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ESTUDO DA RESISTÊNCIA E DO COMPORTAMENTO TENSÃO-DEFORMAÇÃO DE UM SOLO RESIDUAL FINO COMPACTADO, UTILIZANDO ENSAIOS TRIAXIAIS CONVENCIONAIS E DE DEFORMAÇÃO PLANA Cid Almeida Dieguez Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Mauricio Ehrlich Rio de Janeiro Março de 2016 ii ESTUDO DA RESISTÊNCIA E DO COMPORTAMENTO TENSÃO- DEFORMAÇÃO DE UM SOLO RESIDUAL FINO COMPACTADO, UTILIZANDO ENSAIOS TRIAXIAIS CONVENCIONAIS E DE DEFORMAÇÃO PLANA Cid Almeida Dieguez PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: _________________________________________________ Prof. Mauricio Ehrlich, D.Sc. _________________________________________________ Prof. Ian Schumann Marques Martins, D.Sc. _________________________________________________ Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO de 2016 iii Dieguez, Cid Almeida Estudo da Resistência e do Comportamento Tensão- Deformação de um Solo Residual Fino Compactado, Utilizando Ensaios Triaxiais Convencionais e de Deformação Plana / Cid Almeida Dieguez. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2016. X, 115 p. il.: 29,7 cm. Orientador: Mauricio Ehrlich Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2016. Referências Bibliográficas: p. 114. 1.Ensaio Triaxial de Deformação Plana 2.Ensaio Triaxial Axissimétrico (Convencional) 3.Comportamento Tensão- Deformação do Solo 4.Resistência ao Cisalhamento do Solo. I.Ehrlich, Mauricio. II.Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.Estudo da Resistência e do Comportamento Tensão-Deformação de um Solo Residual Fino Compactado, Utilizando Ensaios Triaxiais Convencionais e de Deformação Plana. iv DEDICATÓRIA À minha família. v AGRADECIMENTOS Ao Professor Mauricio Ehrlich pela orientação neste e em outros trabalhos, pelo apoio, incentivo e confiança. Ao D.Sc. Seyed Hamed Mirmoradi pelos trabalhos em equipe, conselhos, incentivo e confiança. Ao Engenheiro Sérgio Iório pela orientação e dedicação aos ensaios realizados. Aos colegas que contribuíram na revisão dos capítulos desta monografia: D.Sc. Diego de Freitas Fagundes, Eng. Juliana Pessin, D.Sc. Mario Guilherme Garcia Naccinovic e M.Sc. Raquel Mariano Linhares. As secretárias Andréa Gomes de Souza, Marcia Lúcia de Gusmão e Maria Alice Marques dos Santos pelo apoio e incentivo. A todos os funcionários e amigos do Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. A todos os colegas e professores da graduação na Escola Politécnica/UFRJ. A todos os colegas e professores da COPPE/UFRJ. Ao CNPq pelo suporte financeiro. vi Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil Estudo da Resistência e do Comportamento Tensão-Deformação de um Solo Residual Fino Compactado, Utilizando Ensaios Triaxiais Convencionais e de Deformação Plana Cid Almeida Dieguez Março/2016 Orientador: Mauricio Ehrlich Curso: Engenharia Civil Os ensaios triaxiais convencionais têm sido de grande importância nos estudos do comportamento mecânico de solos. Possibilita a obtenção de parâmetros de resistência do material ensaiado e indica fatores que possam influenciar na magnitude destes parâmetros. Apesar da versatilidade e relativa simplicidade dos equipamentos triaxiais convencionais, os estados de tensão e/ou deformação impostos à amostra, geralmente, não representam as condições encontradas in situ (comumente o estado plano de deformações). No âmbito da pesquisa, pretende-se analisar o comportamento tensão- deformação de um solo residual tropical fino e obter seus parâmetros de resistência ao cisalhamento, sob condição consolidada–drenada (CD) em amostras saturadas. Para tal, foram realizados ensaios triaxiais axissimétricos e de deformação plana, tendo seus valores cotejados. vii Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer Study of the Shear Strength and the Stress-Strain Behavior of a Fine Residual Compacted Soil, Using Triaxial and Plane Strain Tests Cid Almeida Dieguez March/2016 Advisor: Mauricio Ehrlich Course: Civil Engineering The triaxial test has been one of the most important tool for evaluation of the mechanical behavior of soil. This equipment allows to obtain the shear strength parameters of soil and indicates the influence of different factors that could affect in those parameters. Although the triaxial equipment is simple to use and versatile tests could be carried out with this equipment, the state of tension and strain imposed on the sample, in general, does not represent in situ conditions. In the present study, the stress-strain behavior of a thin tropical residual soil has been considered and the shear strength parameters have been obtained under consolidated-drained (CD) condition in saturated samples. The results obtained using axisymmetric and plane strain triaxial tests were compared. viii ÍNDICE 1. Introdução ................................................................................................................ 1 1.1 Motivação e Objetivos da Pesquisa ................................................................. 2 1.2 Organização ...................................................................................................... 2 2. Revisão Bibliográfica ............................................................................................... 4 2.1 Ensaios de Cisalhamento em Laboratório ........................................................ 4 2.1.1 Ensaios Triaxiais Axissimétricos (Convencional) ......................................... 7 2.1.2 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana ...................................................... 10 2.2 Equipamento de Deformação Plana Desenvolvido por COSTA (2005) ........ 11 2.2.1 Aplicação e Medição de Tensões ................................................................ 12 2.2.2 Medição de Deslocamentos e Volumes ....................................................... 13 2.2.3 Componentes do Equipamento Triaxial de Deformação Plana ................... 14 2.2.4 Dimensões da Amostra ................................................................................ 19 2.2.5 Extremidades Lubrificadas (Sistema Free End) do Molde .......................... 20 2.3 Ensaios Triaxiais Axissimétricos e de Deformação Plana em Solo Residual Tropical Fino, Realizados por RICCIO FILHO (2007) ................................................. 21 2.3.1 Amostras Utilizadas ..................................................................................... 21 2.3.2 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana ...................................................... 23 3. Materiais e Métodos ............................................................................................... 31 3.1 Amostras de Solo ........................................................................................... 31 3.2 Ensaios Triaxiais Axissimétricos (Convencionais) ...................................... 33 3.2.1 Compactação das Amostras Reconstituídas para os Ensaios Triaxiais Convencionais ........................................................................................................ 34 3.2.2 EquipamentoTriaxial e Parâmetros Adotados no Software Triaxial ........ 36 ix 3.3 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana ........................................................ 40 3.3.1 Compactação das Amostras Reconstituídas para os Ensaios Triaxiais de Deformação Plana................................................................................................... 42 3.3.2 Conversão do Molde Quadripartido em Aparato de Deformação Plana ..... 47 3.3.3 Saturação do Corpo de Prova ...................................................................... 48 3.3.4 Adensamento do Corpo de Prova ................................................................ 50 3.3.5 Cisalhamento do Corpo de Prova ................................................................ 52 4. Apresentação e Análise dos Resultados ................................................................. 54 4.1 Análise de Dados dos Ensaios Triaxiais Axissimétricos ................................ 58 4.2 Análise de Dados dos Ensaios Triaxiais de Deformação Plana ..................... 60 4.2.1 Ensaios com uso de Extremidades Free End sobre os Anteparos Laterais.. 61 4.2.2 Ensaios com uso de Extremidades Lubrificadas nos Anteparos Laterais.... 63 4.2.3 Cálculo da Tensão de Desvio pela Medida de Área da Seção Transversal do Corpo de Prova ao Fim do Ensaio e Envoltória de Resistência ............................. 65 4.3 Discussão dos Resultados ............................................................................... 68 4.3.1 Comparação entre os Resultados dos Ensaios Triaxiais Axissimétricos e Triaxiais de Deformação Plana............................................................................... 70 4.3.2 Comparação entre os Resultados dos Ensaios Triaxiais de Deformação Plana, Utilizando Extremidades Free End ou Lubrificadas .................................... 72 5. Conclusão ............................................................................................................... 73 ANEXO I ........................................................................................................................ 75 A I.1 Fotos do Equipamento Desenvolvido por COSTA (2005) ............................. 75 A I.1.1 Componentes do Equipamento e Aparelhagem ...................................... 75 A I.1.2 Procedimento de Ensaio .......................................................................... 78 x A I.2 Fotos dos Ensaios Realizados por RICCIO FILHO (2007) ............................... 81 A I.2.1 Ensaio Triaxial Axissimétrico................................................................. 81 A I.2.2 Ensaio Triaxial de Deformação Plana ..................................................... 82 ANEXO II ...................................................................................................................... 84 A II.1 Equação 4.1 – Cálculo da diferença de altura após adensamento .................. 84 A II.2 Equação 4.2 – Cálculo da diferença de volume após adensamento ............... 85 A II.3 Planilha de Dados dos Ensaios Triaxiais Axissimétricos ............................... 86 A II.4 Curvas de Adensamento para os Ensaios de Deformação Plana .................... 98 A II.5 Planilha de Dados dos Ensaios Triaxiais de Deformação Plana .................. 100 A II.7.1 Ensaios Triaxiais Axissimétricos ................................................................... 111 A II.7.2 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana ............................................... 112 Referências Bibliográficas ............................................................................................ 114 1 1. Introdução Os ensaios triaxiais axissimétricos (convencionais) têm sido de grande importância nos estudos do comportamento mecânico de solos. São ensaios realizados em equipamento que permite o acompanhamento das tensões e deformações no solo ao se aplicar carregamentos ou deslocamentos controlados sobre os planos principais do corpo de prova. Possibilita a obtenção de parâmetros de resistência do material ensaiado e indica fatores que possam influenciar na magnitude destes parâmetros (com as considerações de poropressão, condição de drenagem e variação volumétrica). Apesar da versatilidade dos ensaios e relativa simplicidade dos equipamentos triaxiais convencionais, os estados de tensão e/ou deformação impostos à amostra, geralmente, não representam as condições encontradas in situ. Grande parte dos problemas geotécnicos (à exemplo de barragens, análise de estabilidade em taludes de solo, estruturas de contenção e escavações) ocorrem sob estado plano de deformação, onde as deformações são nulas ao longo de uma das direções principais. Diversos equipamentos triaxiais de deformação plana foram desenvolvidos objetivando a obtenção dos parâmetros de resistência ao cisalhamento e de tensão- deformação de solos (ALCANTARINO, 1986 apud COSTA, 2005 e BISHOP & WOOD, 1958). Observam-se na literatura trabalhos de diferentes autores comparando resultados de ensaios de deformação plana e triaxiais convencionais (RICCIO FILHO, 2007 e COSTA, 2005). Verifica-se que a diferença nos resultados obtidos nos dois tipos de ensaios cresce com a compacidade dos solos e que os ensaios de deformação plana apresentam menor deformação axial na ruptura quando comparados aos ensaios axissimétricos. 2 1.1 Motivação e Objetivos da Pesquisa COSTA (2005) desenvolveu um novo equipamento triaxial para ensaios de solos na condição de deformação plana. RICCIO FILHO (2007) utilizou este equipamento, com algumas modificações, para obtenção de parâmetros de resistência ao cisalhamento em solo argilo arenoso (residual tropical fino) não saturado. Os ensaios de RICCIO FILHO (2007) analisaram o comportamento do solo compactado (reproduzindo as condições in situ) em amostras não saturadas, realizando ensaios triaxiais de deformação plana e triaxiais axissimétricos, consolidados e sob condição de volume constante de água (CW). Na presente pesquisa objetivou-se desenvolver, sob condição consolidada–drenada (CD) em amostras saturadas, ensaios triaxiais axissimétricos e de deformação plana no mesmo solo estudado por RICCIO FILHO (2007). Os ensaios de deformação plana foram efetuados utilizando o equipamento desenvolvido por COSTA (2005). 1.2 Organização Este trabalho é divido em cinco capítulos. Neste primeiro capítulo foram apresentados uma breve consideração sobre os ensaios triaxial axissimétrico e triaxial de deformação plana, a motivação para esta pesquisa e o objetivo dos ensaios realizados. No segundo capítulo, são revisados os equipamentos usuais na obtenção da resistência ao cisalhamento do solo em ensaios de laboratório, dando ênfase nos ensaios triaxial de deformação plana e triaxial convencional. Também são apresentados o equipamento desenvolvido por COSTA (2005) e pesquisa desenvolvida por RICCIO FILHO (2007), que abrange a caracterização da amostra e obtenção dos parâmetros de resistência ao cisalhamento em ensaios triaxiais de deformação plana e triaxial 3 convencional, ambos em solo residual fino compactado, não saturado e sob condição de volume constante de água (CW). No terceiro capítulo são apresentados os materiais e métodos utilizados nesta pesquisa. No quarto capítulo é discutida a análise dos dados obtidos nos ensaios triaxiais e são apresentados os resultados, comparando os ensaios axissimétricos aos de deformação plana. O quinto e último capítulo traz as considerações finais resultante deste trabalho e sugestões para futuras pesquisas. 4 2. Revisão Bibliográfica Avaliar o comportamento de tensão-deformação do solo em laboratório requer um conjunto de recomendações práticas e normalização dos procedimentos de ensaios. Na medida do possível deve-se preservar ao máximo a estrutura original dosolo, seja ela uma amostra ‘indeformada’ ou reconstituída em laboratório, representativas das condições in situ. ATKINSON (2007) comenta que quase todo o conhecimento que temos sobre o comportamento do solo foi adquirido em ensaios realizados em laboratório. Ensaios em laboratório geralmente são aplicados a pequenas amostras de solo e em modelos representativos das condições encontradas em obras reais. Recomendações da prática de laboratório, quanto à segurança, utilização dos equipa- mentos, instrumentos de medição e aquisição de dados podem ser encontradas em HEAD (1994). Deve-se prezar pela fidelidade e acurácia dos dados obtidos, registrando todos os fatos observados durante o experimento, não somente o que possa ser considerado o mais importante. Anotações críticas sobre o decorrer dos ensaios também são partes destes registros e devem ser utilizadas pelo engenheiro na avaliação dos resultados. 2.1 Ensaios de Cisalhamento em Laboratório Idealmente, um equipamento para medição da resistência ao cisalhamento deveria ser capaz de impor qualquer estado de tensões na amostra e esta ter liberdade em mudar seu estado de tensões, de forma a possibilitar que seus planos principais girem durante o carregamento. ATKINSON (1982) exemplifica que na prática dos ensaios estes requisitos são extremamente difíceis de alcançar, ou até mesmo impossíveis, visto que as deformações específicas antes mesmo da ruptura podem ser elevadas sendo difícil acomodar os deslocamentos entre placas adjacentes no sistema de aplicação de carga. 5 Há, na prática de laboratório, diversos equipamentos utilizados na obtenção de parâmetros de resistência ao cisalhamento ou avaliar o comportamento tensão- deformação em solos. ATKINSON (1982) divide estes equipamentos em duas classes: a característica principal da primeira classe de equipamentos (figura 2.1) abrange carregamentos aplicados por placas rígidas polidas ou em membranas flexíveis, estimando que os planos de aplicação de carga também sejam os planos principais de tensões e de deformações da amostra durante o carregamento; a segunda classe de equipamentos (figura 2.2) engloba os que durante o ensaio possibilitem que os planos de aplicação do carregamento não sejam coincidentes com os planos principais da amostra. Dentre os ensaios apresentados, os mais comuns na prática de engenharia e investigação em laboratório são: triaxiais axissimétricos, compressão unidimensional e cisalhamento direto. Nesta revisão bibliográfica, dar-se-á ênfase a dois tipos de ensaios triaxiais de compressão: axissimétrico (convencional) e de deformação plana (figura 2.1). Apesar dos equipamentos triaxiais convencionais serem mais utilizados em compara- ção aos de deformação plana, este último representa as condições de contorno da maioria dos problemas enfrentados na prática de engenharia geotécnica. Entretanto, o equi- pamento triaxial convencional ganha pela aplicabilidade do ensaio, principalmente no que se refere ao uso de amostras indeformadas, possibilitando uma rotina de ensaios adequada à necessidade de grandes obras. ATKINSON (1982) comenta que os demais equipamentos (figura 2.1 e 2.2) são estritamente utilizados em laboratórios de pesquisa. COSTA (2005) ressalta que um dos grandes problemas dos equipamentos triaxiais de amostras prismáticas é a interferência nos cantos e arestas. Quando nestes equipamentos a aplicação de tensões nos corpos de prova é feita através de placas rígidas, ocorrem deformações longitudinais uniformes. Entretanto, a distribuição de tensões pode ser não uniforme devido à interferência das placas. Nos equipamentos com membrana 6 flexíveis, pode ocorrer uma não uniformidade de deformações ao longo do corpo de prova, mesmo para pequenas ou médias deformações. Recomenda-se, portanto, que sejam usadas membranas mais rígidas nas arestas do corpo de prova prismático. Figura 2.1 Representação esquemática das tensões e deformações em ensaios de laboratório que têm como característica imposição de planos principais pela aplicação do carregamento. (ATKINSON, 1982). Triaxial de Deformação Plana Triaxial Axissimétrico (Triaxial Convencional) Triaxial Cúbico (Triaxial verdadeiro) Triaxial de Estado Plano de Tensões Compressão Unidimensional (Oedômetro) Compressão Uniaxial (Simples) Compressão Isotrópica 7 Figura 2.2 Representação esquemática das tensões em ensaios de laboratório que não impõe aos planos de aplicação dos carregamentos que sejam coincidentes aos planos principais da amostra. (ATKINSON, 1982). 2.1.1 Ensaios Triaxiais Axissimétricos (Convencional) O ensaio triaxial axissimétrico é considerado o mais versátil dos ensaios de resistência ao cisalhamento em solos saturados ou não saturados. Nele é possível obter parâmetros de resistência ao cisalhamento em termos de tensões efetivas ou totais (em função da condição de drenagem adotada no ensaio), com acompanhamento da poropressão ou a deformação volumétrica na amostra. Em BISHOP & HENKEL (1962) são descritos detalhadamente, os componentes do equipamento (figura 2.3), a preparação das amostras cilíndricas utilizadas no ensaio e também toda teoria necessária para análise dos resultados. ATKINSON (2007) comenta que mesmo com o avanço tecnológico e os mais novos instrumentos de medição disponíveis, a literatura técnica de BISHOP & HENKEL (1962) é ainda muito utilizada como referência aos procedimentos e análise do Ensaio de Ring Shear Cisalhamento Simples Cisalhamento Direto 8 comportamento dos solos. No Brasil, apesar de não se dispor de uma norma técnica nacional específica para ensaios triaxiais em solos, as medidas, equipamentos e proce- dimentos em geral coincidem com a norma britânica BS 1377 (1990) assim como a literatura de BISHOP & HENKEL (1982). Com o equipamento triaxial axissimétrico é possível realizar ensaios de compressão ou extensão, permitindo que sejam aplicadas condições distintas de carregamento ou descarregamento, medidas de deformação e controle de drenagem na amostra, aproximando-se das condições encontradas in situ. As etapas comuns a todos os ensaios triaxiais axissimétricos são: confinamento hidrostático e cisalhamento da amostra. O que difere um ensaio em ser adensado ou não, é a abertura do registro de drenagem durante a fase de confinamento hidrostático. BISHOP & HENKEL (1962) subdividem em três grupos os ensaios possíveis em compressão: não consolidado–não drenado (UU), consolidado–não drenado (CU) e consolidado–drenado (CD). No ensaio de compressão triaxial axissimétrico, é imposto à amostra um estado de tensões onde os planos principais são considerados os mesmos do carregamento (figura 2.4a). Para isso, além da simplificação acerca da ausência de atrito nas extremidades superior e inferior da amostra, é considerado que a tensão radial (σr), aplicada pela pressão de confinamento hidrostático (σc) (figura 2.4b) seja igual às tensões principal menor e principal intermediária (σ3 e σ2 respectivamente), isto é, σr = σ3 = σ2 = σc. Para o cálculo da tensão principal maior (σ1), primeiramente calcula-se a tensão desviadora (σd), aplicada pelo carregamento axial (Fa) corrigido pela área transversal da amostra (figura 2.4c). É então somada à tensão de confinamento: σ1 = σ3 + σd , sendo σd o carregamento axial em razão da área corrigida. 9 Figura 2.3 Representação esquemática da célula triaxial de amostra cilíndrica (BISHOP & HENKEL, 1962). Figura 2.4 a) estado de tensões atuantes na amostra; b) tensões durante a fase de confinamento hidrostático; c) carregamento axial e área corrigida da amostra (ATKINSON, 2007). 1 3 c c Válvula de alívio da pressão de ar Manômetro O’ring de borracha O’ring de borracha Água Carregamento axial Top cap Pedraporosa Tubo flexível Amostra envolta por uma membrana flexível de látex Pedra porosa O’ring de borracha Conexões para drenagem ou medição da poro-pressão Haste de carregamento Controle da pressão de confinamento 10 2.1.2 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana No ensaio triaxial de deformação plana, uma amostra prismática de seção retangular é submetida a esforços de compressão, pela aplicação de um carregamento axial no plano horizontal (xy) da amostra e somado a um adensamento em deformação plana, anterior à fase de cisalhamento. Idealmente, em duas faces opostas (plano vertical zy) é imposta deformação nula e nenhuma tensão cisalhante. Nas duas faces restantes (do plano vertical xz) há liberdade de deformação, atuando somente tensões iguais à de confinamento da amostra. Na figura 2.5, são esquematizadas as tensões e deformações na amostra. Desta forma, duas das três tensões principais são conhecidas: tensão principal maior (σ1 = σ𝑧) e tensão principal menor (σ3 = σ𝑦). Já as tensões atuantes nas faces com a deformação impedida (σ𝑥 , ε𝑥 = 0) são coincidentes com a tensão principal intermediária (σ2), que por sua vez é função direta das tensões principal maior e principal menor, além do coeficiente de Poisson (ν) do material a ser ensaiado. COSTA (2005) e ALCANTARINO (1986) apresentam revisão bibliográfica de diversos equipamentos de deformação plana utilizados em conceituados centros de pesquisa, além dos próprios equipamentos, montados na COPPE/UFRJ e PUC/RJ respectivamente. Figura 2.5 Tensões e deformações em estado plano de deformações (ATKINSON 2007). = 0 = 0 11 2.2 Equipamento de Deformação Plana Desenvolvido por COSTA (2005) Na pesquisa desenvolvida por COSTA (2005), foi apresentado um novo equipamento triaxial de deformação plana, desenvolvido no Laboratório de Geotecnia da COPPE/UFRJ. Este equipamento e sua metodologia de ensaio foram também adotados no presente trabalho. Para os ensaios ora apresentados, foram efetuadas pequenas modificações no equipamento e na forma de compactação do solo. Buscou-se ter no equipamento desenvolvido por COSTA (2005) a mesma versatilidade encontrada nos ensaios triaxiais convencionais. Para tal, fez-se uso de uma célula triaxial convencional para amostras de 10 cm de diâmetro, comercializada pela Wykeham Farrance. Assim, conceitualmente, segue a mesma esquematização da figura 2.3, onde são apresentados os principais componentes de uma célula triaxial convencional. A contribuição do novo equipamento de deformação plana é dada pela conversibilidade do molde utilizado para reconstituição da amostra, em um aparato de deformação impedida (ao longo do eixo que comporta a maior dimensão da amostra) e também na fase de confinamento da amostra. Portanto, ao realizar um ensaio consolidado, tem-se que a redução de volume na amostra é proveniente das deformações ε e ε , já que ε𝑥 = 0 (figura 2.5). Outra inovação em relação a outros equipamentos existentes é a forma com que a membrana é presa no top cap. A solução encontrada foi confeccionar discos de borracha com a forma da seção do top cap ou da base, vazados em seu centro, garantindo assim uma boa vedação e distribuição uniforme de pressão ao redor do top cap e da base. As fotos do equipamento desenvolvido por COSTA (2005) são apresentadas no ANEXO I. 12 2.2.1 Aplicação e Medição de Tensões A aplicação de tensões durante o ensaio ocorre em duas fases: adensamento e cisalhamento. Na fase de adensamento foi utilizado um sistema de aplicação da pressão confinante, descrito na literatura de BISHOP & HENKEL (1962). Este sistema (figura 2.6) consiste de um reservatório auto-compensado de mercúrio, com capacidade de até 600 kPa de pressão aplicada através da água contida na câmara triaxial. O mesmo sistema é também utilizado para realizar a fase de saturação, durante a preparação da amostra. Figura 2.6 Sistema de aplicação de pressão auto-compensado, utilizando reservatório de mercúrio (BISHOP & HENKEL, 1962). Manômetro Água Reservatório auto-compensador de mercúrio Reservatório de mercúrio Succão Ajuste da altura do reservatório Ao medidor de volume Água 13 A tensão principal menor é aplicada à amostra através da pressão do fluido (água destilada e deaerada) contido no interior da célula triaxial, agindo diretamente na membrana de borracha que envolve a amostra (exceto nas paredes onde a deformação é impedida). Para medição da tensão aplicada pelo fluido de confinamento empregou-se um transdutor de pressão conectado à base da câmara triaxial. Assim como nos ensaios triaxiais de deformação controlada, a aplicação da tensão principal maior ocorre com o deslocamento vertical de todo o conjunto da célula triaxial, controlados por uma prensa, à uma velocidade constante. Na medição da carga vertical foi utilizada uma célula de carga acoplada à extremidade superior da prensa e conectada através de uma esfera de aço à haste de carregamento da célula triaxial. A capacidade nominal desta célula de carga é de 15 kN. As leituras correspondentes aos transdutores de pressão e célula de carga são registradas em um sistema de aquisição de dados. 2.2.2 Medição de Deslocamentos e Volumes A deformação axial é registrada por um sistema de LVDT (Linear Variable Differential Transformers), sendo a parte fixa deste extensômetro presa à prensa e a parte móvel apoiada na câmara. As leituras deste instrumento são também registradas no sistema de aquisição de dados. As variações volumétricas do corpo de prova são mensuradas por um aparelho medidor de variação volumétrica conectado à saída da amostra (registro a1 da figura 2.6) e então registradas pelo sistema de aquisição de dados. O aparelho medidor de variação volumétrica e suas especificações podem ser vistos na figura 2.7. 14 Figura 2.7 Aparelho medidor automático de volume para controle externo de fluxo. (Wykeham Farrance). 2.2.3 Componentes do Equipamento Triaxial de Deformação Plana Além da célula triaxial, mencionada anteriormente, o equipamento consiste em: pedestal, base alargada, top cap alargado, anteparos laterais, molde quadripartido e discos de borracha. A esquematização do equipamento pode ser vista nas figuras 2.8, 2.9 e 2.10. Pedestal O pedestal utilizado neste equipamento foi adaptado à base da câmara triaxial por OLIVEIRA FILHO (1987). A motivação àquela pesquisa foi de atender aos requisitos dos materiais dilatantes durante o cisalhamento, comportando amostras cilíndricas de 10cm. A base alargada do pedestal foi feita em aço inox com cantos e arestas suavizados. Capacidade: 100 cm3 LVDT (transdutor de deslocamento) Acurácia: ±0.1 ml Dimensões (mm): 260x280x400 Peso aproximado: 5 kg 15 Figura 2.8 Vista frontal do equipamento triaxial de deformação plana desenvolvido. (COSTA, 2005). 16 Figura 2.9 Vista lateral do equipamento triaxial de deformação plana desenvolvido. (COSTA, 2005). Base alargada A base utilizada no equipamento é sobreposta ao pedestal. Foi confeccionada em alumínio e possui seção transversal de 11,7 cm de comprimento, 6,0 cm de largura e 3,0 cm de altura. As maiores dimensões da seção transversal da base em relação à seção transversal do corpo de prova visam não só atender ao efeito de Poisson, como também a expansão de materiais dilatantes durante o cisalhamento; este fato, porém, não impede a utilização de membranas comerciais, as quais podem ser esticadas até certo limite. 17 A drenagem, por sua vez, feita através de uma pedra porosa central, de diâmetro (1,0 cm) adequado às amostras de areia, não prejudicando a efetividade da lubrificação. Na face frontal da base alargada, um orifício de 4,0 mm é conectadoà base da câmara triaxial por meio de um tubo flexível, permitindo a aplicação de “vácuo” no processo de moldagem da amostra e a drenagem da base do corpo de prova. Na face inferior da base, dois pinos de encaixe garantem a centralização com o pedestal (preso à base da câmara). Figura 2.10 Corte AA’ do equipamento triaxial de deformação plana desenvolvido. (COSTA, 2005). 18 Top cap alargado Esta peça pode ou não possuir pedra porosa central, uma vez que a dupla drenagem nem sempre é utilizada. Possui seção transversal de 10,5 cm de comprimento 5,4 cm de largura e 4,0 cm de altura. Considerando que a aplicação de tensão será conferida dire- tamente sobre esta placa, na parte superior há um encaixe para a haste de carregamento (pistão da figura 2.8), uniformizando ao máximo a distribuição de tensão no topo da amostra. Anteparos laterais São duas placas de alumínio bipartidas que possuem espessuras de 1,27 cm, largura igual a 15,0 cm e 11,0 cm de altura. Na face interna cada anteparo possui embutido uma placa – com espessura de 0,64 cm, largura de 5,0 cm e 10,5 cm de altura, fixa por 6 parafusos – utilizadas de forma a solidarizar a membrana ao anteparo. Cada anteparo possui 4 orifícios, um em cada extremidade, destinados a fixação das barras circulares de aço inox unindo os anteparos entre si e impedindo a movimentação dos mesmos na direção da tensão principal intermediaria. Além disso, possui em sua extremidade inferior um dente que os encaixam perfeitamente na base. Molde quadripartido O molde quadripartido é uma solução para amostras reconstituídas. BISHOP & HENKEL (1962) descreve procedimento para realizar amostras prismáticas utilizando o molde quadripartido. No equipamento desenvolvido por COSTA (2005), foram utilizados os mesmos anteparos laterais como parte do molde. Confeccionaram-se, então, mais duas placas de polipropileno com 5 cm de espessura, 10,7 cm de largura e 11,0 cm de altura que, quando presas aos anteparos laterais, formam o molde. Como a membrana que 19 envolve a amostra é presa ao anteparo lateral, a seção retangular da amostra ficou sem cantos arredondados e a membrana perfeitamente aderida às paredes durante a moldagem do corpo de prova. Discos de borracha Utilizados para vedação entre o top cap e a base, foram usinados dois discos de borracha com meia polegada de espessura cada, deixando-os com 15,0 cm de diâmetro. No centro de cada disco de borracha, foram feitas uma forma vazada retangular com as dimensões da seção transversal do top cap e outra com as dimensões da base alargada. A pressão necessária para vedação entre a membrana e o top cap ou a base alargada é aplicada com abraçadeiras de metal. 2.2.4 Dimensões da Amostra A proporção entre as dimensões da amostra tem como objetivo principal minimizar o efeito do atrito entre a amostra e as placas rígidas. BISHOP e GREEN (1965), realizando ensaios triaxiais em areias, observaram que o atrito nas extremidades tinha o efeito de aumentar a resitência aparente da amostra, mas que este efeito diminuía com o aumento da razão entre a altura e o diâmetro do corpo de prova. Usualmente, a relação altura/diâmetro igual a 2, como é abordado por TAYLOR (1948) em recomendações para ensaios triaxiais de solos em geral. No desenvolvimento do equipamento triaxial de deformação plana por COSTA (2005) este critério foi adotado para a razão entre altura e a espessura da amostra. O efeito do atrito mobilizado entre a amostra e os anteparos laterais reduz na medida em que o comprimento aumenta em relação as largura e altura. A solução adotada foi de aumentar as dimensões da amostra, de forma a ter o seu terço médio longe da interferência das 20 extremidades. O comprimento da amostra também foi estabelecido em função do diâmetro interno da câmara triaxial, limitado a 10 cm para também comportar os tubos de drenagem, conexões da base alargada e o espaço necessário para acomodar os anteparos laterais. Portanto, as dimensões internas do molde quadripartido resultaram em uma amostra de 10,7 cm (comprimento) x 5 cm (largura) x 5 cm (altura). 2.2.5 Extremidades Lubrificadas (Sistema Free End) do Molde Uma questão comum a dispositivos desenvolvidos para ensaios de cisalhamento em solos em que as aplicações de tensões sejam feitas por meio de placas rígidas é a possibilidade do surgimento de tensões indesejadas de natureza friccional. Um exemplo típico desse fenômeno é observado nas extremidades (topo e base) do corpo de prova de ensaios triaxiais convencionais. Para efeito de análise e cálculo, estes planos são considerados principais, o que só aconteceria em condições ideais. Outro exemplo onde isso também se verifica são nas extremidades dos corpos de prova prismáticos de ensaios de deformação plana ou em triaxiais verdadeiros, onde se pode verificar este inconveniente nas seis extremidades, dependendo de como sejam aplicadas as tensões nos planos que se busca principais. Esse tipo de problema também pode ocorrer nos casos em que fronteiras se apresentem flexíveis. Na proposta de minimizar ao máximo esta interferência (o atrito entre a amostra e as placas rígidas), COSTA (2005) previu em seus ensaios o uso de extremidades lubrificadas. Para lubrificação das interfaces, foi utilizada graxa de silicone entre as paredes do anteparo lateral e membranas flexíveis de látex em contato com a amostra. 21 2.3 Ensaios Triaxiais Axissimétricos e de Deformação Plana em Solo Residual Tropical Fino, Realizados por RICCIO FILHO (2007) RICCIO FILHO (2007) utilizou o mesmo equipamento desenvolvido por COSTA (2005). Algumas modificações feitas na base alargada do equipamento permitiram que fossem realizados ensaios a volume de água constante (CW) em amostras não saturadas. Os parâmetros de resistência ao cisalhamento na condição de deformação plana do ensaio foram comparados aos obtidos em triaxiais axissimétricos, para o mesmo solo. As fotos do equipamento e ensaios realizados por RICCIO FILHO (2007) são apresentadas no ANEXO I. 2.3.1 Amostras Utilizadas As amostras utilizadas nos ensaios foram coletadas em campo, durante o processo de execução das camadas de um muro de solo compactado reforçado com geogrelhas. Dois tipos de solo foram empregados na obra: argila arenosa amarela e argila arenosa vermelha. Para o presente trabalho, é de interesse somente a argila arenosa vermelha, composta por solo residual tropical fino, a mesma amostra utilizada nos ensaios triaxiais. Os resultados dos ensaios de caracterização da amostra de argila arenosa vermelha são apresentados nas tabelas 2.1 e 2.2, também nas figuras 2.11 e 2.12. Tabela 2.1 – Resultados dos ensaios de caracterização (RICCIO FILHO, 2007) Amostra Limite de Liquidez (w%) Limite de Plasticidade (w%) Índice de Plasticidade (w%) * A Densidade Real dos Grãos (Gs) ** wHIG (%) Argila Arenosa Vermelha 49 20 28 0,69 2,668 0,95 * A = Índice de atividade da argila (SKEMPTON, 1953) = Í𝑛𝑑𝑖𝑐𝑒 𝑑𝑒 𝑃𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 %𝑓𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑔𝑖𝑙𝑎 < 0 002𝑚𝑚 ; ** w HIG (%) = umidade higroscópica. 22 Figura 2.11 Carta de Plasticidade – Sistema Unificado (SOUZA PINTO, 2006) para a classificação da argila arenosa vermelha utilizada por RICCIO FILHO (2007). Tabela 2.2 – Porcentagens de materiais obtidos nas análises granulométricas (adaptado de RICCIO FILHO, 2007) Amostra Argila Silte Areia Pedregulho Fina Média Grossa Argila Arenosa Vermelha 41 11 15 20 11 2 Figura 2.12 Curvas granulométricas dos dois solos (adaptado de RICCIO FILHO, 2007). Amostra: Argila Arenosa Vermelha 0,001 0,1 0,01 1 10 100 23 2.3.2 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana As modificações feitas por RICCIO FILHO (2007) no equipamento triaxial de defor- mação plana consistiramna mudança em que o efeito de drenagem na base alargada tinha sobre a amostra, e na medição de poropressão pelo top cap alargado. Também pelo uso de graxa teflon como única forma de lubrificação das extremidades dos anteparos laterais. No ensaio triaxial a volume constante de água (CW) a drenagem pela base (ou pelo top cap) deve ser realizada de forma que possa haver a saída de ar, mas não de água. Assim, durante a fase de adensamento da amostra, há redução de volume pela expulsão do ar em meio não saturado. Na etapa de cisalhamento da amostra, haverá redução de volume somente enquanto houver saída de ar. Para isso, fez-se necessário a troca da pedra porosa existente na base alargada do equipamento triaxial, que antes era de alta permeabilidade, por outra de alta pressão de borbulhamento (15 bar). De forma a também contemplar medidas de poropressão durante a fase de cisalha- mento, uma modificação foi realizada no top cap alargado do equipamento triaxial de deformação plana. Uma pedra porosa de alta permeabilidade e um transdutor de pressão foram instalados com o intuito de medir poropressão, pelo caminho de drenagem do top cap alargado, sem que houvesse saída de água ou ar. Nos ensaios com a argila arenosa vermelha, as pressões confinantes utilizadas foram σc = 50 kPa, 100 kPa e 200 kPa. Em todos os ensaios a pressão de ar na saída da base alargada foi mantida como sendo a atmosférica e aplicada através da pedra porosa de alta pressão de borbulhamento. Os corpos de prova foram moldados por compactação estática, colocando-se o material em camadas dentro do molde e aplicando-se uma sobrecarga através de uma prensa uniaxial. O procedimento foi realizado com o solo na umidade de compactação igual à de 24 campo e cada camada foi compactada de forma a obter peso específico equivalente das camadas, próximo ao encontrado em campo. Após a moldagem dos corpos de prova, media-se através de um transdutor de pressão acoplado à base alargada, a poropressão desenvolvida, que se mostrou negativa devido à condição de não saturação do solo compactado. Uma vez estabilizada a poropressão era iniciada a fase de adensamento, aplicando-se a pressão confinante. A fase de cisalhamento iniciava-se após a estabilização da poropressão e da variação volumétrica, impondo-se ao corpo de prova uma deformação axial controlada por uma prensa uniaxial, a uma taxa de 0,06 mm/min. A tabela 2.3 resume o programa de ensaios triaxiais (axissimétricos e de deformação plana) realizados na argila arenosa vermelha. Tabela 2.3 – Programa de ensaios triaxiais tipo CW, nas condições de deformação plana e axissimétricos (RICCIO FILHO, 2007). Amostra de Solo Ensaio * σc (kPa) * γd (kN/m³) * w (%) Argila Arenosa Vermelha Deformação Plana 50 16,45 20,73 100 200 Axissimétrico 50 100 200 * valores programados, representativos das condições de campo. As tabelas 2.4 e 2.5 apresentam os índices físicos calculados por RICCIO FILHO (2007) durante os ensaios triaxiais (axissimétricos e de deformação plana) realizados na argila arenosa vermelha. A tabela 2.6 apresenta os parâmetros de ângulo de atrito efetivo (ϕ’) e intercepto efetivo de coesão (c’), encontrados na envoltória de resistência dos ensaios. Nas figuras 2.13 a 2.20 são apresentadas as curvas de tensão e deformação para os ensaios realizados. Por fim, nas figuras 2.21 e 2.22 são encontradas as envoltórias de resistência em termos do sistema de coordenadas 𝑝′: 𝑞, onde 𝑝′ = (σ1 + σ3)/2 e 𝑞 = (σ1 − σ3)/2. 25 Tabela 2.4 – Índices físicos dos corpos de prova submetidos a ensaios triaxiais. (RICCIO FILHO, 2007). Amostra de Solo: Argila Arenosa Vermelha Ensaio σc (kPa) e0 (moldagem) efinal (pós-ruptura) S inicial (%) (após adensar) S final (%) (pós-ruptura) Deformação Plana 50 0,63 0,65 0,95 0,92 100 0,61 0,94 0,96 200 0,62 0,90 0,91 Axissimétrico 50 0,65 0,67 0,85 0,82 100 0,60 0,66 0,98 0,89 200 0,65 0,61 0,87 0,92 S inicial = grau de saturação antes do adensamento (calculado com base na umidade inicial, e0 e Gs). σc = tensão de confinamento Tabela 2.5 – Índices físicos dos corpos de prova submetidos a ensaios triaxiais (continuação). (RICCIO FILHO, 2007). Amostra de Solo: Argila Arenosa Vermelha Ensaio σc (kPa) * w inicial (%) ** w final (%) * γd inicial (kN/m³) ** γd final (kN/m³) * γh inicial (kN/m³) ** γh final (kN/m³) Deformação Plana 50 20,73 22,10 16,52 16,33 19,90 19,90 100 21,90 16,63 20,30 200 20,90 16,62 20,10 Axissimétrico 50 20,40 16,31 16,11 19,40 100 21,90 16,77 16,29 19,90 200 21,10 16,28 16,58 20,10 * valores associados à moldagem; ** valores associados ao final do ensaio (pós-ruptura); Tabela 2.6 – Resistência ao cisalhamento da argila arenosa vermelha e valores médios de peso específico úmido do solo. (RICCIO FILHO, 2007). Amostra de Solo: Argila Arenosa Vermelha Ensaio ϕ’ (º) c’ (kPa) * γh final (kN/m³) Deformação Plana 38 50 19,95 Axissimétrico 26 52 20,07 * valor médio do peso específico úmido, obtido ao final dos ensaios triaxiais. 26 Figura 2.13 Curvas tensão desvio versus deformação axial, argila arenosa vermelha, condição de deformação plana. (RICCIO FILHO, 2007) Figura 2.14 Curvas deformação volumétrica específica versus deformação axial, argila arenosa vermelha, condição de deformação plana. (RICCIO FILHO, 2007) co m p re ss ão ex p an sã o 27 Figura 2.15 Curvas de poropressão versus deformação axial específica, argila arenosa vermelha, condição de deformação plana. (RICCIO FILHO, 2007) Figura 2.16 Evolução da poropressão com o tempo, argila arenosa vermelha, tensões confinantes de 50 kPa, 100 kPa e 200kPa, condição de deformação plana. (RICCIO FILHO, 2007) 28 Figura 2.17 Curvas tensão desvio versus deformação axial, argila arenosa vermelha, condição axissimétrica. (RICCIO FILHO, 2007) Figura 2.18 Curvas deformação volumétrica específica versus deformação axial, argila arenosa vermelha, condição de simetria axial. (RICCIO FILHO, 2007) co m p re ss ão ex p an sã o 29 Figura 2.19 Curvas de poropressão versus deformação axial específica, argila arenosa vermelha, condição de simetria axial. (RICCIO FILHO, 2007) Figura 2.20 Evolução da poropressão com o tempo, argila arenosa vermelha, tensões confinantes de 50 kPa, 100 kPa e 200 kPa, condição de simetria axial. (RICCIO FILHO, 2007) 30 Figura 2.21 Pontos de máxima resistência para argila arenosa vermelha – ensaios triaxiais tipo CW, convencionais, não saturados e drenados. (RICCIO FILHO, 2007). Figura 2.22 Pontos de máxima resistência para argila arenosa vermelha – ensaios triaxiais tipo CW, na condição de deformação plana, não saturados e drenados. (RICCIO FILHO, 2007). 31 3. Materiais e Métodos Os ensaios do presente trabalho foram realizados no Laboratório de Geotecnia da COPPE, utilizando as dependências do Setor de Ensaios de Caracterização e do Setor de Ensaios de Resistência, Deformabilidade e Permeabilidade. A campanha de ensaios realizados dividiu-se em: triaxiais axissimétrico (convencionais) e triaxiais de deformação plana. O solo utilizado já havia sido objeto de pesquisa por RICCIO FILHO (2007) e o equipamento triaxial de deformação plana, desenvolvido por COSTA (2005). Na tabela 3.1 é apresentado o programa de ensaios do tipo consolidado–drenado (CD) em amostras saturadas, de solo compactado. Tabela 3.1 – Programa de ensaios triaxiais do tipo CD, nas condições de deformação plana e axissimétricos. Amostra de Solo Condição de contorno Tensão Confinante (kPa) * γd (kN/m³) * wprog (%) Argila Arenosa Vermelha Axissimétrico 25 16,45 20,73 50 100 200 Deformação Plana 25 50 100 200 * valores programadosde acordo com os ensaios realizados por RICCIO FILHO (2007). 3.1 Amostras de Solo A caracterização do solo é apresentada na seção 2.3.1 do presente trabalho. A quantidade de amostra, retirada em campo por RICCIO FILHO (2007), foi suficiente para os ensaios realizados àquela época e também para todos os ensaios desenvolvidos nesta pesquisa. 32 O trabalho quanto à caracterização das amostras de solo, se deu no acerto do teor de umidade, àquela definida no programa de ensaios. Adicionalmente, foram realizados controles do teor de umidade em duas etapas dos ensaios: anterior a preparação do corpo de prova e ao final do ensaio. O procedimento para acerto do teor de umidade no solo foi feito em três etapas: (a) Avaliação do teor de umidade do solo armazenado; (b) Adição de água (destilada) no solo, devendo ser homogeneizado; (c) Verificação do teor de umidade dois dias após adição de água. Na etapa (a) seis cápsulas, com aproximadamente 60 gramas de solo cada, foram coletadas em diversos pontos da amostra armazenada. As cápsulas foram pesadas em balança (com resolução em centésimo de grama) e secas em estufa a 105 ºC. Após 24 horas, foram retiradas da estufa e pesadas novamente, obtendo por subtração o peso de água evaporado. Para cálculo da umidade da amostra (𝑤) segue a razão da equação 3.1: 𝑤 (% = m ss d mostr úmid (𝑘𝑔 - m ss d mostr se (𝑘𝑔 m ss d mostr se (𝑘𝑔 (3.1) A quantidade de água na etapa (b) foi previamente calculada em função do peso da amostra armazenada. Deve-se então adicionar aos poucos e uniformemente distribuída a água em todo o solo. A experiência determina alguns gramas a mais de água para compensar a perda durante o manuseio do solo (e depende da quantidade de solo a ser homogeneizado por vez). O cálculo da quantidade de água a ser adicionada segue a relação 3.2: m águ di ion d (𝑘𝑔 = ( m ss tot l d mostr (𝑘𝑔 1+ w prog (% ) × (* wprog − wsolo ) (3.2) *wprog (%) é o teor de umidade requerido na programação dos ensaios. 33 3.2 Ensaios Triaxiais Axissimétricos (Convencionais) Foram realizados quatro ensaios consolidados drenados (CD) com amostras saturadas e compactadas. O sistema triaxial utilizado é fabricado pela Geocomp Corp., e faz parte da rotina de ensaios do laboratório. Totalmente automatizado, o sistema consiste em uma prensa uniaxial (LoadTrac II – figura 3.1a) com célula de carga, servo-motores e sensores de deslocamento, além de dois controladores automáticos de fluxo (FlowTrac II – figura 3.1b) que regulam a pressão de confinamento, mensuram as poropressões (se necessário) ou diferenças no volume de água da amostra. O sistema também possui uma interface que, quando ligado a um computador (e ao software Triaxial), permite o controle dos equipamentos remotamente, a aquisição de dados e o acompanhamento do ensaio. Figura 3.1 a) Equipamento de aplicação e monitoramento de carga e deslocamento axial – LoadTrac II; b) Equipamento de aplicação da pressão confinante e monitoramento da poropressão ou diferença volumétrica na amostra – FlowTrac II; c) Software Triaxial para aquisição de dados e acompanhamento dos ensaios. 34 3.2.1 Compactação das Amostras Reconstituídas para os Ensaios Triaxiais Convencionais Os ensaios foram efetuados em amostras reconstituídas compactadas estaticamente. O processo de compactação estática do corpo de prova se dá pela compressão de certa quantidade da amostra (com o teor de umidade previamente verificado), colocada dentro do molde cilíndrico feito em aço de dimensões pré-definidas. Há então, a diminuição dos vazios internos da amostra pela expulsão de ar, sem exsudação de água. As etapas do procedimento de compactação estática são descritas a seguir e as figuras 3.2a, b e c ilustram os aparatos utilizados: (a) Cálculo da quantidade correta de solo a ser utilizado na compactação de cada corpo de prova; (b) Montar o molde cilíndrico (figura 3.2a), untando com vaselina as partes internas em contato com o solo. Deve-se atentar para a inclusão do espaçador de plástico entre o pistão da base e o colarinho inferior; (c) Colocar toda a quantidade de solo cuidadosamente dentro do molde, compactar levemente com o auxílio de um pilão de plástico ou aço. (d) Levar todo o conjunto a uma prensa uniaxial (figura 3.2b), devendo ter atenção na retirada do espaçador de plástico, antes de compactar a amostra; (e) Após a moldagem do corpo de prova, é necessária a retirada do material de dentro do molde. Para isso, utiliza-se um extrator de amostras (figura 3.2c.) (f) Verificar as dimensões do corpo de prova (utilizando um paquímetro). 35 Figura 3.2 a) componentes do molde cilíndrico (D = diâmetro, H = altura); b) conjunto de molde levado à prensa uniaxial; c) extrator de amostras (detalhe da amostra após ser extraída, no canto inferior esquerdo da figura). 36 A quantidade de solo compactado em cada corpo de prova deve ser o mais próximo possível da calculada na etapa (a), de forma que se obtenha aproximadamente o mesmo peso específico seco (γd) definido no programa de ensaios. Para o cálculo do peso de solo a ser colocado dentro do molde segue a relação 3.3. m solo em d orpo de prov (𝑘𝑔 = [ 𝛾 d × (1+ w prog) 9 81 ] × ( 𝑉 × 10³ (3.3) Onde: 𝛾d (kN/m³) é o peso específico seco requerido na programação dos ensaios; w prog (%) é o teor de umidade requerido na programação dos ensaios; 𝑉(m³) é o volume interno do molde. 3.2.2 Equipamento Triaxial e Parâmetros Adotados no Software Triaxial Detalhes da célula triaxial utilizada nos ensaios triaxiais realizados podem ser vistos na figura 3.3a e b. A montagem do equipamento é feita nas seguintes etapas: (a) Após a moldagem do corpo de prova, o topo e a base podem estar com a superfície muito lisa (efeito da compactação pelo pistão de aço polido), colmatada pela vaselina e muito menos porosa do que a estrutura interna da amostra. Para isso, recomenda-se escarear levemente o topo e a base do corpo de prova com auxílio de um prego com ponta; (b) Colocar duas pedras porosas de alta permeabilidade (previamente saturadas, acompanhadas de papel filtro, para evitar a colmatação quando em contato com o solo) uma no topo e outra na base do corpo de prova, e então montados na base da câmara triaxial; (c) Utilizam-se tiras de papel filtro colocadas ao redor do corpo de prova com a finalidade facilitar a drenagem. A amostra é envolta por uma membrana 37 flexível de látex e presa ao top cap e base da câmara. (d) Conectar o tubo de drenagem do top cap ao registro da base, fechar a câmara triaxial e preenchida com água. (e) Posicionar com cuidado a célula triaxial sobre a prensa uniaxial, elevando o conjunto, até que a haste de carregamento toque a célula de carga e o top cap. Figura 3.3 a) componente da base da câmara triaxial; b) componentes de montagem da amostra na base triaxial; c) montagem da câmara triaxial sobre a prensa uniaxial, ligação da saída drenagem e entrada de pressão de confinamento. 38 O software Triaxial, que controla remotamente o sistema LoadTrac II e FlowTrac II, permite que sejam adotados parâmetros de velocidade do deslocamento axial, pressão confinante, contrapressão (no interior da amostra), limite de deformação da amostra, mínima porcentagem de saturação, tempo de duração do ensaio e outros relacionados a diferentes tipos de ensaios possíveis no mesmo sistema triaxial. Nos ensaios realizados, foram escolhidos parâmetros que determinavam uma condição CD, saturada e coerente com os ensaios realizados por RICCIO FILHO (2007). A tabela 3.2 apresenta os parâmetros escolhidos e a figura 3.4 ilustra a programação destes valores no software Triaxial. Tabela 3.2 – Parâmetros escolhidos nos ensaios triaxiais axissimétricos dotipo CD, na condição saturada. Amostra Diâmetro da Amostra (mm) 50,8 Altura Inicial (mm) 100,5 Peso da Amostra (kg) 0,407 Densidade real dos grãos (Gs) 2,668 Parâmetros do Ensaio Tipo de Ensaio Consolidado Drenado Fator de Correção da Membrana (N/mm) 0,7356 Fator de Correção do Papel Filtro (kPa) 0 Correção de Área Uniforme Normalização do Ensaio ASTM D4767 Saturação da Amostra Incremento de Pressão (kPa) 50 Taxa de Aplicação de Pressão (kPa/min) 100 Pressão Mínima na Célula Triaxial (kPa) 100 Pressão Máxima na Célula Triaxial (kPa) 450 Percentual Mínimo de Saturação da Amostra (%) 95 Número Máximo de Ciclos 5 Fase de Adensamento Tensão Efetiva Vertical (kPa) 25, 50, 100 ou 200 Tensão Efetiva Horizontal (kPa) 25, 50, 100 ou 200 Critério de Parada Volume Constante Fase de Cisalhamento Poropressão (kPa) 0 Condição de Drenagem Drenagem Aberta Condição de Controle Deformação Controlada Velocidade – Deslocamento Vertical (mm/min) 0,05 Deformação (εa) máxima 19% 39 Figura 3.4 Programação dos parâmetros de ensaio no software Triaxial. Após a inserção dos parâmetros requeridos no software e o início do ensaio, todas as etapas são concluídas independentemente de qualquer acompanhamento. Ao final do ensaio, todo o equipamento triaxial é desmontado e a amostra de solo é pesada e levada à estufa (105ºC) por 48 horas, determinando assim o teor de umidade final do corpo de prova (equação 3.1). A figura 3.5a e b ilustra o corpo de prova ao final do ensaio e após secagem em estufa. Figura 3.5 a) Ruptura – final do ensaio; b) Amostra seca – após 48 horas em estufa. 40 3.3 Ensaios Triaxiais de Deformação Plana O equipamento triaxial de deformação plana sofreu poucas alterações desde o seu desenvolvimento por COSTA (2005). Nos ensaios de RICCIO FILHO (2007) aumentou-se o diâmetro do rebaixo da base alargada, de forma a comportar a pedra porosa de alta permeabilidade e de maior diâmetro. Além disso, acerca do tipo diferente de compactação realizada, duas adaptações: um soquete de compactação em material polipropileno (conectado em uma haste presa à prensa uniaxial) e a não utilização do sistema de membranas engraxadas free end (utilizando somente a graxa teflon como lubrificação). Detalhes dos demais componentes do equipamento triaxial de deformação plana são encontrados na seção 2.2.3 do presente trabalho. Para a realização dos ensaios drenados em amostras saturadas, foi necessária a confecção de uma nova base alargada. Nesta base (feita em material acrílico), foi instalada uma pedra porosa de alta permeabilidade. A figura 3.6a e b ilustram esta nova base alargada. Durante a preparação da amostra do primeiro ensaio realizado, foi observado que o molde quadripartido apresentava alguma deformação lateral durante a compactação. O sistema de fixação dos parafusos, que prendiam os anteparos laterais às placas de polipropileno não suportavam o empuxo lateral. A solução encontrada foi tornar os furos rosqueados em passantes e utilizar tirantes metálicos de 6,4 mm com fixação por sistema de porcas e arruelas. Adicionalmente, foram instalados os mesmos parafusos em furos rosqueados, logo abaixo dos tirantes. Assim, o molde quadripartido não mais apresentou deformação visível durante a compactação. A figura 3.7a e b ilustram esta modificação no equipamento. 41 Figura 3.6 a) Vista isométrica da base alargada; b) Base alargada com pedra porosa de alta permeabilidade. Figura 3.7 a) Detalhe dos furos no molde; b) Detalhe dos tirantes e parafusos que prendem o anteparo lateral às placas de polipropileno; c) Sistema de fixação do molde quadripartido. 42 3.3.1 Compactação das Amostras Reconstituídas para os Ensaios Triaxiais de Deformação Plana O processo de compactação estática do corpo de prova prismático, utilizado no equipamento triaxial de deformação plana, é complexo e requer preparação prévia do molde quadripartido, das membranas free end, saturação da pedra porosa e da linha de drenagem juntamente com a montagem da base alarga sobre o pedestal. As etapas de montagem do molde quadripartido seguem os seguintes passos: (a) Montar o molde quadripartido sobre a base alargada, prendendo a membrana flexível com o disco de borracha e abraçadeira metálica (figura 3.8a e b); (b) Instalar o conjunto (molde quadripartido e base alargada) sobre a base da câmara triaxial. Conectar a linha de drenagem à base e adicionar pequena quantidade água dentro do molde. Abrir o registro da base de forma que haja a saturação de toda linha de drenagem e não apresente excesso de água no fundo do molde. Nesta etapa pode-se verificar se o disco de borracha está posicionado de forma correta na base, vedando a mesma; (c) Colocar o papel filtro (previamente umedecido) sobre e pedra porosa da base alargada. Posicionar a membrana free end (composta por duas camadas de membrana flexível em látex e uma de pvc, entreposto uma fina camada de graxa teflon entre as camadas) sobre a base alargada. Atenção para não haver excesso de graxa teflon, pois pode colmatar o papel filtro e dificultar a drenagem (figura 3.9a, b e c); (d) As membranas free end sobre os anteparos laterais devem estar limpas e livre de graxa teflon, antes que se inicie esta etapa. É recomendado o uso de um elástico que prenda a extremidade livre da membrana (dobrada para fora do molde), de forma que ao se compactar a amostra o free end não seja puxado 43 para baixo ou dobre. Quando optar pelo uso destas membranas, deve-se prender uma das extremidades junto à base alargada, antes da colocação do disco de borracha, ainda na etapa (b). A figura 3.10a e b ilustram a colocação deste free end. Figura 3.8 a) Detalhe da montagem do disco de borracha sobre a membrana, presa à base alargada; b) Detalhe da abraçadeira metálica utilizada para fixar o disco de borracha. Ao final da montagem do molde quadripartido sobre a base triaxial, são registradas as medidas internas ao molde e pesado todo o conjunto em uma balança com acurácia de décimo de grama. Algumas horas antes do início da moldagem o solo a ser utilizado deve ser retirado da câmara úmida e homogeneizado. Também são obtidas amostras, em cápsulas com aproximadamente 20 gramas de solo, para o controle do teor de umidade. O corpo de prova é formado por seis camadas de solo, compactadas estaticamente, uma por vez. O cálculo da quantidade correta de solo a ser utilizado na compactação de cada uma destas camadas segue a relação da equação 3.3, apresentada na seção 3.2.1. 44 Figura 3.9 a) Detalhe das membranas free end, top cap e base alargada; b) Vista frontal da lateral do molde; c) Sistema de fixação do molde quadripartido. Figura 3.10 a) Detalhe das membranas free end colocadas no anteparo lateral; b) Vista superior do molde quadripartido. 45 O processo de compactação estática ocorre por amassamento do solo disposto no interior do molde. Na compactação de cada camada, aplica-se uma força (através da reação de um anel dinamométrico instalado em uma prensa uniaxial) sobre o soquete de compactação (figuras 3.11a, 12a e b), fazendo com que reduza os vazios no interior do solo. O objetivo da compactação é atingir certo peso específico seco na amostra, especificado no programa de ensaios. Para isso, além do solo estar com o teor de umidade correto, deve-se obter um determinado volume em cada camada compactada. O controle do peso específico seco em cada camada, durante a compactação, é feito pela mensuração da altura da camada compactada. A equação 3.4 é utilizada para estimar a altura requerida em cada camada de solo (hestim d , uma vez que a área interna da seção do molde, o peso de cada camada e o teor de umidade do solo não variam durante a compactação. hestim d ( m =[ m ss solo m d × 9 81 𝛾d × (1+ 𝑤 prog) × Áre d Seção × 10 ] (3.4) Onde: 𝛾d (kN/m³) é o peso específico seco requerido na programação dos ensaios; 𝑤 prog (%) é o teor de umidade requerido na programação dos ensaios; Áre d seção (m2) é a área da seção transversal interna ao molde; massa solo camada é a massa de solo (kg) em cada camada compactada; Ao final da compactação de cada camada do corpo de prova é escarificada a superfície exposta de solo, com o auxílio de um prego com ponta, tendo a finalidade de aumentar a aderência entre as camadas posteriores (figura 3.11b e c). Também é pesado todo o conjunto, de forma que obtenha ao final da moldagem, um valor médio para o peso específico do corpo de prova em confirmação ao cálculo da média dos pesos específicos obtidos em cada camada de solo. Deve-se ter atenção especial nas primeiras camadas a serem compactadas, de forma a não permitir que as membranas free end nas 46 laterais do molde dobrem ou sejam puxadas para o interior do solo. Também, há de se ter cuidado em não pinçar a membrana flexível de látex (que envolve o corpo de prova), com a pressão aplicada entre o soquete de compactação e as paredes laterais do molde. Figura 3.11 a) Soquete de compactação; b) Amostra de solo colocada dentro do molde – antes da compactação; c) Escarificação da superfície da camada compactada. Figura 3.12 a) Montagem do conjunto (base da câmara triaxial, molde quadripartido e soquete de compactação) na prensa uniaxial; b) Compactação de uma camada do corpo de prova. a) b) 47 3.3.2 Conversão do Molde Quadripartido em Aparato de Deformação Plana Ao fim do processo de reconstituição das propriedades índices do material, iguais às encontradas in situ, o corpo de prova obteve geometria prismática, sendo compactado em condição lateralmente confinada e dependendo do ensaio, com ou sem o uso de membranas free end nas laterais. Na etapa seguinte deve-se desafixar os tirantes e parafusos, que prendem os anteparos laterais às placas de polipropileno, substituindo-os por barras cilíndricas com sistema de rosca e parafusos (figura 3.13a e b), sendo estas afixadas firmemente aos anteparos laterais. A colocação da membrana free end abaixo do top cap é precedida pela escarificação do topo da amostra (figura 3.14a), somente na área em que se posicionará a pedra porosa de alta permeabilidade. A figura 3.14b, c e d, ilustra a colocação desta membrana free end, do top cap e da montagem da câmara triaxial. Figura 3.13 a) Barras cilíndricas e parafusos utilizados; b) Afixação das barras cilíndricas aos anteparos laterais. b) a) 48 Figura 3.14 a) Detalhe da escarificação do topo da amostra; b) Posicionamento da membrana free end no topo da amostra, papel filtro e top cap; c) Montagem do top cap e conexão da drenagem de topo à base triaxial; d) Disposição do disco de borracha e abraçadeira metálica. 3.3.3 Saturação do Corpo de Prova O cálculo do grau de saturação (S) do corpo de prova (equação 3.5) indica a relação entre o volume de água e o volume de vazios existentes na estrutura do solo. Após a compactação da amostra espera-se um grau de saturação elevado, mas não o suficiente para a amostra ser considerada saturada. Para os ensaios triaxiais, o processo de saturação do corpo de prova consistiu em duas etapas: saturação por percolação e saturação por aplicação de contrapressão. S = Volume de água Volume de vazios = [ 𝑤 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑜𝑙𝑒 × 𝛾d e × 𝛾água ] (3.5) 49 Onde: 𝛾d (kN/m³) é o peso específico seco do corpo de prova (valor médio das camadas compactadas); 𝑤 ontrole (%) é o teor de umidade da amostra de controle – antes da compactação; e é o índice de vazios do solo – ao final da compactação; 𝛾águ (kN/m³) é o peso específico da água – adotado como 10 kN/m³ A etapa de saturação por percolação consiste na aplicação de um fluxo lento de água destilada de baixo para cima, de forma a preencher os vazios existentes. Já o processo de saturação por contrapressão, exige que sejam aplicados e medidos acréscimos (intervalados) de pressões internamente (contrapressão) e externamente (pressão confinante) à amostra, de mesmo valor, de forma que a razão sobre elas seja o parâmetro B, de Skempton. Idealmente, B pode chegar a 1, porém na prática exigiria um valor muito alto de pressão. Assim, estipulou-se o valor mínimo de 0,95 para o parâmetro B, nos ensaios desenvolvidos. Os procedimentos e a fundamentação teórica do parâmetro B, podem ser vistos em SKEMPTON (1954) apud BISHOP & HENKEL (1962). Nestes ensaios, limitou-se ao cálculo do parâmetro B pela equação 3.6, onde: 𝐵 = Δ𝜎3 Δu (3.6) Onde: Δu é o excesso de poropressão medida na amostra; Δσ3 é a tensão principal menor. No cálculo do parâmetro B, considera-se que o acréscimo das tensões atuantes nos planos principal maior e principal menor são iguais. Logo, o parâmetro B será calculado pela razão entre contrapressão (de valor igual à Δu) e a pressão confinante (de valor igual à Δσ3). A figura 3.15a e b ilustra o preparo da câmara triaxial e o sistema de aplicação de pressão. 50 Figura 3.15 a) Fechamento da câmara triaxial e saturação; b) Sistema de aplicação de pressão auto-compensado, utilizando reservatório de mercúrio. 3.3.4 Adensamento do Corpo de Prova O adensamento do corpo de prova é realizado na condição drenada. A restrição da deformação longitudinal da amostra impõe que, mesmo com o confinamento hidrostático do aparato triaxial, a diferença de volume (mensurada pelo medidor de volume da figura 3.15b) seja dada unicamente em razão das deformações ao longo das faces com deformações desimpedidas (xy e xz). Em cada ensaio a etapa de adensamento do corpo de prova foi considerada finalizada quando a curva de adensamento se apresentava em trecho constante. No decorrer dos ensaios realizados, verificou-se que as medidas de volume ao final do adensamento não correspondiam às deformações mensuradas (de forma simples, medindo a posição inicial e final da haste de carregamento em relação ao top cap). 51 Ainda, que esta diferença de volume era proveniente de uma certa quantidade de água entre o corpo de prova e a membrana que o envolvia. Como forma de quantificar este valor, no último ensaio realizado foi determinado que a pressão de confinamento deve ser aplicada em duas etapas: inicialmente 10 kPa por um intervalo pequeno de tempo; acréscimo imediato de pressão, de forma que somado aos 10 kPa iniciais resulte na pressão de confinamento do ensaio. A partir das curvas de adensamento de todos os ensaios e também dos valores da variação de volume obtidos na fase de adensamento do último ensaio, verificou-se o comportamento drenado do ensaio. Quando comparada a velocidade da prensa (taxa de deslocamento vertical) utilizada na etapa de cisalhamento do corpo de prova, com o valor estimado pela a metodologia da norma britânica BS1377:1990 (descrita também em HEAD, 1998), utilizando corpo de prova com razão entre altura e largura 2:1 e sem drenagem lateral (papel filtro nas laterais do corpo de prova) temos que: 𝑡f = 𝑡100 × 8 5 (3.7) Onde: 𝑡f é o tempo estimado de ruptura, para condição drenada, sem utilizar papel filtro nas laterais; 𝑡100 é o tempo de adensamento para que ocorram 100% das deformações. HEAD (1998) recomenda assumir um valor para deformação axial na ruptura e então estimar, pela equação 3.8, a taxa de deslocamento vertical da prensa a ser utilizada. 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑙𝑜𝑐𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (𝑚𝑚/min = ε xi l ruptur × h fin l dens do 𝑡f (3.8) Onde: h final adensado é o a altura do corpo de prova ao final do adensamento, em milímetros; 𝜀 xi l ruptur é a deformação específica assumida na ruptura do corpo de prova. 52 Substituindo os valores encontradosna curva de adensamento para os ensaios 200 kPa e 25 kPa, obtemos na tabela 3.3 a estimativa da taxa de deslocamento vertical suficiente para uma condição drenada. Tabela 3.3 –Estimativa da taxa de deslocamento vertical para os ensaios 25 e 200 kPa Adensamento (Deformação Plana) t 100 (min) t ruptura (min) Taxa de deslocamento (mm/min) 200kPa 4,8 40,8 0,07 25kPa 6,8 57,5 0,05 * para fim de cálculo, o valor assumido de deformação específica na ruptura é 3%. As curvas de adensamento são apresentadas no ANEXO II.4. 3.3.5 Cisalhamento do Corpo de Prova Após o adensamento iniciou-se o preparo da etapa de cisalhamento do corpo de prova. A taxa de deslocamento vertical da prensa uniaxial foi ajustada para 0,05 mm/min, a haste de carregamento do equipamento triaxial em contato com a célula de carga (presa à prensa uniaxial), o medidor de volume, o LVDT e o sistema de aplicação de pressão foram todos verificados. Quando ligada a prensa uniaxial, iniciou-se o registro das medidas pelo sistema de aquisição de dados. A monitoração da tensão de desvio, do deslocamento axial da prensa e medição do volume da amostra foram interrompidas quando a deformação axial ultrapassou o valor de 10% ou quando se assumiu constante a tensão de desvio. A figura 3.16a e b ilustra o fim do ensaio e a amostra pós-ruptura. Adicionalmente, verificou-se o teor de umidade do corpo de prova ao fim do ensaio. Realizando o mesmo procedimento descrito na caracterização da amostra e a equação 3.1 para cálculo do teor de umidade. Também foram medidas todas dimensões do corpo 53 de prova, antes e depois da secagem em estufa. Estes valores permitiram um ajuste em relação à área de aplicação da tensão desvio e serão explicados detalhadamente no capítulo 4 (Análise dos Dados e Resultados). Figura 3.16 a) Corpo de prova – ao final do ensaio; b) Detalhe da ruptura do corpo de prova. a) b) 54 4. Apresentação e Análise dos Resultados Em ambos os ensaios, triaxiais axissimétricos e triaxiais de deformação plana, o sistema de aquisição fornece dados referentes à monitoração de células de carga (N), medidores de deslocamento (mm) ou volume (cm³) e transdutores de pressão. A análise de dados é realizada também em função das características do corpo de prova: antes da moldagem, após o adensamento e ao final do ensaio. Os parâmetros de resistência que se deseja obter ao final da análise são: ângulo de atrito efetivo (ϕ’) e intercepto efetivo de coesão (c’). Para tal, é necessário realizar a análise do comportamento das curvas tensão vs deformação, em vista disso, calcular as tensões principal maior e principal menor. As equações utilizadas nos dois tipos de ensaios (axissimétrico e de deformação plana) são apresentadas nas tabelas 4.1 e 4.2. Algumas considerações são feitas acerca dos ensaios de deformação plana: (1) Em alguns ensaios, a altura do corpo de prova ao fim do adensamento é assumida como o deslocamento da haste de carregamento (monitorando o início e fim do ensaio), e não pelo seu cálculo indireto (equação 4.1). O processo é comentado na seção 3.3.4. A dedução da equação 4.1 foi conduzida pelo autor e é apresentada no Anexo II. ΔLz = −Lz ± Lz Ly × √Ly2+ Ly Lz × ΔV Lx (4.1) Onde: Lx é o comprimento inicial da amostra; Ly é a largura inicial da amostra; Lz a altura inicial da amostra; ΔLz é a diferença de altura da amostra após adensamento; ΔV é a diferença de volume da amostra após adensamento. 55 (2) A diferença de volume da amostra após o adensamento (ΔVad) foi monitorada pelo medidor de volume. Em todos os ensaios considerou-se que no volume de água aferido pelo medidor, não determinava somente a quantidade de água proveniente do adensamento da amostra, mas de alguma forma somava certa quantidade de ‘água livre’ no interior da membrana envolta ao corpo de prova. A mensuração desta ‘água livre’ foi feita no último ensaio realizado e indicou o valor de 36,10 cm³. A diferença de volume após o adensamento, a ser considerada na análise de dados, é o valor coerente dentre os calculados pela diferença de volume do medidor (desprezada a quantidade de ‘água livre’) ou pelo cálculo indireto (equação 4.2) em função da diferença de altura medida pelo LVDT na haste de carregamento. As curvas de adensamento e a dedução da equação 4.2 (conduzida pelo autor) são apresentadas no Anexo II. ΔV = Lx×Ly×Lz × [(1 + ΔLz Lz ) ² − 1] (4.2) Onde: Lx é o comprimento inicial da amostra; Ly é a largura inicial da amostra; Lz é a altura inicial da amostra; ΔLz é a deformação específica altura da amostra após adensamento; ΔV é a diferença de volume da amostra após adensamento. (3) Para o cálculo da tensão de desvio (σd) na etapa de cisalhamento do corpo de prova, é necessária a correção da área de aplicação do carregamento axial, monitorado pela célula de carga. Usualmente, a área corrigida é calculada em função da diferença de volume do corpo de prova, que por sua vez é considerado uniformemente distribuído. Entretanto, nos ensaios realizados verificou-se a não uniformidade das seções transversais do corpo de prova ao fim do ensaio, isto é, a seção do topo da amostra resultou em dimensões maiores que as da base. Neste caso, a correção da área foi feita levando em consideração a medição da seção de topo do corpo de prova após a ruptura, e apresentou resultados coerentes e justificáveis (ver seção 4.2.3). 56 Tabela 4.1 – Fórmulas utilizadas para a análise de dados dos ensaios triaxiais axissimétricos do tipo CD. Argila Arenosa Vermelha σc = p' (kPa) Condicionantes do Cisalhamento 25, 50, 100 e 200 kPa εv (%) σd (kPa) q (kPa) 0,95 Parâmetro B (mínimo) Área corrigida Cisalhamento do Corpo de Prova Deformação axial máxima Peso seco final (g) Volume final (cm³) Área ad (cm²) Volume inicial (cm³) Volume inicial + ΔV adVolume ad (cm³) Altura inicial + Δh ad Altura ad (cm) Δh ad (cm) ΔV ad (cm³) Medidor de Volume Velocidade (taxa de deslocamento vertical) 0,05 mm/min 20% Volume cis (cm³) Deslocamento cis (mm) LVDT Força (N) Célula de Carga ΔVcis (cm³) Medidor de Volume εa (%) Ensaio Triaxial Axissimétrico (Convencional) - CD - Consolidado Drenado Sfinal Características do CP - Final do Ensaio pesado em balança ±0,01g pesado em balança ±0,01g Volumead + ΔVcis Teor de umidade (wfinal %) (final) ϒh final (kN/m³) ϒd final (kN/m³) e final altura final (cm) Peso úmido final (g) Área inicial (cm²) Diâmetro do CP (cm) Paquímetro ±0,05cm Altura inicial (cm) Paquímetro ±0,05cm Amostra Características do CP - Adensamento Características do CP - Moldagem Sinicial Teor de umidade (winicial % ) (inicial) Umidade de controle ϒh inicial (kN/m³) Gs Programação dos ensaios ϒd inicial (kN/m³) e incial Peso do CP (g) Pesado em balança ±0,01g Peso do CP × , Volume (1 + 𝑤ini i l% 𝑠 × 9 81 𝑑 𝑛 𝑐 𝑎𝑙 − 1 𝑠 × 𝑤fin l efin l Peso mido − Peso seco eso se o ( i metro ² × 𝑠 × 𝑤ini i l ein i lÁrea inicial × ltur inicial Peso seco × , Volume 𝑠 × 9 81 𝑑 𝑛𝑎𝑙 −1 Alturaad − eslocamentocis,f Volume ad Altura ad eslo mentocis Altura ad Volumead +ΔVcis Volumecis Alturaad × ( − ε ΔVcis Volumecis orça rea corrigida d 2 d + × 2 × ×3 Volumefinal Volumeinicial × 𝑑 𝑛 𝑐 𝑎𝑙 57 Tabela 4.2 – Fórmulas utilizadas para a análise de dados dos ensaios triaxiais de deformação plana do tipo CD. Argila Arenosa Vermelha σc = Teor de umidade (winicial%) (inicial) Umidade de controle Volume inicial (cm³) Ensaio Triaxial de Deformação Plana - CD - Consolidado Drenado Amostra 25, 50, 100 e 200 kPa Características do CP - Moldagem Gs Programação dos ensaios Área inicial
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