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Nesta Unidade, você vai continuar os estudos sobre o solo, com a preocupação específica de discutir como a utilização inadequada desse recurso pode causar problemas para o meio ambiente e, conse- quentemente, para os seres vivos. Para tanto, primeiramente serão apresentados os agentes capazes de remodelar o solo – a ação dos fenômenos naturais e a ação humana – e será discutido como esses agentes podem agir nesse processo. Para iniciar... Observe a figura a seguir. Nela pode-se ver uma região da Amazô- nia na qual ocorreu desmatamento. • Quais são as consequências do desmatamento para a qualidade do solo? • Se o desmatamento é prejudicial para o ambiente, por que ele con- tinua acontecendo em larga escala? Quais são as principais causas do desmatamento? 3 o Uso inadeqUado do solo Vista aérea de desmatamento na Floresta Amazônica nas proximidades de Tefé (AM), nov. 2009. © E rn es to R eg hr an /P ul sa r I m ag en s 65 A falta de planejamento da ação humana e o intemperismo, quando combinados, são extremamente prejudiciais à qualidade do solo. Desde sua origem, o solo tem se modificado constantemente pela ação das intempéries. Mais recentemente, o aumento das populações e a consequente demanda por moradia, alimentos, bens de consumo, entre outros fatores, geraram a diversificação no uso do solo, não apenas para produzir alimentos e extrair recursos minerais, mas também para a construção de casas, indústrias, estradas ou depó- sitos de resíduos. Áreas tomadas por florestas, rios e montanhas foram destruídas e modificadas pela ação humana. Dois fatores que muito contribuem para a geração de problemas são o desmatamento e a impermeabilização do solo. Veja agora cada um deles. Desmatamento Grande parte da superfície terrestre é recoberta por vegetais das mais variadas espécies. Árvores, arbustos, pequenas plantas, frutos e flores dão tom às paisagens. Além de deixar a paisagem mais colo- rida, as plantas têm um importante papel na vida dos animais e na proteção e ciclagem do solo. O desenvolvimento das plantas é influenciado principalmente pelo clima, pelo relevo e pelo tipo de solo em que se encontram. Chamamos de cobertura vegetal os tipos ou as formas de vegetação, nativa ou plantada, que recobrem determinada área ou terreno. A destruição da cobertura vegetal, também chamada desmata- mento, é um processo que ocorre em todo o planeta como resultado do crescimento das atividades produtivas e econômicas em larga escala, associadas ao aumento da população humana. Isso coloca em risco várias regiões do planeta, principalmente as matas e florestas. Alguns motivos para o desmatamento são os seguintes: a retirada de madeira para a comercialização ou a produção de carvão vegetal; a preparação de terras para a agricultura e pecuária; a instalação de indústrias, usinas de geração de energia; a construção de moradias, estradas etc.; e a exploração de recursos minerais, principalmente pela ação de mineradoras e garimpos. Geografia 6o ano – Unidade 2 Fica a dica Se necessário, volte à Unidade 2 (p. 50) e reveja o conceito de “ciclagem do solo”. 66 Ciências – Unidade 3 Falta legenda Obs.: Modificações antrópicas são aquelas mudanças no meio natural causadas por ações humanas. Fonte: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli Aparecida de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005. p. 87. Mapa de base com generalização cartográfica. Algumas feições do território nacional não estão representadas. Ecossistemas As modi�cações antrópicas 0 500 km © HT-2003 MGM-LibergéoFonte: IBGE, Atlas Nacional do Brasil 2000. Cerrados Amazônia Zonas antropizadas Entre 1960 e 1997 Até 1960 Caatinga Meio-Norte Pantanal Costas e �oresta atlântica Floresta semicaducifólia Pinheiros Extremo Sul Equador Trópico de Capricórnio 60º W 40º W 60º W 40º W (transformadas pelo homem) As modificações antrópicas Vai acabar? De acordo com o WWF (Fundo Mundial para a Natureza, traduzido do inglês World Wildlife Fund ), os dados obtidos por satélites mostram que nos últimos 500 anos quase metade de toda área de vegetação natural no mundo foi desmatada, o que gerou: genocídio de nações indígenas (matança injustificada de um número elevado de pessoas da mesma etnia), degradação do solo, aceleração de processos de desertificação, erosão, mudanças climáticas e diminuição da biodiversidade. No Brasil, a primeira floresta a ser desmatada foi a Mata Atlântica, da qual restam menos de 8% de sua área original. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, 61% do nosso País era coberto por matas e florestas. Desde essa época, o território brasileiro começou a ser desmatado. A extensão das florestas brasileiras corresponde atualmente a menos de 30% da superfície do País, ou seja, mais da metade foi devastada. Será que um dia as florestas não vão mais existir? Ciências – Unidade 3 67 SO S M at a At lâ nt ic a A maior parte da Mata Atlântica já foi devastada, seja para a exploração dos recursos minerais do solo, para a produção de madeira e carvão, o plantio e a pecuária ou para a moradia. Observe o que ocorreu particularmente no Estado de São Paulo: quase todo ele era coberto pela Mata Atlântica e, hoje, pouco sobrou dela. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica, 2008-2010 68 Ciências – Unidade 3 Atividade 1 O desmatamento na Amazônia 1. Com base no gráfico a seguir, em qual Estado da Amazônia Legal a taxa de desmatamento foi maior em 2010? Fonte: INPE. Projeto Prodes – Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por satélite. Consolidação da Taxa de desmatamento da Amazônia no período 2009-2010. Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/ prodes/Prodes_Taxa2010.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2012. 2. O gráfico a seguir mostra o ritmo de desmatamento na Amazônia nos últimos anos. É possível verificar a variação do desmatamento de 1988 a 2010. Fonte: INPE. Projeto Prodes – Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por satélite. Taxas anuais de desmatamento – 1988-2010. Disponível em: <http://www.obt.inpe.br/prodes/prodes_1988_2010.htm>. Acesso em: 9 jan. 2012. © D ’L iv ro s E di to ria l Área total de desmatamento = 7 000 km². PA (54%) RO (6%) RR (4%) TO (1%) AC (4%) AM (8%) MA (10%) MT (12%) AP (1%) 0 5 000 10 000 15 000 20 000 25 000 30 000 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 (a) (b) (b) 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 (a) Média entre 1977 e 1988. (b) Média entre 1993 e 1994. Á re a de sm at ad a (k m 2) 2010 © D ’L iv ro s E di to ria l Taxa de desmatamento da Amazônia Legal (% km2), 2010 Taxa de desmatamento anual da Amazônia (km2/ano) Ciências – Unidade 3 69 • Em quais anos a taxa de desmatamento foi maior? E em quais anos houve as menores taxas de desmatamento? Então, você di- ria que o ritmo de desmatamento tem aumentado ou diminuído? 3. Vimos que a Mata Atlântica foi amplamente desmatada ao longo dos anos. Discuta com seus colegas se o mesmo poderá acontecer com a Floresta Amazônica e o que pode ser feito para preservá-la. Anote suas considerações. Ao destruir a vegetação natural, além de retirar a moradia e a fonte de alimentação de inúmeros animais, estamos diminuindo con- sideravelmente a proteção do solo contra as intempéries. Mais do que proteger o solo contra a ação direta do Sol, a copa das árvores pro- tege o solo da ação direta das chuvas, pois parte da água bate nas folhas da vegetação antes de atingir a superfície, diminuindo signi- ficativamente seu impacto no solo. Além disso, as raízes das plantas ajudam a segurar as partículas do solo, mantendo-as firmes mesmo enquanto a água escorre pela terra. 70 Ciências – Unidade 3 Atividade 2 Os diferentes tipos de desmatamento 1. O texto a seguir é um trecho da obra Inocência, escrita pelo Visconde de Taunay em 1872 – por isso é que o texto apresenta uma linguagem comum para aquela época, mas com alguns termos quepodem nos parecer estranhos hoje. Já naquela época, falava-se em desmatamento. Leia o trecho abaixo: [...] Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e resse- cado pelo ardor do Sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. […] A incineração é completa, o calor intenso, e nos ares revoltos volitam palhinhas carboretadas, detritos, argueiros e grânulos de carvão que redemoinham, sobem, descem e se emaranham nos sorvedouros e adelga- çadas trombas, caprichosamente formadas pelas aragens, ao embaterem umas de encontro às outras. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. [...] TAUNAY, Alfredo d’Escragnole . Inocência. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2017>. Acesso em: 9 jan. 2012. a) Que palavras lhe causaram estranhamento? Anote-as a seguir e procure seu significado no dicionário. Identifique qual o signi- ficado adequado de cada uma delas em relação ao texto. Se for necessário, divida o trabalho com seus colegas de classe. b) A qual forma de desmatamento o texto se refere? Grife o trecho do texto em que se descreve esse desmatamento. c) Você já participou ou viu algum desmatamento ser realiza- do? Vo cê participaria de algum desmatamento? Justifique sua resposta. Ciências – Unidade 3 71 As queimadas são feitas para consumir a vegetação e formar pastos ou terra agriculturável. © R ic ar do A zo ur y/ Pu lsa r I m ag en s Tratores com correntes de arraste são utilizados para a derrubada rápida da mata e preparação do terreno para a construção ou a exploração de recursos. A motosserra é um método utilizado para a retirada de madeira para a comercialização. © K éz ia M ac ed o/ Ib am a © F ab io C ol om bi ni Formas de desmatamento Existem várias maneiras de desmatar um terreno. Dependendo do motivo e do tamanho da área a ser desmatada, o método utilizado pode ser diferente. Queimadas A queimada é uma prática antiga nas Américas, herdada dos povos indígenas, que a realizavam em pequena escala ao longo de 12 mil anos, com a finalidade de preparar a terra para o cultivo também em pequena escala, protegendo a área em seu entorno. A roça era preparada abrindo-se clareiras e, depois, realizava-se a queimada con- trolada, para evitar o excesso de calor e o dano às raízes plantadas. No entanto, visando ao aumento da produção agrícola, os por- tugueses transformaram as queimadas em uma prática utilizada em larga escala, o que a tornou prejudicial ao solo e ao ambiente. O calor intenso provocado pelas queimadas, por exemplo, mata as plantas e os animais, além de eliminar os microrganismos que vivem no solo. A fumaça e as substâncias tóxicas liberadas durante as queimadas são, também, fatores importantes para o aumento da incidência de doenças respiratórias, como bronquite, rinite, asma, tosse, rouquidão, faringite, laringite, coriza e alguns tipos de câncer. Além disso, a fumaça e os gases provocam outros impactos em escala local e global, pois aumentam a concentração de gás carbô- nico na atmosfera, considerado um dos principais responsáveis pelo aquecimento do planeta. No Brasil, por exemplo, as queimadas são responsáveis por 70% de todas as emissões de gás carbônico. 72 Ciências – Unidade 3 Atividade 3 Áreas de queimada Os mapas ao lado mostram os focos de queimada ao longo dos anos de 2008 a 2010. Em duplas, analisem os mapas e respondam às questões que seguem. 1. Compare os mapas. Houve redução ou aumento na quantidade de queimadas ao longo dos últimos anos no Brasil? E no Estado de São Paulo? 2. Na sua opinião, por que aconteceu essa mudança no número de queimadas? 3. Em qualquer dos três mapas, em que Estados ou re- giões se concentram os focos de queimada? © C PT EC /IN PE . G ru po d e Q ue im ad as Fonte: Divisão de Sistemas e Satélites Ambientais (INPE). Mantida grafia original. Ciências – Unidade 3 73 Garimpo Uma atividade bastante antiga em todo mundo, o garimpo é uma forma rudimentar e barata de extrair ouro e pedras preciosas do solo, utilizando ferramentas simples. Surgiu no Brasil no século XVII, quando se iniciou a extração de ouro em São Paulo e no sul de Minas Gerais, espalhando-se depois pelo restante do País. O garimpo geralmente se faz sem cuidado ou preocupação com o meio ambiente, utilizando-se produtos químicos extremamente tóxi- cos, como o mercúrio, ou devastando-se imensas áreas por escavação do solo, com o consequente desmatamento e a retirada da cobertura vegetal. O garimpo é uma forma de extrair riquezas minerais do solo, com baixo custo financeiro e grande impacto ambiental. © Z ig K oc h/ O lh ar Im ag em Garimpo de Serra Pelada. © Ju ca M ar tin s/ O lh ar Im ag em Geografia 6o ano – Unidade 2 74 Ciências – Unidade 3 Atividade 4 O garimpo no Brasil Um dos maiores garimpos que já existiu no Brasil foi o garimpo de Serra Pelada. Outro garimpo de grande extensão foi o do Alto Maracujá. Realize esta atividade em grupo. 1. Dividam as tarefas a fim de pesquisar sobre esses garimpos. Utili- zem mapas, notícias em jornais, em revistas e na internet. Em seu caderno, respondam: a) Em que região esses garimpos estavam localizados? b) Quando se iniciou sua exploração? c) Eles ainda são explorados atualmente ou foram abandonados? d) Quais foram os danos causados por esses garimpos em seu entorno? e) Quantas pessoas já trabalharam neles? f) O que elas estavam garimpando em cada caso (ouro, pedras ou outra coisa)? 2. Preparem uma apresentação da pesquisa para a turma. Efeitos do desmatamento A imagem a seguir mostra um fenômeno bastante comum no Brasil, que ocorre na época das chuvas: um deslizamento. © W ag ne r M éi er /F ot oa re na - Fo lh ap re ss Ciências – Unidade 3 75 Com o passar do tempo, o calor do Sol e a ação dos ventos e das chuvas causa a erosão e enfraquece o solo, tornando-o improdutivo. © H ud so n Ca la sa ns A vegetação protege o solo da ação das intempéries. O desmatamento favorece a erosão, pois retira a proteção natural do solo. Sem a proteção vegetal, o solo fica exposto diretamente aos raios solares, ao vento e às chuvas. • Você já ouviu falar recentemente de algum deslizamento de terra no Brasil? Quais são as causas dos deslizamentos? O que poderia ser feito para minimizá-los? A retirada da cobertura vegetal expõe o solo às intempéries. Como consequência disso, o solo pode passar por processos destruti- vos, como erosão, deslizamentos e assoreamento. Erosão A erosão é um processo natural, causado pela ação da chuva e dos ventos, que retira partes do solo de um local e as carrega para as partes mais baixas do relevo. Em solos cobertos por plantas, a erosão é um processo bastante lento, dando tempo para que o solo se regenere. No entanto, quando se retira a cobertura vegetal do solo, deixando-o exposto às intempéries, a erosão passa a ocorrer rapidamente, gerando vários problemas, como deslizamentos de terra e assoreamentos. 76 Ciências – Unidade 3 Assoreamento Como consequência da erosão, uma parte do solo é levada para regiões mais baixas do relevo, nas quais se encontram os rios. Assim, à medida que o tempo passa, o leito dos rios vai sendo preenchido pela terra, pela areia ou por pedras erodi- das. Esse processo recebe o nome de assoreamento. Nas grandes cidades, esse material erodido se junta ao lixo, ao entulho e a outros detritos. Com isso, diminui a vazão do rio, provo- cando enchentes em épocas de grande quantidade de chuvas. O assoreamento pode ser causado naturalmente, como resultado da erosão, ou de modo artificial, por acúmulo de lixo no leito dos rios. Atividade 5 Assoreamento: fenômeno natural? 1. Em grandes cidades, é muito comum o assoreamento de rios, como o Tietêe o Pinheiros (São Paulo), o Pardo (Ribeirão Pre- to), o Peixe (Marília) etc. Você diria que o assoreamento desses rios ocorre por causa da erosão, do acúmulo de lixo ou ambos? Por quê? © E rn es to R eg hr an /P ul sa r I m ag en s Ciências – Unidade 3 77 2. Além de ações governamentais a fim de retirar terra, lixo e de- tritos do fundo dos rios, com o uso de máquinas, que ações as pessoas podem realizar para minimizar os efeitos destrutivos da erosão e do assoreamento? 3. Reflita sobre suas atitudes no dia a dia e pense se você contribui, de alguma forma, para aumentar ou minimizar os efeitos da ero- são e do assoreamento. Discuta o assunto com seus colegas. Impermeabilização do solo O assoreamento dos rios é uma das causas das enchentes nas grandes cidades, mas não é a única. Também devem ser considera- das as seguintes causas: a construção desenfreada de casas e edifí- cios (que têm jardins cada vez menores ou mesmo sem jardins) e a pavimentação, o asfaltamento e o calçamento das ruas, que acabam encobrindo o solo e formando uma espécie de capa que impede a absorção da água. Esse processo, que acontece principalmente nas grandes cidades, é conhecido como impermeabilização do solo. Como a água não se infiltra no solo, ocorrem as enxurradas, que levam aos rios e aos sistemas de esgoto volumes muito maiores do que sua capacidade natural de escoamento, podendo causar trans- bordamentos e enchentes. Essas enchentes têm consequências drásticas, 78 Ciências – Unidade 3 Na década de 1970, o debate sobre o meio ambiente to- mou impulso nos Estados Unidos da América (EUA), a partir do questionamento do modo de vida estadunidense, que se baseava no consumo desenfreado. A poluição do meio ambiente é um problema que diz res- peito a todos os países e, por essa razão, é considerado um pro- blema global. Em 1972, realizou-se a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, capital da Suécia. Nela, os países participantes assinaram um primeiro acordo para reduzir os impactos da poluição no meio ambiente. O Brasil, na época sob ditadura militar, negou-se a assiná-lo. Acreditava-se que a assinatura desse documento, naquele momento, iria barrar o desenvolvimento econômico do País, pois as políticas ambientais criariam obstáculos à instalação de indústrias. A impermeabilização do solo dificulta o escoamento da água, causando inundações. © C es ar D in iz /P ul sa r I m ag en s que vão desde a destruição de moradias, a morte de muitas pessoas, a propagação de doenças até o aumento de preços de produtos agríco- las, resultante da perda da produção. Ciências – Unidade 3 79 Atividade 6 Produtos mais caros: efeito das enchentes? Nos últimos anos, muitas catástrofes naturais, como deslizamentos e enchentes, têm ocorrido no Brasil. Elas tornaram-se corriqueiras em nossos noticiários e, além de representar um risco à vida dos brasileiros, podem também gerar inflação. 1. Leia o texto a seguir. Os deslizamentos de terra e as enchentes que tomaram as cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo desde a noite de terça-feira (11) já mostram reflexos nos preços de diversos alimentos comercializados no Ceasa-RJ (Centrais de Abasteci- mento do Estado do Rio de Janeiro). De acordo com informações do Ceasa-RJ, os pre- ços praticados nesta quinta-feira (13) de alguns pro- dutos dobraram. Em alguns casos, os valores pratica- mente triplicaram. A região serrana fluminense, em que se localiza a cidade de Nova Friburgo, é um importante polo de pro- dução hortícola do Brasil e o maior do Estado do Rio de Janeiro. Em relação ao total da produção estadual, a região responde por 99% da produção da ervilha, 99% da beterraba, 96% da couve-flor, 96% do brócolis, 88% da batata-inglesa, 79% da cenoura, 77% do feijão- -de-vagem, 66% da salsa e 28% do tomate, segundo levantamento feito pelos pesquisadores Pierre Nicholas Grisel e Renato Linhares de Assis. Os alimentos exerceram pressão sobre a inflação durante todo o ano de 2010 e iniciou janeiro de 2011 em forte alta. A cenoura – item produzido na região serrana – a primeira semana de janeiro ficou 56,79% mais caro, e o tomate subiu 42,26%. O Ceasa-RJ informou que a caixa da alface estava sendo vendida por R$ 30, 300% acima dos valores praticados há dois dias, quando era vendida a apenas R$ 10. [...] Sérgio Vieira Tragédia na região serrana já eleva preços de verduras e outros alimentos no Rio Área destruída pelas chuvas é a maior produtora de verduras e hortaliças do Estado VIEIRA, Sérgio. Tragédia na região serrana já eleva preços de verduras e outros alimentos no Rio. R7, 13 jan. 2011. Disponível em: <http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/tragedia-na-regiao-serrana- ja-eleva-precos-de-verduras-e-outros-alimentos-no-rio-20110113.html>. Acesso em: 9 jan. 2012. R7 – notíciasRio de Janeiro, 13 de janeiro de 2011 a) De acordo com o texto, quais são as consequências das en- chentes para o preço das mercadorias em geral? 80 Ciências – Unidade 3 b) A chuva pode ser considerada uma fonte de inflação (aumento de preços)? Por quê? c) Quais são as causas das enchentes que vêm afetando as gran- des cidades? 2. Considerando as causas e as consequências das enchentes, des- creva no quadro a seguir as atitudes que podem ser tomadas para evitar o problema. Detalhe-as. O que você pode fazer? O que nós (sociedade) podemos fazer? O que o poder público pode fazer? Ciências – Unidade 3 81 Você estudou Nesta Unidade, você conheceu algumas causas e consequên- cias do uso inadequado do solo, com foco para o desmatamento, causado principalmente por queimadas e garimpo. As queimadas, além de danificar o solo local, podem ge- rar problemas em grande escala, pois produzem gás carbônico, um dos responsáveis pelo aquecimento global. Já a forma de atuação no garimpo pode contaminar os rios e os solos indire- tamente, gerando graves distúrbios nas populações ribeirinhas. Essa falta de cuidado com o solo incrementa a erosão e o assoreamento natural. Junto com a chuva e a impermeabiliza- ção do solo, são responsáveis pelas enchentes. Pense sobre Após o que foi estudado nesta Unidade, você diria que há possibi- lidade de recuperação do meio ambiente, com a ação mais consciente e organizada da espécie humana? Ou, ao contrário, estamos fadados à extinção? Será que a espécie humana ainda existirá daqui a 200 anos? 82 Ciências – Unidade 3 Nesta Unidade, você vai dar continuidade ao estudo do manejo inadequado do solo. Serão abordados agora os principais fatores que contribuem para sua poluição e sua contaminação. Identificar os principais agentes de poluição – como os agrotóxicos e os metais pesados – e saber como esses agentes atuam é muito importante, não apenas do ponto de vista teórico, mas também para que você possa se posicionar no meio em que vive e prevenir os problemas de saúde deles decorrentes. Também será abordada nesta Unidade uma questão que ganha espaço no mundo e preocupa governantes e cidadãos: a geração e o destino do lixo produzido em larga escala pela sociedade. Finalmente, será discutida a importância das ações governamentais – por exemplo, as políticas de saneamento básico – que objetivam minimizar a degradação do meio ambiente e evitar a incidência de doenças veiculadas pelo solo e pela água. A poluição do solo A poluição do solo resulta do descarte inadequado de alguns materiais. Ela envolve tanto o lixo doméstico como o descarte de pro- dutos químicos em locais inadequados e em concentrações maiores do que o permitido, o que prejudica os seres humanos e outros organis- mos vivos que ali vivem. Até meados do século XVII, a maior parte do lixo produzido era biodegradável, pois era formado basicamente de restos de alimento, fezes e demais resíduos orgânicos, e se decompunha rapidamente. Com o crescimento das cidades, o surgimento das indústrias e o desenvolvimento da tecnologia e de novosmateriais, como combustí- veis, plásticos, borrachas e ligas metálicas, cada vez mais são produ- zidos resíduos que se acumulam no meio ambiente e demoram mais a ser decompostos. 4 solo e meio ambienTe 83 Atualmente, o lixo despejado no solo em grandes quantidades degrada sistematicamente sua qualidade, tornando-o, muitas vezes, inabitável. Por isso, é fundamental estar atento a essas questões e minimizar a contaminação do solo por resíduos. Existem vários elementos causadores desse tipo de poluição (metais pesados, agrotóxicos e outros resíduos), como você vai estu- dar nesta Unidade. Atividade 1 Contaminação do solo A imagem a seguir mostra uma paisagem na qual se pode obser- var um solo contaminado. Faça dupla com um colega e discutam: Que tipo de agente con- taminante há nesse solo? Quais elementos da figura sustentam essa afirmação? © To m M ue lle r/ Ea sy pi x 84 Ciências – Unidade 4 Atividade 2 Sobre os efeitos dos metais pesados 1. Leia o texto a seguir, que relata um caso que veio comprovar os efeitos danosos da contaminação ambiental provocada por metais pesados. Depois, responda às questões. O caso de Minamata Minamata é uma cidade japonesa que sofreu graves consequências devido à contaminação por mercúrio. Centenas de pessoas morreram e milhares tiveram anomalias que acabaram passando para as novas gerações. Na década de 1930, uma empresa se instalou na região, a Chisso. A empresa, que fabricava acetaldeído (usado na produção de material plástico), jogava seus resíduos com mercúrio nos rios, contaminando os pei- xes. Como a doença leva alguns anos para se desenvolver, somente em 1956 começaram a surgir os primeiros casos da doença. Os hospitais recebiam pessoas com os mesmos sintomas: problemas no sistema nervoso e no cérebro, causando dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia e deformidades, levando até mesmo à morte. No princípio, as autoridades acreditavam que se tratava de uma epidemia, mas os gatos começaram a apre- sentar doenças com as mesmas semelhanças. Somente dez anos depois, os médicos descobriram a causa: o con- sumo de peixe contaminado por mercúrio, base da alimentação daquela população. Estima-se que a empresa descartou de 200 a 600 toneladas de metilmercúrio na baía da cidade. Depois de várias batalhas judiciais, a empresa foi obrigada a indenizar as vítimas, mas o resultado da contaminação se faz sentir até hoje. O caso de Minamata. Método Allegra. Disponível em: <http://www.cetem.gov.br/ mercurio/semiquanti/por/caso_minamata.htm>. Acesso em: 9 jan. 2012. © D io m ed ia a) Identifique e grife, no primeiro parágrafo, em que cidade do Japão ocorreu a contaminação ambiental por um metal pesa- do. Grife também o nome do metal pesado que provocou os danos à saúde dos habitantes. b) Grife, no segundo parágrafo, como ocorreu a contaminação e quais foram os sintomas apresentados pelos moradores conta- minados. c) Grife, no terceiro parágrafo, o trecho em que se menciona como os médicos descobriram as causas da contaminação e se o problema foi resolvido. Fica a dica É importante grifar, fazer anotações ao lado do texto, bem como organizar resumos, resenhas, fichamentos, esquemas... Quando usamos essas formas de registro, estamos estudando. A leitura é o primeiro passo para a organização de qualquer um desses procedimentos. Ciências – Unidade 4 85 2. Releia o texto e complete o esquema a seguir. Contaminação por mercúrio • Uma empresa descarta ___________________________ nos rios. • ________________________ são contaminados por mercúrio. • Moradores de Minamata adoecem e cientistas acreditam que se trata de uma ____________________________. • Em razão do adoecimento dos _______________________, os cientistas descobrem se tratar de uma doença causada por ______________________________________________________. Fica a dica Se tiver oportunidade, assista ao filme Erin Brockovich – uma mulher de talento (Erin Brockovich, direção de Steven Soderbergh, 2000). Desde a Revolução Industrial no século XVIII, as indústrias estão entre os maiores poluidores do planeta. São inúmeros os casos de contaminação de rios, lagos, mares e do solo associa- dos à atuação de empresas. No início da Revolução Industrial, acreditava-se que os re- cursos naturais – a extração de matéria-prima e de insumos para a produção – eram infinitos. Hoje, sabe-se que esses recursos se esgotam. Um grande desafio para todas as nações é adotar um tipo de desenvolvimento econômico que traga conforto e trabalho, mas de forma sustentável, sem destruir o meio ambiente. Por essa razão, a legislação ambiental tende a ser cada vez mais rigorosa, a fim de permitir que as gerações futuras não sofram com a ausência de certos recursos naturais importantes para a subsistência humana. Metais pesados Para funcionar bem, nosso organismo necessita de alguns metais, como o ferro, o zinco, o lítio e o manganês. Esses são exemplos de metais pesados necessários para a saúde, pois exercem funções espe- cíficas no organismo humano. No entanto, há outros metais pesa- dos, como o mercúrio e o chumbo, que, em razão de sua toxicidade, podem provocar doenças graves, entre elas câncer, distúrbios respira- tórios, cardiovasculares ou cerebrais. 86 Ciências – Unidade 4 Metais Onde é encontrado Efeitos Alumínio Produção de artefato de alumínio, serralheria; soldagem de medicamentos (antiácidos) e tratamento convencional de água. Anemia por deficiência de ferro; intoxicação crônica. Arsênio Metalurgia; manufatura de vidros e fundição. Câncer nos seios paranasais (região no interior dos ossos do crânio e da face). Cádmio Soldas; tabaco; baterias e pilhas. Câncer de pulmões e próstata; lesão nos rins. Chumbo Fabricação e reciclagem de baterias de autos; indústrias de tintas; pintura em cerâmica; soldagem. Saturnismo (cólicas abdominais, tremores, fraqueza muscular, lesão renal e cerebral). Cobalto Preparo de ferramentas de corte e furadoras. Fibrose pulmonar (endurecimento do pulmão) que pode levar à morte. Cromo Indústrias de corantes, esmaltes, tintas, ligas com aço e níquel; cromagem de metais. Asma (bronquite); câncer. Fósforo amarelo Veneno para baratas; rodenticidas (tipos de inseticida usado na lavoura) e fogos de artifício. Náuseas; gastrite; odor de alho; fezes e vômitos fosforescentes; dor muscular; torpor; choque; coma e até morte. Mercúrio Moldes industriais; certas indústrias de cloro-soda; garimpo de ouro; lâmpadas fluorescentes. Intoxicação do sistema nervoso central. Níquel Baterias; aramados; fundição e niquelagem de metais; refinarias. Câncer de pulmão e seios paranasais. Fumos metálicos Vapores (de cobre, cádmio, ferro, manganês, níquel e zinco) da soldagem industrial ou da galvanização de metais. Febre dos fumos metálicos (febre, tosse, cansaço e dores musculares) – parecida com pneumonia. © W al lis /O pç ão B ra sil Im ag en sA poluição do solo por metais pesados ocorre, principalmente, devido ao lançamento de resíduos industriais sem tratamento no meio ambiente, como, por exemplo, o despejo quí- mico das indústrias metalúrgicas e de tintas. O quadro a seguir mostra como as indústrias podem poluir o solo com metais pesados. Isso ocorre diretamente, pelo despejo de resíduos sóli- dos no solo, ou indiretamente, pela emissão de material particulado na atmosfera (que depois se deposita no solo) ou pelo lançamento de resíduos líquidos nos rios, que também contaminam o solo. Guia de Direitos. Projeto NEV-Cidadão. Núcleo de Estudos da Violência. Disponível em: <http://www.guiadedireitos.org/index.php?option=com_content&view=article&id=120&Itemid=146>. Acesso em: 9 jan. 2012. Ciências – Unidade 4 87 Contaminação por mercúrio Por reagir com o ouro e a prata, o mercúrio é amplamente utilizado no garimpo. É um metal líquido que, quando misturado à água dos rios, reage com o ouro, formandouma mistura chamada amálgama. Essa mistura é peneirada e queimada com um maçarico pelos garim- peiros para extrair o ouro. © C yn th ia B rit o/ Pu lsa r I m ag en s Quando inalados, os vapores de mercúrio podem causar sérios problemas no sistema nervoso, nos rins e nas vias respiratórias. Além disso, o mercúrio misturado à água dos rios contamina toda a região por eles banhada. O mercúrio se acumula no organismo dos seres vivos, causando sérios danos à saúde, como disfunções do sistema nervoso central, dormência nos braços e nas pernas, visão nebulosa, letargia e irritabilidade, e pode levar à cegueira, à loucura e à morte. Pesquisas realizadas por cientistas da Universidade de Brasília em amostras sanguíneas e de cabelos de populações ribei- rinhas do Amazonas constataram que o nível de mercúrio no orga- nismo de pessoas dessas comunidades é quase cinco vezes maior que o considerado normal, mesmo em algumas regiões sem histórico de atividade garimpeira. 88 Ciências – Unidade 4 Atividade 3 Contaminação por chumbo 1. Leia o texto a seguir. BRANDÃO, Gorette. Agência Senado, 4 mar. 2008. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/ noticias/contaminacao-por-chumbo-pode-causar-doencas-severas-e-levar-a-morte.aspx>. Acesso em: 9 jan. 2012. O chumbo integra o grupo de elementos quími- cos conhecidos como metais pesados, de grande força tóxica, que produzem doenças devastadoras e mortes em seres vivos. Em humanos, a acumulação de chumbo no organismo pode afetar severamente as funções cerebrais, sangue, rins, sistema diges- tivo e reprodutor, inclusive com possibilidade de produzir mutações genéticas em descendentes. O produto pode se dispersar no solo, água e por meio de emissões atmosféricas, normalmente em decorrência da disposição de resíduos indus- triais. A contaminação também pode ocorrer por meio do contato direto com produtos que têm esse elemento químico em sua composição, em limites acima dos toleráveis. Como o chumbo não é absorvido pelo organismo, a exposição contínua eleva os níveis de acumulação e potencializa o risco das lesões. Os sintomas clássicos são irritabilidade, cefaleia, tremor muscular, alucinações, perda da memória e da capacidade de concentração. Esses sintomas podem progredir até o delírio, convulsões, parali- sias e coma. Pesquisas revelam que danos causados pelo chumbo podem afetar funções da memória e do aprendizado em todos os ciclos da vida. Subaé O caso mais grave de contaminação por chumbo no Brasil ocorreu na cidade de Santo Amaro (BA), distante 100 quilômetros de Salva- dor. A população vem sofrendo há 32 anos com as consequências da poluição e a contaminação pelo chumbo e, ainda, pelo cádmio, outro metal pesado. O problema foi causado pelas operações de uma fábrica que beneficiava minério de chumbo no município. Instalada em 1960, a Cobrac dei- xou de operar em 1993, quando faliu e também já estavam parcialmente constatados os danos produzidos por suas operações. Cerca de 500 mil toneladas de apara de chumbo contaminaram as pessoas, as ruas, o rio Subaé e o estuário da baía de Todos-os-Santos. Natural de Santo Amaro, o cantor e composi- tor Caetano Veloso abordou a tragédia vivida pelo município na canção “Purificar o Subaé”. Na letra, Caetano fala do “horror de um progresso vazio” que mata mariscos e peixes do rio e dos riscos vividos por sua “gente morena”. Contaminação por chumbo causa doenças severas AgênciA senAdo – notíciasBrasília, 4 de março de 2008 Gorette Brandão 2. Releia o texto coletivamente. Identifique e grife no texto os sinto- mas comuns da contaminação por chumbo. Ciências – Unidade 4 89 3. Por que o texto faz referência à canção Purificar o Subaé, de Cae- tano Veloso? Agrotóxicos A crescente demanda por alimentos impõe, cada vez mais, a utili- zação de produtos químicos artificiais que atuam no aumento da pro- dutividade agropecuária. Contudo, a médio prazo, os efeitos desses recursos nem sempre são favoráveis ao solo e à saúde humana. Chamamos de agrotóxicos os produtos químicos usados na agro- pecuária como defensivos ou suplementos para plantas e animais. Os defensivos (herbicidas, pesticidas, bactericidas e vermífugos) atuam como uma espécie de vacina contra pragas e doenças. Já os suplemen- tos (adubos químicos e hormônios) são usados para facilitar e acele- rar o crescimento de plantas e animais. No entanto, esses produtos se dissolvem na água e se infiltram no solo, levando à eliminação de vários microrganismos que ali vivem, alterando a composição e o equilíbrio desse solo. É possível ainda que atinjam o lençol freático, contaminando a água de toda uma região. Em qualquer dos casos, comprometem o ambiente e podem afetar a saúde humana. Assim como no caso dos peixes contaminados por metais pesa- dos na cidade de Minamata, no Japão, os agrotóxicos utilizados na lavoura ou na pecuária também podem chegar à mesa dos consumi- dores por meio de alimentos disponíveis no mercado. Controle biológico de pragas Chamamos pragas, na agricultura, os seres vivos que ata- cam a lavoura e diminuem sua produtividade. Elas podem ser controladas com a aplicação de agrotóxicos ou com a introdução, na plantação, de algum de seus predadores natu- rais. Por exemplo, as joaninhas se alimentam de pulgões, ácaros e cochonilhas, que são três tipos comuns de pragas agrícolas. Essa forma natural de eliminar as pragas é deno- minada controle biológico. © Je f M eu l/F ot o N at ur a/ M in de n Pi ct ur es -L at in st oc k 90 Ciências – Unidade 4 Atividade 4 Produção de alimentos orgânicos Além de contaminar o solo e os alimentos, os agrotóxicos podem contaminar os próprios agricultores, caso eles os apliquem sem os cuidados necessários. A exposição a esses produtos sem a devida proteção pode ocasionar diversos tipos de doença, invalidez e até mesmo a morte. É uma tendência recente tentar diminuir o uso de agrotóxicos na agricultura, com a produção de alimentos orgânicos, que são cultivados com adu- bos naturais (terra preta, húmus e esterco), sementes resistentes e a utilização de controle biológico de pra- gas. Nesse caso, a produtividade tende a ser menor. 1. Em sua opinião, o controle biológico de pra- gas é uma boa alternativa ao uso de agrotóxi- cos? Justifique sua resposta. 2. Você costuma consumir alimentos orgânicos? Por quê? Indique três razões que facilitam ou aconselham o consumo de alimen- tos orgânicos e três razões que dificultam esse consumo. Atualmente, existem grupos que organizam a venda de produ- tos agrícolas produzidos sem agrotóxicos nas chamadas coopera- tivas de consumo. Além de preservar o ambiente, essas coope- rativas se preocupam em verificar se as relações de trabalho são justas, ou seja, se os direitos trabalhistas são assegurados aos trabalhadores e se a remuneração está coerente com os ganhos da cooperativa (comércio justo). Se tiver oportunidade, faça uma pesquisa para verificar se há cooperativas desse tipo na sua cidade. © K ia n Kh oo n Ta n/ 12 3R F Ciências – Unidade 4 91 Atividade 5 A produção de outros resíduos contaminantes: o que já sabemos? Existem vários outros setores da economia, além da indústria, que também contribuem para deteriorar o solo, produzindo resíduos. Dê exemplo de resíduos contaminantes e onde eles podem ser encontrados. Há outros resíduos sólidos que podem contaminar o solo e que são gerados a partir de diferentes atividades. Eles podem ser de vários tipos. • Resíduos domésticos: que resultam das atividades residenciais. Apro- ximadamente 60% desses resíduos são matéria orgânica (restos de alimentos) e 40% de embalagens (plásticos, latas, vidros, papéis etc.). • Resíduos comerciais: produzidos pelo setor de serviços em geral (escritórios, lojas, bancos etc.). São compostos, principalmente, por papel, papelão e plástico. Também há uma parte orgânica, produzida por bares e restaurantes. • Resíduos públicos: originados dosserviços de limpeza pública ur- bana, incluem os resíduos de varrição das ruas, limpeza de galerias pluviais, córregos, terrenos, praias etc. Sua composição inclui restos vegetais e animais diversos, embalagens, restos de cigarro etc. • Resíduos hospitalares: produzidos em hospitais, farmácias, postos de saúde e clínicas veterinárias, são resíduos muito perigosos, pois podem trazer diferentes tipos de danos ao ser humano. São com- postos por seringas, aventais, curativos, remédios, entre outros materiais descartados pelos serviços de saúde. • Resíduos tecnológicos: atualmente são produzidos em grande quantidade. Trata-se, basicamente, de aparelhos ou restos de apa- relhos eletrônicos, como computadores, celulares, CDs, DVDs, impressoras, eletrodomésticos, pilhas e baterias, lâmpadas etc. • Entulho: relacionados a restos de obras de construção civil, como tijolos, pedaços de cano, fios metálicos, vidros etc. • Resíduos nucleares: produzidos nas usinas nucleares, hospitais e clí- nicas terapêuticas, são produtos radioativos, como restos de com- bustível nuclear, cápsulas utilizadas para tratamentos médicos etc. 92 Ciências – Unidade 4 Lixo espacial O lixo espacial é constituído por objetos lançados ao espaço que, após se tornarem obsoletos, permanecem em órbita da Terra, vagando inutilmente. Sua composição inclui desde luvas e ferramentas deixadas no espaço pelos astronautas até pedaços de satélites, naves, foguetes, que podem danificar equipamentos necessários à huma- nidade, como satélites que monitoram mudanças climáticas ou que transmitem sinais de comunicação. Assim como acontece com o lixo terrestre, a quantidade de lixo espacial só tende a aumentar, uma vez que a tecnologia continua a ser um campo em larga expansão e o lançamento de satélites e plataformas no espaço é cada vez mais cons- tante. Muitas vezes, esses objetos caem na Terra e podem atingir o solo, representando perigo de acidentes e de contaminação. Imagem de lixo espacial em órbita ao redor da Terra, divulgada pela Agência Espacial Europeia (ESA). Lixões Durante muito tempo, o único des- tino dos resíduos de qualquer origem era o depósito a céu aberto, em locais conheci- dos como lixões. Neles, o lixo fica exposto, sem nenhum tratamento ou procedimento que evite sequelas ambientais e sociais. O acúmulo de lixo nesses locais con- tamina o solo e gera um foco para a pro- liferação de pragas, como ratos, baratas, moscas e outros vetores de doenças. Nos lixões, crianças, adolescentes e adultos reco- lhem restos de alimentos e materiais reci- cláveis para vender. Arte 6o ano – Unidade 4 © E ur op ea n Sp ac e Ag en cy /S PL - La tin st oc k © O pç ão B ra sil Im ag en s Ciências – Unidade 4 93 Atividade 6 As alternativas de descarte de resíduos Reflita sobre os diferentes tipos de resíduo e os problemas causa- dos por seu descarte inadequado. Depois, complete o quadro a seguir e dê suas sugestões para o descarte adequado. Materiais Sugestões Papel Plástico Lata de alumínio Pilha e bateria Agulha e seringa Restos de alimentos Recipiente de vidro Preservação do solo A poluição do solo, e do ambiente em geral, pode e deve ser evi- tada. Uma das providências necessárias é diminuir a produção de lixo. A outra é cuidar bem de seu descarte. Redução, reutilização e reciclagem de materiais Para melhorar a qualidade de vida e preservar o ambiente, a primeira alternativa é incorporar novas atitudes e novos hábitos. Inicialmente, é preciso modificar nosso comportamento e adotar uma postura de consumo responsável. Ao reduzir o consumo de bens e produtos ao estritamente necessário, evitam-se desperdícios e diminui-se a extração dos recursos naturais utilizados em sua pro- dução. Além de diminuir o que consumimos, é possível reutilizar vários materiais e objetos, em vez de simplesmente descartá-los. E, quando não for possível reutilizar um produto, pode-se, ainda, tentar reciclá-lo. Reciclar significa transformar objetos e materiais já utilizados em novos produtos para o consumo. Cerca de 50% de todo material descartado como lixo pode ser recuperado como matéria- -prima, ser reciclado e utilizado para fabricar um novo produto. Desse modo, é possível diminuir a necessidade de extração de novos recursos naturais para a produção de alguns bens. É o que acontece, por exemplo, com as latas de alumínio. 94 Ciências – Unidade 4 Atividade 7 Materiais recicláveis 1. Você já deve ter reparado nos locais em que o material reciclável é separado, nos recipientes coloridos para descarte, que indicam o tipo de material que recebem. Responda: a) Além de latas de alumínio, que outros materiais você imagina que podem ser reciclados? b) Todos os materiais podem ser reciclados? Por quê? 2. Os catadores de materiais recicláveis são pessoas que sobrevivem da coleta e da venda de coisas que as pessoas descartam como lixo. Como você imagina que são as condições de vida e de tra- balho dessas pessoas? Compartilhe com seus colegas o que você pensa a respeito. Coleta seletiva Para facilitar a reciclagem de materiais, é possível realizar a coleta seletiva de resíduos, isto é, separar os resíduos recicláveis por tipo de material e realizar seu transporte para locais adequados. Essa separa- ção pode ser feita pela população; se os recipientes de coleta são ou não coloridos, é irrelevante. A maior parte do que jogamos fora não é suja, mas se suja depois de misturada com outros resíduos. Ao separar os materiais que podem ser reciclados, a quantidade de lixo inutilizável a ser coletada e enviada a aterros sanitários é muito menor. Por isso é importante realizar a coleta seletiva. Atualmente, procura-se dividir os resíduos em apenas dois grandes grupos: secos (material inorgânico, que não apodrece ou estraga) e molhados (material orgânico). Nem todo lixo é reciclável, mas a maior parte dele sim. Ainda há muitas pessoas que desconhecem o fato de a maior parte do lixo ser reciclável. Fica a dica Assista ao documentário Lixo extraordinário (direção de Lucy Walker, codireção de João Jardim e Karen Harley, 2010), que acompanhou e registrou, por dois anos, o trabalho do artista plástico Vik Muniz. Essa é uma boa oportunidade de conhecer esses trabalhadores, os catadores de materiais recicláveis. Ciências – Unidade 4 95 Materiais recicláveis e não recicláveis PAPEL Reciclável Não reciclável • caixas tipo longa vida; • papéis de escritório, papelão, papel- -cartão, cartolina, jornais, revistas, livros, listas telefônicas e cadernos; • caixas e embalagens de papel em geral. • papel-carbono, papel-celofane e papel vegetal; • termo fax; • papéis encerados ou plastificados; • papel higiênico e lenços de papel; • fotografias; • fitas e etiquetas adesivas. PLÁSTICO Reciclável Não reciclável • copos; • garrafas; • sacos e sacolas; • CDs e disquetes; • embalagens de produtos de limpeza; • garrafas PET; • canos e tubos; • isopor. • embalagens plásticas metalizadas (como as de salgadinhos); • plásticos termofixos (usados na produção de computadores, telefones e eletrodomésticos). METAL Reciclável Não reciclável • latas de alumínio (refrigerante, cerveja e suco); • latas de produtos alimentícios (de óleo, leite em pó e conservas); • tampas de garrafas; • embalagens metálicas de alimentos congelados. • clipes, grampos, tachinhas, pregos e canos; • esponja de aço. VIDRO Reciclável Não reciclável • garrafas de bebida; • frascos em geral; • copos; • potes de produtos alimentícios. • espelhos; • cristais; • vidros de automóvel; • lâmpadas; • ampolas de medicamentos; • cerâmicas e porcelanas; • tubos de TV e de computador; • vidros de janela. MINEHIRA, Carlos. Os catadores de materiais recicláveis criticam incineração do lixo. Instituto Akatu. Disponível em: <http://www.akatu.org.br/Temas/Residuos/Posts/ Os-catadores-de-materiais-reciclaveis-criticam-incineracao-do-lixo>.Acesso em: 9 jan. 2012. 96 Ciências – Unidade 4 Com a realização da coleta seletiva, boa parte do lixo seco pode ser reutilizado na fabricação de novos recipientes. Papel, vidro, metal e plástico podem ser reciclados e gerar novos produtos. © H ud so n Ca la sa ns Já o lixo orgânico poderá ser reutilizado para produzir húmus e adubo natural em um processo de compostagem, conforme foi estu- dado na Unidade 3. Ciências – Unidade 4 97 Incineração Quando não é possível reciclar o lixo, pode-se queimá-lo em for- nos e usinas próprias, nos chamados incineradores. Esse processo recebe o nome de incineração e, por meio dele, reduz-se significati- vamente o volume do lixo. Nesse processo também são eliminados os agentes patogênicos (causadores de doenças) presentes, principal- mente, no lixo hospitalar. O Obelisco de Ipanema foi edificado com entulho de concreto incinerado. © P au lo Ja re s/ Ab ril Im ag en s Como foi visto anteriormente, a compostagem é um processo de reciclagem de resíduos orgâ- nicos domésticos e rurais, que somam quase 50% de todo lixo produzido. Eles são misturados com terra e, em um processo de ciclagem, são transformados em adubo pela ação dos decomposi- tores, o que propicia um destino útil para os resíduos orgânicos e evita sua acumulação em lixões ou aterros. Além disso, vale lem- brar que podem gerar boa fonte de renda. © H ud so n Ca la sa ns Os gases liberados durante a incineração pas- sam por filtros que minimizam a liberação de poluentes. Depois de incinerados os resíduos, res- tam as cinzas, que podem ser encaminhadas para aterros sanitários ou mesmo ser recicladas para a confecção de borrachas, cerâmicas etc. No entanto, além de esse processo consumir muita energia, ele provoca a poluição do ar, em função dos gases liberados na combustão e das partículas não retidas pelos filtros e precipitadores. Aterros sanitários O lixo que não pode ser reciclado nem incinerado deve ser depo- sitado em um local que não ofereça grandes riscos ao ambiente: os chamados aterros sanitários. Neles, todos os tipos de resíduo são dis- postos em camadas alternadas de lixo e terra, evitando assim o mau cheiro e a proliferação de animais e pragas. Observe como é este pro- cesso na figura a seguir. Ciclo da matéria orgânica Restos alimentares Refeição Pilha de compostagem num recipiente Corretivo orgânico Fertilização Alimentos 98 Ciências – Unidade 4 O solo do aterro é impermeabilizado para evitar a infiltração de chorume e a contaminação do lençol freático. Atividade 8 O lixo na sua cidade Em grupo, façam uma pesquisa na internet ou realizem entrevistas com funcionários da prefeitura da sua cidade. Procurem identificar como sua cidade lida com o lixo nela produzido. Existe reciclagem de lixo? Seu município possui lixões ou aterros sanitários? Há moradias no entorno desses locais? © H ud so n Ca la sa ns Chorume Líquido viscoso, escuro e de cheiro muito forte e desagradável, formado durante a decomposição do lixo orgânico. Tambor para acúmulo de gases Camada de lixo compactado Elevado verde Área verde sobre aterro Calha para escoar percolado Piscinão de percolado Balança para caminhões de lixo Administração do aterro 1 2 3 4 Impermeabilizante Terra Brita Formação de um aterro sanitário Ciências – Unidade 4 99 Atividade 9 A importação de lixo Em julho de 2009, os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram chama- dos para verificar uma carga recém-chegada da Inglaterra ao porto de Santos. A carga continha aproximadamente 300 toneladas de lixo. Nela foram encontrados vários tipos de resíduo, como restos de ali- mentos, partes de computador e embalagens diversas, entre outros. O lixo foi devolvido à Inglaterra, e a empresa responsável, multada. 1. Procure mais informações a respeito consultando o assunto pela internet ou em jornais da época. 2. Converse sobre esse fato com os colegas a partir das questões pro- postas a seguir. a) Será que a Inglaterra não possui locais para destino e trata- mento do lixo lá produzido? b) Para você, quais foram os motivos que levaram a Inglaterra a enviar ao Brasil tantas toneladas de lixo? c) O que esse fato nos revela? Solo, saúde e saneamento Durante muito tempo na história da humanidade, o descarte do lixo não foi considerado um problema para a maioria dos povos. Lixo, dejetos humanos e de animais eram simplesmente deixados nas ruas até que a chuva os levasse para algum rio e, daí, para longe das cidades. Mesmo Roma, cidade fundada em 753 a.C., que dispunha de serviços de esgoto, não tinha nenhum serviço de limpeza pública até o ano 200 d.C. Nesse ano, um decreto imperial criou um tipo de serviço sanitário no qual duplas de escravos andavam pela cidade recolhendo lixo e levando-o para um local afastado. Entretanto, o aumento das populações urbanas e o uso de novos materiais e novos produtos passou a atrair uma infinidade de animais, parasitas e microrganismos causadores e transmissores de doenças, como ratos, baratas, moscas, vermes, bactérias. Para minimizar esses problemas e melhorar a qualidade de vida da população foi criado o conceito de saneamento básico. As pri- meiras medidas públicas a fim de manter as cidades limpas datam do século XIV. No ano de 1354, na Inglaterra, um decreto real ins- truía os moradores das cidades a guardar o lixo em casa até que fosse levado pelo coletor para um local afastado – maneira semelhante ao que ocorre, ainda hoje, em boa parte do mundo. 100 Ciências – Unidade 4 A importância de coletar o lixo e dar-lhe um des- tino adequado ganhou força no século XIX, com o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895). Ele rea- lizou uma série de experimentos, comprovando que as doenças infecciosas são causadas por micróbios, que se reproduzem mais facilmente em ambientes em que não há higiene. Ele descobriu, portanto, que não é a “sujeira” que causa a doença; ela propicia o desen- volvimento de micróbios causadores de doenças. Saneamento básico O saneamento básico é um conjunto de proce- dimentos adotados em determinada região a fim de mantê-la limpa e proporcionar a saúde e o bem-estar da comunidade que nela vive. Esses procedimentos incluem a coleta e o tratamento do lixo, o tratamento e a distribuição de água e a eliminação segura de urina e fezes humanas com a canalização e o trata- mento de esgotos. Um bom saneamento básico pode diminuir a mortalidade infantil, aumentar a expecta- tiva de vida das pessoas e evitar doenças. O esgoto a céu aberto é um dos indicadores da falta de saneamento básico. Ele aumenta o risco de proliferação de doenças. © A lb er to C és ar A ra új o/ Fo lh ap re ss O saneamento básico tem custo elevado, pois exige a constru- ção de linhas de esgoto, tratamento e distribuição de água, coleta e destino adequado do lixo, entre outros. Por isso, ainda que o inves- timento feito em saneamento básico diminua muito os gastos com a saúde, ele ainda não é acessível a boa parte da população mundial, entre elas, a do Brasil. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), coletados no censo realizado em 2000, indicam que mais da metade da população brasileira não tem acesso a redes de esgoto. Atividade 10 Saneamento básico Analise as condições do entorno de sua casa e de sua escola e responda: as áreas nas quais elas se encontram possuem saneamento básico? Justifique, identificando quais são os elementos da paisagem que você pode utilizar para responder a essa questão. Ciências – Unidade 4 101 Atividade 11 Sobre o esgotamento sanitário Observe o mapa a seguir e responda às seguintes questões. Saneamento básico e as cidades. O Estado de S.Paulo, 21 mar. 2009. Original sem escala cartográfica e sem orientação do norte geográfico. © A gê nc ia E st ad o Saneamento básico e as cidades 102 Ciências– Unidade 4 1. Quais regiões do Brasil apresentam as melhores condições de es- gotamento sanitário e quais possuem a pior situação? 2. Com o auxílio do professor, localize o Estado de São Paulo no mapa. a) Identifique as condições de esgotamento sanitário desse Esta- do e compare-as com as do resto do País. b) Que relações você pode estabelecer entre as condições de es- gotamento sanitário representadas no mapa, a concentração de renda e os processos de urbanização no Brasil? Saneamento básico e doenças Mais do que contaminar o solo, a falta de saneamento básico favorece a proliferação de muitos parasitas que causam graves dis- túrbios de saúde, podendo mesmo levar à morte das pessoas. Daí a importância de exigir do poder público a implementação de sanea- mento básico. Ainda assim, conhecer as principais doenças geradas pela falta de saneamento básico pode ajudar você a se proteger e a proteger sua comunidade. Atividade 12 Doenças transmitidas pelo solo (I) Converse com os colegas e realizem uma pequena pesquisa, pro- curando elementos para responder: 1. Quais são as doenças mais comuns que você conhece relacionadas à falta de saneamento básico? Ciências – Unidade 4 103 2. Como é possível evitá-las? Amarelão A ancilostomíase, popularmente conhecida como amarelão, é uma doença parasitária intestinal provocada por vermes do tipo Necator ou Ancylostoma. O verme parasita se fixa na mucosa intestinal e se alimenta do sangue das pessoas, causando diarreia moderada e dor abdominal. Com isso, a pessoa enfraquece, fica anêmica e com a pele amarelada. Daí o nome popular dessa doença ser amarelão. Os ovos do verme (Ancylostoma ou Necator) são expelidos do corpo pelas fezes. Ao pisar em um solo contaminado, as larvas podem entrar por algum ferimento na pele e contaminar uma pessoa. Elas entram na circulação e se alojam no intestino, onde passam a viver e se reproduzir. Daí, uma parte delas é expelida nas fezes, retomando o ciclo. © F er na nd o Ch uí Ciclo da ancilostomíase Prevenção: é preciso manter o ambiente limpo de fezes humanas e de animais e também evitar o contato da pele com a terra, utilizando calçados e luvas de proteção. 104 Ciências – Unidade 4 O bicho-geográfico é um verme que produz uma lesão que lembra um mapa na pele de quem o tiver contraído, e causa também muita coceira. © D r. P. M ar az zi /S PL -L at in st oc k Bicho-geográfico O bicho-geográfico é um verme encontrado em fezes de cães e gatos. Os humanos se contaminam ao entrar em contato com elas em locais onde os animais domésticos costumam defecar, como grama- dos, tanques de areia, parques e praias. Ao pisar ou se sentar num local infectado, as larvas podem pene- trar nas camadas exteriores da pele e se movimentar, deixando os típicos caminhos que dão o nome popular da doença, que causa erup- ção vermelha com coceira intensa, possibilitando infecção secundária por bactérias. Em alguns casos pode chegar aos órgãos internos ou aos olhos, causando lesões mais graves. Prevenção: evitar andar descalço e orientar as crianças a não brin- car em locais frequentados por cães e gatos. Evitar levar animais nas praias ou deixá-los soltos em parques e jardins, onde haja tanques de areia, além de recolher suas fezes. Bicho-de-pé O bicho-de-pé é uma minúscula pulga (Tunga penetrans) que vive no solo e na areia à espera de um hospedeiro para se alimentar de seu sangue e pôr seus ovos. Ela penetra principalmente na sola ou entre os dedos dos pés (daí seu nome popular), mas também pode penetrar em qualquer outro local do corpo. Em geral, provoca coceira e inchaços dolorosos ao redor de onde penetrou, podendo ainda abrir brechas para doenças mais agudas, como o tétano, e até causar gangrena. Ciências – Unidade 4 105 O quadro do pintor Charles Bell, de 1809, retrata os espasmos musculares de um paciente portador de tétano. © S ur ge on s’ H al l M us eu m / T he R oy al C ol le ge o f S ur ge on s o f E di nb ur gh , S co tla nd Prevenção: não andar descalço, tratar os animais domésticos e higienizar o ambiente. Tétano O tétano é causado por uma bactéria encontrada no solo e objetos contaminados por fezes humanas ou de outros animais, como restos de vidro, pregos ou latas. A infecção se dá pela entrada dessa bacté- ria por qualquer tipo de ferimento na pele, como cortes, arranhões e mordidas de animais. Os sintomas são dificuldade para abrir a boca, irritabilidade, dor de cabeça, febre e espasmos musculares, que podem causar a morte por asfixia. Dados do Ministério da Saúde (Secretaria de Vigilância em Saúde, 2006) mostram que, no Brasil, mais de mil pessoas morrem por ano vítimas de tétano. Na infestação por bicho-de-pé, surgem bolhas que coçam e geralmente têm um ponto escuro no meio. © R -P /K in o Prevenção: tomar vacina antitetânica, evitar andar descalço ou manipular objetos sujos. 106 Ciências – Unidade 4 Atividade 13 Doenças transmitidas pelo solo (II) 1. Comparando os mecanismos de prevenção das doenças estudadas, além do saneamento básico, quais cuidados são comuns para pre- venir todas elas? 2. Complete o quadro a seguir: DOENÇA SINTOMAS PREVENÇÃO AMARELÃO BICHO-GEOGRÁFICO BICHO-DE-PÉ TÉTANO Ciências – Unidade 4 107 Você estudou Pense sobre Dada a importância do saneamento básico para toda a população, o que se deve fazer para conquistar esse direito para todos os brasilei- ros? Além disso, é possível criar sistemas alternativos de saneamento básico mais acessíveis? Discuta suas ideias com seus colegas. Nesta Unidade, você viu que, entre outras coisas, o solo pode ser contaminado por metais pesados provenientes da in- dústria ou dos garimpos e por agrotóxicos utilizados na agrope- cuária. Estudou também que há outras fontes de contaminação: o descarte inadequado do lixo produzido em nossa casa, nos hospitais, nos escritórios, nas construtoras etc. Por fim, pôde discutir que a coleta seletiva de lixo e a re- ciclagem de materiais, junto à implementação de saneamento básico, são ações fundamentais para reduzir e, até mesmo, evitar a contaminação do solo e a proliferação de doenças como ama- relão, bicho-de-pé, bicho-geográfico e tétano. 108 Ciências – Unidade 4
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