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. A tuberculose é uma doença granulomatosa crônica contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Comumente, acomete os pulmões, mas pode afetar qualquer órgão ou tecido. Tipicamente, os centros dos granulomas tuberculosos são caracterizados por necrose de caseificação. Epidemiologia A tuberculose permanece a PRINCIPAL causa de óbitos ao redor do mundo em pessoas privadas em termos econômicos e de saúde. Estima-se que 1,7 bilhão de pessoas estejam infectadas ao redor do mundo, sendo 8-10 milhões de novos casos e três milhões de óbitos por ano. No mundo ocidental, as mortes por tuberculose atingiram o auge em 1800, apresentando decréscimo entre os anos 1800 e 1900. Entretanto, em 1984, o declínio de novos casos estacionou abruptamente devido ao aumento na incidência de tuberculose em pacientes HIV-positivos. Desde 1992, a incidência de tuberculose em pessoas nascidas nos Estados unidos apresenta declínio em consequência da intensa vigilância em saúde pública e profilaxia da tuberculose entre pacientes imunossuprimidos. Atualmente, estima-se que cerca de 25.000 novos casos de tuberculose ativa surjam nos Estados Unidos anualmente, com aproximadamente 40% em imigrantes de países nos quais a tuberculose é altamente prevalente. É importante lembrar que a tuberculose está diretamente relacionada com a pobreza, aglomeração. Etiologia As micobactérias são bacilos delgados, álcool-ácido resistentes (isto é, possuem alto conteúdo de lipídeos complexos que prontamente coram-se pela técnica de Ziehl- Neelsen (fucsina carbol) e subsequentemente resistem à descoloração). O M. tuberculosis hominis é o responsável pela maioria dos casos de tuberculose; o reservatório da doença é tipicamente encontrado em pessoas com doença pulmonar tuberculose ativa. A transmissão usualmente é direta e por inalação de microrganismos aerossolizados gerados por expectoração ou exposição a secreções contaminadas oriundas de pessoas infectadas. A tuberculose orofaríngea e intestinal adquirida pela ingestão de leite contaminado com Mycobacterium bovis é rara em nações desenvolvidas, porém ainda e observada em países portadores de bovinos leiteiros tuberculosos e naqueles com venda de leite não pasteurizado. O M. tuberculosis cresce lentamente, é aeróbio e duplica sua população de 18 a 48h, dependendo de maior ou menor oferta de oxigênio, do pH do meio e acesso a nutrientes. Entretanto, é facilmente destruído por agentes físicos, como calor, raios UV da luz solar e radiações ionizantes. Ele depende do parasitismo para continuar vivendo. Além disso, nenhuma toxina (endo ou exo) foi isolada do bacilo de Koch, razão pela qual não consegue romper a barreira epitelial íntegra, infectando o interior do hospedeiro à sua própria custa. Transmissão A maior transmissibilidade do foco relaciona-se à doença pulmonar (ou laríngea); à existência de cavidades, comuns nas formas de reativação e à maior carga de bacilos no escarro, expresso pelo número de cruzes no exame baciloscópio. A quantidade, o vigor e as características da tosse interferem na comunicabilidade. Pacientes em melhor estado geral e nutricional tendem a apresentar tosse vigorosa, atomizando partículas contagiantes correlaciona-se também às características físico-químicas da secreção. Escarros espessos e aderentes produzem menor quantidade de partículas infectantes, ao contrário dos mais fluidos. Nas gotículas suspensas, apenas 1% dos bacilos existentes conseguem sobreviver por algumas horas, desde que estejam em locais sem ventilação e não expostos à luz solar, fatal para o bacilo. O tempo de exposição necessário para uma infecção bem-sucedida foi calculado por probabilidade, entre 100 e 200h, dependendo das características do foco e da intensidade do contato; quanto mais demorada a convivência, maior a possibilidade de transmissão, concluindo-se pela necessidade de investigar os contatos mais próximos no rastreamento da doença. Dessa maneira, o contágio depende de como se estabelece a relação entre o foco e o contato, sendo os intradomiciliares e os íntimos mais infectados que os extradomiciliares. A proximidade (mesma cama, mesmo quarto, mesma casa) e o parentesco (mãe, pai, irmãos e outros parentes) guardam uma relação direta e estatisticamente significante com a infecção. Aglomerados urbanos, especialmente condições precárias de moradia, favorecem maior prevalência da tuberculose. Infecção e doença são mais frequentes entre os contatos de baixa idade, os idosos, os portadores de doenças ou condições imunossupressoras e os tuberculino- negativos. A hipersensibilidade protege o indivíduo contra a reinfecção exógena, quando exposto a pequeno número de partículas infectantes, justificando a afirmação de que um foco contagiante contamina mais pessoas em um país de menor prevalência da doença e de infectados do que em outro com menor controle da doença e maior prevalência de focos bacilíferos. Patogenia A patogenia da tuberculose nas pessoas imunocompetentes e não expostas está relacionada com o desenvolvimento de imunidade mediada por células que confere resistência ao organismo e resulta no desenvolvimento de hipersensibilidade tecidual aos antígenos tuberculares. Considerando que o bacilo de Koch não produz endo ou exotoxinas, ele não consegue atravessar as barreiras epiteliais e das mucosas. Desse modo, para ocorrer infecção, ele tem de penetrar no interior do organismo e ser carreado por alguma célula ou invadi-lo por solução de continuidade das barreiras orgânicas. Na transmissão aerógena, somente as partículas-núcleo com um ou dois bacilos, que se comportam como gases, alcança os alvéolos onde o bacilo, em geral, invade um novo hospedeiro. Assim, as primeiras defesas contra os bacilos são mecânicas, compreendendo pelos nasais, angulação das vias respiratórias, secreções e clear-ance mucociliar, exatamente por impedir a nidação dos germes no interior dos alvéolos. Imunidades natural e adaptativa Nosso sistema imunológico tem dois mecanismos de defesa distintos, embora interativos, a imunidade inata e a adaptativa. A resposta imunológica inata refere-se àquela desencadeada pelo hospedeiro tão logo o antígeno estranho seja detectado. Os macrófagos são as principais células de defesa na imunidade inata contra a infecção por M. tuberculosis. Uma vez inalados, o bacilo permanece no interior dos macrófagos e são por eles fagocitados. A existência de M. tuberculosis desencadeia uma complexa resposta por parte do sistema imunológico do hospedeiro. Essa resposta, embora eficaz, é insuficiente para eliminar totalmente o bacilo, que pode permanecer no interior dos macrófagos durante toda a vida do hospedeiro. O processo envolvido na fagocitose inclui a ligação da bactéria ao macrófago, a internalização dentro do fagossomo, e a morte ou inibição do crescimento do bacilo. Todo mecanismo de defesa desencadeado pelos macrófagos leva a um processo inflamatório crucial para o controle da infecção. A inflamação é mediada por moléculas solúveis, chamadas citocinas, secretadas pelos macrófagos para recrutar outras células do sistema imunológico inato para o local inflamatório. Uma vez no interior dos macrófagos, o bacilo lança mão de estratégias de evasão para coibir a ação lítica dos macrófagos. Um desses mecanismos é impedir a fusão do fagolisossomo, mas, além disso, o bacilo modula a apresentação de antígenos para impedir que linfócitos T reconheçam macrófagos infectados. O controle sobre o crescimento bacteriano, e consequentemente a morte de M. tuberculosis, poderá ser alcançada pela fusão lisossomo-fagossomo do macrófago, no qual a bactéria sofre a ação dos grânulos liberados pelos lisossomos, e de uma série de outros produtos tóxicos produzidos pelos macrófagos. Os mais importantes são peróxido de hidrogênio, ânionsuperóxido e óxido nítrico. A atividade fagocitária do macrófago pode ser ampliada pela ação de citocinas, como IFN-gama que estimula a capacidade lítica dos lisossomos e favorece sua fusão ao fagossomo, com destruição dos bacilos, impedindo a ligação do macrófago à bactéria. Porém, a função exata desse mecanismo ainda não está totalmente esclarecida. Se for completamente efetiva, a resposta imunológica inicial contra M. tuberculosis causará a eliminação do bacilo por meio dessa ação fagocítica de macrófagos alveolares. Se o macrófago alveolar não for capaz de deter o microrganismo, haverá multiplicação bacilar e, consequentemente, morte celular. Macrófagos mortos podem ser fagocitados por outros macrófagos ou por outras células do sistema imunológico inato, como as células dendríticas, que são as células da imunidade inata mais eficientes para induzir a imunidade adaptativa. Elas podem fagocitar células mortas ou, diretamente, M. tuberculosis. O processo de ativação das células dendríticas é crucial para a sua migração do pulmão para linfonodos regionais, e para iniciar a resposta imunológica adaptativa. Uma vez nos linfonodos, as células dendríticas ativadas apresentam aos linfócitos T antígenos bacterianos expressos em associação com as moléculas do complexo de histocompatibilidade principal. Moléculas de classes I e II são reconhecidas por linfócitos T CD8+ e T CD4+, respectivamente. Linfócitos T ativados migram para o local da infecção, o pulmão, via corrente sanguínea. No pulmão, linfócitos T vão modular a função dos macrófagos. Em indivíduos com integridade do sistema imunológico preservada, um acúmulo de células, formado por macrófagos, células dendríticas e linfócitos T ativados, posicionasse na região do parênquima pulmonar em que os bacilos se instalaram, formando o granuloma, responsável por conter a disseminação da bactéria. O granuloma é caracterizado pelo acúmulo de macrófagos que se alojam no seu centro, rodeados por linfócitos T; e que se fundem para formar células multinucleadas chamadas células de Langhans. A secreção local de fator de necrose tumoral alfa (TNFα, tumor necrosis fator alpha) é importante para a formação da arquitetura do granuloma, cuja função provavelmente resulte na morte de M. tuberculosis, mas também impeça a replicação do bacilo. Existem dois subtipos principais de linfócitos T: T CD4+ e T CD8+. A principal função dos linfócitos T CD4+ é produzir citocinas e modular a ação das outras células do sistema imunológico. Linfócitos T CD8+ também secretam citocinas; porém, além dessa função, têm a habilidade de matar, diretamente, macrófagos infectados, pela produção de grânulos citolíticos, como perforinas e granzimas. A discussão a respeito da relação dos linfócitos T no desenvolvimento de doenças infecciosas levou ao paradigma, inicialmente desenvolvido em modelo murino, que caracteriza os linfócitos T CD4+ em duas subpopulações, Th1 e Th2, ambas derivando da classe Th0. A diferenciação desse precursor estaria sob o controle de citocinas. Fenotipicamente, células Th1 são caracterizadas principalmente pela produção de IFNγ e interleucina2 (IL2), e sua função seria a ativação de outras células inflamatórias e fagocíticas, responsáveis pela inibição do crescimento bacteriano. Células Th2 produziriam citocinas como IL4, IL5 e IL10. Apesar de uma divisão clara dentro de dois distintos padrões de citocinas não ser observada em humanos, ao contrário do que ocorre com o modelo murino, diferentes tipos de citocinas, produzidas em resposta à infecção por M. tuberculosis, foram documentadas, e sua função em conter a infecção por M. tuberculosis é objeto de controvérsias entre a comunidade científica. Com o surgimento da hipersensibilidade do tipo retardado, macrófagos infectados no interior dos granulomas morrem. Os bacilos tendem a se localizar no centro do granuloma e a periferia torna-se fibrótica e caseosa. A necrose tecidual, que ocorre na tuberculose, apresenta alto teor de gorduras liberadas pelo metabolismo bacilar, exibindo aspecto denso e espesso, conhecido como necrose de caseificação. À microscopia, observasse que o granuloma apresenta alto teor de células epitelioides e células gigantes multinucleadas. Embora o bacilo seja incapaz de multiplicar-se dentro do cáseo, devido à escassez de oxigênio, poderá permanecer viável por décadas. A natureza da resposta imunológica determinará se a infecção será contida ou progredirá. O conteúdo necrótico no interior do granuloma amolece e se liquefaz. Os bacilos, até então inibidos no seu desenvolvimento pela formação do granuloma, encontram condições favoráveis à sua multiplicação após liquefação do cáseo e aparecimento da cavidade com rápido crescimento das populações. É quase certo que o cáseo formado se liquefaça por mecanismos relacionados com a hipersensibilidade, facilitando sua eliminação e formação de cavidade, em cuja parede se encontram as condições ideais para a proliferação bacilar. Quando esse processo de defesa é bem sucedido, constitui-se um equilíbrio parasita/hospedeiro, com bloqueio de proliferação bacilar e expansão da lesão, impedindo o aparecimento da doença. Segundo essa concepção, a doença acontece quando: • Na infecção inicial, devido a um número excessivo de bacilos e/ou fatores que diminuem a capacidade de resposta imune do hospedeiro. Nesse caso, o equilíbrio não chega a se estabelecer • Posterior à infecção inicial por quebra do equilíbrio parasita versus hospedeiro • Por reativação endógena, com rebaixamento da resposta imune local ou sistêmica e/ou provável aparecimento de cepas mutantes de bacilos mais virulentas com maior capacidade de multiplicação • Por reinfecção exógena, com um número excessivo de bacilos associada, ou não, à imunodeficiência. Até que surja a imunidade específica, os bacilos se multiplicam sem maiores barreiras nos alvéolos e interior dos macrófagos pulmonares. Estimulados pelo fator quimiotáxico, migram para o foco inflamatório inicial, entre outras células, os monócitos sanguíneos que se transformam em macrófagos e fagocitam bacilos. Alguns deles, albergando bacilos, podem retornar à corrente sanguínea e serem veículos de disseminação. Do cancro de inoculação podem se desenvolver lesões secundárias por contiguidade ou pode haver disseminação do bacilo para corrente linfática até os linfonodos dos hilos, que se enfartam, constituindo o complexo primário tuberculoso composto pelo cancro de inoculação, a linfangite e a adenomegalia hilar. Dos linfonodos, ainda por via linfática, os bacilos alcançam a corrente sanguínea, podendo se reimplantar em diversas regiões do organismo. No pulmão, esse reimplante acontece principalmente nas zonas superiores nas quais ocorre a oferta de oxigênio necessária ao bacilo, e a baixa perfusão dificulta o aporte de células de defesa, sendo, portanto, maiores as chances de desenvolvimento das lesões nesses locais. Da mesma maneira, linfonodos, rins, extremidades de ossos longos, entre outros, são locais extrapulmonares de eleição para o aparecimento da doença. Como a quantidade de bacilos é pequena, não há condições de se desenvolver a doença, desde que se instalem, em tempo hábil, as defesas imunitárias específicas, o que ocorre na grande maioria dos casos. Nestes, os bacilos permanecem em estado de latência durante muito tempo (anos ou décadas), o que explica o aparecimento da tuberculose pulmonar ou extrapulmonar, quase sempre, como a reativação de um foco primário contido em seu início. O teste tuberculínico positivo, de alta especificidade, é o exame que identifica a infecção. Cerca de 5% dos infectados irão adoecer. As razões para isso não são absolutamente claras, embora alguns fatores estejam estabelecidos. Destes, os mais importantes são os que interferem diretamente na imunidade do hospedeiro. Doenças e condições que debilitam a imunidade, como desnutrição,etilismo, idade avançada, estresse, AIDS, diabetes, gastrectomias, insuficiência renal crônica, silicose, paracoccidioidomicose, leucoses, tumores, uso de medicação imunodepressora etc., constituem fatores que facilitam o adoecimento. Outros fatores que também interferem no aparecimento da doença a carga bacilífera são sua virulência e o estado de hipersensibilidade do organismo. Se na ocasião da primoinfecção não ocorrer equilíbrio imunológico, os bacilos recém- implantados No parênquima pulmonar ou nos linfonodos continuarão a se multiplicar, dando origem a lesões sintomáticas – a tuberculose primária. Essa forma primária geralmente acontece antes do estabelecimento da maturidade das defesas imunológicas. Sendo assim, esses pacientes podem ainda não ter concluído sua resposta de hipersensibilidade, e sua resposta ser negativa ao teste tuberculínico (fase pré- tuberculínica), podendo apresentar viragem em um novo teste posterior, o que caracteriza claramente a tuberculose primária. Após a primoinfecção, 95% dos indivíduos conseguem bloquear a propagação das lesões, e os bacilos permanecem em estado de latência. Esse equilíbrio pode ser rompido tanto por reativação endógena como por reinfecção exógena. A doença que se desenvolve nessas condições é a tuberculose pós-primária, na qual a forma pulmonar é a mais comum. A resposta à multiplicação dos bacilos provoca necrose caseosa, que amolece e se liquefaz. Os mecanismos da liquefação, como já referido, estão provavelmente relacionados com as enzimas produzidas por estímulo da hipersensibilidade. Desse modo, quanto maior a hipersensibilidade, maior a capacidade de liquefação das lesões e maior a destruição tecidual. Os bacilos, até então inibidos no seu desenvolvimento pela formação do granuloma, encontram condições favoráveis à sua multiplicação após liquefação do cáseo e o aparecimento da cavidade, com rápido crescimento das populações bacilíferas. Esse desenvolvimento para a formação de lesões cavitarias pulmonares (caverna tuberculosa) caracteriza a tuberculose pós- primária. Evoluindo naturalmente, as lesões pós-primárias podem se disseminar e levar ao óbito mais de 50% dos pacientes ou se tornar crônica em cerca de 25 a 30% deles. Se a imunidade estiver íntegra, pode haver cura natural do processo, em 20 a 25% dos doentes Manifestações da doença | Clínica e diagnóstico O pulmão é a principal porta de entrada do bacilo da tuberculose, que causa infecção focal no local em que foi depositado após sua inalação. As defesas inatas do organismo de certo modo atual sobre o bacilo, a imunidade humoral tem pouco ou nenhum efeito, e a imunidade celular que aparece é relacionada com a sensibilidade à tuberculina (4 a 6 semanas). A evolução do processo é bloqueada tanto pelos mecanismos de defesa locais quanto sistêmicos. A disseminação dos bacilos acontece inicialmente por via hematogênica no interior dos polimorfos nucleares e depois por monócito/macrófagos para diversos locais orgânicos e, eventualmente, por contiguidade, para pleura. Alcança, por via linfática, os linfonodos hilares, dos quais, por disseminação linfo- hematogênica, pode ocorrer nova distribuição sistêmica dos bacilos, desenvolvendo focos nos pulmões por meio de ducto torácico e veia cava superior ou extrapulmonares. As manifestações dos bacilos que vencem as defesas orgânicas. Infecção A infecção inicial ou primoinfecção pode apresentar diversas manifestações nas radiografias convencionais: nódulo periférico calcificado (nódulo de Gohn), estrias que se dirigem para o hilo (linfangite) e alargamento dos linfonodos dessa região, constituindo o complexo bipolar de Ranke. Em geral, a primoinfecção tuberculosa é clinicamente irrelevante e de difícil reconhecimento. É de ocorrência mais comum na infância; neste período raramente podem se desenvolver mal-estar e febre baixa. Na grande maioria dos indivíduos não se observam sintomas ou qualquer outra evidência adicional de tuberculose e a infecção permanece latente indefinidamente ou até ocorrer reativação. Doença primária Em pacientes com baixa resistência ou desconhecimento imunológico do bacilo, a infecção inicial evolui para doença: a tuberculose primária. Essa tuberculose é paucibacilífera, praticamente não contagiante, de gravidade variável e de difícil diagnóstico. É mais frequente em crianças com manifestações clínicas variadas. Geralmente é oligossintomática, sendo descrita como uma doença em que a criança tem febre e perde, ou não ganha, peso com facilidade. A febre é moderada e vespertina, acompanhada de sudorese noturna. Muitas vezes há suspeita de tuberculose em casos de pneumonias, tratadas com antimicrobianos para germes comuns, que não apresentam melhora. Doença pós-primária A tuberculose pós-primária, também chamada de tuberculose secundária ou de reativação, ocorre quase exclusivamente no adulto. Somente cerca de 5% dos indivíduos infectados adoecem. Uma parte, durante os cinco primeiros anos após o primeiro contato (adoecimento primário) e a outra parte ao longo de sua vida, especialmente se houver outras doenças ou condições debilitantes, por exemplo, desnutrição, infecção por HIV, diabetes, tratamento prolongado com corticoides, terapia imunossupressora, doenças renais crônicas, gastrectomia e outras causas (adoecimento secundário). Embora a tuberculose pós-primária seja um acontecimento raro entre os infectados, é sobejamente predominante em relação à primária. Na apresentação pós-primária, a doença apresenta grande espectro de manifestações que se relacionam com o órgão afetado. O pulmão é o órgão mais comumente atingido pela doença, mas também pode afetar gânglios, pleura, rins, SNC e ossos, e com menos frequência, outros órgãos.
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