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Introdução
à História
Prof.ª Alex Andrade Costa
Descrição
A formação da História como campo da ciência ao longo do tempo e suas principais bases conceituais e metodológicas.
Propósito
Dominar os conceitos e os métodos da história, bem como conhecer a sua fundamentação como área do conhecimento, auxilia os profissionais das Ciências Humanas e da Educação a conseguir analisar fatos do passado de forma coerente e responsável.
Objetivos
Módulo 1
Mito, memória e tempo: o surgimento da história
Debater sobre a natureza da história, a especificidade de seu objeto e sua metodologia.
Módulo 2
O conhecimento histórico e seus fundamentos
Analisar as possibilidades da história como forma de conhecimento crítico.
Módulo 3
O ofício do historiador: métodos, técnicas e procedimentos
Debater sobre os procedimentos de trabalho do historiador, como os critérios de seleção de fatos históricos, os recortes cronológicos ou temáticos e a relação com as fontes.
Introdução
Perguntas de um trabalhador que lê
Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis;
Os reis carregaram as pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
Para onde foram os pedreiros?
Fonte: Bertolt Brecht, 1935.
As múltiplas interrogações a partir do trecho da poesia de Brecht se somam a outra questão fundamental: o que é a História e qual é sua utilidade no mundo contemporâneo? Tal pergunta não é simples de ser respondida, pois a história tem passado, ao longo do tempo, por sucessivas renovações da sua pesquisa e da escrita, incluindo cada vez mais uma variedade de problemas, objetos e fontes.
Nas seções seguintes deste conteúdo, apresentaremos os principais elementos que levaram a área de História até o estágio em que conhecemos hoje em dia. Além de seus métodos e conceitos basilares, veremos sobretudo como se destaca o papel humano na escrita da história. Trata-se, afinal, do historiador que, como sujeito do seu tempo, também é por ele influenciado.
Como alertava Brecht, a história centrada nos grandes acontecimentos e nos heróis já não atende mais à necessidade demandada no presente. É preciso entender o papel de grupos subalternizados e periféricos nos diversos processos históricos.
Trabalhadores, prisioneiros, mulheres, sujeitos em situação de escravidão e toda uma leva de grupos sociais antes ignorados ganharam espaço e “lugar de fala” graças a historiadores comprometidos com essa historiografia. Porém, até se chegar a esse ponto, o caminho foi bastante longo.
1
Mito, memória e tempo: o surgimento da história
Ao final deste módulo, você será capaz de debater sobre a natureza da história, a especificidade de seu objeto e sua metodologia.
Memória e sociedade
Na mitologia grega, Urano (céu) e Gaia (terra) tiveram doze filhos – entre eles, Mnemosine (memória), a deusa que opera as engrenagens do esquecimento e da lembrança. Ela se uniu a Zeus; juntos, geraram as nove musas.
Entre essas musas, estava Clio (história). Chamada de “a Proclamadora”, Clio teria como missão divulgar e celebrar as realizações. Mitologicamente, portanto, a história é filha da memória.
À ausência de memória, dá-se o nome de amnésia. Ela pode surgir por três motivos:
Resultado de implicações de ordem psíquica devido a uma perturbação mental.
Voluntária: criam-se meios para evitar se lembrar do passado, alterando, por exemplo, uma fonte ou uma narrativa.
Involuntária: acontecimentos alheios à vontade humana podem destruir ou apagar traços do passado (fontes históricas), como a destruição do patrimônio, a perda de documentos ou a morte de um depositário da memória.
Chanuká: Festa das luzes.
Para alguns povos, a memória está conectada à sua história. O povo judeu é identificado como o “povo de memória” no sentido de que diversos rituais evocam o passado e são repetidos incessantemente ano a ano (Festa das Tendas, Festas das Luzes, Purim e Páscoa são alguns exemplos) não como meras celebrações, e sim como parte da história.
Da mesma forma, o cristianismo, que nasce do judaísmo, também é uma religião de lembrança: “fazei isso em memória de mim” é o centro da missa católica que repete o ato de Jesus Cristo na última ceia.
Os livros sagrados de ambas as religiões, a Torá e a Bíblia, são compilados de histórias contadas e repetidas por milhares de anos antes de serem transpostas para o papel. Contudo, o objetivo delas é servir de recordação do processo de salvação dos fiéis das respectivas religiões.
Sociedades africanas também podem ser incluídas entre os povos de memória. O historiador Amadou Hampaté Bâ, nascido na região que hoje corresponde ao Mali, na África Saariana, explica a importância da tradição oral e da memória para o seu povo em particular e para outros tantos povos africanos, especialmente os do deserto, que, em sua maioria, são pastores e nômades.
Amadou Hampaté Bâ
Na tradição desses povos, a fala é um dom divino e é por meio dela que tradições e saberes, inclusive aqueles relacionados aos ofícios de sobrevivência cotidiana, como ferreiros, tecelões e trabalhadores de madeira, eram transmitidos. Guardados na memória, esses saberes eram transmitidos para as gerações mais novas a partir de processos iniciáticos (HAMPATÉ BÂ, 2010).
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Saiba mais
A história da fundação de Roma está ligada a uma origem mitológica: dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, participaram da fundação da cidade após terem sido abandonados no rio e salvos por uma loba que os amamentou, mantendo-os vivos
A memória coletiva se afasta da concepção de memorização mecânica:
“enquanto a reprodução mnemônica palavra por palavra estaria ligada à escrita, as sociedades sem escrita [...] atribuem à memória mais liberdade e mais possibilidades criativas.”
(LE GOFF, 2003, p.426)
A memória é o vivido no qual tempos históricos e lugares muitas vezes podem se confundir, sem haver linhas de separação rígidas como as da história, que estaria mais fortemente marcada pelas divisões do tempo. A memória coletiva, sendo assim, forma a consciência de um grupo independentemente dos registros materiais do passado.
Mas se a memória não é a mesma coisa que história, o que, afinal, é a história?
Digite sua resposta aqui
É difícil escrever sobre isso, e se foi fácil é que você ainda não entendeu bem. Por isso, passaremos a tratar o que é História, passo a passo.
História é uma forma de explicar o que aconteceu no passado, embora não seja a única. Como vimos, a memória também é uma dessas formas. Outra ainda mais antiga que a história é o mito. Transmitidos de geração em geração, os mitos serviam como explicação para as coisas sem comprovação, dados e elucidações. Eles referem-se, em suma, a acontecimentos difíceis de serem datados.
Lupa Capitolina: loba amamentando Romulo e Remo. Escultura em bronze, século XIII a.C.
Além de sua narrativa não ter demarcação cronológica, os mitos quase sempre guardam uma lição sobre o que se deve ou não fazer. Mesmo com o seu declínio, eles ainda continuam presentes em quase todos os povos não mais como a única explicação do passado, e sim como uma forma paralela de explicá-la.
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Exemplo
A história da fundação de Roma está ligada a uma origem mitológica: dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, participaram da fundação da cidade após terem sido abandonados no rio e salvos por uma loba que os amamentou, mantendo-os vivos
História e sociedade
A História, como forma de explicação, nasce associada a outras ciências, segundo uma perspectiva que atualmente poderia ser chamada de multidisciplinar. Como, por exemplo:
psychology
Filosofia
biotech
Biologia
calculate
Matemática
public
Astronomia
Isso se deve tanto pelo perfil daqueles que primeiramente se propuseram a registrar os acontecimentos quanto pela abrangência do que era escrito.
Essa característica foi se perdendo, tornando a História uma área particular do conhecimento, distinta e – por que não dizer? – distante das demais. Tal fatosomente se alterou no século XX com a renovação da escrita da história, etapa em que se passou a dialogar com outras áreas (desde a Antropologia até a Psicologia), incorporando também novos objetos de pesquisa, questões e métodos interpretativos. Até lá, porém, o percurso foi bastante longo.
Outras duas características da História permanecerão em sua escrita por muito tempo. Ela, afinal, nasce com a intenção da busca da “verdade”. Hecateu de Mileto, no século V a.C., se propôs a “escrever o que acho ser verdade, porque as lendas dos gregos parecem muitas e risíveis”, aponta Borges (1981, p. 17).
Além disso, havia uma preocupação dos primeiros historiadores em entender as questões do seu tempo sob as lentes da história. Dessa forma, a palavra “história”, que vem do grego antigo historie, teve diversas traduções.
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Exemplo
A palavra “história” podia ser traduzida como “testemunha” no sentido de “aquele que vê”, podendo também significar “procurar saber”, “informar-se” e ainda um terceiro sentido: o de narração.
Marc Bloch
Para evitar essa confusão de significados, algumas línguas criaram palavras diferentes para se adequar aos diferentes significados. Em inglês, existe uma distinção clara entre history e story (história e conto), assim como em português, embora a diferença entre história e estória (no sentido de “conto”) tenha caído em desuso.
A definição mais comum – da qual certamente você já ouviu falar – sobre História é de que ela é a “ciência do passado". Tal definição é rejeitada por uma série de historiadores que consideram absurdo existir uma ciência que se dedique a estudar o que já aconteceu.
O historiador Marc Bloch prefere defini-la como "a ciência dos homens no tempo" a fim de destacar o caráter humano da ciência e de seu principal objeto. A História, portanto, é a ciência que, produzida por pessoas, se detém a investigar a ação humana na sociedade.
Para que serve a história? Certamente você já fez tal pergunta ou já a perguntou a alguém.
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Resposta
Como apontamos, a resposta mais usual é que a função dela é “conhecer o passado para entender o presente e preparar o futuro”. Vem do filósofo romano Cícero, que viveu no século I a.C., a ideia de História como mestra da vida. Tal frase demonstra que ela tem condições de criar um repertório de experiências nas pessoas capaz de impedi-las de repetir os erros do passado.
Trata-se, no entanto, de uma visão equivocada sobre a história, pois a compreensão do passado não tem o poder de controlar ou impedir que, no presente, ações e práticas se repitam. Na verdade, o que ocorre muitas vezes é o oposto: o reavivar de comportamentos e ideologias consideradas já superados.
Mas o que pode a história nos dizer sobre a sociedade contemporânea? Durante a maior parte do passado humano – na verdade, mesmo na Europa ocidental, até o século XVIII – supunha-se que ela pudesse nos dizer como uma dada sociedade, deveria funcionar. O passado era o modelo para o presente e o futuro.
(HOBSBAWM, 1998, p.37)
Afirmar que a história não é mestra da vida não significa, contudo, que não devemos compreender o presente pelo passado, e sim que podemos entender o passado pelo presente para perceber que “toda a história é contemporânea” (LE GOFF, 2003, p. 24).
Isso já nos leva a questionar: o que são o passado e o presente na História?
Passado e presente
Vimos anteriormente que muitas vezes, de forma equivocada, o passado é tratado como um modelo (a ser seguido ou evitado) do presente. Do mesmo modo, observamos que a História é definida como o campo de estudo do passado. Mas você já se perguntou o que é o passado?
Segundo o historiador Eric Hobsbawm (2003), o passado é o período anterior aos acontecimentos dos quais um indivíduo se lembra diretamente. Quando existe a necessidade de rememorar um fato acontecido e se recorre a alguém ou a algum tipo de meio (caderno de memórias, documentos civis, fotografias, anotações etc.), aí surge a noção de passado.
Praia de Copacabana
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Exemplo
Todo ser humano tem consciência do passado pelo fato de viver com pessoas mais velhas que narram fatos cujo indivíduo já não lembrava ou desconhecia.
Por outro lado, sua abrangência depende de diversas circunstâncias, como os interesses pessoais e coletivos de quem se propõe a escrever a história, além dos meios (fontes históricas) disponíveis para tratar desse passado. Tal situação nos leva a entender que o passado não está pronto em determinado lugar à espera do historiador para resgatá-lo, e sim que, a partir de alguns fragmentos disponíveis (fontes históricas), é possível se aproximar de uma interpretação do passado.
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Atenção!
O historiador nunca poderá reconstituir o passado tal qual ele foi.
Walter Benjamin (1987) explica que articular historicamente o passado não quer dizer conhecê-lo “como ele de fato foi”. Na verdade, significa apropriar-se de uma reminiscência tal como ela relampeja.
Como ciência do passado, a História tem a função de não apenas contar sobre os fatos do passado, mas também de recorrer aos métodos científicos de pesquisa, de constituir uma análise série e aprofundada dele. Para isso, ela recorre à datação dos fatos e aos testemunhos.
A cronologia é uma categoria importante para a História, pois a história se dá em determinado tempo que precisa ser bem localizado. Já os testemunhos do passado são amplos e variados. Falamos rapidamente deles antes: são as fontes históricas. Como matéria-prima do trabalho do historiador, essas fontes são minunciosamente interpretadas e questionadas, estendendo-se muito além de uma repetição do que ela, a princípio, afirma ou sugere.
O trabalho do historiador é olhar com desconfiança e com outras perguntas às fontes/testemunhas do passado. Em síntese, podemos afirmar que o passado é matéria-prima da história, mas não é a própria história.
Mais à frente, voltaremos a isso. Por ora, é preciso entender que o passado, em si mesmo, não interessa ao historiador e nem mesmo à sociedade. Só faz sentido se debruçar sobre o estudo do passado em articulação com questões contemporâneas.
Por outro lado, embora o passado não possa ser recuperado tal qual ele foi, todos nós conhecemos alguém que enxerga nele determinada “época de ouro” da qual o presente teria supostamente nos privado e busca reintroduzi-lo, desprezando, porém, a compreensão de que, no presente, as condições nem sempre favorecem o retorno a essa suposta época virtuosa. A compreensão que as pessoas têm do passado forma a consciência histórica que se manifesta no plano concreto da vida humana no instante em que se emite opiniões ou se faz escolhas políticas, ideológicas, econômicas e pessoais.
Embora a consciência histórica seja uma compreensão do passado, ela não tem origem apenas na história ensinada e aprendida na escola ou lida nos livros de história. Ela, afinal, também recebe a influência de diferentes e múltiplas fontes, desde a moral religiosa e a ética familiar até os inúmeros mediadores de informações históricas ou de uma concepção de passado.
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Exemplo
Filmes veiculados pelo cinema, novelas e séries da televisão, assim como a literatura e até mesmo os memes das redes sociais.
Por receber influências que nem sempre tratam o passado de forma adequada, podendo inclusive distorcê-lo, a consciência histórica não demonstra ser crítica a todo momento; pelo contrário, a consciência sobre o passado pode ser influenciada por ideias equivocadas dele, levando o indivíduo a exaltar ou a querer retomar práticas e concepções historicamente superadas. Esse desejo inclui até práticas e pensamentos que já demonstraram ser inviáveis para a humanidade.
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Exemplo
Concepções racistas e xenofóbicas ou ideologias de ordem fascista.
Tempo e cronologia
O tempo configura um elemento fundamental do conhecimento histórico. Mas o que é o tempo? Há uma sensível dificuldade de se definir o conceito de tempo, embora a sua passagem possa ser percebida e registrada em diversas circunstâncias, como as marcas deixadas na natureza (asestações do ano ou o dia e a noite) e no próprio corpo humano (o processo de envelhecimento) demonstram.
Nesses exemplos, é possível constatar algo fundamental para se entender o tempo e, por consequência, a história: o tempo não é algo fixo e imutável. Pelo contrário: ele evoca a ideia de ciclos e mudanças. Foi para demarcar esse processo que as sociedades humanas passaram a marcá-lo das mais diversas formas – entre elas, o calendário.
Para os povos tupi, a passagem de tempo é demarcada pelo conjunto de elementos da natureza relacionado à sobrevivência, como a época das chuvas e da seca ou sobre o que plantar e colher em cada um desses tempos.
Na contemporaneidade, o calendário mais utilizado, o gregoriano, divide o tempo a partir do movimento de translação da Terra; por conta disso, o ano possui 365 dias. Esse calendário é fortemente marcado pelo cristianismo: primeiramente, por definir uma contagem de eras dividida entre o tempo antes e depois de Cristo; em segundo lugar, por incluir uma série de demarcações do tempo a partir das celebrações religiosas, levando a sociedade a organizar suas vidas nesse contexto. Mesmo quem não segue as religiões cristãs acaba sendo influenciado por essa demarcação do tempo.
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Exemplo
Os feriados religiosos que se impõem sobre o calendário civil.
Não raro, muitos povos acabam convivendo com mais de um calendário: um rege a vida civil, enquanto outro organiza sua vida religiosa ou de tradição de origem, como é o caso de judeus e dos chineses.
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Exemplo
O ano de 2021, no calendário gregoriano, corresponde a 5781 no calendário judaico e a 4719 no calendário chinês.
O calendário judaico começa a sua contagem no ano da suposta criação de Adão. Além disso, a contagem de tempo é lunissolar: os meses são contados a partir dos ciclos lunares; os anos, a partir dos ciclos solares. Desse modo, os anos podem variar de 12 a 13 meses com 29 ou 30 dias. Esse calendário tem uma função essencial para demarcar nascimentos, mortes e outras celebrações judaicas.
Já o calendário chinês é lunissolar, ou seja, é organizado de acordo com as fases da Lua e a posição do Sol. Por isso, o ano novo chinês tem início na primeira lua nova.
Outra forma de se demarcar o tempo, além da cronológica, é defini-lo a partir das experiências humanas na sociedade. Tempos de guerra, a era das revoluções e a Antiguidade, entre outros, são alguns exemplos nos quais se pode olhar para o passado e entendê-lo sob o prisma das experiências humanas.
O tempo histórico, no entanto, se diferencia do cronológico, pois a marcação de sua passagem não se deve aos movimentos lunares ou solares, e sim à sucessão de acontecimentos que se dão no plano da curta, média ou longa duração. Entenda cada um deles.
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Curta duração
Refere-se ao “tempo breve, ao indivíduo, ao evento”. Está presente na narrativa factual, destacando sobretudo os eventos políticos e os “heróis”. Em termos numéricos, esse tempo pode se referir a um dia e/ou a alguns poucos anos.
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Média duração
Conjuntura de vários anos ou décadas. O que chama a atenção, por exemplo, não é uma revolução ou uma guerra (ou uma decisão de um político), e sim um conjunto de elementos que nos permite ver o movimento histórico por meio do crescimento demográfico, do movimento dos salários ou do volume da produção agrícola ou industrial.
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Longa duração
Análise que compreende um conjunto mais amplo de décadas ou séculos, pois a realidade se altera em uma velocidade muito lenta, quase imperceptível (BRAUDEL, 2007, p. 44-49).
Tempo e temporalidades
Quem poderá explicá-lo breve e facilmente? Quem poderá alcançar sua noção com o pensamento, a ponto de dizer sobre ele uma palavra exata? E, no entanto, em nossos discursos, que ideia damos como mais conhecida e mais familiar que a de tempo? E, quando falamos a seu respeito, a entendemos, assim como a entendemos quando dela ouvimos falar. O que é, portanto, tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei: se eu quero explicá-lo a quem me pergunta, não sei.
(AGOSTINHO apud NICOLA, 2005, p. 131)
Analisando o que se estudou até aqui, é importante considerar as três formas distintas de analisar os acontecimentos no tempo:
Tempo cíclico
Presente em narrativas míticas e religiosas, possui a ideia de eterna repetição, em que a ação humana terá sempre as mesmas consequências, ainda que em lugares e povos distintos.
Tempo linear
Contempla a ideia de progresso e mudança. No tempo linear, os acontecimentos históricos se dão em sequência evolutiva, abarcando de igual modo diferentes povos e sociedades.
Múltiplas temporalidades
Implica reconhecer que sociedades, povos e culturas possuem histórias diferentes que ora podem se cruzar, ora seguem trajetórias próprias, incluindo a própria ideia de história como processo.
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BNCC e o tempo
Assista, no vídeo a seguir, a BNCC e a demanda pela unidade do tempo.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Tempo e Cronologia
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Tempo histórico
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Tempo e temporalidades
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“O que é, efetivamente, o tempo? Quem poderá explicá-lo breve e facilmente? Quem poderá alcançar sua noção com o pensamento, a ponto de dizer sobre ele uma palavra exata? E, no entanto, em nossos discursos, que ideia damos como mais conhecida e mais familiar que a de tempo? E, quando falamos a seu respeito, a entendemos, assim como a entendemos quando dela ouvimos falar. O que é, portanto tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei: se eu quero explicá-lo a quem me pergunta, não sei. Todavia, com segurança afirmo saber que se nada passasse, não haveria o passado: se nada acontecesse, não haveria o futuro, se nada fosse, não existiria o presente."
Fonte: AGOSTINHO apud NICOLA, 2005. p. 131.
Marque a alternativa correta.
Questão 2
“É inevitável que nos situemos no continuam de nossa própria existência, da família e do grupo a que pertencemos. É inevitável fazer comparações entre o passado e o presente. É essa a finalidade dos álbuns de fotos de família ou filmes domésticos. Não podemos deixar de aprender com isso, pois é o que a experiência significa.”
Fonte: HOBSBAWM, 1998, p. 36.
Considerando os conceitos de passado e presente estudados, marque a alternativa correta.
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2
O conhecimento histórico e seus fundamentos
Ao final deste módulo, você será capaz de analisar as possibilidades da história como forma de conhecimento crítico.
História e verdade
É comum ouvirmos expressões, como, por exemplo, “verdadeira história” ou “a história mostrará a verdade”. Mas como se define a verdade e de que forma a história lida com isso?
Para o historiador Carlo Ginzburg (2007), uma afirmação falsa, uma verdadeira e uma inventada não apresentam, do ponto de vista formal, nenhuma diferença. O que vai distinguir uma das outra é a intenção de quem produz a narrativa e a maneira com que usa as fontes: enquanto a narrativa inventada corresponde ao que é produzido intencionalmente para ser uma ficção (e assim é reconhecida), a falsa manipula os testemunhos do passado a fim de querer se passar como verdade.
A ideia de verdade em História está ligada à forma com que a pesquisa historiográfica é produzida, ou seja, se ela segue os princípios básicos da ética profissional e dos métodos de pesquisa.
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Atenção!
Não existe pesquisa histórica isenta, já que o historiador sempre é impulsionado pela sua concepção de história, como, por exemplo, o processo de seleção de fontes e a escolha do objeto da pesquisa e da maneira como constrói a narrativa. A maior ou menor proximidade que ele tenha com um objeto não poderá servir como desculpa para ele negar, esconder ou manipular fontes e conclusões.
Soma-se a tais princípios a necessidade que o historiador tem de analisar as fontesde sua pesquisa de forma cuidadosa e responsável, contextualizando-as e cruzando com outras fontes e bibliografias para evitar uma escrita abusiva da história. Essa escrita pode se manifestar nas interpretações grosseiras e com distorções a fim de atender, na maioria das vezes, a interesses ideológicos e políticos.
Durante muito tempo, os historiadores tiveram receio em adotar o conceito de verdade em suas pesquisas para evitar um caráter supostamente elitista de domínio do conhecimento ou levar o debate para um contexto excessivamente filosófico acerca dela. Contudo, nos últimos 50 anos, o conceito de verdade passou a fazer parte dos debates historiográficos de uma forma mais aberta por duas razões:
Posicionar-se de modo frontalmente contrário à interpretação histórica da escola metódica.
Ampliação do alcance da internet e da popularização das redes sociais e aplicativos de conversa: é possível ver de maneira crescente a tentativa de se relativizar a história a partir do crescimento avassalador de distorções históricas, negacionismos e revisionismos, que são resultado da propagação de fake news históricas difundidas por meios diversos.
Pierre Vidal-Naquet (1988) explicou essa estratégia nos anos 1980, período no qual ele via ressurgir movimentos fascistas na Europa. Para o autor, o negacionismo não tenta apagar o passado ou escrever uma “nova verdade”. Ele, na verdade, precisa do passado para relativizar fatos e adulterar dados com o propósito de construir uma narrativa enganosa, pois uma mentira, uma história inventada, é facilmente detectável.
Como alerta Eric Hobsbawm (1998), poucas ideologias intolerantes foram construídas com base em mentiras ou ficções, isto é, sem nenhuma evidência. O abuso ideológico mais comum da história são o anacronismo e a distorção das informações.
O conceito de verdade em história, portanto, não é definitivo, pois a pesquisa histórica está em constante evolução. A qualquer momento um documento ou fonte pode desmantelar toda uma suposta verdade, alterando a interpretação sobre os acontecimentos.
Tal realidade, portanto, indica que a História é uma ciência viva. Embora lide com subjetividades e interpretações das fontes, isso não quer dizer que ela seja uma mera opinião.
História e ciência
Você deve se lembrar de que anteriormente vimos que a ideia de história como reflexão intencionalmente voltada para a reflexão crítica da memória tem suas raízes fincadas na Antiguidade. Atribui-se a Heródoto e Tucídides o ponto de partida desse processo de registro.
Heródoto
Tucídides
Durante séculos, a escrita da história oscilou entre estilos muito diversos, desde a hagiografia e a história dos governos/reinos e impérios até um trânsito com a Filosofia e a Teologia. Contudo, no século XVIII, com o advento do Iluminismo, a produção historiográfica começou a se aproximar do que se conhece hoje em dia após passar por uma forte mudança de caráter teórico e metodológico, culminando com sua cientificização no século seguinte.
No século XIX, muitas ciências se constituíram – entre elas, a Sociologia, a Antropologia e a História. A constituição de tais conhecimentos como campos da ciência se deu a partir do momento que eles passaram a incorporar procedimentos metodológicos e formas de investigação específicas, afastando-se do campo da narrativa literária ou filosófica até então predominante. Até esse momento, a história era escrita a partir de uma das três grandes correntes:
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1 de 3
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A principal mudança da história a partir do século XIX foi deixar de ser considerada uma crônica baseada em testemunhos das gerações anteriores tomados como verdades inquestionáveis. Com isso, ela recuperou o sentido originário (grego) de história, conforme citamos anteriormente, como campo de investigação.
A evolução na escrita da história deu-se com a incorporação de uma base de caráter metódico-documental também chamada de historiografia "positivista". De forma equivocada, se confunde a historiografia positivista com a escrita da história de maneira episódica (factual) e descritiva (história tradicional).
Contudo, a historiografia positivista é a dos "fatos", isto é, da valorização dos documentos e da narrativa. Sujeita a um "método", ela pode ser chamada, por isso, de "escola metódica" (MARTINS, 2010). Dessa forma, a história também se viu impactada pelo caráter cientificista tanto alemão quanto francês em ascensão no século XIX, reformulando de vez a produção historiográfica.
Mas, afinal de contas, a História é uma ciência?
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Resposta
A resposta a essa pergunta ainda é alvo de controvérsias, até mesmo entre os historiadores da atualidade. Para alguns historiadores, ela é uma ciência que se distingue das demais por ser, ao mesmo tempo, arte. A História é ciência ao coletar, achar e investigar, mas também é arte ao dar forma ao colhido, ao conhecido e ao representá-lo. Enquanto as outras ciências satisfazem-se com a ideia de mostrar o achado, ela se interessa em “reconstituir” e analisar o processo nos quais os acontecimentos se deram.
A História ensinada
Como reconhecimento de seu caráter científico, somente no século XIX a História passa a ser ensinada como um campo específico do conhecimento. Antes disso, era ministrada como parte de outras ciências, como a Filosofia, a Gramática e a Catequização.
No entanto, o contexto de instituição da História como campo de ensino se deu com o objetivo de colaborar com o processo de formação e reconhecimento das nações que se organizavam naquele momento. Sua finalidade era estimular o sentimento de patriotismo.
Já as características da História, segundo Falcon (1997, p. 65), eram:
O Estado-nação como tema central tanto da investigação quanto da narrativa históricas.
A crítica erudita das fontes elemento essencial para desenvolver o método histórico, garantia da cientificidade do conhecimento.
Introdução dos conceitos de história como singular coletivo em conexão com o novo conceito de revolução.
A perspectiva historicista aplicada tanto à história-matéria quanto à disciplina.
O momento de criação da História como disciplina também coincide com a instituição da escola laica e obrigatória na França, cristalizando uma ruptura de poderes entre Estado e Igreja, até então a principal entidade a ofertar e controlar o ensino em várias partes do mundo.
Isso tem a ver com o maior interesse do Estado em controlar a análise e a narrativa sobre o processo histórico, já que a maior parte das fontes históricas utilizadas na pesquisa e no ensino daquele tempo era de caráter governamental, abrindo espaço para que os grupos detentores de poder político pudessem direcionar o uso das fontes que a ele estivessem ligadas.
poder é sempre poder do Estado — instituições, aparelhos, dirigentes: os ‘acontecimentos’ são sempre eventos políticos, pois são estes os temas nobres e dignos da atenção dos historiadores.
(FALCON, 1997, p. 65)
No caso do Brasil, a criação da disciplina de História percorreu diversos caminhos. Do período colonial até 1759, ela foi controlada exclusivamente pela Igreja, especialmente por missionários jesuítas e franciscanos.
A escola primária (ou “escola de primeiras letras”), que perdurou até o início do século XX, era lugar de aprender a ler, escrever e contar.
A História aparecia de forma tangencial na utilização de textos da “Constituição do Império” e de outros sobre a história do Brasil usados nas aulas de leitura e gramática. Além disso, a “história sagrada”, vinculando moral religiosa e fé, perdurou até o século passado.
Somente em meados do século XX, houve um interesse maior em incorporar a História como disciplina específica. No entanto, a ênfase era ensinar a “verdadeira história da civilização”, que se resumia na história da Europa Ocidental, enquanto a do Brasil ocupava uma posição secundária.
Com a abolição da escravidão e o advento da República, o mesmo viés de constituição e formação do sentimento nacionalista registrado nas nações europeias no século XIX se repetiuno Brasil: despertar o patriotismo vinculava-se à necessidade de inculcar valores relacionados à preservação da ordem e da obediência à hierarquia, que pareciam abalados naquele momento com o fim da escravidão. Nesse sentido, a escola e o ensino de História seriam importantes mediadores desse processo de acomodação das tensões de classe e raciais.
Por outro lado, o fortalecimento do espírito nacionalista pressupõe a “invenção de tradições”. Para isso, a República definiu e incorporou no currículo e no calendário escolar os “heróis” nacionais e os marcos históricos como elementos visíveis de exaltação da pátria.
Tiradentes esquartejado, óleo sobre tela, Pedro Américo, 1893.
A obra Tiradentes esquartejado é um óleo sobre tela de 1893 do pintor brasileiro Pedro Américo. Trata-se, portanto, de uma alegoria criada pelo imaginário do pintor mais de cem anos depois do fato histórico. Essa pintura é um exemplo da criação do herói nacional, fazendo, de forma bem evidente, uma referência ao Cristo crucificado com cabelos e barbas longas.
Em um país de formação basicamente cristã, ficava mais fácil construir heróis associados ao mundo religioso, pois, em tese, eles teriam mais aceitação no meio da população.
Além disso, o enforcamento seguido de esquartejamento associava Tiradentes ao martírio tal qual Jesus, que entregou sua vida pelo povo.
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Guerra do Paraguai: qual delas?
Você já ouviu falar em historiografia? São as diversas camadas de historiadores que investigam um assunto, como o caso da Guerra do Paraguai. Vamos conhecer essa história.
O fato histórico
O que é um fato histórico? Essa é uma pergunta essencial para se entender os fundamentos da história. Vejamos: em algum momento da formação escolar ou mesmo da vida fora da escola, ouvimos falar de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, morto depois de um ataque ao quilombo em 1895.
Segundo o senso comum, Zumbi é exaltado como sinônimo de luta e coragem, embora nem todos os historiadores compreendam a história dele do mesmo modo. Zumbi pode até não despertar interesse da mesma maneira em todos eles.
Zumbi dos Palmares
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Atenção!
Isso não quer dizer que mesmo o historiador sem grandes interesses pelo tema desconheça o sujeito histórico que foi Zumbi, assim como o lugar e o tempo em que esse fato se desenvolveu.
Voltemos para a pergunta: por que, diante de centenas de outros quilombos invadidos e destruídos pelas forças de repressão em todo o Brasil, o de Palmares tem tanto relevo? E por qual motivo, entre tantos líderes quilombolas capturados e/ou mortos, Zumbi alcançou tamanho destaque?
A resposta a essas perguntas, além de esclarecer o que constitui um “fato”, nos ajuda a entender por que História é ciência e arte ao mesmo tempo. Quem dá o relevo do fato histórico é o historiador que analisa o acontecimento do passado e todo o contexto em que ele se desenvolveu, interpretando-o conforme suas expectativas e concepções teórico-metodológicas.
Entender a grandeza histórica de Palmares e de Zumbi não é algo simples. Tal esforço depende inteiramente de o historiador selecionar este viés de análise ao invés daquele.
Essa é a dimensão humana da ciência histórica – e ela tem profunda relação com as concepções teórico-metodológicas do historiador. Por conta disso, é impossível haver um conjunto de fatos históricos a existir independentemente da interpretação do historiador.
Os fatos históricos são cognoscíveis cientificamente, mas essa exigência deve levar em conta seus caracteres específicos.
Por um lado, esses fatos são contraditórios como o próprio decorrer da história. Eles, afinal, são percebidos diferentemente (porque são ocultados) segundo o tempo, o lugar, a classe ou a ideologia. Por outro, escapam à experimentação direta por sua natureza passada: eles são susceptíveis apenas de aproximações progressivas, sempre mais próximas do real, nunca acabadas nem completas (CHESNEAUX, 1995, p. 67).
Uma primeira conclusão que podemos tirar daqui é que os fatos históricos nunca chegam “puros” a nós, pois eles não existem nem podem existir de forma pura: eles são sempre o resultado de escolhas de registro do historiador. Sendo então uma ciência tão humana, a primeira preocupação ao se ler um livro de História não deveria ser com o fato em si, e sim com quem o escreveu.
Em segundo lugar, é preciso compreender a necessidade do historiador de usar a imaginação para interpretar e narrar a história, já que, na maioria das vezes, as fontes históricas são insuficientes para compor a narrativa daquele tempo.
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Atenção!
Tal insuficiência e estímulo ao uso de imaginação não podem se manifestar como um sentimento de simpatia, o que pode levar o historiador a erigir uma narrativa panfletária. Tampouco pode haver o abuso do imaginário. A ideia, portanto, é existir uma imaginação controlada e limitada por contextos semelhantes, fontes correlatas, entre outros fatores.
O terceiro ponto é um reforço ao que já foi dito anteriormente: nós podemos visualizar o passado e atingir nossa compreensão do passado somente por meio dos olhos do presente. O fato histórico acaba, assim, sendo definido muitas vezes em função do seu significado na atualidade.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
História e verdade
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
História e ciência
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
História ensinada
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“A ‘verdade’ equivale certamente a um ‘juízo verdadeiro’ ou a uma ‘proposição verdadeira’, mas significa também ‘conhecimento verdadeiro’. É neste sentido que a verdade é um devir: acumulando as verdades parciais, o conhecimento acumula o saber, tendendo, num processo infinito, para a verdade total, exaustiva e, nesse sentido, absoluta.”
Fonte: SCHAFF, 1991, p. 105.
A partir dos estudos do módulo e da afirmação acima, é possível afirmar que
Questão 2
A história se constituiu de um processo contínuo de interpretação e de um diálogo entre o presente e o passado. Desse modo, só é possível compreender completamente o presente à luz do passado, sendo necessário esclarecer o que são e como são constituídos os fatos históricos. Tendo isso em vista, como podemos caracterizar o “fato histórico”?
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O ofício do historiador: métodos, técnicas e procedimentos
Ao final deste módulo, você será capaz de debater sobre os procedimentos de trabalho do historiador, como os critérios de seleção de fatos históricos, os recortes cronológicos ou temáticos e a relação com as fontes.
As escolas historiográficas
As pesquisas históricas que apresentam em seu bojo um conjunto de práticas metodológicas e de interpretação com um padrão mínimo de elementos em comum, seja no que tange aos objetos de pesquisa, aos problemas ou às fontes utilizadas, são chamadas de escola historiográfica. A maioria dessas escolas – embora isso não ocorra necessariamente – nasceu em torno de espaços comuns de debate.
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Exemplo
A mesma universidade, país, organização política ou revista de divulgação acadêmica.
Isso se explica pelo fato de que, nesses espaços comuns, ocorrem intensos e fecundos debates responsáveis pelo aperfeiçoamento e pela especialização da escola historiográfica.
Outro fator: se a escola historiográfica, de fato, é escola, se pressupõe que há quem aprenda com ela. A razão de qualificá-la com esse nome se deve ao fato de que a produção intelectual de tal abordagem se multiplicou por, pelo menos, mais uma geração de novos pesquisadores.
Descreveremos a seguir três escolas ou linhas de pensamentos decorrentes da escola historiográfica:
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Exemplo
Obras literárias, imagens iconográficas, diários de pessoas anônimas e jornais.
A partir dos Annales, a historiografia se redefiniu em diversas perspectivas de análise, como a história cultural, amicro-história, nova história política, história social, história das mentalidades e história da educação, entre outras.
Fontes históricas
Até aqui você já deve ter entendido o que são as fontes históricas, mas, devido à sua importância para o ofício do historiador, precisamos aprender um pouco mais sobre elas.
Gostaria de começar por lembrar que, metaforicamente falando, as fontes históricas constituem uma espécie de “máquina do tempo” para os historiadores – ou poderíamos dizer que elas são o seu “visor do tempo”, se pudermos tomar de empréstimo essas imagens que no momento ainda fazem parte da literatura ou filmografia de ficção científica. Uma vez que o historiador trabalha com sociedades que já desapareceram ou se transmutaram – ou, mais ainda, com processos que já se extinguiram ou que fluíram por meio de transformações que terminaram por atravessar os tempos até chegar ao presente produzindo novos efeitos –, não existiria outro modo de perceber essas sociedades ou apreender esses processos senão a partir das chamadas “fontes históricas”, aqui entendidas como os diversos resíduos, vestígios, discursos e materiais de vários tipos que, deixados pelos seres humanos historicamente situados no passado, chegaram ao tempo presente por meio de caminhos diversos.
(BARROS, 2020)
De modo geral, as fontes históricas podem ser classificadas em:
Voluntária
É a produzida com a intenção de deixar registros para a posteridade, como a obra de Tucídides sobre a Guerra do Peloponeso, diários de memórias, cartas e monumentos.
Involuntária
É aquela cujo vestígio foi produzido com objetivos imediatos e sem a intenção de guardar uma história para tempos posteriores, como é caso de rituais religiosos, documentos de caráter civil ou criminal e até mesmo os vestígios arquitetônicos habitacionais e destinados ao lazer.
Além disso, as fontes ainda podem ser classificadas em outras duas categorias:
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Fontes primárias
São escritas ou criadas dentro do período em que se está estudando. Se um historiador, por exemplo, estivesse pesquisando sobre a independência do brasil, ele poderia usar algumas fontes primárias, como as correspondências de José Bonifácio, os documentos sobre a guerra da independência na Bahia ou mesmo a arquitetura do palácio da Quinta da Boa Vista, no Rio De Janeiro, incendiado em 2018. Elas constituem, portanto, fontes de “primeira mão”.
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Fontes secundárias
São aquelas produzidas posteriormente ao acontecimento ou por alguém que, embora vivesse na mesma época, não foi testemunha do fato. Seguindo o exemplo da Independência do Brasil, podemos considerar que o quadro de Pedro Américo Independência ou morte, pintado em 1888 (66 anos após a independência) por alguém que nem era nascido na época, e o edifício-monumento do Museu do Ipiranga, em São Paulo, projetado para conservar a memória e a versão conservadora da proclamação da Independência, cuja construção teve início em 1885, são exemplos de fonte secundária ou de “segunda mão”.
Independência ou morte, por Pedro Américo, óleo sobre tela, 1888. Exposta no Museu Paulista.
Documentos e arquivos
Embora imaginação e criatividade sejam parte do ofício do historiador, como frisamos neste texto, essas condições devem ser utilizadas de forma muito controlada, pois a base do trabalho do historiador são as fontes históricas. Descreveremos, daqui por diante, algumas das principais categorias de fontes e seus usos.
A história é feita de textos, frisava o historiador francês do século XIX Fustel de Coulanges. Essa afirmação expressa bem o pensamento daquela época no qual:
o fetichismo dos fatos do século XIX era completado e justificado por um fetichismo de documentos
(CARR, 1982, p. 18)
Conforme destacamos, a historiografia do século XIX interessava-se pela busca da verdade histórica – e, nesse caso, nada melhor que os documentos. Exemplos de fontes que supostamente contavam a verdade do passado, decretos, tratados, registros cíveis, atas, correspondência oficial, cartas e diários particulares eram usadas de forma acrítica.
Segundo o senso comum, sempre existe uma tendência de conferir mais veracidade ao que está escrito, principalmente quando tais textos fazem parte de instituições religiosas e poderes públicos. Só que documentos, mesmo aqueles de caráter oficial/governamental, também são narrativas construídas sobre o passado: eles podem conter adulterações, esconder ou modificar dados e ser produzidos com o propósito de enganar.
A documentação não pode ser tomada como registro “da verdade”, e sim de “uma verdade” ou de uma “parte da verdade” que se quis registrar.
Cabe ao historiador interpretar as informações da documentação, preferencialmente cruzando os dados com outras fontes, antes de tirar qualquer conclusão.
A forma e a condição com que os documentos são arquivados também devem ser levadas em consideração no momento da pesquisa histórica, pois podem ser evidências de controle excessivo e manipulação das informações. Isso é comum em governos ditatoriais e autocráticos que impõem censura ou sigilo excessivo sobre documentos que deveriam ser de livre acesso ao público.
Ao se impedir o acesso, inclusive de pesquisadores, a essa documentação, a intenção é que partes do passado não sejam conhecidas. Nesse caso, a escrita da história sempre conservará lacunas até que o acesso a essa documentação seja liberado. Situação parecida acontece quando há descuido (intencional ou não) com a preservação da documentação, levando à perda irreversível de fontes.
O saber histórico é o produto de fontes, todas elas vindas do passado, e de uma crítica vinda do historiador, um especialista que explora seu conteúdo! Mas não é preciso advertir que o trabalho do historiador não pode estar limitado a isso. Nada é uma fonte pela própria natureza, e é o problema colocado pelo historiador que, identificando um traço que fornece uma resposta, transforma assim um documento em uma fonte histórica. Os registros e marcas do passado são matéria-prima. O historiador, diante dessa matéria-prima, das fontes, faz perguntas, coloca problemas. Mas é preciso inicialmente saber o que essa fonte dizia antes dos outros, como era usada para outra coisa, ou seja, é preciso adquirir conhecimento sobre ela (isso significa que o historiador já possui conhecimento da história da época em que o documento foi produzido) e, a partir desses dados obtidos, talvez essa fonte possa fornecer e acrescentar novas ou algumas informações para a pesquisa. Cabe ao historiador, dessa forma, selecionar e delimitar as fontes adequadas para sua pesquisa.
(MONIOT apud BITTENCOURT, 2009, p. 328)
As fontes visuais
Com o avançar da “operação historiográfica”, o conceito de “documento” ou “fontes” se transformou, deixando de entender o “documento” apenas como “escritos oficiais” capazes de registrar a verdade da história, como pensavam os historiadores ligados sobretudo à escola metódica francesa do século XIX. Essa transformação levou a classe a tratar como fonte histórica tudo aquilo que seja material ou não e que possibilite reflexões e interpretações sobre o passado.
Por outro lado, as fontes visuais sempre despertaram a atenção do historiador e do público em geral. Pinturas, quadros, fotografia, produção cinematográfica e, mais recentemente, charges, HQs e memes de internet são explorados como fontes históricas para se entender um contexto, um personagem ou um acontecimento, já que eles configuram registros e representações do passado com os quais o historiador pode estabelecer um diálogo investigativo.
As imagens estabelecem uma mediação entre o mundo do espectador e do produtor, tendo como referente a realidade, tal como, no caso do discurso, o texto é mediador entre o mundo da leitura e o da escrita. Afinal, palavras e imagens são formas de representação do mundo que constituem o imaginário.
(PESAVENTO, 2003, p. 86)
Considerando a diversidade das fontes visuais, o historiador tem de estar atento para analisar cada uma conforme a própria característica e seus limites. Ele tambémprecisa considerar os aspectos da época em que essas fontes foram produzidas e os de seu autor, porém o mais importante – e que estamos reforçando em todas as fontes aqui apresentadas – é entender que as fontes visuais não são o real, e sim uma representação dele.
O filme (até mesmo o documentário), a fotografia e a pintura precisam ser analisados sob esse prisma, pois são produzidos a partir de escolhas de luz, enquadramento e recortes, entre outros itens. Nesse sentido, eles são o resultado de visões de mundo ou, como já falamos, da “consciência histórica” de quem produziu ou financiou sua produção.
Por isso, as produções visuais estão cheias de lacunas, silêncios e intencionalidades.
No contexto da renovação historiográfica do século XX, as imagens passaram, nos mais diversos formatos, a ser incorporadas à pesquisa histórica como fonte, embora, em alguns casos, elas ainda sejam utilizadas como ilustração. A grande diferença entre ambas é que, no caso da ilustração, o seu caráter é meramente acessório, ocupando o lugar de representação do passado, enquanto entender as imagens como fontes significa que elas devem ser problematizadas e contextualizadas.
É preciso reafirmar ainda que a produção visual, em seus mais diferentes formatos, se constitui como “representação” do passado, já que eles são composições criadas para evidenciar uma imagem, favorecendo uma interpretação anteriormente planejada. Além disso, também é importante ressaltar que muitas produções visuais, como filmes (tanto os de ficção como os documentários), por exemplo, não têm compromisso com a historiografia – e é por esse ângulo que elas devem ser analisadas.
Vista do Teatro Real de São João no Rio de Janeiro, Brasil.
A memória e a oralidade como fontes
A história oral se trata do relato de sujeitos históricos acerca da própria existência. Por conta disso, é possível recorrer tanto à memória quanto aos documentos, aos objetos e às fotografias, entre outros exemplos, ou seja, a tudo aquilo que, de alguma maneira, ajude a reavivar a memória e a compor da narrativa.
A pesquisa histórica com base na história oral depende de uma cuidadosa metodologia de pesquisa, podendo ocorrer em entrevista (estruturada ou livre) formal ou informal, além de ser colhida no formato de depoimentos.
Ainda como parte da metodologia, ao pesquisador cabe seguir parâmetros éticos em relação à entrevista e ao entrevistado, já que, em muitos casos, ele está lidando com temas sensíveis, muitos dos quais foram experimentados pelo narrador e cuja lembrança pode causar dor, constrangimento ou raiva.
Como explica o historiador Antonio Montenegro:
A relação entre o entrevistador e o entrevistado é outro aspecto constitutivo da produção de um depoimento. A postura de um entrevistador deve ser de um parteiro que não conhece a pressa e a impaciência e está disponível para ouvir as histórias do entrevistado com o mesmo cuidado, atenção e respeito, tenham essas significado ou não para a pesquisa em tela.
(MONTENEGRO, 1993, p. 57)
Como toda fonte histórica, a história oral pode conter alterações e desvios propositais (quando o narrador quer desviar de um assunto e, com isso, não responde às perguntas ou insiste em conduzir a narrativa em outra direção) e não propositais (como aqueles decorrentes do esquecimento ou da confusão mental). Desse modo, é importante ressaltar que a história ali analisada deriva do olhar e da experiência de alguém.
A opção de se utilizar da história oral parte de vários pressupostos:
Ausência de outros tipos de fontes.
Reação a explicações genéricas e globalizantes que desprezam o local e o particular.
Atitude de dar voz aos sujeitos como atores da história.
Podemos reduzir tais pressupostos com as seguintes palavras:
[...] a história oral são as memórias e recordações das pessoas vivas sobre seu passado. Como tal, está submetida a todas as ambiguidades e debilidades da memória humana; não obstante, nesse ponto, não é consideravelmente diferente da história como um todo, a qual, com frequência, é distorcida, subjetiva e vista pelo cristal da experiência contemporânea.
(SITTON; MEHAFFY; DAVIS JR, 1995, p. 9)
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Formas de fazer história
Já pare pensou que história não é uma linha. Logo, se não é uma linha, podemos nos perguntar: como podemos fazer História? O que faz um historiador? Vamos pensar sobre essas questões.
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Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
As escolas historiográficas
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Fontes históricas
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Documentos e artigos
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
“As fontes históricas são as marcas da história. Quando um indivíduo escreve um texto ou retorce um galho de árvore de modo a que esse sirva de sinalização aos caminhantes em certa trilha; quando um povo constrói seus instrumentos e utensílios, mas também nos momentos em que modifica a paisagem e o meio ambiente à sua volta – em todos esses momentos, e em muitos outros, os homens e mulheres deixam vestígios, resíduos ou registros de suas ações no mundo social e natural.”
Fonte: BARROS, 2020, p. 1.
De acordo com os estudos deste módulo, marque a alternativa correta.
Questão 2
“As fontes não seriam meros registros repletos de informações a serem capturadas pelos historiadores, mas também diversificados discursos a serem decifrados, compreendidos, interpretados. Não mais seriam apenas uma solução para o problema, mas parte do próprio problema.”
Fonte: BARROS, 2020, p. 8.
Sobre as fontes documentais, escolha a alternativa correta.
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Considerações finais
Verificamos neste conteúdo que a História é, acima de tudo, uma ciência da interpretação. Interpretar fontes históricas escritas e visuais constitui, além do ofício do historiador, o grande desafio que todos nós encontramos cotidianamente nas diferentes ações que desenvolvemos.
Devido ao caráter amplo da história, ela está presente em diferentes espaços e meios, desde um filme ao qual assistimos até a uma conversa sobre política e economia. O estudo dela, portanto, não pode mais ser visto como “lições” sobre o passado que ensinam a sociedade contemporânea a agir no presente. A importância do passado é ajudar na compreensão do presente, entendendo que ambos são tempos diferentes que guardam mudanças e permanências.
Da mesma forma, o caráter “humano” na escrita da história, ou seja, o fato de que os historiadores não são pessoas neutras e isentas de subjetividades na pesquisa e na escrita, contribui para se evitar que essa pesquisa seja vista como uma “recuperação” do passado e seus resultados, como uma verdade definitiva, o que não quer dizer que a história deva ser confundida com meras opiniões dos historiadores.
A História, por ser uma ciência, tem objetividade. No entanto, seu objeto de estudo é marcadamente subjetivo, englobando o homem em sociedade e suas mudanças ao longo do tempo (passado e presente).
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Podcast
Neste podcast, o Professor Rodrigo Rainha recupera os principais pontos trabalhados no material. Vamos ouvir!
Referências
BARROS, J. d’A. Fontes históricas: uma introdução à sua definição, à sua função no trabalho do historiador, e à sua variedade de tipos. Cadernos do tempo presente. v. 11. n. 2. jul./dez. 2020. p. 3-26.
BENJAMIN, Walter. Teses sobre o conceito da história, 1940. Obras escolhidas, v. 1, 1987.
BITTENCOURT, C. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2009.
BORGES, V. P. O que é história?. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
BRAUDEL, F. História e Ciências Sociais: a longa duração. In: BRAUDEL, F. Escritos sobre a história. Tradução de J. Guinburg e Tereza Cristina Silveira da Mota. São Paulo: Perspectiva, 2007. p. 41-78.
CARR, E. H. O historiador e seus fatos. In: Que é história?. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
CHESNEAUX, J.Devemos fazer tábula rasa do passado? Sobre a história e os historiadores. São. Paulo: Ática, 1995.
FALCON, F. História das ideias. In: CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. (Orgs.). Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
GINZBURG, C. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
HAMPATÉ BÂ, A. A tradição viva. In: História geral da África I: metodologia e pré-história da África. 2. ed. Brasília: Unesco, 2010.
HOBSBAWM, E. J. Sobre história: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
LE GOFF, J. Memória e história. Campinas: Unicamp, 2003.
MARTINS, E. de R. (Org.). A história pensada: teoria e método na historiografia europeia do século XIX. São Paulo: Contexto, 2010.
MONTENEGRO, A. T. História oral: caminhos e descaminhos. Revista brasileira de História. n. 25/26. 1993.
NICOLA, U. Antologia ilustrada de Filosofia das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
PESAVENTO, S. J. História & história cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
SCHAFF, A. História e verdade. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
SITTON, T.; MEHAFFY, G.; DAVIS JR. O. L. História oral: un guía para professores (y otras personas). México: Fondo de Cultura Económica, 1995.
VIDAL-NAQUET, P. Os assassinos da memória: um Eichmann de papel e outros ensaios sobre o revisionismo. Campinas: Papirus, 1988.
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Leia este artigo para entender algumas das principais mudanças que a área da História teve nos últimos tempos, bem como aprofundar alguns conceitos fundamentais, como o de tempo histórico, e conhecer outros, como os conceitos de estrutura e ação:
GUARINELLO, N. L. História científica, história contemporânea e história cotidiana. Revista brasileira de História. v. 24. n. 48. 2004.
Que tal a assistir um filme? Vamos ver duas obras que abordam o debate sobre a forma de contar a história:
a) Narradores de Javé (2003)
Este filme fala sobre uma cidade que desapareceria por conta de uma represa, sendo então pensada uma forma de guardar seu registro.
b) Amistad (1997)
Esta película aborda um navio negreiro que viveu um levante dos escravos e a disputa de narrativa – principalmente histórica – sobre o direito dos sujeitos que lá estavam.

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