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Psicanálise dos Contos de Fadas - Análise - A Bela e a Fera

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Disciplina: Subjetividade e Processos de Aprendizagem
Curso: Psicologia 
5° Período 
A Psicanálise dos Contos de Fada – A Bela e a Fera
Em seu livro A Psicanálise dos Contos de Fadas, publicado em 1980, Bruno Bettelheim discute como os contos de fadas podem intervir nos processos evolutivos da criança, ajudando-a na compreensão do que está acontecendo com si mesma, e ainda, resolvendo de forma mais saudável seus conflitos internos. O autor busca nas histórias infantis mais conhecidas, um sentido que não é visto por todos, fazendo uma análise psicanalítica de algumas delas e por consequência, trazendo à tona uma linguagem simbólica, dessa maneira, demostrando um conflito psíquico por traz de todo o encantamento dos contos de fadas.
Um dos contos de fadas mais conhecidos da atualidade se chama A Bela e a Fera, nele Bela é moradora de uma pequena aldeia francesa e tem seu pai capturado pela Fera, em troca da liberdade de seu pai a mesma decide entregar sua vida ao estranho que capturou seu pai. Convivendo no castelo do estranho, Bela descobre que o estranho é na verdade um príncipe que foi transformado em fera e precisa do amor para voltar a sua forma humana. 
Dentro desse contexto Bettelheim resgata os traços típicos das estórias com noivos-animais, que são: não saber o motivo do noivo ter sido transformado em animal, há sempre uma feiticeira cujo o papel é atribuído ao mal, e por último é o pai que faz a heroína se unir à Fera. Analisando esses traços, é possível perceber alguns significados profundos, a começar pela repressão do sexo, no conto não se sabe quando a Fera foi transformada em uma criatura horrível, remetendo ao fato de que não se sabe quando ocorreu a repressão ao sexo. Acredita-se que a repressão ao sexo, e a sua permissividade somente depois do casamento vêm das mães e das amas de leite, que consequentemente apresentam reprodução de um modelo institucional perpetuado até hoje por algumas instituições religiosas, que passam a ideia do sexo ser permitido apenas depois do casamento, nas estórias conhecidas, a mãe está quase sempre ausente, o papel feminino é geralmente representado por figuras más, daí vem o fato da mulher transformar o príncipe em uma fera. Outro ponto a ser discutido é como o afeto e a devoção da heroína transformam a Fera em um príncipe, ou seja, se ela o ama verdadeiramente, ele poderá ser livrado da maldição. 
Levando em conta que para amar inteiramente o sujeito, a Bela tem que ser capaz de transferir para ele as ligações infantis e pregressas com o pai, surgindo daí a ideia do pai consentir com a união do casal, a Bela se junta à Fera puramente por amor ao pai, mas com o tempo e o amadurecimento modifica-se o objeto principal, transferindo assim o amor edípico. Vale ressaltar que na maioria dos contos ocidentais a Fera é do sexo masculino e só pode ser desencantada pelo amor de uma mulher, então pode-se presumir que os inventores destes contos achavam que, para se conseguir uma união feliz, cabe à mulher vencer sua visão do sexo como repugnante e animalesca.

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