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AÇÃO-PENAL-E-PROCESSUAL-DIAGRAMADA

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Ação Penal 
e Processual 
 
 02 
 
 
 
1. Da Prisão 5 
Conceito de Prisão 5 
Prisão em Domicílio 6 
Mandado de Prisão 7 
Custódia 8 
Prisão Fora do Território do Juiz 8 
Prisão em Perseguição 8 
Prisão Especial 9 
Prisão Provisória Domiciliar 10 
 
2. Prisões Cautelares 12 
Prisão em Flagrante 12 
Espécies de Flagrante 12 
Flagrante nas Várias Espécies de Crimes 14 
Formalidades do Auto de Prisão em Flagrante 15 
Prisão Preventiva 16 
Conceito 16 
Requisitos e Pressupostos Legais para 
a Prisão Preventiva 17 
Momento para a Decretação da Prisão Preventiva 18 
Admissibilidade da Prisão Preventiva 18 
Proibição 19 
Necessidade de Fundamentação 19 
Revogação 19 
Legitimidade para Requerer 20 
Prisão Temporária 20 
Previsão Legal 20 
A Prisão Temporária e os Crimes Hediondos 21 
Prisão por Pronúncia e por Sentença 
Penal Condenatória Recorrível 22 
 
 
 
 
 
 
 3 
 
 
 
3. Liberdade Provisória 25 
Conceito 25 
Espécies 25 
Conceito de Fiança 26 
Valor da Fiança 26 
Modalidades de Fiança 27 
Competência 27 
Recurso 27 
Oportunidade para Sua Concessão 28 
Recusa ou Demora na Concessão 28 
Restituição da Fiança 28 
Cassação 28 
Reforço de Fiança 29 
Quebramento de Fiança 29 
Perda Total da Fiança 30 
 
4. Referências Bibliográficas 32 
 
 
 04 
 
 
 
 
 
 5 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
1. Da Prisão 
 
 
Fonte: Ciências Criminais1 
 
Conceito de Prisão 
 
a privação da liberdade de lo-
comoção determinada por or-
dem escrita da autoridade compe-
tente ou em caso de flagrante delito. 
Espécies de prisão: 
Prisão-pena ou prisão penal: é 
a que resulta de condenação transi-
tada em julgado, na qual foi imposta 
pena privativa de liberdade. Tem fi-
nalidade repressiva. 
Prisão processual penal: tam-
bém denominada prisão cautelar ou 
prisão provisória, subdivide-se em 
três modalidades: 
 Prisão em flagrante (CPP arts. 
301 a 310); 
 
1 Retirado em https://canalcienciascriminais.com.br/ 
 Prisão preventiva (CPP, arts. 
311 a 318); 
 Prisão temporária (Lei n. 
7.960, de 21-12-1989). 
 
Prisão civil: é a decretada em ca-
sos de devedor de alimentos (art. 5º, 
LXVII). 
Prisão disciplinar: permitida pe-
la Constituição para o caso de trans-
gressões militares e crimes militares 
(CF, art. 5º, LXI). 
Obs: A prisão administrativa foi 
abolida pela nova ordem constituci-
onal. 
 
A prisão para averiguação, que 
é a privação momentânea da li-
berdade, fora das hipóteses de 
 
E 
 
 
6 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
flagrante e sem ordem escrita 
do juiz competente, além de in-
constitucional, configura crime 
de abuso de autoridade (Lei. n. 
13.869/2019, art. 9º). 
 
Art. 282. A exceção do fla-
grante delito, a prisão não poderá 
efetuar-se senão em virtude de pro-
núncia ou nos casos determinados 
em lei, e mediante ordem escrita da 
autoridade competente. 
As hipóteses de prisão proces-
sual, que é a que nos interessa espe-
cialmente no presente estudo, são as 
seguintes: 
 A prisão em flagrante; 
 A prisão preventiva; 
 A prisão temporária; 
 
A prisão processual tem natu-
reza cautelar, ou seja, visa a proteção 
dos bens jurídicos envolvidos no 
processo ou que o processo pode, hi-
poteticamente, assegurar. 
 Isso significa que precisam es-
tar presentes os pressupostos das 
medidas cautelares, que são o fumus 
boni iuris e o periculum in mora. O 
fumus boni iuris é a probabilidade 
de a ordem jurídica amparar o di-
reito que, por essa razão, merece ser 
protegido. O periculum in mora é o 
risco de perecer que corre o direito 
se a medida não for tomada para 
preservá-lo. 
O primeiro princípio que rege 
a prisão processual informa que: a 
prisão não se mantém nem se decre-
ta se não houver perigo à aplicação 
da lei penal, perigo à ordem pública 
ou necessidade para a instrução cri-
minal. 
O segundo princípio é o de que 
a prisão deve ser necessária para que 
se alcance um daqueles objetivos. 
Não pode caber qualquer critério de 
oportunidade ou conveniência; o 
critério é de legalidade e de adequa-
ção a uma das hipóteses legais. 
O terceiro princípio é o de que 
os fundamentos da prisão proces-
sual podem suceder-se, mas não se 
cumulam. Assim, se a prisão em fla-
grante é válida, não se decreta, sobre 
ela, a preventiva. Esta ou aquela, por 
sua vez, são substituídas pela prisão 
por pronúncia ou por sentença con-
denatória recorrível. 
 
Prisão em Domicílio 
 
Art. 283. § 2º A prisão poderá 
ser efetuada em qualquer dia e a 
qualquer hora, respeitadas as restri-
ções relativas à inviolabilidade do 
domicílio. 
A Constituição Federal dispõe, 
no seu art. 5º, XI, que “a casa é o 
asilo inviolável do indivíduo, nin-
guém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo 
em caso de flagrante delito ou desas-
tre, ou para prestar socorro, ou du-
 
 
7 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
rante o dia, por determinação judi-
cial” Com isso, temos duas situações 
distintas - a violação do domicílio à 
noite e durante o dia: 
Durante a noite: somente se 
pode penetrar no domicílio alheio 
em quatro hipóteses: 
 Com o consentimento do mo-
rador; 
 Em caso de flagrante delito; 
 Desastre; ou 
 Para prestar socorro. 
 
Durante o dia, cinco são as hi-
póteses: 
 Consentimento do morador; 
 Flagrante delito; 
 Desastre; 
 Para prestar socorro; ou 
 Mediante mandado judicial de 
prisão ou de busca e apreen-
são. 
 
Assim, havendo mandado de 
prisão, a captura, no interior do do-
micílio, somente pode ser efetuada 
durante o dia (das 6 às 18 horas), 
dispensando-se, nesse caso, o con-
sentimento do morador. 
Durante a noite, na oposição 
do morador ou da pessoa a ser preso, 
o executor não poderá invadir a 
casa, devendo aguardar que ama-
nheça para dar cumprimento ao 
mandado, sob pena de, ao violar, es-
tar caracterizado o crime de abuso 
de autoridade, conforme Lei n. 13. 
869/2019, art. 22, III). 
Mandado de Prisão 
 
Salvo o caso de flagrante, a pri-
são sempre se efetiva com mandado 
escrito da autoridade judicial, repre-
sentado por um instrumento que 
corporifica a ordem judicial compe-
tente. 
Art. 285. “A autoridade que or-
denar a prisão fará expedir o respec-
tivo mandado”. 
Requisitos do mandado de pri-
são: 
 Deve ser lavrado pelo escrivão 
e assinado pela autoridade 
competente; 
 Deve designar a pessoa que ti-
ver de ser presa, por seu nome, 
alcunha ou sinais característi-
cos; 
 Deve conter a infração penal 
que motivou a prisão (a cf 
exige que a ordem seja funda-
mentada - art. 5º, lxi); 
 Deve indicar qual o agente en-
carregado de seu cumprimen-
to (oficial de justiça ou agente 
da polícia judiciária). 
 
Cumprimento do mandado: 
 A prisão poderá ser efetuada a 
qualquer dia e a qualquer ho-
ra, inclusive domingos e feria-
dos, e mesmo durante a noite, 
respeitada apenas a inviolabi-
lidade do domicílio acima 
mencionada (CPP, art. 283); 
 O executor entregará ao preso, 
logo depois da prisão, cópia do 
mandado, a fim de que o mes-
 
 
8 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
mo tome conhecimento do 
motivo pelo qual está sendo 
preso, conforme art. 286, do 
CPP); 
 O preso será informado de 
seus direitos, entre os quais o 
de permanecer calado, sendo-
lhe assegurada à assistência da 
família e de advogado (CF, art. 
5º, LXIII); 
 O preso tem direito à identifi-
cação dos responsáveis por 
sua prisão ou por seu interro-
gatório extrajudicial (CF, art. 
5º, LXIV); 
 A prisão, excepcionalmente, 
pode ser efetuada sem a apre-
sentação do mandado, desde 
que o preso seja imediatamen-
te apresentado ao juiz que de-
terminou sua expedição, con-
forme art. 287 do CPP). 
 Não é permitida a prisão de 
eleitor, desde 5 dias antes até 
48 horas depois da eleição, 
salvo flagrante delito ou em 
virtude de sentença penal con-
denatória (art. 236, caput, do 
Código Eleitoral). 
 
Custódia 
 
Art. 288. Ninguém será reco-
lhido à prisão, sem que sejaexibido 
o mandado ao respectivo diretor ou 
carcereiro, a quem será entregue có-
pia assinada pelo executor ou apre-
sentada à guia expedida pela autori-
dade competente, devendo ser pas-
sado recibo da entrega do preso, 
com declaração de dia e hora. 
A custódia, sem a observância 
dessas formalidades, constitui crime 
de abuso de autoridade (Lei n. 13. 
869/2019, art. 9). No caso de custó-
dia em penitenciária, há necessidade 
de expedição de guia de recolhimen-
to, nos termos dos arts. 105 e 106 da 
Lei de Execução Penal. 
 
Prisão Fora do Território do 
Juiz 
 
Art. 289. Quando o réu estiver 
no território nacional, em lugar es-
tranho ao da jurisdição, será depre-
cada a sua prisão, devendo constar 
da precatória o inteiro teor do man-
dado. 
Parágrafo único. Havendo ur-
gência, o juiz poderá requisitar a pri-
são por qualquer meio de comunica-
ção, do qual deverá constar o motivo 
da prisão, bem como o valor da fi-
ança se arbitrada. 
 
Prisão em Perseguição 
 
Art. 290. Se o réu, sendo per-
seguido, passar ao território de ou-
tro município ou comarca, o execu-
tor poderá efetuar lhe a prisão no lu-
gar onde o alcançar, apresentando-o 
imediatamente à autoridade local, 
depois de lavrado, se for o caso, o au-
to de flagrante, providenciará para a 
remoção do preso. 
 
 
 
9 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Parágrafo 1º - Entender-se-á 
que o executor vai à perseguição do 
réu, quando: 
 Tendo-o avistado, for perse-
guindo sem interrupção, em-
bora depois o tenha perdido de 
vista; 
 Sabendo, por indícios ou in-
formações fidedignas, que o 
réu tenha passado, há pouco 
tempo, em tal ou qual direção, 
pelo lugar em que o procure, 
for ao seu encalço. 
 
Parágrafo 2º - Quando as au-
toridades locais tiverem fundadas 
razões para duvidar da legitimidade 
da pessoa do executor ou da legali-
dade do mandado que apresentar, 
poderão pôr em custódia o réu, até 
que fique esclarecida a dúvida. 
Nesta hipótese, contanto que a 
perseguição não seja interrompida, 
o executor poderá efetuar a prisão 
onde quer que alcance o capturando, 
desde que dentro do território naci-
onal. 
 
Prisão Especial 
 
Art. 295. Serão recolhidos a 
quartéis ou a prisão especial, à dis-
posição da autoridade competente, 
quando sujeitos a prisão antes de 
condenação definitiva: 
I. Os ministros de Estado; 
II. Os governadores ou interven-
tores de Estados ou Territórios, o 
prefeito do Distrito Federal, seus 
respectivos secretários, os prefei-
tos municipais, os vereadores e os 
chefes de Polícia. 
III. Os membros do Parlamento 
Nacional, do Conselho de Econo-
mia Nacional e das Assembleias 
Legislativas dos Estados; 
IV. Os cidadãos inscritos no “Li-
vro de Mérito”; 
V. Os oficiais das Forças Arma-
das e os militares dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Territórios; 
VI. Os magistrados; 
VII. Os diplomados por qualquer 
das faculdades superiores da Re-
pública; 
VIII. Os ministros de confissão reli-
giosa; 
IX. Os ministros do Tribunal de 
Contas; 
X. Os cidadãos que já tiveram 
efetivamente a função de jurado, 
salvo quando excluídos da lista 
por motivo de incapacidade para o 
exercício daquela função; 
XI. Os delegados de polícia e os 
guardas-civis dos Estados e Terri-
tórios, ativos e inativos. 
 
Leis especiais ampliam o rol, 
como por exemplo, para professores 
e pilotos de aeronaves. 
Consoante redação do artigo 
supramencionado, observamos que 
determinadas pessoas, em razão da 
função que desempenham ou de 
 
 
10 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
uma condição especial que osten-
tam, têm direito à prisão provisória 
em quartéis ou em cela especial. 
O Superior Tribunal de Justiça 
já decidiu que, na ausência de aco-
modações adequadas em presídio 
especial, o titular do benefício po-
derá ficar preso em estabelecimento 
militar (HC 3.375-2, 5ª T., DJU, 12 
jun. 1995, p.17634). 
 A prisão especial perdurará 
enquanto não transitar em julgado a 
sentença condenatória. Após esta, o 
condenado será recolhido ao estabe-
lecimento comum. 
O presidente da República, 
durante o seu mandado, não está su-
jeito a nenhum tipo de prisão provi-
sória, já que Constituição Federal 
exige sentença condenatória (art. 
86, parágrafo 3º). 
Art. 300. As pessoas presas 
provisoriamente ficarão separadas 
das que já estiverem definitivamente 
condenadas, nos termos da lei de 
execução penal. 
 
Prisão Provisória Domiciliar 
 
Nas localidades onde não hou-
ver estabelecimento adequado para 
o recolhimento em prisão especial, o 
juiz, considerando a gravidade da 
infração e ouvido o Ministério Pú-
blico, poderá autorizar a prisão do 
réu ou indiciado na própria residên-
cia, de onde não poderá ele afastar-
se sem prévia autorização judicial 
(Lei n. 5.256, de 6-4- 1967). 
A prisão domiciliar não exone-
ra o preso de comparecer e de outras 
restrições estabelecidas pelo juiz. 
Poderá haver vigilância quanto ao 
cumprimento da prisão domiciliar, 
mas deverá respeitar a intimidade 
da residência. A violação de qual-
quer das condições impostas impli-
cará perda do benefício, devendo o 
réu ser recolhido a estabelecimento 
penal, onde permanecerá separado 
dos demais presos. 
A prisão domiciliar tem sido 
utilizada como alternativa para a 
prisão-albergue (forma de cumpri-
mento de pena, regime aberto), em 
locais em que não há estabelecimen-
to adequado para o cumprimento da 
prisão-albergue. Essa prática, ainda 
que justificável, não tem base legal, 
porque a prisão domiciliar, enquan-
to forma de cumprimento da pena 
alternativa ao regime aberto, só é 
prevista para o condenado maior de 
70 anos, acometido de doença grave, 
ou à condenada com filho menor ou 
deficiente físico ou mental, ou à con-
denada gestante. 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
2. Prisões Cautelares 
 
 
Fonte: Estudo Pratico2 
 
Prisão em Flagrante 
 
termo flagrante provém do la-
tim flagrare, que significa 
queimar, arder, ou seja, representa o 
crime que ainda queima, que está 
sendo cometido ou acabou de sê-lo. 
É, portanto, medida restritiva 
da liberdade, de natureza cautelar e 
processual, consistente na prisão, 
independente de ordem escrita do 
juiz competente, de quem é surpre-
endido cometendo, ou logo após ter 
cometido, um crime ou uma contra-
venção. Consoante entendimento do 
mestre José Frederico Marques, 
“... flagrante delito é o crime cuja 
prática é surpreendida por alguém 
 
2 Retirado em https://www.estudopratico.com.br/prisao-cautelar-o-que-e-e-como-funciona/ 
no próprio instante em que o delin-
quente executa a ação penalmente 
ilícita...” No flagrante deve haver a 
certeza visual do crime, razão pela 
qual a pessoa que o assiste está au-
torizada a prender o seu autor, con-
duzindo-o, em seguida, à autoridade 
competente, conforme autorização 
legal prevista no art. 301, do CPP. 
Art. 301. Qualquer do povo po-
derá e as autoridades policiais e seus 
agentes deverão prender quem quer 
que seja encontrado em flagrante 
delito. 
 
Espécies de Flagrante 
 
As espécies de flagrante estão 
implícitas na própria norma proces-
sual abaixo transcrita. Vejamos: 
O 
 
 13 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Art. 302. Considera-se em fla-
grante delito quem: 
I. Está cometendo a infração pe-
nal; 
II. Acaba de cometê-la; 
III. É perseguido, logo após, pela 
autoridade, pelo ofendido ou por 
qualquer pessoa, em situação que 
faça presumir ser autor da infra-
ção; 
IV. É encontrado, logo depois, 
com instrumentos, armas, objetos 
ou papéis que façam presumir ser 
ele autor da infração. 
 
a. Flagrante próprio (real ou ver-
dadeiro) - CPP, art. 302, I e II. 
 
É aquele em que o agente é 
surpreendido cometendo uma infra-
ção penal ou quando acaba de co-
metê-la. 
 
b. Flagrante impróprio (irreal ou 
quase-flagrante) - CPP, art. 302, III. 
 
Ocorrequando o agente é per-
seguido, logo após cometer o ilícito, 
em situação que faça presumir ser o 
autor da infração. A expressão “logo 
após” compreende todo o espaço de 
tempo necessário para a polícia che-
gar ao local, colher as provas eluci-
dadoras da ocorrência do delito e 
dar início à perseguição do autor. 
Não tem qualquer fundamento a re-
gra popular de que e de vinte e qua-
tro horas o prazo entre a hora do 
crime e a prisão em flagrante, pois, 
no caso de flagrante impróprio, a 
perseguição pode levar até dias, 
desde que ininterrupta. 
 
c. Flagrante presumido (ficto ou 
assimilado) - CPP, art. 302, IV. 
 
O agente é preso, logo depois 
de cometer a infração, com instru-
mentos, armas, objetos ou papéis 
que façam presumir ser ele o autor 
da infração. Não é necessário que 
haja perseguição, bastando que a 
pessoa seja encontrada logo depois 
da prática do ilícito em situação sus-
peita. A doutrina tem entendido que 
o “logo depois”, do flagrante presu-
mido, comporta um lapso temporal 
maior do que o “logo após”, do fla-
grante impróprio. 
 
d. Flagrante preparado ou provo-
cado 
 
Uma vez provado, estará pre-
sente a modalidade de crime impos-
sível, pois, embora o meio empre-
gado e o objeto material sejam idô-
neos, há um conjunto de circunstân-
cias previamente preparadas que 
eliminam totalmente a possibilidade 
de produção do resultado. Neste ca-
so, em face da ausência de vontade 
livre e espontânea do infrator e da 
ocorrência de crime impossível, a 
conduta é considerada atípica. Aliás, 
o entendimento jurisprudencial é 
farto neste sentido. 
 
 14 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
e. Flagrante esperado 
 
Nesse caso, a atividade do po-
licial ou do terceiro consiste em sim-
ples aguardo do momento do come-
timento do crime, sem qualquer ati-
tude de induzimento ou instigação. 
 
f. Flagrante prorrogado ou re-
tardado 
 
Está previsto no art. 2º, II da 
Lei n. 9.034/95, chamada de Lei do 
Crime Organizado, e “consiste em 
retardar a interdição policial do que 
se supõe ação praticada por organi-
zações criminosas ou a ela vincu-
lada, desde que mantida sob obser-
vação e acompanhamento para que 
a medida legal se concretize no mo-
mento mais eficaz do ponto de vista 
da formação de provas e forneci-
mento de informações”. Neste caso, 
portanto, o agente policial detém 
discricionariedade para deixar de 
efetuar a prisão em flagrante no mo-
mento em que presencia a prática da 
infração penal, podendo aguardar 
um momento mais importante do 
ponto de vista da investigação crimi-
nal ou da colheita de prova. Somente 
é possível na ocorrência de crime or-
ganizado. 
Obs: O flagrante é obrigatório 
quando a autoridade policial ou seus 
agentes estão obrigados a efetuar a 
prisão em flagrante, não tendo dis-
cricionariedade sobre a conveniên-
cia ou não de efetivá-la. Ocorre em 
qualquer das hipóteses previstas no 
art. 302 (flagrante próprio, impró-
prio e presumido). 
O flagrante é facultativo quan-
do se referir às pessoas comuns do 
povo, que consiste na faculdade de 
efetuá-lo ou não, de acordo com cri-
térios de conveniência e oportuni-
dade. Abrange, também, todas as es-
pécies de flagrante estabelecidas no 
art. 302, do CPP. 
 
Flagrante nas Várias Espécies 
de Crimes 
 
Crime permanente: enquanto 
não cessar a permanência, o agente 
encontra- se em situação de fla-
grante delito (art. 303). 
Art. 303. Nas infrações perma-
nentes, entende-se o agente em fla-
grante delito enquanto não cessar a 
permanência. 
Crime de ação penal privada: 
nada impede a prisão em flagrante, 
uma vez que o art. 301 não distingue 
entre crime de ação pública e pri-
vada, referindo- se genericamente a 
todos os sujeitos que se encontrarem 
em flagrante delito. No entanto, cap-
turado o autor da infração, deverá o 
ofendido autorizar a lavratura do 
auto ou ratificá-la dentro do prazo 
da entrega da nota de culpa, sob pe-
na de relaxamento. 
 
 15 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Crime continuado: existem vá-
rias ações independentes, sobre as 
quais incide, isoladamente, a possi-
bilidade de se efetuar a prisão em 
flagrante. 
 
Formalidades do Auto de Pri-
são em Flagrante 
 
São as seguintes as etapas do 
auto de prisão em flagrante: 
 Antes da lavratura do auto, a 
autoridade policial deve co-
municar à família do preso, ou 
à pessoa por ele indicada, 
acerca da prisão (CF, art. 5º, 
LXIII, 2ª parte); 
 Em seguida, procede-se à oi-
tiva do condutor (agente pú-
blico ou particular), que é a 
pessoa que conduziu o preso 
até a autoridade. 
 Após, ouvem-se as testemu-
nhas que acompanharam o 
condutor, que devem ser, no 
mínimo, duas (a jurisprudên-
cia tem admitido que o condu-
tor funcione como testemu-
nha, necessitando-se, portan-
to, de apenas mais uma, além 
dele - RT, 665/297); 
 A falta de testemunhas da in-
fração não impedirá a lavratu-
ra do auto de prisão em 
flgrante, mas, nesse caso, com 
o condutor deverão assinar a 
peça pelo menos duas pessoas 
que tenham testemunhado a 
apresentação do preso à auto-
ridade (testemunhas instru-
mentais ou indiretas); estas 
testemunhas só servem para 
confirmar que o preso foi apre-
sentado pelo condutor à auto-
ridade; 
 Ouvidas às testemunhas, a au-
toridade interrogará o acusado 
sobre a imputação que lhe é 
feita (CPP, art. 304), devendo 
alertá-lo sobre o seu direito 
constitucional de permanecer 
calado (CF, art. 5º, LXIII); em 
caso de crime de ação privada 
ou pública condicionada, deve 
ser procedida, quando possí-
vel à oitiva da vítima; 
 Se o interrogado for menor, 
deverá ser-lhe nomeado cura-
dor, sob pena de relaxamento 
da prisão (CPP, art. 15); 
 O auto é lavrado pelo escrivão 
e por ele encerrado, devendo 
ser assinado pela autoridade, 
condutor, ofendido (se ouvi-
do), testemunhas (ou testemu-
nha), pelo preso, seu curador 
(se menor de 21 anos) ou de-
fensor; 
 No caso de alguma testemu-
nha ou do ofendido recusa-
rem-se, não souberem ou não 
puderem assinar o termo, a 
autoridade pedirá a alguém 
que assine em seu lugar, de-
pois de lido o depoimento na 
presença do depoente (CPP, 
art.216); 
 Se o acusado se recusar a assi-
nar, não souber ou não puder 
fazê-lo, o auto será assinado 
por duas testemunhas (instru-
mentárias) que tenham ouvido 
 
 16 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
a leitura, na presença do acu-
sado, do condutor e das teste-
munhas (CPP, art.304, § 3º); 
encerrada a lavratura do auto 
de prisão em flagrante, à pri-
são deve ser imediatamente 
comunicada ao juiz compe-
tente que, por sua vez, deve 
dar vista ao Ministério Público 
para que este, na qualidade de 
fiscal da lei, se manifeste sobre 
a regularidade formal do auto 
de prisão em flagrante e sobre 
a possibilidade de liberdade 
provisória. 
 
Até vinte e quatro horas após a 
lavratura do auto, será dada nota de 
culpa ao preso, que é um instru-
mento informativo dos motivos da 
prisão. Dela constará, nome do con-
dutor e os das testemunhas. A não 
entrega da nota de culpa dentro do 
prazo acima fixado, implica, obriga-
toriamente, no relaxamento da pri-
são em flagrante. 
 
Art. 306. A prisão de qualquer 
pessoa e o local onde se encon-
tre serão comunicados imedia-
tamente ao juiz competente, ao 
Ministério Público e à família 
do preso ou à pessoa por ele in-
dicada. (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
§ 1º Em até 24 (vinte e quatro) 
horas após a realização da pri-
são, será encaminhado ao juiz 
competente o auto de prisão em 
flagrante e, caso o autuado não 
informe o nome de seu advo-
gado, cópia integral para a De-
fensoria Pública. (Redação da-
da pela Lei nº 12.403, de 2011). 
§ 2º No mesmo prazo, será en-
tregue ao preso, mediante re-
cibo, a nota de culpa, assinada 
pela autoridade, com o motivo 
da prisão, o nome do condutor 
e os das testemunhas. (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
 
O preso passará recibo da nota 
de culpa, e, no caso de não saber, 
nãopoder ou não querer assinar, 
duas testemunhas por ele assinarão. 
Art. 309. Se o réu se livrar 
solto, deverá ser posto em liberdade, 
depois de lavrado o auto de prisão 
em flagrante. 
 
Prisão Preventiva 
 
Conceito 
 
Representa uma das espécies 
do gênero “prisão cautelar de natu-
reza processual”, cuja detenção an-
tecede a sentença penal condenató-
ria. Somente poderá ser decretada 
pelo juiz durante o inquérito policial 
ou o processo criminal, sempre que 
estiverem preenchidos os requisitos 
legais e ocorrerem os motivos auto-
rizadores. 
Art. 311. Em qualquer fase da 
investigação policial ou do processo 
penal, caberá a prisão preventiva de-
cretada pelo juiz, a requerimento do 
Ministério Público, do querelante ou 
do assistente, ou por representação 
da autoridade policial. (Redação da-
da pela Lei nº 13.964, de 2019) 
 
 17 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Requisitos e Pressupostos Le-
gais para a Prisão Preventiva 
 
Os requisitos legais e os pres-
supostos para a decretação da prisão 
preventiva vêm implícitos no art. 
312, do CPP, senão vejamos: 
Art. 312. A prisão preventiva 
poderá ser decretada como garantia 
da ordem pública, da ordem econô-
mica, por conveniência da instrução 
criminal ou para assegurar a aplica-
ção da lei penal, quando houver 
prova da existência do crime e indí-
cio suficiente de autoria e de perigo 
gerado pelo estado de liberdade do 
imputado. (Redação dada pela Lei 
nº 13.964, de 2019) 
Requisitos: 
Garantia da ordem pública: a 
prisão cautelar é decretada com a fi-
nalidade de preservar bem jurídico 
essencial à convivência social, como, 
por exemplo, a proteção social con-
tra réu perigoso que poderá voltar a 
delinquir; a proteção das testemu-
nhas ameaçadas pelo acusado ou 
proteção da vítima, garantindo a 
credibilidade da justiça, em crimes 
que provoquem grande clamor po-
pular; 
Conveniência da instrução cri-
minal: visa impedir que o agente 
perturbe ou impeça a produção de 
provas, ameaçando testemunhas, 
apagando vestígios do crime, destru-
indo documentos etc., situações que 
demonstram evidente o periculum 
in mora, pois não se chegará à ver-
dade real se o réu permanecer solto 
até o final do processo. 
Garantia de aplicação da lei pe-
nal: no caso de iminente fuga do 
agente do distrito da culpa, inviabi-
lizando a futura execução da pena. 
Se o acusado ou indiciado não tem 
residência fixa, ocupação lícita, 
nada, enfim, que o radique no dis-
trito de culpa, há um sério risco para 
a eficácia da futura decisão se ele 
permanecer solto até o final do pro-
cesso, diante da sua provável evasão. 
Garantia da ordem econômica: 
o art. 86 da Lei n. 8.884, de 11 de ju-
nho de 1994 (Lei Antitruste), incluiu 
no art. 312 do CPP esta hipótese de 
prisão preventiva. Trata-se de uma 
repetição do requisito “garantia da 
ordem pública”. 
Pressupostos: 
 Prova da existência do crime 
(prova da materialidade deli-
tiva) 
 Indícios suficientes da autoria. 
 
Com efeito, esses pressupostos 
constituem o fumus boni iuris para a 
decretação da custódia. O juiz so-
mente poderá decretar a prisão pre-
ventiva se estiver demonstrada a 
probabilidade de que o réu tenha 
sido o autor de um fato típico. 
Observa-se que, nessa fase, 
não se exige prova plena, bastando 
 
 18 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
meros indícios, isto é, que se de-
monstre a probabilidade do réu ou 
indiciado ter sido o autor do fato de-
lituoso. A dúvida, portanto, milita 
em favor da sociedade, e não do réu 
(princípio do in dubio pro societate). 
 Os fundamentos da preven-
tiva nada mais são do que o outro da 
tutela cautelar, qual seja, o pericu-
lum in mora. 
 
Momento para a Decretação 
da Prisão Preventiva 
 
Conforme previsto no art. 311, 
do CPP, supramencionado, a prisão 
preventiva pode ocorrer em qual-
quer fase do inquérito policial ou da 
instrução criminal, em virtude de re-
querimento do Ministério Público, 
representação da autoridade policial 
(seguida de manifestação do par-
quet), ou de ofício pelo juiz. Cabe 
tanto em ação penal pública quanto 
em ação privada. 
Nada obsta que se, não houver 
IP, o próprio Ministério Público a re-
queira, quando já tiver materialida-
de e indícios suficientes de autoria, 
comprovados por documento. 
Decretada à prisão preventiva, 
terá a autoridade policial o prazo de 
10(dez) dias para concluí-lo. 
Encerrada a fase instrutória, a 
prisão cautelar só pode decorrer de 
sentença penal condenatória recor-
rível. Se, recebidos os autos de in-
quérito policial relatados, o Ministé-
rio Público devolvê-los para diligên-
cias complementares, o juiz não po-
derá decretar a prisão preventiva, 
pois, se ainda não há indícios de au-
toria suficientes para a denúncia, o 
juiz não poderá decretá-la. Entre-
tanto, convém lembrar o art. 10, ca-
put, do CPP, onde o prazo para a 
conclusão do inquérito, no caso de 
haver prisão preventiva, começa a 
contar do cumprimento efetivo do 
mandado. 
 
Admissibilidade da Prisão Pre-
ventiva 
 
Art. 313. Nos termos do art. 
312 deste Código, será admitida a 
decretação da prisão preventiva. 
I. Nos crimes dolosos punidos 
com pena privativa de liberdade 
máxima superior a 4 (quatro) 
anos; (Redação dada pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
II. Se tiver sido condenado por 
outro crime doloso, em sentença 
transitada em julgado, ressalvado 
o disposto no inciso I do caput do 
art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, 
de 7 de dezembro de 1940 - Códi-
go Penal; (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
III. Se o crime envolver violência 
doméstica e familiar contra a mu-
lher, criança, adolescente, idoso, 
 
 19 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
enfermo ou pessoa com deficiên-
cia, para garantir a execução das 
medidas protetivas de urgência; 
(Redação dada pela Lei nº 12.403, 
de 2011). 
 
Consoante o artigo supracita-
do, não cabe prisão preventiva em 
caso de crime culposo, contravenção 
penal, e crimes em que o réu se livre 
solto, independente de fiança. Não 
se decreta, também, no caso de ter o 
réu agido acobertado por causa de 
exclusão da ilicitude. 
 
Proibição 
 
Conforme dispõe o art. 314, do 
CPP, abaixo transcrito, não poderá 
ser decretada a PP se houver prova 
inequívoca de que o acusado agiu 
acobertado por uma das causas de 
exclusão de ilicitude, descritas no 
art. 23, incisos I, II e III, do Código 
Penal. 
Art. 314. A prisão preventiva 
em nenhum caso será decretada se o 
juiz verificar pelas provas constantes 
dos autos ter o agente praticado o 
fato nas condições do art. 23, incisos 
I, II ou III, do Código Penal. 
 
Necessidade de Fundamenta-
ção 
 
Em obediência ao princípio 
constitucional da motivação das de-
cisões judiciais, o despacho que de-
cretar ou denegar a prisão preventi-
va será sempre fundamentado, isto 
é, o juiz deve realçar as provas da 
existência do crime ou não, e os in-
dícios suficientes de autoria ou não. 
Deverá ainda demonstrar a sua ne-
cessidade para garantia da ordem 
pública, como conveniência da ins-
trução criminal ou para assegurar a 
aplicação da lei penal. Inteligência 
do art. 315, do CPP, a seguir trans-
crito: 
Art. 315. A decisão que decre-
tar, substituir ou denegar a prisão 
preventiva será sempre motivada e 
fundamentada. (Redação dada pela 
Lei nº 13.964, de 2019) 
Recursos: 
 Da decisão que não concede a 
PP cabe RESE, conforme art. 
581, V, do CPP; 
 Da decisão que conceder a PP 
não cabe nenhum recurso, va-
lendo-se o acusado do remédio 
heroico denominado Habeas 
Corpus, conforme art. 647 e 
segs. Do CPP. 
 
Revogação 
 
Segundo dispõe o art. 316, do 
CPP, a seguir transcrito, o juiz po-
derá revogar a PP quando cessar os 
motivos que a ensejaram, a qualquer 
tempo. Se não o fizer, a instância su-
perior, via habeas corpus, poderá 
contrastar-lhe o despacho denegató-
rio. 
Art. 316. O juiz poderá, de ofí-
cio ou a pedidodas partes, revogar a 
 
 20 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
prisão preventiva se, no correr da in-
vestigação ou do processo, verificar 
a falta de motivo para que ela sub-
sista, bem como novamente decretá-
la, se sobrevierem razões que a justi-
fiquem. (Redação dada pela Lei nº 
13.964, de 2019). Todavia, vale lem-
brar que da decisão que revoga a pri-
são preventiva, cabe recurso em sen-
tido estrito (CPP, art. 581, V). 
 
Legitimidade para Requerer 
 
Conforme dispõe o art., 311, do 
CPP, já transcrito no início deste tó-
pico, a lei confere legitimidade ao: 
 Ministério Público; 
 Querelante; 
 Autoridade Policial. 
 
OBS: os dois primeiros sob a forma 
de requerimento, e a Autoridade Po-
licial sob a forma de representação 
(demonstrando a conveniência da 
determinação da medida extrema. 
 
Prisão Temporária 
 
Previsão Legal 
 
A prisão temporária foi edi-
tada pela Medida Provisória n. 111, 
de 24 de novembro de 1989, posteri-
ormente substituída pela Lei n. 
7.960, de dezembro de 1989. 
Conceito: Representa uma das es-
pécies do gênero “prisão cautelar de 
natureza processual”, cuja detenção 
terá prazo pré-fixado pela autori-
dade judicial, a possibilitar as inves-
tigações a respeito de crimes graves, 
somente durante o inquérito poli-
cial. 
Autoridade competente para 
decretação: Só pode ser decretada 
pela autoridade judiciária, mediante 
representação da autoridade policial 
ou requerimento do Ministério Pú-
blico. 
Fundamentos: A prisão temporá-
ria pode ser decretada nas seguintes 
situações: 
 Imprescindibilidade da me-
dida para as investigações do 
IP; 
 Indiciado não tem residência 
fixa ou não fornece dados ne-
cessários ao esclarecimento de 
sua identidade; 
 Fundadas razões da autoria ou 
participação do indiciado em 
qualquer um dos seguintes cri-
mes: homicídio doloso, se-
questro ou cárcere privado, 
roubo, extorsão, extorsão me-
diante sequestro, estupro, 
atentado violento ao pudor, 
rapto violento, epidemia com 
resultado morte, envenena-
mento de água potável ou 
substância alimentícia ou me-
dicinal com resultado morte, 
quadrilha ou bando, genocí-
dio, tráfico de drogas e crimes 
contra o sistema financeiro. 
 
Ressalta-se, por oportuno que, 
para Tourinho, os requisitos são al- 
 
 21 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
ternativos: ou um, ou outro. Já para 
Scarance Fernandes há necessidade 
de estarem presentes os três requisi-
tos, sendo, portanto, cumulativos. 
Por outro lado, Damásio E. de 
Jesus entende que só pode ser decre-
tada nos crimes acima relacionados, 
desde que concorra qualquer uma 
das duas primeiras situações. 
Consoante posição esposado 
por Vicente Greco Filho, pode ser 
decretada em qualquer das situações 
legais, desde que, com ela, concor-
ram os motivos que autorizam a de-
cretação da prisão preventiva. 
Por fim, segundo entendimen-
to de Fernando Capez, a prisão tem-
porária somente pode ser decretada 
nos crimes em que a lei permite à 
custódia, desde que o agente seja 
apontado como suspeito ou indici-
ado, e, além disso, deve estar pre-
sente pelo menos um dos outros dois 
requisito, evidenciadores do pericu-
lum in mora. 
Prazo: 05 (cinco) dias, prorrogá-
veis por igual período. Este prazo 
não deve ser computado naquele 
que deve ser respeitado para a con-
clusão da instrução criminal. 
 
A Prisão Temporária e os Cri-
mes Hediondos 
 
 
São os crimes hediondos pre-
vistos na Lei n. 8.072, de 25-7-1990: 
 Homicídio praticado em ativi-
dade típica de grupo de exter- 
mínio, ainda que cometido por 
um só agente; 
 Latrocínio; 
 Extorsão qualificada pelo re-
sultado morte; 
 Extorsão mediante sequestro, 
na forma simples e qualifi-
cada; 
 Estupro; 
 Atentado violento ao pudor, 
na forma simples e qualifi-
cada; 
 Epidemia com resultado 
morte; e 
 Genocídio (de acordo com a 
nova redação dada ao art. 1º, 
por força da lei n. 8.930, de 6-
9-1994); 
 Tráfico ilícito de entorpecen-
tes e drogas afins; 
 Terrorismo; 
 Tortura. 
 
Nos termos do art. 2º, pará-
grafo 3º, da Lei n. 8.072, § 3o Em ca-
so de sentença condenatória, o juiz 
decidirá fundamentadamente se o 
réu poderá apelar em liberdade. 
Sujeito passivo e oportunidade 
para decretação: 
Sujeito passivo: o indiciado, ou 
mesmo o suspeito, não havendo ne-
cessidade de indiciamento formali-
zado. 
Oportunidade: o momento em 
que pode ser decretada vai da ocor-
rência do fato até o recebimento da 
denúncia, porque, se instaurada a 
ação penal, o juiz deverá examinar a 
hipótese como de prisão preventiva. 
 
 22 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Características: 
 A prisão temporária será de-
cretada pelo juiz, mediante re-
presentação da autoridade po-
licial ou a requerimento do Mi-
nistério Público; 
 Não pode ser decretada pelo 
juiz de ofício; 
 No caso de representação da 
autoridade policial, o Ministé-
rio Público deve ser ouvido; 
 O juiz tem o prazo de 24 horas, 
a partir do recebimento da re-
presentação ou requerimen-
to, para decidir fundamenta-
damente sobre a prisão; 
 O mandado de prisão deve ser 
expedido em duas vias, uma 
das quais deve ser entregue ao 
indiciado, servindo como nota 
de culpa; 
 Efetuada a prisão, a autori-
dade policial deve advertir o 
preso do direito constitucional 
de permanecer calado; 
 O prazo de 5 (ou 30) dias pode 
ser prorrogado, desde que 
comprovada à extrema neces-
sidade; 
 Decorrido o prazo legal, o pre-
so deve ser colocado imediata-
mente em liberdade, a não ser 
que tenha sido decretada sua 
prisão preventiva, pois o atra-
so configura crime de abuso de 
autoridade (Lei n. 13.869/ 
2019, art. 12, IV); 
 O preso temporário deve per-
manecer separado dos demais 
detentos. 
 
 
Prisão por Pronúncia e por 
Sentença Penal Condenatória 
Recorrível 
 
A pronúncia por crime inafi-
ançável ou a condenação em crime 
dessa natureza, não sendo conce-
dido o regime aberto, deveria acar-
retar a ordem de prisão. Todavia, o 
art. 413, § 3º (com a redação dada 
pela Lei n. 11.689/2008), e o art. 
387, parágrafo único (com a redação 
dada pela Lei. 11.719/2008), respec-
tivamente, determinam que o juiz 
decida sobre a situação prisional do 
acusado. Esses dispositivos estão as-
sim redigidos: 
“Art. 413. O juiz, fundamental-
mente, pronunciará o acusado, se 
convencido da materialidade do fato 
e da existência de indícios suficien-
tes de autoria ou de participação. 
§ 1º A fundamentação da pro-
núncia limitar-se-á à indicação de 
materialidade do fato e da existência 
de indícios suficientes de autoria ou 
de participação, devendo o juiz de-
clarar o dispositivo legal em que jul-
gar incurso o acusado e especificar 
as circunstâncias qualificadoras e as 
causas de aumento de pena. 
§ 2º. Se o crime for afiançável, 
o juiz arbitrará o valor da fiança para 
concessão ou manutenção da liber-
dade provisória. 
 
 
 23 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
§ 3º. O juiz decidirá, motiva-
damente, no caso de manutenção, 
revogação ou substituição da prisão 
ou medida restritiva de liberdade 
anteriormente decretada e, tra-
tando-se de acusado solto, sobre a 
necessidade de decretação da prisão 
ou imposição de quaisquer medidas 
previstas no Título IX do Livro I 
deste Código.” 
Parágrafo único. O juiz deci-
dirá, fundamentadamente, sobre a 
manutenção ou, se for o caso, impo-
sição de prisão preventiva ou de ou-
tra medida cautelar, sem prejuízo do 
conhecimento da apelação que vier a 
ser interposta. ” 
Com toda a propriedade, a re-
dação em vigor abandonou para a li-
berdade provisória o detestável cri-
tério de ser o acusado primário e de 
bons antecedentes, que gerava polê-
mica e que era evidentemente inade-
quado para se aferir da necessidade, 
ou não, da prisão após a decisão de 
pronúncia ou a sentença condenató-
ria recorrível. O critério, agora, é o 
da necessidade definida pelos crité-
rios da prisão preventiva, que é o pa-
râmetrogeral para a prisão proces-
sual que tem natureza cautelar. A 
decisão, então, de manter ou não o 
réu na prisão ou a de determinar o 
seu recolhimento quando até então 
solto será ditada pelos requisitos da 
preventiva, nos quais deve destacar-
se o da garantia da ordem pública. 
Assim, o que deve orientar a 
decisão judicial a respeito são os pa-
râmetros da prisão preventiva, por-
que se a liberdade ofender a ordem 
pública ou colocar em risco a aplica-
ção da pena não será deferida. As-
sim, se o acusado estava preso ade-
quadamente, em flagrante ou pre-
ventivamente, não tem razão a sua 
liberdade quando pronunciado o 
condenado por crime inafiançável. 
Diferente é a situação se por ocasião 
da sentença e da pronúncia cessa-
ram os motivos determinantes da 
prisão, como ocorre, por exemplo, se 
há desclassificação para crime mais 
leve, que comporta fiança ou sus-
pensão condicional da pena. Nesse 
caso, a pronúncia ou sentença con-
denatória, mas não tem cabimento a 
prisão. 
A recíproca, todavia, não se 
apresenta obrigatoriamente verda-
deira, porque estando o réu solto até 
a pronúncia ou sentença, não terá 
necessariamente o direito à liberda-
de, até porque podem ocorrer duas 
situações. Vejamos: 
 Primeiramente, porque pode 
surgir o risco de o acusado tor-
nar-se foragido, ou se ele 
ameaçar os jurados, entre 
outras hipóteses. 
 Segundo, nas hipótese legais 
que exigem o recolhimento a 
prisão para recorrer, como trá-
fico de entorpecentes, racismo 
e os considerados hediondos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 25 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
3. Liberdade Provisória 
 
 
Fonte: Galvão e Silva3 
 
Conceito 
 
liberdade provisória é a situa-
ção substitutiva da prisão pro-
cessual. É o contraposto da prisão 
processual. Representa um instituto 
processual que garante ao acusado o 
direito de aguardar em liberdade o 
transcorrer do processo até o trân-
sito em julgado, cuja concessão pode 
estar vinculada a certas obrigações, 
que se não cumpridas enseja na sua 
revogação. 
 
Espécies 
 
A liberdade provisória obriga-
tória pode ser conceituada como 
 
3 Retirado em https://www.galvaoesilva.com/liberdade-provisoria-o-que-e-quais-os-tipos/ 
aquela em que não pode ser negada 
ao infrator. Por exemplo, imagine 
que um homem foi preso em fla-
grante por estar anotando o cha-
mado jogo do bicho. Sabemos que 
praticar o jogo do bicho não oferece 
uma pena restritiva de liberdade 
com reclusão do agente. 
Quanto à liberdade provisória 
permitida, vemos que é aquela que 
pode ser concedida na observação de 
inadequação da prisão preventiva, 
em concordância do Ministério Pú-
blico. Neste caso, a lei define a pos-
sibilidade da liberação com ou sem 
fiança, a depender de uma série de 
características técnicas. 
 
 
A 
 
 26 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Conceito de Fiança 
 
A fiança é uma caução desti-
nada a garantir o cumprimento das 
obrigações processuais do réu. 
Infrações inafiançáveis: Vem estar 
dispostas nos arts. 323 e 324, do 
CPP, a seguir transcrito: 
Art. 323. Não será concedida 
fiança: 
I. Nos crimes de racismo; (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
II. Nos crimes de tortura, tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas 
afins, terrorismo e nos definidos 
como crimes hediondos; (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
III. Nos crimes cometidos por gru-
pos armados, civis ou militares, 
contra a ordem constitucional e o 
Estado Democrático; (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Art. 324. Não será, igualmen-
te, concedida fiança: 
I. Aos que, no mesmo processo, 
tiverem quebrado fiança anterior-
mente concedida ou infringido, 
sem motivo justo, qualquer das 
obrigações a que se referem os 
arts. 327 e 328 deste Código; 
II. Em caso de prisão civil ou mi-
litar; 
III. (Revogado); 
 
IV. Quando presentes os motivos 
que autorizam a decretação da 
prisão preventiva Acrescenta-se. 
 
 Crimes de racismo (CF. art. 5º, 
XLII; Lei 7.716/89); 
 Crimes hediondos, tráfico de 
drogas, tortura e terrorismo 
(CF, art. 5ºXLIII; Lei n. 8.072/ 
90, art. 2º, II) 
 
Valor da Fiança 
 
O valor da fiança é arbitrado 
pela autoridade que a conceder, se-
gundo faixas correspondentes à 
maior ou menor gravidade da infra-
ção, conforme dispõe o art. 325, 
abaixo transcrito, e tendo em vista 
as condições econômicas e vida pre-
gressa do réu, bem como as circuns-
tâncias indicativas de sua periculosi-
dade, de acordo com o estabelecido 
no art. 326 também transcrito. 
Art. 325. O valor da fiança será 
fixado pela autoridade que a conce-
der nos seguintes limites: 
Art. 325. O valor da fiança será 
fixado pela autoridade que a conce-
der nos seguintes limites: (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
I. De 1 (um) a 100 (cem) salários 
mínimos, quando se tratar de in-
fração cuja pena privativa de li-
berdade, no grau máximo, não for 
superior a 4 (quatro) anos; (Inclu-
ído pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
 
 27 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
II. De 10 (dez) a 200 (duzentos) 
salários mínimos, quando o má-
ximo da pena privativa de liber-
dade cominada for superior a 4 
(quatro) anos. (Incluído pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
§ 1o Se assim recomendar a si-
tuação econômica do preso, a fiança 
poderá ser: (Redação dada pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
I. Dispensada, na forma do art. 
350 deste Código; (Redação dada 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
II. Reduzida até o máximo de 2/3 
(dois terços); ou (Redação dada 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
III. Aumentada em até 1.000 (mil) 
vezes. (Incluído pela Lei nº 12. 
403, de 2011). 
 
Art. 326. Para determinar o 
valor da fiança, a autoridade terá em 
consideração a natureza da infração, 
as condições pessoais de fortuna e 
vida pregressa do acusado, as cir-
cunstâncias indicativas de sua peri-
culosidade, bem como a importância 
provável das custas do processo, até 
final julgamento. 
 
Modalidades de Fiança 
 
A fiança é o depósito em di-
nheiro ou valores feito pelo acusado 
ou em seu nome para liberá-lo da 
prisão, nos casos previstos em lei, 
com a finalidade de compeli-lo ao 
cumprimento do dever de compare-
cer e permanecer vinculado ao dis-
trito da culpa, conforme dispõe o art. 
330, a seguir transcrito: 
Art. 330. A fiança, que será 
sempre definitiva, consistirá em de-
pósito de dinheiro, pedras, objetos 
ou metais preciosos, títulos da dí-
vida pública, federal, estadual ou 
municipal, ou em hipoteca inscrita 
em primeiro lugar. 
 
Competência 
 
Art. 332. Em caso de prisão em 
flagrante, será competente para con-
ceder a fiança à autoridade que pre-
sidir ao respectivo auto, e, em caso 
de prisão por mandado, o juiz que o 
houver expedido, ou a autoridade ju-
diciária ou policial a quem tiver sido 
requisitada a prisão. 
 
Recurso 
 
Das decisões do juiz sobre a fi-
ança cabe recurso em sentido estrito 
com fundamento no artigo 581, V e 
VII. 
Art. 333. Depois de prestada a 
fiança, que será concedida indepen-
dentemente de audiência do Minis-
tério Público, este terá vista do pro-
cesso a fim de requerer o que julgar 
conveniente. 
 
 
 28 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Oportunidade para Sua Con-
cessão 
 
A fiança, se cabível, será con-
cedida imediatamente após a lavra-
tura do flagrante, mas também po-
derá ser concedida a qualquer tempo 
do processo, enquanto não transitar 
em julgado da sentença condenató-
ria, é o que dispõe o art. 334, do CPP, 
a seguir transcrito: 
Art. 334. A fiança poderá ser 
prestada enquanto não transitar em 
julgado a sentença condenatória. 
 
Recusa ou Demora na Conces-
são 
 
No caso de recusa ou demora 
da concessão da fiança pela autori-
dade policial, o preso, ou alguém ou 
ele, poderá prestá-la, mediante peti-
ção, diretamente ao juiz, que deci-
dirá depois de ouvir aquelaautori-
dade, é o que dispõe o art. 335, do 
CPP, a seguir transcrito: 
Art. 335. Recusando ou retar-
dando a autoridade policial a con-
cessão da fiança, o preso, ou alguém 
por ele, poderá prestá-la, mediante 
simples petição, perante o juiz com-
petente, que decidirá em 48 (qua-
renta e oito) horas. (Redação 
dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
 
Restituição da Fiança 
 
A fiança prestada será motivo 
de restituição, respeitadas as condi- 
ções previstas nos artigos 336 e 337 
do CPP, a seguir transcritos: 
Art. 336. O dinheiro ou objetos 
dados como fiança ficarão sujeitos 
ao pagamento das custas, da indeni-
zação do dano e da multa, se o réu 
for condenado. 
§ único - Este dispositivo terá 
aplicação ainda no caso da prescri-
ção depois da sentença condenatória 
(Código Penal, art.100 e seu §). 
Art. 337. Se a fiança for decla-
rada sem efeito ou passar em jul-
gado a sentença que houver absol-
vido o réu ou declarada extinta a 
ação penal, o valor que a constituir 
será restituído sem desconto, salvo o 
disposto no parágrafo do artigo an-
terior. 
O art. 336, do CPP, refere-se à 
restituição parcial, após incidir a de-
dução das custas, reparação do dano 
e a pena de multa. 
O art. 337, do CPP, refere-se à 
restituição total, se o acusado for ab-
solvido ou for extinta a ação penal, 
ou no caso de cassação e reforço não 
efetivado. 
 
Cassação 
 
Haverá cassação da fiança 
prestada se concedida fora das hipó-
teses legais ou se houver alteração 
da classificação da infração para ou-
tra inafiançável, conforme disposto 
nos arts. 338 e 339, do CPP, a seguir 
transcritos: 
 
 29 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Art. 338. A fiança que se reco-
nheça não ser cabível na espécie será 
cassada em qualquer fase do pro-
cesso. 
Art. 339. Será também cassada 
a fiança quando reconhecida a exis-
tência do delito inafiançável, no caso 
de inovação na classificação do de-
lito. 
 
Reforço de Fiança 
 
Será exigido um reforço quan-
do a fiança for tomada, por engano, 
em valor insuficiente, quando ino-
vada a classificação do delito ou 
quando houver depreciação do valor 
dos bens hipotecados ou cauciona-
dos, é o que dispõe o art. 340, do 
CPP, a seguir transcrito: 
Art. 340. Será exigido o re-
forço da fiança: 
I. Quando a autoridade tomar, 
por engano, fiança insuficiente; 
II. Quando houver depreciação 
material ou perecimento dos bens 
hipotecados ou caucionados, ou 
depreciação dos metais ou pedras 
preciosas; 
III. Quando for inovada a classifi-
cação do delito. 
 
§ único - A fiança ficará sem 
efeito e o réu será recolhido à prisão, 
quando, na conformidade deste ar-
tigo, não for reforçada. 
 
Quebramento de Fiança 
 
Haverá quebramento se o acu-
sado descumprir as obrigações de 
comparecer, não mudar de residên-
cia e não se ausentar sem comunicar 
à autoridade (art. 341, abaixo trans-
crito), com perda da metade do valor 
e expedição de ordem de prisão (art. 
343, abaixo transcrito). No entanto, 
o quebramento pode ser relevado se 
o acusado demonstrar justo motivo 
para o descumprimento do ônus. 
Art. 341. Julgar-se-á quebrada 
a fiança quando o acusado: (Reda-
ção dada pela Lei nº 12.403, de 
2011). 
I. Regularmente intimado para 
ato do processo, deixar de compa-
recer, sem motivo justo; (Incluído 
pela Lei nº 12.403, de 2011). 
II. Deliberadamente praticar ato 
de obstrução ao andamento do 
processo; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
III. Descumprir medida cautelar 
imposta cumulativamente com a 
fiança; (Incluído pela Lei nº 
12.403, de 2011). 
IV. Resistir injustificadamente a 
ordem judicial; (Incluído pela Lei 
nº 12.403, de 2011). 
V. Praticar nova infração penal 
dolosa. (Incluído pela Lei nº 12. 
403, de 2011). 
 
 
 
 30 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
Art. 342. Se vier a ser refor-
mado o julgamento em que se decla-
rou quebrada a fiança, esta subsis-
tirá em todos os seus efeitos 
Art. 343. O quebramento in-
justificado da fiança importará na 
perda de metade do seu valor, ca-
bendo ao juiz decidir sobre a impo-
sição de outras medidas cautelares 
ou, se for o caso, a decretação da pri-
são preventiva. 
 
Perda Total da Fiança 
 
Haverá perda total se o acu-
sado, condenado, não se apresentar 
à prisão, é o que dispõe o art. 344, do 
CPP, a seguir transcrito: 
Art. 344. Entender-se-á per-
dido, na totalidade, o valor da fiança, 
se, condenado, o acusado não se 
apresentar para o início do cumpri-
mento da pena definitivamente im-
posta. 
 
31 
 
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32 
 
 
AÇÃO PENAL E PROCESSUAL 
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4. Referências Bibliográficas 
 
CAPEZ, Fernando. Curso de processo pe-
nal, São Paulo: Saraiva, 1997. 
 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, Dec.Lei 
nº 3.689 de 03-10-1941. São Paulo: Sa-
raiva, 2010. 
 
DELMANTO, Roberto. Código penal. Rio 
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CONSTITUIÇÃO FEDERAL. São Paulo: 
Saraiva, 1998. 
 
FRANCO, Alberto Silva e outros. Leis Pe-
nais Especiais. São Paulo: Revista dos Tri-
bunais, 1995. 
 
GRECO Fº, Vicente. Manual de Processo 
Penal. São Paulo: Saraiva, 2010 
 
MARQUES, José Frederico. Elementos de 
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Bookseller, 1997 
 
NORONHA, E. Magalhães. Curso de Di-
reito Processual Penal. São Paulo: Saraiva, 
1997. 
 
TOURINHO Fº, Fernando da Costa. Prá-
tica de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 
2009. 
 
XAVIER DE AQUINO, José Carlos & Na-
lini, José Renato. Manual de Processo Pe-
nal. São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
 
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