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1º SIMULADO ENEM DE LINGUAGENS (COMPETÊNCIAS DE ÁREA 5, 6 E 8) 2020 LEIA ATENTAMENTE AS INSTRUÇÕES SEGUINTES: 1. Este CADERNO DE QUESTÕES contém 40 questões numeradas de 01 a 40. 2. Confira se o seu CADERNO DE QUESTÕES contém a quantidade de questões e se essas questões estão na ordem mencionada na instrução anterior. Caso o caderno esteja incompleto, tenha defeito ou apresente qualquer divergência, comunique ao aplicador da sala para que ele tome as providências cabíveis. 3. Para cada uma das questões objetivas, são apresentadas 5 opções. Apenas uma responde corretamente à questão. 4. O tempo disponível para estas provas é de uma hora e quarenta e cinco minutos. 5. Reserve os 30 minutos finais para marcar seu CARTÃO-RESPOSTA. Os rascunhos e as marcações assinaladas no CADERNO DE QUESTÕES não serão considerados na avaliação. 6. Quando terminar as provas, acene para chamar o aplicador e entregue este CADERNO DE QUESTÕES e o CARTÃO-RESPOSTA. 7. Você poderá deixar o local de prova somente após decorridas duas horas do início da aplicação e poderá levar seu CADERNO DE QUESTÕES ao deixar em definitivo a sala de prova nos 30 minutos que antecedem o término das provas. 1º DIA CADERNO 1 AZUL Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 2 2020 QUESTãO 01 EPÍGRAFE Sou bem-nascido. Menino, Fui, como os demais, feliz. Depois, veio o mau destino E fez de mim o que quis. Veio o mau gênio da vida, Rompeu em meu coração, Levou tudo de vencida, Rugiu como um furacão, Turbou, partiu, abateu, Queimou sem razão nem dó - Ah, que dor! Magoado e só, - Só! - meu coração ardeu: Ardeu em gritos dementes Na sua paixão sombria... E dessas horas ardentes Ficou esta cinza fria. - Esta pouca cinza fria. Bandeira, M. Cinza das horas, 1917 A poesia de Manuel Bandeira explora, muitas vezes, a subjetividade como um recurso estético. Levando essa característica em conta e observando especialmente as duas primeiras estrofes, percebe-se a predominância da função da linguagem que A põe em evidência a forma da mensagem, com desta- que principal à rima. B reflete sobre o código linguístico, com foco nos deslo- camentos vocabulares. C vale-se do sentimento do emissor, abordando as sen- sações do eu-lírico. D provoca a reação do receptor, exigindo uma postura ativa do leitor. E expressa informações de forma referencial, destacan- do a clareza da descrição. QUESTãO 02 O PORTUGUÊS NãO VEM DO LATIM Nunca é demais lembrar que a questão dos nomes que se dá às línguas escapa da órbita dos especialistas (filólogos, gramáticos, linguistas) e se vincula muito mais a problemáticas de natureza política, cultural, econômica e ideológica. Quando o conde Afonso Henriques se tornou o pri- meiro rei de Portugal (por volta dos meados do século XII), a língua que se falava em seu Condado Portucalense com certeza não era diferente da que os habitantes da Galiza (hoje território espanhol) falavam. Essa certeza se firma no fato do galego moderno (uma das línguas faladas hoje na Espanha) ainda ser muito semelhante ao portu- guês europeu e, mais ainda, ao português brasileiro, e ao fato dos dialetos do norte de Portugal apresentarem mui- tas semelhanças com os dialetos do sul da Galiza. Outra comprovação é a documentação escrita que sobrevive desde aquelas épocas remotas: produzidos na Galiza ou no território que viria a ser Portugal, esses textos são re- gistrados numa língua que podemos dizer que é uma só. Bagno, M. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012 (adaptado). Em relação à formação da língua portuguesa e espe- cialmente à sua nomeação, constata-se que A as razões pelas quais se nomeia um idioma são exter- nas à língua. B a identidade de um povo está acima do nome de uma língua. C o galego é um idioma mais complexo e por isso é a origem do português. D o contato entre os diferentes povos enriquece a no- menclatura linguística. E as razões ideológicas não estão vinculadas à nomea- ção de um idioma. QUESTãO 03 Finalmente, uma vez que o livro (que é de semiótica e não de linguística) aborda vários casos de significantes não verbais, mas se vê forçado a dominá-los verbalmen- te, sempre que um objeto não linguístico for nomeado como objeto (e não como palavra que nomeie aquele ob- jeto), ele aparecerá entre barras duplas em itálico (||xxx||). Dessa forma, |automóvel| está para a palavra que nomeia o objeto correspondente, assim como ||automóvel|| indica que se está falando do objeto-automóvel enquanto porta- dor de significado. ECO, U. Tratado Geral de Semiótica. Perspectiva, São Paulo: 2002. Textos científicos precisam de muita clareza na sua composição. Sobre os elementos coesivos em destaque no trecho, pode-se afirmar que: A o pronome “que” faz referência a “semiótica” e “linguística”. B o pronome “se” faz referência a “livro”. C “-los” em “dominá-los” faz referência a “livro” D “ele” faz referência a “livro”. E “Dessa forma” relaciona-se apenas a ideias anteriores. Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 3 2020 QUESTãO 04 As 40 maiores curiosidades do mundo que pouca gente conhece Fizemos uma lista com 40 fatos curiosos que qua- se ninguém sabe: há curiosidades sobre ciência, história, animais e até sobre o Brasil. Basta examinar com atenção a realidade à nossa volta para identificarmos inúmeros eventos interessantes. Ora, o mundo é curioso, e adora- mos conhecê-lo cada vez mais! Bora lá? Disponível em https://www.hipercultura.com/maiores-curiosidades-do-mundo/. Aces- so em 20/05/2020 Como estratégia de progressão textual, o autor cons- trói um encadeamento que A enumera muitas informações relevantes para o público. B apresenta poucas conjunções entre as frases e dá ca- dência ao texto. C descreve uma série de suposições que culminam em uma pergunta retórica. D utiliza múltiplos tempos verbais e enumera os fatos narrados. E emprega em ambiente virtual gírias típicas da oralidade. QUESTãO 05 Meu trabalho de conclusão de curso da faculdade tratou das representações da violência nas páginas po- liciais dos jornais. No mestrado, trabalhei com narrativas dos presidiários da Cada de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Pesquisei toda a produção dos presidiários posterior ao massacre, para comprar o discurso dos pre- sos, o discurso dos autos do processo e o discurso dos jornais. Queria reconhecer qual era o “jogo da verdade” estabelecido entre os três discursos, a fim de entender que “verdade” se impunha em relação ao massacre do Carandiru. A ideia era continuar estudando o tema no doutorado, mas o Big Brother Brasil começou a fazer um enorme sucesso e chamou a minha atenção. Wyllys, J. Tempo Bom, Tempo Ruim. São Paulo: Paralela, 2014. Para organizar a sequência narrativa do texto, o autor A se vale de adjuntos marcados pelas palavras “faculda- de”, “mestrado” e “doutorado” B lança mão de diferentes tempos e modos verbais. C estrutura suas frases com sinais de pontuação de for- ma inovadora. D constrói frases com orações subordinadas deslocadas. E utiliza diferentes conjunções adversativas. QUESTãO 06 você me diz para ficar quieta porque minhas opiniões me deixam menos bonita mas não fui feita com um incêndio na barriga para que pudessem me apagar não fui feita com leveza na língua para que fosse fácil de engolir fui feita pesada metade lâmina metade seda difícil de esquecer e não tão fácil de entender kaur, r. outros jeitos de usar a boca. Tradução: Ana Guadalupe São Paulo: Planeta 2017. Um procedimento estético bastante comum na poe- sia é a construção de um suposto interlocutor. Por meio dessa estratégia, a autora A inventa uma figura masculina completamente inverossímil. B apresenta um discurso masculino não tradicional. C adota um discurso abusivo e pejorativo. D compõe uma alegoria a partir de partes do corpo humano. E constrói uma voz masculina cerceadora QUESTãO 07 Entre os séculos XV e XVI, Portugal ocupa lugar de relevo no ciclo das grandesnavegações, e a língua, “com- panheira do império”, se espraia pelas regiões incógnitas, indo até o fim do mundo, e, na voz do Poeta, “se mais mundo houvera lá chegara” (Os Lusíadas, VII, 14). Depois da expansão interna que, literária e cultural- mente, exerce ação unificadora na diversidade dos falares regionais, mas que não elimina de todo essas diferenças refletidas nos dialetos, o português se arroja, na palavra de indômitos marinheiros, pelos mares nunca d´antes na- vegados, a fim de ser o porta-voz da fé e do império. Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa Rio de Janeiro: Lucerna, 2006 Ao longo da história dos estudos linguísticos, o fato de a língua variar foi percebido de diferentes formas. A partir do trecho “... ação unificadora na diversidade dos falares regionais, mas que não elimina de todo essas di- ferenças refletidas nos dialetos”, percebe-se uma concep- ção que A observa as “diferenças refletidas” como objeto de estudo. B associa os “falares regionais” à expressão cultural de cada povo. C deixa subentendida uma ideia negativa em relação à “ação unificadora” D categoriza as variedades linguísticas como “dialetos”. E entende a riqueza da língua portuguesa a partir das suas variedades. Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 4 2020 QUESTãO 08 O COOPER DE CIDA O sol vinha nascendo minguado na praia de Copa- cabana. A indecisão do tempo, a manhã vagabunda nos olhos sonolentos dos moradores de rua, o trabalho incon- sequente das ondas em seu fazer e desfazer, tudo isto comprometia o cooper de Cida. A moça foi diminuindo o passo. Ela era uma desportista natural. Corria o tempo todo querendo talvez vazar o minguado tempo do viver. Era preciso buscar sempre. O que tinha ficado para trás, o agora e o que estava para vir. Evaristo. C. Olhos d´água Rio de Janeiro: Pallas, Biblioteca Nacional, 2016. O foco narrativo na corrida da personagem dá ao tre- cho uma expressividade condensada na A calmaria do dia a dia. B angústia contemporânea. C sensação crônica de falta D raiva de sua vida presente. E tristeza de um trauma. QUESTãO 09 Talvez espante ao leitor a franqueza com que lhe ex- ponho e realço a minha mediocridade; advirta que a fran- queza é a primeira virtude de um defunto. Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as re- velações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo, porque em tal caso poupa-se o vexa- me, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desaba- fo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar-se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem ami- gos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos; não há plateia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte. Assis, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Globo, 2008. Brás Cubas, o “defunto autor”, compara a experiên- cia de estar vivo e a de estar morto. A partir disso, constrói uma visão pessimista de sociedade, pois: A percebe a busca por bens materiais como a principal preocupação das pessoas. B evidencia a necessidade da omissão para a convivên- cia entre as pessoas. C defende a importância da sinceridade para a prosperi- dade das pessoas. D postula a falsidade como a causa de todos os proble- mas das pessoas. E considera a mediocridade como a maior virtude das pessoas. QUESTãO 10 Ai se sesse... Se um dia nois se gostasse Se um dia nois se queresse Se nois dois se empareasse Se juntim nois dois vivesse Se juntim nois dois morasse Se juntim nois dois drumisse Se juntim nois dois morresse Se pro céu nois assubisse Mas porém se acontecesse de São Pedro não abrisse a porta do céu e fosse te dizer quarqué tolice E se eu me arriminasse E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse E a minha faca puxasse E o bucho do céu furasse Tarvéis que nois dois ficasse Tarvéis que nois dois caisse E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse LUZ, Zé. Disponível em: https://www.vagalume.com.br/. A variação linguística é um processo natural, contí- nuo e passível de descrição. Isto é, há padrões a partir dos quais as palavras varia. Marque a alternativa que ex- plica corretamente o processo de variação pelo qual as expressões passaram: A “drumisse” é resultado da supressão de um som consonantal. B “assubisse” e “arresolvesse” são verbos que recebem uma nova vogal. C “quarqué” é resultado da supressão de som consonan- tal em fim de palavra. D “tarvéis” é uma palavra que passa somente pelo pro- cesso de ditongação. E “pro” é uma única palavra que perdeu sua sílaba em /a/. QUESTãO 11 Nos anos 70, o Papa Francisco (então cardeal argen- tino Jorge Mario Bergoglio) foi acusado por grupos de direi- tos humanos de ter colaborado com militares durante a di- tadura da Argentina (1976-1983). As alegações se referem especialmente ao caso de dois padres jesuítas que foram capturados sob suspeita de colaborar com dissidentes; o gabinete do cardeal sempre negou as acusações, e Bergo- glio disse ter ajudado pessoas a escapar do país na época. Disponível em: https://ultimosegundo.ig.com.br/papa-francisco. Acesso em 8/10/2019 Os textos se valem de diferentes elementos coesivos para se estruturar e estabelecer, entre as frases, as rela- ções desejadas, dando à textualidade uma qualificada pro- gressão. Nesse trecho de biografia, o uso do ponto e vírgula A é uma opção estética e poderia ser trocado por qual- quer outro sinal. B introduz um trecho explicativo que justifica a frase anterior. C apresenta uma conclusão a partir de uma premissa. D enumera ideias de sentido aditivo. E está entre duas orações de relação adversativa. Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 5 2020 QUESTãO 12 De um modo geral, nas sociedades desenvolvidas, o estabelecimento e a difusão da norma linguística podem ser levados a cabo de duas formas: explicitamente, por imposição do Estado, que, por meio de cânones, gramá- ticas, dicionários e outros instrumentos, determina, com força de lei, a norma e, neste caso, falaremos em norma- tivização; ou tacitamente, através do uso (oral), e, neste caso, falaremos, no contexto português, em normaliza- ção. Seja de que modo for, o estabelecimento e a difusão da norma faz-se através de instrumentos, de diferentes naturezas. Correia, M. e Ferreira J. P. Dicionários e vocabulários ortográficos na construção da norma (adaptado). In: Moita Lopes, L. P. (org.), O Português no Século XXI. São Paulo: Parábola Editoral: 2013. Os autores diferenciam a “normativização” e a “nor- malização” como distintas formas de estabelecer uma norma na língua portuguesa. A partir disso, constata-se que A a normalização corresponde à norma culta, difundida no cotidiano em determinados ambientes sociais. B a normalização representa as regras gramaticais, es- tritamente respeitadas a cada ato de fala. C a normativização se refere à norma padrão, próxima às regras da gramática tradicional. D a normativização simboliza o português arcaico, ex- pressão mais autêntica do idioma nacional. E a normativização torna autênticas as manifestações literárias, representativas da cultura nacional. QUESTãO 13 DIÁRIO DE UM DETENTO São Paulo, dia 1º de Outubro de 1992, oito horas da manhã Aqui estou, mais um dia Sob o olhar sanguinário do vigia Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK Metralhadora alemã ou de Israel Estraçalha ladrão que nem papel Brown, M. e Prado, J. Sobrevivendo no Inferno, 1997 (fragmento). Ao observamos a estrutura frasal do verso “Você não sabe como é caminhar com a cabeça na mira de uma HK”, percebe-se a predominância da função da linguagemA poética, demonstrando foco exclusivo na combinação sonora. B metalinguística, trazendo à tona uma forte reflexão linguística. C apelativa, convidando o leitor a se colocar no lugar do eu-lírico. D emotiva, revelando as memórias do autor. E referencial, descrevendo fatos de forma objetiva. QUESTãO 14 PAPOS - Me disseram... - Disseram-me - Hein? - O correto é ‘disseram-me’. Não ‘me disseram’. - Eu falo como quero. E te digo mais... Ou ‘digo-te’? - O quê? - Digo-te que você... - O ‘te’ e o ‘você’ não combinam. - Lhe digo? - Também não. O que você ia me dizer? - Que você tá sendo grosseiro, pedante e chato. E que vou te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que se diz? Aaahh! - Partir-te a cara. - Pois é. Partir-la-ei se você não parar de me corrigir. Ou corrigir-me. - É para o seu bem. - Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem entender. Mais uma correção e eu... - O quê? - O mato. - Que mato? - Mato-o. Mato-lhe. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? - Eu só estava querendo... - Pois esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo. - Se você prefere falar errado... - Falo como todo mundo fala. O importante é me en- tenderem. Ou entenderem-me? - No caso... Não sei. - Ah, não sabes? Não o sabes? Sabes-lo não? - Esquece. - Não. Como ‘esquece’ ou ‘esqueça’? Ilumine- me. Me diga. Ensines-lo-me. Vamos! - Depende. - Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o soubesse, mas não sabes-o. - Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser. - Agradeço-lhe a permissão para falar errado que me dás. Mas não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia. - Por quê? - Porque, como todo esse papo, esqueci-lo. Veríssimo, L. F. Novas comédias da vida pública – a versão dos afoga- dos. Porto Alegre: L&PM, 1997. Na crônica, há uma referência ao uso dos pronomes oblíquos. A partir das formas linguísticas empregadas no diálogo, A nota-se a relevância do conhecimento gramatical na oralidade cotidiana. B depreende-se a intenção de clareza e objetividade dos interlocutores. C destaca-se a irritação de um dos interlocutores por con- ta do excesso de informações ao longo do diálogo. D evidencia-se a intenção estética de formar frases perfeitas. E percebe-se a inadequação entre a pretensa formalida- de linguística e a situação comunicativa. Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 6 2020 QUESTãO 15 Nonada. Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, Deus esteja. Alvejei mira em árvore, no quin- tal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto; desde mal em minha mocidade. Daí, vieram me chamar. Causa dum bezerro: um bezerro branco, er- roso, os olhos de nem ser se viu; e com máscara de ca- chorro. Me disseram; eu não quis avistar. Mesmo que, por defeito como nasceu, arrebitado de beiços, essa figurava rindo feito pessoa. Cara de gente, carão de cão: determi- naram era o demo. Povo prascóvio. Mataram. Rosa, G. Grande Sertão Veredas. 1956 O projeto literário de Guimarães Rosa passa por re- presentar, em suas obras, os brasileiros do interior. Nesse trecho, o uso da variedade regional da língua portuguesa A enfraquece a verossimilhança da cena. B atribui à personagem traços pejorativos. C representa a identidade nacional. D está a serviço da autenticidade da personagem. E busca a descrição dos fatos de forma objetiva. QUESTãO 16 Os anos são danados, parecem também guiados por diabinhos. Enquanto o jovem Joaquim Maria Machado de Assis brincava e crescia, passavam correndo. E até pare- cia que vinham uns grandes diabos com eles. Não falo de 1841, que lhe trouxe uma irmãzinha – que, com certeza, não era um diabo. Já 1845 trouxe-lhe um diabo enorme. Tão enorme que levou de volta sua irmã. Maria foi levada pelo saram- po, e ninguém dirá que um sarampo que come crianci- nhas não é um diabo. Vieram outros diabos, de 1851 e 1853, o diabo febre amarela, a cólera... Joaquim Maria, franzino, frágil, resis- tia a todos os diabos grandes. Franco, A. e Lacombe, A. A vida dos grandes brasileiros: Machado de Assis. São Paulo: Grupo de Comunicação Três. A função emotiva da linguagem, que revela a opinião autor de um texto, pode manifestar-se de diversas formas. No trecho de biografia, a função emotiva se expressa por meio de: A frases longas, que buscam construir uma descrição detalhada. B uso da primeira pessoa, que deixa claras as crenças do autor. C seleção de um autor de referência, que evidencia a literatura canônica. D construções imprecisas, que dificultam a clareza da narrativa. E escolha lexical, que permite identificar a subjetividade do autor. QUESTãO 17 As escolhas enunciadas desde o princípio do livro distanciam-no da pretensa neutralidade acadêmica nas determinações que engendram e alimentam as relações de poder. Suas coordenadoras e colaboradores(as) dia- logam a todo instante com tradições ancestrais e com meios de expressão sociocultural de diversa procedên- cia, em alguns casos anteriores à própria existência da tradição acadêmica. Por “tradições” não estão implicados fenômenos petrificados do passado, mas forças vivas do- tadas de grande capacidade de ressemantização, sem perder o vínculo com as identidades ancestrais. Variadas em suas formas de expressão no continente africano e na américa, as tradições negras (africanas, afro-brasileiras) e indígenas são reconfiguradas, transformando-se em modos potentes de ser e de interagir com o mundo, ali- mentando cosmovisões plurais que, pelo simples fato de continuarem a existir, mostram-se resistentes. Macedo, J. R. Lugares de Fala, Lugares de escuta: nas literaturas africanas, ame- ríndias e brasileira. Porto Alegre, ZOUK: 2018. Org: Ana Lúcia Tettamanzy e Cristina dos Santos Ao se distanciar “da pretensa neutralidade acadêmi- ca”, o texto propõe uma concepção de identidade nacio- nal pautada no pressuposto de que: A a neutralidade acadêmica é fundamental para o patri- mônio linguístico brasileiro. B a diversidade de discursos constitui o patrimônio cul- tural brasileiro. C a literatura africana faz parte do patrimônio literário brasileiro. D as tradições precisam ser preservadas pelo patrimônio cultural brasileiro. E as relações de poder não se revelam no patrimônio cultural brasileiro. QUESTãO 18 O signo linguístico une não uma coisa e uma pala- vra, mas um conceito e uma imagem acústica. Esta não é o som material, mas a impressão psíquica desse som, a representação que dele nos dá o testemunho de nos- sos sentidos; tal imagem é sensorial e, se chegamos a chamá-la de “material”, é somente nesse sentido, e por oposição ao outro termo da associação, o conceito, ge- ralmente mais abstrato. Saussure, F. Curso de Linguística Geral, São Paulo, Cultrix: 2006. Textos técnicos necessitam de recursos coesivos que organizem as referências textuais. A cerca desse as- pecto, é correto afirmar que A “Esta” anuncia um significado ainda não presente no texto. B “desse som” retoma “impressão psíquica”. C “dele” faz referência a “desse som”. D “nesse sentido” refere-se ao sentido da audição. E “ao outro” traz ao texto um significado até então ausente. Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 7 2020 QUESTãO 19 A Minha Dor A minha Dor é um convento ideal Cheio de claustros, sombras, arcarias, Aonde a pedra em convulsões sombrias Tem linhas dum requinte escultural. Os sinos têm dobres de agonias Ao gemer, comovidos, o seu mal ... E todos têm sons de funeral Ao bater horas, no correr dos dias ... A minha Dor é um convento. Há lírios Dum roxo macerado de martírios, Tão belos como nunca os viu alguém! Nesse triste convento aonde eu moro, Noites e dias rezo e grito e choro, E ninguém ouve ... ninguém vê ... ninguém ... Espanca, F. Livro de Mágoas. Globus, São Paulo: 2016. Publicado em 1919, a obra “Livro de Mágoas”, de Florbela Espanca, revela tendências estéticas presentes no Parnasianismo e no Simbolismo, sem poder ser redu- zida a uma dessas duas escolas literárias. Com relaçãoà estruturação e a abordagem temática, presentes no poe- ma, percebem-se marcas dessa diversidade estética em elementos como: A a constatação da solidão, que se constrói a partir de comparações e afirmações. B o medo da solidão, expresso por meio de metáforas de significação imprecisa. C a esperança da felicidade, que se revela na imagem de um convento. D a consciência da dor, que é gerada pelo sofrimento de estar sozinha. E a fé religiosa, que se mostra na imagem dos sinos de um convento. QUESTãO 20 Voltei-me para ela; Capitu tinha os olhos no chão. Ergueu-os logo, devagar, e ficamos a olhar um para o ou- tro… Confissão de crianças, tu valias bem duas ou três páginas, mas quero ser poupado. Em verdade, não fala- mos nada; o muro falou por nós. Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se. Assis, M. Dom Casmurro. Globo, Rio de Janeiro: 2008 O trecho em que o narrador refere-se a um suposto interlocutor, fazendo uso da função conativa (ou apelati- va) da linguagem, é: A “Voltei-me para ela” B “Confissão de crianças”. C “não falamos nada” D “o muro falou por nós”. E “Não nos movemos”. QUESTãO 21 Carta Capital: Em maio, a mídia condenou o livro Por Uma Vida Melhor, seus autores e o próprio ministério por admitirem o “português errado”, sob o pretexto de alertar para o “preconceito linguístico”. No seu entendimento, tal conclusão é correta? Sírio Possenti: O preconceito linguístico consisti- ria em discriminar alguém pelo fato de falar de maneira diferente. Pode acontecer em situações diversas. Por exemplo, não contratar um trabalhador pelo fato de ele ter um sotaque marcado – do interior paulista ou baiano, por exemplo – ou porque não usa variantes sintáticas cul- tas, mas apenas as populares (empregar concordâncias verbais ou nominais como “eles foi” ou “10 real”). Sendo bem conservador, diria que, em certos casos, uma de- cisão como essa seria mais compreensível do que em outros. Acho o fim do mundo que um contador ou um trabalhador braçal seja dispensado por tais critérios, mas compreenderia que uma empresa regional preferisse “re- lações-públicas” que se caracterizassem como “do lugar”. A questão pode ser diferente também na escola. Não se pode exigir nos primeiros anos de falantes oriundos de grupos populares que dominem formas de falar com as quais têm pouquíssimo contato e, principalmente, que do- minem a escrita-padrão. Mas, se a escola for competen- te, deve-se exigir progressivamente o domínio do padrão. Uma pessoa pode ser vítima de preconceito também por razões “teóricas”. Por exemplo, ser considerada incapaz de pensar “direito” pelo fato de seguir outra gramática. Se isso fosse verdade, as pessoas só poderiam pensar em uma língua... Em resumo, o preconceito pode, sim, vitimar falantes “diferentes”. E os vitima todos os dias... Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/. Acesso em 20/05/2020 (adaptado) Sírio Possenti, importante linguista brasileiro e pro- fessor da Unicamp, se posiciona em relação a um livro didático proposto pelo MEC que levaria em conta expres- sões linguísticas como “os livro”. Esse livro foi criticado pela mídia por “ensinar o português errado”. Para o autor, o ensino de gramática normativa na escola: A é absolutamente desnecessário, tanto para a vida pes- soal quanto para a vida profissional. B deve ser incentivado, em detrimento do estudo das va- riações linguísticas, principalmente as regionais. C é importante, desde que seja feito gradualmente, sem que as variantes linguísticas sejam desprestigiadas. D é completamente necessário, sendo um fator decisivo no sucesso profissional de todos os estudantes. E deve ser respeitado, a partir do momento em que o aluno demonstrar interesse pela norma padrão. Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 8 2020 QUESTãO 22 Recapitulemos os caracteres da língua: Ela é um objeto bem definido no conjunto heteróclito dos fatos da linguagem. Pode-se localizá-la na porção determinada do circuito em que uma imagem auditiva (significante) vem associar-se a um conceito (significa- do). Ela é a parte social da linguagem, exterior ao indi- víduo, que, por si só, não pode nem criá-la, nem modifi- cá-la; ela não existe senão em virtude duma espécie de contrato estabelecido entre os membros da comunidade. Por outro lado, o indivíduo tem necessidade de uma aprendizagem para conhecer-lhe o funcionamento; so- mente pouco a pouco a criança assimila. A língua é uma coisa de tal modo distinta que um homem, mesmo privado do uso da fala, conserva a língua. Saussure, F. Curso de Linguística Geral. Cultrix, São Paulo: 2006 (adaptado) Na composição de textos técnicos, é muito impor- tante o uso de elementos coesivos que retomem e que anunciem estruturas frasais. Dos termos abaixo, aquele que anuncia uma informação é: A “localizá-la” B “em que” C “associar-se” D “Por outro lado” E “conhecer-lhe” QUESTãO 23 Muitas vezes, as críticas ao internetês são apressa- das e não têm embasamento científico algum, visto que são operadas mais pelo estranhamento das formas do que pela tentativa de depreender sua “lógica” ou funcio- nalidade. Como pode alguém falar de um novo uso (que choca/causa estranhamento) da língua sem levar em conta o que seja língua, palavra, léxico, norma, variante, dialeto ou escrita? Equacionar essas noções, tão básicas, é essencial para entender estrutura do funcionamento do uso da língua na Internet, uma faceta da língua adaptada às circunstâncias exigidas para a comunicação utilizando o computador. Bisognin, T. Reflexões Linguísticas e Redação no Vestibular. (org. Sabrina de Abreu) UFRGS, Porto Alegre: 2010 O uso da novas tecnologias da comunicação deu ori- gem à variante linguística chamada “internetês”. Para o autor, essa variedade: A é informal e inadequada em qualquer situação comunicativa. B expressa falta de interesse em aprender a norma-padrão. C deve tornar-se a variedade a ser seguida como padrão. D corresponde às necessidades comunicativas na Internet. E representa a dificuldade de comunicação dos jovens. QUESTãO 24 - Deus fez os pretos porque tinha de os haver. Ti- nha de os haver, meu filho, Ele pensou que realmente tinha de os haver…. Depois arrependeu-se de os ter feito porque os outros homens se riam deles e levavam-nos para casa deles para os pôr a servir de escravos ou pouco mais. Mas como Ele já não os pudesse fazer ficar todos brancos, porque os que já se tinham habituados a vê-los pretos reclamariam, fez com que as palmas das mãos de- les ficassem exatamente como as palmas das mãos dos outros homens. E sabes porque é que foi? Claro que não sabes e não admira porque muitos e muitos não sabem. Pois olha: foi para mostrar que o que os homens fazem é apenas obra dos homens… que o que os homens fazem é efeito por mãos iguais, mãos de pessoas que se tivessem juízo saberiam que antes de serem qualquer outra coisa são homens. Deve ter sido a pensar assim que Ele fez com que as mãos dos pretos fossem iguais às mãos dos homens que dão graças a Deus por não serem pretos. Depois de dizer isso tudo, a minha mãe beijou-me as mãos. Honwana, L. B. Nós Matamos o Cão Tinhoso. Kapulana, São Paulo: 2015 Luis Bernardo Honwana, autor moçambicano, produ- ziu muitos contos que abordam a temática do racismo. Sob essa perspectiva, percebe-se, na fala de uma mãe a seu filho, uma visão: A metafórica, que descreve o racismo de forma indireta. B realista, que critica o racismo de forma argumentativa. C idealista, que considera o racismo um aspecto social positivo. D pessimista, que percebe o racismo como um problema sem solução. E poética, que entende o racismo apenas como objeto literário. QUESTãO 25 Infelizmente, existe uma tendência (mais um precon- ceito!) muito forte no ensino da língua de querer obrigar o aluno a pronunciar “do jeito que se escreve”, como se essa fosse a única maneira “certa” de falar português. (Imagine sealguém fosse falar inglês ou francês do jei- to que se escreve!) Muitas gramáticas e livros didáticos chegam ao cúmulo de aconselhar o professor a “corrigir” quem fala muleque, bêju, minino, bisoro, como se isso pudesse anular o fenômeno da variação, tão natural e tão antigo na história das línguas. Bagno, M. Preconceito Linguístico, o que é e como se faz. Loyola, São Paulo: 2006 Ao abordar a prática de “corrigir” o uso de certas variedades linguísticas, o autor Marcos Bagno emprega, majoritariamente, em seu texto: A a norma padrão, característica de textos técnico-científicos. B a variedade oral, muito usada em diálogos informais. C linguagem literária, utilizada com finalidade estética. D estruturas comparativas, com o intuito de relacionar o português a outros idiomas. E linguagem acadêmica, com o objetivo de atingir públi- co especializado. Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 9 2020 QUESTãO 26 Dicionário (subst. masc) 1 – compilação completa ou parcial das unidades léxicas de uma língua (palavras, lo- cuções, afixos, etc.) ou de certas categorias específicas suas, organizadas numa ordem convencionada, geral- mente alfabética. 2 – compilação de alguns dos vocábulos empregados por um indivíduo, um grupo de indivíduos, ou usuários numa época, num movimento, etc. 3 – livro, ou qualquer outro suporte de mensagem auditiva, visual etc. Houaiss, A. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Objetiva: 2009. No trecho de um dicionário, percebe-se a significa- ção atribuída ao verbete “dicionário”. Por meio desse mo- vimento metalinguístico, é elaborada uma definição: A que leva em conta a diversas variedades linguísticas para a construção dos possíveis sentidos do vocábulo. B que busca delimitar um campo semântico sem deixar de reconhecer a amplitude que extrapola a própria de- finição do vocábulo. C que se utilizada da linguagem metafórica para ampliar ao máximo o campo de significação do vocábulo. D que tem como objetivo o registro etimológico da raiz do vocábulo. E que analisa apenas o aspecto formal do vocábulo. QUESTãO 27 Trezentas Onças - Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viaja- va de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar. Parece que foi ontem!... Era por fevereiro; eu vinha abombado da troteada. - Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma re- boleira de mato, que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lom- bilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda. Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira… e fui-me à água que nem capincho! Lopes Neto, S. Contos Gauchescos. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20/05/2020 O uso de expressões como “guaiaca empanzinada” e “fui-me à água que nem capincho” são recursos linguís- ticos que: A singularizam características de falantes de uma região. B marcam aspectos de informalidade e coloquialidade. C universalizam a obra literária. D prejudicam a compreensão de qualquer leitor. E são específicos de determinadas classes sociais. QUESTãO 28 Contra o Padre Vieira. Autor do nosso primeiro em- préstimo, para ganhar comissão. O rei-analfabeto disse- ra-lhe: ponha isso no papel mas sem muita lábia. Fez-se o empréstimo. Gravou-se o açúcar brasileiro. Vieira deixou o dinheiro em Portugal e nos trouxe a lábia. Andrade, O. Manifesto Antropofágico O Manifesto Antropofágico, publicado em 1928, é um texto muito significativo para o Modernismo brasileiro, es- pecialmente em sua primeira fase. Nesse trecho, ao se referir à literatura colonial, o A defende uma concepção estética inovadora, composta por uma sequência de imagens dispersas. B faz uma comparação histórica detalhada, levando em conta os aspectos econômicos do Brasil Colônia. C constrói uma visão crítica, apresentando novas possí- veis funções para os textos literários. D analisa o importante papel de Padre Antônio Vieira na economia durante todo o período colonial. E critica a estética barroca, desqualificando os textos co- loniais por conta de seu aspecto formal. QUESTãO 29 TEXTO I Saudade É uma palavra Saudade Só existe na língua portuguesa Saudade de Val vendendo pó na esquina Saudade do que nunca vai voltar Cazuza, Saudade TEXTO II A língua portuguesa é a continuação ininterrupta, no tempo e no espaço, do latim levado à Península Ibérica pela expansão do império romano, no início do Séc. III a.C., particularmente no processo de romanização dos povos do oeste e noroeste (lusitanos e galaicos). Bechara, E. Moderna Gramática Portuguesa Rio de Janeiro: Lucerna, 2006 Os dois textos, apesar de terem funções sociais di- ferentes, apresentam a mesma função da linguagem, ca- racterizada por A convencer o receptor acerca dos argumentos apresentados B expressar o sentimento do autor em relação à língua. C construir uma pesquisa científica com foco no referente. D buscar a construção estética da mensagem. E ter o próprio código da língua como temática. Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 10 2020 QUESTãO 30 Nota Preliminar (...) O jagunço destemeroso, o tabaréu ingênuo e o caipi- ra simplório serão em breve tipos relegados às tradições evanescentes, ou extintas. (...) A civilização avançará nos sertões impelida por essa implacável “força Motriz da História” que Gumplowicz, maior do que Hobbes, lobrigou, num lance genial, no es- magamento inevitável das raças fracas pelas raças fortes. A campanha de Canudos tem por isto a significação inegável de um primeiro assalto, em luta talvez longa. Nem enfraquece o asserto a termos realizado nós, filhos do mesmo solo, porque, etnologicamente indefinidos, sem tradições nacionais uniformes, vivendo parasitariamente à beira do Atlântico, dos princípios civilizadores elaborados na Europa, e armados pela indústria alemã — tivemos na ação um papel singular de mercenários inconscientes. (...) Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo. DA CUNHA, E. Os Sertões, 1902 O narrador elabora uma descrição dos povos que vi- vem no interior do Brasil, distantes da capital nacional (na época, o Rio de Janeiro). Nessa descrição, expressam-se influências do Naturalismo, pois: A há uma visão progressista, em “a força Motriz da História”. B é feita uma denúncia social, em “caipira simplório” C o sentido se dá de forma intertextual, na referência a “Hobbes”. D a argumentação revela-se determinista, em “esmaga- mento inevitável”. E o texto enaltece a batalha contra Canudos, em “Aque- la campanha”. QUESTãO 31 Como uma estância é lugar onde nada acontece, constituíra uma fábula a chegada do Maestro, com seu empoeirado baú de partituras, seu bandolim de fitas, o pe- nico atado à mala e aquela pele escura, crivada de pontos malévolos. (...) Não era do Rio Grande do Sul; em suas poucas pa- lavras revelara-se aquele acento corrompido e cantante dos baianos, essa gente sem eira nem beira que veio lutar na Revolução, e cujos remanescentes ainda se embebe- davam pelos bolichos”. Assis Brasil, L. A. Concerto Campestre. L&PM, Porto Alegre: 1997. Ao referir-se ao modo de falar da personagem, o narrador o descreve como “corrompido e cantante”. Isso constitui um/uma: A conclusão, defendida com argumentos empíricos. B juízo de valor, elaborado por uma visão mítica. C avaliação crítica, construída a partir da análise histórica. D ponto de vista, estruturado a partir de experiências individuais. E Informação, formulada para explicar um fato. QUESTãO 32 “Perspectivismo” foi um rótulo que tomei empresta- do ao vocabulário filosófico moderno para qualificar um aspecto muito característico de várias, senão todas, as cosmologias ameríndias (dos índios da América). Trata- se da noçãode que, em primeiro lugar, o mundo é po- voado de muitas espécies de seres (além dos humanos propriamente ditos) dotados de consciência e de cultura e, em segundo lugar, de que cada uma dessas espécies vê a si mesma e às demais espécies de modo bastante singular: cada uma se vê como humana, vendo todas as demais como não-humanas, isto é, como espécies de ani- mais ou de espíritos. Assim, por exemplo, as onças se veem como gente, vendo ainda vários elementos de seu universo como se consistissem de objetos culturais: o sangue dos animais que matam é visto pelas onças como cerveja de mandio- ca etc. Em contrapartida, as onças não nos veem, a nós humanos (que naturalmente nos vemos como humanos), como humanos, mas sim como animais de presa: porcos selvagens, por exemplo. É por isso que as onças nos atacam e devoram. Quanto aos porcos selvagens (isto é, aqueles seres que vemos como porcos selvagens), estes se também se veem como humanos, vendo, por exemplo, as frutas silvestres que comem como se fossem plantas cultivadas – mas veem a nós humanos como se fôssemos espíritos canibais (pois os caçamos e comemos). CASTRO, Eduardo Viveiros de. O Perspectivismo Ameríndio. Disponível em: http://lucio-uberdan.blogspot.com.br/ Acesso em: 04/10/2016. O “perspectivismo ameríndio” é um estudo filosófico que busca descrever “as cosmologias ameríndias”. A partir dessa cosmovisão, expressa mais intensamente a partir do segun- do parágrafo, nós, seres humanos, somos vistos como: A seres de grandes poderes, cujas potencialidades cau- sariam medo. B seres vivos, cuja importância pode se resumir à ali- mentação da onça. C seres de luz, cuja relevância espiritual sobressai. D seres de escuridão, dos quais é melhor manter distância. E seres disformes, cujas particularidades seriam incom- preensíveis à onça. Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 11 2020 QUESTãO 33 Quase todas as tradições e canções eram estrangei- ras; o próprio “Tangolomango” o era também. Tornava-se, portanto, preciso arranjar alguma cousa própria, original, uma criação da nossa terra e dos nossos ares. Essa ideia levou-o a estudar os costumes tupinam- bás; e, como uma ideia traz outra, logo ampliou o seu propósito e eis a razão por que estava organizando um código de relações, de cumprimentos, de cerimônias do- mésticas e festas, calcado nos preceitos tupis. Desde dez dias que se entregava a essa árdua tare- fa, quando (era domingo) lhe bateram à porta, em meio de seu trabalho. Abriu, mas não apertou a mão. Desandou a chorar, a berrar, a arrancar os cabelos, como se tivesse perdido a mulher ou um filho. A irmã correu lá de dentro, o Anastácio também, e o compadre e a filha, pois eram eles, ficaram estupefatos no limiar da porta. – Mas que é isso, compadre? – Que é isso, Policarpo? – Mas, meu padrinho... Ele ainda chorou um pouco. Enxugou as lágrimas e, depois, explicou com a maior naturalidade: – Eis aí! Vocês não têm a mínima noção das cousas da nossa terra. Queriam que eu apertasse a mão. Isto não é nosso! Nosso cumprimento é chorar quando encontra- mos os amigos, era assim que faziam os tupinambás. BARRETO, Lima. Triste Fim de Policarpo Quaresma O romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, discute, entre outros aspectos, o naciona- lismo brasileiro. Major Policarpo é um nacionalista ufanis- ta, que aprecia, exacerbadamente, diversos aspectos da cultura brasileira. No trecho, Policarpo faz a recuperação de costumes indígenas que: A não são aceitos pelos seus conhecidos devido ao pre- conceito contra indígenas. B causam espanto por serem muito deslocados do con- texto histórico em que se passa o romance. C afetam espiritualmente os companheiros de Policarpo, que se emocionam. D demonstram a imersão total de Policarpo na cultura indígena, única verdadeiramente brasileira. E são descontextualizados em uma realidade urbana e burguesa. QUESTãO 34 “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto E abro as janelas, pálido de espanto... E conversamos toda a noite, enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo? “ E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas”. Bilac, O. Poesias, 1888 Os poetas parnasianos apresentam uma poética bastante característica. No poema de Olavo Bilac, perce- be-se uma construção diferenciada pois: A é composto na forma de um diálogo entre dois interlocutores. B utiliza palavras de significação imprecisa. C se remete à temática amorosa como elemento significativo. D apresenta o questionamento de um sujeito conversan- do com si próprio. E utiliza o soneto, forma utilizada apenas pelos parnasianos. QUESTãO 35 CAPÍTULO VIII É TEMPO Mas é tempo de tornar àquela tarde de novembro, uma tarde clara e fresca, sossegada como a nossa casa e o trecho da rua em que morávamos. Verdadeiramente foi o princípio da minha vida; tudo o que sucedera antes foi como o pintar e vestir das pessoas que tinham de entrar em cena, o acender das luzes, o preparo das rabecas, a sinfonia... Agora é que eu ia começar a minha ópera. “A vida é uma ópera”, dizia-me um velho tenor italiano que aqui viveu e morreu... E explicou-me um dia a definição, em tal maneira que me fez crer nela. Talvez valha a pena dá-la; é só um Capítulo. Assis, M. Dom Casmurro. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000194.pdf. Acesso em 20/05/2020 Dom Casmurro é uma obra de memórias, na qual Bentinho, personagem-narrador, vai nos relatando mo- mentos marcantes de sua vida. Para expressar a impor- tância da cena que será contada, ele se utiliza de um pro- cedimento narrativo fundamentado no(a) A analogia B poeticidade C imprecisão D musicalidade E lembrança Linguagens | Caderno 1 - AZUL - Página 12 2020 QUESTãO 36 O Almocreve Vai então, empacou o jumento em que eu vinha mon- tado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, e com tal de- sastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada afora. Digo mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desven- cilhei-me do estribo e pus-me de pé. — Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve. E era verdade; se o jumento corre por ali fora, con- tundia-me deveras, e não sei se a morte não estaria no fim do desastre; cabeça partida, uma congestão (...). O almocreve salvara-me talvez a vida; era positivo; eu sentia-o no sangue que me agitava o coração. Bom almocreve! Enquanto eu tornava à consciência de mim mesmo, ele cuidava de consertar os arreios do jumento, com muito zelo e arte. Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que trazia comigo. (...) Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo co- gitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma moeda era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei- lhe a roupa; era um pobre-diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, via-a reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe con- selhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o “senhor doutor” podia castigá-lo. Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em pra- ta, cavalguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da prati- nha. Masa algumas braças de distância, olhei para trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de contentamento. Adverti que devia ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. *Almocreve: condutor de animais de carga Assis, M. Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881. Os romances das últimas décadas do séc. XIX po- dem ser analisados como registros da dinâmica social brasileira da época. Sob esse aspecto, o olhar do narra- dor sobre o almocreve vai se modificando por conta de: A uma busca por respeito a todo indivíduo, independen- temente da profissão que exerça. B um desprestígio a todo indivíduo que seja condutor de cargas. C um pré-julgamento, que avalia os indivíduos de forma utilitarista. D um abuso de autoridade, submetendo um indivíduo a uma situação vexatória. E uma postura financeira, que tenta gastar sempre menos. QUESTãO 37 Introdução A Língua Geral na Amazônia assumiu diferentes papéis ao longo da história da ocupação da região (séc. XVII – XX). Vamos tratar aqui de três momentos históricos em que a Língua Geral foi considerada sucessivamente como “língua de branco”, na Colônia; “língua brasileira”, no Império; e “língua de índio”, nas últimas décadas no Rio Negro. Barros, M. Borges, L. Meira, Márcio. A Língua Geral como Identidade construída. USP, 1995. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/ra/article/view/111629/109666. Acesso em 20/05/2019 Compreendendo a Língua Geral como parte do pa- trimônio linguístico nacional, a sua transição de “língua de branco” no séc. XVII para “língua de índio” no séc. XX representa: A a expansão do domínio político indígena no território brasileiro. B um processo de transformação estrutural de um idioma. C uma mudança na forma como um povo percebe um idioma. D a modernização política desenvolvida após a Independência. E o surgimento de novos idiomas ao longo do tempo. QUESTãO 38 Em alemão antigo, Walachai significa ‘terra distante’. É também o nome de uma pequena comunidade de imi- gração alemã na serra gaúcha, onde nasceu a diretora Rejane Zilles, que volta à sua terra neste filme terno e, ao mesmo tempo, informativo sobre uma das vertentes da formação cultural brasileira. Walachai e outras pequenas comunidades serranas ficam a cerca de 100 quilômetros de Porto Alegre. Tão próximas da metrópole, parecem, no entanto, saídas de outro tempo e de outro lugar. Essa atemporalidade é bem flagrada no documentário. Por exemplo, quando se nota que os habitantes, embora muitos deles já nascidos no Brasil, falam com certa dificuldade o português. A língua é o alemão. Ou um tipo particular de alemão. Uma espécie de dialeto, trazido de outras regiões e cozinhado aqui no hemisfério sul. Zanin, L. O Estado de São Paulo. Walachai, lá onde o tempo escorre como um rio lento. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br. Acesso em 8/10/2019 O texto revela uma condição linguística em que pes- soas nascidas no Brasil não dominam a língua portugue- sa. Isso revela que, para a comunidade de Walachai, a sua identidade linguística: A transcende limites territoriais. B está condicionada a aspectos políticos. C é fruto de uma mistura e desordem expressiva. D segue padrões culturais. E é consequência de imposições. Competências 5, 6 e 8 | Caderno 1 - AZUL - Página 13 2020 QUESTãO 39 Violões que Choram Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento. (...) Sutis palpitações à luz da lua. Anseio dos momentos mais saudosos, Quando lá choram na deserta rua As cordas vivas dos violões chorosos. Quando os sons dos violões vão soluçando, Quando os sons dos violões nas cordas gemem, E vão dilacerando e deliciando, Rasgando as almas que nas sombras tremem. Harmonias que pungem, que laceram, Dedos nervosos e ágeis que percorrem Cordas e um mundo de dolências geram, Gemidos, prantos, que no espaço morrem... E sons soturnos, suspiradas mágoas, Mágoas amargas e melancolias, No sussurro monótono das águas, Noturnamente, entre remagens frias. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. Tudo nas cordas dos violões ecoa E vibra e se contorce no ar, convulso... Tudo na noite, tudo clama e voa Sob a febirl agitação de um pulso. Que esses violões nevoentos e tristonhos São ilhas de degredo atroz, funéreo, Para onde vão, fatigadas no sonho, Almas que se abismaram no mistério Cruz e Sousa, 1897. Representante icônico do Simbolismo, Cruz e Sousa encarna em sua poesia o uso predominante da função poética da linguagem. Marque a alternativa que apresen- ta um trecho do poema que melhor expressa o uso dessa função: A “Sutis palpitações à luz da lua” B “Quando os sons dos violões nas cordas gemem / E vão dilacerando e deliciando” C “Vozes veladas, veludosas vozes / Volúpias dos vio- lões, vozes veladas” D “Tudo nas cordas dos violões ecoa” E “Almas que se abismaram no mistério” QUESTãO 40 PROJETO NURC-RJ RECONTATO: Inquérito 373 (feminino / 76 anos) Tema: Dinheiro, banco, finanças LOCAL/DATA: Rio de Janeiro, 1996 TIPO DE INQUÉRITO: Diálogo entre informante e documentador DOCUMENTADOR: F L DOCUMENTADOR. - terá como tema... dinheiro... bancos... finanças... a bolsa... por favor... o que a senhora poderia dizer... sobre esse tema... o que faz... o que fa- zer num... num tempo de tantas crises... em que bancos estão sendo... estão quebrando... em que há... uma dife- rença enorme... entre o nível da população... o nível eco- nômico da população... dez brasileiros têm um potencial altíssimo econômico enquanto a maioria... vive na mais profunda miséria... o que fazer com os bancos... com o governo... a senhora aplica em bolsa... o que que a gente deve fazer... com essa parte econômica do país? ENTREVISTADA. - bom... eu não sou ... financista... não sou... ecome/...eh... econoMISta... e... não... não te- nho assim... grandes interesses por esse... esses temas de... compra... e vende... economiza... e ganha e... perde e... eu não tenho esse... não tenho esse hábito e não... não tenho mesmo interesse nenhum nesse... nesse pon- to... e... acho que até é um tema pro momento... já que... eu sou... uma... repetente né? Disponível em http://www.nurcrj.letras.ufrj.br/. Acesso em: 20/05/2019 A oralidade é um sistema de expressão diferente da escrita. Uma marca muito característica da oralidade é a concomitância entre planejamento e execução dos atos de fala. Marque a alternativa que apresenta o trecho que melhor evidencia essa característica: A “terá como tema... dinheiro... bancos... finanças...” B “por favor... o que a senhora poderia dizer... sobre esse tema...” C “o que que a gente deve fazer... com essa parte eco- nômica do país?” D “bom... eu não sou ... financista... não sou... ecome/... eh... economista” E “acho que até é um tema pro momento... já que... eu sou... uma... repetente né? www.profelipereira.com
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