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IMUNIZAÇÕES IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO O objetivo central da vacinação é a prevenção de doenças graves de forma barata e eficaz, através da indução de células B e T de memória. Em termos de saúde pública, previne mortalidade e morbidades, evitando o aumento do custo e a redução da capacidade funcional dos cidadãos. CONCEITOS Vacinas vivas atenuadas (enfraquecidas) As vacinas vivas atenuadas são feitas através da diminuição da virulência do patógeno, preservando sua imunogenicidade. Supõe-se, necessariamente, que haja uma replicação limitada do agente infeccioso atenuado no indivíduo vacinado. Ou seja, o patógeno aplicado simula a doença, replicando-se no corpo do hospedeiro, mas o sistema imunológico do paciente logo acaba com a infecção e produz células de memória. É como transformar um patógeno virulento em um “café com leite”, injetando-o em um organismo com sistema imunológico hígido. Contraindicação Qualquer situação que curse com alteração do sistema imunológico consiste em uma contraindicação para a aplicação de vacinas vivas atenuadas, tendo em vista que para sua eficácia, faz-se necessário um sistema imunológico íntegro. Caso contrário, o paciente pode acabar desenvolvendo a doença. • Imunodepressão (congênita ou adquirida) • Gestação Vacinas inativas As vacinas inativas são feitas com microrganismos mortos, inteiros ou com subunidades (toxinas). Elas são menos potentes do que as vacinas vivas atenuadas, de forma que há coadministração com adjuvantes ou são feitas múltiplas doses. Elas podem ser aplicadas em indivíduos imunodeprimidos. Vacinas polissacarídica x conjugada A vacina conjugada consiste em associar o antígeno (geralmente um polissacarídeo) com uma proteína, tornando melhor o estímulo às células TCD4 e, consequentemente, resultando em uma memória imunológica mais eficiente e mais duradoura quanto comparada a vacina polissacarídica. Polissacarídica Conjugada Antígeno é um polissacarídeo Antígeno é conjugado a uma proteína Resposta de duração limitada (3 a 5 anos) Resposta mais duradoura Resposta imune T- independente (IgM e IgG2) Células T-CD4 (IgG1 e IgG3) Aplicação simultânea de vacinas Vacinas combinadas As vacinas combinadas são aquelas em que numa mesma administração, são inseridas diversas vacinas. A principal vantagem é a facilidade na administração (melhora a adesão do paciente e a cobertura vacinal), assim como no armazenamento, número de injeções utilizadas, menos erros nas aplicações e menos sofrimento para o paciente. O exemplo clássico é a vacina pentavalente, na qual estão combinadas as vacinas contra difteria, coqueluche, tétano, haemophilus e hepatite B. Administração simultânea A administração simultânea de vacinas ocorre para aquelas que devem ser aplicadas no mesmo dia. Deve-se ter cuidado apenas com as vacinas com antígenos vivos, pois é necessário um intervalo mínimo entre elas; o mesmo não ocorre para vacinas inativadas. Para vacinas vivas atenuadas, o ideal é que se espere ao menos 30 dias entre uma dose e outra. Combinação de antígenos Intervalo mínimo entre as doses 2 inativados Nenhum 1 inativado + 1 vivo atenuado Nenhum 2 vivos atenuados 30 dias Outros conceitos importantes Imunidade de rebanho Trata-se de um efeito de proteção adicional que se consegue quando uma grande porcentagem da população foi vacinada. O exemplo clássico é a vacina contra influenza, a qual é administrada apenas para os grupos de risco e, através disso, há uma proteção adicional para a maior parte da população. Esperava-se o mesmo efeito na vacinação contra COVID-19, mas isso não ocorreu na prática. Geovana Sanches, TXXIV Vacinação indireta A vacinação indireta diz respeito ao contato com o agente vacinal sem a aplicação da vacina propriamente dita. O exemplo típico é a vacina oral da poliomielite (VOP), a qual é uma vacina viva atenuada administrada por via oral. Ela é eliminada pelas fezes da criança, permanecendo no ambiente, de forma que pode “contaminar” outras crianças, as quais acabam sendo vacinadas indiretamente. Imunidade cruzada A imunidade cruzada refere-se a utilização de um agente infeccioso na vacina que leva ao desenvolvimento de imunidade contra outro agente. O exemplo clássico é a vacina de BCG, contra tuberculose. O agente utilizado para sua produção é o Mycobacterium Bovis, o qual acaba levando a imunidade cruzada contra o M. tuberculosis e o M. leprae. Adjuvantes Os adjuvantes são componentes que amplificam a resposta imune da vacina, pois possuem sinais coestimulatórios, melhorando a apresentação antigênica e o processamento do antígeno. Não são utilizados em vacinas vivas atenuadas, apenas nas inativadas (por serem mais “fracas”). Um exemplo de adjuvante são os sais de alumínio, como os hidróxidos ou fosfatos. CONTRAINDICAÇÕES À VACINAÇÃO Vacinas vivas atenuadas • Gravidez • Imunodepressão (congênita ou adquirida) o Uso de imunossupressores o Corticosteroides em doses elevadas e por mais de 2 semanas (> 2 mg/kg/dia ou > 20 mg/dia de prednisona) à situação de imunossupressão adquirida, não devendo fazer a vacina atenuada o Paciente em quimioterapia Adiamento de doses • Até 3 meses após o tratamento com imunossupressores ou corticoides em doses elevadas e por mais de 2 semanas • Quando administrado sangue e derivados ou imunoglobulinas (SCR e varicela) • Doenças febris moderadas ou graves, como por exemplo crianças internadas em UTI com choque séptico Qualquer vacina Qualquer vacina está contraindicada nos casos de alergia grave, de natureza anafilática, contra a algum componente da vacina (ex.: ovo, látex, timerosal, gelativa) ou após uma dose anteriormente aplicada. Falsas contraindicações • Hospitalização o A depender da causa da hospitalização, há centros de imunização no interior de alguns hospitais que administram as vacinas. o Um exemplo é o instituto da criança, no qual há crianças internadas com doenças crônicas e que não devem deixar de receber as vacinas. o Caso o motivo da internação seja grave, faz-se o adiamento da dose. • Estados febris • Diarreia leve ou moderada • Uso de antimicrobiano • Alergias respiratórias • Desnutrição • Doenças de pele • Aleitamento materno CALENDÁRIO VACINAL O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi instituído em 1973, a partir da campanha nacional de vacinação contra o sarampo. Trata-se de um conjunto de vacinas oferecido gratuitamente à população geral, sendo um dos melhores programas do mundo. Em São Paulo, a campanha teve início antes, em 1968, com a vacinação gratuita para 7 doenças: tuberculose, poliomielite, difteria, coqueluche, tétano, varíola e sarampo. Esse calendário é o oficial para o país e é alterado todos os anos. Entre 2020 e 2021, não ocorrem alterações. CALENDÁRIO NACIONAL DE VACINAÇÃO/2020/PNI/MS Vacinas BCG Hepatite B DTP VIP e VOP Tríplice Viral HPV Protege contra Hepatite B Rotavírus Poliomielite Varicela HPV Grupo Alvo Idade Criança Ao nascer 2 meses 1ª dose 1ª dose 1ª dose 3 meses 1ª dose 4 meses 2ª dose 2ª dose 2ª dose 5 meses 2ª dose 6 meses 3ª dose 9 meses Dose Inicial 12 meses 1ª dose 15 meses 1º Reforço 4 anos 2º Reforço 9 anos Adolescente 10 a 19 anos Adulto Idoso Gestante VORH Rotavírus Pentavalente (DTP+Hib+ Hep B) Pneumocócica 10 Meningocócica C Febre Amarela Tetra Viral Varicela monovale nte Hepatite A Menigocócica ACWY Dupla Adulto dTpa (adulto) Formas graves da tuberculose Difteria, Tétano, Coqueluche, Hepatite B e meningite por Haemophilus influenzae tipo b Difteria, Tétano e Coqueluche Pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo Doença invasiva causada pela Neisseria meningitidis Febre Amarela Sarampo Caxumba e Rubéola Sarampo Caxumba Rubéola e Varicela Hepatite ADoença invasiva causada pela Neisseria meningitidis Difteria e Tétano Difteria, Tétano e Coqueluche Dose Única (1) Dose ao nascer (2) 1ª dose VIP (1) 2ª dose VIP (1) 3ª dose VIP (1) Reforço (1) 1º Reforço (1) 1º Reforço VOPb (1) Dose Única (1) Dose Única (1) 2º Reforço VOPb (1) Reforço (3) 2ª dose (6) Uma dose (4) 2 doses (7) 10 a 19 anos 3 doses: a partir de 7 anos de idade (5) Uma dose (4) 2 doses (5) 2 doses Entre 11 a 12 anos de idade: 1 dose (9) 3 doses e reforço a cada 10 anos (5) 20 a 59 anos 3 doses (5) Uma dose (4) Até 29 anos: 2 doses. Entre 30 a 59 anos: 1 dose. (5) e (8) 3 doses e reforço a cada 10 anos (5) Profissional de Saúde: 1 dose + reforços a cada 10 anos (10) 60 anos ou mais 3 doses (5) 3 doses e reforço a cada 10 anos (5) 3 doses (5) 2 doses (5) 1 dose a cada gestação (11) (1) Até menor de 5 anos de idade;(2) Essa dose pode ser feita até 30 dias de vida do bebê;(3) Considerar intervalo mínimo de 30 dias entre as doses;(4) Pessoas entre 5 a 59 anos de idade não vacinadas - administrar uma dose e considerar vacinado;(5) A depender da situação vacinal, completar esquema;(6) Pode ser feita até menor de 7 anos de idade. Profissionais de saúde que trabalham na área assistencial devem receber uma ou duas doses a depender do laboratório produtor;(7) Para meninas de 09 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos de idade: 2 doses - 0, 6 meses a depender da situação vacinal. Adolescentes e adultos de 9 a 26 anos vivendo com HIV/aids: 3 doses - 0, 2 e 6 meses;(8) Profissionais da saúde devem receber duas doses independente da idade;(9) Para adolescentes na faixa etária de 11 e 12 anos de idade, com a vacina Meningocócica ACWY, independente de dose anterior de Meningocócica C ou dose de reforço;(10) Profissionais de saúde e parteiras tradicionais, como dose complementar no esquema básico da dT e reforços a cada dez anos;(11) A partir da 20ª semana gestacional (até 45 dias após o parto). Geovana Sanches, TXXIV Vacinas ao nascer • BCG (dose única) • Hepatite B Vacinas aos 2 meses • Pentavalente (DTP + Hib + Hep B) • Rotavírus (VORH) • VIP (poliomielite) • Pneumocócica 10 Vacinas aos 3 meses • Meningocócica C Vacinas aos 4 meses • Pentavalente (2ª dose) • Rotavírus (2ª dose) • VIP (2ª dose) • Pneumocócica 10 (2ª dose) Vacinas aos 5 meses • Meningocócica C (2ª dose) Vacinas aos 6 meses • Pentavalente (3ª dose) • VIP (3ª dose) Vacinas aos 9 meses • Febre amarela (Dose inicial) Vacinas aos 12 meses • Pneumocócica 10 (reforço) • Meningocócica C (1º reforço) • Tríplice viral Vacinas aos 15 meses • DTP (1º reforço) • VOPb (1º reforço) • Tetra Viral (Dose única) • Hepatite A (Dose única) Vacinas aos 4 anos • DTP (2º reforço) • VOPb (2º reforço) • Febre amarela (reforço) • Varicela monovalente (reforço) Vacinas aos 9 anos • Febre amarela o Para as crianças que não receberam a vacina anteriormente, faz-se uma dose única nessa idade • HPV para as meninas o Administrada entre 9 e 14 anos Vacinas aos 11 anos • HPV para os meninos o Administrada entre 11 e 14 anos Vacinas no adolescente As vacinas na adolescência são complementares as da infância, ou seja, se a criança já as recebeu, não é necessário aplicar novamente. • Hepatite B: 3 doses a partir dos 7 anos • Febre amarela: uma dose • Tríplice viral: 2 doses • HPV: 2 doses • Meningocócica ACWY: 1 dose entre 11 e 12 anos • Dupla adulto (difteria e tétano): 3 doses + dose de reforço a cada 10 anos o Exemplo: recebeu uma dose aos 4 anos de idade à reforço aos 14 anos, aos 24 anos e assim por diante • dTPa (adulto): entre os 10 e 19 anos Influenza A vacina contra influenza deve ser feita anualmente a partir dos 6 meses até os 6 anos de idade de acordo com o PNI. A primeira dose recebida pela criança deve ser fracionada. COBERTURA VACINAL Tuberculose (BCG) • Aplicação intradérmica sempre no braço direito, em menores de 5 anos de idade o Em São Paulo, aplica-se até os 15 anos • Bacilo bovino (BCG Moreau), vivo atenuado • Proteção: a eficácia varia em função de fatores genéticos, nível socioeconômico, estado nutricional e diferentes cepas de BCG o 50% contra tuberculose de forma geral o 64% para a meningoencefalite tuberculosa o 78% para formas disseminadas • Idade de aplicação: 1 dose ao nascer via intradérmica Indicações • RN > 2 kg • HIV positivos, desde que não tenham AIDS Contraindicações • Absoluta: imunodeprimidos • Relativas: pode ser administrada a partir da melhora da condição do paciente o RN < 2 kg o Hipogamaglobulinemia o Desnutrição grave o Erupção cutânea generalizada o Tratamento com corticoides e citostáticos Geovana Sanches, TXXIV o Piodermite generalizada o Doenças crônicas Reações normais • Pápula de aspecto rugoso no dia da aplicação • Mácula vermelho arroxeada (5 a 15 mm de diâmetro) após 15 a 20 dias o Amolecimento do centro na 3ª ou 4ª semana o Formação de crosta – úlcera de 4 a 10 mm de diâmetro o > 6 semanas: cicatrização Antigamente, esperava-se 6 meses para verificar se a cicatriz foi formada e, nos casos negativos, repetia-se a vacinação. Atualmente, mesmo que não haja a marca, NÃO revacinamos, considerando o paciente imunizado. Complicações • Queloide • Linfadenite simples ou supurada, principalmente axilar, supra ou infraclavicular • Abcesso subcutâneo frio • Ulceração local grande (> 1 cm) e persistente Dentre as complicações, devem ser tratados a adenomegalia regional supurada, úlceras > 1 cm e abcessos subcutâneos frios; os queloides, pequenas úlceras e linfadenite simples não precisam ser tratados. Utiliza-se Isoniazida até a regressão completa da lesão e, associadamente, é feita uma investigação para afastar uma possível imunodeficiência, tendo em vista que essas complicações não são esperadas em pacientes hígidos. Hepatite B A vacina contra hepatite B é inativada, produzida através do HbsAg. É aplicada por via intra-muscular, no vasto lateral da coxa ou deltoide – deve-se evitar o tecido adiposo, pois provoca menor resposta vacinal. Foi desenvolvida para ser aplicada em 3 dose, sendo a primeira do nascer, um mês após e aos 6 meses. Todavia, atualmente está inclusa na pentavalente, de forma que há aplicação de quatro doses: (0*), 2, 4 e 6 meses. Apresenta alta eficácia na proteção contra a infecção, sendo que 95% das crianças vacinadas apresentam resposta eficaz variando entre 80 e 100%. Efeitos adversos • Dor local • Febre baixa (24 a 48h) • Raro: alergias Caso especial Nos casos em que a mãe apresenta hepatite B (HbsAg+), deve-se aplicar a vacina no recém-nascido nas primeiras 24h de vida e associar a imunoglobulina hiperimune contra hepatite B. A partir disso, garante-se a proteção do bebê contra a doença e há liberação do aleitamento materno. DPT (incluída na pentavalente) A vacina pentavalente é uma associação entre DTP, hepatite B e Hib. A DTP é uma vacina trivalente inativada que contém toxóide diftérico, toxóide tetânico e células inteiras da Bordetella pertussis inativadas (vacina celular). É aplicada por via intramuscular, garantindo proteção contra difteria, pertussis e tétano. A partir dos 7 anos de idade, não se utiliza mais a DTP (celular ou acelular), substituindo-a pela dT ou dTp adulto. Apresenta alta eficácia, mas os níveis de anticorpos declinam com o tempo, sendo necessário o reforço com dupla adulto (dT) ou tríplice adulto (dTpa) a cada 10 anos. Efeitos adversos É uma vacina bastante reatogênica, principalmente em decorrência do componente pertussis. • Vermelhidão, edema local e dor • Febre, sonolência e irritabilidade • Vômito, anorexia e choro persistente • Febre alta, episódio hipotônico- hiporresponsivo ou convulsão (associada ou não à febre) o Nos casos em que há reações em SNC, é necessário substituira vacina pela forma acelular. Em alguns casos, indica-se antitérmico profilático no momento da vacinação até 24 a 48 horas após. São eles: (1) choro persistente com duração de 3 ou mais horas nas primeiras 48h após dose anterior; (2) temperatura axilar > 39,5º nas primeiras 48h após dose anterior, sem outra causa identificável; (3) histórico pessoal e familiar de convulsão. Geovana Sanches, TXXIV Indicações da DPT acelular • Convulsões nas primeiras 72h após vacinação DTP; • Episódios hipotônico-hiporresponsivo nas primeiras 48h após vacinação DTP; • Doença pulmonar ou cardíaca congênita crônica com risco de descompensação em vigência de febre; • Doenças neurológicas crônicas incapacitantes; • Doença convulsiva crônica; • Quadro neurológico em atividade – até que a condição se estabilize • Prematuro extremo (< 1000g ou < 31 semanas) ou que esteja internado em UTI na ocasião da vacinação o Prematuros > 31 semanas: preferência para a vacina acelular Contraindicações Por ser uma vacina inativada, não é contraindicada sua aplicação em imunossuprimidos. Há contraindicação, sem substituição por nenhuma outra vacina que contenha os componentes da anterior, para crianças que apresentaram reação anafilática sistêmica grave (hipotensão, choque e dificuldade respiratória) na dose anterior. Nos casos de encefalopatia nos primeiros 7 dias após a vacinação, pode-se substituir a vacina por DT. HiB (incluída na pentavalente) A vacina contra Haemophilus influenzae tipo B mudou a história das doenças infecciosas na infância, de forma que atualmente não vemos mais epiglotite, meningite ou pneumonia causadas por essa bactéria. É uma vacina inativada, contendo polissacarídeo capsular do Haemophilus influenzae B associado a substâncias proteicas carreadores. Atualmente está incluída na pentavalente, sendo aplicadas 3 doses (2, 4 e 6 meses). Há proteção principalmente contra doenças invasivas (meningites, pneumonias e epiglotites), sendo a eficácia pequena contra OMAS e sinusites. Está indicado reforço aos 15 meses, o qual é liberado no PNI apenas para prematuros < 33 semanas ou crianças com risco aumentado de infecção (falcêmicos, fibrocísticos e HIV+, por exemplo) – faz-se uma 4ª dose da vacina aos 15 meses. Efeitos adversos • Locais: dor, eritema, induração • Sistêmicos: febre, sonolência e irritabilidade Situações especiais A HiB deve ser aplicada em crianças maiores de 5 anos de idade nos casos de: • asplenia anatômica ou funcional • imunodeficiência secundária ao uso de drogas • HIV e deficiência de IgG Vacina inativada contra a poliomielite (VIP – Salk) A vacina inativada contra a poliomielite é administrada no primeiro ano de vida, aos 2, 4 e 6 meses, intramuscular (via principal) ou subcutâneo. Ela não confere imunização coletiva. Antigamente, faziam-se todas as doses oral, mas tinham alguns casos de poliomielite vacinal. Sendo assim, atualmente faz-se essa proteção primária com a vacina inativada (não tem como causar a doença) e as demais doses podem ser feitas por via oral, tendo em vista que não haverá mais o risco de desenvolver a doença. Contraindicação As únicas contraindicações são indivíduos que apresentaram reação intensa à dose anterior ou hipersensibilidade à neomicina, estreptomicina ou polimixina B. Vacina oral contra a poliomielite (VOP- Sabin) A vacina oral contra a poliomielite é utilizada como reforço aos 15 meses, 4 anos e em campanhas vacinais. Trata-se de uma vacina atenuada, com imunidade local e humoral. Por ser uma vacina oral, há excreção nas fezes, promovendo imunização coletiva. Há proteção aproximada de 80% contra os 3 poliovírus (vacina a partir de 2016 conta com 2 poliovírus). Deve-se adiar a vacina nos casos de vômitos e diarreia, pois isso pode afetar na absorção e eficácia da vacinação. Efeito adverso • Paralisia (nos vacinados ou em seus familiares) – efeito muito raro Rotavírus (monovalente) A vacina contra o rotavírus é feita com vírus vivo atenuado. No PNI, aplica-se a vacina monovalente (rotarix) por via oral, aos 2 e aos 4 meses. Geovana Sanches, TXXIV A primeira dose deve ser aplicada aos 2 meses de idade e, em caso de impossibilidade, a idade máxima é de 3 meses e 15 dias de vida (14 semanas). A segunda dose deve ser aplicada aos 4 meses de idade, com idade máxima de 7 meses e 29 dias de vida. Caso a criança não seja vacinada nesse período, ela não receberá mais a vacina. Essa particularidade está relacionada ao aumento importante do risco de efeitos colaterais quando a vacina é aplicada fora do período. A vacina é eliminada por até 15 dias após sua aplicação, sendo necessário orientar os cuidadores a lavarem muito bem suas mãos (os adultos podem se contaminar, tendo manifestações da doença. Todavia, ela não está contraindicada para lactentes que convivam com pacientes imunodeprimidos ou gestantes. Precauções • Não repetir a dose se a criança vomitar ou regurgitar. • Não administrar nenhuma dose fora dos prazos estabelecidos. Nestas situações, como precaução, a criança deve ser acompanhada ambulatorialmente por 42 dias para afastar a possibilidade de ocorrência de eventos adversos. • Não há restrições quanto ao consumo de líquidos ou alimentos, inclusive leite materno, antes ou após a vacinação • Filhos de mães HIV+ poderão ser vacinados desde que não apresentem manifestações clínicas graves ou imunossupressão. Adiamento da vacinação • Crianças com diarreia que necessitem de internação Contraindicações • História de doença gastrointestinal crônica o Doença inflamatória intestinal, doença celíaca, entre outras • Malformação congênita de trato digestivo • História prévia de invaginação intestinal (caracterizada por fezes em geleia de morango, que traduz a presença de sangue) Efeitos adversos • Presença de sangue nas fezes até 42 dias após a vacinação • Internação por abdome agudo obstrutivo até 42 dias após a aplicação Sarampo, caxumba e rubéola (SCR / MMR) A tríplice viral é feita com vírus vivo atenuado do sarampo, caxumba e rubéola. É administrada por via subcutânea e tem uma eficácia superior a 95% (proteção por toda a vida). De acordo com o PNI, é necessário que o indivíduo tenha pelo menos duas doses até os 29 anos de idade (1 dose até 49 anos). Efeitos adversos • Dor, edema, rubor e calor no local da aplicação • Febre, exantema e linfadenopatia entre o 5º e o 12º dia após a vacinação • Dor articular entre o 7º e o 21º dia • Reações imediatas de hipersensibilidade (muito raramente) Varicela A vacina contra varicela é feita com vírus vivo atenuado e administrada por via subcutânea. Tem eficácia de 70% contra a doença e 95% contra a doença grave, de forma duradoura. É aplicada a partir dos 12 meses de idade, em dose única. No PNI, é aplicada aos 15 meses (está inclusa na tetravalente), sendo o período máximo os 4 anos de idade. Em casos de surto, é aplicada a partir dos 9 meses de idade, até os 5 anos, 11 meses e 29 dias, mas é necessário fazer a revacinação após 1 ano de idade, pois essa dose é considerada “não válida”. Há recomendações de reforço entre 15 meses e 6 anos de idade (mínimo de 3 meses após a 1ª dose), mas ele não está disponível através do PNI. Acima dos 13 anos de idade, administrar 2 doses com intervalo de 4 a 8 semanas entre elas. Efeitos adversos Os efeitos adversos mais frequentes são dor, calor, rubor e edema no local da aplicação. Podem ocorrer erupções semelhantes à varicela no local de aplicação dentro de 2 semanas pós-vacinação, ou de forma generalizada na terceira semana pós vacinação – manifesta-se por poucas lesões, com predomínio das maculopapulares sobre as vesiculares. Esse quadro de varicela-like é incomum, ocorrendo em menos de 5% dos vacinados. Outras manifestações sistêmicas como ataxia, encefalopatia, trombocitopenia e eritema multiformetem sido raramente relatadas. Herpes Zoster O Herpes Zoster é relatado com menor frequência após a vacinação do que após a própria doença, geralmente em pessoas que apresentaram erupção após a aplicação da vacina. Geovana Sanches, TXXIV Profilaxia de exposição A profilaxia pós-exposição (ou vacinação de bloqueio) pode ser realizada em indivíduos imunocompetentes acima de 1 ano de idade, não vacinados anteriormente, que entraram em contato com um indivíduo sabiamente infectado com varicela. O uso da vacina nessas pessoas suscetíveis, até 72h após o contato, impede a doença ou proporciona a ocorrência de formas mais brandas. Febre amarela A vacinação contra febre amarela é feita com vírus vivo atenuado, via subcutânea, em dose única (nunca em menores de 6 meses de idade). Apresenta eficácia superior a 95% e é aplicada em áreas endêmicas de febre amarela. • 2017: surto de febre amarela no Brasil • 2018: vacina fracionada em São Paulo Pneumococo O pneumococo 10-valente é uma vacina inativada e conjugada. Protege principalmente contra doenças graves (meningites e pneumonias), mas também contra otites e sinusites. Idade Esquema de doses (PNI) < 6 meses 2 doses + reforço 6 meses a 1 ano 2 doses + reforço 1 a 2 anos 2 doses 2 a 4 anos 1 dose A vacina polissacarídea 23-valente para maiores de 2 anos está disponível no CRIE apenas em casos especiais. Efeitos adversos • Febre (muito comum) • Eritema e dor local Opção na rede privada: pneumococo 13-valente Não está disponível no PNI, mas tem efeito imunogênico superior à vacina 10-valente, com proteção a mais 3 sorotipos. Sua aplicação é recomendada até os 5 anos de idade, estendendo- se até os 18 anos para pacientes com risco de doença invasiva. O esquema vacinal é de 2, 4 e 6 meses + reforço. Se esquema completo com PVC10, fazer dose extra com a PVC13 para ampliar a proteção vacinal. Meningococo C Atualmente, a vacina utilizada é a inativada e conjugada. São feitas duas doses (3 e 5 meses) para crianças menores de 1 ano, com intervalo mínimo de 1 mês entre elas. Para crianças maiores de um ano, faz-se dose única. Recomenda-se um reforço entre 1 e 2 anos de vida e após 5 anos da 1ª dose, sendo o último não disponível no PNI. Tem alta eficácia contra o sorotipo C, diminuindo significativamente os casos de doença meningocócica por essa bactéria. Efeitos adversos • Febre • Eritema e dor local Contraindicações • Alergia a algum componente da vacina Meningococo ACYW135 Trata-se da vacina meningocócica quadrivalente conjugada, recentemente adicionada no PNI para adolescentes (1 dose entre 11 e 12 anos). • MenACWY-CRM: três doses aos 3, 5 e 7 meses de idade + reforço entre 12 e 15 meses; em outras idades, o número de doses diminui • MenACWY-TT: dose única a partir dos 12 meses de idade Indica-se dose de reforço após 5 anos e na adolescência. Influenza A vacina contra influenza é feita com vírus inativada – vacinas fracionadas ou de subunidades (Split vírus), as quais são menos reatogênicas. A vacina é alterada anualmente. No PNI, é administrada a vacina trivalente, constituída por 3 cepas virais (A H1N1, A H3N2 e B). Está disponível para menores de 6 anos e idade e pacientes de risco, mas pode ser administrada para os outros grupos em clínicas particulares. Idade Esquema de doses 6m – 8 anos 2 doses (intervalo de 1 mês entre elas) + reforço anual (1 dose) > 9 anos 1 dose A vacina é feita fracionada apenas na primeira administração, caso esta seja feita entre os 6 meses e os 8 anos de idade. Posteriormente, a dose é única. Contraindicação A vacina é produzida em ovos embrionários de galinha, de forma que há contraindicação para pacientes com alergia anafilática ao ovo. Hepatite A É uma vacina de vírus inativado, intramuscular, administrada no PNI em dose única, aos 15 meses de vida, no mesmo dia da tetraviral; está disponível no SUS até os 4 anos de Geovana Sanches, TXXIV idade. Em clínicas particulares, é administrada em duas doses com intervalo de 6 a 12 meses entre elas. Apresenta eficácia superior a 90% e efeitos adversos raros, geralmente locais. A única contraindicação é nos casos de reação severa à dose anterior. Pode-se realizar profilaxia pós-exposição em contatos domiciliares para os indivíduos que nunca tiveram a doença ou não foram vacinados anteriormente. HPV A vacina contra o HPV é inativada, feita a partir de proteínas recombinantes. Trata-se da única forma eficaz de prevenção da infecção pelo vírus, de forma a prevenir o câncer de colo uterino, câncer de pênis e câncer de faringe. Existe a vacina quadrivalente contra o HPV 6, 11, 16 e 18 (Gardasil Merck), que pode ser administrada a partir dos 9 anos de idade, no esquema 0-60-180 (0, 2 e 6 meses). E a vacina bivalente contra HPV 16 e 18 (Cervarix – GSK), que pode ser administrada a partir dos 10 anos de idade, no esquema 0-30-180 (0, 1 e 6 meses). PNI • Meninas dos 9 aos 14 anos • Meninos dos 11 aos 14 anos • Vacina aplicada: tetravalente, produzida pelo Butantan e Merck Sharp e Dohme • 2 doses: esquema “estentido” o Intervalo de 6 meses entre a 1ª e a 2ª dose Efeitos adversos São poucos e raros. Alguns pacientes podem cursar com Síndrome de Guillan-Baré (assim como qualquer outra vacina), mas esse risco não é suficiente para contraindicar a vacinação. VACINAS COMBINADAS PNI • DTP, DTPa, DT, dT • Tetra bacteriana (DTP + HiB) o Não é mais utilizada, pois foi substituiída pela pentavalente • Pentavalente (DTP + HiB + Hep B) • Tríplice viral (SCR) • Tetra viral (SCR + Varicela) Clínicas particulares • Pentavalente (DTPa + Salk/IPV + Hib) • Hexavalente (DTPa + Salk/IPV + Hib + HepB) • Hepatite (Hep A e B) • Meningococo ACWY135 • Rotavírus pentavalente • Tetra viral (SCR + varicela) VACINAS VIVAS ATENUADAS
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