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Disciplina: Técnicas de entrevista e observação Aula 13: A entrevista de triagem Prof Dr Luiz Ferro Objetivo da aula Conhecer as etapas para a construção de um serviço de triagem psicológica e como deve ser a postura terapêutica neste tipo de atendimento Introdução A busca pelo serviço de Psicologia tem crescido nos últimos tempos, ainda mais depois do contexto pandêmico Pessoas não tem noção de que tipo de serviço precisam, apenas procuram ajuda. Elas desejam ser acolhidas! A relação que se estabelecer entre paciente e terapeuta é que favorecerá, ou não, os próximos passos a serem construído dentro de uma jornada terapêutica O entrevistador precisa assumir uma postura “sem memória e sem desejo” (Bion) O entrevistador deve se preocupar com somente com a escuta da escuta Entrevista de triagem é um espaço de acolhida e escuta! MARQUES, 2014 Características Trata-se de entrevistas semi-estruturadas, que podem ou não acontecer em um único encontro. A entrevista de triagem é a única capaz de se adaptar aos diversos contextos e as mais diferentes demandas A configuração da entrevista de triagem favorece a percepção da emergência mental trazida para o atendimento (ela vai além da clássica entrevista das funções mentais) A entrevista semi-estruturada favorece a ação do entrevistador e o auxilia em como conduzir o processo com o entrevistado MARQUES, 2014 Os papeis A entrevista de triagem compreende a interação entre duas pessoas em um tempo delimitado, com objetivos específicos e papeis diferenciados O psicólogo conduz a entrevista com objetivo diagnóstico e de indicação terapêutica O psicólogo precisa cuidar do setting (conforto, sigilo, confiança), para conhecer o entrevistado O psicólogo conduz a conversa e faz perguntas para favorecer a narrativa do paciente, fazer as suas associações, e resumos do que compreendeu da narrativa MARQUES, 2014 Os papeis O paciente não deve simplesmente ficar numa postura da colaborador passivo (respondendo perguntas), ao contrário precisa ter uma participação cooperativa e ativa, informando a respeito de suas dificuldades O paciente deve também informar sobre as suas expectativas, além de suas fantasias Padrões de transferência são reproduzidos constantemente dentro desse processo terapêutico. O psicólogo precisa estar atento para saber diferenciar o que é do paciente e o que é do terapeuta O entrevistador também irá desempenhar seus sentimentos contra-transferenciais para que possa também exprimir os seus sentimentos em situações semelhentes MARQUES, 2014 Os objetivos As entrevistas de triagem, realizadas dentro do enfoque psicodinâmico, objetivam primordialmente elaborar uma história clínica, definir hipótese de diagnóstico descritivo, de diagnóstico psicodinâmico, de prognóstico e de indicação terapêutica MARQUES, 2014 História clínica A história do paciente compreende a sua história de vida pessoal e a história da sua doença atual A história de vida oferece dados necessários para que o entrevistador possa chegar às hipótese de diagnóstico descritivo e psicodinâmico O entrevistador irá registrar não só o que o paciente falou mas também a sua percepção em relação aos seus sentidos A história atual contempla o esclarecimento dos sintomas do entrevistado e as circunstâncias em que surgiram, evidenciando a presença de estressores que desencadearam ou agravaram o quadro. É indispensável averiguar como essa situação influencia as relações sociais, sexuais, familiares e profissionais do paciente História pregressa MARQUES, 2014 Hipótese de diagnóstico descritivo Constitui-se em uma informação essencial para orientar, num primeiro momento, o raciocínio clínico do entrevistador quanto a escolha de tratamento mais adequado Para alguns tratamentos a psicoterapia pode ser o tratamento mais adequado, mas há outras como o psicofarmacoterapia ou terapia psicossocial MARQUES, 2014 Hipótese psicodinâmica A hip6tese psicodinâmica refere-se ao diagn6stico que visa entender o quanto e como o paciente esta doente, como adoeceu e como a sua doença o serve. A hipótese psicodinâmica é um esboço reconstrutivo da história dinâmica do paciente, uma tentativa de compreensão global da sua psicopatologia A hipótese psicodinâmica visa explicar os sintomas e os problemas referidos pelo paciente à luz da teoria Esse processo é fundamental para que o entrevistador possa definir um prognóstico e uma indicação terapêutica com maior precisão e tranquilidade MARQUES, 2014 Prognóstico “Conhecer é poder prever”. Todo conhecimento presume alguma previsibilidade e explicabilidade, o diagnóstico e também um prognóstico Os diagnósticos devem ser elaborados a partir de aspectos fenomênicos atuais da enfermidade, incluindo sua etiopatologia e antecipando a previsão de sua evolução Após a realização do trabalho avaliativo da triagem é possível efetuar uma avaliação prognóstica relativa ao quadro atual que motivou a busca do atendimento MARQUES, 2014 Indicação terapêutica Triagem tem como função buscar informações básicas sobre o paciente com o objetivo de formular recomendações diagnósticas e terapêuticas É importante que o entrevistador tenha conhecimento das abordagens psicoterápicas bem como dos serviços disponíveis pela Psicologia Conhecer as doenças psicossomáticas Outras condições importantes: vida do paciente; recursos financeiros; disponibilidade de horário, acesso físico e apoio familiar MARQUES, 2014 Nível de funcionamento Nível de funcionamento corresponde ao grau de contato do entrevistado com a realidade em geral Esse nível de percepção do funcionamento se dá em como o entrevistado é capaz de perceber os sentimentos provenientes do seu mundo interno ou com seu mundo externo, pela preservação da consciência e e juízos, bem como dos seus pensamentos apropriados ou não Funcionamento psíquico em três níveis: neurótico, borderline e psicótico MARQUES, 2014 Recursos do ego Funções básicas do ego – orientação, percepção cognição, linguagem, afeto e conduta Tolerância a ansiedade e a frustração, ou seja, capacidade de enfrentar dificuldades, tolerar perdas e separações Eficácia ou não ao controle dos impulsos e dos afetos, como agressão, sexualidade e ansiedade Relação do ego com superego Regulação com auto-imagem – (desvalorizada, grandiosa, hipervalorizada) MARQUES, 2014 Padrão sociofamiliar Compreender a dinâmica familiar é importante para saber traçar um percurso diagnóstico MARQUES, 2014 O processo FASE INICIAL Analisa e discute com o entrevistado os motivos que trouxeram para o encontro (construção rápida de um rapport) Entrevistador tenha postura receptiva e compreenda o entrevistado, sem julgamentos ou preconceitos Estabelecer relacionamento positivo e o contrato de trabalho (inclui: coleta de dados sociodemográficos, nome, idade, profissão, escolaridade; combinações acerca dos encontros como objetivos, limites, horários, duração aproximada da triagem e honorários MARQUES, 2014 O processo FASE INTERMEDIÁRIA Tempo maior de aprofundamento da problemática do paciente Investigação das zonas de conflito da pessoa (rememorar o que deixa o entrevistado sensibilizado) Utilizar perguntas abertas favorecem a aproximação do entrevistado com o entrevistador, recapitular questões que foram apresentadas e não dicaram claras, analisar cuidadosamente estes conflitos) MARQUES, 2014 O processo FASE FINAL Retomada do processo de avaliação, fechamento e devolutiva/encaminhamento a ser realizado Entrevistador ter uma linguagem clara e fazer esse processo oralmente, pois se trata de uma triagem e não de uma avaliação psicológica Na devolutiva é importante conter uma hipótese diagnóstica e uma hipótese prognóstica, e quais recursos terapêuticos são sugeridos É a oportunidade também para que o entrevistado possa se manifestar e trazer seus sentimentos diante do processo MARQUES, 2014 Atividade para próxima aula Em grupos, vocês deverão se organizar para elaborar um roteiro de entrevista inicial de triagem. Serão 4 contextos: Escola-adolescente; Hospital-idoso;CAPS AD – Jovem; Centro de Referência ao trabalhador – adulto desempregado As perguntas do roteiro devem estar organizadas em 4 Eixos: 1- Identificação 2- Queixa Principal (histórico e evolução) 3- Histórico (clínico, familiar e social) 4- Conclusões e Encaminhamentos Referências MARQUES, N. Entrevista de Triagem: espaço de acolhimento, escuta e ajuda terapêutica. In: MACEDO, M. M. K. & CARRASCO, L. K. (Con)textos de entrevista: olhares diversos sobre a interação humana. 1ª. Reimpressão. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2014
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