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AO JUÍZO DA _ VARA ESPECIALIZADA DA FAMÍLIA DO TERMO JUDICIÁRIO DE SÃO LUÍS – COMARCA DA ILHA DE SÃO LUÍS- MA Anna Fitzgerald, brasileira, portadora do RG nº ……, CPF nº ……, residente e domiciliada em São Luís, Maranhão, CEP ……, representada por Kelly (tia biológica), inscrita no CPF nº……, RG nº……., por intermédio de seus advogados in fine assinados, através de instrumento procuratório, vem a este douto juízo, fundamentados no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal dispor o seguinte: AÇÃO DE EMANCIPAÇÃO MÉDICA c/c DIREITOS DE DISPOR SOBRE O PRÓPRIO CORPO COM O PEDIDO DE SUSPENSÃO PARCIAL DOS DIREITOS FAMILIARES. Em descrédito de Sara e Brian Fitzgerald (pais biológicos), casados, profissão ignorada, inscritos nos RGs de nº ……, ……, CPFs nº ……, …… residentes e domiciliados em São Luís, Maranhão, na forma e para os efeitos que dispõe a Constituição Federal/88, o Código Civil, o Código de Processo Civil e a Lei 9.434/97, de acordo com as razões de fato e de direito abaixo introduzidas: GRATUIDADE DA JUSTIÇA Em razão da menoridade da requerente, ela não possui trabalho e nem renda e assim não tem condições de arcar com os gastos processuais, logo, o pagamento das custas do processo impediria seu próprio acesso à justiça, motivo no qual, conforme disciplina do art. 98 do CPC/15 é causa justa e correta para a concessão do aludido benefício, In Verbis: Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei. Pelo exposto, cabe salientar que conforme disposto no CPC/15, a comprovação de insuficiência feita por Pessoa Física é presumidamente verdadeira, conforme o artigo 99, §3º: Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. (Grifos nossos). Assim, litiga desde já pela concessão de benefício baseado no artigo 98 e os que seguem do Código de Processo Civil em vigência. DOS FATOS A autora Srta. Anna Fitzgerald é filha de Brian e Sara Fitzgerald e irmã menor de Kate que é uma paciente acometida com leucemia, um tipo de câncer que tem início nas células- tronco da medula óssea. Fato é que Anna foi concebida para ser um bebê de proveta, ou seja, ser doador compatível de órgãos para sua irmã. Tal iniciativa do procedimento foi tomada como recurso extraordinário pois levanta uma série de questionamentos éticos, morais e jurídicos. Em suma, ao longo de sua vida, Anna teve de enfrentar alguns procedimentos cirúrgicos como a doação de sangue do seu cordão umbilical, um transplante de medula óssea apenas com 05 (cinco) anos de idade e por fim ao completar seus 11 (onze) anos, os pais exigem que a solicitante se submeta a um transplante de rim. Exausta de encarar essas intervenções que possuem certo grau de risco a sua integridade, a Autora requer o direito de decidir sobre as ações que afetam seu próprio corpo. Dentro dessa perspectiva, encontra-se um legítimo caso de redução da vida humana para a satisfação dos interesses pessoais dos pais da requerente, ao passo que ela se sinta apenas um ser instrumental, não planejada ou desejada por si mesma, mas apenas com a finalidade de prover órgãos para sua irmã. Diante dos fatos expostos, prezando pelo bem-estar e saúde da solicitante do processo com o intuito de torná-la autônoma no que tange às decisões clínicas sobre possíveis intervenções médicas em seu corpo, pede-se que seja acatado o presente pedido para no fim conceder a ação de direito ao corpo para tomar decisões médicas independentemente da decisão dos pais através de emancipação médica. DO DIREITO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA O princípio da dignidade da pessoa humana constitui direito inerente ao indivíduo e à República Federativa do Brasil, ele integra um dos vitais fundamentos de um Estado Democrático de Direito. Este princípio é a garantia das necessidades vitais do ser humano, como um valor intrínseco a ele. Está disposto no artigo 1º, inciso III, da Carta Magna: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Outrossim, a dignidade da pessoa humana vai muito além de embasamento para o ordenamento jurídico, se relaciona também com aspectos filosóficos, éticos e morais. O filósofo Immanuel Kant na obra “Fundamentação da Metafísica dos Costumes” entendia a dignidade humana como um valor em que se realça tudo aquilo que não tem preço, é uma qualidade inerente ao ser humano como um ser moral, não é passível de substituição. Muitas noções conceituais apresentam o princípio da dignidade humana como o principal guia do direito, ou seja, este princípio enfatiza a visão do humano enquanto sujeito pleno e capaz de ter sua autodeterminação agraciada e protegida pelo ordenamento e pela vida em sociedade, como entende Corrêa (2013). Assim se faz oportuno a leitura do posicionamento do doutrinador Thiago Luís Santos Sombra, em seu livro “A eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas”, ele ensina: “Somado aos atributos inerentes à fundamentalidade, o princípio da dignidade da pessoa humana reforça a posição ocupada pelas normas jus fundamentais no centro de gravitação do ordenamento jurídico. O sistema de direitos fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro – e de grande parte dos Estados Sociais e Democráticos de Direito – retira seu fundamento de existência, validade e eficácia do princípio da dignidade da pessoa humana.” Logo, faz-se entender que a dignidade da requerente é usurpada a cada vez que tem que se submeter a tratamento médico invasivo e mais ainda, quando não consentido. Cabe salientar que o direito à vida, previsto no art. 5º da Lei Maior deve ser entendido à luz da dignidade humana, pois entende que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”. Visto que é necessária para que a vida caminhe com garantias e condições sociais devidas de cada pessoa. Dessa forma, se existe a ausência desses direitos tão imprescindíveis na vida do indivíduo, deve-se garanti-los a ele. DA EXTINÇÃO PARCIAL DOS DIREITOS FAMILIARES A perda ou suspensão dos direitos parentais sobre o menor é a maneira mais drástica de destituição do poder familiar e se dá através de ato judicial iniciado pelo Ministério Público ou pelo interessado quando os pais ou a mãe ou o pai praticam atos avessos à moral e aos bons costumes e abusam de suas autoridades parentais. Toda e qualquer criança tem o direito de viver em harmonia com sua família e ter seus direitos protegidos e respeitados por eles. Infelizmente, nem sempre acontece desta forma. Em voga, os direitos da criança são especialmente salvaguardados pela Carta Magna em seu art. 227. Tem-se: Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiare comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Tais direitos também estão inseridos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8.069/90 criado especialmente para garantir e proteger os direitos de crianças e adolescentes. Ademais, em casos em que os pais abusam ou desviam do desígnio dos seus deveres frente aos filhos ou por consequência de seus atos violarem qualquer direito da criança, os pais podem ter a qualquer momento seus direitos parentais suspensos ou até mesmo extintos. Nestas situações, o Ministério Público ou outro interessado pode acionar o juiz que tomará as decisões que lhe pareçam mais cabíveis, como disposto no artigo 1.637 do Código Civil: "Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar à medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha." Cabe salientar, que não é do interesse da autora se desvincular de sua família, o seu único desejo é que não seja mais obrigada pelo poder de seus pais a se submeter a tratamentos médicos que lhe causam dores e transtornos, sendo assim, o pedido é para que a extinção dos direitos parentais seja parcial, o juízo deve entender que a suspensão desses poderes é de suma importância para a requerente. Nesta seara, entende Paulo Lôbo (2011), “A suspensão pode ser total ou parcial, para a prática de determinados atos. Esse é o sentido da medida determinada pelo juiz, para a segurança do menor e de seus haveres.” Dessa forma, é evidente que os requeridos ultrapassaram os limites dos poderes paternais forçando a autora menor passar por diversos procedimentos sem ao menos ser questionada de sua vontade própria sobre os mesmos, assim, pugna-se pela procedência do que já foi exposto acima e pela emancipação médica da requerente como disposto a seguir. DA EMANCIPAÇÃO MÉDICA Atualmente dentro do ordenamento jurídico brasileiro várias doutrinas abordam a emancipação como a aquisição da capacidade de exercer plenamente os direitos da vida civil antes da maioridade legal, ou seja, é o adiantamento da possibilidade de desempenhar a capacidade de fato ou de exercício, tal medida pode ser adquirida através da concessão dos responsáveis legais ou por decisão de algum juizado, como determina os atos da lei. (GONÇALVES, 2016). O tipo de emancipação adotada pelo Código Civil é a emancipação civil que estabelece no artigo 5º parágrafo único da vigente legislação: Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria (BRASIL, 2002). A conjuntura jurídica do país via de carrega a sua atenção a emancipação estabelecida pelo Código Civil, entretanto, existem outros universos em que esse conceito pode ser utilizado, são eles: a emancipação feminina, a emancipação política e a considerada mais elementar para a construção deste pedido, a emancipação médica. Contextualizando, a emancipação médica possibilita ao menor ser responsável por agir de forma autônoma nas suas decisões no que tange intervenções cirúrgicas e tratamentos médicos. O menor que possuir o direito torna-se apto a decidir sobre quaisquer tipos de tratamentos que eventualmente poderá ser submetido, sem interferências de terceiros. Assim sendo, esse direito se torna imprescindível frente os anseios da autora pelo fato de se poder tomar as decisões a ela pertinentes, eximindo de seus pais o poder e a autoridade total perante as decisões médicas da filha, tendo em vista os seus claros interesses pessoais. Para além, de acordo com a disposição do artigo 1.635, II, do CC o jovem emancipado não deve obediência ao poder familiar (BRASIL, 2002), uma das principais características do instituto. Sob a perspectiva legal, desde que não existam outras restrições, o menor adquire uma maior liberdade e capacidade de escolha (ARAÚJO, 2008). Contudo, é necessário discutir as limitações impostas pela legislação brasileira, um evidente exemplo é a doação de órgãos, ao observar as disposições da Lei Federal n.º 9.434/97 e Lei Federal nº 10.211/01, observa-se que a autorização judicial é requisito fundamental, mesmo que o menor seja emancipado ou não. Nesse caso, ainda que medicamente emancipado a autorização da justiça não se torna dispensável. Por fim, é importante ressaltar que a emancipação médica, diferentemente da civil, não retira o menor do poder familiar, esse ainda subsistiria, o instituto apenas exime o menor do consentimento ou obrigação de seus responsáveis em assuntos relacionados a procedimentos médicos e intervenções cirúrgicas. Resumindo, em outros assuntos da vida civil a autora estaria sob tutela de seus representantes legais. DO DIREITO AO PRÓPRIO CORPO Fato é que o ser humano possui diversas características representacionais assim como muitas formas de projeção da sua própria personalidade, no que diz respeito ao direito do próprio corpo é indispensável a associação a integridade física do indivíduo. Ademais, o corpo é capaz de traduzir elementos da identidade de uma pessoa, desde um nível particular e individual até em níveis sociais ou de uma determinada comunidade (SOBRADO, 2019). Quando se trata da indisponibilidade dos direitos de personalidade, em um primeiro momento pode-se observar uma certa contradição acerca dos limites de disposição do próprio corpo. Entretanto, é certo que o ordenamento jurídico brasileiro foca na força da vontade individual para que a pessoa em ocasiões específicas, possa dispor ou não de alguma característica pessoal, sem que essa descaracterize a essência fundamental de tais direitos (CUPIS, 2004). Sobre disponibilidade admitida pelo ordenamento brasileiro, nas situações que estão voltadas para os atos de disposição dos atributos de personalidade, por vezes a interpretação vem com o intuito de conferir validade jurídica à manifestação da própria vontade em questões que são vinculadas ao próprio corpo. Tal validade poderá ser atribuída até mesmo para aqueles que ainda não possuem plena capacidade. O objetivo é a facilitação da construção de seu projeto de vida individual que embora encontre liberdades, não as detém de forma ilimitada. Com tais apontamentos, o Código Civil no seu artigo 5º dispõe que “Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.” Sendo assim, ação dos pais da representada viola veementemente o artigo vigente, uma vez que ela se recusa a ser submetida a intervenção de transplante de rim. Teoricamente, ignorar a vontade da requerente, em não se submeter a tal intervenção prezando pelo direito ao próprio corpo fere também o princípio da dignidade humana. Sobre isso Alexandre de Moraes (2004) aponta: A dignidade da pessoa humana concede unidade aos direitos e garantias fundamentais, sendo inerente às personalidades humanas. Esse fundamento afasta a ideia de predomínio das concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual. A dignidade é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própriae que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. Entende-se, diante do elemento exposto, que o ser humano tem o direito à vida e não o dever à vida, razão pela qual não se justifica sujeitar a representada a um tratamento médico ou mesmo a intervenção cirúrgica que meramente satisfaça o interesse de seus responsáveis. DA AUTONOMIA DA VONTADE Dentro dos direitos fundamentais, o princípio estabelecido como a autonomia da vontade basicamente trata do direito que todo indivíduo previamente capaz deve possuir para decidir sobre os atos de sua vida, saúde e de se optar frente a sua percepção do que lhe assegura ser correto. Muitos doutrinadores classificam a autonomia da vontade como a faculdade de autodeterminação, o direito de ditar os rumos da própria vida e de desenvolver livremente a sua própria liberdade (BARROSO, 2010). No âmbito da saúde Maria Helena Diniz (2001) esclarece que, a autonomia em saúde é a capacidade de decisão autônoma, baseada em um consentimento esclarecido, tomado de forma voluntária, sem impedimentos externos ou internos frente todas as informações que são consideradas relevantes ao caso. Propor esse consenso é evidenciar a autonomia do indivíduo em suas tomadas de decisões perante intervenções e tratamentos médicos. Caso o agente seja capaz medicamente, o que se busca para a requerente, e possua condições de discernimento, sua vontade deve ser respeitada tanto pela família quanto pelo Estado. Diante do alto grau de complexidade e riscos que envolvem a intervenção que os pais da representada pretendem fazê-la se submeter, tal ação esbarra no princípio fundamental do direito à vida. Referente ao Direito, Moraes (2003) conceitua que é o direito mais elementar de todos os direitos estabelecidos na Constituição Federal, pois, é pré-requisito para todos os demais direitos. No presente caso é importante não considerar apenas o sistema civil de incapacidades, mas também, fazer uma interpretação deste sistema com base no discernimento de poder decidir o que é melhor para si por parte da requerente, colocando em discussão o fato de não se submeter ao transplante, porque, segundo Teixeira e Konder (2008) não se pode permitir que a vulnerabilidade carregada pela menor sirva para aprisioná-la aos interesses estritamente pessoais de seus pais, como ocorre no campo das incapacidades civis. Ainda, o enunciado n. º138 do Conselho da Justiça Federal, deferido na III Jornada de Direito Civil, chegou ao comum entendimento que “a vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3.º, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto” (CJF, 2012). Para além, ressalta-se a Resolução 41, de 13 de outubro de 1995 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA), ao dispor que “a criança e adolescente têm o direito a não ser objeto de ensaio clínico, provas diagnósticas e terapêuticas, sem o consentimento informado de seus pais ou responsáveis e o seu próprio, quando tiver discernimento para tal” (CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, 1995). DA PRODUÇÃO DAS PROVAS Com o intuito de subvencionar a melhor compreensão da lide o Autor pretende instruir seus argumentos com base nas seguintes provas: a) Que sejam ouvidas as testemunhas, cujo rol será apresentado na devida oportunidade; b) Que se promova uma análise pericial e psicológica da requerente c) Os peritos médicos envolvidos neste caso deverão ser ouvidos DOS PEDIDOS Pelo exposto, REQUER: 1. A concessão da gratuidade da justiça, conforme salvaguardado no artigo 98 do CPC/15, retirando a responsabilidade econômica da Autora e da sua representante posto que esta não tem condições para custear a ação. 2. A intimação do Ministério Público para que proceda ao acompanhamento da presente ação, já que se trata de interesse de menor; 3. A citação do Réu, para se quiser, responder à presente ação 4. O deferimento do pedido de emancipação médica, permitindo à requerente tomar suas próprias decisões no que concerne à saúde do seu corpo. 5. Seja determinado a extinção parcial dos direitos paternais, para que não se permita que ambos abusem de seu poder familiar para com a Autora. 6. A produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a análise pericial da requerente, bem como a oitiva delas em juízo; Requer, por fim, que todas as intimações e notificações referentes ao caso sejam publicadas e informadas, exclusivamente e conjuntamente, em nome dos seguintes advogados: ANDREW TALYSSON NASCIMENTO DA SILVA (OAB/MA) e JULIANE SANTOS LIMA (OAB/MA), sob pena de nulidade. Dá-se a causa o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais). Termos em que pede e aguarda deferimento. São Luís – MA, 31 de março de 2022 Andrew Talysson Nascimento da Silva OAB/MA Juliane Santos Lima OAB/MA REFERÊNCIAS ARAÚJO, Denilson Cardoso de. A emancipação civil e suas relações com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 13, n. 1727, 24 mar. 2008. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/1 1069/a-emancipacao-civil-e-suas- relacoes-com-o-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente>. Acesso em: 29 mar. 2022. BARROSO, Luís Roberto. 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