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Geovana Sanches, TXXIV HABILIDADES DE COMUNICAÇÃO CLÍNICA INTRODUÇÃO A forma como abordamos o paciente e realizamos a coleta da anamnese tem uma influência muito grande no processo de adesão as condutas. Temos, assim, o discurso como uma forma de tratamento – soft skills (habilidades leves). Importância • 80% das queixas médicas do CREMESP tem relação com a insatisfação do paciente acerca da comunicação com o médico o Grande parte delas seria evitada caso o médico tivesse habilidades de comunicação clínica • Avanços tecnológicos X insatisfação dos pacientes o Com a tecnologia dura – solicitação de exames no local de realizar o exame físico tradicional – há uma perda muito grande do contato com o paciente, resultando em discordâncias • “The devil of the third degree” o Estudo que mediu o grau de empatia dos alunos de medicina durante diferentes períodos § Começou a diminuir a partir do 3º ano de idade § No 6º ano, era próximo a de um egresso de 10 anos o A falta de empatia está muito relacionada a falta de habilidades de comunicação em todo o mundo Tempo de consulta x Satisfação • Apenas 20% do que é mencionado na consulta é absorvido pelo paciente o 70 a 80% se perde o 50 a 60% é distorcido • O aumento do tempo de consulta por si só não aumenta a satisfação nem a compreensão do paciente. Tempo de consulta ideal • Média mundial: 15 a 20 minutos nos sistemas de saúde o Espanha: 7 a 9 minutos § Prontuários eletrônicos § Não há tanta rotatividade o Reino unido: 11 a 15 minutos o Portugal: 13,5 minutos o Suécia: 21 minutos § População envelhecida, com maior número de problemas de saúde MARCADORES DE CORDIALIDADE • Sorriso • “Bom dia”, “sente-se, por favor” • Ouvir o paciente • Importância dos 2 minutos iniciais da consulta o 2 grupos distintos estudados § Um olhava no olho do paciente por 2 minutos e depois prosseguia com a consulta, não olhando-o mais § Outro iniciava pela parte escrita e posteriormente, passava o resto da consulta olhando para o paciente o Resultado: o primeiro grupo de pacientes saiu mais satisfeito com o médico do que o segundo RUÍDOS E INTERFERÊNCIAS DE COMUNICAÇÃO Ruídos Os ruídos podem ser reais, cognitivos, emocionais ou socioculturais. Ruídos cognitivos • Ocorre quando há falha na interpretação por termos desconhecidos, seja por parte do médico (jargões médicos), seja devido a cultura do paciente. • Exemplos: o Médicos: cefaleia, citopatologia o Paciente: zarca (flanco), íngua (linfonodomegalia) Ruídos emocionais • Quando o paciente começa a chorar, por exemplo, não devemos tentar fazê-lo parar, dando ouvidos ao motivo daquele choro. Ruídos socioculturais • Referem-se aos estereótipos Interferências de comunicação • 91,4% dos médicos não exploram os medos e preocupações dos pacientes o Tem algo te preocupando hoje? o Com o que mais eu posso te ajudar? Geovana Sanches, TXXIV § Sempre verificar se há mais alguma queixa antes de prosseguir, pois assim há melhor organização da consulta • Síndrome da maçaneta: ocorre quando o paciente fica tímido durante a consulta e, na hora de sair, conta algo muito relevante para a consulta. • Entre 50 e 60% das consultas, os médicos e os pacientes discordam da natureza de seus problemas • 56% dos médicos não se certificam da compreensão por parte do paciente o O paciente é dotado de um universo de significados e ele “traduz o que é dito” assim como nós. Por isso, devemos nos certificar de que “a mesma língua” está sendo falada o Universo de significados à Tradução o “O óbvio precisa ser dito” • 25 a 30% da eficácia de um tratamento decorre da crença do paciente no médico que o assiste o Há maior sucesso no tratamento quando o paciente acredita no médico que o assiste o Isso é influenciado pelos marcadores de cordialidade, como o sorriso por exemplo. Tipos de linguagem • Linguagem verbal: é o que o paciente realmente nos fala • Linguagem não-verbal: refere-se a tudo que o paciente não nos diz, mas percebemos por outros sinais o Andar pela recepção o Momentos de silêncio durante a consulta o Modo de apresentação Interrupções médicas Interrupções médicas ocorrem a cada 18 a 23 segundos. Elas servem para que os médicos montem suas “caixinhas de raciocíneo”, gerando uma sistematização da consulta. Todavia, podem gerar iatrogenia. Sendo assim, as interrupções médicas devem ocorrer apenas quando realmente necessárias. Caso contrário, devemos deixar com que o paciente fale livremente. Exemplo nocivo de interrupções • QD: “tosse” o Há quanto tempo? o Seca ou produtiva? o Tem febre? o Perdeu peso? o Fuma? o Senta pra eu te examinar EFEITOS DA MÁ COMUNICAÇÃO CLÍNICA • Má aderência terapêutica • Baixa compreensão do paciente sobre sua clínica • Iatrogenias • Gasto com saúde • Intervenções desnecessárias
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