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Doença granulomatosa crônica transmissível causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Geralmente envolve os pulmões, porém pode afetar qualquer órgão ou tecido no corpo. Se adequadamente tratada, a TB causada por cepas suscetíveis aos fármacos é curável na grande maioria dos casos. Se não for tratada, a doença pode ser fatal em 5 anos em 50 a 65% dos casos. A transmissão ocorre geralmente por disseminação aérea de aerossóis produzidos pelos pacientes com TB pulmonar infecciosa OMS considera a tuberculose a causa mais comum de morte decorrente de um único agente infeccioso. Estima-se que 1,7 bilhões de indivíduos sejam infectados pelo mundo, com 8 a 10 milhões de novos casos e 1,5 milhões de mortes por ano. 1984 aumento da incidência de tuberculose em indivíduos infectados pelo HIV. Surge em condições de pobreza, aglomerações e de doenças crônicas debilitantes. Algumas doenças também aumentam o risco, como diabetes melito, linfoma de Hodgkin, doença pulmonar crônica (especialmente a silicose), insuficiência renal crônica, desnutrição, etilismo e imunossupressão. Micobactérias são delgados bastonetes ácido-resistentes que possuem altas quantidades de lipídeos complexos que prontamente se unem ao corante Ziehl-Neelsen (carbolfucsina) e, subsequentemente, resistem à descoloração M. tuberculosis é uma bactéria aeróbia delgada, em forma de bastonete, não formadora de esporos. São frequentemente neutras na coloração de Gram. Entretanto, uma vez corados, os bacilos não podem ser descorados pelo álcool-ácido, característica que justifica sua classificação como bacilos álcool-ácido-resistentes (BAARs) - elevado teor de ácidos micólicos, ácidos graxos de cadeia longa e ligação cruzada, bem como de outros lipídeos da parede celular do microrganismo. Na parede celular das micobactérias, os lipídeos (p. ex., ácidos micólicos) estão ligados a arabinolactanos e peptidoglicanos subjacentes. Essa estrutura resulta em uma permeabilidade muito baixa à parede celular, reduzindo, assim, a eficiência da maioria dos antibióticos. Fator de virulencia: parede celular (acido micólico, fato corda, cera D) Outra molécula na parede celular das micobactérias, a lipoarabinomanana (reação de hipersensibilidade tardia), está envolvida na interação do patógeno com o hospedeiro e facilita a sobrevida do M. tuberculosis no interior dos macrófagos – teste tuberculina M. tuberculosis hominis responsável pela maioria dos casos O reservatório da infecção é tipicamente encontrado em indivíduos com doença pulmonar ativa. A transmissão é geralmente direta, por meio da inalação de microrganismos em aerossóis gerados por expectoração, ou pela exposição a secreções contaminadas de indivíduos infectados. Mycobacterium avium, são muito menos virulentas, causam doença em 10% a 30% de pacientes com AIDS. – Transmitido de uma pessoa com TB pulmonar infecciosa por núcleos de gotículas, que são aerossolizados por tosse, espirro ou fala. Gotículas secam rapidamente, podem permanecer suspensas no ar durante várias horas e alcançar as vias aéreas terminais quando inaladas (até 3 mil núcleos infecciosos por episódio de tosse) Transmissão depende de fatores exógenos (duração do contato, o grau de infectividade do caso e o ambiente compartilhado) Pacientes com TB cujo escarro contém BAAR visíveis à microscopia tem maior tendência a transmitir a infecção. Pacientes mais infectantes apresentam doença pulmonar cavitária Pacientes que apresentam TB com esfregaço de amostra de escarro negativo/cultura positiva são menos infectantes Infecção pelo HIV e TB têm menos tendência a apresentar cavitações, podem ser menos infectantes do que os sem coinfecção pelo HIV. Aglomeração em salas pouco ventiladas constitui um dos fatores mais importantes na transmissão de bacilos da TB, visto que aumenta a intensidade de contato com um caso. – Risco de desenvolver a doença depende de fatores endógenos (defesas imunológicas inatas e não imunológicas do indivíduo, nível em que a imunidade mediada por célula isoladamente está funcionando) Estima-se que até 10% dos indivíduos infectados acabarão desenvolvendo TB ativa durante a sua vida – metade deles durante os primeiros 18 meses após a infecção. Risco é muito maior entre indivíduos infectados pelo HIV, reinfecção de um indivíduo previamente infectado, idade (incidência mais alta no final da adolescência e no início da idade adulta), idosos. Em imunocompetente, sem exposição prévia, a patogenia está centrada no desenvolvimento da imunidade mediada por células, que confere resistência ao organismo e leva ao desenvolvimento de hipersensibilidade a antígenos tuberculosos. Características patológicas, granulomas caseosos e cavitação, são decorrentes da hipersensibilidade tecidual deletéria, que faz parte da resposta imune do hospedeiro As células efetoras tanto para a imunidade protetora quanto para a hipersensibilidade deletéria são as mesmas, a apresentação da hipersensibilidade tecidual também sinaliza a aquisição de imunidade para o organismo. 1. Entrada nos macrófagos: Bacilos inalados que não são retidos nas vias aéreas superiores e expelidos pelas células mucosas ciliadas, alcançam os alvéolos. Nesse local, macrófagos alveolares que ainda não foram ativados fagocitam os bacilos. Uma linhagem virulenta de micobactéria consegue entrar nos endossomos dos macrófagos, processo mediado por diversos receptores de macrófagos, como receptor de manose e receptores do complemento, que reconhecem inúmeros componentes das paredes celulares micobacterianas. (Os bacilos são resistentes à lise mediada pelo complemento.) A ligação de determinados receptores, como o receptor de manose, regula os eventos pós-fagocíticos, como a fusão fagossomo-lisossomo e a produção de citocina inflamatória. 2. Replicação nos macrófagos: Uma vez internalizados, os organismos inibem as respostas microbicidas normais, prevenindo a fusão dos lisossomos com o vacúolo fagocítico e permitindo que a micobactéria persista e prolifere. Após a formação de um fagossomo, a sobrevida do M. tuberculosis no seu interior parece depender em parte de uma redução da acidificação devido à falta de montagem de próton-adenosina-trifosfatase vesicular completa. Ocorre comprometimento da via Ca2+/calmodulina (que leva à fusão do fagossomo-lisossomo, síntese da proeina repetitiva exportada), e os bacilos podem sobreviver no interior dos fagossomos ao bloquearem a fusão. – não é degradado pelos lisossomos O fagossomo do M. tuberculosis inibe a produção de fosfatidilinositol 3-fosfato, a qual normalmente marca os fagossomos para classificação na membrana e maturação (incluindo a formação de fagolisossomo), o que destruiria as bactérias. Fatores bacterianos bloqueiam a defesa de autofagia do hospedeiro, na qual a célula sequestra o fagossomo em uma vesícula de membrana dupla (autofagossomo) que se destina a fundir com os lisossomos. Se os bacilos tiverem sucesso na interrupção da maturação do fagossomo, a replicação começa e o macrófago acaba sofrendo ruptura, liberando seu conteúdo bacilar. Outras células fagocíticas não infectadas são então recrutadas para continuar o ciclo da infecção por meio da ingestão dos macrófagos que estão morrendo e de seu conteúdo bacilar, tornando-se, assim, elas próprias infectadas e expandindo a infecção. Portanto, a fase mais inicial da tuberculose primária (as primeiras três semanas), num paciente não sensibilizado, é caracterizada pela proliferação bacilar nos macrófagos alveolares pulmonares e nos espaços aéreos, eventualmente levando a bacteremia e disseminação dos organismos para múltiplos sítios. Apesar da bacteremia, a maioria dos indivíduos neste estágio é assintomática ou apresenta enfermidade branda, semelhante à gripe. 3. Desenvolvimento de imunidade mediada por células:Ocorre aproximadamente três semanas após a exposição. Antes da IMC, espalham-se pelos vasos linfáticos e para outros locais nos pulmões e outros órgãos e passa por um período de crescimento extenso dentro de macrófagos não ativados imaturos, podem infectar diretamente as células epiteliais ou transmigrar através de macrófagos infectados pelo epitélio. Os monócitos ou células dendríticas infectados começam, então, a transportar os bacilos para o sistema linfático. Respostas do hospedeiro a infecção: › Resposta da IMC de ativação dos macrófagos: mediado por células T que leva à ativação de macrófagos capazes de matar e digerir os bacilos da TB › Resposta de lesão tecidual: reação de hipersensibilidade do tipo tardio a vários antígenos bacilares; destrói os macrófagos inativados que contêm bacilos em multiplicação, mas também provoca necrose caseosa dos tecidos acometidos Os antígenos micobacterianos processados alcançam os linfonodos de drenagem e são apresentados às células T CD4 por células dendríticas e macrófagos. Sob influência da IL-12 secretada por macrófagos, são geradas células T CD4+ do subgrupo TH1, capazes de secretar IFN-γ (macrófago consegue destuir alguns bacilos – antígeno – apresenta pro linfócito T – estimua aumento das enzimas do macrófago) 4. Ativação macrofágica mediada por células T e morte de bactérias: O IFN-γ liberado pelas células T CD4+ do subgrupo TH1 é crucial para a ativação dos macrófagos. Os macrófagos ativados, por sua vez, liberam vários mediadores, e regulam positivamente a expressão de genes com importantes efeitos: (1) TNF – responsável pelo recrutamento de monócitos que, por sua vez, sofrem ativação e diferenciação para “histiócitos epitelioides”, que caracterizam a resposta granulomatosa; (2) óxido nítrico- sintase induzível (iNOS) – aumenta os níveis de óxido nítrico (NO), ajudando a criar intermediários de nitrogênio reativos, os quais parecem ser particularmente importantes para a eliminação das micobactérias; e (3) peptídeos antimicrobianos (defensinas) – também são tóxicos para as micobactérias 5. Inflamação granulomatosa e lesão tecidual: Além de estimular os macrófagos a eliminarem as micobactérias, a resposta de TH1 rege a formação dos granulomas e da necrose caseosa. Os macrófagos ativados pelo IFN-γ diferenciam-se nos “histiócitos epitelioides” que se agregam para formar granulomas; algumas células epitelioides podem se fundir, formando células gigantes. O desenvolvimento da imunidade específica e o acúmulo de grandes números de macrófagos ativados no local da lesão primária, formam-se lesões granulomatosas (tubérculos) - acúmulos de linfócitos e macrófagos ativados que evoluem para morfologias de células epitelioides e células gigantes. Essa resposta, mediada por diversos produtos bacterianos, não apenas destrói os macrófagos como também provoca necrose sólida precoce no centro do tubérculo. Embora o M. tuberculosis possa sobreviver, seu crescimento é inibido dentro desse ambiente necrótico pela baixa tensão de oxigênio e pelo pH baixo. Nesse estágio, algumas lesões podem cicatrizar por fibrose, com calcificação subsequente, enquanto ocorrem inflamação e necrose em outras lesões Em muitos indivíduos, esta resposta interrompe a infecção antes de haver destruição tecidual significativa ou mesmo doença. Em outros indivíduos, com deficiência imunológica devido à idade ou à imunossupressão, a doença progride e a resposta imune contínua leva à necrose caseosa. Os macrófagos ativados também secretam TNF e quimiocinas, os quais promovem o recrutamento de mais monócitos. A importância do TNF é evidenciada pelo fato de que pacientes com artrite reumatoide tratados com um antagonista para TNF possuem maiores riscos de reativação de tuberculose. Se desenvolve em um paciente sem exposição prévia e, portanto, sem sensibilização. Comum entre crianças nos primeiros anos de vida e entre indivíduos imunocomprometidos Pode ser grave e disseminada mas não está associada a um alto nível de transmissibilidade. Cerca de 5% dos recém-infectados adquirem doença significativa. Formação dos focos de cicatrização, podem conter bacilos viáveis, sendo, assim, ninhos para a reativação da doença em um momento posterior, caso as defesas do hospedeiro se tornem comprometidas. Tuberculose primária progressiva.: devida nova infecção, ocorre em pacientes com imunossupressão ou desnutrição - A imunossupressão tem como consequência a falta de capacidade de formar uma resposta mediada por células T CD4 +, que poderia conter o foco primário. Como a hipersensibilidade e a resistência são, geralmente, fatores concomitantes, a falta de uma reação de hipersensibilidade tecidual leva à ausência dos granulomas caseosos característicos (tuberculose não reativa) - consolidação dos lobos inferior e médio, linfadenopatia hilar e doença não cavitária Morfologia: Se inicia nos pulmões, se implantam nos espaços aéreos distais da porção inferior do lobo superior ou na porção superior do lobo inferior, e encontram-se, tipicamente, próximos da pleura. (dor pleural – fim da inspiração) Inicia como lesão exsudativa: complexo de Ghon (resposta inflamatória aguda) Evolui para lesão granulomatosa: área central com células gigantes de lagehans, bacilos e circundada por células epitelioides (macrófagos modificados) Evolui para tubérculos: granuloma circundado por tecido fibroso que sofreu necrose casosa central - cavitações Foco de Ghon: área de consolidação inflamatória branco- acinzentada, centro sofre necrose caseosa Complexo de Ghon: lesões parenquimatosas e nodais (bacilos nos linfonodos – caseosos) Complexo de Ranke: visto na radiografia (fibrose e calcificação do complexo de Ghon) Histologia: sítios de infecção são envolvidos por uma reação inflamatória característica, marcada pela presença de granulomas caseosos e não caseosos, que consistem em histiócitos epitelioides e células gigantes multinucleadas Surge em um indivíduo previamente sensibilizado, pouco tempo após a tuberculose primária ou a partir da reativação de lesões primárias dormentes, muitas décadas após a infecção inicial, especialmente quando a resistência do hospedeiro se torna enfraquecida. Também pode resultar de reinfecção, em decorrência da queda da proteção adquirida na doença primária, ou então devido à exposição a um grande inócuo de bacilos virulentos. Seja qual for a fonte de organismos, somente alguns pacientes (<5%) com doença primária desenvolvem tuberculose secundária subsequentemente. Localiza-se, classicamente, no ápice de um ou ambos os lobos pulmonares superiores (alta tensão de oxigênio nos ápices) Devido à preexistência de hipersensibilidade, os bacilos ativam uma resposta tecidual imediata e intensa, que tende a isolar o foco - os linfonodos regionais são envolvidos de forma menos proeminente. Por outro lado, há pronta formação de cavitação na forma secundária, levando à erosão para o interior das vias aéreas, e disseminação ao longo delas. Estas alterações tornam-se uma importante fonte de infectividade, visto que o paciente agora produz escarro contendo o bacilo. Morfologia: Lesão inicial, pequeno foco de consolidação na pleura apical - áreas bem circunscritas, firmes, de cor branco- acinzentada a amarela, que apresentam quantidade variável de caseação central e fibrose periférica O foco parenquimatoso inicial sofre encapsulação fibrosa progressiva, restando apenas cicatrizes fibrocalcificadas. Histologia: lesões ativas apresentam tubérculos coalescentes característicos com caseação central. é geralmente impossível encontrar bacilos nos estágios fibrocalcificados tardios. • TB pulmonar › Primária: pode ser assintomática ou pode estar presente com tosse com catarro, febre e, ocasionalmente, dor torácica pleurítica. Perda de apetite, sudorese noturna,calafrios. Pode apresentar eritema nodoso nas pernas ou conjuntivite flictenular. Acompanhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal devido à disseminação de bacilos do parênquima pulmonar através dos vasos linfáticos Evolução: derrame pleural, nos casos graves, o sítio primário aumenta rapidamente, sua parte central sofre necrose, e verifica-se o desenvolvimento de cavitação (TB primária progressiva). Linfonodos podem romper-se na via aérea com desenvolvimento de pneumonia. No sague, pode ocorrer doença disseminada ou miliar. Produz lesões granulomatosas em múltiplos órgãos e elas podem causar doença localmente progressiva ou resultar em meningite tuberculosa › Secundária: sinais e sintomas são frequentemente inespecíficos e insidiosos, consistindo principalmente em febre diurna e sudorese noturna causada por defervescência, perda de peso, anorexia, mal-estar geral e fraqueza. Pode produzir dispneia e, em casos raros, síndrome da angústia respiratória aguda. Tosse – com frequência, inicialmente improdutiva e limitada à manhã e, mais tarde, acompanhada da produção de secreção brônquica purulenta, algumas vezes com raias de sangue Comprometimento maciço de segmentos ou lobos pulmonares, com coalescência das lesões, provoca pneumonia caseosa. Exame físico: pode não apresentar anormalidades detectáveis ao exame de tórax, ou exibe estertores nas áreas acometidas durante a inspiração, particularmente após a tosse. Em determinadas ocasiões, podem-se auscultar roncos devido à obstrução brônquica parcial, bem como os sopros anfóricos clássicos em áreas com grandes cavidades. • TB extrapulmonar › Linfadenite tuberculosa: tumefação indolor dos linfonodos, supraclaviculares e cervicais posteriores (afecção historicamente denominada escrófula). Evolui para massa indolor coalescente e podem resultar em um trajeto fistuloso drenando material caseoso. › TB pleural: derrame pleural › TB das vias aéreas superiores: complicação da TB pulmonar cavitária avançada, pode acometer a laringe, a faringe e a epiglote. Os sintomas consistem em rouquidão, disfonia e disfagia, além de tosse produtiva crônica. › TB geniturinária: frequência urinária, disúria, nictúria, hematúria e dor no flanco ou abdominal. Pode ser assintomático e apresentar desenvolvimento de lesões destrutivas graves dos rins. › TB esquelética: reativação de focos hematogênicos ou com a disseminação a partir de linfonodos paravertebrais adjacentes. Coluna, quadril e joelho são mais acometidos › TB miliar ou disseminada: disseminação hematogênica, lesões em granulomas amarelados (milho). Apresentação consistem em febre, sudorese noturna, anorexia, fraqueza e perda de peso. Algumas vezes, os pacientes apresentam tosse e outros sintomas respiratórios devido ao comprometimento pulmonar, bem como sintomas abdominais. Os achados físicos consistem em hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia. › Meningite tuberculosa: Disseminação hematogênica da TB pulmonar primária ou pós-primária, ou da ruptura de um tubérculo subependimário no espaço subaracnóideo. Manifesta-se forma de cefaleia e alterações mentais discretas depois de um pródromo de semanas de febre baixa, mal-estar, anorexia e irritabilidade. Se não for reconhecida, pode evoluir de modo agudo com cefaleia intensa, confusão, letargia, alteração do sensório e rigidez de nuca. Causa paresia dos nervos cranianos (em particular dos nervos oculares) e o acometimento das artérias cerebrais pode ocasionar isquemia focal. › ISONIAZIDA: inibe a síntese de ácidos micólicos, que são componentes essenciais das paredes celulares das micobactérias. A isoniazida é um profármaco ativado por KatG, a catalase-peroxidase micobacteriana. A forma ativada da isoniazida produz um complexo covalente com uma acil-proteína transportadora (AcpM) e com a KasA, uma sintetase da proteína transportadora betacetoacil, que bloqueia a síntese de ácido micólico. › RIFAMPICINA: penetra nos bacilos de forma concentração-dependente, atingindo concentrações de equilíbrio em 15 minutos. Liga-se à subunidade β da RNA-polimerase dependente de DNA (rpoB) para formar um complexo fármaco- enzima estável. A ligação ao fármaco impede a formação da cadeia na síntese de RNA. A resistência resulta de qualquer uma das várias mutações puntiformes possíveis em rpoB, o gene para a subunidade β da RNA-polimerase. Essas mutações resultam em redução da ligação da rifampicina à RNA- polimerase. A RNA-polimerase humana não se liga à rifampicina e não é inibida por ela. A rifampicina é eficaz contra micobactérias. Penetra rapidamente na maioria dos tecidos e nas células fagocíticas. Pode matar organismos pouco acessíveis a muitos outros fármacos, como os intracelulares e aqueles sequestrados em abscessos e nas cavidades pulmonares. › PIRAZINAMIDA: é ativada por condições acídicas que provavelmente predominam nas margens das cavidades necróticas da TB, onde células inflamatórias produzem ácido láctico. Parte do fármaco inicial se difunde para o interior do M. tuberculosis, onde uma nicotinamdase (pirazinamidase) desamina a pirazinamida, transformando-a em ácido pirazinoico (POA–), que em seguida é transportado para o meio extracelular por uma bomba de efluxo. Em um meio extracelular acídico, uma fração de POA– é protonada a POAH e penetra no bacilo. O equilíbrio Henderson-Hasselbach favorece progressivamente a formação de POAH, sua homeostase por meio da membrana bacilar e seu acúmulo no interior do bacilo, conforme o pH do meio extracelular cai até atingir o pKa do ácido pirazinoico,; tais condições acídicas também potencializam a morte do microrganismo. Embora o mecanismo real de morte microbinana ainda seja desconhecido, foram propostos quatro mecanismos: • Inibição do ácido graxo sintase tipo I levando à interferência na síntese do ácido micólico; • Ligação à proteína S1 ribossomal (RpsA) e inibição de trans-translação; • Redução do pH intracelular; • Interrupção do transporte de membrana por HPOA. A pirazinamida é convertida em ácido pirazinoico – a forma ativa do fármaco – pela pirazinamidase micobacteriana, codificada pelo pncA. O ácido pirazinoico interrompe o metabolismo da membrana celular das micobactérias e abala sua função de transporte. A resistência pode decorrer de comprometimento da captação da pirazinamida ou de mutações no pncA que comprometem a conversão da pirazinamida na sua forma ativa. › ETAMBUTOL: As cepas sensíveis de Mycobacterium tuberculosis e de outras micobactérias são inibidas in vitro pelo etambutol, 1 a 5 mcg/mL. O etambutol inibe as arabinosil-transferases das micobactérias, que são codificadas pelo óperon embCAB. As arabinosil-transferases estão envolvidas na reação de polimerização do arabinoglicano, um componente essencial da parede celular das micobactérias. A resistência ao etambutol é causada por mutações que resultam em expressão excessiva dos produtos do gene emb ou dentro do gene estrutural embB. • Fase intensiva: tem o objetivo de reduzir rapidamente a população bacilar e a eliminação dos bacilos com resistência natural a algum medicamento. R I P E (2 meses) • Fase de manutenção: objetivo de eliminar os bacilos latentes ou persistentes, e diminuir a possibilidade de recidiva da doença. R I (4 meses) A ocorrência da tuberculose no Brasil se concentra em populações vulneráveis, especialmente a carcerária. Atualmente, são registrados cerca de 77 mil casos da doença por ano e aproximadamente 11% ocorrem nas unidades prisionais, a superlotação é o principal fator de disseminação Nos ambientes prisionais, a tuberculose encontra todos os fatores favoráveis à transmissão. A superlotação dos presídios, somada à frequência de doenças imunossupressoras e ao constante uso de drogas, favorece ocontágio entre os presos. “Pessoas com HIV, doenças que ocasionam imunossupressão, a diabete, o uso de álcool, drogas ilícitas e tabaco se relacionam com a tuberculose. E esse uso de substâncias é frequente nas unidades prisionais, então é como se encontrasse ali fatores que predispõem a ocorrência da tuberculose.” Quando comparadas as populações prisionais e não prisionais, os encarcerados possuem cerca de 22 vezes mais risco de ter tuberculose. Cada preso possui contato com muitos outros, o que aumenta a disseminação nas unidades prisionais, As unidades prisionais realizam ações sanitárias para conter a disseminação, como testagem dos presos na entrada, o mapeamento em massa duas vezes por ano e o tratamento precoce. Contudo, essas ações variam entre as unidades do País, porque dependem de insumos nem sempre garantidos e recursos humanos Apesar das ações de saúde, as intervenções para redução drástica da superlotação seriam mais eficazes para reduzir a incidência de tuberculose KUMAR, Vinay. Robbins Patologia Básica. Editora Guanabara Koogan, 10ª Ed. 2018. KASPER, Dennis L.. Medicina interna de Harrison. 19 ed. Porto Alegre: AMGH Editora, 2017. NORRIS, Tommie L. Porth. Fisiopatologia. Editora Guanabara Koogan, 10ª Ed. 2021. KATZUNG, Bertram; MASTERS, Susan; TREVOR, Anthony. Farmacologia Básica e Clínica. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2017.
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