Buscar

Tema 9 Traumas em situações especiais

Prévia do material em texto

Tema 9 – Traumas em situações especiais 
Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV 
Traumas geriátricos 
Características peculiares: 
• Alterações na anatomia e na fisiologia relacionadas com a 
idade 
• Doenças e comorbidades preexistentes 
• Medicações 
O problema do trauma no idoso: 
• Aumento da proporção de pessoas com 65 anos ou mais - por 
volta de 2050, os idosos serão 20% da população mundial, ou 
2,5 bilhões de pessoas 
• Mortalidade e morbidade aumentadas 
Com o tratamento apropriado, muitos podem retornar à sua situação 
pré-trauma 
Declínio da função com a idade: 
• Diminuição da massa encefálica, 
• Doenças oculares, 
• Diminuição da profundidade da percepção, 
• Diminuição da discriminação de cores, 
• Diminuição da resposta pupilar, 
• Diminuição da capacidade vital respiratória, 
• Diminuição da função renal, 
• Perda de 5 a 7,5 cm na altura 
• Comprometimento do fluxo de sangue para os MMII 
• Degeneração das articulações 
• Diminuição da água corporal total, 
• Degeneração dos nervos (neuropatia periférica) 
• AVC, 
• Diminuição da audição, do olfato e gosto, 
• Diminuição da produção de saliva, 
• Diminuição da atividade esofágica, 
• Diminuição do volume sistólico e da FC, 
• Cardiopatia e hipertensão arterial, 
• Nefropatia, 
• Diminuição do número de células do organismo, 
• Diminuição da elasticidade da pele e espessura da epiderme, 
• Diminuição 15-30% da gordura do corpo 
Principais causas de trauma: 
• Quedas (fratura de fêmur e quadril) 
• Atropelamento 
• Colisão de carro 
• Queimaduras 
ALTERAÇÕES PECULIARES 
Problemas peculiares da via aérea: 
• ABCD – prioridades são as mesmas, mas a diminuição da 
reserva de oxigênio, exige intubação precoce 
• Fatores que afetam o manejo da via aérea: 
o Dentição (dentaduras) 
o Fragilidade da mucosa nasofaríngea 
o Artrite cervical 
Problemas peculiares da respiração: 
• Diminuição da reserva respiratória 
• Uso de oxigênio suplementar 
• DPOC 
• Lesões torácica mal toleradas 
• Lesões torácica “leves” com efeitos significativos 
Problemas peculiares da circulação: 
• Diminuição da função e da reserva cardiovascular 
• Administração cautelosa de volume → Aumento da PA, 
diminuição da FC e perda da função renal com a idade 
• Anticoagulantes e outras medicações 
• Efeitos farmacológicos – efeitos das catecolaminas e arritmias 
Problemas neurológicos peculiares: 
• Hematomas subdurais agudos e crônicos 
• Alteração do sensório secundária a atrofia cerebral, 
hipoperfusão ou medicações 
• Osteoartrite de coluna, que leva a lesões frequentes de coluna 
e de medula 
Problemas peculiares da exposição: 
• Alteração da termorregulação 
• Aumento da sensibilidade à hipotermia 
• Aumento do risco de infecção 
• Falta de imunização antitetânica 
Problemas musculoesqueléticos peculiares: 
• Causa mais frequente de morbidade 
• Susceptibilidade a determinadas fraturas 
• Osteoporose 
• Deformidades preexistentes complicam a avaliação 
• A imobilidade pode levar a complicações (úlcera de pressão, 
atelectasia e pneumonia) 
Trauma na gestante 
Avaliação: (No primeiro momento, a mãe é a prioridade) 
• Perguntar se está grávida 
• Útero aumentado? 
• Teste de gravidez, em caso de dúvida 
ALTERAÇÕES ANATÔMICAS E FISIOLÓGICAS E 
RISCOS ESPECÍFICOS 
12ª semana: útero torna-se intra-abdominal 
20ª semana: útero atinge a cicatriz umbilical 
34-36 semanas: útero atinge o rebordo costal 
38-40 semanas: a cabeça encaixa-se na bacia 
Primeiro trimestre: 
• Útero intrapélvico e de parede espessa 
• Feto protegido de trauma direto 
• Riscos: Abortamento e Isoimunização (mãe Rh - e feto Rh +, a 
isoimunização deve ser feita na primeira gestação) 
Segundo trimestre: 
• Útero extrapélvico 
• Grande volume de líquido amniótico 
• Riscos: Descolamento de placenta, Embolia de líquido 
amniótico, Isoimunização 
Terceiro trimestre: 
• Útero de parede fina 
• Deslocamento das vísceras abdominais maternas 
• Compressão da cava inferior (hipotensão) 
• Riscos: Fratura de bacia com hemorragia materna e lesão 
direta do feto, Descolamento de placenta, Embolia de líquido 
amniótico, Isoimunização 
Alterações fisiológicas 
Aumenta: 
• Ventilação por minuto 
• Frequência e débito cardíaco 
• Volume sanguíneo 
• Ritmo de filtração glomerular 
• Tempo de esvaziamento gástrico 
Diminui: 
• pCO2 
• Hematócrito 
Na gestação, a grávida apresenta anemia fisiológica, logo para 
apresentar sinais de choque, precisa ter uma perda muito maior de 
sangue, porém ela começa a ter hipoxia mais rapidamente → 
tratamento precoce e agressivo 
PARTICULARIDADES 
A – Risco de aspiração (estômago cheio) 
B – Dificuldade de ventilar (pelo próprio útero e diafragma mais 
elevado) 
C – Demorar a reconhecer a perda de sangue – compressão da VCI 
D – Eclampsia 
Quando a mãe perde sangue, ocorre sofrimento fetal, antes mesmo 
de haver alteração nos sinais vitais maternos 
AVALIAÇÃO E TRATAMENTO 
1. Avaliação primária / reanimação da mãe (SEMPRE É 
PRIORIDADE) 
2. Avaliação do feto (BCF) 
3. Avaliação secundária da mãe (hemograma, gasometria, 
tipagem sanguínea, coagulograma, TC de crânio, TC de 
abdome, exames de tórax, pelve e coluna (podem ser RX) – 
chumbo na barriga) 
4. Tratamento definitivo da mãe e do feto 
5. Mães Rh-negativas devem receber imunoglobulina (a menos 
que a lesão seja longe do útero) 
6. Consultar precocemente o obstetra 
Mãe 
A – Como na não grávida 
B – Como na não grávida (cuidado com drenagem de tórax – 
diafragma sobe) - simetria 
C – Deslocar o útero e repor volume (cuidado com choque do feto) 
D – Eclampsia x lesão cerebral 
E – Como na não grávida 
Feto 
Reanimar a mãe 
Monitorar os batimentos cardíacos fetais 
Considerar que há lesão fetal na presença de: 
• Sangramento vaginal 
• Dor à palpação do útero 
• Ruptura uterina 
• Trabalho de parto 
Trauma pediátrico 
Na infância, a mortalidade por trauma é maior do que a mortalidade 
por todas as demais causas juntas. 
Anatomia, fisiológica e mecanismos de trauma causam padrões de 
lesões diferentes dos adultos. Os mecanismos de trauma estão 
relacionados tanto com a idade quanto com o estágio de 
desenvolvimento 
Causas mais frequentes: 
• Trauma associado a veículos a motor 
• Afogamento 
• Quedas 
• Violência 
OBS.: é frequente que a criança tenha trauma multissistêmico 
ASPECTOS ANATÔMICOS E IMPLICAÇÕES 
Língua maior, mandíbula menor, Via aérea mais curta, mais estreita 
e em forma de funil, com anteriorização da laringe → dificuldade 
de visualizar para intubar 
Occipício proeminente na criança menor (posição do cheirados) - 
Coxim debaixo do tronco para manter a posição neutra 
Cabeça maior, crânio mais mole, fontanela abertas (vantagem em 
TCE, mas mais propenso a lesões diretas) 
Epífises de crescimento abertas, esqueleto cartilaginoso flexível 
(fraturas em galho verde) → mecanismo de trauma na criança 
precisa ser maior para ter fratura 
Coluna cervical 
• Ligamentos espinhais flexíveis 
• Encunhamento anterior das vertebras 
• Facetas articulares planas 
• Pseudo-subluxação fisiológica até 7 
anos (C2-C3 ou C3-C4) 
• LMSAR (lesão medular sem alteração radiológica) 
Tórax: 
• Parede torácica mole, flexível – 
contusão pulmonar 
• Fraturas de costelas indicam força 
significativa 
• Pneumotórax hipertensivo mais 
provavelmente devido à mobilidade do mediastino 
Abdome: 
• Parede muscular mais mole e mais fina 
• Fígado e baço mais baixos 
• Na criança menor, a bexiga é um órgão intra-abdominal 
TRATAMENTO 
Diferenças fisiológicas no tratamento: 
• Sinais vitais variáveis com a idade 
• Menor volume de sangue (70 – 80ml/kg) 
• Menor capacidade funcional residual 
• Resposta compensatória vigorosa 
• Piora abrupta 
• Tônus vagal aumentado 
 
Reposição volêmica – reanimação 
• Solução isotônica 20ml/kg (até 50kg; acima de 50kg faz 1L 
para todos)• Se ainda for necessária reposição volêmica após o primeiro 
bolus de cristaloide, deve ser reavaliada a condição 
hemodinâmica, podendo ser realizado mais um bolus ou 
iniciar a transfusão sanguínea 
• A hipotensão permissiva é uma opção na criança sem lesão 
cerebral traumática 
Impacto fisiológico 
Alterações Hemodinâmicas: 
• Trauma com perda de 1/3 (30%) da volemia – NÃO apresenta 
nenhum sinal (pode aumentar um pouco a FC); 
• Trauma com perda de 45% da volemia – choque 
(vasoconstrição periférica); 
• Trauma grave = GARANTIR ACESSO VENOSO, 
independente do estado da criança (pois se a criança chocar, 
ninguém mais consegue pegar a veia da criança); 
 
Termorregulação: 
• Maior superfície corpórea em relação ao peso 
• Pele mais fina 
• Menor isolamento pelo tecido subcutâneo 
• Prevenir hipotermia 
Princípios de ATLS ao tratamento da criança 
Prioridades são as mesmas → ABCDE 
Medidas auxiliares: 
• TC 
• FAST 
• Tubos 
• Laboratoriais 
• Solicitar RX do membro fraturado e do membro contralateral 
para comparar

Continue navegando