atenuantes da responsabilidade do Poder Público, em face de que é esse 
o pressuposto que fornece o sustentáculo para que o dano seja efetivamente reparado, 
dado o seu papel de elo com a atividade administrativa.
A culpa da vítima representa a segunda classe de situações que afastam ou dimi-
nuem a responsabilidade estatal, merecendo considerável destaque pela sua numerosa 
incidência.
Em que pese a aparência contraditória, o Estado deverá responder frente ao dano 
objetivamente, o que não o impede de defender-se alegando a culpa da vítima, uma 
atenuante ou excludente, a qual só poderá ser averiguada com uma análise subjetiva da 
culpabilidade do cidadão ofendido.
Responsabilidade das pessoas jurídicas 
de Direito Privado prestadoras de serviço público
Parece-nos que tanto as sociedades de economia mista, empresas públicas e 
fundações instituídas quanto os chamados entes estatais de cooperação, que ostentam 
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personalidade jurídica de Direito Privado, sempre prestam, com maior ou menor inten-
sidade, serviço público (entendida a expressão em sentido amplo): as duas primeiras 
Entidades, quando a atividade econômica se identifica com o serviço público; a última 
quando o objetivo de sua instituição é caracterizar a prestação de um serviço público.
O artigo 37, parágrafo 6.º, da Carta Magna Federal, precisou o alcance exato da 
responsabilidade civil do Estado, ao taxativamente incluir sob a responsabilidade obje-
tiva as empresas privadas prestadoras de serviços públicos.
Assim, ditas empresas, inobstante sua estrutura organizacional, ao exercerem 
cometimentos do Estado (delegações, concessões etc.), respondem objetivamente ape-
nas pelos atos que seus prepostos pratiquem no exercício do múnus público. Toda e 
qualquer atividade danosa desvinculada de tal fim deve ser reparada pela via do Direito 
Civil, não se impondo a responsabilidade objetiva.
Responsabilidade subsidiária 
do Estado por ato das pessoas jurídicas 
de Direito Privado prestadoras de serviço público
Na omissão da pessoa jurídica delegada, o Estado responde, ainda que subsidia-
riamente.
Em se tratando de um Estado de Direito e de uma sociedade organizada sob um 
regime de Direito Público, em que prevalecem princípios como o da legalidade, igual-
dade, moralidade, dentre outros, não há como se negar o dever do Estado de subsidia-
riamente responder pelo dano.
Não se pode olvidar que se o dano existiu em função do múnus público, e se seu 
caráter é anormal e especial, a responsabilidade objetiva persiste e o Estado responde 
subsidiariamente sim, pelos mesmos motivos que o levam a responder quando se trata 
de ato derivado de agente público.
A reparação deve ser efetuada, ainda que subsidiariamente, pois, em última aná-
lise, foi o Estado que colocou nas mãos do particular o exercício da atividade pública 
que lesionou o cidadão.
Reparado o dano, o Estado deve regressivamente acionar a pessoa jurídica de 
Direito Privado, para reaver os valores despendidos na indenização ao usuário.
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Responsabilidade do Estado 
em função da atividade legislativa
A reparabilidade de danos gerados em função de atos legislativos é matéria pouco 
pacífica, ensejadora de grandes debates doutrinários,ora os autores se posicionando 
pela corrente da irresponsabilidade, ora da responsabilidade, com ou sem reservas.
São dois os pressupostos para a sua incidência: a efetiva ocorrência de um dano 
proveniente da lei inconstitucional e a declaração judicial de sua inconstitucionalidade, 
pois até então milita favoravelmente à lei a presunção de inconstitucionalidade.
Responsabilidade do Estado 
em função da atividade judicial
Desde logo, fixamos nosso posicionamento, entendendo que à atuação jurisdi-
cional danosa deve necessariamente corresponder a indenização do Estado.
A prestação jurisdicional retardada, a decisão divorciada dos preceitos de direito, 
a prisão preventiva decretada contra quem não praticou o crime, a não concessão de 
liminar fazendo perecer o direito etc., representam exemplos de atividades jurisdicio-
nais que podem causar danos, os quais devem ser reparados na forma do texto consti-
tucional.
De outra sorte, não podemos nos esquecer que a Constituição em seu artigo 5.º, 
LXXV, determina que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como 
o que ficar preso além do tempo fixado na sentença.” 
A expressão erro judiciário não pode ser interpretada restritivamente, pois se 
assim o fosse o legislador o teria feito de modo expresso. Assim, a única interpretação 
possível é aquela afinada com todo o texto constitucional, e que determina a responsa-
bilidade do Estado por erros judiciários, seja de natureza civil ou penal.
Da reparação do dano
A reparação do dano imposta ao Estado pode implementar-se de forma ami-
gável, caso em que a própria Administração reconhece a lesão a direito e procede ao 
pagamento da indenização, ou então ser obtida através de ação de indenização, com 
competente direito de regresso do Estado.
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A indenização deve ser integral, completa, de forma a restituir o patrimônio 
da vítima, o qual deve equivaler ao mesmo montante existente antes da ocorrência do 
dano.
Do dano moral e material
Dano moral consiste em uma lesão ao patrimônio emocional de uma pessoa. Em 
outras palavras, reflete emoções como tristeza, agonia, dor, mágoa, sofrimento físico 
excepcional, atentado à dignidade pessoal etc. 
Constitui-se em um gravame de difícil valoração econômica, que atinge bens e 
direitos fundamentais do cidadão (direitos à honra, à integridade física, à vida etc.), afe-
tando a esfera moral da pessoa. Por exemplo: dor e angústia pela perda de um filho.
A Carta Federal de 1988 em seu artigo 5.º, V e X, expressamente consignou a 
responsabilidade por tal dano.
Memorizar o artigo 37, parágrafo 6.º, da Constituição Federal, o conceito das 
teorias sobre a responsabilidade e as hipóteses de excludentes e atenuantes.
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