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Trauma na gestação

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Trauma na gestação 
Mortalidade Materna 
 Causas e epidemiologia: 
o 6-7% das gestações tem algum tipo de trauma 
 Na gestação qualquer trauma é considerado um trauma grande. 
o Maioria dos traumas são de cinética baixa. 
 Isso acontece porque a biomecânica da mulher se modifica na gestação – o 
centro de gravidade, mudanças abdominais e de postura, sistema 
osteoarticular → favorece quedas da própria altura 
o 1% de internação 
 Conceitos 
o Morte materna → morte no período da gestação e até 40 dias após o parto. 
 Obstétrica → relacionadas a gestação, como pré-eclâmpsia, hemorragia pós-
parto 
 Hemorragia pós-parto é a principal causa de morte materna no Brasil. A 
segunda causa são distúrbios hipertensivos na gestação. 
o Não obstétrica 
 Trauma é uma das principais causas. 
 Processos infecciosos, TEV. 
Atendimento ao trauma 
As prioridades no atendimento e tratamento da gestante traumatizada são as mesmas da paciente 
não grávida. 
No atendimento secundário, temos que atentar a saúde materno-fetal 
Alterações fisiológicas que interferem no trauma na gestante 
 Aumento do Útero → frágil quando submetido a traumas de grande energia, mas protege a 
gestante. 
 Vísceras 
o Posterior ao útero: ureteres, grandes vasos (aorta e veia cava), intestino e outras 
vísceras que fica rechaçado pelo aumento uterino. 
Isabela Terra Raupp 
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o Importante em trauma perfurante ou cortante que pode comprometer as vísceras 
também. 
 Hematologia 
o Anemia fisiológica → aumento do volume plasmático da gestante com hemodiluição. 
 Lembrar que existe uma hematopiese aumentada (aumento de hemácias), 
mas não é suficiente para acompanhar o aumento de plasma. 
o Choque hipovolêmico → aumento do volume plasmático 
 Geralmente os sinais desse choque são postergados → a gestante precisa de 
uma perda expressiva de volume, maior que de pessoas não gestantes, para 
demostrar sinais de choque. 
o Leucócitos → leucocitose fisiológica na gestação. 
 Na gestação pode chegar até 12.000 e é considerado normal. 
 Coaguabilidade 
o Hipercoaguabilidade → ↑doenças tromboembólicas, ↓risco de sangramento útero-
placentário. 
o Gestantes com traumas grandes, principalmente ósseos, há a necessidade de usar 
enoxeparina para prevenir, bem como em casos de imobilizações mais internas. 
 Osmolaridade 
o Diminuição da alumina 
 Osteoarticular 
o Relacionadas a etiologia do trauma 
o Facilita torções, luxações de articulações e facilita a queda. 
o A hiperlordose causada pela mudança no centro de gravidade facilita quedas, fraturas 
e traumas. 
 Urinário 
o Aumento da filtração glomerular 
o Gestantes com redução da diurese preocupam ainda mais. 
o Compressão ureteral e modificação do ureter pelo útero gravídico. 
 Cardiovascular 
o ↑ Débito cardíaco - por causa do aumento 
de volume. 
 ↓ Pós-carga – vasodilatação 
periférica 
 ↓ Resistência vascular periférica 
o Compressão da cava pelo útero gravídico. 
 Efeito posseiro – principalmente 
após a 20ª semana de gestação. 
 Principalmente em situações de 
decúbito dorsal → por isso é 
preferível que a gestante adote a 
posição de Decúbito lateral 
esquerdo. 
 ↓ Pré-carga → hipotensão e 
alterações no DC. 
o Taquicardia → compensa o DC. 
 Geralmente, há um acréscimo de 10 a 5 bpm 
o Pressão Arterial 
Diminuição: do número de hemácias, da concentração de hemoglobina e de hematócrito 
Aumento: de leucócitos e da concentração de fibrinogênio. 
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o Relacionado as alterações no volume plasmático da gestante. 
o Há, na gravidez, tendência à hipotensão, lipotimia ortostática, edema dos membros 
inferiores, varicosidades e hemorroidas. 
 Respiratório 
o Aumento do volume respiratório 
o Alterações anatômicas → o útero vai crescendo e 
empurrando o diafragma para cima. 
o Hipocapia → respiração mais curta e mais 
taquipneica 
o Alcalose respiratória compensada → ↑excreção 
renal de bicarbonato. 
o Aumento no consumo de O2. 
o Taquipneia com respirações mais curtas, apesar do 
volume respiratório aumentado. 
 
 Gastrointestinal 
o ↓ Motilidade gástrica 
o ↓ esvaziamento gástrico e bem prolongado. 
Tipos de Trauma 
Contuso: 
 Automobilístico: 
o Cinto de segurança 
 Retroperitoniais e pélvicos bastante comuns pelo aumento do útero. 
 Alças protegidas 
 Ruptura uterina → traumas com cinética muito elevada. 
o Geralmente o tratamento é com retirada do útero. 
o Alta mortalidade 
 Processos hemorrágicos 
 Embolia amniótica → traumas com elevada cinética. 
o Quadro clínico inespecífico, compatível com tromboembolismo 
pulmonar 
 Dispneia, desconforto, agitação e evolui para coagulação 
intravascular disseminada → faz múltiplos trombos 
 Trauma fetal → Alta cinética 
o Não é comum em trauma de pequena monta (mais comuns na gestação). 
Penetrante: 
Aumento da frequência cardíaca (10 a 20%) 
Aumento do volume sistólico (10%) 
Aumento do débito cardíaco (40 a 50%) 
Diminuição da pressão arterial média (10%) 
Diminuição da resistência vascular periférica (35%). 
Frequência respiratória sem alteração 
Volume-corrente e volume-minuto aumentados cerca de 30 a 40% 
Capacidade residual funcional diminuída em 20% 
Hiperventilação fisiológica 
Dispneia (em 60 a 70% das gestantes). 
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 Mais comum em mulheres vítimas de violência doméstica → estudos mostram 
que a violência doméstica tende a ocorrer sob o abdome gravídico. 
o Geralmente por chutes, socos ou esmagamento por arma de fogo ou 
arma branca. 
 Exploração → US para avaliar hemoperitôneo e outros líquidos livres dentro 
da cavidade adominal 
o Se não disponível, deve ser feito exploração digital 
 Avaliar sinais de abdome agudo hemorrágico. 
 Na laparotomia exploradora ou atendimento secundário deve ser feita a 
avaliação fetal. 
 
 Lesão materna diminui por conta dessa proteção, enquanto a lesão fetal aumenta. 
Atendimento Inicial 
 ABCDE do trauma logo na chegada! 
 Decúbito lateral ou quadril lateral → evita compressão da cava. 
o Descartado lesão na coluna 
o Coxim embaixo do quadril e lateraliza quadril. 
 Sinais de choque retardados 
o 35% de perda 
o Choque fetal acontece antes do materno. 
Lembrar: feto acaba “protegendo” a mãe por ocupar a porção mais anterior do abdome, 
especialmente no útero gravídico > 20 semanas. 
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 Transporte de hemoglobina e oxigênio ficam comprometidos antes → 
hipoxemia e sofrimento fetal intrautero. 
 
Avaliação fetal depois da materna! 
 
Só se avalia o feto após a estabilização da gestante. 
Avaliação secundária 
 
 Exame obstétrico 
 Monitorização fetal → BCF 
 Exame pélvico →avaliar perdas 
 
Liberar a paciente nas seguintes condições: 
1. Sem contrações 
2. Sem sangramento 
3. Sem dor 
4. Feto reativo, com batimentos regulares 
 
Se necessário se pede avaliação obstétrica ou 
monitorização fetal. 
Avaliação 
 Laboratório se necessário 
 Lavado peritoneal diagnostico (LPD) 
o Suspeita de hemoperitônio 
o Se não há FAST ou US. 
o Paracentese (punção) do abdome e aspirar para ver se sai líquido. 
 Hospitalização 
o Critérios de gravidade materna ou fetal 
 Sinais de alerta. 
 Laparotomia exploradora → não deve ser postergada! 
o Não há motivos para se postergar. 
o Trabalho de parto prematuro 
o Avaliar presença de trauma uterino e trauma fetal 
o Cesareana 
 Se comprometimento fetal, lesão uterina ou situação dessas ou gestação a 
termo em que a cesariana melhora a abordagem → interrupção da gestação. 
Sinais de alerta: 
 Perda de LA 
 Perda de sangue 
 Presença de contrações ou dores 
abdominais significativas 
 Sofrimento fetal (alteração de BCF, 
bradicardia). 
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PCR na gestação 
 Todas as manobras de ressuscitação cardiopulmonar convencionais devem ser realizadas 
sem nenhuma modificação. 
o Massagens 
o Medicações 
o Desfibrilação
 As compressões cardíacas devem ser realizadas um pouco mais acima, cerca de a 2 cm do 
que geralmente se faz por conta da modificação do eixo. 
 Lateralizar a paciente. 
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Cesárea perimorte: o feto tem que nascer até 5 minutos após a PCR. 
Sempre que a PCR não for por causa obstétrica, pensar em outros motivos para o trauma. 
Cesárea perimorte 
 Decisão: 
o IG – gestações > 24 semanas (maior possibilidade de sobrevivência). 
o Intervalo da morte materna 
 4 minutos → taxa de sobrevivência fetal dentro da normalidade. 
 5 - 15 minutos → comprometimento fetal, com sequelas da hipoxemia 
 >15 minutos → não se indica mais realização de cesárea perimorte. 
 DEVE SER REALIZADA APÓS 5 MINUOTS DE REANIMAÇÃO SEM 
SUCESSO (4 minutos completos). 
 Equipe treinada 
 Sempre realizar a cesárea com técnicas de prevenção de infecção, porque é 
possível que a gestante sobreviva. 
 Intubar e fazer compressão continuamente. 
o Avaliar causa da morte materna

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