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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PESCA 
CULTIVO INTEGRADO DE TILÁPIA DO NILO, Oreochromis niloticus, 
CAMARÃO, Litopenaeus vannamei, OSTRA DO MANGUE Crassostrea 
rhyzophorae E ALGAS MARINHAS: CRESCIMENTO EM PESO 
JAMILLE NORONHA CLEMENTINO 
Monografia apresentada ao Departamento de 
Engenharia de Pesca, do Centro de Ciências 
Agrárias, da Universidade Federal do Ceará, como 
parte das exigências para obtenção do título de 
Engenheiro de Pesca. 
FORTALEZA-CEARÁ-BRASIL 
JANEIRO/2007 
COMISSÃO EXAMINADORA 
 
íi 
 
Wladimir Ronald Lobo Farias, D.Sc. 
Orientador 
 
 
Prof. Alexandre Holanda Sa paio, Ph.D. 
Membro 
José Ariévilo Gurgel odrigues,r;c. 
Membro 
VISTO 
Prof. Moisés Almeida de Oliveira, D.Sc. 
Chefe do Departamento de Engenharia de Pesca 
(43, 
Prof. Raimundo onato de Lima Conceição, D.Sc. 
Coordenador do Curso de Engenharia de Pesca 
Âmzelvao 	aciit; 
Fernando
Retângulo
Fernando
Retângulo
Fernando
Retângulo
Fernando
Retângulo
Fernando
Retângulo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação 
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Universitária
Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
C563c Clementino, Jamille Noronha.
 Cultivo integrado de Tilápia do Nilo, Oreochromis niloticus, camarão, Litopenaeus
vannamei, ostra do mangue Crassostrea rhyzophorae e algas marinhas: crescimento em
peso / Jamille Noronha Clementino. – 2007.
 38 f. : il. 
 Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro
de Ciências Agrárias, Curso de Engenharia de Pesca, Fortaleza, 2007.
 Orientação: Prof. Dr. Wladimir Ronald Lobo Farias.
 1. Tilápia (Peixe) - Cultivo integrado. 2. Camarão (Crustáceo) - Cultivo integrado. 3. Ostra
do mangue (Molusco) - Cultivo integrado. 4. Engenharia de Pesca. I. Título.
 CDD 639.2
iii 
Dedicatória 
Dedico este trabalho a minha querida mãe. 
Dedico-o também a todos aqueles que trabalharam 
junto comigo para que este sonho virasse realidade. 
iv 
AGRADECIMENTOS 
Gostaria de iniciar agradecendo a Deus, por todas as coisas boas que ele me 
proporcionou e sei que ainda vai proporcionar. 
Não poderia deixar de agradecer a minha mãezinha Irany, por todas as 
oportunidades que a mesma, com muita garra e amor, ofereceu durante toda a 
minha vida, em especial nas fases difíceis que surgiram na minha caminhada 
para alcançar este diploma. 
Agradeço, também, o meu tão querido pai Expedito e ao Vovô Miguel Noronha, 
que foram chamados para vida espiritual e de onde sei que olham, oram, 
vigiam, incentivam e estão muito felizes e realizados com esta graduação. 
Agradeço ao meu irmão Expedito Filho, a minha tia Iraci e ao meu namorado 
Anderson Daher por todo amor, dedicação e ajuda que me deram na 
elaboração deste trabalho. 
Por último, meus agradecimentos especiais ao Professor Wladimir Ronald Lobo 
Farias, meu paciente orientador, pelas informações seguras e precisas, bem 
como pela sua competência e reconhecimento profissional, os quais deram 
uma contribuição acadêmica a este trabalho. Ele que em todos os momentos 
me ofereceu o apoio pessoal e institucional para que eu concluísse a presente 
monografia visando contribuir de forma efetiva para a melhoria da qualidade da 
atividade aqüícola e ambiental. 
Aos meus amigos de caminhada acadêmica Nayana Moura, Camila Magalhães 
e Fernando Cristian, que ao longo dos 5 anos de curso me ajudaram, ficam 
aqui os meus sinceros agradecimentos e a minha eterna amizade. 
v 
RESUMO 
Os recursos pesqueiros provenientes do extrativismo estão chegando 
aos seus limites máximos de exploração, sendo necessário o incremento da 
aqüicultura para suprir a demanda pelo consumo de organismos aquáticos. Por 
outro lado, a aqüicultura intensiva pode poluir os corpos d'água adjacentes, 
através da descarga de efluentes ricos em nutrientes e sólidos em suspensão. 
Assim, o cultivo integrado, utilizando peixes ou camarões, sedimentação, 
ostras e macroalgas, surge como uma ferramenta útil para mitigar os impactos 
ambientais causados pela grande liberação de nutrientes nos efluentes da 
aqüicultura intensiva. Com este trabalho, objetivamos avaliar o crescimento em 
peso de peixes (tilápias), camarões, ostras e macroalgas em um cultivo 
integrado com recirculação total de água, sendo o peso dos organismos 
avaliado semanalmente. Diariamente, água do aquário das macroalgas foi 
drenada e armazenada em um tambor, a água das ostras foi transferida para o 
aquário das macroalgas, a água de sedimentação para o cultivo das ostras, a 
água do cultivo de tilápias ou camarões para o aquário de sedimentação e, por 
ultimo, a água do tambor, proveniente das macroalgas, retornou para o aquário 
das tilápias ou camarões. Com relação ao crescimento em peso dos 
organismos, as tilápias apresentaram um desenvolvimento bastante inferior ao 
observado em cultivos comerciais em água doce e, além disso, se tornaram 
extremamente agressivas após a aclimatação à água salgada. Já os camarões 
apresentaram um crescimento bastante satisfatório no sistema integrado, não 
apresentando diferença significativa do observado em um viveiro de 
carcinicultura. De uma maneira geral, as algas marinhas não se desenvolveram 
no laboratório, no entanto, foram importantes para a manutenção da qualidade 
da água. As ostras praticamente não alteraram seus pesos durante a primeira 
etapa utilizando as tilápias, porém começaram a morrer durante o cultivo com 
os camarões, apesar de serem as maiores responsáveis pela diminuição dos 
níveis de amônia. 
vi 
SUMÁRIO 
Página 
LISTA DE FIGURAS 	 vii 
LISTA DE TABELAS 	 viii 
RESUMO 	 v 
1. INTRODUÇÃO 	 1 
1.1. Piscicultura 	3 
1.2. Carcinicultura 	 4 
1.3. Malacultura 	 7 
1.4. Algicultura ou Algocultura 	8 
1.5. Cultivo Integrado 	 9 
2. MATERIAL E MÉTODOS 	 12 
	
2.1. O Sistema de Aqüicultura Integrada 12 
2.2. Aclimatação à água salgada e estocagem 	 12 
2.2.1 Tilápias (Oreochromis nilloticus): 
2.2.2. Camarões (Litopenaeus vannamei)• 	 13 
2.3. Sedimentação 	 13 
2.4. Ostras do Mangue (Crassostrea rhizophorae) 	 13 
2.5. Algas Marinhas 	 14 
2.6. Procedimento Experimental 	 15 
2.7. Análises Estatísticas 	 15 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 	 16 
3.1. Primeira Etapa do Experimento: cultivo Integrado utilizando a 
tilápia do Nilo Oreochomis niloticus, sedimentação, ostras 	16 
Crassostrea rhyzophorae e macroalgas 	 
3.1.1. Tilápia do Nilo Oreochromis niloticus 	 16 
3.1.2. Comportamento das Ostras do Mangue Crassostrea 
17 
rhyzophorae 	 
3.1.3. Comportamento das Macroalgas 	 18 
3.2. Segunda Etapa do Experimento: cultivo Integrado utilizando o 
camarão Litopenaeus vannamei, sedimentação, ostra Crassostrea 21 
rhyzophorae e macroalgas 	 
3.2.1. Camarão Marinho Litopenaeus vannamei 	 21 
3.2.2. Comportamento das Ostras do Mangue Crassostrea 
23 
rhyzophorae 	 
3.2.3. Comportamento das Macroalgas 	 23 
4. CONCLUSÃO 	 26 
5. REFERÊNCIAS 	 27 
vii 
LISTA DE FIGURAS 
Página 
Figura 1. Aclimatação a água salgada e estocagem 	 12 
Figura 2. Crescimento médio em peso da tilápia do Nilo, 16 
Oreochromis noloticus, no sistema de aqüicultura 
integrado. 
Figura 3. Pesos médios das ostras obtidas no cultivo integrado. 18 
Figura 4. Pesos médios das macroalgas Ulva fasciata, 19 
Sargassum vulgare, Solieria filiformes, Amansia 
multifida e Gracilaria. cervicornis no sistema integrado 
Figura 5. Crescimento dos camarões do Pacífico, Litopenaeus 22 
vannamei 
Figura 6. Comportamento das ostras do mangue, Crassostrea 23 
rhyzophorae 
Figura 7. Pesos médios das macroalgas Amansia multifida e 24 
Gracilaria cervicornis no sistema integrado com 
camarão 
VIII 
LISTA DE TABELAS 
Página 
Tabela 1. Produção brasileira de pescado em 2000 e 2001 	 2 
Tabela 2. Produção mundialproveniente da carcinicultura 5 
marinha e da captura do Litopenaeus vannamei 
(Boone, 1931) 	 
Tabela 3. Enfermidades na carcinicultura e suas características. 6 
1 
CULTIVO INTEGRADO DE TILÁPIA DO NILO, Oreochromis nilotícus, 
CAMARÃO, Litopenaeus vannamei, OSTRA DO MANGUE Crassostrea 
rhyzophorae E ALGAS MARINHAS: CRESCIMENTO EM PESO 
JAMILLE NORONHA CLEMENTINO 
1. INTRODUÇÃO 
A Terra é um fantástico planeta azul, onde três quartos da sua superfície 
são cobertos de água. Encontrá-se parcialmente escondido por um véu de 
água na fase de vapor. O Brasil é um dos países mais privilegiados, pois cerca 
de 13% dos recursos hídricos superficiais de água doce pertencem ao nosso 
país (SCHNEIDER, 2003) e temos, ainda, um litoral de 7.408 km de extensão 
banhados pelo Oceano Atlântico, sendo 573 km pertencentes ao litoral do 
Estado do Ceará (ALMANAQUE ABRIL, 1995).Apesar do enorme volume de 
água que nosso planeta possui, seus recursos hídricos estão sendo mal 
utilizados e se tornando escassos. Hoje sabemos que tais recursos são finitos 
e, se não forem usados de maneira racional, poderão se tornar um fator 
limitante em nosso planeta (TUNDISI, 2003). 
O mesmo está acontecendo com os recursos pesqueiros provenientes 
da pesca extrativa. A produção está decrescendo e, por essa razão, não 
estamos mais conseguindo suprir a demanda do consumo humano. Isso está 
acontecendo devido à exploração indiscriminada dos estoques pesqueiros 
naturais, atualmente próximos dos seus limites auto-sustentáveis, resultando 
assim numa captura inferior ao exigido pelo mercado. Tentando aumentar a 
produção de alimentos pesqueiros para consumo humano surgiu a aqüicultura 
que vem sendo uma das alternativas mais viáveis para suprir a crescente 
demanda pelo consumo de organismos aquáticos (QUEIROZ; MOURA, 1996). 
O crescimento da aqüicultura mundial vem sendo considerado como 
uma revolução azul, devido seus efeitos em ganhos de produção de 
organismos aquáticos (GELINSKI-NETO, 2003). Os dados estatísticos indicam 
que, nos últimos 50 anos, a aqüicultura mundial cresceu estrondosamente 
2 
passando de aproximadamente 1 milhão de toneladas em 1950 para 59,4 
milhões de toneladas em 2004, gerando US$ 70,3 bilhões, sendo 69,57% 
proveniente da China, 21,92% do restante da Ásia e da região do Pacífico e 
apenas 2,26% da América Latina e Caribe (FAO, 2006). 
Segundo a FAO em 2003, a produção da América Latina e Caribe 
alcançou 1,25 milhão de t, sendo a produção brasileira de aproximadamente 
290.000 t, enquanto a produção chilena chegou a quase 610.000 t. A produção 
proveniente da aqüicultura na América Latina é representada, principalmente, 
pelos salmonídeos (salmão e truta) com 502.032 t, camarões marinhos com 
279.775 t e tilápias com 127.484 t (FAO, 2005). 
A pesca extrativa no Brasil, também não se encontra em condições 
diferentes da mundial, pois apresenta uma sobrepesca em estado avançado, 
uma alocação inadequada dos insumos produtivos e uma falta de políticas 
apropriadas para o desenvolvimento e controle da atividade (QUEIROZ; 
MOURA, 1996). 
De acordo com o boletim do IBAMA (2003), a produção brasileira em 
2001 foi de 939.756,00 t., enquanto em 2000 a produção era de 843.376,5 t. 
indicando um aumento de 11,4% neste período.(Tabela 1). A participação 
relativa da pesca extrativa teve um declínio, passando de 91,2% em 1996 para 
77,7% em 2001. Em contra partida, a aqüicultura apresentou um 
comportamento crescente ao longo do mesmo período, registrando em 2001 
uma participação de 22,3%, contra 8,8% em 1996. A carcinicultura foi a 
atividade com taxa de crescimento mais expressiva (63,0%), com maior 
concentração na região Nordeste (Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e Piauí 
(IBAMA, 2003 . 
Tabela 1. Produção brasileira de pescado em 2000 e 2001 (IBAMA, 2003). 
Produção (t) 2000 2001 
Crescimento 
relativo (%) 
Pesca extrativa marinha 467.687,00 509.946,0 + 9,0 
Pesca extrativa continental 199.159,0 220.431,5 + 10,7 
Maricultura 38.374,5 52.846,5 + 37,7 
Aqüicultura continental 138.156,0 156.532,0 + 13,3 
Total 843.376,5 939.756,0 + 11,4 
3 
Segundo a estatística para o ano de 2004 do IBAMA, a produção total da 
aqüicultura brasileira sofreu uma redução de 3%, passando de 278.128,5 t.. 
Neste período, a produção da aqüicultura marinha apresentou uma redução de 
cerca de 12% quando comparado a 2003, redução esta causada pela queda na 
produção de camarão marinho. O mesmo não ocorreu na aqüicultura de água 
doce que teve um aumento de 2% de 2003 para 2004. No Nordeste, a 
produção da aqüicultura de água doce passou de 32.459 t em 2003 para 
39.153,5 tem 2004, gerando um aumento de 21%. No Ceará, estima-se que a 
aqüicultura continental tenha atingido 18.185,0 t. em 2004, sendo 18.181,5 t 
provenientes da piscicultura e 3,5 t de anfíbios. Na aqüicultura marinha, o 
Ceará alcançou, em 2004, 19.405 t, sendo toda a produção de crustáceos, 
mais precisamente o camarão (PANORAMA DA AQUICULTURA, 2005). 
1.1. Piscicultura 
A piscicultura é uma atividade antiga, mas seu desenvolvimento é 
relativamente recente. No século XX, os avanços técnicos na piscicultura foram 
bastante significativos em algumas regiões do mundo, principalmente devido 
ao avanço da reprodução e incubação artificial, a intensificação do uso de 
alimentos concentrados, o aperfeiçoamento dos alimentos artificiais, o uso da 
aeração artificial, a popularização da reversão sexual da tilápia do Nilo, ao 
crescimento da salmonicultura na América do Sul e a introdução do policultivo 
no continente Europeu (SILVA, 2005). 
As principais espécies cultivadas no mundo são carpa capim 
(Ctenopharyngodon idella), carpa prateada (Hypophthalnichthys molitrix), carpa 
comum (Cyprinus carpio), carpa cabeça grande (Aristichthys nobilis), carpa 
crucian (Carassius carassius), tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), salmão do 
Atlântico ,Salmo salar (DIAS-JUNIOR; SCHURTER, 2001). 
No Brasil, as primeiras ações realizadas com o objetivo de praticar a 
piscicultura foram feitas por Maurício de Nassau, que construiu viveiros em 
áreas estuarinas situadas próximas à residência do governador em um sistema 
de cultivo extensivo, no qual o abastecimento de água era feito pela maré e 
esta trazia os peixes para o interior dos viveiros, onde eles ficavam 
aprisionados até a captura. Porém os fatos de maior importância nesta 
4 
atividade foram produzidos por Rodolpho von lhering e sua equipe que 
desenvolveram técnicas de reprodução induzida, a criação da primeira estação 
de piscicultura para produção de alevinos do Brasil em Icó-CE, a construção de 
açudes no Nordeste pelo DNOCS (SILVA, 2005). 
De todos os acontecimentos relevantes para o desenvolvimento da 
piscicultura nacional e brasileira, a introdução da tilápia do Nilo, Oreochromis 
niloticus (Linnaeus, 1758) nos açudes e, posteriormente, em fazendas para o 
cultivo comercial foi de grande importância, pois aumentou, significativamente, 
a produção piscícola e gerou alimento para a população mais carente. Esta 
espécie é a mais utilizada para cultivo, principalmente devido ao seu melhor 
desempenho no ambiente, excelente textura, não apresentar microespinhos e 
possibilitar a filetagem e industrialização da carcaça, como também o uso da 
pele em curtumes (SOUZA et al., 1997). 
A produção de peixe de água doce cultivado no Brasil, segundo dados 
do IBGE DE 2004, foi de 179.737,5 t, sendo 69.078 t. de tilápias e 45.169 t de 
carpa. Em 2005, a produção de tilápia cultivada superou 100.000 t.ano-1 
(KUBITZA, 2006). 
A capital do Ceará, Fortaleza, pode ser conhecida como a capital 
Nacional do "Cará" tilápia, pois a população aprecia e consome muito este 
organismo mais do que qualquer outra população do Brasil, necessitando ser 
abastecido por diversos estados do nordeste para suprir sua demanda. 
O desenvolvimento da piscicultura marinha no Brasil é incipiente, não 
tendo dados sobre esta atividadenas estimativas divulgadas. Existem 
trabalhos experimentais sobre o cultivo de bijupirá (Rachycentron canadum) 
(CARVALHO, 2005), tainha (Mugi) platanus), robalo (Centropomus parallelus e 
Centropomus undecímalis) em Santa Catarina, corvina (Micropogonias furnieri), 
linguado (Paralichthys orbignyanus) (IDEMA, 2004). No Ceará já se fala na 
possibilidade de cultivo de tilápia em águas de salinidade moderadas, por 
exemplo, fazendas de camarão marinho desativadas (KUBITZA, 2006). 
1.2. Carcinicultura 
A carcinicultura é o segmento mais bem sucedido economicamente da 
aqüicultura. Este setor foi responsável, em 2004, por uma receita de US$ 
4.899.457, tendo produzido em 1984 cerca de 33.292 t e em 2004 esta 
5 
produção registrou 1.386.382 t, indicando uma crescente produção ao longo 
dos últimos 20 anos (FAO, 2006) (Tabela 2). 
Tabela 2. Produção mundial proveniente da carcinicultura marinha e da 
capturado Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) (FAO, 2006). 
Ano 
Produção proveniente 
da carcinicultura (t) 
Valor 
(US$ 1.000) 
Produção proveniente 
da captura (t) 
1984 33.292 232.133 6.300 
1990 88.150 415.519 8.303 
2000 145.387 919.830 519 
2004 1.386.382 4.899.457 833 
No Brasil, o cultivo de camarão em água salgada ou estuarinas começou 
na década de 70 com o estado do Rio Grande do Norte sendo o berço desta 
atividade como substituição para a produção de sal que estava em franca 
crise. Nesta mesma época o estado de Santa Catarina desenvolveu trabalhos 
relacionados a reprodução, larvicultura e engorda de camarão cultivado, 
chegando a ser o primeiro a produzir pós-larvas em laboratório na América 
Latina (ABCC, 2006). 
Na década de 80, como opção para viabilizar a carcinicultura no Brasil, 
levou um grupo pioneiro de técnicos e produtores a pesquisar e cultivar a 
espécie exótica Litopenaeus vannamei, sendo acentuados nos anos 90. Essa 
espécie foi a escolhida devido o êxito desse cultivo no Equador e Panamá e a 
fácil capacidade de adaptação aos ecossistemas de diferentes partes do 
hemisfério ocidental (ABCC, 2006), além da sua rusticidade (NUNES, 2005), 
sendo em seguida demonstrada a viabilidade econômica desta produção. 
Este camarão é originário das águas do Pacífico na América Central e América 
do Sul, representando até os dias atuais, a grosso modo, toda a produção 
brasileira. É a única espécie cultivada comercialmente no Brasil. Mas já 
existem experimentos voltados para a produção de outras espécies de 
camarão, como por exemplo, o camarão rosa, Farfantepenaeus brasiliensis 
(WASIELESKY et al., 2006). 
6 
A produção brasileira atingiu cerca de 90.000 t em 2003, sendo o estado 
do Rio Grande do Norte o maior produtor com um valor superior a 30.000 t 
(IDEMA, 2004). 
A produção brasileira de camarão de água doce, ainda que pequena, 
teve um aumento de 20% no ano de 2004 (57,5 t), enquanto a produção de 
camarão marinho sofreu uma redução de 16%, passando de 90.190 t. em 2003 
para 75.904 t em 2004. Essa redução ocorreu principalmente devidos as 
enfermidades (Tabela 3) em especial à síndrome da mionecrose infecciosa 
(IMNV), demonstrando assim a necessidade urgente da aplicação de medidas 
de biossegurança, redução na densidade de estocagem e das boas praticas de 
manejo (MELO, 2005). 
Tabela 3. Enfermidades na carcinicultura (PEREIRA, 2005). 
Agente Causador 	 Mortalidade 
Baculovirus penaei (BP) 	 Sim 
Vírus da infecção hipodérmica e necrose hematopoética 
Não 
(IHHNV) 
Vírus da mancha branca (WSSV) 	 Sim 
Vírus da síndrome de Taura (TSV) 	 Sim 
Vírus da mionecrose infecciosa (IMNV) 	 Sim 
Bactérias intracelulares (Ricketsia) 	 Sim 
Víbrio 	 Sim 
Fungos 	 Sim 
Protozoários 	 Sim 
O Nordeste é a região brasileira em que se encontra as melhores 
condições para esta atividade, devido as temperaturas altas na maioria do ano, 
a relativa estabilidade climática, a ampla extensão de terras às margens do 
litoral, a boa qualidade da água e a disponibilidade de mão de obra barata. A 
maricultura é um caminho para o desenvolvimento humano, provocando um 
declínio na migração rural (MORAIS, 2002). 
A ação "antidumping" foi uma manobra promovida pelos Estados Unidos 
com o objetivo de barrar a entrada camarão marinho brasileiro no mercado 
norte americano, usando como arma a redução do valor interno do camarão e 
7 
o aumento dos impostos dos produtos vindos de outros países. Este fato 
somado à desvalorização da moeda brasileira perante a moeda internacional 
norte americana e as doenças reduziram as exportações de camarão marinho, 
afetando significativamente a comercialização internacional (PIANI, 1998). Os 
impactos da ação "antidumping" resultaram, nos quatros primeiros meses de 
2005, em uma redução de 80% na exportação brasileira para os EUA porém, 
em 2006, foi observado um aumento do volume das importações americanas 
em 11°A, quando comparada ao mesmo período de 2005 (MADRID, 2006). 
1.3. Malacultura 
As estatísticas divulgadas pelo IBAMA, para o ano de 2004, afirmam que 
a produção de moluscos no Brasil foi de aproximadamente 13.063,0 t, toda ela 
oriunda da maricultura. Esta produção foi quase totalmente proveniente da 
região sul do Brasil, sendo o estado de Santa Catarina o de maior produção 
com cerca de 12.313,5 t. O Sudeste é a segundo colocado, tendo produzido 
cerca de 614,0 t, produção esta proveniente dos estados do Espírito Santo 
(424 t), de São Paulo (168,0 t) e Rio de Janeiro (22,0 t). Na região Nordeste, a 
produção é cerca de 0,5 t, valor este proveniente, quase no seu total, do estado 
do Sergipe (IBAMA, 2003). 
Em Santa Catarina, o cultivo de mexilhões (Perna perna, Linnaeus, 
1758) aumentou de 150 tano-1 em 1991 para 12.000 t.anol em 2000, 
tornando-se uma importante atividade com forte impacto socioeconômico em 
comunidades de pescadores artesanais. Em 2005, a produção teve um novo 
crescimento, alcançando volumes de 14.175,7 t, fato este decorrente da 
produção das sementes em laboratório e principalmente do uso de coletores 
criados a partir de materiais reutilizados ou de cordas e traçados de fibras 
vegetais (FERREIRA et al., 2006; PANORAMA DA AQUICULTURA, 2006). 
Outro molusco que vem ganhando muitos adeptos no mercado 
consumidor brasileiro são as vieiras. O cultivo da vieira (pectinídeos) está entre 
as 10 maiores atividades praticados no âmbito da aqüicultura mundial. 
Segundo a FAO, em 2004, gerou cerca de 1,16 milhões de toneladas, sendo a 
China o maior produtor com cerca de 78% da produção mundial. No Brasil, a 
produção comercial é muito pequena e é proveniente de pequenos produtores 
8 
espalhados pelo litoral do Espirito Santo até Santa Catarina (CARVALHO-
FILHO, 2006). 
A ostreicultura também é uma atividade promissora. No caso de Santa 
Catarina, esta produção teve uma queda de 23%, passando de 2.512,7 t em 
2004 para 1.941,6 t em 2005. Acredita-se que esta queda foi resultante de uma 
ressaca provocada por um ciclone extratropical ocorrido em agosto e das altas 
temperaturas nas águas da região (PANORAMA DA AQUICULTURA, 2006). 
O Governo Federal criou um programa para ajudar e incentivar a 
produção de camarão nativo no litoral do Rio Grande do Sul, de mexilhões, 
ostras e vieiras do litoral de Santa Catarina até o Espírito Santo e de algas, 
ostras e sururus do litoral da Bahia até o Amapá. Pernambuco assinou 
convênio para desenvolver este projeto no Estado, produzindo a ostra nativa 
Crassostrea rhrizophorae (ALMEIDA, 2006). Esta espécie vem sendo cultivada 
na região de Fortim - CE, pelo Grupo de Estudos de Moluscos Bivalves do 
Instituto de Ciências do Mar- LABOMAR/UFC (GEMB/LABOMAR/UFC, 2004). 
O cultivo de molusco é vantajoso do ponto de vista sócio-ambiental, pois 
possibilita às comunidades que vivem apenas da pesca extrativa trabalhar 
também com a aqüicultura, podendo ser usada também, como filtro biológico 
de partículas em suspensão na água e na bioremediação dos efluentes dos 
cultivos de crustáceoe peixes (IBEMA, 2004). 
1.4. Algicultura ou Algocultura 
As algas constituem um recurso economicamente valioso no mundo e as 
espécies mais abundantes nas regiões tropicais são aquelas com maior valor 
comercial (MASIH-NETO, 2006).Atualmente, sabe-se que existem cerca de 
221 espécies de algas utilizadas pelo ser humano, destas 66% são usadas 
diretamente na alimentação, 101 espécies são usadas para extração de 
ficocolóides (ágar, carragenana e alginatos), 24 em praticas medicinais 
tradicionais e 25 são utilizadas na agricultura para produção de ração e adubo 
(ZEMKE-WHITE; OHNO, 1999). 
As macroalgas marinhas da classe Rhodophyceae são bastante 
importantes economicamente pela produção de ágar e agarose, constituindo 
uma das principais fontes destes produtos, chegando a produzir metade de 
toda produção mundial (SAMPAIO, 2003). 
9 
A exploração destes recursos através dos bancos naturais vem gerando 
uma diminuição nos estoques. Nas ultimas três décadas, a colheita de algas 
selvagens estabilizou-se em 1 milhão de t, em contrapartida a produção deste 
organismo aumentou 8 vezes e, em 2003, baseado em dados estatísticos da 
FAO, já ultrapassava as 8,5 t de algas frescas. As algas pardas são as mais 
cultivada, seguidas das vermelhas. Em contrapartida, a cultura das algas 
verdes, encontra-se em forte regressão, caindo de 91.169 tem 1993 para 7167 
t em 2003 (SPORE MAGAZINE, 2005). 
O cultivo de algas marinhas no Brasil está em desenvolvimento, sendo 
praticado em pequena escala e ainda não faz parte dos dados estatísticos do 
IBAMA. No entanto, em alguns estados como Ceará, Rio Grande do Norte e 
Paraíba já existem projetos para cultivo de algas marinhas com o apoio da 
FAO. No Ceará a algocultura está promovendo crescimento nas comunidades 
de Flecheiras e Guajiru, distritos do município de Trairí (MASIH-NETO., 2006). 
1.5 Cultivo Integrado 
O cultivo integrado é uma modalidade de sistema de cultivo que está em 
ampla pesquisa no mundo atualmente. Consiste na existência de uma espécie 
alvo, considerado a principal produto cultivado, e uma ou mais espécies que 
irão aproveitar para o seu desenvolvimento os descartes do primeiro cultivo. 
Tem como objetivos produzir mais de um organismo em um mesmo lugar, 
aumentar a receita e os lucros dos produtores, e principalmente tentar mitigar 
os problemas com os ambientalistas com relação a grande liberação de 
efluentes provenientes da aqüicultura intensiva diretamente no meio ambiente 
(MELO, 2005). A carcinicultura geralmente produz elevada concentração de 
nutrientes, particularmente o fósforo e nitrogênio, cerca de 80% do alimento 
ofertado para os camarões retorna ou permanece no ambiente, seja na forma 
de fezes ou material reciclado (NASCIMENTO, 1999). Sabemos que estes 
compostos são prejudiciais ao meio ambiente quando eliminados em excesso e 
servem de alimento para outros organismos, por exemplo, as macroalgas, que 
irão diminuir a sua concentração nos efluentes, minimizando os impactos. O 
mesmo ocorre para amônia, composto tóxico, que serve de alimento para 
ostras e algas (CAVALCANTE-JUNIOR et al., 2005). 
10 
Outro problema que merece muita atenção e poderá ter no cultivo 
integrado um aliado para minimizar seus impactos é a escassez futura de água 
em nosso planeta, caso não nos conscientizamos que este é um recurso 
limitado e deve ser bem usado, principalmente na região Nordeste do Brasil, 
onde os habitantes já sofrem com o fenômeno da seca há muitos anos 
(GURGEL, 2006). Uma fazenda de aqüicultura usando o sistema monocultura 
utiliza uma imensa quantidade de água, enquanto essa mesma fazenda 
usando o sistema de cultivo integrado com recirculação de água usaria a 
mesma quantidade para produzir mais de um produto. O sistema fechado com 
tratamento e recirculação de água são comumente usado no cultivo e 
manutenção de peixes ornamentais e em grandes aquários públicos em todo o 
mundo. No Brasil, o interesse de desenvolver um sistema fechado com 
tratamento de água para cultivo de peixes é muito recente, sendo implantado 
no final dos anos 90. Sua implantação requer um custo muito alto com 
equipamentos e mão de obra qualificada (KUBITZA, 2006). 
Pensando neste custo alto com equipamentos para melhorar a qualidade 
da água de cultivo foi que começou a se pensar na possibilidade de usar os 
próprios recursos pesqueiros como filtradores, limpando a água e servindo de 
incremento na renda dos aqüicultores (KUBITZA, 2006), por exemplo, a alga, 
que é um excelente redutor de nitrogênio e fósforos devido sua atividades 
fotossinteticas e as ostras, essas consumem fitoplâncton, zooplâncton e 
bactérias com grande eficiência, sendo conhecidos na literatura pelo seu alto 
poder filtrante (CAVALCANTE-JUNIOR et al., 2005) Estes cultivos 
(Alginocultura e Osteicultura) não utilizam ração e não produzem fezes e outros 
compostos, reduzindo a emissão de material orgânica em suspensão, e por 
conseqüência diminuindo os problemas com os ambientalistas (SPORE 
MAGAZINE, 2005). 
O cultivo de organismos marinhos praticado em quase todo mundo e, 
em especial no Brasil, usa o sistema intensivo de produção que vem destruindo 
a vegetação costeira, tornando o solo salino e poluindo os cursos d'água 
adjacentes ao cultivo (CAVALCANTE-JUNIOR et al., 2005; KUBITZA, 2006). 
Todavia, nestes 10 anos, os avanços tecnológicos foram muitos e hoje a 
produção de resíduos e a hipernutrição das águas foram substancialmente 
minimizada. Como qualquer outra atividade industrial, a carcinicultura e a 
piscicultura devem se desenvolver no sentido de buscar tecnologia mais limpas 
11 
envolvendo o mínimo uso dos recursos naturais e o máximo de reciclagem dos 
resíduos, usando mecanismos de auto-depuração (desnitrificação, absorção 
biológica pelas algas e sedimentação) que baixam substancialmente os níveis 
de compostos poluentes. Usando de técnicas alternativas como o cultivo 
integrado com bivalves e/ou macrófitas, pode tornar este cultivo mais viável 
(NASCIMENTO, 1999). 
O cultivo integrado, por ser uma atividade bem recente, ainda está em 
procedimento experimental. Quase nada se sabe sobre a produção comercial 
do cultivo integrado nas fazendas aqüicolas. WANG (2003) desenvolveu no 
Havaí trabalho usando camarões, ostras e macroalgas em cultivo integrado 
com recirculação de água. NEORI et al. (2000) realizaram esta mesma 
modalidade com peixes, moluscos e as macroalgas U. lactuca e G. conferta. 
SCHUENHOFF et al. (2003) realizaram pesquisa usando peixe e a U. 
lactuca em sistema integrado com 50% de recirculação de água e YI YANG et 
al. (2005) com peixe e a macroalga G. lemaneiformis. Ambos com o objetivo de 
avaliar o grau de filtração biológica das macroalgas. EVANS ELANGDON 
(1999) usou Palmaria mais e molusco sob circunstancias limitadas de fluxo 
d'agua FAST; MENASVETA (2000) estudaram sistema integrado com 
camarões e macroalgas para diminuir os resíduos nos efluentes 
O presente trabalho propõe um experimento usando o cultivo integrado 
com recirculação total de água com tilápia do Nilo (O. niloticus), ostra do 
mangue (C. rhyzophorae) e as espécies de macroalga U. fasciata, S. vulgare, 
S. filiformis, A. multifida e G. cervicornis, sendo usado também um aquário 
destinado para a sedimentação do material em suspensão, com objetivo de 
avaliar o crescimento dos organismos que compõem este cultivo. 
Em outro momento deste trabalho, iremos montar um experimento 
usando camarão (L. vannamei) juntamente com as ostras do mangue (C. 
rhyzophorae), sedimentação e as macroalgas marinhas A. multifida e G. 
cervicornis com o objetivo de avaliar o desenvolvimento em peso deste cultivo 
integrado. 
12 
2. METODOLOGIA 
2.1. O Sistema de Aquicultura Integrada 
O sistema de aqüicultura integrada utilizado neste trabalho constou de 
duas baterias de 4 aquários cada. Cada bateria foi composta de um aquário 
para o cultivo de tilápias ou camarões,um aquário destinado a sedimentação 
dos restos de ração e dejetos, um aquário para o cultivo de ostras e um aquário 
para o cultivo de algas (Figura 1). 
Figura 1. 	Vista parcial mostrando o sistema de cultivo integrado. Fotografia: 
Clementino (2006). 
2.2. Aclimatação à água salgada e Estocagem 
2.2.1. Tilápia (Oreochromis niloticus) 
Um total de 10 alevinos de tilápia do Nilo, O. niloticus, com peso médio 
de 3,0 g, revertidos sexualmente e obtidos junto à Estação de Piscicultura do 
Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará, 
foram aclimatados à água do mar utilizando um aquário de 50L com volume útil 
13 
de 30L. A cada 24h, a salinidade da água foi aumentada em 5%o por meio da 
adição de água salgada, até alcançar uma salinidade de 35%0, após 7 dias de 
aclimatação. Em seguida, os alevinos foram estocados em dois aquários, com 
aeração constante e densidade de 0,3 indivíduorl. Durante este período e no 
decorrer do experimento, os peixes foram alimentados, ad libitum, com ração 
comercial contendo 35% de PB e a freqüência alimentar era de 3 a 4 vezes ao 
dia. 
2.2.2. Camarão (Litopenaeus vannamei) 
Um total de 30 camarões da espécie L. vannamei, com peso médio de 
2,750g, provenientes de uma fazenda de carcinicultura em águas oligohalinas 
(3%0) localizada no distrito de Mundaú, no município de Trairí, distante 150Km 
de Fortaleza, foram estocados em um aquário com 30L de água doce e 
submetidos à aclimatação para água salgada. Para isso, em 1L de água do 
próprio aquário foi adicionado sal de salina até que esta solução atingisse 45%0 
e, em seguida, a solução foi adicionada lentamente de volta ao aquário dos 
camarões. Este procedimento foi repetido a cada 15 minutos, resultando em 
um aumento gradativo da salinidade em 3%o até a salinidade da água de cultivo 
dos camarões atingir 32%0. Após a aclimatação, os camarões foram 
distribuídos em dois aquários com aeração constante e salinidade de 35%0 na 
densidade de 0,37 camarãorl. Durante o experimento os camarões foram 
alimentados, ad libitum, com ração comercial contendo 35% de PB e a 
freqüência alimentar diária era de 3 a 4 vezes. 
2.3. Sedimentação 
Nesta etapa foram utilizados dois aquários contendo 30L de água 
salgada com salinidade de 35%o. Contudo, estes aquários não receberam 
nenhuma aeração para que houvesse a precipitação das partículas mais 
pesadas no fundo dos mesmos. 
2.4. Ostra do Mangue (Crassostrea rhyzophorae) 
As ostras utilizadas no presente trabalho foram oriundas da praia de 
Sabiaguaba, município de Aquiraz, distante cerca de 25km de Fortaleza. Um 
14 
total de 120 ostras do mangue, C. rhyzophorae foram coletadas e levadas, 
imediatamente, ao laboratório de aqüicultura do DEP/CCA/UFC. No laboratório, 
estas foram bem lavadas e escovadas antes de serem estocadas nos aquários, 
para retirar as microalgas sésseis da superfície, as quais poderiam mascarar 
os resultados do experimento. Após escovadas as ostras foram estocadas em 
dois aquários com volume útil de 30L cada, aeração constante, salinidade de 
35%o, na densidade de 2 ostrasrl, sendo dispostas sobre uma tela plástica de 
1,5 mm de malha com o objetivo de evitar o contato direto dos bivalves com o 
fundo dos aquários, o que poderia ocasionar danos ao sistema de filtração dos 
mesmos. 
2.5. Algas Marinhas 
Foram testadas diferentes espécies de algas marinhas a fim de verificar 
a que melhor se adaptasse às condições laboratoriais, deste modo alga 
marinha Chlorophyta Ulva fasciata, a Phaeophyta Sargassum vulgare e as 
Rhodophytas Soliería filiformis, Amansia multifida e Gracilana cervicornis, 
foram coletadas manualmente, em maré baixa, na praia do Pacheco, município 
de Caucaia, situada a 21 km de Fortaleza, exceto as espécies A. multifida e G. 
cervicornis, as quais foram coletadas na praia de Guajiru, município de Trairí, 
situada a 123 km de Fortaleza. Após a coleta, as algas foram devidamente 
acondicionadas em caixas istotérmicas e imediatamente transportadas ao 
laboratório, onde primeiramente foram lavadas e cuidadosamente separadas 
das epífitas e outros organismos. Essas algas foram utilizadas no experimento 
separadamente, com exceção de A. multifida e G. cervicornis, as quais foram 
estocadas juntas. As algas foram distribuídas em dois aquários com aeração 
constante, contendo 30 L de água salgada com salinidade 35%o. A espécie U. 
fasciata foi estocada na densidade de 3,3 gr'; S. vulgare com 13,3 grl; S. 
filiformis com 20,0 grl e as espécies A. multifida e G. cervicornis com 7,7 g /L, 
sendo 78,9% da primeira e 21,1% da última. Estes aquários receberam 
iluminação adicional fornecida por uma lâmpada florescente de 20 W a uma 
distância de 10 cm da lâmina d'água. 
15 
2.6. Procedimento Experimental 
No experimento foram utilizados peixes e camarões, no entanto, no 
início foram utilizadas as tilápias e, em um segundo momento, os camarões. O 
manejo experimental constou de uma transferência manual e seqüencial da 
água entre os aquários de cada bateria. Para isso, diariamente, a água do 
aquário que continha as macroalgas foi drenada e armazenada em um tambor, 
a água das ostras foi transferida para o aquário das macroalgas e a água do 
aquário de sedimentação foi drenada para o cultivo das ostras. Em seguida, a 
água das tilápias foi transferida para o aquário da sedimentação e, finalmente, 
a água que estava armazenada no tambor, proveniente das macroalgas, foi 
colocada no aquário das tilápias. O experimento com tilápias teve uma duração 
de aproximadamente dois meses e, devido à grande agressividade das tilápias 
aclimatadas à água salgada, não foi possível manter mais de um indivíduo por 
aquário. Desta forma, as tilápias foram substituídas pelos camarões, os quais 
foram cultivados por mais um período de dois meses. Durante a realização do 
experimento, a temperatura do laboratório foi de 28 ± 2°C e o fotoperíodo de, 
aproximadamente, 12 h de claro e 12 h de escuro. Semanalmente, os 
organismos foram pesados e os dados obtidos utilizados para traçar curvas de 
crescimento em peso. Além disso, o crescimento dos camarões no laboratório 
foi comparado com o crescimento de camarões cultivados no viveiro. 
2.7. Análises Estatísticas 
Os pesos médios dos camarões cultivados no sistema integrado foram 
comparados com os pesos médios dos camarões cultivados no viveiro de 
origem, utilizando o teste t independente para médias (programa Origin e t de 
Student não pareado) com nível de significância de 5%. 
30 
25 - 
15 - 
10 - 
a 	• 
16 
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
3.1. Primeira Etapa do Experimento: Cultivo Integrado utilizando a tilápia 
do Nilo, Oreochomis niloticus, sedimentação, ostras, Crassostrea 
rhyzophora, e macroalgas 
Na primeira fase do experimento, analisamos o crescimento em peso 
das tilápias, ostras e das algas marinhas U. fasciata, S. vulgare, S. filiformes, 
A. multifida e G. cervicornis. 
3.1.1. Tilápia do Nilo, Oreochomis niloticus 
A tilápia do Nilo, O. niloticus apresentou um incremento de 149,73% em 
seu peso médio inicial, com um crescimento médio diário de 2,17%, atingindo 
25,702 g de peso final após mais de dois meses de cultivo (Figura 2). 
, 
o 	2 	 10 	12 
Semanas 
Figura 2. 	Crescimento médio em peso da tilápia do Nilo, O. niloticus, no 
sistema de aqüicultura integrada. 
Quando comparado com o crescimento no cultivo integrado 
desenvolvido por NEORI et al.( 2000) usando peixe, Sparus aurata, algas e o 
17 
molusco da Califórnia, Abalone, foi possível notar que o crescimento em peso 
de nosso cultivo foi maior do que o registrado no citado trabalho no qual o 
crescimento diário do peixe foi de 0,67%. No entanto, o crescimento foi bem 
inferior, quando comparado o crescimento ao observado em cultivos comerciais 
de tilápias, em água doce, as quais, atingem, em um ciclo de 6 meses, o peso 
médio de 520 a 700 g, equivalendo a um peso médio de 173 a 233g no finalde 
2 meses de cultivo (CASEIRO; WAKATSUKI, 2004). 
Comparando o crescimento das tilápias do cultivo integrado com o 
mesmo peixe em sistema de monocultivo usando tanque rede, foi possível 
concluir, mais uma vez, que o crescimento foi também muito inferior. De acordo 
com MARENGORI (2006), a tilápia do Nilo apresenta crescimento de 3,01 a 
3,43 g.dia-1 em tanque rede, enquanto em nosso experimento foi obtido apenas 
0,22 g.dia-1. Fato este comprovado ainda por BARBOSA et al. (2004), que 
observaram um ganho de peso diário de 3,83 g usando tanque rede e por 
BOSCOLO et al. (2001) que reportaram um ganho de 2,98 g.dial na fase inicial 
de crescimento. 
Tabelas elaboradas por fábricas de ração indicam que com 
aproximadamente 69 dias de monocultivo, a tilápia alcança peso médio entre 
115,71 a 158,90 g, enquanto no cultivo integrado ela alcançou apenas 25,702 
g, evidenciando que o crescimento foi muito baixo quanto comparado ao obtido 
no monocultivo comercial. 
Apesar do pequeno crescimento em peso observado para as tilápias, 
neste trabalho, vale salientar ainda que, após à aclimatação, os peixes se 
tornaram bem mais agressivos, resultando, no final do experimento, apenas um 
peixe por aquário. 
3.1.2. Comportamento das Ostras do Mangue, Crassostrea rhyzophorae 
As ostras, C. rhyzophorae, praticamente não alteraram seus pesos 
durante esta etapa do experimento, apresentando pequenas oscilações 
durante o período. Desta forma, no final desta fase, as ostras do mangue 
praticamente registraram o mesmo peso médio inicial, sendo no entanto 
bastante eficientes na remoção de amônia do sistema (Figura 3). 
18 
25 
2 	4 	6 	10 	12 	14 
Semanas 
15 	. 
0 
Figura 3. 	Pesos médios das ostras obtidos no cultivo integrado. 
NEORI et al. (2000) implantaram um sistema integrado utilizando o 
molusco bivalve abalone, Haliotis discus hannai, o peixe, Sparus aurata e as 
macroalgas Ulva lactuca e Gracilaria conferta, obtendo uma taxa de 
crescimento de 0,90% ao dia para o abalone e produtividade de 9,4 kg.m-2.ano-
1. Por outro lado, estes autores cultivaram os organismos fora do laboratório, 
onde existe uma grande proliferação de microalgas, principal alimento das 
ostras. Já, no laboratório, não foi possível o desenvolvimento de microalgas no 
aquário das ostras, sendo os restos de ração o único alimento disponível. 
3.1.3. Comportamento das Macroalgas 
A macroalga Ulva fasciata teve um pequeno crescimento na primeira 
semana de cultivo integrado, porém na segunda não resistiu, tendo uma 
excessiva mortalidade, que ocasionou uma redução de 13,10% em sua 
biomassa inicial, gerando perda da coloração esverdeada (característica da 
classe Chlorophyceae), ressecamento e posterior fragmentação das fitas 
(Figura 4). 
Possivelmente, a causa dessa mortalidade foi a baixa luminosidade 
utilizada no experimento, insuficiente para o desenvolvimento desta macroalga, 
já que esta espécie é encontrada nas zonas de supra litoral inferior, sendo 
intensamente exposta a luminosidade solar durante as marés baixas 
(SAMPAIO, 2003). 
500 - 
—6— U fasciata 
—e— S. vulgare 
—A— S. filiformis 
—v— A. multifida 
—o— G. cervicomis 
200 - 
1C0 - 6 	 • 
o o 	 o 	 o 
1 	 1 	 1 
1 	2 	3 
Semanas 
o 1 
5 4 
19 
NEORI et al. (2000) demonstraram que a macroalga verde U. lactuca 
produziu, em um sistema de aqüicultura integrada, 78 kg.m-2.ano-1 e se 
mostrou um eficiente filtro biológico, reduzindo em 80% os níveis de amônia no 
sistema. No presente trabalho, a espécie U. fasciata não apresentou 
crescimento, porém conseguiu reduzir em até 100% o teor de amônia na água, 
na primeira semana de cultivo. 
600 - 
Figura 4. Pesos médios das macroalgas Ulva fasciata, S. vulgare, S. 
filiformes, A. multifida e G. cervicomis no sistema integrado. 
Com relação à espécie Sargassum vulgare, essa foi utilizada apenas 
por uma semana no cultivo integrado, principalmente pela perda demasiada de 
pigmentação, conferindo a água do cultivo uma cor amarronzada, pigmento 
característico das algas pardas (Phaeophyta). Além disso, a alga apresentou 
um decréscimo de 31% em seu peso inicial e não reduziu a concentração de 
amônia da água proveniente das ostras, chegando a aumentar essa 
concentração, além de ter aumentado também o grau de turbidez da água do 
cultivo (Figura 4). 
A espécie S. filiformes, terceira macroalga utilizada no sistema 
integrado, também não se desenvolveu, apresentando uma redução de 85,53% 
em seu peso médio inicial. Porém esta espécie foi mantida por mais tempo, 
20 
devido ter sido eficiente em baixar a concentração de amônia na água (Figura 
4). 
As últimas algas a serem usadas no sistema foram as espécies A. 
multifida e G. cervicomis. Diferentemente das outras macroalgas, elas foram 
usadas simultaneamente no cultivo, compondo um biofiltro duplo. Juntas, 
conseguiram baixar os níveis de amônia e o grau de turbidez da água. A 
espécie A. multifida apresentou um leve aumento na primeira semana de 
cultivo (6,54%), mas nas outras três semanas, foi observada uma perda de 
peso respectivamente de 11% e 16%, resultando, no final do experimento, 
numa redução de 20,36% em sua biomassa inicial (Figura 4). 
Com relação à espécie G. cervicornis, essa apresentou uma pequena 
perda de peso de 5,3% na primeira semana e estabilizou nas demais semanas, 
chegando no final desta fase do cultivo com aproximadamente de 38,413 g, 
valor este muito semelhante ao peso inicial que era de 38,483 g. 
TROELL et al. (1997) realizaram, no Chile, um cultivo integrado com a 
macroalga vermelha G. chilensis e salmões (Salmo salar) em gaiolas. De 
acordo com os autores, a macroalga reduziu a quantidade de fósforo e 
nitrogênio inorgânicos e produziu neste tipo de cultivo, 34 toneladas de peso 
seco.ano 1 , gerando uma renda de U$ 34.000, provando que o este cultivo 
integrado é economicamente e ambientalmente viável. 
Outro exemplo de sucesso no cultivo integrado usando o gênero 
Gracilaría, foi o desenvolvido por ZHOU et aI. (2006), na costa do Norte da 
China, utilizando peixes da espécie Sebastodes fuscescens e a macroalga 
marinha vermelha G. lemaneiformis. Os resultados deste trabalho indicaram 
que a macroalga se desenvolveu melhor quando foi integrada ao cultivo de 
peixes, crescendo a uma taxa de 11,03% ao dia. 
Experimentos realizados por QIAN et aI. (1996) sobre o cultivo integrado 
da macroalga vermelha Kappaphycus alvarenzii e da ostra Pinctada martensi, 
em laboratório e em campo, mostraram que ambos os organismos cresceram 
mais rapidamente no sistema integrado do que quando cultivados 
isoladamente. 
Já NEORI et al. (2000) que implantaram um sistema integrado utilizando 
o molusco bivalve abalone, Haliotis discus hannai, o peixe, Sparus aurata e as 
macroalgas U. lactuca e G. conferta, não obteve com última um desempenho 
satisfatório. 
21 
É importante, mais uma vez, salientar que os trabalhos, nos quais foram 
observados um bom desenvolvimento de macroalgas em sistemas integrados, 
foram desenvolvidos no campo e não em condições de laboratório, onde as 
características de iluminação são bem diferentes. 
3.2. Segunda Etapa do Experimento: Cultivo Integrado utilizando o 
camarão do Pacífico, Litopenaeus. vannamei, sedimentação, ostras, 
Crassostrea. rhyzophora, e as macroalgas marinhas Amansia. multifida e 
Gracilaria, cervicornis. 
Na segunda fase do experimento, foram analisados o crescimento em 
peso do camarão do Pacífico, L. vannamei, das ostras e das algas marinhas A. 
multifida e G. cervicornis. As algas marinhas ficaram juntas no mesmo aquário, 
sendo apenas separadas na hora da pesagem e posteriormente novamente 
reunidas e acomodadas no mesmo aquário. 
3.2.1. Crescimento dos camarões do Pacífico, L. vannamei 
Com relação ao desenvolvimento do camarão marinho, L. vannamei, no 
sistema integrado, foi observado um incremento em seu peso inicial de 
242,11% ao longo dos aproximados 78 dias de cultivo,resultando em um 
crescimento médio diário de 3,10% .dia-1 e aproximadamente 0,628g.sennana-1, 
não diferindo significativamente do crescimento observado no viveiro de 
carcinicultura (Figura 5). 
Na fazenda no município de Mundaú, de águas oligohalinas, foi 
registrado um crescimento de 272,73% no peso médio inicial ao longo dos 
mesmos dias de monocultivo comercial, resultando num crescimento de 3,90 
%.dia-1 e de 0,775 g. semana -1 (Figura 5). 
10 - 
22 
o 
o- 
6 - 
a a 	 viveiro 
—•—Sistema integrado 
20 	40 	60 	80 
Das de cultive 
Figura 5. Pesos médios dos camarões, Litopenaeus. vannamei, cultivados 
no sistema integrado e em um viveiro de carcinicultura. 
Letras iguais ao longo das curvas indicam ausência de diferença 
significativa ao nível de 95% 
Técnicos especialistas em camarão, afirmam que o crescimento 
semanal considerado normal para a carcinicultura marinha é de 0,6 a 0,8 g, 
com renovação periódica da água do cultivo por outra totalmente limpa. Desta 
forma, o crescimento obtido no sistema integrado foi excepcional, pois, neste 
experimento, foi utilizada a mesma água por um período de 70 dias sem 
nenhuma renovação adicional, sendo apenas recirculada entre os aquários do 
sistema a cada 24 horas. Este fato apenas foi possível devido à grande 
redução dos níveis de amônia e turbidez no sistema integrado, realizada, 
principalmente, pelas ostras do mangue, C. rhyzophorae, e complementada por 
algumas macroalgas gerando uma água de boa qualidade para o cultivo de 
camarão, que é muito mais sensível à variações do que as tilápias. 
Além disso, nos viveiros, os camarões ainda possuem uma boa oferta de 
alimento natural o que não ocorreu no laboratório, onde os animais foram 
alimentados somente com ração comercial. Soma-se ainda a este fato, o 
estresse sofrido pelos camarões no laboratório, durante à aclimatação à água 
salgada com os animais passando de uma salinidade de 3 para 35 %o. 
23 
3.2.2. Comportamento das Ostras do Mangue, C. rhyzophorae 
Com relação ao comportamento das ostras nesta segunda fase do 
experimento, foi observado que a biomassa continuou a diminuir, no entanto, 
vale salientar que estes organismos já se encontravam no sistema há mais de 
dois meses. Apesar da redução de 54,36%, as ostras foram ainda capazes de 
manter os níveis de amônia baixos no sistema. Como os camarões estavam 
apresentando um ótimo desenvolvimento no sistema integrado, as ostras foram 
substituídas, a partir do dia 24 de outubro, com o objetivo de garantir a 
manutenção dos níveis de amônia. Após a substituição, continuaram ainda a 
apresentar redução no peso inicial (Figura 6). Durante o período, foi utilizada a 
microalga Spirulina platensis como suplementação alimentar para as ostras, 
sendo observada uma redução na quantidade de indivíduos mortos. 
40 
35 - 
!—• • • 
ostras novas 
30 - 
25 --) 
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20 
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"---N 
10 - 
1 	1 	1 	1 	1 	i 
2 	4 	6 	8 	10 	12 
	
14 
Semanas 
Figura 6. Peso das ostras durante o período de cultivo integrado com 
camarões. 
3.2.3. Comportamento das Macroalgas 
Nesta fase do experimento foram usadas a macroalgas A. multifida e G. 
cervicornis, simultaneamente. A espécie A. multifida apresentou períodos de 
crescimento, aumentando 14,20% na primeira semana, 8,72% na terceira e 
5,25% na sexta semana, exibindo nas demais semanas, decréscimo em seu 
140 
120 - 
100- 
/N/ 
— A— A. multifida 
— e— G. cervicomis 
40 - e-____ e -....,,,, 
• ---. ...„....
,,e---e—e--__E _____e_____.,............ 
24 
peso médio. A partir da sétima semana até o final do experimento, esta alga 
somente registrou perdas de peso, passando de 116,8g de peso médio inicial 
para 71g de peso médio final, o que corresponde a uma redução de 39,23% 
(Figura 7). 
Com relação à G. cervicornis, a mesma também apresentou oscilações 
no peso, aumentando sua biomassa em 27,3% na quarta semana. Aumentou 
na sexta semana 1,25% e, na oitava 1,63%, sofrendo redução de peso médio 
nas demais semanas de cultivo, resultando, ao final do experimento, uma 
redução de 19,96% em seu peso médio inicial (Figura 6). Apesar do 
decréscimo, estas espécies foram as que melhor se adaptaram às fracas 
condições de iluminação do laboratório. 
20 - 
O 
O 	2 	4 	6 	8 	10 	12 
Semanas 
Figura 7. Pesos médios das macroalgas Amansia multifida e Gracilaria 
cervicornis no sistema integrado com camarões durante o período 
experimental 
No entanto, mesmo com a redução de peso das macroalgas nesta etapa 
do experimento, as espécies ainda foram capazes de reduzir as concentrações 
de amônia no sistema. 
Comparando as essas macroalgas utilizadas nas duas etapas do 
experimento (tilápias e camarões), notamos que A. multifida teve uma maior 
redução de peso na etapa dos camarões (39,23%), enquanto a redução na 
etapa das tilápias foi menor (20,36%). O mesmo aconteceu com a espécie G. 
14 
25 
cervicornis, que teve melhor resultado na etapa dos peixes, reduzindo apenas 
0,18% de seu peso contra 19,96% de redução quando foram utilizados os 
camarões. 
Comportamento semelhante foi notado com a ostra do mangue, C. 
rhyzophorae, que teve menor redução em peso médio na etapa com peixes, 
cerca de 1,13%, do que quando estava no cultivo integrado usando o camarão, 
cerca de 54,36% antes da substituição e 3,47% após a substituição. 
O comportamentos das macroalga e ostras pode ser explicado pelo 
desgaste causado pelas limitações do próprio ambiente de cultivo, 
principalmente luz (qualidade e intensidade) no caso das primeiras e ausência 
de alimentação adequada (microalgas) no caso das últimas. 
26 
4. CONCLUSÃO 
Concluímos com este trabalho que, em ambos os cultivos integrados, a 
maioria das macroalgas utilizadas apresentaram redução na sua biomassa 
inicial ao final do cultivo, enquanto a espécie G. cervicornis apresentou 
praticamente o mesmo peso médio inicial. Este comportamento foi devido às 
condições artificiais do cultivo, não sendo apropriadas para um bom 
desenvolvimento destes organismos. 
A ostra do mangue, C. rhyzophorae, praticamente terminou a primeira 
fase do experimento com o mesmo peso médio que começou, perdendo peso 
acentuadamente apenas na segunda fase, porém teve uma participação 
importantíssima na manutenção da qualidade da água do cultivo. 
A tilápia do Nilo, O. niloticus, obteve desenvolvimento em peso no cultivo 
integrado, porém quando comparado ao crescimento normal observados em 
monocultivos, foi considerado ruim, portanto inviável o cultivo em laboratório. 
Com relação ao desenvolvimento dos camarões, foi obtido um excelente 
resultado, sendo obtido, ao final do experimento, um peso médio igual ao dos 
camarões cultivados em um viveiro de carcinicultura. Resultado que nos leva a 
concluir que é viável o cultivo integrado com este organismo. Desta forma, é 
necessário agora a adaptação desta tecnologia para o campo e, assim, tentar 
otimizar as condições para um melhor desenvolvimento também das ostras e 
algas em sistemas de aqüicultura integrada. 
27 
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Mar 2006. 
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