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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA CULTIVO INTEGRADO DE TILÁPIA DO NILO, Oreochromis niloticus, CAMARÃO, Litopenaeus vannamei, OSTRA DO MANGUE Crassostrea rhyzophorae E ALGAS MARINHAS: CRESCIMENTO EM PESO JAMILLE NORONHA CLEMENTINO Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia de Pesca, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências para obtenção do título de Engenheiro de Pesca. FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL JANEIRO/2007 COMISSÃO EXAMINADORA íi Wladimir Ronald Lobo Farias, D.Sc. Orientador Prof. Alexandre Holanda Sa paio, Ph.D. Membro José Ariévilo Gurgel odrigues,r;c. Membro VISTO Prof. Moisés Almeida de Oliveira, D.Sc. Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca (43, Prof. Raimundo onato de Lima Conceição, D.Sc. Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca Âmzelvao aciit; Fernando Retângulo Fernando Retângulo Fernando Retângulo Fernando Retângulo Fernando Retângulo Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca Universitária Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a) C563c Clementino, Jamille Noronha. Cultivo integrado de Tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, camarão, Litopenaeus vannamei, ostra do mangue Crassostrea rhyzophorae e algas marinhas: crescimento em peso / Jamille Noronha Clementino. – 2007. 38 f. : il. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2007. Orientação: Prof. Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias. 1. Tilápia (Peixe) - Cultivo integrado. 2. Camarão (Crustáceo) - Cultivo integrado. 3. Ostra do mangue (Molusco) - Cultivo integrado. 4. Engenharia de Pesca. I. Título. CDD 639.2 iii Dedicatória Dedico este trabalho a minha querida mãe. Dedico-o também a todos aqueles que trabalharam junto comigo para que este sonho virasse realidade. iv AGRADECIMENTOS Gostaria de iniciar agradecendo a Deus, por todas as coisas boas que ele me proporcionou e sei que ainda vai proporcionar. Não poderia deixar de agradecer a minha mãezinha Irany, por todas as oportunidades que a mesma, com muita garra e amor, ofereceu durante toda a minha vida, em especial nas fases difíceis que surgiram na minha caminhada para alcançar este diploma. Agradeço, também, o meu tão querido pai Expedito e ao Vovô Miguel Noronha, que foram chamados para vida espiritual e de onde sei que olham, oram, vigiam, incentivam e estão muito felizes e realizados com esta graduação. Agradeço ao meu irmão Expedito Filho, a minha tia Iraci e ao meu namorado Anderson Daher por todo amor, dedicação e ajuda que me deram na elaboração deste trabalho. Por último, meus agradecimentos especiais ao Professor Wladimir Ronald Lobo Farias, meu paciente orientador, pelas informações seguras e precisas, bem como pela sua competência e reconhecimento profissional, os quais deram uma contribuição acadêmica a este trabalho. Ele que em todos os momentos me ofereceu o apoio pessoal e institucional para que eu concluísse a presente monografia visando contribuir de forma efetiva para a melhoria da qualidade da atividade aqüícola e ambiental. Aos meus amigos de caminhada acadêmica Nayana Moura, Camila Magalhães e Fernando Cristian, que ao longo dos 5 anos de curso me ajudaram, ficam aqui os meus sinceros agradecimentos e a minha eterna amizade. v RESUMO Os recursos pesqueiros provenientes do extrativismo estão chegando aos seus limites máximos de exploração, sendo necessário o incremento da aqüicultura para suprir a demanda pelo consumo de organismos aquáticos. Por outro lado, a aqüicultura intensiva pode poluir os corpos d'água adjacentes, através da descarga de efluentes ricos em nutrientes e sólidos em suspensão. Assim, o cultivo integrado, utilizando peixes ou camarões, sedimentação, ostras e macroalgas, surge como uma ferramenta útil para mitigar os impactos ambientais causados pela grande liberação de nutrientes nos efluentes da aqüicultura intensiva. Com este trabalho, objetivamos avaliar o crescimento em peso de peixes (tilápias), camarões, ostras e macroalgas em um cultivo integrado com recirculação total de água, sendo o peso dos organismos avaliado semanalmente. Diariamente, água do aquário das macroalgas foi drenada e armazenada em um tambor, a água das ostras foi transferida para o aquário das macroalgas, a água de sedimentação para o cultivo das ostras, a água do cultivo de tilápias ou camarões para o aquário de sedimentação e, por ultimo, a água do tambor, proveniente das macroalgas, retornou para o aquário das tilápias ou camarões. Com relação ao crescimento em peso dos organismos, as tilápias apresentaram um desenvolvimento bastante inferior ao observado em cultivos comerciais em água doce e, além disso, se tornaram extremamente agressivas após a aclimatação à água salgada. Já os camarões apresentaram um crescimento bastante satisfatório no sistema integrado, não apresentando diferença significativa do observado em um viveiro de carcinicultura. De uma maneira geral, as algas marinhas não se desenvolveram no laboratório, no entanto, foram importantes para a manutenção da qualidade da água. As ostras praticamente não alteraram seus pesos durante a primeira etapa utilizando as tilápias, porém começaram a morrer durante o cultivo com os camarões, apesar de serem as maiores responsáveis pela diminuição dos níveis de amônia. vi SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS vii LISTA DE TABELAS viii RESUMO v 1. INTRODUÇÃO 1 1.1. Piscicultura 3 1.2. Carcinicultura 4 1.3. Malacultura 7 1.4. Algicultura ou Algocultura 8 1.5. Cultivo Integrado 9 2. MATERIAL E MÉTODOS 12 2.1. O Sistema de Aqüicultura Integrada 12 2.2. Aclimatação à água salgada e estocagem 12 2.2.1 Tilápias (Oreochromis nilloticus): 2.2.2. Camarões (Litopenaeus vannamei)• 13 2.3. Sedimentação 13 2.4. Ostras do Mangue (Crassostrea rhizophorae) 13 2.5. Algas Marinhas 14 2.6. Procedimento Experimental 15 2.7. Análises Estatísticas 15 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 16 3.1. Primeira Etapa do Experimento: cultivo Integrado utilizando a tilápia do Nilo Oreochomis niloticus, sedimentação, ostras 16 Crassostrea rhyzophorae e macroalgas 3.1.1. Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus 16 3.1.2. Comportamento das Ostras do Mangue Crassostrea 17 rhyzophorae 3.1.3. Comportamento das Macroalgas 18 3.2. Segunda Etapa do Experimento: cultivo Integrado utilizando o camarão Litopenaeus vannamei, sedimentação, ostra Crassostrea 21 rhyzophorae e macroalgas 3.2.1. Camarão Marinho Litopenaeus vannamei 21 3.2.2. Comportamento das Ostras do Mangue Crassostrea 23 rhyzophorae 3.2.3. Comportamento das Macroalgas 23 4. CONCLUSÃO 26 5. REFERÊNCIAS 27 vii LISTA DE FIGURAS Página Figura 1. Aclimatação a água salgada e estocagem 12 Figura 2. Crescimento médio em peso da tilápia do Nilo, 16 Oreochromis noloticus, no sistema de aqüicultura integrado. Figura 3. Pesos médios das ostras obtidas no cultivo integrado. 18 Figura 4. Pesos médios das macroalgas Ulva fasciata, 19 Sargassum vulgare, Solieria filiformes, Amansia multifida e Gracilaria. cervicornis no sistema integrado Figura 5. Crescimento dos camarões do Pacífico, Litopenaeus 22 vannamei Figura 6. Comportamento das ostras do mangue, Crassostrea 23 rhyzophorae Figura 7. Pesos médios das macroalgas Amansia multifida e 24 Gracilaria cervicornis no sistema integrado com camarão VIII LISTA DE TABELAS Página Tabela 1. Produção brasileira de pescado em 2000 e 2001 2 Tabela 2. Produção mundialproveniente da carcinicultura 5 marinha e da captura do Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) Tabela 3. Enfermidades na carcinicultura e suas características. 6 1 CULTIVO INTEGRADO DE TILÁPIA DO NILO, Oreochromis nilotícus, CAMARÃO, Litopenaeus vannamei, OSTRA DO MANGUE Crassostrea rhyzophorae E ALGAS MARINHAS: CRESCIMENTO EM PESO JAMILLE NORONHA CLEMENTINO 1. INTRODUÇÃO A Terra é um fantástico planeta azul, onde três quartos da sua superfície são cobertos de água. Encontrá-se parcialmente escondido por um véu de água na fase de vapor. O Brasil é um dos países mais privilegiados, pois cerca de 13% dos recursos hídricos superficiais de água doce pertencem ao nosso país (SCHNEIDER, 2003) e temos, ainda, um litoral de 7.408 km de extensão banhados pelo Oceano Atlântico, sendo 573 km pertencentes ao litoral do Estado do Ceará (ALMANAQUE ABRIL, 1995).Apesar do enorme volume de água que nosso planeta possui, seus recursos hídricos estão sendo mal utilizados e se tornando escassos. Hoje sabemos que tais recursos são finitos e, se não forem usados de maneira racional, poderão se tornar um fator limitante em nosso planeta (TUNDISI, 2003). O mesmo está acontecendo com os recursos pesqueiros provenientes da pesca extrativa. A produção está decrescendo e, por essa razão, não estamos mais conseguindo suprir a demanda do consumo humano. Isso está acontecendo devido à exploração indiscriminada dos estoques pesqueiros naturais, atualmente próximos dos seus limites auto-sustentáveis, resultando assim numa captura inferior ao exigido pelo mercado. Tentando aumentar a produção de alimentos pesqueiros para consumo humano surgiu a aqüicultura que vem sendo uma das alternativas mais viáveis para suprir a crescente demanda pelo consumo de organismos aquáticos (QUEIROZ; MOURA, 1996). O crescimento da aqüicultura mundial vem sendo considerado como uma revolução azul, devido seus efeitos em ganhos de produção de organismos aquáticos (GELINSKI-NETO, 2003). Os dados estatísticos indicam que, nos últimos 50 anos, a aqüicultura mundial cresceu estrondosamente 2 passando de aproximadamente 1 milhão de toneladas em 1950 para 59,4 milhões de toneladas em 2004, gerando US$ 70,3 bilhões, sendo 69,57% proveniente da China, 21,92% do restante da Ásia e da região do Pacífico e apenas 2,26% da América Latina e Caribe (FAO, 2006). Segundo a FAO em 2003, a produção da América Latina e Caribe alcançou 1,25 milhão de t, sendo a produção brasileira de aproximadamente 290.000 t, enquanto a produção chilena chegou a quase 610.000 t. A produção proveniente da aqüicultura na América Latina é representada, principalmente, pelos salmonídeos (salmão e truta) com 502.032 t, camarões marinhos com 279.775 t e tilápias com 127.484 t (FAO, 2005). A pesca extrativa no Brasil, também não se encontra em condições diferentes da mundial, pois apresenta uma sobrepesca em estado avançado, uma alocação inadequada dos insumos produtivos e uma falta de políticas apropriadas para o desenvolvimento e controle da atividade (QUEIROZ; MOURA, 1996). De acordo com o boletim do IBAMA (2003), a produção brasileira em 2001 foi de 939.756,00 t., enquanto em 2000 a produção era de 843.376,5 t. indicando um aumento de 11,4% neste período.(Tabela 1). A participação relativa da pesca extrativa teve um declínio, passando de 91,2% em 1996 para 77,7% em 2001. Em contra partida, a aqüicultura apresentou um comportamento crescente ao longo do mesmo período, registrando em 2001 uma participação de 22,3%, contra 8,8% em 1996. A carcinicultura foi a atividade com taxa de crescimento mais expressiva (63,0%), com maior concentração na região Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí (IBAMA, 2003 . Tabela 1. Produção brasileira de pescado em 2000 e 2001 (IBAMA, 2003). Produção (t) 2000 2001 Crescimento relativo (%) Pesca extrativa marinha 467.687,00 509.946,0 + 9,0 Pesca extrativa continental 199.159,0 220.431,5 + 10,7 Maricultura 38.374,5 52.846,5 + 37,7 Aqüicultura continental 138.156,0 156.532,0 + 13,3 Total 843.376,5 939.756,0 + 11,4 3 Segundo a estatística para o ano de 2004 do IBAMA, a produção total da aqüicultura brasileira sofreu uma redução de 3%, passando de 278.128,5 t.. Neste período, a produção da aqüicultura marinha apresentou uma redução de cerca de 12% quando comparado a 2003, redução esta causada pela queda na produção de camarão marinho. O mesmo não ocorreu na aqüicultura de água doce que teve um aumento de 2% de 2003 para 2004. No Nordeste, a produção da aqüicultura de água doce passou de 32.459 t em 2003 para 39.153,5 tem 2004, gerando um aumento de 21%. No Ceará, estima-se que a aqüicultura continental tenha atingido 18.185,0 t. em 2004, sendo 18.181,5 t provenientes da piscicultura e 3,5 t de anfíbios. Na aqüicultura marinha, o Ceará alcançou, em 2004, 19.405 t, sendo toda a produção de crustáceos, mais precisamente o camarão (PANORAMA DA AQUICULTURA, 2005). 1.1. Piscicultura A piscicultura é uma atividade antiga, mas seu desenvolvimento é relativamente recente. No século XX, os avanços técnicos na piscicultura foram bastante significativos em algumas regiões do mundo, principalmente devido ao avanço da reprodução e incubação artificial, a intensificação do uso de alimentos concentrados, o aperfeiçoamento dos alimentos artificiais, o uso da aeração artificial, a popularização da reversão sexual da tilápia do Nilo, ao crescimento da salmonicultura na América do Sul e a introdução do policultivo no continente Europeu (SILVA, 2005). As principais espécies cultivadas no mundo são carpa capim (Ctenopharyngodon idella), carpa prateada (Hypophthalnichthys molitrix), carpa comum (Cyprinus carpio), carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis), carpa crucian (Carassius carassius), tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), salmão do Atlântico ,Salmo salar (DIAS-JUNIOR; SCHURTER, 2001). No Brasil, as primeiras ações realizadas com o objetivo de praticar a piscicultura foram feitas por Maurício de Nassau, que construiu viveiros em áreas estuarinas situadas próximas à residência do governador em um sistema de cultivo extensivo, no qual o abastecimento de água era feito pela maré e esta trazia os peixes para o interior dos viveiros, onde eles ficavam aprisionados até a captura. Porém os fatos de maior importância nesta 4 atividade foram produzidos por Rodolpho von lhering e sua equipe que desenvolveram técnicas de reprodução induzida, a criação da primeira estação de piscicultura para produção de alevinos do Brasil em Icó-CE, a construção de açudes no Nordeste pelo DNOCS (SILVA, 2005). De todos os acontecimentos relevantes para o desenvolvimento da piscicultura nacional e brasileira, a introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758) nos açudes e, posteriormente, em fazendas para o cultivo comercial foi de grande importância, pois aumentou, significativamente, a produção piscícola e gerou alimento para a população mais carente. Esta espécie é a mais utilizada para cultivo, principalmente devido ao seu melhor desempenho no ambiente, excelente textura, não apresentar microespinhos e possibilitar a filetagem e industrialização da carcaça, como também o uso da pele em curtumes (SOUZA et al., 1997). A produção de peixe de água doce cultivado no Brasil, segundo dados do IBGE DE 2004, foi de 179.737,5 t, sendo 69.078 t. de tilápias e 45.169 t de carpa. Em 2005, a produção de tilápia cultivada superou 100.000 t.ano-1 (KUBITZA, 2006). A capital do Ceará, Fortaleza, pode ser conhecida como a capital Nacional do "Cará" tilápia, pois a população aprecia e consome muito este organismo mais do que qualquer outra população do Brasil, necessitando ser abastecido por diversos estados do nordeste para suprir sua demanda. O desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil é incipiente, não tendo dados sobre esta atividadenas estimativas divulgadas. Existem trabalhos experimentais sobre o cultivo de bijupirá (Rachycentron canadum) (CARVALHO, 2005), tainha (Mugi) platanus), robalo (Centropomus parallelus e Centropomus undecímalis) em Santa Catarina, corvina (Micropogonias furnieri), linguado (Paralichthys orbignyanus) (IDEMA, 2004). No Ceará já se fala na possibilidade de cultivo de tilápia em águas de salinidade moderadas, por exemplo, fazendas de camarão marinho desativadas (KUBITZA, 2006). 1.2. Carcinicultura A carcinicultura é o segmento mais bem sucedido economicamente da aqüicultura. Este setor foi responsável, em 2004, por uma receita de US$ 4.899.457, tendo produzido em 1984 cerca de 33.292 t e em 2004 esta 5 produção registrou 1.386.382 t, indicando uma crescente produção ao longo dos últimos 20 anos (FAO, 2006) (Tabela 2). Tabela 2. Produção mundial proveniente da carcinicultura marinha e da capturado Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) (FAO, 2006). Ano Produção proveniente da carcinicultura (t) Valor (US$ 1.000) Produção proveniente da captura (t) 1984 33.292 232.133 6.300 1990 88.150 415.519 8.303 2000 145.387 919.830 519 2004 1.386.382 4.899.457 833 No Brasil, o cultivo de camarão em água salgada ou estuarinas começou na década de 70 com o estado do Rio Grande do Norte sendo o berço desta atividade como substituição para a produção de sal que estava em franca crise. Nesta mesma época o estado de Santa Catarina desenvolveu trabalhos relacionados a reprodução, larvicultura e engorda de camarão cultivado, chegando a ser o primeiro a produzir pós-larvas em laboratório na América Latina (ABCC, 2006). Na década de 80, como opção para viabilizar a carcinicultura no Brasil, levou um grupo pioneiro de técnicos e produtores a pesquisar e cultivar a espécie exótica Litopenaeus vannamei, sendo acentuados nos anos 90. Essa espécie foi a escolhida devido o êxito desse cultivo no Equador e Panamá e a fácil capacidade de adaptação aos ecossistemas de diferentes partes do hemisfério ocidental (ABCC, 2006), além da sua rusticidade (NUNES, 2005), sendo em seguida demonstrada a viabilidade econômica desta produção. Este camarão é originário das águas do Pacífico na América Central e América do Sul, representando até os dias atuais, a grosso modo, toda a produção brasileira. É a única espécie cultivada comercialmente no Brasil. Mas já existem experimentos voltados para a produção de outras espécies de camarão, como por exemplo, o camarão rosa, Farfantepenaeus brasiliensis (WASIELESKY et al., 2006). 6 A produção brasileira atingiu cerca de 90.000 t em 2003, sendo o estado do Rio Grande do Norte o maior produtor com um valor superior a 30.000 t (IDEMA, 2004). A produção brasileira de camarão de água doce, ainda que pequena, teve um aumento de 20% no ano de 2004 (57,5 t), enquanto a produção de camarão marinho sofreu uma redução de 16%, passando de 90.190 t. em 2003 para 75.904 t em 2004. Essa redução ocorreu principalmente devidos as enfermidades (Tabela 3) em especial à síndrome da mionecrose infecciosa (IMNV), demonstrando assim a necessidade urgente da aplicação de medidas de biossegurança, redução na densidade de estocagem e das boas praticas de manejo (MELO, 2005). Tabela 3. Enfermidades na carcinicultura (PEREIRA, 2005). Agente Causador Mortalidade Baculovirus penaei (BP) Sim Vírus da infecção hipodérmica e necrose hematopoética Não (IHHNV) Vírus da mancha branca (WSSV) Sim Vírus da síndrome de Taura (TSV) Sim Vírus da mionecrose infecciosa (IMNV) Sim Bactérias intracelulares (Ricketsia) Sim Víbrio Sim Fungos Sim Protozoários Sim O Nordeste é a região brasileira em que se encontra as melhores condições para esta atividade, devido as temperaturas altas na maioria do ano, a relativa estabilidade climática, a ampla extensão de terras às margens do litoral, a boa qualidade da água e a disponibilidade de mão de obra barata. A maricultura é um caminho para o desenvolvimento humano, provocando um declínio na migração rural (MORAIS, 2002). A ação "antidumping" foi uma manobra promovida pelos Estados Unidos com o objetivo de barrar a entrada camarão marinho brasileiro no mercado norte americano, usando como arma a redução do valor interno do camarão e 7 o aumento dos impostos dos produtos vindos de outros países. Este fato somado à desvalorização da moeda brasileira perante a moeda internacional norte americana e as doenças reduziram as exportações de camarão marinho, afetando significativamente a comercialização internacional (PIANI, 1998). Os impactos da ação "antidumping" resultaram, nos quatros primeiros meses de 2005, em uma redução de 80% na exportação brasileira para os EUA porém, em 2006, foi observado um aumento do volume das importações americanas em 11°A, quando comparada ao mesmo período de 2005 (MADRID, 2006). 1.3. Malacultura As estatísticas divulgadas pelo IBAMA, para o ano de 2004, afirmam que a produção de moluscos no Brasil foi de aproximadamente 13.063,0 t, toda ela oriunda da maricultura. Esta produção foi quase totalmente proveniente da região sul do Brasil, sendo o estado de Santa Catarina o de maior produção com cerca de 12.313,5 t. O Sudeste é a segundo colocado, tendo produzido cerca de 614,0 t, produção esta proveniente dos estados do Espírito Santo (424 t), de São Paulo (168,0 t) e Rio de Janeiro (22,0 t). Na região Nordeste, a produção é cerca de 0,5 t, valor este proveniente, quase no seu total, do estado do Sergipe (IBAMA, 2003). Em Santa Catarina, o cultivo de mexilhões (Perna perna, Linnaeus, 1758) aumentou de 150 tano-1 em 1991 para 12.000 t.anol em 2000, tornando-se uma importante atividade com forte impacto socioeconômico em comunidades de pescadores artesanais. Em 2005, a produção teve um novo crescimento, alcançando volumes de 14.175,7 t, fato este decorrente da produção das sementes em laboratório e principalmente do uso de coletores criados a partir de materiais reutilizados ou de cordas e traçados de fibras vegetais (FERREIRA et al., 2006; PANORAMA DA AQUICULTURA, 2006). Outro molusco que vem ganhando muitos adeptos no mercado consumidor brasileiro são as vieiras. O cultivo da vieira (pectinídeos) está entre as 10 maiores atividades praticados no âmbito da aqüicultura mundial. Segundo a FAO, em 2004, gerou cerca de 1,16 milhões de toneladas, sendo a China o maior produtor com cerca de 78% da produção mundial. No Brasil, a produção comercial é muito pequena e é proveniente de pequenos produtores 8 espalhados pelo litoral do Espirito Santo até Santa Catarina (CARVALHO- FILHO, 2006). A ostreicultura também é uma atividade promissora. No caso de Santa Catarina, esta produção teve uma queda de 23%, passando de 2.512,7 t em 2004 para 1.941,6 t em 2005. Acredita-se que esta queda foi resultante de uma ressaca provocada por um ciclone extratropical ocorrido em agosto e das altas temperaturas nas águas da região (PANORAMA DA AQUICULTURA, 2006). O Governo Federal criou um programa para ajudar e incentivar a produção de camarão nativo no litoral do Rio Grande do Sul, de mexilhões, ostras e vieiras do litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo e de algas, ostras e sururus do litoral da Bahia até o Amapá. Pernambuco assinou convênio para desenvolver este projeto no Estado, produzindo a ostra nativa Crassostrea rhrizophorae (ALMEIDA, 2006). Esta espécie vem sendo cultivada na região de Fortim - CE, pelo Grupo de Estudos de Moluscos Bivalves do Instituto de Ciências do Mar- LABOMAR/UFC (GEMB/LABOMAR/UFC, 2004). O cultivo de molusco é vantajoso do ponto de vista sócio-ambiental, pois possibilita às comunidades que vivem apenas da pesca extrativa trabalhar também com a aqüicultura, podendo ser usada também, como filtro biológico de partículas em suspensão na água e na bioremediação dos efluentes dos cultivos de crustáceoe peixes (IBEMA, 2004). 1.4. Algicultura ou Algocultura As algas constituem um recurso economicamente valioso no mundo e as espécies mais abundantes nas regiões tropicais são aquelas com maior valor comercial (MASIH-NETO, 2006).Atualmente, sabe-se que existem cerca de 221 espécies de algas utilizadas pelo ser humano, destas 66% são usadas diretamente na alimentação, 101 espécies são usadas para extração de ficocolóides (ágar, carragenana e alginatos), 24 em praticas medicinais tradicionais e 25 são utilizadas na agricultura para produção de ração e adubo (ZEMKE-WHITE; OHNO, 1999). As macroalgas marinhas da classe Rhodophyceae são bastante importantes economicamente pela produção de ágar e agarose, constituindo uma das principais fontes destes produtos, chegando a produzir metade de toda produção mundial (SAMPAIO, 2003). 9 A exploração destes recursos através dos bancos naturais vem gerando uma diminuição nos estoques. Nas ultimas três décadas, a colheita de algas selvagens estabilizou-se em 1 milhão de t, em contrapartida a produção deste organismo aumentou 8 vezes e, em 2003, baseado em dados estatísticos da FAO, já ultrapassava as 8,5 t de algas frescas. As algas pardas são as mais cultivada, seguidas das vermelhas. Em contrapartida, a cultura das algas verdes, encontra-se em forte regressão, caindo de 91.169 tem 1993 para 7167 t em 2003 (SPORE MAGAZINE, 2005). O cultivo de algas marinhas no Brasil está em desenvolvimento, sendo praticado em pequena escala e ainda não faz parte dos dados estatísticos do IBAMA. No entanto, em alguns estados como Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba já existem projetos para cultivo de algas marinhas com o apoio da FAO. No Ceará a algocultura está promovendo crescimento nas comunidades de Flecheiras e Guajiru, distritos do município de Trairí (MASIH-NETO., 2006). 1.5 Cultivo Integrado O cultivo integrado é uma modalidade de sistema de cultivo que está em ampla pesquisa no mundo atualmente. Consiste na existência de uma espécie alvo, considerado a principal produto cultivado, e uma ou mais espécies que irão aproveitar para o seu desenvolvimento os descartes do primeiro cultivo. Tem como objetivos produzir mais de um organismo em um mesmo lugar, aumentar a receita e os lucros dos produtores, e principalmente tentar mitigar os problemas com os ambientalistas com relação a grande liberação de efluentes provenientes da aqüicultura intensiva diretamente no meio ambiente (MELO, 2005). A carcinicultura geralmente produz elevada concentração de nutrientes, particularmente o fósforo e nitrogênio, cerca de 80% do alimento ofertado para os camarões retorna ou permanece no ambiente, seja na forma de fezes ou material reciclado (NASCIMENTO, 1999). Sabemos que estes compostos são prejudiciais ao meio ambiente quando eliminados em excesso e servem de alimento para outros organismos, por exemplo, as macroalgas, que irão diminuir a sua concentração nos efluentes, minimizando os impactos. O mesmo ocorre para amônia, composto tóxico, que serve de alimento para ostras e algas (CAVALCANTE-JUNIOR et al., 2005). 10 Outro problema que merece muita atenção e poderá ter no cultivo integrado um aliado para minimizar seus impactos é a escassez futura de água em nosso planeta, caso não nos conscientizamos que este é um recurso limitado e deve ser bem usado, principalmente na região Nordeste do Brasil, onde os habitantes já sofrem com o fenômeno da seca há muitos anos (GURGEL, 2006). Uma fazenda de aqüicultura usando o sistema monocultura utiliza uma imensa quantidade de água, enquanto essa mesma fazenda usando o sistema de cultivo integrado com recirculação de água usaria a mesma quantidade para produzir mais de um produto. O sistema fechado com tratamento e recirculação de água são comumente usado no cultivo e manutenção de peixes ornamentais e em grandes aquários públicos em todo o mundo. No Brasil, o interesse de desenvolver um sistema fechado com tratamento de água para cultivo de peixes é muito recente, sendo implantado no final dos anos 90. Sua implantação requer um custo muito alto com equipamentos e mão de obra qualificada (KUBITZA, 2006). Pensando neste custo alto com equipamentos para melhorar a qualidade da água de cultivo foi que começou a se pensar na possibilidade de usar os próprios recursos pesqueiros como filtradores, limpando a água e servindo de incremento na renda dos aqüicultores (KUBITZA, 2006), por exemplo, a alga, que é um excelente redutor de nitrogênio e fósforos devido sua atividades fotossinteticas e as ostras, essas consumem fitoplâncton, zooplâncton e bactérias com grande eficiência, sendo conhecidos na literatura pelo seu alto poder filtrante (CAVALCANTE-JUNIOR et al., 2005) Estes cultivos (Alginocultura e Osteicultura) não utilizam ração e não produzem fezes e outros compostos, reduzindo a emissão de material orgânica em suspensão, e por conseqüência diminuindo os problemas com os ambientalistas (SPORE MAGAZINE, 2005). O cultivo de organismos marinhos praticado em quase todo mundo e, em especial no Brasil, usa o sistema intensivo de produção que vem destruindo a vegetação costeira, tornando o solo salino e poluindo os cursos d'água adjacentes ao cultivo (CAVALCANTE-JUNIOR et al., 2005; KUBITZA, 2006). Todavia, nestes 10 anos, os avanços tecnológicos foram muitos e hoje a produção de resíduos e a hipernutrição das águas foram substancialmente minimizada. Como qualquer outra atividade industrial, a carcinicultura e a piscicultura devem se desenvolver no sentido de buscar tecnologia mais limpas 11 envolvendo o mínimo uso dos recursos naturais e o máximo de reciclagem dos resíduos, usando mecanismos de auto-depuração (desnitrificação, absorção biológica pelas algas e sedimentação) que baixam substancialmente os níveis de compostos poluentes. Usando de técnicas alternativas como o cultivo integrado com bivalves e/ou macrófitas, pode tornar este cultivo mais viável (NASCIMENTO, 1999). O cultivo integrado, por ser uma atividade bem recente, ainda está em procedimento experimental. Quase nada se sabe sobre a produção comercial do cultivo integrado nas fazendas aqüicolas. WANG (2003) desenvolveu no Havaí trabalho usando camarões, ostras e macroalgas em cultivo integrado com recirculação de água. NEORI et al. (2000) realizaram esta mesma modalidade com peixes, moluscos e as macroalgas U. lactuca e G. conferta. SCHUENHOFF et al. (2003) realizaram pesquisa usando peixe e a U. lactuca em sistema integrado com 50% de recirculação de água e YI YANG et al. (2005) com peixe e a macroalga G. lemaneiformis. Ambos com o objetivo de avaliar o grau de filtração biológica das macroalgas. EVANS ELANGDON (1999) usou Palmaria mais e molusco sob circunstancias limitadas de fluxo d'agua FAST; MENASVETA (2000) estudaram sistema integrado com camarões e macroalgas para diminuir os resíduos nos efluentes O presente trabalho propõe um experimento usando o cultivo integrado com recirculação total de água com tilápia do Nilo (O. niloticus), ostra do mangue (C. rhyzophorae) e as espécies de macroalga U. fasciata, S. vulgare, S. filiformis, A. multifida e G. cervicornis, sendo usado também um aquário destinado para a sedimentação do material em suspensão, com objetivo de avaliar o crescimento dos organismos que compõem este cultivo. Em outro momento deste trabalho, iremos montar um experimento usando camarão (L. vannamei) juntamente com as ostras do mangue (C. rhyzophorae), sedimentação e as macroalgas marinhas A. multifida e G. cervicornis com o objetivo de avaliar o desenvolvimento em peso deste cultivo integrado. 12 2. METODOLOGIA 2.1. O Sistema de Aquicultura Integrada O sistema de aqüicultura integrada utilizado neste trabalho constou de duas baterias de 4 aquários cada. Cada bateria foi composta de um aquário para o cultivo de tilápias ou camarões,um aquário destinado a sedimentação dos restos de ração e dejetos, um aquário para o cultivo de ostras e um aquário para o cultivo de algas (Figura 1). Figura 1. Vista parcial mostrando o sistema de cultivo integrado. Fotografia: Clementino (2006). 2.2. Aclimatação à água salgada e Estocagem 2.2.1. Tilápia (Oreochromis niloticus) Um total de 10 alevinos de tilápia do Nilo, O. niloticus, com peso médio de 3,0 g, revertidos sexualmente e obtidos junto à Estação de Piscicultura do Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará, foram aclimatados à água do mar utilizando um aquário de 50L com volume útil 13 de 30L. A cada 24h, a salinidade da água foi aumentada em 5%o por meio da adição de água salgada, até alcançar uma salinidade de 35%0, após 7 dias de aclimatação. Em seguida, os alevinos foram estocados em dois aquários, com aeração constante e densidade de 0,3 indivíduorl. Durante este período e no decorrer do experimento, os peixes foram alimentados, ad libitum, com ração comercial contendo 35% de PB e a freqüência alimentar era de 3 a 4 vezes ao dia. 2.2.2. Camarão (Litopenaeus vannamei) Um total de 30 camarões da espécie L. vannamei, com peso médio de 2,750g, provenientes de uma fazenda de carcinicultura em águas oligohalinas (3%0) localizada no distrito de Mundaú, no município de Trairí, distante 150Km de Fortaleza, foram estocados em um aquário com 30L de água doce e submetidos à aclimatação para água salgada. Para isso, em 1L de água do próprio aquário foi adicionado sal de salina até que esta solução atingisse 45%0 e, em seguida, a solução foi adicionada lentamente de volta ao aquário dos camarões. Este procedimento foi repetido a cada 15 minutos, resultando em um aumento gradativo da salinidade em 3%o até a salinidade da água de cultivo dos camarões atingir 32%0. Após a aclimatação, os camarões foram distribuídos em dois aquários com aeração constante e salinidade de 35%0 na densidade de 0,37 camarãorl. Durante o experimento os camarões foram alimentados, ad libitum, com ração comercial contendo 35% de PB e a freqüência alimentar diária era de 3 a 4 vezes. 2.3. Sedimentação Nesta etapa foram utilizados dois aquários contendo 30L de água salgada com salinidade de 35%o. Contudo, estes aquários não receberam nenhuma aeração para que houvesse a precipitação das partículas mais pesadas no fundo dos mesmos. 2.4. Ostra do Mangue (Crassostrea rhyzophorae) As ostras utilizadas no presente trabalho foram oriundas da praia de Sabiaguaba, município de Aquiraz, distante cerca de 25km de Fortaleza. Um 14 total de 120 ostras do mangue, C. rhyzophorae foram coletadas e levadas, imediatamente, ao laboratório de aqüicultura do DEP/CCA/UFC. No laboratório, estas foram bem lavadas e escovadas antes de serem estocadas nos aquários, para retirar as microalgas sésseis da superfície, as quais poderiam mascarar os resultados do experimento. Após escovadas as ostras foram estocadas em dois aquários com volume útil de 30L cada, aeração constante, salinidade de 35%o, na densidade de 2 ostrasrl, sendo dispostas sobre uma tela plástica de 1,5 mm de malha com o objetivo de evitar o contato direto dos bivalves com o fundo dos aquários, o que poderia ocasionar danos ao sistema de filtração dos mesmos. 2.5. Algas Marinhas Foram testadas diferentes espécies de algas marinhas a fim de verificar a que melhor se adaptasse às condições laboratoriais, deste modo alga marinha Chlorophyta Ulva fasciata, a Phaeophyta Sargassum vulgare e as Rhodophytas Soliería filiformis, Amansia multifida e Gracilana cervicornis, foram coletadas manualmente, em maré baixa, na praia do Pacheco, município de Caucaia, situada a 21 km de Fortaleza, exceto as espécies A. multifida e G. cervicornis, as quais foram coletadas na praia de Guajiru, município de Trairí, situada a 123 km de Fortaleza. Após a coleta, as algas foram devidamente acondicionadas em caixas istotérmicas e imediatamente transportadas ao laboratório, onde primeiramente foram lavadas e cuidadosamente separadas das epífitas e outros organismos. Essas algas foram utilizadas no experimento separadamente, com exceção de A. multifida e G. cervicornis, as quais foram estocadas juntas. As algas foram distribuídas em dois aquários com aeração constante, contendo 30 L de água salgada com salinidade 35%o. A espécie U. fasciata foi estocada na densidade de 3,3 gr'; S. vulgare com 13,3 grl; S. filiformis com 20,0 grl e as espécies A. multifida e G. cervicornis com 7,7 g /L, sendo 78,9% da primeira e 21,1% da última. Estes aquários receberam iluminação adicional fornecida por uma lâmpada florescente de 20 W a uma distância de 10 cm da lâmina d'água. 15 2.6. Procedimento Experimental No experimento foram utilizados peixes e camarões, no entanto, no início foram utilizadas as tilápias e, em um segundo momento, os camarões. O manejo experimental constou de uma transferência manual e seqüencial da água entre os aquários de cada bateria. Para isso, diariamente, a água do aquário que continha as macroalgas foi drenada e armazenada em um tambor, a água das ostras foi transferida para o aquário das macroalgas e a água do aquário de sedimentação foi drenada para o cultivo das ostras. Em seguida, a água das tilápias foi transferida para o aquário da sedimentação e, finalmente, a água que estava armazenada no tambor, proveniente das macroalgas, foi colocada no aquário das tilápias. O experimento com tilápias teve uma duração de aproximadamente dois meses e, devido à grande agressividade das tilápias aclimatadas à água salgada, não foi possível manter mais de um indivíduo por aquário. Desta forma, as tilápias foram substituídas pelos camarões, os quais foram cultivados por mais um período de dois meses. Durante a realização do experimento, a temperatura do laboratório foi de 28 ± 2°C e o fotoperíodo de, aproximadamente, 12 h de claro e 12 h de escuro. Semanalmente, os organismos foram pesados e os dados obtidos utilizados para traçar curvas de crescimento em peso. Além disso, o crescimento dos camarões no laboratório foi comparado com o crescimento de camarões cultivados no viveiro. 2.7. Análises Estatísticas Os pesos médios dos camarões cultivados no sistema integrado foram comparados com os pesos médios dos camarões cultivados no viveiro de origem, utilizando o teste t independente para médias (programa Origin e t de Student não pareado) com nível de significância de 5%. 30 25 - 15 - 10 - a • 16 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1. Primeira Etapa do Experimento: Cultivo Integrado utilizando a tilápia do Nilo, Oreochomis niloticus, sedimentação, ostras, Crassostrea rhyzophora, e macroalgas Na primeira fase do experimento, analisamos o crescimento em peso das tilápias, ostras e das algas marinhas U. fasciata, S. vulgare, S. filiformes, A. multifida e G. cervicornis. 3.1.1. Tilápia do Nilo, Oreochomis niloticus A tilápia do Nilo, O. niloticus apresentou um incremento de 149,73% em seu peso médio inicial, com um crescimento médio diário de 2,17%, atingindo 25,702 g de peso final após mais de dois meses de cultivo (Figura 2). , o 2 10 12 Semanas Figura 2. Crescimento médio em peso da tilápia do Nilo, O. niloticus, no sistema de aqüicultura integrada. Quando comparado com o crescimento no cultivo integrado desenvolvido por NEORI et al.( 2000) usando peixe, Sparus aurata, algas e o 17 molusco da Califórnia, Abalone, foi possível notar que o crescimento em peso de nosso cultivo foi maior do que o registrado no citado trabalho no qual o crescimento diário do peixe foi de 0,67%. No entanto, o crescimento foi bem inferior, quando comparado o crescimento ao observado em cultivos comerciais de tilápias, em água doce, as quais, atingem, em um ciclo de 6 meses, o peso médio de 520 a 700 g, equivalendo a um peso médio de 173 a 233g no finalde 2 meses de cultivo (CASEIRO; WAKATSUKI, 2004). Comparando o crescimento das tilápias do cultivo integrado com o mesmo peixe em sistema de monocultivo usando tanque rede, foi possível concluir, mais uma vez, que o crescimento foi também muito inferior. De acordo com MARENGORI (2006), a tilápia do Nilo apresenta crescimento de 3,01 a 3,43 g.dia-1 em tanque rede, enquanto em nosso experimento foi obtido apenas 0,22 g.dia-1. Fato este comprovado ainda por BARBOSA et al. (2004), que observaram um ganho de peso diário de 3,83 g usando tanque rede e por BOSCOLO et al. (2001) que reportaram um ganho de 2,98 g.dial na fase inicial de crescimento. Tabelas elaboradas por fábricas de ração indicam que com aproximadamente 69 dias de monocultivo, a tilápia alcança peso médio entre 115,71 a 158,90 g, enquanto no cultivo integrado ela alcançou apenas 25,702 g, evidenciando que o crescimento foi muito baixo quanto comparado ao obtido no monocultivo comercial. Apesar do pequeno crescimento em peso observado para as tilápias, neste trabalho, vale salientar ainda que, após à aclimatação, os peixes se tornaram bem mais agressivos, resultando, no final do experimento, apenas um peixe por aquário. 3.1.2. Comportamento das Ostras do Mangue, Crassostrea rhyzophorae As ostras, C. rhyzophorae, praticamente não alteraram seus pesos durante esta etapa do experimento, apresentando pequenas oscilações durante o período. Desta forma, no final desta fase, as ostras do mangue praticamente registraram o mesmo peso médio inicial, sendo no entanto bastante eficientes na remoção de amônia do sistema (Figura 3). 18 25 2 4 6 10 12 14 Semanas 15 . 0 Figura 3. Pesos médios das ostras obtidos no cultivo integrado. NEORI et al. (2000) implantaram um sistema integrado utilizando o molusco bivalve abalone, Haliotis discus hannai, o peixe, Sparus aurata e as macroalgas Ulva lactuca e Gracilaria conferta, obtendo uma taxa de crescimento de 0,90% ao dia para o abalone e produtividade de 9,4 kg.m-2.ano- 1. Por outro lado, estes autores cultivaram os organismos fora do laboratório, onde existe uma grande proliferação de microalgas, principal alimento das ostras. Já, no laboratório, não foi possível o desenvolvimento de microalgas no aquário das ostras, sendo os restos de ração o único alimento disponível. 3.1.3. Comportamento das Macroalgas A macroalga Ulva fasciata teve um pequeno crescimento na primeira semana de cultivo integrado, porém na segunda não resistiu, tendo uma excessiva mortalidade, que ocasionou uma redução de 13,10% em sua biomassa inicial, gerando perda da coloração esverdeada (característica da classe Chlorophyceae), ressecamento e posterior fragmentação das fitas (Figura 4). Possivelmente, a causa dessa mortalidade foi a baixa luminosidade utilizada no experimento, insuficiente para o desenvolvimento desta macroalga, já que esta espécie é encontrada nas zonas de supra litoral inferior, sendo intensamente exposta a luminosidade solar durante as marés baixas (SAMPAIO, 2003). 500 - —6— U fasciata —e— S. vulgare —A— S. filiformis —v— A. multifida —o— G. cervicomis 200 - 1C0 - 6 • o o o o 1 1 1 1 2 3 Semanas o 1 5 4 19 NEORI et al. (2000) demonstraram que a macroalga verde U. lactuca produziu, em um sistema de aqüicultura integrada, 78 kg.m-2.ano-1 e se mostrou um eficiente filtro biológico, reduzindo em 80% os níveis de amônia no sistema. No presente trabalho, a espécie U. fasciata não apresentou crescimento, porém conseguiu reduzir em até 100% o teor de amônia na água, na primeira semana de cultivo. 600 - Figura 4. Pesos médios das macroalgas Ulva fasciata, S. vulgare, S. filiformes, A. multifida e G. cervicomis no sistema integrado. Com relação à espécie Sargassum vulgare, essa foi utilizada apenas por uma semana no cultivo integrado, principalmente pela perda demasiada de pigmentação, conferindo a água do cultivo uma cor amarronzada, pigmento característico das algas pardas (Phaeophyta). Além disso, a alga apresentou um decréscimo de 31% em seu peso inicial e não reduziu a concentração de amônia da água proveniente das ostras, chegando a aumentar essa concentração, além de ter aumentado também o grau de turbidez da água do cultivo (Figura 4). A espécie S. filiformes, terceira macroalga utilizada no sistema integrado, também não se desenvolveu, apresentando uma redução de 85,53% em seu peso médio inicial. Porém esta espécie foi mantida por mais tempo, 20 devido ter sido eficiente em baixar a concentração de amônia na água (Figura 4). As últimas algas a serem usadas no sistema foram as espécies A. multifida e G. cervicomis. Diferentemente das outras macroalgas, elas foram usadas simultaneamente no cultivo, compondo um biofiltro duplo. Juntas, conseguiram baixar os níveis de amônia e o grau de turbidez da água. A espécie A. multifida apresentou um leve aumento na primeira semana de cultivo (6,54%), mas nas outras três semanas, foi observada uma perda de peso respectivamente de 11% e 16%, resultando, no final do experimento, numa redução de 20,36% em sua biomassa inicial (Figura 4). Com relação à espécie G. cervicornis, essa apresentou uma pequena perda de peso de 5,3% na primeira semana e estabilizou nas demais semanas, chegando no final desta fase do cultivo com aproximadamente de 38,413 g, valor este muito semelhante ao peso inicial que era de 38,483 g. TROELL et al. (1997) realizaram, no Chile, um cultivo integrado com a macroalga vermelha G. chilensis e salmões (Salmo salar) em gaiolas. De acordo com os autores, a macroalga reduziu a quantidade de fósforo e nitrogênio inorgânicos e produziu neste tipo de cultivo, 34 toneladas de peso seco.ano 1 , gerando uma renda de U$ 34.000, provando que o este cultivo integrado é economicamente e ambientalmente viável. Outro exemplo de sucesso no cultivo integrado usando o gênero Gracilaría, foi o desenvolvido por ZHOU et aI. (2006), na costa do Norte da China, utilizando peixes da espécie Sebastodes fuscescens e a macroalga marinha vermelha G. lemaneiformis. Os resultados deste trabalho indicaram que a macroalga se desenvolveu melhor quando foi integrada ao cultivo de peixes, crescendo a uma taxa de 11,03% ao dia. Experimentos realizados por QIAN et aI. (1996) sobre o cultivo integrado da macroalga vermelha Kappaphycus alvarenzii e da ostra Pinctada martensi, em laboratório e em campo, mostraram que ambos os organismos cresceram mais rapidamente no sistema integrado do que quando cultivados isoladamente. Já NEORI et al. (2000) que implantaram um sistema integrado utilizando o molusco bivalve abalone, Haliotis discus hannai, o peixe, Sparus aurata e as macroalgas U. lactuca e G. conferta, não obteve com última um desempenho satisfatório. 21 É importante, mais uma vez, salientar que os trabalhos, nos quais foram observados um bom desenvolvimento de macroalgas em sistemas integrados, foram desenvolvidos no campo e não em condições de laboratório, onde as características de iluminação são bem diferentes. 3.2. Segunda Etapa do Experimento: Cultivo Integrado utilizando o camarão do Pacífico, Litopenaeus. vannamei, sedimentação, ostras, Crassostrea. rhyzophora, e as macroalgas marinhas Amansia. multifida e Gracilaria, cervicornis. Na segunda fase do experimento, foram analisados o crescimento em peso do camarão do Pacífico, L. vannamei, das ostras e das algas marinhas A. multifida e G. cervicornis. As algas marinhas ficaram juntas no mesmo aquário, sendo apenas separadas na hora da pesagem e posteriormente novamente reunidas e acomodadas no mesmo aquário. 3.2.1. Crescimento dos camarões do Pacífico, L. vannamei Com relação ao desenvolvimento do camarão marinho, L. vannamei, no sistema integrado, foi observado um incremento em seu peso inicial de 242,11% ao longo dos aproximados 78 dias de cultivo,resultando em um crescimento médio diário de 3,10% .dia-1 e aproximadamente 0,628g.sennana-1, não diferindo significativamente do crescimento observado no viveiro de carcinicultura (Figura 5). Na fazenda no município de Mundaú, de águas oligohalinas, foi registrado um crescimento de 272,73% no peso médio inicial ao longo dos mesmos dias de monocultivo comercial, resultando num crescimento de 3,90 %.dia-1 e de 0,775 g. semana -1 (Figura 5). 10 - 22 o o- 6 - a a viveiro —•—Sistema integrado 20 40 60 80 Das de cultive Figura 5. Pesos médios dos camarões, Litopenaeus. vannamei, cultivados no sistema integrado e em um viveiro de carcinicultura. Letras iguais ao longo das curvas indicam ausência de diferença significativa ao nível de 95% Técnicos especialistas em camarão, afirmam que o crescimento semanal considerado normal para a carcinicultura marinha é de 0,6 a 0,8 g, com renovação periódica da água do cultivo por outra totalmente limpa. Desta forma, o crescimento obtido no sistema integrado foi excepcional, pois, neste experimento, foi utilizada a mesma água por um período de 70 dias sem nenhuma renovação adicional, sendo apenas recirculada entre os aquários do sistema a cada 24 horas. Este fato apenas foi possível devido à grande redução dos níveis de amônia e turbidez no sistema integrado, realizada, principalmente, pelas ostras do mangue, C. rhyzophorae, e complementada por algumas macroalgas gerando uma água de boa qualidade para o cultivo de camarão, que é muito mais sensível à variações do que as tilápias. Além disso, nos viveiros, os camarões ainda possuem uma boa oferta de alimento natural o que não ocorreu no laboratório, onde os animais foram alimentados somente com ração comercial. Soma-se ainda a este fato, o estresse sofrido pelos camarões no laboratório, durante à aclimatação à água salgada com os animais passando de uma salinidade de 3 para 35 %o. 23 3.2.2. Comportamento das Ostras do Mangue, C. rhyzophorae Com relação ao comportamento das ostras nesta segunda fase do experimento, foi observado que a biomassa continuou a diminuir, no entanto, vale salientar que estes organismos já se encontravam no sistema há mais de dois meses. Apesar da redução de 54,36%, as ostras foram ainda capazes de manter os níveis de amônia baixos no sistema. Como os camarões estavam apresentando um ótimo desenvolvimento no sistema integrado, as ostras foram substituídas, a partir do dia 24 de outubro, com o objetivo de garantir a manutenção dos níveis de amônia. Após a substituição, continuaram ainda a apresentar redução no peso inicial (Figura 6). Durante o período, foi utilizada a microalga Spirulina platensis como suplementação alimentar para as ostras, sendo observada uma redução na quantidade de indivíduos mortos. 40 35 - !—• • • ostras novas 30 - 25 --) :0 20 _ • fl VA \A 15 - "---N 10 - 1 1 1 1 1 i 2 4 6 8 10 12 14 Semanas Figura 6. Peso das ostras durante o período de cultivo integrado com camarões. 3.2.3. Comportamento das Macroalgas Nesta fase do experimento foram usadas a macroalgas A. multifida e G. cervicornis, simultaneamente. A espécie A. multifida apresentou períodos de crescimento, aumentando 14,20% na primeira semana, 8,72% na terceira e 5,25% na sexta semana, exibindo nas demais semanas, decréscimo em seu 140 120 - 100- /N/ — A— A. multifida — e— G. cervicomis 40 - e-____ e -....,,,, • ---. ...„.... ,,e---e—e--__E _____e_____.,............ 24 peso médio. A partir da sétima semana até o final do experimento, esta alga somente registrou perdas de peso, passando de 116,8g de peso médio inicial para 71g de peso médio final, o que corresponde a uma redução de 39,23% (Figura 7). Com relação à G. cervicornis, a mesma também apresentou oscilações no peso, aumentando sua biomassa em 27,3% na quarta semana. Aumentou na sexta semana 1,25% e, na oitava 1,63%, sofrendo redução de peso médio nas demais semanas de cultivo, resultando, ao final do experimento, uma redução de 19,96% em seu peso médio inicial (Figura 6). Apesar do decréscimo, estas espécies foram as que melhor se adaptaram às fracas condições de iluminação do laboratório. 20 - O O 2 4 6 8 10 12 Semanas Figura 7. Pesos médios das macroalgas Amansia multifida e Gracilaria cervicornis no sistema integrado com camarões durante o período experimental No entanto, mesmo com a redução de peso das macroalgas nesta etapa do experimento, as espécies ainda foram capazes de reduzir as concentrações de amônia no sistema. Comparando as essas macroalgas utilizadas nas duas etapas do experimento (tilápias e camarões), notamos que A. multifida teve uma maior redução de peso na etapa dos camarões (39,23%), enquanto a redução na etapa das tilápias foi menor (20,36%). O mesmo aconteceu com a espécie G. 14 25 cervicornis, que teve melhor resultado na etapa dos peixes, reduzindo apenas 0,18% de seu peso contra 19,96% de redução quando foram utilizados os camarões. Comportamento semelhante foi notado com a ostra do mangue, C. rhyzophorae, que teve menor redução em peso médio na etapa com peixes, cerca de 1,13%, do que quando estava no cultivo integrado usando o camarão, cerca de 54,36% antes da substituição e 3,47% após a substituição. O comportamentos das macroalga e ostras pode ser explicado pelo desgaste causado pelas limitações do próprio ambiente de cultivo, principalmente luz (qualidade e intensidade) no caso das primeiras e ausência de alimentação adequada (microalgas) no caso das últimas. 26 4. CONCLUSÃO Concluímos com este trabalho que, em ambos os cultivos integrados, a maioria das macroalgas utilizadas apresentaram redução na sua biomassa inicial ao final do cultivo, enquanto a espécie G. cervicornis apresentou praticamente o mesmo peso médio inicial. Este comportamento foi devido às condições artificiais do cultivo, não sendo apropriadas para um bom desenvolvimento destes organismos. A ostra do mangue, C. rhyzophorae, praticamente terminou a primeira fase do experimento com o mesmo peso médio que começou, perdendo peso acentuadamente apenas na segunda fase, porém teve uma participação importantíssima na manutenção da qualidade da água do cultivo. A tilápia do Nilo, O. niloticus, obteve desenvolvimento em peso no cultivo integrado, porém quando comparado ao crescimento normal observados em monocultivos, foi considerado ruim, portanto inviável o cultivo em laboratório. Com relação ao desenvolvimento dos camarões, foi obtido um excelente resultado, sendo obtido, ao final do experimento, um peso médio igual ao dos camarões cultivados em um viveiro de carcinicultura. Resultado que nos leva a concluir que é viável o cultivo integrado com este organismo. Desta forma, é necessário agora a adaptação desta tecnologia para o campo e, assim, tentar otimizar as condições para um melhor desenvolvimento também das ostras e algas em sistemas de aqüicultura integrada. 27 5. 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