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Juliana-Vilar

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UFRJ 
 
 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E BIOACESSIBILIDADE DE SUCO DE 
AMORA PRETA (Rubus spp.) PROCESSADO POR TECNOLOGIA DE 
MEMBRANAS 
 
 
Juliana dos Santos Vilar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2014 
ii 
 
 
 UFRJ 
 
 
 
 
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E BIOACESSIBILIDADE DE SUCO DE 
AMORA PRETA (Rubus spp.) PROCESSADO POR TECNOLOGIA DE 
MEMBRANAS 
 
 
Juliana dos Santos Vilar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadoras: Lourdes Maria Corrêa Cabral 
 Suely Pereira Freitas 
 
 
Rio de Janeiro 
Abril, 2014 
Tese de Doutorado apresentada ao 
Programa de Pós-graduação em Ciência de 
Alimentos, do Instituto de Química, da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, 
como parte dos requisitos necessários à 
obtenção do título de Doutor em Ciência 
de Alimentos. 
iii 
 
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE E BIOACESSIBILIDADE DE SUCO DE 
AMORA PRETA (Rubus spp.) PROCESSADO POR TECNOLOGIA DE 
MEMBRANAS 
 
Juliana dos Santos Vilar 
 
Orientadoras: Lourdes Maria Corrêa Cabral 
 Suely Pereira Freitas 
 
Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, do 
Instituto de Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos 
necessários à obtenção do título de Doutor em Ciência de Alimentos. 
 
Aprovada por: 
 
_______________________________________ 
DSc. Lourdes Maria Corrêa Cabral 
Embrapa Agroindústria de Alimentos - CTAA 
 
______________________________________ 
Profº DSc. Suely Pereira Freitas 
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
 
______________________________________ 
Profº DSc. Alexandre Guedes Torres 
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
 
______________________________________ 
DSc. Verônica Maria de Araújo Calado 
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
 
______________________________________ 
DSc. Anna Paola Trindade Pierucci 
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
 
______________________________________ 
DSc. Armando Ubirajara Oliveira Sabaa Srur 
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ 
 
Rio de Janeiro 
Abril, 2014 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vilar, Juliana dos Santos. 
Avaliação da qualidade e bioacessibilidade de suco de amora preta (Rubus spp.) processado 
por tecnologia de membranas /Juliana dos Santos Vilar, Rio de Janeiro: UFRJ/ IQ, 2014. 
xiv; 102f.: il, 31 cm. 
Orientadoras: Lourdes Maria Corrêa Cabral, Suely Pereira Freitas. 
Tese (Doutorado) - UFRJ/ IQ/ Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, 2014. 
Referências bibliográficas: f. 91-102. 
1. Suco de amora. 2. Rubus spp. 3. Tecnologia de membranas. 4. Bioacessibilidade. 5. 
Capacidade antioxidante. 6. Antocianinas. I. Cabral, Lourdes Maria Corrêa; Freitas, Suely 
Pereira. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-
graduação em Ciência de Alimentos. III. Avaliação da qualidade e bioacessibilidade de suco 
de amora preta (Rubus spp.) processado por tecnologia de membranas. 
v 
 
DEDICATÓRIA 
 
Dedico este trabalho às minhas irmãs Luciana e Fabiana e aos meus queridos pais 
Antonio e Joana pelo apoio, amor e compreensão e paciência durante o desenvolvimento 
desta tese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus que me concedeu saúde e força para prosseguir nessa caminhada. 
Ao Instituto de Química da UFRJ e à Embrapa Agroindústria de Alimentos pela 
possibilidade da realização deste trabalho. 
À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, 
pela concessão da bolsa de estudos. 
Ao professor Armando Ubirajara Oliveira Sabaa Srur pelo incentivo e atenção aos 
meus questionamentos e, principalmente, por ter me apresentado a minha orientadora. 
À Drª Lourdes Maria Corrêa Cabral que foi mais que uma orientadora e me adotou 
como filha e confiou no meu trabalho, proporcionando uma relação profissional cheia de 
amizade, carinho e compreensão. 
À professora Suely Pereira Freitas pela orientação e apoio durante a realização deste 
trabalho. 
À pesquisadora Drª Daniela Freitas que junto com sua equipe, em especial Cláudia e 
José Carlos, auxiliaram os ensaios de análise sensorial desta tese. 
Á pesquisadora Ângela Furtado pela disponibilização de seu precioso tempo para 
esclarecimento de dúvidas e dos equipamentos necessários a realização dos testes de 
pasteurização. 
Ao Dr. Ronoel Godoy pela disponibilização de tempo para discussão de metodologias 
e equipamentos para execução de análises importantes para a obtenção de alguns resultados 
deste trabalho. 
À analista Manuela Santiago, do laboratório de Cromatografia Liquida de Alta 
Eficiência, pelos ensinamentos e disponibilização de seu tempo de trabalho para auxiliar 
algumas análises. 
Às pesquisadoras Drª Flávia dos Santos Gomes, Drª Renata Valeriano Tonon e 
professora Mônica Marques Pagani pela amizade, paciência e apoio no decorrer deste 
trabalho. 
A Luís Fernando Menezes (Chorão), que me conheceu de forma tão conturbada, mas 
se tornou um grande amigo e auxiliou muitos processos desenvolvidos nesta tese. 
A Sérgio Macedo Pontes (Filé) pela amizade e disposição para ajudar todas as vezes 
que precisei. 
vii 
 
À amiga Luiza Sancier que por muitas vezes compartilhou das minhas dificuldades e 
compreendeu minha ausência em momentos importantes de sua trajetória. 
Ao melhor presente que Deus me proporcionou ao executar esse trabalho, minha 
amiga-irmã Flávia Silva Monteiro, companheira de todas as horas, que além de me ensinar 
muito sobre processos e análises, me concedeu seu tempo, atenção e carinho sempre que 
precisei. 
A todos que torceram por mim e pelo sucesso do meu trabalho e que porventura não 
tiveram seus nomes citados aqui, perdoem-me a falha e obrigada por tudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
 
RESUMO 
 
A amora preta (Rubus spp.) é um fruto que apresenta compostos fenólicos com propriedades 
antioxidantes, como os ácidos fenólicos e flavonoides. As antocianinas são responsáveis por 
sua coloração altamente atrativa. No entanto, tratamentos térmicos podem desestabilizar o 
suco desse fruto, resultando em produtos escuros e com alterações de sabor. Processos de 
separação com membranas são uma alternativa para a clarificação e concentração de sucos, 
com as vantagens de manutenção das características nutricionais, sensoriais e funcionais do 
suco. O efeito da pasteurização e de processos de separação com membranas sobre as 
características físico-químicas e sensoriais do suco de amora foram avaliadas. Frutos de 
amora foram despolpados, centrifugados e processados por pasteurização, clarificados por 
microfiltração, concentrados por osmose inversa e evaporação osmótica. Amostras dos sucos 
foram analisadas em relação ao pH, acidez, teor de sólidos solúveis, teor de sólidos totais, 
antocianinas e capacidade antioxidante. Os resultados obtidos indicaram que o tempo e a 
temperatura da pasteurização podem contribuir para a redução de antocianinas e da 
capacidade antioxidante. Os sucos concentrados por osmose inversa e evaporação osmótica 
apresentaram 24,6 º Brix e 55.5º Brix, respectivamente. O conteúdo de antocianinas totais e 
capacidade antioxidante do suco concentrado por evaporação osmótica aumentaram 6,2 e 7,7 
vezes em comparação ao suco clarificado. Os resultados da análise sensorial mostraram que 
os sucos pré-concentrado por osmose inversa a partir do clarificado e concentrado por 
evaporação osmótica a partir do clarificado foram descritos pelos consumidores com “boa 
aparência”, “refrescante”, “gostoso”, “doce” ou “com doçura ideal”, o que se encontra de 
acordo com as maiores médias das notas da aceitação apresentadas (6,2 e 6,9, 
respectivamente). No que diz respeito aos resultados da digestãoin vitro foi possível notar 
que o suco clarificado foi o que obteve maior bioacessibilidade aparente (74% de cianidina-3-
O-glicosídeo e 83% de cianidina-3-O-rutenosídeo), o que sugere que este último pode ser um 
produto interessante para ser utilizado como ingrediente em formulações de outros produtos 
ou mesmo ser consumido na forma de suco. 
 
Palavras chaves: Microfiltração, osmose inversa, evaporação osmótica, antocianina, análise 
sensorial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
ABSTRACT 
 
The blackberry is a rich source of phenolic compounds with antioxidant properties, especially 
phenolic acids and flavonoids. Anthocyanin gives the attractive color to the juice. However it 
can unstabilize the juice under severe heat treatments resulting in darkened products and 
altered taste. Membrane separation processes are an alternative for the clarification and 
concentration, with advantages as the maintenance of the nutritional, sensory and functional 
characteristics of the juice. The effect of pasteurization and membrane process on the 
physicochemical and sensory characteristics of concentrated blackberry juice was 
investigated. Blackberry fruits were depulped, the pulp was centrifuged and processed by 
pasteurization, clarified by microfiltration, concentrated by reverse osmosis and osmotic 
evaporation processes. Samples were characterized for pH, titratable acidity, total soluble and 
total solids contents, anthocyanin concentration and antioxidant activity. Results showed that 
time and temperature of pasteurization can contribute to the reduction of anthocyanins and the 
antioxidant activity. The juice concentrated by RO and OE presented 24.6 ºBrix and 
55.5ºBrix, respectively. The anthocyanin content and the antioxidant activity in the final juice 
increased 6.2 and 7.7 times, respectively, with respect to the clarified juice. Results of 
sensory analysis revealed that samples previously clarified and concentrated by reverse 
osmosis and osmotic evaporation were described by consumers as “good appearance”, 
“refreshing”, “tasty”, “sweet” or “with ideal sweetness”, which is in agreement with their 
highest mean overall liking scores (6.2 and 6.9, respectively). With respect to the results of in 
vitro digestion was noticeable that the clarified juice had higher bioaccessibility (74% of 
cyanidin-3-O-glucoside and 83% cyanidin-3-O-rutenoside), suggesting that can be an 
interesting product for use as ingredient in the formulation of other products or even be 
consumed as juice. 
 
Keywords: Microfiltration, reverse osmosis; osmotic evaporation; anthocyanin; juice quality; 
sensory evaluation. 
 
 
 
 
 
- 
 
 
 
 
 
 
x 
 
SUMÁRIO 
 
RESUMO.................................................................................................................... viii 
ABSTRACT................................................................................................................ ix 
LISTA DE FIGURAS................................................................................................ xii 
LISTA DE TABELAS............................................................................................... xiv 
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 15 
2 OBJETIVOS........................................................................................................... 17 
2.1 Objetivo geral.................................................................................................. 17 
2.1 Objetivos específicos....................................................................................... 17 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 18 
3.1 Amoreira preta.................................................................................................. 18 
3.1.1 Composição química da amora preta........................................................ 19 
3.2 Metabolismo vegetal secundário....................................................................... 20 
 3.2.1 Antocianinas............................................................................................. 25 
3.3 Tecnologia de separação por membranas......................................................... 30 
3.3.1 Tipos de membranas.................................................................................. 33 
3.3.2 Tipos de processos.................................................................................... 34 
3.3.3 Vantagens e limitações do uso de PSM.................................................... 36 
3.3.4 Aplicações dos PSM na clarificação e concentração de sucos de 
fruta.............................................................................................................................. 37 
3.4 Bioacessibilidade.............................................................................................. 39 
3.4.1 Digestão in vitro........................................................................................ 40 
3.5 Análise sensorial............................................................................................... 42 
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 45 
4.1 Material............................................................................................................. 46 
4.2 Obtenção da polpa de amora preta................................................................... 46 
4.3 Pasteurização..................................................................................................... 47 
4.4 Tratamento enzimático...................................................................................... 48 
4.5 Microfiltração............................................................................................... 48 
4.6 Concentração do suco de amora preta por osmose 
inversa............................................................................................................... 49 
 
xi 
 
4.7 Concentração do suco de amora preta por evaporação osmótica..................... 50 
4.8 Parâmetros de acompanhamento dos processos com membranas.................... 51 
4.9 Determinações analíticas........................................................................................... 51 
4.10 Análise sensorial............................................................................................. 53 
 4.11Simulação da digestão gastrointestinal in vitro........................................................... 
54 
4.12Análises estatísticas.................................................................................................. 55 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 56 
5.1 Avaliação da qualidade físico-química e microbiológica do suco de amora 
preta (Rubus spp.) pasteurizado...................................................................................... 56 
5.2 Processo de microfiltração para a clarificação do suco de amora preta 
(Rubus spp.)........................................................................................................................................ 67 
5.3 Avaliação da qualidade físico-química e microbiológica do suco de amora 
preta (Rubus spp.) clarificado por microfiltração................................................................... 70 
5.4 Concentração do suco de amora preta clarificado pelo acoplamento de 
osmose inversa e evaporação osmótica................................................................................................ 73 
5.5 Concentração do suco de amora preta integral pelo acoplamento de osmose 
inversa e evaporação osmótica.................................................................................................................... 765.6 Avaliação sensorial............................................................................................................................. 79 
5.7 Bioacessibilidade de antocianinas de suco de amora preta (Rubus spp.) pela 
simulação in vitro da digestão gastrointestinal.................................................................................... 84 
6 CONCLUSÕES......................................................................................................... 88 
7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 90 
8 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 91 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1. Frutos da amoreira preta............................................................................. 19 
Figura 2. Principais vias do metabolismo secundário e suas 
interligações.................................................................................................................. 21 
Figura 3. Via do ácido chiquímico para biossíntese de compostos fenólicos e 
alguns alcalóides........................................................................................................... 22 
Figura 4. Metabolismo dos compostos fenólicos em plantas...................................... 23 
Figura 5. Principais classes de compostos não-flavonóides....................................... 24 
Figura 6. Núcleo flavano............................................................................................. 25 
Figura 7. Cátion flavilium........................................................................................... 26 
Figura 8. Estrutura das seis antocianidinas comuns alimentos .................................. 26 
Figura 9. Transformações estruturais das antocianinas em solução com a mudança 
de pH do meio.............................................................................................................. 27 
Figura 10. Estrutura química da cianidina-3-O-glicosídeo e da cianidina-3-O-
rutenosídeo................................................................................................................... 29 
Figura 11. Correntes envolvidas nos processos de separação por 
membranas.................................................................................................................... 31 
Figura 12. Esquema comparativo da filtração frontal e 
tangencial...................................................................................................................... 32 
Figura 13. Representação da seção transversal das diferentes morfologias de 
membranas sintéticas.................................................................................................... 34 
Figura 14. Comparação entre os PSM em relação à pressão utilizada, tamanho dos 
poros e partículas retidas.............................................................................................. 35 
Figura 15. Fluxograma do processamento da amora 
preta............................................................................................................................... 45 
Figura 16. Frutos de amora preta................................................................................ 46 
Figura 17. Despolpamento da amora preta.................................................................. 46 
Figura 18. Centrifugação do suco de amora preta integral......................................... 47 
Figura 19. Trocador de calor de superfície raspada Armfield..................................... 47 
Figura 20. Sistema de membranas (GEA FILTRATION, 2010) utilizado na 
microfiltração e osmose inversa do suco de amora-preta............................................. 49 
 
xiii 
 
Figura 21. Sistema de evaporação osmótica utilizado na concentração do suco de 
amora-preta................................................................................................................... 50 
Figura 22. Gráfico de Pareto e superfície de resposta para capacidade antioxidante 
em função das variáveis independentes temperatura (T) e tempo (t) referentes ao dia 
de processamento (tempo 0)................................................................................... 59 
Figura 23. Gráfico de Pareto e superfície de resposta para capacidade antioxidante 
em função das variáveis independentes temperatura (T) e tempo (t) referentes aos 
dias de armazenamento (tempo 60 dias)...................................................................... 60 
Figura 24. Fluxo de permeado em função do tempo durante o processo de 
microfiltração do suco de amora-preta......................................................................... 67 
Figura 25. Fator de concentração volumétrico em função do tempo durante o 
processo de microfiltração do suco de amora-preta..................................................... 68 
Figura 26. Comportamento do fluxo permeado e sólidos solúveis totais durante o 
processo de osmose inversa do suco de amora preta clarificado................................. 75 
Figura 27. Comportamento do fluxo permeado e sólidos solúveis totais durante o 
processo de evaporação osmótica do suco de amora preta clarificado........................ 76 
Figura 28. Comportamento do fluxo permeado e sólidos solúveis totais durante o 
processo de osmose inversa do suco de amora preta integral...................................... 78 
Figure 29. Comportamento do fluxo permeado e sólidos solúveis totais durante o 
processo de evaporação osmótica do suco de amora preta integral............................. 79 
Figura 30. Mapa interno de preferência...................................................................... 82 
Figura 31. Perfil cromatográfico das antocianinas do suco de amora preta................ 84 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiv 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1. Composição centesimal da amora-preta in natura...................................... 20 
Tabela 2. Resumo dos PSM e aplicações ................................................................... 32 
Tabela 3. Delineamento completo do desenho experimental...................................... 48 
Tabela 4. Gradiente de eluição utilizado na análise cromatográfica........................... 53 
Tabela 5. Teor de antocianinas (mg/100g) do suco de amora preta pasteurizado, 
clarificado e controle ao longo do tempo de armazenamento...................................... 56 
Tabela 6. Capacidade antioxidante (μmol Trolox equivalente/g) do suco de amora 
preta pasteurizado, clarificado e controle ao longo do tempo de armazenamento....... 57 
Tabela 7. Valores de pH e acidez do suco de amora-preta pasteurizado, clarificado 
e controle ao longo do tempo de armazenamento........................................................ 63 
Tabela 8. Valores de teor de sólidos solúveis totais (SST) e teor de sólidos totais 
(ST) totais do suco de amora-preta pasteurizado, clarificado e controle ao longo do 
tempo de armazenamento............................................................................................. 65 
Tabela 9. Caracterização das etapas da clarificação do suco de amora por 
microfiltração............................................................................................................... 69 
Tabela 10. Valores de teor de antocianinas, capacidade antioxidante, pH, acidez, 
sólidos solúveis e sólidos totais totais do suco de amora-preta pasteurizado, 
clarificado e controle ao longo do tempo de armazenamento...................................... 70 
Tabela 11. Características físico-químicas do suco concentrado de amora preta 
obtido por osmose inversa e evaporação osmótica a partir do suco clarificado.......... 73 
Tabela 12. Características físico-químicas do suco concentrado de amora preta 
obtido por osmose inversa e evaporação osmóticaa partir do suco integral............... 76 
Tabela 13. Teor de sólidos solúveis dos suco de amora preta..................................... 80 
Tabela 14. Médias da aceitação global e aparência dos sucos de amora preta........... 81 
Tabela 14. Conteúdo de antocianinas (mg/100g) do suco de amora-preta antes e 
após a digestão in vitro................................................................................................. 85 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 Os alimentos possuem como função primordial o fornecimento de energia e nutrientes 
para o organismo humano, porém a ingestão alimentar deve ser nutricionalmente adequada, 
pois o excesso ou a carência alimentar podem causar agravos à saúde. O consumo de 
alimentos de origem vegetal está associado à redução do risco de desenvolvimento de doenças 
crônicas, possivelmente, por apresentarem uma ampla classe de compostos fenólicos, os quais 
possuem a capacidade de reagir com radicais livres e minimizar o estresse oxidativo (DE 
ANGELIS, 2005; KUSKOSKI et al.,2004). 
 Entre as espécies frutíferas com boas características de comercialização pode-se citar a 
amoreira-preta, cujos frutos são consumidos in natura ou na forma de sucos, geleias e doces 
caseiros. A amora-preta (Rubus spp.) apresenta pigmentos antociânicos, compostos 
classificados como flavonoides e que compreendem pigmentos que conferem colorações entre 
laranja, vermelho e azul presentes em diversas frutas, hortaliças e flores (LIMA & GUERRA, 
2003). 
 Apesar do potencial benéfico associado aos vegetais, geralmente possuem vida útil 
reduzida quando comercializados in natura por serem perecíveis. Uma alternativa para 
minimizar este problema é utilizar os processos tecnológicos de conservação de alimentos a 
partir dos quais se podem obter diversos produtos derivados. 
 Dentre os métodos de conservação de alimentos pode-se citar a pasteurização, 
concentração e evaporação a vácuo, processos convencionais de conservação e/ou 
concentração de sucos de frutas, que apesar de promover maior vida útil aos produtos 
derivados pode diminuir a qualidade nutricional e sensorial dos mesmos, uma vez que a 
maioria das substâncias bioativas são termolábeis e o princípio desses métodos é o uso de 
calor (FELLOWS, 2006). 
 Devido à estrutura frágil e alta atividade respiratória dos frutos que contribuem para a 
vida pós-colheita relativamente curta, a amora-preta é comercializada preferencialmente na 
forma industrializada (ANTUNES et al., 2003). Uma forma de reduzir a perda de 
componentes benéficos presentes nessa matéria-prima é a utilização da tecnologia de 
membranas, processo que se baseia na premissa de que substâncias em misturas líquidas 
podem permear seletivamente através de uma membrana, impulsionadas por uma força 
motriz, variável segundo os diferentes processos (MULDER, 1991). A separação ocorre 
16 
 
normalmente em temperatura ambiente e sem mudanças de fase, o que significa uma 
considerável economia de energia, sem comprometimento da qualidade dos produtos 
derivados (MATTA et al., 2004; RODRIGUES et al., 2004). 
 Um exemplo de aplicação da tecnologia de membranas é o processo de microfiltração, 
que possibilita a obtenção de um produto estéril pela remoção de microrganismos, sem a 
utilização do tratamento térmico, muitas vezes indesejado, por resultar em perdas na 
qualidade do produto (ROSA et al., 1999; CARNEIRO et al., 2002). 
 Outro exemplo é o processo de osmose inversa no qual se aplica, sobre uma solução, 
uma pressão hidráulica maior que sua pressão osmótica, o que permite a transferência do 
solvente da região mais concentrada para a menos concentrada (SA et al, 2003). Já no 
processo de evaporação osmótica, uma membrana microporosa hidrofóbica é colocada em 
contato com líquidos de diferentes concentrações, um deles contendo uma solução aquosa 
diluída, como, por exemplo, o suco de fruta, e o outro uma solução concentrada que é uma 
salmoura (COUREL et al., 2000). Essa técnica torna-se bastante interessante para a 
concentração de sucos de frutas por ser realizada sob condições amenas de pressão e 
temperatura (RODRIGUES et al., 2004). 
 O uso dos processos de concentração nessa matéria-prima pode contribuir para o 
aumento da concentração dos compostos bioativos no produto final. No entanto, estudos sobre 
a absorção dessas substâncias presentes em produtos alimentícios precisam ser desenvolvidos, 
pois, no organismo vivo, as substâncias são absorvidas e metabolizadas podendo perder sua 
atividade ou até mesmo apresentar uma atividade muito maior do que aquela mensurada 
através de técnicas analíticas. Fatores como a solubilidade dos compostos frente aos diferentes 
sistemas do organismo, pH do meio, concentração e sinergismo entre as substâncias podem 
influenciar no metabolismo das mesmas ao longo do trato gastrointestinal (HORST & 
LAJOLO, 2009). 
Nesse contexto, a busca por processos não-térmicos, que preservem a qualidade dos 
sucos de frutas e o aumento da demanda por produtos com valor nutricional e características 
sensoriais próximos do fruto in natura tem levado à intensificação dos estudos para a busca 
de tecnologias alternativas, visando preservar tais características. 
 
 
 
17 
 
2 OBJETIVOS 
 
2.1 Objetivo geral 
 
 Avaliar a qualidade física, química e a bioacessibilidade de suco de amora-preta (Rubus 
spp.) processado por tecnologia de membranas. 
 
2.2 Objetivos específicos 
 
 Avaliar a estabilidade química e microbiológica dos sucos pasteurizado e clarificado 
por microfiltração armazenados sob refrigeração por 60 dias; 
 Avaliar a integração dos processos de osmose inversa e evaporação osmótica na 
obtenção de suco concentrado a partir do suco integral e do suco clarificado por 
microfiltração; 
 Caracterizar os sucos integral, pasteurizado, clarificado por microfiltração e 
concentrados quanto às propriedades físicas, químicas, sensoriais e seu potencial 
antioxidante; 
 Avaliar a bioacessibilidade das antocianinas dos sucos integral, pasteurizado, 
clarificado e concentrados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
3.1 Amoreira preta 
 
 A amoreira preta é uma frutífera de clima temperado, caracterizada por um arbusto de 
porte ereto ou rasteiro, pertencente à família Rosaceae, gênero Rubus, de grande potencial 
para as regiões brasileiras com período de inverno marcante e propícia para pequenas 
propriedades agrícolas (OLIVEIRA et. al., 2008; STRIK et al., 2007; VIZZOTTO, 2007). 
 É uma planta rústica que necessita de pouca utilização de defensivos agrícolas, possui 
baixo custo de produção e facilidade de manejo, sendo assim, uma importante alternativa para 
cultivo na agricultura familiar. A amoreira preta produz frutos agregados que possuem cerca 
de 4 a 7 gramas, coloração negra e sabor ácido a doce-ácido (ANTUNES, 2002). 
 A amoreira-preta teve seu cultivo comercial iniciado na Europa no início no século 
XVII, quando o cultivar Evergreen foi selecionado de material nativo. Nos Estados Unidos, 
onde é conhecida como “blackberry”, a exploração comercial teve início em 1850 e 1860. No 
Brasil, as primeiras plantas, oriundas da Universidade de Arkansas, foram introduzidas em 
1972, no Centro de Pesquisa da Embrapa Clima Temperado, localizado em Pelotas-RS. 
Devido à boa adaptação ao local, foi possível expandir seu cultivo para os estados de Santa 
Catarina, Paraná, São Paulo e para o sul de Minas Gerais (ALMEIDA et al., 2005; 
ANTUNES, 2002; SANTOS et al.,1997). 
 Existem inúmeras cultivares de amoreira-preta, mas as selecionadas no Brasil são 
Tupy, Guarani, Negrita, Caingangue e Ébano. As cultivares Tupy e Guarani são as mais 
recomendadas para o consumo in natura pelo fato de apresentarem baixa acidez (CHIM, 
2008; SANTOS & RASEIRA, 1988). 
A amora preta (Figura 1) geralmente é consumida in natura, utilizada em tortas, 
sorvetes, compotas, geleias, doces cristalizados,entre outros. É comercializada em bandejas 
de 120 a 150 gramas, quando destinada ao mercado in natura e para a utilização da fruta na 
forma processada, ela pode ser congelada para facilitar o armazenamento (MACHADO, 2007; 
SANÁBIO, 2009). 
 
19 
 
 
Figura 1. Frutos da amoreira preta (Fonte: JACQUES, 2008). 
 
Pelo fato da amora-preta apresentar alta taxa respiratória e uma frágil estrutura sua 
vida pós-colheita para consumo in natura é muito reduzida; portanto, a utilização deste fruto 
na forma processada é uma alternativa para pronlongar sua vida útil (ANTUNES et al., 2003). 
Pesquisas têm demonstrado a utilização da amora-preta para fins medicinais por 
apresentar componentes que podem trazer benefícios à saúde humana (VIZZOTTO, 2008). 
Extratos de amora-preta apresentaram efeito anti-mutagênico e anti-carcinogênico (TATE et 
al., 2006) para as linhagens humanas de câncer de útero, câncer de cólon (LAZZE et al., 
2004), câncer oral, câncer de mama, câncer de próstata (SEERAM et al., 2006), câncer de 
pulmão (DING et al., 2006), além de prevenir metástases (TATE et al., 2004). 
Em muitos casos o efeito anti-carcinogênico da amora-preta ocorre devido ao efeito 
anti-inflamatório de seus extratos. NETZEL et al. (2002) demonstraram que a capacidade 
antioxidante do plasma aumenta em 30% após a ingestão de suco contendo amora-preta. 
Além disso, extratos de amora preta podem ajudar a reduzir os níveis de colesterol sanguíneo, 
atuando na prevenção de doenças cardiovasculares e circulatórias (STOCLET et al., 2004). 
 
3.1.1 Composição química da amora preta 
 
 A composição centesimal da amora-preta está descrita na tabela 1. O fruto in natura 
apresenta alto teor de umidade (85%), baixos teores de cinzas (0,19 e 0,47%), proteínas 
(1,5%) e lipídeos (entre 0,03 e 0,08%), e cerca de 6 a 13% de carboidratos (VIZZOTTO, 
2008). Ainda segundo a mesma autora, o valor energético total dessa matéria-prima, em 
média, corresponde a 52 kcal/100g de fruto, o que sugere uma opção para a alimentação de 
indivíduos com algum tipo de restrição energética. 
20 
 
 
Tabela 1. Composição centesimal da amora-preta in natura. 
 
Componente Quantidade (%) 
Umidade 85 
Cinzas 0,19-0,47 
Carboidratos 6-13 
Proteínas 1,5 
Lipídeos 0,03-0,08 
Fibras 3,5-4,7 
 Fonte: REYES-CARMONA et al., 2005 
 
 Em relação aos micronutrientes, o fruto apresenta teores de cálcio (32mg/100g); 
fósforo (21 mg/100g); potássio (196 mg/100g); magnésio (20 mg/100g); ferro (0,57 
mg/100g); selênio (0,60 mg/100g); vitamina C (21 mg/100g); e menores quantidades de 
vitamina A, vitamina E, folato, tiamina, riboflavina, niacina, ácido pantotênico, vitaminas B-6 
e B-12 (VIZZOTTO, 2008). 
 A presença de cálcio nessa matéria-prima é importante para produção industrial de 
geleias, por se tratar de um elemento que participa ativamente na complexação da pectina 
durante a formação do gel, particularmente quando se deseja formular e processar produtos 
com baixo teor de açúcar, como os produtos dietéticos (JACKIX, 1988). 
Além destes constituintes, a amora-preta (Rubus spp.) apresenta compostos do 
metabolismo secundário, especialmente as antocianinas, compostos fenólicos importantes 
para coloração do fruto e associados à redução do risco de aparecimento de diversas doenças 
(LIMA & GUERRA, 2003). 
 
3.2 Metabolismo vegetal secundário 
 
 O metabolismo é definido como o conjunto total de transformações das moléculas 
orgânicas, catalisadas por enzimas, que ocorrem nas células vivas. Nos vegetais, costuma ser 
dividido em primário e secundário, sendo o primeiro aquele que corresponde ao conjunto de 
processos metabólicos que desempenham uma função essencial no vegetal e os compostos 
envolvidos possuem uma distribuição universal nas plantas, tais como os aminoácidos, 
21 
 
nucleotídeos, lipídios, carboidratos e clorofila. Já o metabolismo secundário origina 
compostos que não possuem uma distribuição universal, pois não são necessários para todas 
as plantas (MARZZOCO & TORRES, 2007). 
Embora o metabolismo secundário nem sempre seja necessário para que uma planta 
complete seu ciclo de vida, ele desempenha um papel importante na interação das plantas com 
o meio ambiente. Os metabólitos secundários compreendem três grandes grupos: os terpenos, 
os compostos fenólicos e os alcaloides. Os terpenos são sintetizados a partir do ácido 
mevalônico (no citoplasma) ou do piruvato e 3-fosfoglicerato (no cloroplasto). Já os 
compostos fenólicos são derivados do ácido chiquímico ou ácido mevalônico e os alcalóides 
são derivados de aminoácidos aromáticos, conforme demonstrado na Figura 2 (TAIZ; 
ZEIGER, 2004). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Principais vias do metabolismo secundário e suas interligações. 
 
Entre os metabólitos secundários citados, aqueles de maior interesse neste trabalho são 
os compostos fenólicos que são sintetizados em resposta a condições de estresse. Essas 
substâncias são produzidas naturalmente pelas plantas para se protegerem do ataque de pragas 
e doenças, e também ajudam a planta a resistir a condições adversas do ambiente 
(ZADERNOWSKI et al., 2005). 
Quimicamente esses compostos são substâncias que possuem pelo menos um anel 
aromático no qual ao menos um hidrogênio é substituído por um grupamento hidroxila e 
Piruvato + 3 fosfoglicerato TERPENOS 
Via do Mevalonato FENÓIS 
Via do Ácido 
Chiquímico 
Aminoácidos 
aromáticos 
ALCALÓIDES 
22 
 
podem ser sintetizados a partir de duas rotas metabólicas principais: a via do ácido chiquímico 
(Figura 3) e a via do ácido mevalônico, a qual é menos significativa (SIMÕES et al., 2010). 
 
 
 
Figura 3. Via do ácido chiquímico para biossíntese de compostos fenólicos e alguns 
alcaloides (Fonte: PERES, 2013) 
23 
 
O ácido chiquímico é f13mado pela condensação de dois metabólitos da glicose: o 
fosfoenolpiruvato e a eritrose-4-fostato. A ligação do ácido chiquímico e a uma molécula de 
fosfoenolpiruvato leva a formação do ácido corísmico, que por sua vez, gera os aminoácidos 
aromáticos (triptofano, fenilalanina e tirosina). A partir do ácido corísmico são formados os 
fenilpropanóides que são os primeiros grupos de compostos fenólicos. A fenilalanina amônia-
liase (PAL) é a enzima chave na regulação da via metabólica de fenilpropanóides, 
convertendo a L-fenilalanina em ácido trans-cinâmico e iniciando a biossíntese de fenólicos, 
como visto na Figura 4 (NACZK & SHAHIDI, 2004). 
 
Figura 4. Metabolismo dos compostos fenólicos em plantas 
 
24 
 
O grupo dos compostos fenólicos apresenta estruturas variadas e divide-se em duas 
grandes classes, os não flavonóides e os flavonóides. A classe dos não flavonóides 
compreende desde os compostos mais simples, ácidos fenólicos (ácido benzóico, ácido 
hidroxicinâmico e seus derivados), assim como estruturas mais complexas como as ligninas, 
lignanas, suberinas, taninos hidrolisáveis, estilbenos, dentre outras, como pode ser observado 
na Figura 5 (CHEYNIER, 2005; NAZCH & SHAHIDI, 2004). 
 
Figura 5. Principais classes de compostos não-flavonóides 
 
 
A classe dos flavonóides apresenta uma estrutura básica conhecida como núcleo 
flavano (Figura 6), sendo o grau de oxidação e padrão de substituição do anel C os fatores que 
determinam as classes dos flavonóides e as substituições nos anéis A e B responsáveis pelas 
diversidades de compostos de cada classe (RHODES, 1996). 
25 
 
 
Figura 6. Núcleo flavano (Fonte: BRAVO, 1998). 
 
Mais de 8000 substâncias pertencentes a esse grupo já foram identificadas e essa 
diversidade de compostos surge devido à variação de combinações de grupos metil e hidroxil 
como substituintes na estrutura química básica. Nessa classe são encontradas as antocianinas, 
flavonóis, flavonas, isoflavonas, flavononas e flavanas, compostos com várias propriedades 
biológicas, tais como atividade antioxidante, antiinflamatória e antitumoral, reduçãoa 
fragilidade e permeabilidade capilares; inibição da destruição do colágeno a agregação 
plaquetária, entre outras. (ARAÚJO, 2008; FILHO et al., 2001). 
 
3.2.1 Antocianinas 
 
 As antocianinas são flavonoides que se caracterizam por serem compostos 
hidrossolúveis responsáveis por uma variedade de cores de frutas, flores e folhas, com um 
espectro de cor que vai do vermelho ao azul e podem variar do vermelho alaranjado, como no 
morango (Fragaria vesca L.) ao roxo, no jamelão (Syzygium cumini), passando pelo vermelho 
vivo, na cereja vermelha (Prunus avium L.) (BOBBIO & BOBBIO, 2003). 
Na natureza, as antocianinas são sempre encontradas na forma de glicosídeos 
facilmente hidrolisados em açúcares, agliconas, denominadas antocianidinas, que têm como 
estrutura básica o cátion flavilium (Figura 7). Além do grupo de açúcares, a molécula de 
antocianina pode vir, frequentemente, ligada a um grupo de ácidos orgânicos e outros 
substituintes (MALACRIDA & MOTTA, 2006). 
 
 
 
26 
 
 
Figura 7. Cátion flavilium (Fonte: BOBBIO & BOBBIO, 2003). 
 
 Dentre as antocianinas encontradas na natureza, apenas seis estão presentes em 
alimentos: pelargonidina, cianidina, delfinidina, peonidina, petunidina e malvidina, que 
diferem entre si quanto ao número de hidroxilas e grau de metilação, presentes no anel B, 
conforme ilustrado na Figura 8 (BOBBIO & BOBBIO, 2003). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8. Estrutura das seis antocianidinas comuns alimentos (Fonte: BOBBIO & BOBBIO, 
2003). 
 
Pesquisas tem demonstrado interesse no uso de antocianinas como corante natural, 
com o intuito reduzir o uso de corantes alimentícios sintéticos (FRANCIS, 1989; ESPÍN et 
al., 2000; HAKE & QUINN, 2008). No entanto, o pH é um fator limitante no uso dessas 
substâncias como corante por influenciar a coloração e na estabilidade das antocianinas, que 
podem ter alterações de coloração conforme o pH do meio, o que é considerado uma das 
desvantagens das antocianinas quando comparadas aos corantes sintéticos (ANDERSEN et 
al., 1998). 
Sua utilização é restrita pela baixa estabilidade em meio aquoso e pH acima de 2,0, 
condições bastante comuns durante o processamento e estocagem dos alimentos. Em soluções 
ácidas, a antocianina é vermelha, mas com o aumento do pH a intensidade da cor diminui e 
Antocianidinas R1 R2 
Pelargonidina H H 
Cianidina OH H 
Delfinidina OH OH 
Peonidina OCH3 H 
Petunidina OCH3 OH 
Malvidina OCH3 OCH3 
27 
 
em solução alcalina, a cor azul é obtida, porém instável (MALACRIDA & MOTA, 2006). A 
Figura 9 ilustra as transformações estruturais das antocianinas em solução com a mudança de 
pH do meio. 
 
Figura 9. Transformações estruturais das antocianinas em solução com a mudança de pH do 
meio (Fonte: TERCI & ROSSI, 2002). 
 
Além do interesse pela coloração o uso de antocianinas tem sido intensificado devido 
a seus possíveis benefícios à saúde (EIBOND et al., 2004). As antocianinas podem ser 
oxidadas por radicais livres, formando compostos menos reativos e mais estáveis, prevenindo, 
assim, danos causados por esses compostos. Por serem extremamente reativos e instáveis, os 
radicais livres participam de reações com substâncias químicas orgânicas e inorgânicas, 
podendo favorecer a peroxidação lipídica das membranas, modificações oxidativas das 
proteínas e lesões no ácido desoxirribonucléico (DNA). O poder antioxidante das antocianinas 
28 
 
se deve principalmente à deficiência de elétrons do núcleo flavilium e à presença de 
hidroxilas livres (SOOBRAATTE et al., 2005; WADA et al., 2007; OLSZEWER, 2008). 
 KUSKOSKI et al. (2004) ao determinarem a atividade antioxidante de pigmentos 
antociânicos, constataram atividade semelhante ou superior ao antioxidante sintético padrão 
Trolox. Dos pigmentos antociânicos estudados, delfinidina e cianidina 3-glicosídeo 
apresentaram atividade duas vezes superior ao Trolox, indicando que estes compostos 
possuem potente propriedade antioxidante. 
Pesquisas relatam o uso de antocianinas para controle de pressão arterial e diabetes, 
prevenção de hipercolesterolemia e propriedades antiinflamatórias (MACZ-POP et al., 2006; 
MURRAY, 1997; REYNERTSON et al., 2006) . Quin et al. (2009) ao avaliarem 120 
indivíduos (42 homens e 78 mulheres), com idade entre 40-65 anos portadores de dislipidemia 
que ingeriram 4 capsulas de 80 mg de antocianinas (58% delfinidina e 33% cianidina) 
extraídas de mirtilo (Vaccinium myrtillus) e groselha preta (Ribes Nigrum) durante 12 
semanas, observaram aumento do HDL-colesterol (13,7%), redução do LDL- colesterol 
(13,6%). 
Walace (2011) ao avaliar pacientes com doença cardiovascular observou que o 
consumo de antocianinas teve relação com a redução da isquemia, pressão sanguínea, nível de 
lipídeos plasmáticos e status inflamatório. Esses compostos também estão associados a 
proteção de alguns tipos de câncer por minimizar o dano ao DNA por meio da redução de 
fatores de iniciação tumoral, suprimindo a angiogênese e inibindo a progressão de estágios do 
tumor (MARTIN et al, 2013). 
Outras pesquisas corroboram com essas evidências ao relacionar as antocianinas com 
a prevenção de doenças degenerativas devido a suas propriedades antioxidantes. Já foram 
descritos estudos biológicos em laboratório indicando que antocianinas possuem um papel 
importante como protetor da oclusão de artérias cerebrais e da isquemia cerebral em ratos e 
promotor de apoptose em culturas com células leucêmicas (REYNERTSON et al., 2006; 
KANG et al., 2003; HOLLMAN & KATAN, 1999; SHIN et al., 2006; KATSUBE et al., 
2003; PALOMBINO, 2006). 
Dentre as antocianinas identificadas em amora-preta, incluem-se a cianidina-3-
glicosídeo (SERRAINO et al., 2003), cianidina-3-arabinosídeo, cianidina-3-galactosídeo, 
malvidina-3-glicosídeo, pelargonidina-3-glicosídeo, cianidina-3-xilosídeo, cianidina-3-
rutinosídeo, cianidina-malonoil-glicosídeo (FAN-CHIANG & WROLSTAD, 2005), 
29 
 
cianidina-dioxaloil-glicosídeo, peonidina-3-glicosídeo (SEERAM et al., 2006) e malvidina-
acetilglicosídeo (REYES-CARMONA et al., 2005). A cianidina-3-O-glicosídeo e a cianidina-
3-O-rutinosídeo (Figura 10) são descritas como as mais representativas no fruto, sendo a 
primeira a majoritária, correspondendo a aproximadamente 92,7% das antocianinas totais 
(FERREIRA, 2008). 
 
 Figura 10. Estrutura química da cianidina-3-O-glicosídeo e da cianidina-3-O-rutenosídeo 
 
A quantidade de antocianinas na amora-preta varia de acordo com a maturação das 
frutas. Estudos demonstram que seu conteúdo aumenta de 74,7 mg equivalente de cianidina-
3-glicosídeo/100 g peso úmido em frutos ainda verdes para 317 mg cianidina-3-glicosídeo 
/100 g peso úmido em frutos maduros (SIRIWOHARN & WROLSTAD, 2004). 
WANG & LIN (2000) ao estudarem frutos e folhas de amora-preta, framboesa e 
morango, observaram que os frutos maduros de framboesa preta e amora-preta constituem 
fonte rica em antocianinas (197,2 mg/100 g e 152,8 mg/100 g, respectivamente) quando 
comparados com frutos maduros de framboesa vermelha (68,0 mg/100 g) ou morango (31,9 
mg/100 g). 
Estudos realizados por Chim (2008) relatam teores de antocianinas totais na amora-
preta cultivar Tupy de 137,59 mg cianidina-3-glicosídio/100g fruta, valor semelhante ao 
encontrado por Jacques (2009) (140,73 mg cianidina-3-glicosídio/100g fruta). Os valores de 
antocianinas totais relatados para amora-preta cultivar Tupy cultivada na cidade Poços de 
Caldas/MG/Brasil, foram pouco inferiores, 116,76 mg cianidina-3-glicosídio.100g-1fruta, 
demonstrando a variabilidade em função do local de plantio (JACQUES & ZAMBIAZI, 
2011). 
30 
 
Segundo Ferreira (2008), o teor de antocianinas totais encontrados na amora preta foi 
igual a 104,1 ± 1,7 mg/100g de fruta. Já na polpa, Kuskoski et al. (2006) encontraram 41,8mg 
equivalente de cianidina-3-glucosídeo por 100g de antocianinas totais. 
Hassimoto et al. (2008) ao avaliarem cultivares de amoraspretas brasileiras 
encontraram teores de 116 a 194 mg de antocianinas/100 g, 123 a 233 mg de flavonoides 
totais/100 g e 373 a 499 mg de compostos fenólicos/100 g. 
Pesquisas têm demonstrado que o processamento, de forma geral, induz a redução no 
teor inicial de antocianinas. Na laboração de geleia de amora preta foi observada uma perda 
de antocianinas em média de 8,8 % em relação aos valores encontrados na polpa e o 
armazenamento desse produto à temperatura ambiente em recipientes de vidros transparentes 
resultou em perdas de 32 % do conteúdo de antocianinas nos primeiros 40 dias de estocagem 
e outros 11% nos 50 dias subsequentes (MOTA, 2006a). 
 Estudos realizados em suco de amora-preta também identificaram a redução de 
antocianinas após processamento. Mota (2006b) demonstrou que ocorreu uma redução de 
42% do teor inicial de antocianinas em suco obtido por extração através de vapor. 
 
3.3 Tecnologia de separação por membranas 
 
Durante a década de 70 surgiu o interesse nos processos de separação que utilizam 
membranas no intuito de buscar alternativa aos outros processos de separação existentes. A 
membrana é definida como uma barreira que separa duas fases e restringe, ou permite, a 
passagem de espécies de forma seletiva (HABERT et al., 2006; RAVANCHI et al., 2009). 
A utilização de processos de separação por membranas (PSM) compreendem o uso de 
membranas artificiais no intuito de fracionar os componentes de uma mistura em função de 
suas diferentes taxas de permeação. Nesses processos, a corrente de alimentação é fracionada 
em duas correntes distintas: o retido ou concentrado, que é a fração que não permeia a 
membrana e o permeado, que é a fração que a permeia, como exemplificado na Figura 11 
(HABERT et al., 2006). 
31 
 
 
Figura 11. Correntes envolvidas nos processos de separação por membranas. 
Os PSM necessitam de uma força motriz agindo sobre a membrana para que ocorra o 
transporte de uma espécie por meio da mesma. Essa força motriz pode ser o gradiente de 
potencial químico e/ou o gradiente de potencial elétrico. Em geral, os processos com 
membranas são atérmicos e, assim, o gradiente de potencial químico pode ser expresso, 
apenas em termos do gradiente de pressão e de concentração (HABERT et al., 2006). 
Os processos de separação que utilizam o gradiente de pressão como força motriz são 
empregados para concentrar, fracionar e purificar soluções diluídas ou dispersões coloidais 
(MULDER, 1991). Segundo WANG et al. (2005) as membranas que tem como força motriz 
o gradiente de pressão, são capazes de remover substâncias nas seguintes faixas de separação: 
 • Microfiltração: 0,1 a 10 µm; 
• Ultrafiltração: 0,001 a 0,1 µm; 
• Nanofiltração: moléculas de massa molar média, entre 500 e 2.000 Da; 
• Osmose inversa: moléculas solúveis (membrana densa) 
A Tabela 2 resume os PSM que utilizam gradiente de pressão como força motriz. 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
Tabela 2. Resumo dos PSM e aplicações. 
Processo Força motriz (ΔP) Material retido Aplicações 
Microfiltração 0,5-2 atm 
Material em suspensão, 
Bactérias 
Esterilização bacteriana, 
Concentração de células 
Ultrafiltração 1-7 atm 
Colóides, 
macromoléculas 
Recuperação de 
pigmentos e óleos 
Nanofiltração 5-25 atm 
Sais bivalentes solúveis e 
em suspensão 
Purificação de enzimas 
Osmose 
inversa 
15-80 atm 
Todo material solúvel em 
suspensão 
Dessalinização de águas, 
concentração de sucos de 
frutas 
Fonte: HABERT et al., 2006. 
 
Os PSM podem ser operados de forma clássica, ou seja, alimentando de modo frontal, 
denominado “dead-end”, ou tangencial “cross flow”. Na filtração convencional, a filtração é 
efetuada pela passagem de uma solução de alimentação em direção perpendicular ao meio 
filtrante, criando uma única corrente de saída e o soluto, ou os materiais em suspensão, são 
retidos, acumulando-se na superfície da membrana. Já na filtração tangencial a corrente de 
alimentação escoa paralelamente à superfície da membrana enquanto o permeado é 
transportado transversalmente à mesma, sendo o processo mais eficiente (HABERT et al, 
2006). 
A Figura 12 ilustra os dois modos de operação e suas respectivas características de 
escoamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 12. Esquema comparativo da filtração frontal e tangencial (Fonte: HABERT et al., 
2006). 
33 
 
3.3.1 Tipos de membranas 
 
As membranas atuam como barreiras que possibilitam a separação de duas fases e que 
restringem, total ou parcialmente, o transporte de uma ou várias espécies químicas presentes 
nessas fases (HABERT et al., 2006). A separação ocorre pela capacidade em transportar um 
componente mais rapidamente que os outros devido às diferenças de tamanho, forma ou 
estrutura química das moléculas presentes na mistura (MULDER, 1991). 
 Uma grande variedade de materiais pode ser usada na confecção de uma membrana. 
Todavia, a escolha do material a ser utilizado deve ser realizada de acordo com suas 
propriedades hidrofóbicas e hidrofílicas, resistência mecânica, química e térmica, capacidade 
de esterilização, estabilidade dimensional e custo (MULDER, 1991). 
 De acordo com Cheryan (1998), as membranas podem ser classificadas, 
principalmente, quanto à sua natureza, composição e estrutura morfológica. De acordo com 
sua natureza, elas podem ser classificadas como biológicas ou sintéticas, quanto à 
composição, podem ser orgânicas (poliméricas) ou inorgânicas (cerâmicas, metais e vidro). 
Em geral as membranas podem ser classificadas em duas grandes categorias: densas e 
porosas. Dentro da classificação densa e porosa as membranas são subclassificadas em 
isotrópicas (simétricas): quando possuem as mesmas características morfológicas ao longo de 
sua espessura e, anisotrópicas (assimétricas): quando apresentam gradiente de tamanho de 
poro em direção à superfície (MULDER, 1991). 
A Figura 13 ilustra as morfologias mais comuns observadas em membranas 
comerciais. 
 
34 
 
 
Figura 13. Representação da seção transversal das diferentes morfologias de membranas 
sintéticas (Fonte: HARBERT et al., 2006). 
 
 O transporte através da membrana é o resultado da atuação de uma força motriz sobre 
os componentes individuais da alimentação. A morfologia da membrana e a força motriz 
empregada no processo são parâmetros fundamentais para o mecanismo de transporte através 
da membrana, que pode ser difusivo ou convectivo. Em membranas porosas, se a força motriz 
for o gradiente de pressão, o fluxo permeado ocorre nos poros e o mecanismo é o convectivo, 
porém, se a força motriz for o gradiente de concentração das espécies, o fluxo do permeado 
será de natureza difusiva. Já em membranas densas, o fluxo de permeado é sempre de 
natureza difusiva independente do tipo de força motriz aplicada, já que a membrana não 
apresenta poros em sua interface (HABERT et al., 2006). 
 
3.3.2 Tipos de processos 
 
Os processos que utilizam a pressão como força motriz e membranas porosas são a 
microfiltração, ultrafiltração e nanofiltração, cujas principais diferenças são relativas ao 
tamanho médio dos poros da membrana, permitindo ou não a passagem de determinados 
componentes, conforme ilustrado na Figura 14 (MULDER, 1991). 
 
35 
 
 
Figura 14. Comparação entre os PSM em relação à pressão utilizada, tamanho dos poros e 
partículas retidas. 
 
O tamanho dos poros da membrana decresce na ordem dos processos de 
microfiltração, ultrafiltração e nanofiltração e, consequentemente a pressão exigida em cada 
operação é diferente, sendo maior quando a membrana tiver poros menores (MULDER, 
1991). 
O processo de microfiltração é um exemplo de aplicação da tecnologia de membranas 
comumente utilizado para a clarificação de sucos e possibilita a obtenção de um produto 
estéril pela remoção de microrganismos, sem a utilização do tratamento térmico, muitas vezes 
indesejado, por resultar em perdas na qualidade do produto(CARNEIRO et al., 2002). 
Outro processo que utiliza a pressão como força motriz é a osmose inversa, no qual 
são utilizadas membranas densas. Nesse processo se aplica, sobre uma solução, uma pressão 
hidráulica maior que sua pressão osmótica, o que permite a transferência do solvente da 
região mais concentrada para a menos concentrada, o que promove a pré-concentração de 
sucos a temperatura ambiente (SÁ et al., 2003). 
Outra técnica de separação por membranas bastante interessante para a concentração 
de sucos de frutas por ser realizada sob condições amenas de pressão e temperatura é a 
evaporação osmótica, a qual é capaz de remover a água de uma solução através da diferença 
de concentração entre a solução a ser concentrada e uma solução concentrada. Nesse processo 
MM: massa molecular 
36 
 
são utilizadas membranas microporosas hidrofóbicas cujos lados estão em contato com os 
líquidos de concentrações diferentes, um deles contendo a solução aquosa diluída (suco de 
fruta) e o outro a solução concentrada, geralmente salmoura. A água do suco atravessa a 
membrana para o lado da salmoura e a membrana restringe a passagem da salmoura para o 
suco e de outros constituintes do suco para a salmoura, o que possibilita obter sucos 
concentrados que podem atingir cerca de 60º Brix (COUREL et al., 2000; RODRIGUES et 
al., 2004). 
 
3.3.3 Vantagens e limitações do uso de PSM 
 
 A possibilidade de integração a outros processos de separação, a simplicidade de 
operação, o fácil escalonamento e as condições brandas de separação são as principais 
vantagens em utilizar os processos de separação por membranas. Em geral, os processos com 
membranas ocorrem à temperatura ambiente sem que haja mudança de fase ou utilização de 
calor, assim, garantem menor impacto nas propriedades sensoriais, nutricionais e funcionais 
dos produtos, além de representar uma economia nos custos energéticos envolvidos no 
processo (MULDER, 1991). 
 Todavia, algumas desvantagens dos processos de separação por membranas podem ser 
citadas, tais como: a baixa vida útil da membrana associada ao custo de sua reposição e a 
redução no fluxo de permeado ao longo do processo (MULDER, 1991). 
A redução do fluxo permeado das membranas é causada principalmente por dois 
fenômenos: a polarização de concentração e a incrustação, que pode ser o resultado da 
formação de camada gel ou torta, além de outros solutos adsorvidos na superfície das 
membranas (HABERT et al., 2006). 
 O aumento da concentração da alimentação na superfície da membrana causa a 
polarização da concentração. Por meio do transporte conectivo e devido à pressão, 
componentes sólidos da alimentação são arrastados para a superfície da membrana, sendo 
parcialmente ou totalmente rejeitados e, assim, tendem a se concentrar na interface, formando 
um gradiente de concentração. Simultaneamente, há um contra-fluxo difusivo de solutos em 
direção à alimentação, devido à diferença de concentração, fenômeno que se estabelece 
rapidamente, provocando uma queda acentuada do fluxo permeado no início da permeação 
(CHERYAN, 1998). 
37 
 
O conjunto de fenômenos capazes de provocar queda no desempenho da membrana 
com o tempo, quando se trabalha com solução ou suspensão é denominado “fouling”, onde os 
solutos presentes em soluções de macromoléculas ou de suspensões coloidais penetram na 
superfície interna dos poros da membrana e também pode ocorrer adsorção de moléculas no 
material da membrana, promovendo a diminuição no fluxo do solvente e alterando as 
características de retenção. Esse fenômeno está relacionado com as características da 
membrana e interações soluto-soluto e soluto-membrana e provoca um declínio irreversível 
no fluxo de permeado, que pode ser recuperado com a limpeza química da membrana 
(CHERYAN, 1998). 
 
3.3.4 Aplicações dos PSM na clarificação e concentração de sucos de fruta 
 
O uso do processo de microfiltração com o intuito de clarificar o suco de maçã é um 
exemplo do emprego de PSM que vem sendo realizado em escala industrial (GIRARD; 
FUKUMOTO, 2000). 
Outro fruto sobre o qual estudos de microfiltração foram realizados é o suco de açaí 
diluído e refinado. Fontes & Caminoto (2007), ao avaliarem a retenção de fibras e 
antocianinas, obtiveram baixa produtividade, em termos de fluxo permeado, possivelmente 
devido ao tamanho de poro utilizado (0,2 e 0,6 µm) no processamento. 
Além da clarificação, o uso de osmose inversa para realizar a pré-concentração de 
suco de frutas é outro exemplo de aplicação da tecnologia de membranas. Ao concentrar suco 
de uva tinto por essa técnica, utilizando as temperaturas de 50, 30 e 20 ºC e pressão de 60 bar, 
Santana (2009) obteve fluxos permeados iniciais foram 27,9 (50 ºC), 20,4 (30 ºC) e 16,3 
Lh/m
2
 (20 ºC). Nesse estudo, o teor de sólidos solúveis, compostos fenólicos, antocianinas 
totais e monoméricas e a atividade antioxidante aumentaram, nos sucos concentrados, 
proporcionalmente ao fator de concentração volumétrica do processo (2,0). 
Ao utilizar um módulo de osmose inversa do tipo quadro e placas em vários binômios 
pressão/temperatura, Gurak et al. (2010) observaram que o processo realizado a pressão de 60 
bar e temperatura de 20 °C foi o mais adequado para obter um suco de uva concentrado com 
melhor qualidade nutricional. Nesse processo o fluxo médio permeado foi de 20,38 Lh/m
-2
, o 
teor de sólidos solúveis inicial de 14,3°Brix e final igual a 28,2°Brix, com aumento do teor de 
compostos fenólicos, antocianinas e capacidade antioxidante no suco concentrado. 
38 
 
Gomes (2009) ao concentrar suco de melancia utilizando microfiltração combinada 
com osmose inversa observou que a integração desses processos foi eficaz na concentração do 
referido suco, no aumento do teor de licopeno e da capacidade antioxidante, preservando a 
qualidade físico-química sem alteração dos atributos sensoriais. 
Uma alternativa aos processos de concentração de sucos de frutas que utilizam o calor 
é a integração de PSM como a evaporação osmótica em conjunto com a microfiltração e a 
osmose inversa, ou mesmo a ultrafiltração e osmose inversa, visto que esses processos 
conseguem atingir teores de sólidos solúveis semelhante aos processos de concentração que 
usam o calor, além de favorecer a manutenção da cor do produto final, sem adição de corantes 
(GALAVERNA, 2008). 
Ao clarificar sucos de frutas vermelhas, Koronai et al. (2008) realizaram a 
ultrafiltração com o uso de um módulo de membranas cilíndrico composto de membranas de 
poliétersulfona e concentraram o suco clarificado por meio de um sistema de evaporação 
osmótica utilizando membranas de polipropileno com porosidade de 0,2µm, utilizando como 
solução de extração cloreto de cálcio 6M. Neste trabalho, o teor de sólidos solúveis inicial foi 
de 8 e final 65°Brix, sendo a capacidade antioxidante estável ao final do processo. 
No suco de groselha, Bánvölgyi et al. (2009) aplicaram a integração dos processos de 
ultrafiltração e osmose inversa, sendo o suco submetido a um tratamento enzimático prévio, 
clarificado e concentrado em um módulo de osmose inversa composto por membranas de 
poliamida, com rejeição ao sal e área de permeação de 0,18m
2
, a 30°C e 50 bar, aquele com 
maior aumento no teor de sólidos solúveis, passando de 11 °Brix no suco clarificado, para 
26°Brix no concentrado, com um alto teor de compostos fenólicos e alta capacidade 
antioxidante. 
Outro suco concentrado pela integração dos processos de ultrafiltração e evaporação 
osmótica por Cassano et al. (2011) foi o suco de romã, utilizando-se para a clarificação um 
sistema de membranas de escala laboratorial composto de membranas de fibra oca, pressão de 
0,96 bar a 25°C e para a concentração um sistema de evaporação osmótica de escala industrial 
composto por membranas microporosas de fibra oca de polipropileno, de diâmetro igual a 
0,2µm, pressão 0,4 bar a 25°C. Nesse trabalho,o teor de sólidos solúveis do suco passou de 
16,6 °Brix (suco clarificado), para 52 °Brix (suco concentrado), observando-se a preservação 
das antocianinas no produto final. 
 
39 
 
3.4 Bioacessibilidade 
 
A alimentação fornece, além dos macro e micronutrientes essenciais, alguns 
compostos químicos, denominados compostos bioativos ou fitoquímicos, geralmente 
presentes em vegetais, que exercem efeitos benéficos à saúde humana (CARRATU & 
SANZINI, 2005). 
Para que compostos bioativos presente nos alimentos tenham atividade biológica em 
tecidos e células diferentes do aparelho digestivo, é necessário que resistam ao processo de 
digestão gastrointestinal, sejam absorvidos e não sejam biotransformados em metabolitos sem 
atividade biológica. Sendo assim, além de conhecer o teor desses compostos presentes no 
alimento é importante determinar a fração destes que é libertada da matriz do alimento e que 
fica realmente disponível para ser absorvida, ou seja, a sua bioacessibilidade (HOLST & 
WILLIAMSON, 2008). 
Muitas vezes os termos bioacessibilidade e biodisponibilidade são utilizados 
indistintamente, mas é interessante salientar que a biodisponibilidade é um conceito mais 
amplo, visto que para avalia-la é necessário considerar alguns processos fisiológicos normais, 
tais como: a liberação, a absorção, a distribuição, o metabolismo e a excreção (COZZOLINO, 
2005). 
A liberação é a etapa que torna um composto disponível para absorção, por liberá-lo 
da matriz do alimento, ou seja, corresponde à bioacessibilidade. Já a absorção diz respeito ao 
movimento do composto do lúmen digestivo para a circulação sanguínea. A distribuição é a 
etapa onde os compostos são difundidos ou transferidos do espaço intravascular para o extra 
vascular e o metabolismo compreende a conversão ou transformação química de um 
composto às suas respectivas formas mais eletrofílicas. A última etapa compreende a excreção 
dos compostos não modificados ou de seus metabólitos conjugados, pelas vias renal, biliar ou 
pulmonar (HOLST & WILLIAMSON, 2008). 
Diversos fatores influenciam a biodisponibilidade dos compostos químicos. Alguns 
fatores são inerentes do próprio composto como sua estrutura química ou o seu grau de 
ionização e outros que não estão diretamente relacionados com o composto em si, tais como: 
a complexidade da matriz do alimento onde o composto se insere, o tipo e quantidade dos 
outros compostos ingeridos ou o maior ou menor tempo do esvaziamento gástrico ou de 
trânsito intestinal (HOLST & WILLIAMSON, 2008). 
40 
 
Segundo Manach et al. (2004), a absorção digestiva dos polifenóis e o comportamento 
fisiológico dos polifenóis dietéticos depende de sua absorção intestinal e suas subsequentes 
interações com tecidos alvos, no entanto os mecanismos de absorção gastrintestinal de 
polifenóis ainda não foram totalmente elucidados 
 
3.4.1 Digestão in vitro 
 
Para realização do método de digestão in vitro é necessário compreender a fisiologia 
do trato digestivo humano, que é formado pelo tubo digestivo, que se estende desde a boca até 
o ânus, e pelas glândulas anexas, que segregam fluidos para o tubo digestivo. Sendo assim, o 
tubo digestivo divide-se em: boca ou cavidade oral, faringe, esófago, estômago e intestino 
delgado (constituído pelo duodeno, jejuno e ílio). Quanto às glândulas anexas englobam as 
glândulas salivares, amígdalas, glândulas tubulares, fígado, pâncreas e vesícula biliar 
(SEELEY et al, 2005). 
Durante a digestão ocorre um conjunto de transformações físico-químicas para que os 
alimentos ingeridos sejam convertidos em compostos de dimensões menores e sejam mais 
facilmente absorvidos para a circulação. Nesse processo há a atuação de enzimas digestivas 
capazes de clivar ligações químicas das moléculas orgânicas, que compreende a digestão 
química, e o fraccionamento das partículas alimentares através da contração muscular do trato 
gastrointestinal, que corresponde a digestão mecânica (GROPPER et al, 2005; SEELEY et al, 
2005; FERRUA & SINGH, 2010). 
O início da digestão é na boca, onde os alimentos são triturados e misturados com a 
saliva formando o bolo alimentar. Essa etapa é curta, com duração de poucos segundos a 
alguns minutos. A saliva apresenta um pH entre 6,4 e 7,5, o que favorece a ação da principal 
enzima da saliva que é a amilase salivar, cuja principal função é catalisar a hidrólise de 
polissacarídeos, como amido, glicogénio e seus derivados (KOHLMEIER, 2003). 
Da boca, o bolo alimentar passa pelo esófago e atinge o estômago, onde as glândulas 
presentes nas paredes do estômago secretam suco gástrico que se mistura com o bolo 
alimentar, formando o quimo. O suco gástrico é composto por água, sais inorgânicos, ácido 
clorídrico e por diversas enzimas gástricas, tais como a pepsina, a lipase gástrica e a amilase 
gástrica. O ácido clorídrico é essencial por manter o pH ótimo para a desnaturação de 
proteínas, além de ativar a conversão do pepsinogénio (inativo) em pepsina, a principal 
41 
 
enzima proteolítica do suco gástrico, cujo pH ótimo de atuação é próximo de 2, com redução 
da sua atividade em pH superior a 5 e desnaturação a pH superior a 7 (GROPPER et al, 
2005). 
Por meio dos movimentos peristálticos, o quimo passa do estômago para o intestino 
delgado através do piloro, sendo o esvaziamento gástrico progressivo e dependente de sua 
composição e consistência (SEELEY et al, 2005). 
No intestino delgado, as secreções produzidas pelo pâncreas e fígado têm um papel 
fundamental na digestão. O suco pancreático contém água, bicarbonato e diversas enzimas 
como a amilase pancreática, tripsina, quimotripsina e lipase pancreática. Ele apresenta um pH 
entre 7,8 e 8,2, devido ao elevado teor de bicarbonato que neutraliza a acidez do quimo. Já a 
bile, fluido produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar, não apresenta enzimas, 
sendo composta por sais biliares, que têm como funções a emulsificação de lipídeos, de modo 
a facilitar a posterior ação das lipases e a solubilização dos produtos finais da digestão 
lipídica, auxiliando assim a sua absorção pela mucosa intestinal (SEELEY et al, 2005; 
GROPPER et al, 2005). 
Ao passar pelo intestino os componentes dos alimentos vão sendo absorvidos, seja por 
processo de difusão passiva, transporte ativo ou passivo utilizando transportadores ou 
pinocitose. Os compostos que não foram absorvidos ao longo do intestino delgado acabam 
por chegar ao cólon onde podem sofrer a ação da flora intestinal e onde ainda podem ser 
absorvidos. Após a absorção de água e eletrólitos, os resíduos da digestão passam para o reto 
até serem eliminados ao passar pelo ânus por meio das fezes (WILLIAMSON & MANACH, 
2005; KOHLMEIER, 2003). 
A partir do conhecimento da fisiologia digestiva humana modelos de digestão in vitro 
foram desenvolvidos com o objetivo de estudar, através da simulação das condições 
gastrointestinais, as alterações estruturais, a digestibilidade e a liberação de compostos 
presentes nos alimentos. Em geral, esses modelos envolvem uma digestão com pepsina 
gástrica em pH ácido, seguida de uma digestão com pancreatina e sais biliares sob condições 
ligeiramente alcalinas. O tempo de digestão e a temperatura de 37ºC utilizada nos modelos de 
digestão in vitro devem mimetizar o organismo in vivo (HUR et al., 2011). 
Pesquisas com métodos de digestão in vitro para avaliar compostos bioativos têm sido 
realizadas. Gião et al. (2012) verificaram que os compostos antioxidantes podem ou não ser 
afetados pela simulação in vitro da digestão gastrointestinal, ao observarem que as catequinas 
42 
 
resistiram ao processo digestivo, enquanto que os ácidos rosmarínico e o clorogénico 
sofreram perdas acentuadas ao longo da digestão. No trabalho de Porfírio et al. (2010) foi 
observado que a simulação da digestão gástrica não promoveu redução da atividade 
antioxidante de infusões de boldo-de-jardim (Plectranthusbarbatus), porém essa propriedade 
reduziu-se em torno de 50% após a digestão pancreática. 
Vallejo et al. (2004) ao avaliarem as inflorescências de brócolis, observaram que os 
flavonoides podem ser afetados pelas condições gastrointestinais. Em testes in vitro com 
extratos de amoras foi verificado que, embora tenha ocorrido redução do teor em 
antocianidinas após digestão intestinal, a atividade antioxidante permanece elevada, o que 
sugere que os compostos fenólicos gerados a partir da degradação das antocianidinas no 
intestino ainda possuam atividade antioxidante (LIANG et al., 2012). 
Desde a década de 90 relacionam-se dietas com altos teores de antocianinas com 
aspectos biológicos, porém a atividade biológica in vivo não era fundamentada. Para atingir 
um efeito biológico em um determinado órgão ou tecido, exceto o trato gastrointestinal, os 
componentes bioativos além de estarem disponíveis na dieta, precisam ser liberados, 
absorvidos, distribuídos e metabolizados. Em relação às antocianinas pesquisas com seres 
humanos evidenciaram que elas aparecem no plasma sanguíneo, em níveis 
farmacologicamente ativos, depois de uma alimentação rica em frutas e legumes (EIBOND et 
al., 2004; CAO et al., 1998). 
Segundo Talavera et al.(2005) as antocianinas presentes nos extratos de amora-preta 
são absorvidas pelo intestino delgado, metabolizadas, distribuídas nos tecido e excretadas na 
bile e urina na forma intacta, metiladas e/ou glicuronizadas. Netzel et al. (2002) demonstrou 
que após a ingestão de suco com amora preta houve aumento de 30% da capacidade 
antioxidante do plasma. 
 
3.5 Análise sensorial 
 
A análise sensorial é uma disciplina científica usada para evocar, medir, analisar e 
interpretar reações das características dos alimentos e materiais como são percebidas pelos 
sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição (BARBOZA et al., 2003). 
Essa ciência é aplicada no desenvolvimento e melhoramento de produtos, controle de 
qualidade, estudos sobre armazenamento e desenvolvimento de processos. Ela também é 
43 
 
utilizada em alimentação coletiva na avaliação de preparações alimentares e auxilia o 
desenvolvimento de novos produtos, sendo realizado para observar a opinião do consumidor, 
do público-alvo, através de um método que privilegie sua opinião na avaliação do produto, 
para que a elaboração do mesmo seja bem aceito (DUTCOSKY, 2007). 
A forma de definir atributos sensoriais é descrever os componentes relativos às 
propriedades dos produtos, como a aparência, odor e aroma, textura, sabor entre outros 
(LANZILLOTTI e LANZILLOTTI, 1999). Os provadores dão suas opiniões em cabines 
individuais, onde recebem o produto a ser analisado, usando metodologia científica, 
acompanhado de um formulário com perguntas pré-definidas para determinação dos 
resultados (IAL, 2005; DELLA LUCIA et al., 2006). 
Os fatores que influenciam o julgador na análise sensorial são atitude e personalidade 
do julgador; fatores fisiológicos; e por fim, fatores psicológicos. Portanto, há vários elementos 
que afetam diretamente a avaliação sensorial de um produto. Por isso é necessário planejar e 
realizar o estudo com cautela, percebendo o momento certo de contornar certos problemas 
que podem surgir (DELLA LUCIA et al., 2006). 
Segundo SBRT 2006, dentre os métodos de análises sensoriais mais utilizados, 
destacam-se: 
- Método Sensorial Descritivo: São organizadas equipes treinadas de provadores e essa 
técnica permite avaliar a intensidade da qualidade sensorial dos produtos. Dentro deste 
método emprega-se a Análise Descritiva Quantitativa (ADQ). 
- Método Sensorial Discriminativo: Este método pode avaliar de cinco maneiras 
diferentes. Nele são avaliadas as diferenças sensoriais entre dois produtos ou mais. Dentre as 
técnicas utilizadas para se avaliar através deste método, estão: o Teste Duo-Trio, o qual 
determina diferença entre um padrão e uma amostra; a Comparação Pareada, a qual determina 
uma qualidade sensorial e analisa se há diferença entre duas amostras; o Teste Triangular que 
analisa se houve mudança entre duas amostras que sofreram processos diferentes; o Teste de 
Ordenação, o qual faz comparações entre várias amostras para verificar se há diferença entre 
elas; e o Teste de Comparação Múltipla, que analisa o grau de diferença entre muitas amostras 
e uma amostra padrão. 
- Método Sensorial Afetivo: Neste método tem-se como objetivo avaliar a preferência 
e consequentemente, a aceitação dos consumidores por um ou mais produtos. Através deste 
método podem-se realizar dois tipos de testes. O primeiro é o Teste de Preferência que avalia 
44 
 
o grau de preferência entre um produto relacionado a outro produto. Já o segundo, que é o 
Teste de Aceitação, analisa o grau de aceitação ou não do produto, ou seja, o quanto o 
provador gosta ou desgosta de um produto. 
Entre os métodos afetivos de aceitação utilizados encontra-se o teste de aceitação com 
escala hedônica, o qual consiste na avaliação de um produto a partir de uma escala gradativa 
com pontos que representam psicologicamente a aceitação do provador (SOUZA, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
4 MATERIAL E MÉTODOS 
 
 Para a realização deste trabalho foram realizados os processamentos descritos no 
fluxograma (Figura 15). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15. Fluxograma do processamento de suco de amora preta. 
 
 
 
 
Amora preta 
congelada 
Descongelamento 
Despolpamento 
Centrifugação 
Casca e 
semente 
Suco integral 
Tratamento 
enzimático 
Microfiltração 
Clarificado 
Osmose inversa 
Permeado 
Suco pré-
concentrado 
Evaporação 
osmótica 
Suco 
concentrado 
Retido 
Osmose 
inversa 
Suco pré-
concentrado 
Evaporação 
osmótica 
Suco 
concentrado 
Permeado 
Pasteurização 
Suco 
pasteurizado 
 
46 
 
4.1 Material 
 
Para realização dos experimentos utilizou-se amora-preta (Rubus spp.), variedade 
Tupy que foi adquirida congelada, em embalagens de 1 kg, diretamente da empresa DeMarchi 
(Rio de Janeiro, RJ), conforme ilustrado na Figura 16. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 16. Frutos de amora preta. 
 
 
4.2 Obtenção da polpa de amora preta 
 
Os frutos foram despolpados com o auxílio de uma despolpadeira horizontal equipada 
com uma peneira de 0,6 mm de diâmetro (Figura 17). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17. Despolpamento da amora preta. 
47 
 
Para padronização do teor de sólidos em suspensão, o suco obtido foi centrifugado a 
2000 g por 15 minutos em uma centrífuga (Figura 18). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 18. Centrifugação do suco de amora preta integral. 
 
4.3 Pasteurização 
A pasteurização foi realizada em um trocador de calor de superfície raspada (Figura 
19) seguindo um planejamento fatorial completo 2
2
, com três repetições no ponto central na 
faixa de 65 a 85 °C e 10 a 30 s, conforme descrito na Tabela 3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 19. Trocador de calor de superfície raspada Armfield. 
48 
 
Tabela 3. Delineamento completo do desenho experimental. 
 
 
 
 
 
 
 
x1= Temperatura (ºC); x2= Tempo(s) 
 
4.4 Tratamento enzimático 
 
 Antes de iniciar os processos de separação por membranas, o suco centrifugado (não 
pasteurizado) foi aquecido em banho termostático (modelo Rheotherm 115 da Contraves® - 
Malaca, Malásia) até atingir a temperatura do processo (35 ºC). Para reduzir a viscosidade do 
suco e, consequentemente, aumentar o fluxo permeado, como observado em testes 
preliminares, realizou-se a hidrólise enzimática, adicionando-se a enzima Rapidase® TF da 
DSM Food Specialities (Delft, Holanda), que apresenta atividade de pectinase e hemicelulase, 
na concentração de 0,4g/Kg de suco com atividade enzimática igual a 950,53 UI/mL, a 35ºC 
por 30 minutos, melhor condição obtida por Santiago (2010). 
 
4.5 Microfiltração 
 
Para a realização da microfiltração

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