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Políticas Públicas ; Inovação. Métodos e Ferramentas para Inovação em Políticas Públicas Enap, 2022 Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Desenvolvimento Profissional Conteudista/s Elisabete Ferrarezi (Conteudista, 2022). Sumário Módulo 1: Linguagem Simples Aplicada ao Serviço Público ...............................7 Unidade 1: Introdução à Linguagem Simples ...................................................... 7 1.1. Comunicar-se de forma simples e breve ............................................................... 8 Referências ..................................................................................................................... 10 Unidade 2: Linguagem Simples: etapas e diretrizes .........................................11 Referências ..................................................................................................................... 15 Unidade 3: Linguagem Simples aplicada ao Serviço Público ...........................16 3.1. Escuta Ativa ............................................................................................................. 17 Referências ..................................................................................................................... 20 Unidade 4: Disseminando a pauta da Linguagem Simples ..............................21 Referências ..................................................................................................................... 23 Módulo 2: Ciências Comportamentais ................................................................ 24 Unidade 1:Introdução às Ciências Comportamentais ......................................24 1.1. A Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas .................. 27 Referências ..................................................................................................................... 29 Unidade 2: Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas no Brasil e no mundo .................................................................................................. 30 2.1. A Identificação das Oportunidades para Aplicação nas Políticas Públicas .... 30 2.2. Casos e instrumentos utilizados .......................................................................... 31 2.3. Importância dos Contextos e da Cultura ............................................................. 31 Referências ..................................................................................................................... 32 Unidade 3: SIMPLES MENTE: uma Ferramenta para Aplicação das Ciências Comportamentais ................................................................................................ 33 Referências ..................................................................................................................... 36 Módulo 3: Ciência de Dados Aplicada às Políticas Públicas ..............................37 Unidade 1 – Noções Básicas da Ciência de Dados ............................................37 Referências ..................................................................................................................... 40 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: A Aplicação da Ciência de Dados no Setor Público .........................41 Referências ..................................................................................................................... 45 Unidade 3: Desafios do Trabalho com Dados ..................................................... 46 3.1. Invisibilidade de Grupos Sociais ........................................................................... 47 3.2. Abertura e Segurança de Dados ........................................................................... 47 3.3. A Capacitação de Servidores ................................................................................ 48 Referências ..................................................................................................................... 52 Módulo 4: Design de Serviços ............................................................................... 53 Unidade 1: Objetivos e Fases do Design de Serviços .........................................53 1.1. Os Pilares do Design de Serviços .......................................................................... 57 1.2. As fases do Design de Serviços ............................................................................. 59 Referências ..................................................................................................................... 62 Unidade 2: Experiências de Emprego do Design de Serviços no Setor Público ...63 2.1. Os processos e as ferramentas utilizadas nas experiências ............................. 63 Referências ..................................................................................................................... 71 Unidade 3: Como e Por Onde começar a usar o Design de Serviços? .............72 3.1. A Formação da Equipe durante o Processo ....................................................... 72 3.2. As pesquisas ........................................................................................................... 73 Referências ..................................................................................................................... 78 Módulo 5: Etnografias............................................................................................ 79 Unidade 1: Introdução à Etnografia: das Origens Antropológicas ao uso no Design .................................................................................................................... 79 1.1. Novas Etnografias e a Aproximação com o Design ............................................ 81 Referências ..................................................................................................................... 85 Unidade 2: Métodos Utilizados em Etnografia e Design ..................................86 2.1. O Processo de Imersão da Etnografia ................................................................ 86 2.2. Design Etnográfico ................................................................................................ 90 2.3. Aplicação do Design Etnográfico em um Desafio de Política Pública .............. 93 Referências ..................................................................................................................... 97 Unidade 3: Materialidade do Design e Possibilidades de Aplicação ................98 3.1. Desafios da Aplicação do Conceito de Materialidade no Setor Público ...... 100 Referências ................................................................................................................... 103 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5 Apresentação e Boas-vindas Olá! Seja bem-vindo(a) ao curso Métodos e Ferramentas para Inovação em Políticas Públicas. O curso Métodos e Ferramentas para Inovação em Políticas Públicas foi desenvolvido a partir da necessidade de oferecer, especialmente aos agentes públicos, um conjunto de métodos, ferramentas e abordagens práticas para a inovação em políticas públicas. O curso teve sua origem a partir do evento GNPapo que ganhou status de série em 2020, ao adotar novo formato e abordagem para apresentar um encadeamento de temas relacionados. Assim nasceu o Inovaflix, um conjunto de eventos interativos online com o objetivo de associar teoria à prática, trazendo especialistas e suas experiências concretas de aplicação dos métodos e ferramentas no desenvolvimento de políticas públicas. O que você estudará foi concebido originalmente a partir da websérie dos episódios da segunda temporada do Inovaflix, que você poderá acompanhar aqui. Essa temporada trouxe debates moderados demaneira a extrair de cada convidado a sua especialidade e experiência no tema proposto. GNPapo - Bate papo com inovadores é um evento regular no qual o GNova - Laboratório de Inovação em Governo da Enap – que recebe inovadores de todos os setores da sociedade para compartilharem seus conhecimentos, ideias, projetos e iniciativas com a comunidade de inovação pública. Antes da pandemia, eram realizados por meio de eventos presenciais, com transmissão pela internet. Caso queira, você pode conferir aqui a playlist com as edições anteriores. Mas, o que é o Laboratório GNova? Bem, ele é um espaço para experimentar novas formas de pensar em problemas e desafios públicos e agir em governo. Encorajam governos a desenhar e implementar políticas públicas a partir das necessidades das pessoas. O GNova atua em três eixos. https://www.youtube.com/playlist?list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c https://www.youtube.com/results?search_query=gnpapo 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O primeiro é a prospecção de novos métodos e tendências aplicáveis ao setor público. O segundo é a experimentação em políticas públicas, como mecanismo de descobrir as possibilidades, testar oportunidades e identificar os riscos envolvidos. O terceiro eixo consiste na disseminação de conhecimentos produzidos e no apoio ao desenvolvimento de competências, por meio de eventos, redes, conferências e materiais que possam inspirar outros inovadores públicos. Voltando a falar do curso, aqui você terá uma visão geral sobre os métodos e ferramentas aplicados em diferentes projetos de experimentação em governo. Para isso, o curso foi estruturado em cinco módulos, contendo tópicos e subtópicos: O Módulo 1, Linguagem Simples Aplicada ao Serviço Público, será apresentado a técnica de linguagem simples, suas etapas e diretrizes para uma comunicação efetiva, bem como exemplos de sua aplicação para melhoria do serviço público. No Módulo 2, Ciências Comportamentais, você verá uma breve introdução às Ciências Comportamentais, conhecerá instrumentos e casos de aplicação desta ciência no Brasil e no mundo, identificando as oportunidades de aplicação nas políticas públicas. Já o Módulo 3, Ciência de Dados aplicada às Políticas Públicas, você aprenderá noções básicas da Ciência de Dados, e conhecerá também experiências e desafios de sua aplicação nas políticas públicas. No Módulo 4, Design de Serviços, você será capaz de identificar objetivos e fases da aplicação do design de serviços em programas governamentais bem como conhecerá relatos de experiências. E finalmente, no Módulo 5, Etnografias, você identificará os objetivos e potenciais da aplicação de etnografias na realização de pesquisas em serviços e programas governamentais, visando compreender os problemas públicos sob a perspectiva dos atores envolvidos. Ótimo curso para você! 77 Módulo Linguagem Simples Aplicada ao Serviço Público1 Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a linguagem simples como processo essencial para facilitar a compreensão dos cidadãos acerca das mensagens oficiais. Unidade 1: Introdução à Linguagem Simples Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você seja capaz de identificar as características básicas da linguagem simples que possibilitam a comunicação de forma direta e clara das informações em textos oficiais, visando facilitar a compreensão dos cidadãos. Síntese da videoaula Linguagem Simples. Fonte: Pommitz (2021). Textos incompreensíveis fazem mal à cidadania! (Heloisa Fischer) 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Linguagem simples é uma técnica de comunicação e ao mesmo tempo uma causa social. Como técnica de comunicação ela agrupa um conjunto de práticas visando a escrita de textos fáceis de ler, acessível não apenas para especialistas. E por que causa social? Porque a linguagem simples se baseia na ideia de que todas as pessoas têm o mesmo direito à possibilidade de ler, interpretar, compreender e se apropriar daquilo que está sendo comunicado pelos governos e que orientam os cidadãos sobre os serviços ofertados. Os estudos de linguagem simples remontam à década de 1940 e foram se popularizando ao longo dos anos, estando hoje presentes em uma infinidade de países. Muitos deles atualmente se engajam em comunidades internacionais com intuito de fortalecer o desenvolvimento da causa e das práticas de escrita simples. No Brasil, um expoente na área de linguagem simples é a professora e pesquisadora Heloisa Fischer. Na videoaula a seguir, a Professora introduz o tema linguagem simples e alerta sobre um problema que prejudica a relação entre o governo e os cidadãos. Acompanhe! As informações de uso coletivo precisam ser comunicadas de forma direta e clara. E se a ideia é comunicar de forma simples a todos, tem-se que pensar em acessibilidade. Você concorda? A acessibilidade é o que permite que qualquer pessoa possa aproveitar conteúdo ou produtos oferecidos a todos. Pensar no receptor (público- alvo) da sua comunicação é algo fundamental. Quem são? Onde vivem? Quais são suas limitações? 1.1. Comunicar-se de forma simples e breve Videoaula: Tendências em Experiência do Usuário Linguagem de sinais. Fonte: Freepik (2022). https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo01_video01/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 9 A audiodescrição possibilita que uma videoaula seja mais acessível, pois dá às pessoas com deficiência visual ou à idosos, elementos para construir uma imagem correspondente a cada interlocutor. Mas será que é fácil fazer uso de linguagem simples? Você conseguiria transformar um texto complexo em um texto de fácil compreensão? Na videoaula a seguir, você perceberá que cada interlocutor faz sua audiodescrição comunicando de forma simples e breve a sua aparência. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! Videoaula: É Fácil Fazer Uso de Linguagem Simples? https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo01_video02/index.html 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública FISCHER, Heloísa. Tendências em Experiência do Usuário. 5ª Semana de Inovação em Gestão Pública: Governo para as pessoas. Brasília, DF: Enap, 2019. 1 vídeo (14 min e 24 seg). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=klvHpe5-tp8. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://www.youtube.com/watch?v=klvHpe5-tp8 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 11 Unidade 2: Linguagem Simples: etapas e diretrizes Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade espera-se que você identifique experiências em locais das três esferas do governo, federal, estadual e municipal, onde o uso da linguagem simples já é uma realidade. Você analisará também a experiência de três mulheres que estudam, aplicam e vivem na prática o uso da linguagem simples no setor público. Conheça na primeira videoaula desta unidade alguns relatos interessantes. O primeiro deles é apresentado por Taciana Leme, representante da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) que é uma agência reguladora, atuante no nível federal. Tem também a Isabel Ferreira Lima, que trabalha no IrisLab, Laboratório de Inovação e Dados do Estado do Ceará, e a Marianna Alves, que traz a experiência do Programa de Linguagem Simples da Prefeitura Municipal de São Paulo, um dos vencedores do Concurso de Inovação da Enap. Videoaula: Linguagem Simples Uma das abordagens apresentadas nesta videoaula foi sobre as etapas para aplicação da linguagem simples na comunicação. As etapas são: • planejar (pensar no objetivo ou propósito do documento e no público-alvo); • escrever ou reescrever (aplicar diretrizes e ferramentas para que o texto atinja seu objetivo); • revisar (verificar possibilidades de melhoria); • testar. Você notou nestavideoaula que foi mencionado também a existência de várias diretrizes nacionais e internacionais para uso de linguagem simples? Agora, analise algumas diretrizes, sistematizadas pela professora Heloisa Fischer, que são consideradas fundamentais para quem está iniciando a prática para escrita de texto simples. https://011lab.prefeitura.sp.gov.br/linguagem-simples/inicio https://011lab.prefeitura.sp.gov.br/linguagem-simples/inicio https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo01_video03/index.html 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Empatia É preciso iniciar com o exercício de sair de si mesmo, considerar que o texto é sempre centrado na pessoa que vai ler. E se vamos escrever para cidadãos brasileiros de forma geral, é preciso considerar que: a nossa população tem muita dificuldade de ler e compreender textos. Hierarquia Trata da estrutura da informação. O texto deve seguir uma estrutura lógica que se identifica com a pirâmide invertida do lead jornalístico, a qual preconiza que se vá direto ao ponto, considerando o que é: a) essencial; b) importante; c) complementar; d) auxiliar. O foco da comunicação é a objetividade. Promover a retenção da atenção do leitor apresentando de imediato a informação mais importante, além de agregar as informações de mesmo teor em um mesmo bloco, contribui para o ordenamento e a hierarquização. Empatia na escrita. Fonte: Freepik (2022). Hierarquia. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Adaptado de Freepik. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 13 Palavra conhecida É a palavra mais comum, mais corriqueira. Ao utilizar uma palavra conhecida é preciso ter empatia com o leitor. Isto é, a palavra conhecida deve ser conhecida para quem não conhece o assunto que está sendo tratado. É preciso, assim, imaginar que as pessoas possam estar tendo o contato pela primeira vez com aquele tipo de informação. Deve-se evitar ou, se for usá-lo, explicar o jargão, a sigla ou o termo técnico. O uso da palavra conhecida traz ainda o benefício do baixo custo de processamento mental para todos que irão ler o texto. Palavra concreta A palavra concreta, que se refere a objetos, pessoas e lugares, deve ser utilizada sempre que possível no lugar dos termos abstratos, conceitos, estados, sentimentos e nominalizações. A dica aqui é trocar os substantivos abstratos por verbos. Frase curta - A recomendação internacional da comunidade de Plain Language orienta que a frase deve conter entre 20 e 25 palavras. Porém, escrever uma frase com 25 palavras não garante que ela cumprirá a missão de comunicar em linguagem simples. A frase curta requer revisão, rascunho para escolher o que deve ser eliminado como desnecessário e reescrita. Palavra conhecida. Fonte: Freepik (2022). Palavra concreta. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). 14Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Frase na ordem Direta A ordem aqui é seguir a estrutura sujeito- verbo-complemento. Evite as frases em ordem indireta, como também as orações intercaladas, aquelas que vem encaixadas no meio das orações principais entre vírgulas ou travessões. Diagnóstico Trata-se do momento de avaliar o texto à luz das diretrizes anteriores. Pergunte-se: o texto em algum momento desconsidera a pessoa que lê? Está fora da sequência lógica de hierarquização? Tem palavras incomuns? Tem palavras abstratas? Tem frases longas? E frases em ordem indireta? Nesse momento, mais uma vez, o texto poderá passar por uma reescrita após a checagem de todas essas diretrizes1. Frase na ordem direta. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Diagnóstico. Fonte: Freepik (2022). 1_Curso da Heloísa Fischer na EVG - Primeiros passos para uso de Linguagem Simples. https://www.escolavirtual. gov.br/curso/315 Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315 https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 15 FISCHER, Heloísa. Primeiros passos para uso de Linguagem Simples. In: Curso Aberto ENAP. [EV.G]. Disponível em: https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências 16Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3: Linguagem Simples aplicada ao Serviço Público Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade de estudos, espera-se que você compreenda como o serviço público pode alcançar as pessoas, por meio de seus documentos, utilizando a linguagem simples. Você aprendeu que o conceito de Linguagem Simples é uma técnica de comunicação que torna os textos mais fáceis de ler. Por consequência, tornam-se mais inclusivos e acessíveis a todos os cidadãos. A clareza de textos e documentos tem se mostrado uma preocupação cada vez mais presente no serviço público. Quem é afetado por uma determinada regra legal precisa localizar facilmente a informação, entendê-la e usá-la. Isso economiza tempo, recursos e fortalece as relações de confiança entre as instituições e os cidadãos. Atendimento ao cidadão. Fonte: Freepik (2022). Na videoaula a seguir, conheça alguns relatos de como a linguagem simples está revolucionando o modo de se fazer governo, ao interferir na forma como o poder público pode alcançar as pessoas por meio de seus documentos e comunicação. Que tal explorar casos reais de uso de linguagem simples? Videoaula: Casos Reais de Uso de Linguagem Simples https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo01_video04/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 17 Realização de entrevistas. Fonte: Freepik (2022). Nesta videoaula é mencionada a metodologia de 5 passos adotada pelo Laboratório de Inovação em Governo da Prefeitura de São Paulo, o (011).lab. São elas: • Pensar o documento; • Pensar no público-alvo; • Aplicar as orientações/diretrizes de linguagem simples; • Testar; e • Revisar. Que tal conhecer o Guia para revisão de documentos elaborado pelo (011).lab? Veja o documento aqui. “Foi muito bom descobrir a importância da linguagem simples e a diferença que ela pode fazer na vida do usuário.” (participante da equipe ANA - Frase extraída da videoaula Casos Reais de Uso de Linguagem Simples). O desenvolvimento do Projeto de Simplificação da Linguagem na ANA passou por várias etapas, e uma delas consistiu na escuta ativa. A escuta ativa vai além do ato de ouvir o que o outro tem a dizer. Consiste em ouvir com empatia, demonstrando real interesse pelo assunto e evitando qualquer tipo de julgamento sobre a pessoa que está falando. 3.1. Escuta Ativa https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf 18Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Durante o projeto, foram entrevistados usuários de recursos hídricos, atores de instituições parceiras do sistema de águas, servidores da própria agência que fazem atendimento ao público, bem como da área de comunicação e da coordenação de outorgas, além de especialistas em simplificação de documentos do Laboratório de Inovação em Governo da Prefeitura de São Paulo. Veja que interessante algumas impressões coletadas de participantes neste momento do projeto: Entrevistas. Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 19 Agora, observe com atenção quais foram os aprendizados da equipe ANA após a escuta ativa: Mapa de Insights do Projeto de Simplificação da Linguagem - Hidrologiquês. Fonte: ANA e GNova (2021). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Não é nada simples desapegar do formato “burocratês”, você concorda?! Ouça mais sobre o assunto, a partir de causos inusitados e até mesmo engraçados que as convidadas contarão na videoaula a seguir. Videoaula: Causos Inusitados Sobre "Burocratês" Você chegou ao finaldesta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo01_video05/index.html 20Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública SÃO PAULO (município). Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia. Laboratório de Inovação em Governo da Prefeitura de São Paulo - (011).lab. Guia de Linguagem Simples: Como posso revisar meu documento? Deixe a linguagem do seu documento mais simples. São Paulo: Prefeitura Municipal, s.d. Disponível em: https://assets.website- files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20 para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 21 Unidade 4: Disseminando a pauta da Linguagem Simples Objetivo de aprendizagem Ao final dessa unidade você será capaz de reconhecer como a linguagem simples pode apoiar o serviço público a alcançar os cidadãos. Como engajar os agentes públicos a renunciar ao formato que estão acostumados, a linguagem burocrática, legal e formal? Nesta unidade, você reconhecerá como a linguagem interfere na forma em que o poder público tem para alcançar as pessoas e contribuir para o sucesso de uma política pública. Inicie os estudos deste tema assistindo nesta videoaula a existência de uma rede que movimenta essa pauta no Brasil: a Rede Linguagem Simples Brasil. Acompanhe! Videoaula: Rede Linguagem Simples Brasil Você se interessou em participar da Rede? Faça uma hipercuradoria acessando os contatos a seguir. Neles, você também encontrará material extra sobre Linguagem Simples. Para saber mais sobre a Linguagem Simples: • Está começando? Temos um curso rápido aqui com os primeiros passos para uso da Linguagem Simples na nossa Escola Virtual de Governo!. • Precisa convencer o chefe ou seus colegas da importância disso? Heloisa Fischer dá a letra. Acesse aqui. • Tá na hora de pôr em prática? Veja aqui o guia para revisão de documentos do (011).lab, um dos vencedores do Concurso Inovação no Setor Público. • Quer trocar ideias? Junte-se aqui à rede Linguagem Simples Brasil. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo01_video06/index.html https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315 https://www.youtube.com/watch?v=klvHpe5-tp8 https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSdos2wMeWI8t6rVANREugqOz88JCLDbI6o5Yahk-YpD89Bzkw/viewform?usp=send_form 22Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Lançamento da Rede Linguagem Simples Brasil. Acompanhe aqui. • Projetos de Simplificação podem ser vistos aqui por você. • Clique aqui e veja o Webinário de Linguagem Simples na Carta de Serviços. • Ouça o Podcast sobre Rede Linguagem Simples. • Que tal conhecer aqui sobre o Comunica Simples? • Só é acessível se der para entender. Veja mais sobre isso clicando aqui. • Saiba mais sobre o papel do texto na compreensibilidade de e-serviços aqui. Você aprendeu até agora que a linguagem simples se relaciona com as ciências comportamentais porque tem um papel muito importante para o engajamento das pessoas. Para entender melhor como esses temas se relacionam, siga firme até o final! Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons estudos! https://www.youtube.com/watch?v=D7pAbDFtUSM https://011lab.prefeitura.sp.gov.br/linguagem-simples/projetos-de-simplificacao https://www.youtube.com/watch?v=WHvbSVDsljU https://open.spotify.com/episode/1IJ5Ts5C2NnbcNj1IVs79h?si=i-huNt7WQB230aQzbuoquQ&nd=1 https://www.youtube.com/channel/UCd4VAbib68Wx_jHo2B8LNkQ http://guaiaca.ufpel.edu.br:8080/handle/prefix/6550 http://periodicos.puc-rio.br/index.php/revistaergodesign-hci/article/view/1275 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 23 FISCHER, Heloísa. Primeiros passos para uso de Linguagem Simples. In: Enap. Curso Aberto. EV.G, s.d. Disponível em: https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315. Acesso em: 30 nov. 2022. FISCHER, Heloísa. Tendências em Experiência do Usuário. 5ª Semana de Inovação em Gestão Pública: Governo para as pessoas. Brasília: Enap, 2019. 1 vídeo (14 min e 24 seg). Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=klvHpe5-tp8. Acesso em: 30 nov. 2022. FISCHER, Heloisa. Só é acessível se der para entender. In: SALASAR, Desirée Nobre; MICHELON, Francisca Ferreira (Org.). Acessibilidade cultural: atravessando fronteiras [recurso eletrônico]. Pelotas: Ed. da UFPel, 2020. FISCHER, Heloisa; MONT’ALVÃO, Claudia; DOS SANTOS, Erica Rodrigues. O papel do texto na compreensibilidade de e-serviços. Revista Ergodesign, HCI, [S.l.], v. 7, n. Especial, p. 207-219, abr. 2020. LABORATÓRIO DE EXPERIMENTAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DE PORTUGAL (LABX). Oficinas de simplificação: promover o uso de linguagem clara e útil na comunicação do Estado. , Portugal: [s. n.], 2020. SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia. Laboratório de Inovação em Governo da Prefeitura de São Paulo - (011).lab. Guia de Linguagem Simples: Como posso revisar meu documento? Deixe a linguagem do seu documento mais simples. Disponível em: https://assets.website-files. com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20 revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. SÃO PAULO (Município). Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia. Laboratório de Inovação em Governo da Prefeitura de São Paulo - (011).lab. Teste da Linguagem de um documento: Como posso revisar meu documento? Deixe a linguagem do seu documento mais simples. Disponível em: https://www.linguagemsimples.prefeitura. sp.gov.br/teste-de-documento/. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf https://assets.website-files.com/5e18ca34b827fa4e18593184/6059ec7622620949977dc8d1_Guia%20para%20revisa%CC%83o%20de%20documentos_pdf.pdf https://www.linguagemsimples.prefeitura.sp.gov.br/teste-de-documento/ https://www.linguagemsimples.prefeitura.sp.gov.br/teste-de-documento/ 24Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Módulo Ciências Comportamentais2 Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os objetivos e as oportunidades da aplicação das ciências comportamentais em programas e serviços governamentais. Unidade 1: Introdução às Ciências Comportamentais Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você identifique os objetivos e as características básicas das ciências comportamentais. Síntese da videoaula Ciências Comportamentais. Fonte: Pommitz (2021). O que faz uma pessoa decidir por tomar uma vacina, pagar seus impostos em dia, poupar para a aposentadoria ou não cometer infrações de trânsito? Essas decisões são sempre racionais? Será que as pessoas sempre fazem o que é bom para elas? E você? Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 25 Escolhas. Fonte: Pommitz (2021). O modelo do agente racional na economia afirma que as pessoas são capazes de processar plenamente todas as informações disponíveis e de fazer suas escolhas de modo racionale coerente, reunindo e processando toda a informação disponível, organizando a ordem de preferência de acordo com critérios de bem-estar individual e, então, escolher a melhor opção. O modelo racional é centrado na maximização da utilidade, que concebe que as pessoas são capazes de processar informações de forma completa e de fazer suas escolhas de modo coerente e consistente no tempo. O modelo agente racional tem influenciado as políticas públicas com o objetivo de mudar o comportamento dos agentes, utilizando instrumentos como os incentivos, a regulação e a informação. A lei que pune dirigir após a ingestão de álcool e a que aplica impostos sobre o tabaco é um exemplo. Mas, desde a década de 70, surgiram novas pesquisas no campo da psicologia e economia que trouxeram uma novidade: as evidências mostram que a tomada de decisão de forma estritamente racional seria mais a exceção do que a regra. E a partir dos questionamentos ao modelo racional, nasceu um novo campo interdisciplinar, a Economia Comportamental ou Ciências Comportamentais Aplicadas (THALER, 2015, apud CAMPOS FILHO, 2020). 26Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Elas propõem uma abordagem empírica dos processos decisórios humanos, ajudando a compreender como as pessoas percebem a sua situação, como fazem seus julgamentos e tomam suas decisões, trazendo novas perspectivas para diagnosticar problemas e desenhar programas públicos de modo a obter melhores respostas das pessoas aos incentivos governamentais. O campo da Economia Comportamental – ou Ciências Comportamentais Aplicadas, como preferem muitos de seus principais expoentes – desenvolveu-se de forma acelerada, desde os trabalhos pioneiros do economista Richard Thaler e dos psicólogos Amos Tversky e Daniel Kahneman a partir dos anos 1970. Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2002. A emergência das Ciências Comportamentais deriva do questionamento do modelo do agente racional e de seus pressupostos de plena racionalidade. No lugar de se pautar por um modelo normativo e prescritivo, as Ciências Comportamentais utilizam a abordagem empírica dos processos decisórios humanos. Então, a partir de evidências empíricas (e, sempre que possível, a partir de experimentos controlados), procura-se descrever o modo como os seres humanos agem e efetivamente tomam decisões antes de desenhar um programa ou serviço. Como a atenção das pessoas é limitada e, em diversas ocasiões, é capturada por eventos salientes, que desviam o foco de problemas mais urgentes ou importantes, as ciências comportamentais adotam a estratégia de dar um “empurrão” (nudge) para tomar decisões mais alinhadas aos seus próprios interesses – alimentar-se melhor, poupar para a aposentadoria, economizar energia (THALER; SUNSTEIN, 2019). Escolhas. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 27 Segundo o quadro de análise desenvolvido no Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial de 2015 – Mente, Sociedade e Comportamento – a tomada de decisão humana tem como base três princípios: indivíduos que pensam automaticamente, socialmente, e com modelos mentais pré-existentes. As influências psicológicas, sociais e culturais interferem na tomada de decisão e no comportamento humano e possuem impacto significativo nos resultados de programas (CAMPOS FILHO; SIGORA; BONDUKI, 2020). A forma como as opções de um serviço é apresentada aos cidadãos – sua arquitetura de escolha (THALER; SUNSTEIN, 2013) – pode ser determinante para o seu sucesso. Às vezes, é possível fazer pequenas mudanças na forma como uma mensagem é escrita, como a escolha é enquadrada, ou como um processo é estruturado, evitando-se erros nas decisões e aumentando as chances de aceitação ou adesão das pessoas. Está curioso? O professor Antonio Claret apresenta na videoaula a seguir o que são as ciências comportamentais e como ela pode ser uma ferramenta para diagnosticar problemas e aumentar as alternativas de solução. Acompanhe! Videoaula: Insights Comportamentais em Projetos de Inovação Videoaula: A Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas Videoaula: Design Comportamental Em sua opinião, é importante aos gestores públicos conhecerem mais sobre as ciências comportamentais? Assista nesta videoaula a conversa entre os convidados Guilherme Lichand e Daniel Belmiro e veja o que eles pensam a respeito. 1.1. A Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas Veja agora a experiência do trabalho apresentado pela designer Jacqueline Oliveira, ocorrido na África, por meio da ONG Think Place. A organização trabalha com Design centrado no Humano e desenvolveu metodologia própria, o Design Comportamental. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video07/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video08/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video09/index.html 28Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 29 CAMPOS FILHO, Antonio Claret. Aplicando insights comportamentais para o aprimoramento de políticas públicas: a ferramenta SIMPLES MENTE. Cadernos Enap, 68. [S. l.]: Enap, 2020. THALER, Richard H.; SUNSTEIN, Cass R.; BALZ, John P. Choice architecture. In: SHAFIR, Eldar (ed.). The behavioral foundations of public policy. Princeton: Princeton University Press, 2013. THALER, Richard H.; SUNSTEIN. Cass R. Nudge: Como tomar melhores decisões sobre saúde, dinheiro e felicidade. [S. l.]: Objetiva, 2019. Referências 30Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas no Brasil e no mundo Objetivo de aprendizagem Nessa unidade, espera-se que você identifique oportunidades de aplicação das ciências comportamentais em programas e serviços governamentais. 2.1. A Identificação das Oportunidades para Aplicação nas Políticas Públicas Pelo que você aprendeu até agora, em sua opinião, seria adequado utilizar as ciências comportamentais para auxiliar no diagnóstico de problemas e desenhar soluções em qualquer contexto de políticas públicas? Em que situação seu uso se aplica? Identificar oportunidades de aplicação. Fonte: Freepik (2022). Depois de refletido um pouco, conheça agora alguns projetos em que foram aplicadas ferramentas das ciências comportamentais. Aproveite para avaliar quando o emprego delas é mais adequado. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 31 2.2. Casos e instrumentos utilizados 2.3. Importância dos Contextos e da Cultura A videoaula a seguir apresenta como foram os resultados dos testes feitos com um protótipo no projeto da Receita Federal. O projeto utilizou a ferramenta SIMPLES MENTE, que será mais bem detalhada adiante (CLARET et al, 2020). Você verá agora a experiência dos participantes no trabalho de aplicação das ciências comportamentais em diferentes países e a importância de se considerar as especificidades da cultura local quando da realização dos experimentos. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! Agora, assista a um exemplo de projeto na Etiópia que envolve normas sociais. Veja a experiência de Guilherme Lichand com os projetos de inovação feito com parceiros e o GNova. Segundo ele, é preciso um bom diagnóstico do problema para saber quais metodologias são mais adequadas para tratar da questão. Videoaula: Ciências Comportamentais: Projetos Videoaula: Ciências Comportamentais: Projeto Etiópia Videoaula: Ciências Comportamentais: Resultados Videoaula: Aplicação das Ciências Comportamentais em Diferentes Países https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video10/index.htmlhttps://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video11/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video13/index.html 32Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública CAMPOS FILHO, Antonio Claret;. SIGORA, João; BONDUKI, Manuel. Ciências comportamentais e políticas públicas: o uso do SIMPLES MENTE em projetos de inovação. Brasília, DF: Enap, 2020. 132 p. [Coleção Inovação na Prática]. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_ duplas.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_duplas.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_duplas.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 33 Unidade 3: SIMPLES MENTE: uma Ferramenta para Aplicação das Ciências Comportamentais Objetivo de aprendizagem Nesta unidade, espera-se que você identifique, após a realização dos estudos, os objetivos da ferramenta SIMPLES MENTE que utiliza as ciências comportamentais para fazer intervenções em programas governamentais. Antes de saber como utilizar a ferramenta SIMPLES MENTE em processos de inovação, analise atentamente o acrônimo abaixo. Acrônimo SIMPLES MENTE. Fonte: Campos Filho et al (2020). 34Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Agora, veja na videoaula a seguir o que é a ferramenta SIMPLES MENTE e como utilizá-la em processos de inovação. Videoaula: Ferramenta SIMPLES MENTE Videoaula: Aplicativo SIMPLES MENTE O livro que o GNova publicou, Ciências comportamentais e políticas públicas: o uso do SIMPLES MENTE em projetos de inovação, explica o que são as ciências comportamentais e como usar a ferramenta. Acesse o material aqui. Além deste livro, você pode utilizar também o aplicativo SIMPLES MENTE que está disponível para celulares que utilizam o sistema operacional Android na Google Store. Veja mais sobre isso aqui. • Para saber mais sobre Ciências Comportamentais, clique aqui. • Acesse aqui para saber sobre a Arquitetura de escolhas, direito e liberdade: notas sobre o Paternalismo Libertário. • Veja aqui sobre Ciências comportamentais e políticas públicas: o uso do SIMPLES MENTE em projetos de inovação. • Clique aqui para saber acerca de Mind, Society, and Behavior. Veja nesta videoaula o que o aplicativo SIMPLES MENTE possibilita fazer e como você deve utilizá-lo. Agora é com você! Pesquise mais sobre o que acabou de estudar nas indicações sugeridas a seguir. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video14/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video15/index.html https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/5219 https://play.google.com/store/apps/details?id=lk.argon.simplesmenteapp&hl=pt_BR&gl=US&pli=1 https://repositorio.enap.gov.br/ https://articulateusercontent.com/rise/courses/1oPLcKACit72IliHpL1rMiuQLv5ctkra/bu1EXEvwUBvBWtmJ-Paternalismo%2520Libert%25C3%25A1rio.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_duplas.pdf https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/20597/WDR2015Overview-Portuguese.pdf?sequence=6&isAllowed=y Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 35 • Que tal acompanhar mais informações? Veja aqui Inovaflix Temporada 1 - Episódio Extra - Insights Comportamentais em Projetos de Inovação. • Acesse aqui para saber sobre a Arquitetura de escolha e o uso de “nudges”. • Você quer saber mais, muito mais sobre o assunto? Veja nossa hipercuradoria aqui para mergulhar de cabeça! Que bom que você chegou até aqui! Agora é hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Bons estudos! https://www.youtube.com/watch?v=QY9SopC0ECI&list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c&index=2 https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3127/8/Aula%204.1%20-%20Arquitetura%20de%20escolha.pdf https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/18-referencias-em-ciencias-comportamentais-para-quem-busca-teoria-e-experimentacao-2 https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/18-referencias-em-ciencias-comportamentais-para-quem-busca-teoria-e-experimentacao-2 36Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública CAMPOS FILHO, Antonio Claret;. SIGORA, João;, BONDUKI, Manuel. Ciências comportamentais e políticas públicas: o uso do SIMPLES MENTE em projetos de inovação. Brasília, DF: Enap, 2020. 132 p. [Coleção Inovação na Prática]. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_ duplas.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. ENAP. GNpapo Inovaflix. Uso de Insights Comportamentais em Projetos de Inovação: Inovação na Prática sobre Ciências Comportamentais e Políticas Públicas. Brasília, DF: Enap, 2020. 1 vídeo (02hs 01min e 15 seg). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=QY9SopC0ECI&list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c&index=2. Acesso em: 6 dez. 2022. ENAP. A arquitetura de escolha e o uso de “nudges”. [Programa de Aperfeiçoamento para Carreiras Economia Comportamental Aplicada às Políticas Públicas]. Brasília, DF: Enap, s.d. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3127/8/Aula%20 4.1%20-%20Arquitetura%20de%20escolha.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. ENAP. 18 referências em ciências comportamentais para quem busca teoria e experimentação. Brasília, DF: Enap, out. 2021. Disponível em: https://www.enap.gov. br/pt/acontece/noticias/18-referencias-em-ciencias-comportamentais-para-quem- busca-teoria-e-experimentacao-2. Acesso em: 30 nov. 2022. HORTA, Lins. Arquitetura de escolhas, direito e liberdade: notas sobre o Paternalismo Libertário. Pensar Revista de Ciências Jurídicas. Fortaleza: v. 22, n. 2, p 651-644, 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5020/2317-2150.2017.v22n2p651. Acesso em: 6 dez. 2022. KAHNEMAN, Daniel. Rápido e devagar: duas formas de pensar. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/#. Acesso em: 30 nov. 2022. WORLD BANK. Development Report 2015: Mind, Society, and Behavior. Washington, DC: World Bank, 2015. Disponível em: https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/ handle/10986/20597/WDR2015Overview-Portuguese.pdf?sequence=6&isAllowed=y. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_duplas.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/5219/2/gnova_simplesmente_digital_duplas.pdf https://www.youtube.com/watch?v=QY9SopC0ECI&list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=QY9SopC0ECI&list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c&index=2 https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3127/8/Aula%204.1%20-%20Arquitetura%20de%20escolha.pdf https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3127/8/Aula%204.1%20-%20Arquitetura%20de%20escolha.pdf https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/18-referencias-em-ciencias-comportamentais-para-quem-busca-teoria-e-experimentacao-2 https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/18-referencias-em-ciencias-comportamentais-para-quem-busca-teoria-e-experimentacao-2 https://www.enap.gov.br/pt/acontece/noticias/18-referencias-em-ciencias-comportamentais-para-quem-busca-teoria-e-experimentacao-2 http://dx.doi.org/10.5020/2317-2150.2017.v22n2p651 https://repositorio.enap.gov.br/# https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/20597/WDR2015Overview-Portuguese.pdf?sequence=6&isAllowed=y https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/20597/WDR2015Overview-Portuguese.pdf?sequence=6&isAllowed=y Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 37 Módulo Ciência de Dados Aplicada àsPolíticas Públicas3 Ao final deste módulo, você será capaz de compreender as noções básicas da Ciência de Dados e identificar oportunidades de aplicação desta no setor público. Síntese da apresentação Inovaflix sobre Ciência de Dados. Fonte: Pommitz (2021). Unidade 1 – Noções Básicas da Ciência de Dados Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você identifique os objetivos e as características básicas da Ciência de Dados. Em um contexto em que os governos enfrentam o desafio de lidar com a enorme quantidade e fluxo de informações geradas, saber utilizar a Ciência de Dados para explorar e processar grandes volumes de dados passou a ser um diferencial na gestão pública e privada. 38Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O processo de captura de informação, transformação, geração e, posteriormente, análise de dados possibilita a detecção de padrões e obtenção de insights para possíveis tomadas de decisão. O Brasil possui diversas bases de dados qualificadas que possibilitam a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de políticas públicas. Contudo, trabalhar grande volume de dados pode ser um desafio. É possível afirmar que vivemos na época da revolução dos dados (ONU, 2014). No entanto, os mecanismos tradicionais de análise de grandes volumes de dados, em variadas fontes, tornaram-se incapazes de prover respostas tempestivas e com validade necessária. Desse modo, a emergência do Big Data2 aparece como uma solução para essa necessidade. Mas, o valor da informação, nos dias atuais, não consiste exatamente nessa enorme massa de dados, mas sim no modo como os dados em massa são correlacionados para descobrir padrões, tendências e associações ocultas (GRABLE e LYONS, 2018). Assim, a capacidade de organizar os conhecimentos produzidos é o grande diferencial do campo de Ciência de Dados. Para estudar as informações, seu processo de extração, transformação, geração e análise de dados, a Ciência de Dados trabalha com vários campos do conhecimento. Essa área do conhecimento é interdisciplinar combinando matemática, estatística, ciência da informação, tecnologia da informação, metodologias científicas, inteligência artificial, dentre outras. 2_É o termo da Tecnologia da Informação que trata sobre grandes conjuntos de dados que precisam ser processados e armazenados em bancos de dados (I2AI - Associação Internacional de Inteligência Artificial). Resumidamente, a análise de Big Data pode ser entendida como a utilização de técnicas cada vez mais avançadas para tratamento de grande volume de dados (qualquer evento que pode ser armazenado em formato digital) como bancos de dados, informações de mídias, texto, números, imagens, videoaulas ou filmes, áudio, software, algoritmos, equações, animações, modelos, simulações etc. Um tipo de visualização de Big Data. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 39 Com o estudo dos dados, é possível gerar conhecimento sobre uma área e prover insumos para criação de soluções, resolver problemas complexos e informar a tomada de decisões de gestores, dentre outras aplicações. A Ciência de Dados está relacionada a três áreas. A primeira é o Big Data, que é usado para processar os dados. A segunda é a mineração de dados, cuja finalidade é encontrar padrões. Por último, a visualização dos dados, cujo objetivo é facilitar a compreensão da informação de forma clara e favorecer a sua disseminação (LEMUS- DELGADO e NAVARRO, 2020). Assista agora a videoaula que apresenta os principais passos que compõem a Ciência de Dados. Videoaula: I2AI – Conexões Inteligentes Videoaula: Ciência de Dados Aplicada às Políticas Públicas Iniciativas da sociedade civil e pesquisadores desempenham um papel-chave no fortalecimento do ecossistema global de dados abertos, contribuindo para tornar a relação entre governo e sociedade mais transparente. Nesse sentido, a ciência de dados pode ser utilizada para a promoção da transparência, como no caso da Organização da Sociedade Civil (OSC), o Open Knowledge, que você verá na videoaula com a professora Fernanda. Em síntese, a Ciência de Dados envolve um processo de manipulação, processamento e análise de dados, que visa a descoberta de novos conhecimentos. Na próxima Unidade, você verá como ela pode contribuir com as políticas públicas. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Bons estudos! https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video16/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video17/index.html 40Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública GRABLE, John E.; LYONS, Angela C. An Introduction to Big Data. Journal of Financial Service Professionals, v. 72, n. 5,p. 17-20, Sep. 2018. Disponível em: https://www. researchgate.net/publication/327434353. Acesso em: 30 nov. 2022. INTERNATIONAL ASSOCIATION OF ARTIFICIAL INTELLIGENCE (I2AI). Glossário de Inteligência Artificial. s.d. Disponível em: https://www.i2ai.org/content/glossary/#cap4. Acesso em: 30 nov. 2022. LEMUS-DELGADO, Daniel; NAVARRO, Ricardo Pérez. Ciencia de datos y estudios globales: aportaciones y desafíos metodológicos. Colombia International Issues. Bogotá [Universidad de los Andes]: v. 102, abr. 2020. ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). A World that Counts Mobilizing the Data Revolution for Sustainable Development. [S. l.]: ONU, 2014. Disponível em: https:// www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 41 Unidade 2: A Aplicação da Ciência de Dados no Setor Público Objetivo de aprendizagem Ao final desta Unidade, espera-se que você identifique as possibilidades de aplicação da Ciência de Dados no setor público. Saber utilizar a Ciência de Dados para explorar e processar dados é estratégico no setor público porque traz várias possibilidades de aplicação, como planejar, analisar padrões, tomar decisões e prever tendências. As novas tecnologias estão levando a um aumento exponencial do volume de dos tipos de dados disponíveis, criando possibilidades sem precedentes para informar a sociedade, transformá-la e proteger o ambiente (DATA REVOLUTION GROUP, 2014). Dentre as possibilidades de aplicação da Ciência de Dados no setor público temos: • Transparência; • Controle social; • Avaliação; • Detecção de fraudes; • Serviços financeiros; • Integração de serviços; • Logística; • Comparação de preços para licitação; • Tomada de decisão orientada por dados em programas e serviços públicos, dentre outras. 42Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Observe atentamente, em cada ponto da imagem, alguns exemplos de como a Ciência de Dados pode contribuir para o setor público: Saber quantas pessoas nasceram e com que idade morrem. Monitorar gastos do governo e para quais finalidades. Analisar as emissões de gases de efeito estufa para saber se estão aumentando. Analisar o comportamento da evolução da imunização. Conhecer o perfil de homens, mulheres e crianças que vivem na pobreza. Definir tendências de crescimento ou decréscimo populacional de uma região para planejar o número de escolas e de unidades de saúde necessários ao longo do tempo. Análise de dados. Fonte: Freepik (2022). A organização deve definir claramente o objetivo para o uso da Ciência de Dados e sua função deve ser estratégica para a instituição. Nesse sentido, é preciso perguntar: Que tipo de dado você precisa e para quê? Como serão coletados, onde serão armazenados, como serão organizados, descritos, preservados e compartilhados? Enap FundaçãoEscola Nacional de Administração Pública 43 Qual tipo de análise de dados é necessária? Descritiva (o que está acontecendo, entender as causas e consequências), preditiva (o que é mais provável de acontecer), prescritiva (o que e por que fazer e recomendações de como fazer melhor) ou prospectiva (quais os possíveis cenários para o futuro e como reagir diante deles). Qual é a forma que o produto deve ser apresentado? Relatórios padronizados ou relatórios customizados por sistemas que permitem filtros e combinação de variáveis (Business Intelligence - BI) (LEMUS-DELGADO e NAVARRO, 2020 . Para poder usufruir do conhecimento que pode ser produzido pelos dados que os governos detêm, eles devem ser antes preparados, isto é, fazer limpeza, agregação e manipulação. Para isso, a organização deve prover recursos e condições de infraestrutura que permitam a alta qualidade dos dados (coleta, armazenamento, processamento) e equipe multidisciplinar capacitada para a análise e produção de conhecimento útil para a tomada de decisões (elaboração das conclusões e recomendações). Os benefícios compensam os investimentos nessa área porque as decisões estão baseadas em dados, trazendo mais transparência e diminuindo os riscos de decisões equivocadas, podendo promover melhorias no desempenho da gestão, evitar desperdícios de recursos e melhoria da eficácia e eficiência dos serviços públicos. Na próxima videoaula, você verá um exemplo de como tratar um grande volume de dados – textos dos Diários Oficiais dos municípios brasileiros – e torná-los acessíveis à sociedade. Com o tratamento desses dados, agora é possível utilizar as informações para realização de controle social e monitoramento de políticas públicas, como é possível perceber, por meio do projeto da organização Open Knowledge chamado Querido Diário, que permite um processo de “libertação da informação pública”. Videoaula: Ciência de Dados Aplicada às Políticas Públicas: Querido Diário Videoaula: Guia Brasileiro de Análise de Dados e Outras Iniciativas Como saber quantos habitantes o Brasil possui? Quantos são analfabetos? Quantas pessoas são de baixa renda? Se você precisa fazer um diagnóstico de quantas pessoas estão desempregadas e onde moram, quais bases você usaria? O Guia brasileiro de análise de dados, que também está disponível aqui, pode te auxiliar nessa busca. Na próxima videoaula, conheça mais sobre esse Guia e outras iniciativas da Enap na área da Ciência de Dados. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video18/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video19/index.html https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/6039 44Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Veja mais exemplos do uso da Ciência de Dados no setor público: Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde (LABDAPS) O Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde (LABDAPS), da USP, desenvolve algoritmos de inteligência artificial (machine learning) para melhorar as decisões em saúde. Um dos projetos utiliza algoritmos para conduzir pesquisas de predição de desfechos relacionados à Covid-19 e detectar pacientes que têm Covid-19 apenas a partir de informações provenientes de seus exames de sangue. Veja aqui. InfoGOV O InfoGOV reúne dados relativos aos sistemas estruturantes da Administração Pública Federal. Ele possui ainda o RegbBr, uma iniciativa da Enap que visa quantificar e analisar todo o regramento brasileiro: leis, portarias, resoluções, instruções normativas, entre outros. Veja aqui. Mobilidade em São Paulo Com o objetivo de melhorar a eficácia da rede municipal de transporte e torná-la mais adequada ao comportamento dos cidadãos, a Prefeitura de São Paulo usou dados para ajudar no planejamento de nova rede de transporte público por meio de uma plataforma de simulação. Com base nos resultados da simulação, a Prefeitura conseguiu fazer uma revisão da rede municipal de ônibus com modificações de itinerário e unificação com outras. Veja aqui. Data Science Campus do governo britânico Data Science Campus do governo britânico é um dos exemplos avançados no uso de Ciência de Dados no setor público. Um dos projetos recentes foi o apoio às respostas ao coronavírus (COVID-19) que fornece indicadores para a avaliação do impacto do distanciamento social e o impacto nas empresas e no comércio de mercadorias. No site do Data Science Campus, você poderá conhecer esse e vários outros projetos, inclusive alguns com o código aberto. Veja aqui. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Bons estudos! https://www.fsp.usp.br/labdaps/ https://infogov.enap.gov.br/ https://publications.iadb.org/publications/portuguese/document/Politicas-publicas-orientadas-por-dados-Os-caminhos-possiveis-para-governos-locais.pdf https://datasciencecampus.ons.gov.uk/supporting-the-response-to-coronavirus-covid-19/ Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 45 ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). A World that Counts Mobilizing the Data Revolution for Sustainable Development. [S. l.]: ONU, 2014. Disponível em: https:// www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. FISCHER, Heloísa. Primeiros passos para uso de Linguagem Simples. In: Curso Aberto ENAP. [EV.G]. Disponível em: https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315. Acesso em: 30 nov. 2022. SHIKIDA, Claudio D; MONASTERIO, Leonardo; NERY, Pedro Fernando (Ed.). Guia brasileiro de análise de dados: armadilhas & soluções. Brasília, DF: Enap, 2021. Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/6039. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf https://www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf https://www.escolavirtual.gov.br/curso/315 http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/6039 46Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3: Desafios do Trabalho com Dados Objetivo de aprendizagem Ao final desta Unidade, você terá conhecido alguns dos desafios associados ao uso de dados. Essa temática será discutida com convidados que apresentarão suas opiniões a respeito desses desafios a partir da experiência que tiverem com o assunto. Há pontos críticos e desafios envolvidos na utilização de dados que devem ser considerados pelas organizações. Um desses desafios é o controle de qualidade. Os dados podem estar errados, podem ser insuficientes ou podem chegar muito tarde, podendo induzir ao erro e prejudicar as decisões de políticas públicas e, consequentemente, os cidadãos. Análise de dados. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 47 Para serem úteis, todo o processo de concepção, captura, análise e divulgação dos dados devem ser de alta qualidade e integridade, precisos, com um nível adequado de discriminação para o assunto e devem ser acessíveis às pessoas que querem ou precisam usá-los (ONU, 2014). Há um equilíbrio que deve ser buscado para salvaguardar os princípios fundamentais dos direitos humanos, como a privacidade e os benefícios da coletividade nesse processo (ONU, 2014). Dito isso, você estudará agora os desafios da invisibilidade de grupos sociais, abertura e segurança de dados e capacitação de servidores em dados. Vamos lá? 3.1. Invisibilidade de Grupos Sociais 3.2. Abertura e Segurança de Dados Um dos desafios para a análise dos dados é a invisibilidade de alguns grupos sociais nos dados oficiais. Muitos grupos sociais, ou algumas de suas características importantes, como as relativas à diversidade de gênero e racial, podem não aparecer nas estatísticas governamentais, tonando-se invisíveis. Isso criauma lacuna de informação sobre a vida dessas pessoas que limita a capacidade de agir dos governos. Sobre esse tema, você verá na próxima videoaula o relato da professora Nina da Hora sobre como o preconceito na coleta de dados pode atrapalhar a realização de pesquisas científicas, ao não refletir a diversidade racial e de gênero existente na sociedade. O setor público é responsável pela manutenção e gerenciamento de todas as informações que detêm sobre os cidadãos e tem o dever de garantir a privacidade e a segurança desses dados. No entanto, quanto mais você sabe sobre as pessoas, mais risco há de que os dados possam ser utilizados de modo indevido. Videoaula: O Preconceito na Coleta de Dados Pode Atrapalhar a Realização de Pesquisas Científicas https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video20/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video20/index.html 48Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na videoaula a seguir você verá a professora Fernanda Campagnucci falar sobre as contradições nas interpretações das leis que regulam o setor de informação: a abertura de dados versus a proteção da privacidade dos cidadãos. Agora, conheça mais sobre o desafio de proporcionar abertura e proteção de dados ao mesmo tempo. Como o governo brasileiro se posiciona comparativamente a outros países em relação à segurança, coleta de dados e confiabilidade? Assista a esta videoaula para saber a opinião dos convidados, Leonardo Monasterio, Nina da Hora e Fernanda Campagnucci sobre o tema. Videoaula: A Abertura de Dados versus a Proteção da Privacidade dos Cidadãos Videoaula: Abertura e Proteção de Dados – Quais os Desafios? Videoaula: Brasil em Relação à Segurança, Coleta de Dados e Confiabilidade 3.3. A Capacitação de Servidores Em 2014, a ONU fez um chamamento urgente para uma ação na área de dados que estabelecia como uma das recomendações-chave a capacitação de servidores públicos, objetivando expandir a alfabetização em dados (data literacy). Na publicação da OCDE (2017), Core Skills for Public Sector Innovation , a alfabetização em dados aparece como uma das competências essenciais para inovar no setor público, ressaltando a importância de tomadas de decisões serem baseadas em dados. Outro desafio para o emprego dos dados no setor público é enfrentar a lacuna de capacitação dos servidores para trabalhar de modo mais abrangente com Ciência de Dados. Veja nesta videoaula as implicações sobre o assunto. Videoaula: Os Desafios para o Emprego dos Dados no Setor Público https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video21/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video21/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video22/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video23/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video23/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video24/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 49 Videoaula: Por Onde e Como Começar a Utilizar Ciência de Dados? Para quem é novo no tema a pergunta é: por onde e como começar a utilizar a Ciência de Dados? O caminho para desenvolver competências na Ciência de Dados é múltiplo. Os servidores públicos podem se tornar analistas de dados, e até mesmo engenheiros, ou podem entender as aplicações e ferramentas, demandar a sua execução para terceiros e saber analisar os produtos gerados. A escolha do caminho depende de aptidões, condições institucionais e disponibilidade para aprender. Veja sugestões e dicas dos professores por onde e como começar a utilizar Ciência de Dados na videoaula a seguir e escolha o melhor caminho para você. Para saber mais sobre Ciência de Dados, veja a sugestão abaixo contendo dicas de cursos: • Análise de dados como suporte à tomada de decisão – EVG Clique aqui; • Fundamentos da Lei Geral de Proteção de Dados – EVG Veja aqui; • Governança de dados - EVG Veja aqui; • Proteção de dados pessoais no setor público – EVG Veja aqui; • O curso Jornalismo de dados para coberturas locais mostra como explorar bases de dados nacionais, que podem revelar pautas, histórias e evidências importantes sobre realidades locais. Veja aqui; • Jornalismo de dados ambientais: no rastro do desmatamento da Amazônia. Trata-se de uma formação introdutória e prática, que apresenta recursos, ferramentas e conceitos para a área, com foco na cobertura de queimadas e desmatamento na Amazônia. Acesse aqui; https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo03_video25/index.html https://www.escolavirtual.gov.br/login#section-1 https://www.escolavirtual.gov.br/curso/603 https://www.escolavirtual.gov.br/curso/270 https://www.escolavirtual.gov.br/curso/290 https://escoladedados.org/courses/jornalismo-de-dados-para-coberturas-locais/ https://escoladedados.org/courses/jornalismo-de-dados-ambientais/ 50Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Publicadores de Dados: da gestão estratégica à abertura. O curso aborda conceitos e ferramentas para planejar e promover a gestão estratégica e a abertura de dados em organizações, sobretudo públicas. Acesse aqui; • Tutorial Gratuito no site da Escola de Dados: busca, raspagem, limpeza, análise e visualizações, explicações para todas as etapas do trabalho guiado por dados. Disponíveis aqui; • Palestra e Workshop Gratuito: O Coda.Br - Conferência Nacional de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais (2020). Todo o conteúdo agora está disponível online aqui; • Veja uma série de temas importantes da tecnologia com uma linguagem mais acessível. Acesse aqui; • Podcasts sobre dados abertos - lista colaborativa do fórum reúne episódios de podcasts que trataram do assunto dados abertos. Ouça aqui. Para saber mais sobre Ciência de Dados, veja a sugestão abaixo contendo dicas de cursos: • Políticas Públicas orientadas por Dados: os caminhos possíveis para governos locais. Outubro de 2020. Acesse aqui; • Inteligência artificial: avanços e tendências. Veja aqui; • Fluxo do trabalho com dados: do zero à prática: é um guia prático destinado a profissionais e estudantes interessados em trabalhar com dados no campo da comunicação, em especial no jornalismo e na produção de conteúdo para organizações da sociedade civil. Veja aqui; • Publicadores de Dados: da Gestão Estratégica à Abertura. É um guia sintético para a abertura de dados no setor público. Leia aqui; • Leia aqui o Texto - Revista Science Beyond prediction: Using big data for policy problems (em inglês). https://escoladedados.org/courses/publicadores-2021-1/ https://escoladedados.org/tutoriais/ https://escoladedados.org/coda/coda2020/ https://www.computacaosemcao.com.br/ https://dadosabertos.social/t/podcasts-sobre-dados-abertos/232 https://publications.iadb.org/publications/portuguese/document/Politicas-publicas-orientadas-por-dados-Os-caminhos-possiveis-para-governos-locais.pdf https://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/view/650/579/2181 https://ok.org.br/publicacoes/ https://www.ok.org.br/wp-content/uploads/2021/05/PublicadoresDeDados2.pdf https://www.science.org/doi/10.1126/science.aal4321 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 51 Para saber sobre Ciência de Dados, veja a sugestão abaixo contendo dicas de Projetos: • INFOGOV (enap.gov.br) - É um projeto da Enap que visa dar transparência aos dados governamentais de forma fácil e intuitiva. Acesse aqui; • Portal Brasileiro de DadosAbertos. É o ponto central para a busca e o acesso aos dados públicos no Brasil. Veja aqui; • Projeto - “Querido Diário” da Open Knowledge Brasil. Utilização de inteligência artificial para classificar, contextualizar e expandir a informação contida nos diários oficiais municipais brasileiros. Veja aqui. • Projeto que utiliza a ciência de dados para o monitoramento de casos de covid no Brasil. Veja aqui. • Projeto - “Serenata de Amor” É um projeto aberto e colaborativo que usa ciência de dados com a finalidade de fiscalizar gastos públicos e compartilhar as informações de forma acessível a qualquer pessoa. Conheça aqui. Que bom que você encerrou esta etapa de estudos! Chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Boa sorte! https://infogov.enap.gov.br/ https://www.gov.br/governodigital/pt-br/dados-abertos/portal-brasileiro-de-dados-abertos https://ok.org.br/projetos/querido-diario/ https://lagomdata.com.br/casos-totais/ https://serenata.ai/ 52Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública BRASIL. Portal brasileiro de dados abertos. 193 países, ONU e a revolução dos dados. 2015. Disponível em: https://dados.gov.br/noticia/193-paises-onu-e-a-revolucao-dos-dados. Acesso em: 30 nov. 2022. ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Core Skills for Public Sector Innovation. [Observatory of Public Sector Innovation]. 2017. Disponível em: https://www.oecd.org/media/oecdorg/satellitesites/opsi/contents/files/OECD_OPSI-core_skills_ for_public_sector_innovation-201704.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. ORGANIZAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). A World that Counts Mobilizing the Data Revolution for Sustainable Development. [S. l.]: ONU, 2014. Disponível em: https:// www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://dados.gov.br/noticia/193-paises-onu-e-a-revolucao-dos-dados https://www.oecd.org/media/oecdorg/satellitesites/opsi/contents/files/OECD_OPSI-core_skills_for_public_sector_innovation-201704.pdf https://www.oecd.org/media/oecdorg/satellitesites/opsi/contents/files/OECD_OPSI-core_skills_for_public_sector_innovation-201704.pdf https://www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf https://www.undatarevolution.org/wp-content/uploads/2014/12/A-World-That-Counts2.pdf Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 53 Módulo Design de Serviços4 Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais objetivos da aplicação do design de serviços públicos na busca pela melhoria da qualidade da entrega aos cidadãos. Síntese da videoaula Design de Serviços. Fonte: Pommitz (2021). Unidade 1: Objetivos e Fases do Design de Serviços Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você identifique os objetivos, os pilares e as fases do design de serviços. As novas abordagens de inovação e de resolução de problemas, principalmente orientadas pela disciplina do design, passaram a utilizar nas últimas décadas metodologias mais integradas no desenvolvimento de políticas e serviços públicos para tentar dar respostas a um contexto cada vez mais complexo em que os cidadãos 54Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública demandam mais acesso, mais qualidade e agilidade em políticas e serviços, em tempo de escassez de recursos. Uma dessas abordagens é o design de serviços. O design de serviços é uma abordagem multidisciplinar que, aplicada ao setor público, possibilita melhorar a qualidade dos serviços prestados pelo governo ao incorporar a experiência dos cidadãos e de outros atores envolvidos. Inicialmente o design de serviços era aplicado no setor privado como ferramenta para estratégia de negócios. Contudo, disseminou-se para o serviço público em vários países que abraçaram o desenvolvimento da inovação como meio de aumentar a efetividade e qualidade no setor público, bem como fortalecer ou melhorar a sua legitimidade. Design de serviços é a prática de desenhar ou redesenhar serviços, projetando o modo como ele será entregue ao cidadão visando à qualidade, eficiência e eficácia em todo o processo. Ele utiliza várias ferramentas com uma abordagem integrada e colaborativa para gerar valor tanto para o usuário do serviço quanto para o provedor. Ao incluir vários atores, agrega diversas perspectivas e interesses ao processo, aumentando a legitimidade do processo e dos resultados. O design de serviços ajuda a desenhar as conexões e interdependências entre os componentes, como os processos, as tecnologias e os recursos, empregando em geral os princípios da abordagem do design centrado no humano (REMIS, 2016). Todas as áreas do design são direcionadas à experiência da pessoa para quem está sendo projetado os serviços ou produtos. Acompanhe com atenção os detalhes destas informações nos diálogos a seguir. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 55 56Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Quer entender melhor essas duas abordagens? A professora Thais Lorenzini apresenta na videoaula seguinte as diferenças e similaridades entre design de serviço e design de experiência do usuário. Videoaula: Diferenças e Similaridades entre Design de Serviço e Design de Experiência do Usuário https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video26/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video26/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 57 Por que utilizar e quais são os principais desafios do design de serviços? A professora Raphaela de Oliveira apresenta sua perspectiva a partir da experiência na Prefeitura Municipal de São Paulo. Ela salienta que o processo agrega racionalidade à tomada de decisões porque é orientado por dados e evidências no desenho. Um dos motivos de utilizá-lo é “não fazer design da esperança”. Preste atenção ao que isso significa! Videoaula: Design de Serviços: Experiência na Prefeitura de São Paulo “O Design de serviço não é o design para as pessoas, mas com as pessoas." Raphaela de Oliveira Equipe trabalhando em projeto. Foto: Marina Lacerda (GNova/Enap). Fonte: Ferrarezi, Lemos e Brandalise (2018). 1.1. Os Pilares do Design de Serviços O design de serviços emprega técnicas e ferramentas variadas e é orientado por alguns princípios ou pilares, segundo a proposta de Figueiroa et al (2017): • Centrado no usuário; • Narrativa; • Visualização; • Interdisciplinar; • Participativo. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video27/index.html 58Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Veja a seguir um resumo de cada um desses aspectos. Centrado no usuário Como em todas as disciplinas de Design, o design de serviços tem o usuário como seu principal foco. Logo, é preciso pesquisar quem é esse usuário; qual é o contexto cultural e social em que está inserido; os seus hábitos; as suas motivações; as suas dores etc. A abordagem integra os envolvidos no processo, tanto os usuários- cidadãos, como os servidores que implementam o serviço e dirigentes. Para compreender a experiência de serviço sob a perspectiva do usuário, e não apenas sob o ponto de vista dos processos burocráticos da organização, são utilizadas pesquisas qualitativas e quantitativas. Narrativa A visão estratégica da organização que orienta o serviço, bem como os conceitos e processos envolvidos, são apresentadas segundo um fio lógico, com uma sequência de ações coerentes e inter-relacionadas que façam sentido aos participantes. É como contar uma história que seja fácil de acompanhar, com início, meio e fim. Em outras palavras, no design de serviços essas fases são o pré-serviço, em que se experimenta a primeira aproximaçãocom o serviço; o próprio serviço, que é onde efetivamente ocorre a experiência; e o pós-serviço, em que ocorre a avaliação da experiência. Visualização A visualização é uma técnica muito empregada no design que materializa o serviço e facilita a compreensão dos participantes. Possibilita visualizar os elementos que são necessários para prestação de serviços, os problemas e lacunas da entrega que constituem oportunidades de melhoria. Com a visualização gráfica é possível gerar uma série de associações e ligações entre os componentes. Para evidenciar o serviço, são apresentados os "pontos de contato" que podem ser materializados de várias formas: sinalização, interfaces digitais, cartazes, suportes, peças gráficas, audiovisuais etc. Interdisciplinar Dada a complexidade envolvida nos serviços, é necessário a participação de profissionais de diferentes áreas de conhecimento e especialidades no processo criativo para se chegar a uma proposta de solução integrada, capaz de abranger diferentes pontos de vista para compreender tanto as pessoas como os processos. A participação dos especialistas pode Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 59 ocorrer em diferentes momentos do processo, a depender da fase, da complexidade e da expertise requerida (ritos processuais, sistemas, interfaces digitais, peças gráficas etc.). Participativo O processo do design de serviços é intrinsecamente participativo, integrando na metodologia os atores envolvidos e interessados no serviço: na organização provedora (podem ser tomadores de decisão, formuladores e implementadores), os cidadãos que utilizam os serviços, os especialistas na área, organizações da sociedade civil, comunidades etc. Assim, são utilizadas várias técnicas para integrar e gerar compromisso das pessoas com o trabalho, realizar discussões em grupo e para selecionar as propostas (FIGUEIROA et al, 2017). Identificar e compreender Nesta fase, o objetivo é compreender o contexto e as necessidades dos atores. As atividades são entender profundamente os potenciais ou atuais usuários do serviço e caracterizar a organização que o fornece (posicionamento, fraquezas, pontos fortes, estrutura, pessoas, processos). A equipe do projeto levanta informação de fontes primárias e secundárias, aplica técnicas de pesquisa qualitativa e cruza as informações obtidas com dados quantitativos. Nessa fase, podem ser utilizadas técnicas que abordam as seguintes questões: • Definição do contexto inicial; • Definição do contexto interno; • Descrição do ambiente; • Detecção de fatores influentes; • Identificação de informadores-chave; • Observação; • Entrevistas. 1.2. As fases do Design de Serviços O design de serviços pode variar de acordo com o tema tratado, objetivos e fases em que será aplicado. Embora possa ter diferentes nomenclaturas, as seguintes fases e objetivos costumam ser utilizados quando se trata de design de serviços, conforme Figueiroa et al (2017): 60Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Analisar e problematizar O objetivo é estabelecer as dimensões do problema que afetam os utilizadores do serviço na sua experiência e organizar os processos e sistemas. As atividades desta fase destinam-se a ordenar, sistematizar e analisar as informações recolhidas para estabelecer ligações e padrões para identificar oportunidades. As técnicas e ferramentas que podem ser empregadas nessa parte abordam: • Organização dos achados; • Construção de arquétipos; • Análise da experiência atual; • Mapeamento de atores; • Redefinição do desafio. Conceitualizar e formalizar Nesta etapa, o objetivo é definir os atributos conceituais da proposta e identificar os pontos de contato do serviço, que serão detalhadas ao longo do processo. As atividades visam o processo de trabalho colaborativo em torno da solução do problema identificado. Nessa fase, podem ser utilizadas técnicas que abordam os seguintes aspectos: • Definição dos pilares do serviço; • Análise dos antecedentes e referências; • Chuva de ideias; • Análise de ideias; • Exploração prospectiva do serviço; • Prototipagem. Testar e iterar O objetivo desta fase é testar ideias, conceitos e propostas desenvolvidas. Com análise crítica dos resultados dos testes, tem início o ciclo iterativo da experimentação que permite rever e redefinir o projeto, sendo que a experiência adquirida vai completando progressivamente a proposta (incremental e experimental). Os protótipos são testados para que as soluções sejam melhoradas e, assim, reduzir o risco na implementação. Podem compor essa fase: • Realização de testes; • Análise Iterativa de ideias. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 61 Implementar e avaliar Na última etapa, as atividades estão orientadas à parte operacional sobre de que modo descrever como será a implementação (sincronizando os diversos componentes) e como será a avaliação do serviço. Para avaliar a implementação e resultados, são definidos indicadores e as formas de medição que serão utilizadas (FIGUEIROA et al, 2017). Podem compor essa fase: • Sincronização interna e externa; • Geração de Briefings; • Planejamento da implementação. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! 62Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública AELA CONTENTS. Service Design: o que é e qual sua relação com UX Design?. 2020. Disponível em: https://medium.com/aela/service-design-o-que-%C3%A9-e-qual- sua-rela%C3%A7%C3%A3o-com-ux-design-ba798af65864. Acesso em: 30 nov. 2022. FIGUEIROA, Bernardita; MOLLENHAUER, Katherine; RICO, Mercedes; SALVATIERRA, Rocío; WUTH, Paula. Creando valor a través del diseño de servicios. [Escuela de Diseño]. 2017. Disponível em: https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves- del-diseno-de-servicios-dsu. Acesso em: 30 nov. 2022. MORITZ, S. Practical Access to Service Design. Londres, Inglaterra: Sin editorial, 2005. Disponível em: www.stefan-moritz.com/#book. Acesso em: 6 dez. 2022. REMIS, Nick. A Guide to Service Blueprinting: Path Team at Capital On. San Francisco: [s. n.], 2016. SERVICE DESIGN NETWORK. Service Design Glossary. s.d. Disponível em: https:// www.service-design-network.org/service-design-glossary. Acesso em: 22 ago. 2022. Referências Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 63 Unidade 2: Experiências de Emprego do Design de Serviços no Setor Público Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você seja capaz de identificar as oportunidades de aplicação do design de serviços em serviços públicos e suas principais ferramentas. Para isso, você conhecerá experiências em que foram aplicados o design de serviços, possibilitando avaliar quando o seu emprego é mais adequado. 2.1. Os processos e as ferramentas utilizadas nas experiências O primeiro relato de experiência com design de serviços, apresentado pelo professor Felipe Cruz, é a plataforma Gov.br. Ela foi criada para otimizar a experiência do cidadão em relação à resolução de demandas de serviços no âmbito do Governo Federal. Com ela, o cidadão pode acessar serviços do governo, apresentar seus documentos em formato digital, assinar documentos eletronicamente, gerenciar o uso de seus dados pessoais, dentre outros. Em agosto de 2022, a plataforma já reunia 4,9 mil serviços digitais de mais de 130 instituições, e possuía mais de 130 milhões de usuários. Plataforma Gov.br. Fonte: Gov.br (2022). https://www.gov.br/pt-br 64Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O professor Felipe apresenta na videoaula a seguir, como o design de serviços ajudou na simplificação e unificação de serviços para desenvolver a plataforma, passando da lógica de oferta isolada das instituições públicas para a entrega de serviços integrados, sob a perspectiva do usuário. Videoaula: Designde Serviços: Simplificação e Unificação de Serviços Para um desenho eficaz, a fase de identificação e compreensão do contexto e dos atores é fundamental. A pesquisa inicial identifica os problemas e o diagnóstico explica as relações causais, o que ajuda a orientar os objetivos da mudança. Além do diagnóstico sob a perspectiva da instituição pública ofertante, o processo deve incluir pesquisas sobre quem é esse usuário-cidadão e qual é a sua experiência e avaliação que tem do serviço. Nesse sentido, o professor Felipe comentará o papel que o Censo e o Catálogo de Serviços, organizados pela Enap, em parceria com a atual Secretaria Especial Desburocratização, Gestão e Governo Digital, tiveram no desenvolvimento da plataforma Gov.br, contribuindo para o projeto de transformação digital no governo federal. Acompanhe! Videoaula: Design de Serviços: Censo e Catálogo de Serviços O professor Felipe relata como foi o desenho da experiência e o uso de algumas das ferramentas durante a elaboração da plataforma Gov.Br: identificação do problema, pesquisas, identificação de requisitos técnicos, geração de alternativas, concepção de protótipos e soluções, que correspondem às fases de conceitualização e formalização, testagem de protótipos e iteração. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video28/index.html https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3693 https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3693 https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video29/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 65 Videoaula: Design de Serviços: Desafios, Tendências e Melhorias Videoaula: Design de Serviços: Mapa de Contexto e Jornada do Usuário O desenho da experiência da plataforma Gov.br. Fonte: Inovaflix (2021) O professor também reflete acerca dos desafios de manutenção do aperfeiçoamento constante da plataforma, apontando quais são as tendências do futuro em relação a esse serviço digital e identificando algumas das melhorias que estão ocorrendo, como as recomendações aos usuários com base no histórico de acesso. Veja a sua descrição do processo na videoaula a seguir. Na próxima videoaula, a professora Thais Lorenzini abordará dois casos em que utilizou o design de serviços, apresentando as ferramentas Mapa de Contexto e a Jornada do Usuário. No projeto sobre Identidade Digital, com a Secretaria de Governo Digital, além dessas ferramentas, foram feitas pesquisas com grupos focais e entrevistas para aprofundar o levantamento de necessidades e oportunidades, com o objetivo de expandir o uso da Identidade Digital e dar mais agilidade e segurança para as transações entre cidadãos e empresas. Acompanhe! https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video30/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video31/index.html 66Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Saiba que a professora Thais Lorenzini também utilizou a ideação, critérios para seleção de projetos e a prototipagem que fazem parte do Design Thinking, que você pode conhecer aqui acessando o curso Uso do Design em Políticas Públicas na EVG. Agora, assista na videoaula a seguir, apresentada pela convidada Raphaela de Oliveira, algumas ferramentas que foram usadas em sua trajetória em projetos na Prefeitura de São Paulo. Videoaula: Design de Serviços: Ferramentas Usadas em Projetos Tome nota agora das ferramentas citadas nesta videoaula que você acabou de assistir. Mapa de Contexto: É um ponto de partida do processo que possibilita identificar hipóteses dos servidores acerca do serviço e gerar alinhamento entre equipes e facilitadores. Busca compreender o contexto do entorno e da organização que abriga o projeto (a missão, a visão, os valores, fortalezas, fraquezas e as expectativas em relação ao projeto). Mapa de contexto. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). https://www.escolavirtual.gov.br/curso/506 https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video32/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 67 Análise de Referências: Trata-se de pesquisar e analisar soluções que outras instituições fizeram na mesma área do projeto, ou áreas afins, constituindo exemplos inspiradores para construção de atributos conceituais do projeto. Análise de Referências. Fonte: Freepik (2022). Perfis de Usuários: É a construção de tipos de perfis de usuários do serviço (também conhecido como personas) para realização de pesquisas e identificar potenciais entrevistados para os testes de protótipo. Podem ser criados tipos, como usuário potencial, usuário médio e usuário extremo (que é extremadamente familiarizado com o serviço ou completamente alheio a ele). Veja um modelo: Exemplo de modelo para construção de perfis de usuários. Fonte: GNova-Enap 68Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Jornada do Usuário: Mapeia as etapas, escolhas, atividades e interações que o usuário executa ao interagir com um serviço (pontos de contato do serviço) e permite pesquisar e compreender suas necessidades, bem como as oportunidades de melhoria. Reúne ações do usuário em uma linha do tempo e apresenta seus pensamentos e emoções, a fim de criar uma narrativa (CARVALHO, 2019). Exemplo da jornada do usuário. Fonte: Carvalho (2019). Exemplo de visualização da jornada do usuário. Fonte: GNova-Enap Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 69 Blueprint: É uma ferramenta operacional que serve tanto para descrever os componentes de um serviço como para analisar, implementar e mantê-lo. Ajuda a prospectar oportunidades de melhoria por meio do mapeamento das interações, processos e tecnologia, tanto no frontstage (o que os clientes veem) como no backstage (o que está nos bastidores). Pode ser usado para descrever o serviço existente, uma experiência de serviço, bem como para a definição e a implementação de serviços novos. Também ajuda os atores envolvidos a compreenderem o seu papel, evidenciando as atividades realizadas pelos usuários e operadores da organização na realização do serviço. O seu uso é adequado em cenários complexos, abrangendo muitas ofertas relacionadas a serviços e experiências que são multicanais e envolvem vários pontos de contato ou exigem um esforço multifuncional (FIGUEIROA et al, 2017; REMIS, 2016; CARVALHO, 2019). Veja um modelo de Blueprint: Modelo de Blueprint de serviço. Fonte: Carvalho (2019). 70Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Na próxima videoaula, a especialista apresentará qual é a contribuição do design de serviços, comentando o valor que ele agrega ao setor público. Veja só que interessante! Videoaula: Design de Serviços: Contribuição e Valor ao Setor Público 1. O MIRO disponibiliza modelos para Blueprint (em inglês) aqui. Acesse também modelos com exemplos clicando aqui. 2. Para fazer o mapeamento de empatia, mapeamento da jornada do usuário, mapeamento da experiência e ver outro modelo de Blueprint do serviço (em inglês), clique aqui. 3. Em português, consulte aqui a explicação sobre o Blueprint de Serviço e veja modelos para serem usados. 4. Nos relatórios de projetos você encontra as ferramentas que foram utilizadas e as fases dos processos de design de serviços para se inspirar: • Relatório do Projeto Meu Empreendimento, acesse aqui. • Relatório Identidade Digital, acesse aqui. Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.htmlhttps://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video33/index.html https://miro.com/templates/service-blueprint/ https://miro.com/guides/service-blueprints/ https://www.nngroup.com/articles/ux-mapping-cheat-sheet/ https://vidadeproduto.com.br/mapa-da-jornada-do-cliente/#O_que_e_um_Mapa_da_Jornada_do_Cliente https://drive.google.com/file/d/1T9gF0OzpQeRuTek0MAiAFzZ0xiyHasFK/view https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/6629 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 71 CARVALHO, Henrique. O que é o Blueprint de Serviço. [Vida de Produto]. 2019. Disponível em: https://vidadeproduto.com.br/mapadajornadadocliente/#O_que_e_ um_Mapa_da_Jornada_do_Cliente. Acesso em: 30 nov. 2022. ENAP. Catálogo de serviços públicos de atendimento do Governo Federal. Brasília, DF: Enap, 2018. Disponível em: http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3693. Acesso em: 30 nov. 2022. FIGUEIROA, Bernardita; MOLLENHAUER, Katherine; RICO, Mercedes; SALVATIERRA, Rocío; WUTH, Paula. Creando valor a través del diseño de servicios. [Escuela de Diseño]. 2017. Disponível em: https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del- diseno-de-servicios-dsu. Acesso em: 30 nov. 2022. REMIS, Nick. A Guide to Service Blueprinting: Path Team at Capital On. San Francisco: [s. n.], 2016. Referências https://vidadeproduto.com.br/mapadajornadadocliente/#O_que_e_um_Mapa_da_Jornada_do_Cliente https://vidadeproduto.com.br/mapadajornadadocliente/#O_que_e_um_Mapa_da_Jornada_do_Cliente http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3693 https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del-diseno-de-servicios-dsu https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del-diseno-de-servicios-dsu 72Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3: Como e Por Onde começar a usar o Design de Serviços? Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, você será capaz de refletir sobre alguns dos desafios identificados no processo de design de serviços para os que estão iniciando o processo. Refletirá sobre o processo de formação de equipes, as especialidades profissionais e as competências requeridas e conhecer algumas ferramentas essenciais para dar início ao trabalho com design de serviços. 3.1. A Formação da Equipe durante o Processo Ao ouvir os professores citarem as ferramentas utilizadas você pode estar se perguntando: como iniciar projetos de design de serviços sem ter formação em design? A escassez desses profissionais é uma realidade na maioria das instituições públicas. No entanto, isso não é fator impeditivo para as equipes ousarem e darem início ao desenvolvimento de competências durante a própria realização do projeto. Aprender fazendo. Essa é a experiência de muitas equipes que trabalham com metodologias do design e de laboratórios de inovação. Equipe trabalhando em projeto. Fonte: GNova/Enap. (2018). O professor Felipe Cruz apresentará agora quais são as especialidades e competências profissionais que considera essenciais para uma equipe trabalhar com design de serviços em processos de transformação digital. Acompanhe! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 73 3.2. As pesquisas Um dos primeiros passos de qualquer desenho de políticas e serviços públicos é a realização de pesquisas qualitativas e quantitativas a fim de obter evidências e fazer diagnósticos. O design etnográfico é bastante utilizado no processo de design para fazer pesquisa inicial. Ele é uma metodologia de caráter qualitativo, que serve para fazer com que as pessoas falem sobre o que sabem, pensam e acreditam, a fim de compreender suas reflexões, opiniões, sentimentos e atitudes (FIGUEIROA et al, 2017; METELLO, 2018) Por outro lado, na opinião da professora Thaís Lorenzini, a sugestão é investir em capacitação, se possível contando com o apoio de um designer, e começar com ferramentas mais simples, aprender fazendo e aprendendo com os erros. Assista! Videoaula: Design de Serviços: Especialidades e Competências Profissionais Videoaula: Design de Serviços: Palavras Finais Videoaula: Design de Serviços: Palavras Finais Começar a empregar o design de serviços no processo de trabalho em que você está envolvido pode ser um bom exercício. Não ter receio da complexidade, mas preferencialmente começar com as questões mais simples que geram soluções rápidas. Veja essas e outras dicas que o professor Felipe Cruz apresenta na videoaula a seguir. A pesquisa de campo com os cidadãos pode ser um grande desafio para os que não têm experiência na realização de entrevistas. Ela implica capacidade de observar, interagir e imergir na realidade do outro com o objetivo de obter insights que orientem uma mudança em um serviço público ou política pública. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video35/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video36/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video37/index.html 74Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Além das entrevistas estruturadas e semi estruturadas, e dos grupos focais, também podem ser aplicados métodos que fazem uso de elementos concretos (protótipos, canvas, diagramas, infográficos, desenhos, fotos) para obter respostas dos entrevistados. Canvas feito para testar o conceito de um protótipo. Fonte: GNova/Enap. (2018). A elaboração do roteiro é uma das etapas mais importantes da pesquisa. Ao formular as questões, devem ser evitadas perguntas arbitrárias, ambíguas, deslocadas ou tendenciosas que induzam a pessoa a determinadas respostas. As perguntas devem ser feitas levando em conta a sequência do pensamento do entrevistado, dando continuidade e condução lógica à conversa. Para se obter uma narrativa natural, é interessante iniciar com uma pergunta mais geral, sobre a experiência prévia da pessoa com o tema, por exemplo, frisando aspectos positivos e negativos. Finalizada a pesquisa de campo, inicia-se a análise dos dados coletados nas entrevistas conjuntamente com os dados quantitativos (FERRAREZI e LEMOS, 2018) Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 75 A professora Thaís Lorenzini fornece algumas dicas para quem deseja dar os primeiros passos na realização de entrevistas. Veja só! Videoaula: Design de Serviços: Primeiros Passos na Realização de Entrevistas Videoaula: Design de Serviços: A Importância de Conjugar Pesquisas Qualitativas e Quantitativas A preparação dos entrevistadores é a chave para que consigam responder às questões com riqueza de detalhes e não sejam influenciados pelas ideias dos entrevistadores. Sugere-se conversar com um especialista sobre as técnicas de entrevista e consultar a bibliografia sobre essa metodologia de pesquisa em saiba mais. Entrevistadores e entrevistados. Fonte: Freepik (2022). Você verá agora os professores debaterem a importância de se conjugar as pesquisas qualitativas e quantitativas para realizar diagnósticos com o intuito de apoiar o desenho, já que elas cobrem diferentes aspectos do problema. O Professor Felipe Cruz aborda como foi a sua experiência com a utilização desses dois tipos de pesquisa no desenho da plataforma Gov.Br e identifica as fontes que foram utilizadas. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video38/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video39/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video39/index.html 76Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Mas como as instituições públicas recebem e reagem às críticas e à insatisfação com os serviços que as pesquisas com os cidadãos revelam? Vocêverá a opinião das professoras Thaís Lorenzini, Rafaela de Oliveira e Fernanda Machiaveli a respeito dessa fase rica em descobertas. Videoaula: Design de Serviços: O que Revelam as Pesquisas com os Cidadãos Em resumo, as sugestões apresentadas para dar início ao processo de design de serviços são: começar em pequena escala e com coisas simples, testando as ferramentas-chave de design, como o blueprint, entrevistas com usuários e gestores, e testes com protótipos, que ajudam a identificar problemas e desenhar soluções sob a ótica dos atores envolvidos no serviço. Os resultados das entrevistas e dos testes devem ser calibrados no desenho das soluções com as restrições a que a organização está submetida (orçamento, infraestrutura, equipe, legislação), bem como aos requisitos técnicos, políticos, objetivos organizacionais e diretrizes de políticas públicas a fim de tornar o mais viável possível a proposta. O processo de aprender fazendo significa que quanto mais você testar, mais erros ocorrerão, o que na perspectiva da experimentação do design, geram mais oportunidades de aprendizados tanto sobre o projeto ou desafio (antecipar falhas, enxergar aspectos despercebidos e realizar a tempo os ajustes necessários), como no desenvolvimento de competências da equipe em empregar as ferramentas. A experimentação traz essa possibilidade, a do exercício de poder errar, consertar e ajustar durante o processo, aprendendo com o erro. Mas para isso é preciso arriscar, condição básica da experimentação. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo04_video40/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 77 Para saber como fazer entrevistas consulte: • Creando Valor a través del Diseño de Servicios by dsuc - Issuu; • Além do Guia prático para conduzir entrevistas com usuários, Ramon Araújo apresenta várias referências bibliográficas sobre o tema aqui; • Como se preparar para ir a campo: Design etnográfico em políticas públicas, acesse aqui; • Nesse site aqui você encontra uma lista com resumo da literatura de design de serviços: • No Service Design Network (SDN), você acessa publicações on-line aqui • Designing good government services: an introduction Gov UK: Designing good government services: an introduction - Service Manual - GOV.UK (www.gov.uk) • Que tal se aprofundar mais neste tema depois? Para o design de serviços, sugere-se que você faça o curso INovaflix - Design em políticas públicas. O link está aqui. Que bom que você encerrou esta etapa de estudos! Chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Boa sorte! https://brasil.uxdesign.cc/guia-pr%C3%A1tico-para-conduzir-entrevistas-com-usu%C3%A1rios-17cff18c9aea https://brasil.uxdesign.cc/guia-pr%C3%A1tico-para-conduzir-entrevistas-com-usu%C3%A1rios-17cff18c9aea https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3524 https://www.gov.uk/service-manual/design/introduction-designing-government-services https://www.service-design-network.org/ https://www.service-design-network.org/ https://www.gov.uk/service-manual/design/introduction-designing-government-services https://www.gov.uk/service-manual/design/introduction-designing-government-services https://www.youtube.com/watch?v=n7CvY7X0liU&list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c&index=6 78Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública FERRAREZI, Elisabete; LEMOS, Joselene. Imersão ágil: checagem de realidade em políticas públicas: relato da aplicação da metodologia em um projeto da Enap. Brasília, DF: Enap, 2018. 72 p. [Coleção Inovação na Prática]. Disponível em: https://repositorio. enap.gov.br/bitstream/1/3525/4/livro-rosa_DIGITAL.pdf#:~:text=A%20Imersão%20 Ágil%20é%20uma%20metodologia%20que%20rapidamente,prática%20de%20 gestão%20ou%20a%20uma%20política%20pública. Acesso em: 30 nov. 2022. FIGUEIROA, Bernardita; MOLLENHAUER, Katherine; RICO, Mercedes; SALVATIERRA, Rocío; WUTH, Paula. Creando valor a través del diseño de servicios. [Escuela de Diseño]. 2017. Disponível em: https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del- diseno-de-servicios-dsu. Acesso em: 30 nov. 2022. METELLO, Daniela Gomes. Design etnográfico em políticas públicas. Brasília, DF: Enap, 2018. 72 p. [Coleção Inovação na Prática]. Disponível em: http://repositorio.enap. gov.br/handle/1/3524. Acesso em: 30 nov. 2022. Referências https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3525/4/livro-rosa_DIGITAL.pdf#:~:text=A%20Imersão%20Ágil%20é%20uma%20metodologia%20que%20rapidamente,prática%20de%20gestão%20ou%20a%20uma%20política%20pública https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3525/4/livro-rosa_DIGITAL.pdf#:~:text=A%20Imersão%20Ágil%20é%20uma%20metodologia%20que%20rapidamente,prática%20de%20gestão%20ou%20a%20uma%20política%20pública https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3525/4/livro-rosa_DIGITAL.pdf#:~:text=A%20Imersão%20Ágil%20é%20uma%20metodologia%20que%20rapidamente,prática%20de%20gestão%20ou%20a%20uma%20política%20pública https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3525/4/livro-rosa_DIGITAL.pdf#:~:text=A%20Imersão%20Ágil%20é%20uma%20metodologia%20que%20rapidamente,prática%20de%20gestão%20ou%20a%20uma%20política%20pública https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del-diseno-de-servicios-dsu https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del-diseno-de-servicios-dsu http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3524 http://repositorio.enap.gov.br/handle/1/3524 Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 79 Módulo Etnografias5 Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os objetivos e o potencial da aplicação de etnografias na realização de pesquisas em serviços e programas governamentais, visando compreender os problemas públicos sob a perspectiva dos atores envolvidos. Síntese da apresentação dos professores no Inovaflix – Etnografias. Fonte: Pommitz (2021). Unidade 1: Introdução à Etnografia: das Origens Antropológicas ao uso no Design Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você identifique os tipos de etnografia e quais são os seus objetivos. A etnografia é um tipo de pesquisa qualitativa criada pela antropologia, entre o final do século XIX e o início do século XX. A etnografia abarca um conjunto de métodos que auxiliam o pesquisador a mergulhar em um contexto para compreender profundamente o grupo estudado. 80Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A etnografia explora os fenômenos culturais e sociais segundo a perspectiva e os testemunhos dos sujeitos ou grupos estudados visando compreender a própria interpretação dos membros do grupo sobre comportamentos, objetos e fenômenos. Caracteriza- se pelo estudo profundo da realidade social e dos significados de normas, valores e padrões de conduta e tem por base o conhecimento empírico e experiencial, realizado por meio de trabalho de campo. Exige sensibilidade e abertura ao diálogo numa relação dialógica com o interlocutor (RESTREPO, 2016 apud FERNÁNDEZ, 2020). No trabalho de campo, além da observação do participante, as narrações dos participantes devem ser recolhidas utilizando técnicas de investigação etnográficas, como as entrevistas, tomando-se precauções para que o investigador não influencie as respostas dos participantes nem conduza a entrevista sob a sua perspectiva pessoal (SPINDLER e SPINDLER, 1992; AXPE, 2004; SEQUERA, 2014 apud FERNÁNDEZ, 2020). Também podem ser utilizadas na fase de coleta de dados, documentos pessoais, notas de campo, fotografias etc. Etnografia. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 81 O objetivo é compreender a forma como as pessoas percebem, criam e transformam seus ambientes por meio de suas atividades cotidianas, considerando a relação teoria-prática. Nesse sentido, almeja mudar o foco da descrição antropológica para a ação, empregandoseus próprios conceitos, métodos, práticas profissionais e de pesquisa para a produção de conhecimento (OTTO e SMITH, 2013). Para Ingold (2017), a etnografia tem como objetivo relatar por escrito, filme ou outra mídia gráfica, a vida como ela é vivida e experimentada por um povo, em algum lugar, em algum momento. “A boa etnografia é sensível, contextualmente matizada, ricamente detalhada e, acima de tudo, fiel ao que representa” (INGOLD, 2017). Há um extenso debate sobre o que caracteriza um estudo etnográfico. Várias correntes teóricas e debates sobre seus objetivos e a objetividade do etnógrafo. Nesta fase de estudos, não entraremos nesse debate. O enfoque aqui são os objetivos e potenciais da etnografia que foram adaptados pelo design para apoiar e facilitar as pesquisas em políticas públicas. 1.1. Novas Etnografias e a Aproximação com o Design Nas últimas décadas, houve aproximação entre a antropologia e o design, ambos incorporando elementos dessas áreas em suas práticas. O design anthropology (ainda sem tradução para o português) é um campo emergente que combina elementos do design e da antropologia. A principal relação entre design e antropologia tem sido a etnografia. O design adotou métodos da pesquisa etnográfica e realçou o papel dos usuários e o envolvimento com as partes interessadas em processos colaborativos. Também compartilha uma preocupação em criar espaços de reflexão crítica e diálogo sobre a experiência humana em geral. 82Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Relação entre design e antropologia. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC(2022). Uma característica fundamental do design é o processo de concepção de uma ideia e o modo de planejá-la, dando forma (materialidade), estrutura e função para essa ideia, antes de executá-la (OTTO e SMITH, 2013). Nesse sentido, o design trouxe um aprofundamento acerca da importância do envolvimento com a experiência concreta das pessoas e com os artefatos nas pesquisas e no próprio processo de desenho e teste da solução. Segundo Brandalise e Werneck (2022, pág. 13), no processo de design, os artefatos constituem as ações propostas a serem realizadas na realidade: “os artefatos se referem à escala mais concreta e específica, a produtos tangíveis, pontos de contato entre um público e uma oferta de serviço ou política pública”. Essas características do trabalho com artefatos e com a ação concreta possibilitam focalizar os esforços no processo de construção da solução e traz mais chances de implementar a solução. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 83 Diagrama de escalas de trabalho. Fonte: Brandalise e Werneck (2022, p. 12). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Muitas áreas das ciências utilizam etnografia e há atualmente vários campos de estudos específicos emergentes como: Etnografia digital: Uso de plataformas de mídia social para estudos; Etnografia relacional: Estuda processos que envolvem configurações de relações entre diferentes agentes ou instituições; Etnografia sensorial: Segundo Pink (2009), é um processo reflexivo e experiencial por meio do qual se produz compreensão e conhecimento que é inacessível pela observação ou entrevista. Essa etnografia considera a percepção e as categorias sensoriais utilizadas pelas pessoas para compreender significados sociais e valores culturais, ampliando as possibilidades de produção de conhecimento. Há pesquisas, por exemplo, em que se observou que os odores são frequentemente referidos como uma barreira intransponível para a interação inter-racial e/ou interclasse (LARGEY e WATSON, 1972 apud PINK, 2009). 84Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Desse modo, o trabalho empírico, além de eventos, acontecimentos e palavras, abarca os cheiros, sabores, tudo que afeta os sentidos, constituindo material de análise e fonte de questionamentos (PEIRANO, 2014; CASTRO, 2021). Os diferentes modos de fazer etnografia trazem novas categorias de análise que podem ser úteis para várias áreas de políticas públicas, ao agregar novas dimensões sobre problemas e para a construção de soluções no setor público. Veja as reflexões e questionamentos sobre essas possibilidades da etnografia que a professora Letícia Mendonça apresenta na videoaula a seguir. Videoaula: Etnografias Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video41/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 85 CASTRO, M. R. N. de. A antropologia dos sentidos e a etnografia sensorial: dissonâncias, assonâncias e ressonâncias. Revista de Antropologia, v. 64, n. 2, 2021. Disponível em: https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2021.186657. Acesso em: 6 dez. 2022. FERNÁNDEZ, Almudena Cotán. El método etnográfico como construcción de conocimiento: un análisis descriptivo sobre su uso y conceptualización en ciencias sociales. Revista de Educación de la Universidad de Málaga [Estudios y Ensayos Márgenes], v. 1, p. 83-103, 2020. Disponível em: https://revistas.uma.es/index.php/mgn/ article/view/7241/7057. Acesso em: 30 nov. 2022. HARTBLAY, Cassandra; HANKINS, Joseph D.; CALDWELL, Melissa L. Introduction: Keywords for Ethnography and Design. [CULANTH Theorizing the Contemporary: Fieldsights]. 2018. Disponível em: https://culanth.org/fieldsights/introduction-keywords- for-ethnography-and-design. Acesso em: 30 nov. 2022. INGOLD, Tim. Anthropology Contra Ethnography. HAU: Journal of Ethnographic Theory, v. 7, n. 1, p. 21–26, 2017. Disponível em: https://www.journals.uchicago.edu/ doi/full/10.14318/hau7.1.005. Acesso em: 30 nov. 2022. OTTO, T.; SMITH, R. C. Design Anthropology: A Distinct Style of Knowing. In: GUNN, W.; OTTO, T.; SMITH, R. C. (Ed.). Design Anthropology: Theory and Practice. London and New York: Bloomsbury, 2013, p. 1-29. PEIRANO, Mariza. Etnografia não é método. In: Horizontes Antropológicos. [S. l.]: [s. n.], 2014, p. 377-391. Disponível em: https://journals.openedition.org/. Acesso em: 30 nov. 2022. PINKER, Sarah. Doing Sensory Ethnography. London: SAGE Publications Ltd City, 2009. Referências 86Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: Métodos Utilizados em Etnografia e Design Objetivo de aprendizagem Ao final desta unidade, espera-se que você reconheça as principais características dos métodos etnográficos para realizar pesquisas em políticas públicas. Um dos primeiros passos de qualquer desenho de programas e serviços públicos é a realização de pesquisas qualitativas e quantitativas a fim de obter evidências sobre quais são os principais problemas e entender as causas e consequências. Você verá agora características dos métodos da etnografia e do design etnográfico enquanto recursos para informar decisões. 2.1. O Processo de Imersão da Etnografia Uma característica fundamental da etnografia é a imersão do pesquisador em um ambiente social, observando e documentando as práticas cotidianas de forma abrangente e detalhada. Imersão da Etnografia. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC(2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 87 A pesquisa social é caracterizada por quatro aspectos, segundo Hammersley e Atkinson (1994, apud FERNÁNDEZ, 2020): • Interesse em explorar a natureza particular do fenômeno social de estudo antes de verificar hipóteses; • Tendência para trabalhar com dados não estruturados que não tenham sido codificados antes; • Investigar um pequeno número de casos, ou apenas um, mas sempre em profundidade; • Analisar a informação sob a perspectiva dos significados das ações das pessoas, apresentando-a através de descrições e explicações verbais (HAMMERSLEY e ATKINSON, 1994, apud FERNÁNDEZ, 2020, p. 88). Parapoder compreender a informação obtida e interpretá-la adequadamente, a etnografia requer ainda um meticuloso trabalho de contextualização histórica, política, econômica e social (FERNANDEZ, 2020). O método etnográfico consiste em um mergulho na vida cotidiana dos “outros” que se quer compreender, exigindo uma entrega profunda do pesquisador (URIARTE, 2012). Esse mergulho se inicia na teoria, coletando informações e interpretações já feitas sobre o tema e a população específica que se quer estudar. Em seguida, vem a fase do trabalho de campo em que se estabelece a convivência com o grupo da pesquisa e as relações com pessoas. Por fim, ocorre a realização da escrita ou outra forma de registro. Os designers, assim como os etnógrafos, têm de começar pela imersão em situações da vida real para compreender experiências e significados das pessoas e obter insights sobre problemas e oportunidades de ação. Dito isso, dê uma pausa na leitura e fixe sua atenção na imagem a seguir. Analise o que é e o que não é o insight. 88Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A imersão do pesquisador no processo de investigação etnográfica pode ocorrer nas entrevistas; na observação na qual o pesquisador apenas observa passivamente; e na observação participante. Na observação participante, o pesquisador deve se inserir, ser aceito e participar dos eventos das pessoas e grupos estudados. A observação participante supõe a interação pesquisador/pesquisado (VALLADARES, 2007) e pode ser concebida como uma maneira de participar com atenção e de aprender, aprendizagem essa que pode ser transformadora (INGOLD, 2017). A imersão no design é complementada por pesquisas quantitativas e conhecimento específico do campo que está sendo estudado para gerar compreensão do ser humano para quem o design é feito, o que implica analisar o contexto no qual os artefatos projetados são usados (OTTO e SMITH, 2013). Fonte: Metello (2018, p. 59). Elaboração: CEPED/UFSC (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 89 Modelo de observação passiva de um serviço. Fonte: Gnova. Você verá agora depoimentos de participantes do projeto Perséfone sobre o que significou a imersão na fase das entrevistas e sobre os aprendizados gerados pela vivência no contexto do problema. Acompanhe! Videoaula: Etnografias: Participantes do Projeto Perséfone O método etnográfico foi adaptado pelo design, dando origem ao design etnográfico cujas características você verá adiante. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video42/index.html 90Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.2. Design Etnográfico O design utiliza os recursos de pesquisas qualitativas e quantitativas para obter evidências, mas a sua aproximação com a etnografia deu origem ao design etnográfico, que começa com a imersão no problema ou desafio. Entrevista na fila de espera na rodoviária de Brasília. Foto: Marina Lacerda Design etnográfico é uma metodologia de caráter qualitativo, que serve para fazer com que as pessoas falem sobre o que sabem, pensam e acreditam, a fim de compreender suas reflexões, opiniões, sentimentos e atitudes. Consiste em selecionar uma pessoa ou um grupo de pessoas para ter uma conversa guiada sobre tópicos atinentes ao desafio, a problemática ou a oportunidade. E, como você viu, para isso, podem ser utilizadas entrevistas semiestruturadas ou estruturadas, observação participante e observação passiva, dentre outros métodos. O Design etnográfico pode alcançar diferentes contextos e graus de profundidade e focalização em diferentes assuntos (FIGUEIROA et al, 2017). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 91 Modelo para análise de entrevistas do GNova. Fonte: GNova. Acompanhe a seguir o que diferentes pesquisadores afirmam sobre o Design etnográfico. Os principais objetivos do design etnográfico são gerar um entendimento sobre a forma como as pessoas explicam ou interpretam uma certa realidade; compreender problemas, temas sensíveis ou muito determinados por normas sociais; identificar as necessidades, as motivações e as lógicas daqueles que vivem o problema (FIGUEIROA et al, 2017). 92Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Depoimento. Fonte: Freepik (2022). Elaboração: CEPED/UFSC(2022). “Design etnográfico é uma forma de aprender sobre as pessoas, suas necessidades e seus contextos com o objetivo de identificar oportunidades de inovação que correspondam, de forma mais próxima, às perspectivas e experiências vividas pelas pessoas afetadas por um produto, serviço ou política pública. Design etnográfico é o nome dado a uma etapa de um processo de design em que fazemos um mergulho para entender com profundidade uma determinada realidade que queremos transformar.” (METELLO, 2018, pág. 10). A ideia é que o mergulho no contexto do usuário gere insights sobre problemas e oportunidades de ação que serão lapidadas durante o processo de desenho. Os resultados desse tipo de pesquisa geram conhecimento que possibilita a proposição de soluções que tem como referência as oportunidades identificadas a partir do contato direto de servidores com os atores envolvidos, e não as suposições sobre a realidade (FERRAREZI, BRANDALISE e LEMOS, 2018). A esse respeito, veja o depoimento de uma servidora sobre a sua experiência de pesquisa em campo no projeto Perséfone: O design etnográfico pode ser utilizado em diferentes fases de um projeto, tais como: Iniciar uma melhoria ou para desenhar um novo serviço ou produto; Investigar um comportamento específico dos usuários de um serviço; Testar protótipos e avaliar pilotos; Explorar os efeitos da ação implementada. Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 93 Assista as reflexões da professora Letícia Mendonça na videoaula a seguir. Ela fala sobre os desafios de se fazer etnografia em governo e de incorporar outros sentidos ao processo de entendimento dos problemas. Videoaula: Desafios de Fazer Etnografia em Governo 2.3. Aplicação do Design Etnográfico em um Desafio de Política Pública Você agora refletirá sobre um projeto em que foi aplicada uma nova forma de fazer etnografia e de comunicar seus resultados por meio de áudios. Antes, porém, observe o potencial do uso de sons no processo de imersão e na comunicação no processo de design de projetos no setor público. Os sons se comportam de forma diferente do que o visual, como textos e imagens a que estamos habituados. Em vez de se posicionar na frente e olhar a imagem ou texto, no caso do som, o corpo é cercado por ele e a percepção é intensa. Embora haja uma forte cultura escrita no setor público, em que tudo deve ser registrado de modo impessoal, o uso do som pode ajudar em várias etapas de um projeto, como na gravação feita em campo das falas (ANDERSEN, 2018). Mas seu potencial é maior do que gravar entrevistas. O uso do som para comunicar os insights obtidos na pesquisa etnográfica geram vários efeitos nos que ouvem, porque ouvir a fala das próprias pessoas entrevistadas pode ser muito comovedor, constituindo um recurso para sensibilizar dirigentes ou outros públicos que se deseja atingir (ANDERSEN, 2018). E como você verá nos relatos a seguir, o som tem o potencial de mudar o modo como um servidor experimenta o seu trabalho e o problema do cidadão que está sendo investigado. https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video43/index.html 94Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Videoaula: Etnografias: Fases do Projeto O projeto Perséfone, em apoio ao desenvolvimento da Política Nacional de Busca de Pessoas Desaparecidas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, foi desenvolvido com base no design etnográfico, utilizando recursos de áudios. Seu focofoi o acolhimento das famílias e a profissionalização do serviço (BRANDALISE e WERNECK, 2022). Após mapear dados e hipóteses sobre o problema, foram feitas conversas entre a equipe de projeto e pessoas que vivenciam o problema. De forma remota e a partir de um roteiro aberto de perguntas, foram entrevistados servidores do atendimento da segurança pública de diferentes regiões do Brasil, familiares de pessoas desaparecidas e colaboradores de ONGs com atuação na temática de desaparecimento de pessoas. A professora Christhiane Cutrim relata na videoaula abaixo como foram as fases do projeto, principalmente, a fase das entrevistas com as pessoas envolvidas no desafio. Você também terá a oportunidade de ouvir áudios de familiares de pessoas desaparecidas que foram coletados na fase de imersão, apresentando os principais problemas identificados na pesquisa. O som. Fonte: Freepik (2022). A sistematização dos achados da pesquisa trouxe novos entendimentos à equipe e possibilitou identificar que o momento em que o registro de um desaparecimento é feito, constitui uma etapa estratégica para a atuação da política pública, focalizando o problema a ser trabalhado. Observe os detalhes na imagem a seguir. Estes entendimentos foram organizados em uma apresentação para dirigentes do ministério e ilustrados por áudios marcantes das conversas realizadas, mobilizando a sensibilidade e a urgência implicadas no tema (BRANDALISE e WERNECK, 2022). https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video44/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 95 Registro de insights da pesquisa - Projeto Perséfone. Fonte: Brandalise e Werneck (2022, p.46). A equipe do projeto utilizou, ainda, trechos dos áudios para mobilizar as pessoas para a campanha nacional de coleta de DNA das famílias de pessoas desaparecidas. Assista ao trecho nesta videoaula. Videoaula: Etnografias: Entrevistas https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video45/index.html 96Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública “As entrevistas e o material sonoro foram extremamente importantes, pois permitiram estabelecer a conexão emocional necessária para conseguir enxergar os problemas que não conseguíamos ver anteriormente. Ampliou a nossa visão que antes era pautada pela visão institucional e teórica” (CHRISTHIANE CUTRIM). Você chegou ao final desta unidade de estudo. Caso ainda tenha dúvidas, reveja o conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Siga firme nos estudos! Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 97 ANDERSEN, Jon Günther. The use of sound in the public sector. Brasília, DF: Enap, 2018. BRANDALISE, Isabella; WERNECK, Caio. Entre mergulhos, respiros e respingos: inovação pública para aprendizagem. [Coleção Inovação na Prática]. Brasília, DF: Enap, 2022. 100 p. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/7142/1/livro- azul_DIGITAL.pdf. Acesso em: 30 nov. 2022. FERNÁNDEZ, Almudena Cotán. El método etnográfico como construcción de conocimiento: un análisis descriptivo sobre su uso y conceptualización en ciencias sociales. Revista de Educación de la Universidad de Málaga [Estudios y Ensayos Márgenes], v. 1, p. 83-103, 2020. Disponível em: https://revistas.uma.es/index.php/mgn/ article/view/7241/7057. Acesso em: 30 nov. 2022. FERRAREZI, Elisabete; BRANDALISE, Isabela; LEMOS, Joselene. Experimentação e novas possibilidades em governo: aprendizados de um laboratório de inovação. Brasília, DF: Enap, 2018. 100 p. [Coleção Inovação na Prática]. Disponível em: http://repositorio.enap. gov.br/handle/1/3691. Acesso em: 30 nov. 2022. FIGUEIROA, Bernardita; MOLLENHAUER, Katherine; RICO, Mercedes; SALVATIERRA, Rocío; WUTH, Paula. Creando valor a través del diseño de servicios. [Escuela de Diseño]. 2017. Disponível em: https://issuu.com/dsuc/docs/creando-valor-a-traves-del- diseno-de-servicios-dsu. Acesso em: 30 nov. 2022. METELLO, Daniela Gomes. Design etnográfico em políticas públicas. Brasília, DF: Enap, 2018. 72 p. [Coleção Inovação na Prática]. Disponível em: http://repositorio.enap. gov.br/handle/1/3524. Acesso em: 30 nov. 2022. OTTO, T.; SMITH, R. C. Design Anthropology: A Distinct Style of Knowing. In: GUNN, W.; OTTO, T.; SMITH, R. C. (Ed.). Design Anthropology: Theory and Practice. London and New York: Bloomsbury, 2013, p. 1-29. URIARTE, Urpi Montoya. O que é fazer etnografia para os antropólogos. Revista Ponto Urbe, Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana (LAbNAU-USP). São Paulo, v. 11, 2012. 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Como você aprendeu, um artefato pode ser desde um Canvas para testar um protótipo até a ação proposta para resolver um problema. Os seres humanos, por meio do trabalho manual, manipulam e aproveitam objetos e materiais disponíveis dando significado a eles. Essa relação entre os humanos e os artefatos são estudados pelos etnógrafos e designers que observaram que essas relações são de mão dupla: o ser humano molda os objetos e os objetos moldam e transformam as práticas sociais e os próprios seres humanos (GIACCARDI et al. 2016, apud HARTBLAY et al, 2018). A chamada abordagem teórica sociomaterial (LATOUR, 2012) considera que a produção de conhecimentos também ocorre por associações entre sujeitos e objetos. Nessa perspectiva, as ferramentas e tecnologias (objetos ou coisas) não servem apenas para aumentar as nossas capacidades como também produzem profundas mudanças no conhecimento, no comportamento e na cultura, constituindo atores em qualquer área do conhecimento (SILVA, 2018). Quer ver um exemplo? As transformações que tivemos no comportamento social com o uso das mídias sociais são tão relevantes que já existe um campo da etnografia específico para estudar o fenômeno. Mídias sociais. Fonte: Freepik (2022). Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 99 Essa abordagem “enfatiza a natureza material das interações humanas com os objetos/coisas, observando que esses têm agência, e assim tornam-se fenômenos a serem investigados de forma crítica. A agência é entendida como a capacidade de fazer coisas, ou até mesmo de deixar de fazer coisas” (SILVA, 2018, pág.73). Mas, afinal, de que modo a materialidade se relaciona com o design e o serviço público? A materialidade do processo de design se refere tanto à manipulação de materiais e objetos como a práticas concretas de troca e interação. Os próprios produtos das intervenções do design não são artigos oumonografias etnográficas, mas propostas a serem realizadas na realidade (materialidade). Quando se pensa em um serviço público também é necessário se pensar nas formas como ele será materializado na entrega: desde um balcão de atendimento, um site, uma escola, até mesmo um formulário. Os artefatos apoiam, assim, a relação que se dá entre os serviços e o cidadão, constituindo uma mediação entre os objetivos do serviço e a experiência vivida pelos cidadãos. A ferramenta blueprint do design de serviços é um exemplo de busca pela materialização de um serviço, que detalha as etapas e os pontos de contato com a população, olhando para a forma que esse serviço adquire e cria a experiência do usuário. Os artefatos são repletos de significados e são explorados pelo campo interdisciplinar emergente sobre design e antropologia (Design Anthropology), que se concentra nas relações entre pessoas e objetos, com estudos de materialidade e consumo, objetos e gosto, e os processos culturais que moldam experiências e produtos. Também a sociologia considera que as formas, procedimentos e símbolos das instituições constituem práticas culturais, entendidas como rede de hábitos, de símbolos e de cenários que fornecem modelos de comportamento, esquemas, categorias e modelos cognitivos para os seus membros (HALL e TAYLOR, 2003). Na próxima videoaula você conhecerá uma pesquisa que explora a cultura sociomaterial da burocracia indagando sobre os seus significados e contextos, e investigando como isso interfere nas relações entre as pessoas e a burocracia. Trata-se da pesquisa Gabinete das curiosidades burocráticas que investiga uma série de artefatos encontrados no setor público. Ou seja, qual é o papel, o significado e o poder que um crachá ou um broche emanam? O que os artefatos podem revelar sobre a forma burocrática de administração e relacionamentos no setor público? Veja a videoaula com a convidada Isabella Brandalise. 100Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 3.1. Desafios da Aplicação do Conceito de Materialidade no Setor Público Em que medida artefatos e as formas materiais que o serviço público emprega afetam a inclusão de cidadãos e grupos sociais específicos? Videoaula: Pesquisa – Gabinete das Curiosidades Burocráticas Videoaula: O Poder dos Artefatos e seus Impactos na Vida Cotidiana do Setor Público A pesquisa tem caráter prático e tem por base o design anthropology, o design participativo e estudos curatoriais. Veja agora na videoaula do Professor Lucas Vaqueiro a apresentação do contexto em que a pesquisa está inserida, bem como as reflexões iniciais sobre o poder dos artefatos e seus impactos na vida cotidiana do setor público. A diversidade de gênero e raça ou a situação de pessoas com deficiência, por exemplo, encontra suporte para as suas demandas e questões específicas nos artefatos produzidos no setor público? Como a etnografia em governo pode contribuir para ampliar as perspectivas de inclusão no atendimento do serviço público? Veja, na videoaula a seguir, o que pensa a professora Letícia Mendonça sobre essas questões. Foto de Isabella Brandalise. Fonte: Metello (2018). https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video46/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video47/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video47/index.html Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 101 Videoaula: Etnografias: Inclusão no Atendimento do Serviço Público Videoaula: A Etnografia Digital Videoaula: Reflexões Finais Outro exemplo desafiador diz respeito à transformação digital. A transformação digital trouxe oportunidades para ampliação de serviços ágeis aos cidadãos ao mesmo tempo em que trouxe novos desafios de inclusão de pessoas que não têm acesso à Internet ou não sabem como usar esses serviços. No lado da gestão, há mudanças nos artefatos que eram utilizados, como os processos administrativos em papel, e artefatos que serão modificados para ter expressão no teletrabalho, como os crachás, por exemplo. Essa transformação está em curso, mas o contexto da pandemia do Covid-19, que levou muitos servidores ao teletrabalho, acelerou o processo e fez surgir questões relacionadas a essa transição de forma de trabalho. A etnografia digital pode apoiar o setor público na transformação para o governo digital? Quais são as novas materialidades que surgem no mundo digital e quais significados que essas mudanças podem trazer ao setor público? Para responder essas questões, veja o que os professores Lucas Vaqueiro, Isabella Brandalise e Letícia Mendonça comentam acerca desses desafios. Analise nesta sequência as reflexões do professor Lucas Vaqueiro a respeito das pesquisas com artefatos e as diferentes dimensões que podem agregar às políticas públicas. Avante! Em síntese, as abordagens de pesquisa aqui relatadas, ao agregarem outros sentidos e novas dimensões ao processo de design, ampliam a capacidade de compreensão dos problemas vivenciados pelos cidadãos e as possibilidades de soluções mais adaptadas às suas necessidades e mais inclusivas na arena pública. Pense nisso! https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video48/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video49/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo02_video12/index.html https://cdn.evg.gov.br/cursos/664_EVG/video/modulo05_video50/index.html 102Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Para saber sobre Design Anthropology como práticas colaborativas: correspondências entre artesãs, designers e sementes no Maracanã, clique aqui; • Para ouvir os áudios completos da fase de imersão sonora feita com os familiares e envolvidos no projeto Perséfone (15 min.) você pode acessar o link aqui; • Enciclopédia de Antropologia veja aqui; • Curso de Design Etnográfico. Veja informações aqui; • Laboratórios de design da Escola Superior de Desenho Industrial – UERJ – reúne ações, projetos e pesquisas que exploram e desenvolvem meios e métodos inovadores em design, arquitetura e urbanismo. Informações aqui; • Emerging Technologies Research Lab - da Universidade e Monash, na Austrália, é um laboratório interdisciplinar que realiza pesquisas nas dimensões sociais, culturais e experienciais do design, uso e futuro de tecnologias novas e emergentes. Para saber mais sobre o laboratório e suas atividades clique aqui. Que bom que você encerrou esta etapa de estudos! Chegou a hora de você testar seus conhecimentos. Então, acesse o exercício avaliativo que está disponível no ambiente virtual. Boa sorte! http://www.pdc2020.org/wp-content/uploads/2020/06/Design-Anthropology-como-pra%CC%81ticas-colaborativas-corresponde%CC%82ncias-entre-artesa%CC%83s-designers-e-sementes-no-Maracana%CC%83-Sa%CC%83o-Lui%CC%81s-MA.pdf https://repositorio.enap.gov.br/handle/1/6005 https://ea.fflch.usp.br/search/node?keys=observa%C3%A7%C3%A3o https://www.youtube.com/watch?v=ZPzMYEw11tA&list=PLCDO8oMmhbxsKTf6rPwNdAfoi6z8g4C3c&index=5&t=14s https://www.esdi.uerj.br/pesquisa/laboratorios https://www.monash.edu/emerging-tech-research-lab Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 103 CLARKE, Alison J. Design Anthropology: Object Cultures in Transition. [S. l.]: Bloomsbury Academic, 2018. HALL, Peter A.; TAYLOR, Rosemary C. R. As três versões do neo-institucionalismo. Lua Nova, v. 58), 2003. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-64452003000100010. Acesso em: 6 dez. 2022. LATOUR, Bruno. Reagregando o Social: uma introdução à teoria do Ator-rede. Salvador: EDUFBA, 2012. 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Comunicar-se de forma simples e breve Referências Unidade 2: Linguagem Simples: etapas e diretrizes Referências Unidade 3: Linguagem Simples aplicada ao Serviço Público 3.1. Escuta Ativa Referências Unidade 4: Disseminando a pauta da Linguagem Simples Referências Unidade 1:Introdução às Ciências Comportamentais 1.1. A Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas Referências Unidade 2: Aplicação das Ciências Comportamentais em Políticas Públicas no Brasil e no mundo 2.1. A Identificação das Oportunidades para Aplicação nas Políticas Públicas 2.2. Casos e instrumentos utilizados 2.3. Importância dos Contextos e da Cultura Referências Unidade 3: SIMPLES MENTE: uma Ferramenta para Aplicação das Ciências Comportamentais Referências Unidade 1 – Noções Básicas da Ciência de Dados Referências Unidade 2: A Aplicação da Ciência de Dados no Setor Público Referências Unidade 3: Desafios do Trabalho com Dados 3.1. Invisibilidade de Grupos Sociais 3.2. Abertura e Segurança de Dados 3.3. A Capacitação de Servidores Referências Unidade 1: Objetivos e Fases do Design de Serviços 1.1. Os Pilares do Design de Serviços 1.2. As fases do Design de Serviços Referências Unidade 2: Experiências de Emprego do Design de Serviços no Setor Público 2.1. Os processos e as ferramentas utilizadas nas experiências Referências Unidade 3: Como e Por Onde começar a usar o Design de Serviços? 3.1. A Formação da Equipe durante o Processo 3.2. As pesquisas Referências Unidade 1: Noções Básicas da Ciência de Dados 1.1. Novas Etnografias e a Aproximação com o Design Referências Unidade 2: Métodos Utilizados em Etnografia e Design 2.1. O Processo de Imersão da Etnografia 2.2. Design Etnográfico 2.3. Aplicação do Design Etnográfico em um Desafio de Política Pública Referências Unidade 2: Métodos Utilizados em Etnografia e Design 3.1. Desafios da Aplicação do Conceito de Materialidade no Setor Público Referências