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ESTUDO DE PROJETOS DE INSTALAÇÕES PREDIAIS EM SOFTWARE BUILDING INFORMATION MODELING (BIM) Walace Alves de Freitas Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadora: Elaine Garrido Vazquez Rio de Janeiro Setembro de 2017 i Estudo de projetos de instalações prediais em software Building Information Modeling (BIM) Walace Alves de Freitas PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinada por: Profa. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc., Orientador Prof. José Luís Menegotto, D.Sc. Prof. Assed Naked Haddad, DSc Prof. Roberto Machado Corrêa, DSc RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL. SETEMBRO DE 2017 ii Freitas, Walace Alves de Estudo de projetos de instalações prediais em software Building Information Modeling (BIM) / Walace Alves de Freitas. Rio de Janeiro/ Escola Politécnica, 2017. ix, 92 p.: 29,7 cm. Orientadora: Elaine Garrido Vazquez Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2017. Referência Bibliográficas: p. 67-73 1. Introdução. 2. Sobre o BIM (Building Information Modeling). 3. Sobre o Autodesk Revit. 4. Desenvolvimento de modelo expositivo. 5. Considerações finais I. Elaine Garrido Vazquez. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Estudo de projetos de instalações prediais em software Building Information Modeling (BIM). iii Agradecimentos Agradeço à minha mãe, Micheline, por todo o apoio, amor e carinho que ela me deu durante toda a minha vida, sempre me incentivando a alcançar novos objetivos, me levando à graduação. Agradeço aos meus avós, Dalva e Valci, por me criarem e me darem educação. Agradeço a enorme dedicação na minha criação para me formarem um homem digno e com respeito pelo próximo. Agradeço à minha namorada, Taissa Nunes Guerrero, pelo seu amor, por sempre estar comigo durante todo este percurso da graduação, pelas palavras de incentivo, e por sempre me escutar quando precisei Agradeço a todos os meus amigos que sempre estiveram comigo e me ajudaram a chegar mais longe. Agradeço ao professor Roberto Machado pelo aprendizado e pela amizade ao longo de várias horas de iniciações científicas e estágios. Sua dedicação é inspiradora Agradeço ao professor José Luís Menegotto pelo meu primeiro contato com o Revit e por sempre se dedicar a não deixar os alunos com dúvidas. Agradeço à minha professora orientadora Elaine pelo auxílio, empenho e paciência ao longo de todo o desenvolvimento deste trabalho. iv Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Estudo de projetos de instalações prediais em software de tecnologia Building Information Modeling (BIM) Walace Alves de Freitas Setembro/2017 Orientadora: Elaine Garrido Vazquez Curso: Engenharia Civil O Building Information Modeling é uma tecnologia criada visando o desenvolvimento de projetos de engenharia sendo amplamente utilizado em países da Europa e nos EUA, mas com uso discreto no Brasil, onde, normalmente, é preterido em relação a tecnologia CAD. O BIM se destaca por gerar um modelo virtual, tridimensional do empreendimento, com todas as vistas em planta e de elevação geradas a partir deste modelo, com alterações feitas em uma vista refletidas em todas as outras e no próprio modelo. Com um sistema de modelagem paramétrica, todos os elementos do projeto têm parâmetros atribuídos e personalizáveis para atender as necessidades do projetista. Este trabalho tem como objetivo o estudo da aplicabilidade do BIM em projetos de instalações hidrossanitárias e elétricas seguindo as normas técnicas brasileiras, segundo o escopo do engenheiro. Para isso, foi desenvolvido um modelo expositivo contemplando os projetos de arquitetura, água fria, água quente, esgoto sanitário e elétrica. Palavras chave: BIM, software, Revit, modelagem, projeto v Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Civil Engeineer. Building installations projects study in Building Information Modeling (BIM) technology software Walace Alves de Freitas September/2017 Advisor: Elaine Garrido Vazquez Course: Civil Engineering Building Information Modeling is a technology created for the development of engineering projects being widely used in countries of Europe and in the US, but with discrete use in Brazil, where it is usually deprecated in relation to CAD technology. BIM stands out for generating a virtual, three-dimensional model of the undertaking, with all the plant and elevation views generated from this model, with changes made in one view reflected in all others and in the model itself. With a parametric modeling system, all project elements have parameters assigned and customizable to meet the needs of the designer. This work aims to study the applicability of BIM in projects of hydrosanitary and electrical installations following the Brazilian technical norms, according to the scope of the engineer. For this, an exhibition model was developed contemplating the architectural, cold water, hot water, sanitary and electrical projects. Keywords: BIM, software, Revit, modeling, project vi Sumário 1. Introdução .............................................................................................................. 1 1.1. Relevância do Tema ..................................................................................... 1 1.2. Objetivo .......................................................................................................... 3 1.3. Abordagem e Metodologia ............................................................................ 3 1.4. Descrição dos capítulos ................................................................................ 4 2. Sobre o BIM (Building Information Modeling) ..................................................... 7 2.1. Histórico .......................................................................................................... 7 2.2. Conceituação ................................................................................................. 9 2.3. Principais Softwares e Ferramentas .......................................................... 12 2.3.1. ArchiCAD .............................................................................................. 13 2.3.2. AECOsim .............................................................................................. 16 2.3.3. Revit ...................................................................................................... 17 2.3.4. Tekla Structures ................................................................................... 17 2.3.5. Vectorworks Architect .......................................................................... 19 2.4. Novas dimensões do projeto, o BIM 3D, 4D, 5D e 6D .......................... 21 2.5. Uso no Brasil ........................................................................................ 24 3. Sobre o Autodesk Revit ...................................................................................... 27 3.1. Instalações Hidrossanitárias em Revit .................................................. 33 3.1.1. Dimensionamento ................................................................................ 36 3.2. Instalações Elétricasem Revit ............................................................. 41 3.2.1. Dimensionamento ................................................................................ 43 3.3. Famílias e a Modelagem Paramétrica .................................................. 50 4. Desenvolvimento de Modelo Expositivo ........................................................... 55 4.1. Descrição do Empreendimento .................................................................. 55 4.2. Projeto Arquitetônico ................................................................................... 55 4.3. Projeto de Instalações Hidrossanitárias .................................................... 59 4.4. Projeto de Instalações Elétricas ................................................................. 65 vii 5. Considerações Finais ......................................................................................... 68 5.1. Vantagens do Software Revit de Plataforma BIM .................................... 68 5.2. Limitações do Software Revit de Plataforma BIM .................................... 69 5.3. Considerações ............................................................................................. 70 6. Referências Bibliográficas .................................................................................. 71 7. Anexos ................................................................................................................. 78 viii Lista de Figuras Figura 1: Família BIM......................................................................................... 10 Figura 2: Modelo desenvolvido em software BIM ............................................... 11 Figura 3: Interface do ArchiCAD ........................................................................ 14 Figura 4: Vistas geradas a partir do modelo principal no ArchiCAD ................... 14 Figura 5: Interface do AECOsim ........................................................................ 17 Figura 6: Interface Tekla Structures ................................................................... 18 Figura 7: Interface do Vectorworks Architect ...................................................... 19 Figura 8: Renderização de exteriores Vectorworks Architect ............................. 20 Figura 9: Renderização de interiores Vectorworks Architect .............................. 21 Figura 10: Interface do Revit .............................................................................. 28 Figura 11: Notificação de parede sobreposta e área destacada no modelo ....... 29 Figura 12: Opções de tabelas e listas da ferramenta "Schedules" ..................... 30 Figura 13: Análise estrutural do Revit ................................................................ 31 Figura 14: Análise de luminescência do Revit .................................................... 32 Figura 15: Ferramentas hidrossanitárias do Revit .............................................. 34 Figura 16: Pesos relativos de aparelhos sanitários ............................................ 38 Figura 17: Tabela de Unidades Hunter de Contribuição e diâmetros mínimos ... 40 Figura 18: Tabela de dimensionamento dos ramais de ventilação ..................... 41 Figura 19: Distâncias máximas de um desconector ao tubo ventilador .............. 41 Figura 20: Seções mínimas dos condutores ...................................................... 44 Figura 21: Fatores de correções aplicáveis a condutores agrupados em feixe .. 45 Figura 22:Fatores de correção por temperatura ambiente ................................. 46 Figura 23: Capacidade de condução de corrente ............................................... 47 Figura 24: Soma das potências para circuitos 127V .......................................... 48 Figura 25: Soma das potências para circuitos 220V .......................................... 49 Figura 26: Exemplificação de categoria, famílias, tipos e instâncias .................. 52 ix Figura 27: Hierarquização das famílias .............................................................. 52 Figura 28: Menu com os parâmetros dos tipos de família .................................. 54 Figura 29: Pavimento tipo .................................................................................. 56 Figura 30: Composição da parede ..................................................................... 57 Figura 31: Vista isométrica do modelo ............................................................... 58 Figura 32: Preferências de roteamento da tubulação ......................................... 61 Figura 33: Isométrico das instalações de água fria e água quente ..................... 62 Figura 34: Vista em elevação da suíte do apartamento 01 ................................ 63 Figura 35: Isométrico das instalações de esgoto sanitário ................................. 64 Figura 36: Planta baixa de instalações elétricas ................................................ 67 1 1. Introdução 1.1. Relevância do Tema A tecnologia Building Information Modeling, ou simplesmente BIM é tida dentro do setor da construção civil como a evolução natural da tecnologia CAD, assim como a mesma substituiu o uso da prancheta. No mercado internacional alguns países já adotaram integralmente o uso do BIM na modelagem dos projetos como a Inglaterra desde 2016 e outros, como os Estados Unidos, onde mais de 70% dos escritórios de engenharia e arquitetura fazem uso do BIM, têm esta tecnologia como principal ferramenta de modelagem de projetos (SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA - SEIL - PARANÁ, 2017). No Brasil, porém, a tecnologia BIM ainda enfrenta alguns obstáculos para sua implementação, mesmo que parcial. Além do já estabelecido tradicionalismo do CAD, as ferramentas e os conceitos por trás dos softwares BIM requerem preparação e estudo para sua total compreensão, necessitando um investimento que pode não gerar um retorno direto de curto prazo para a empresa. Apesar de mais complexo que a tecnologia CAD, o BIM traz a grande vantagem da modelagem paramétrica, onde não são desenhadas simples linhas que graficamente representam uma parede ou uma tubulação, são alocados os próprios elementos construtivos em forma de famílias onde são editadas todas suas características como os materiais da parede, sua altura e largura, o diâmetro da tubulação, sua rugosidade, declividade e tipo de sistema (água fria, água quente ou sanitário), dentre outros. Outra importante característica fica por conta de todas as vistas e desenhos serem gerados a partir de um mesmo modelo, garantindo a consistência dentro do projeto. 2 O BIM, graças a sua modelagem paramétrica e bancos de dados com definições e características de seus elementos, tem uma excelente construtibilidade1 em seus projetos. Quanto mais especificado e detalhado o elemento que está sendo inserido no projeto, melhor este se assemelha ao que será feito na etapa executiva, conferindo melhor construtibilidade ao projeto. Todos os elementos, chamados de famílias, no BIM são customizáveis para atender melhor o processo construtivo. No cenário nacional existem muitos problemas em obras relacionados a projetos atrasados, difusos e imprecisos, com erros em orçamentos, contabilidade de materiais, falta de compatibilização dos setores e com situações de execução impossíveis, que podem passar despercebido na modelagem do projeto, devido a representação de elementos construtivos por meio de linhas como dois tubos de 100 mm de diâmetro a 10 mm de distância, causando colisão entre os dois na etapa executiva mas com afastamento considerável na etapa de desenvolvimento do projeto. Todos são problemas que podem ser amenizados com o uso da tecnologia BIM, que além de contar planilhas de contabilidade de materiais, modelagem paramétrica e atribuições edefinições aos elementos construtivos, segundo Eastman (2014), também conta com o desenvolvimento de um modelo virtual da construção a partir do desenvolvimento do projeto em planta, além de recursos para planejar o ciclo de vida completo do empreendimento desenvolvido. A tecnologia BIM apresenta uma plataforma versátil onde todas as etapas da modelagem do projeto podem ser feitas de forma integrada, com o uso de um mesmo modelo central, permitindo que cada equipe altere seu próprio escopo, amenizando os problemas de compatibilização das áreas dos projetos (MULLER, 2015). 1 Construtibilidade pode ser definida como a habilidade ou facilidade em que um projeto é construído, sendo sinônimo de facilitar a construção através do projeto (Oliveira apud SANCHES; SILVA, 2006) 3 Apesar de ter primeiras definições durante a década de 1970 e ter os primeiros softwares lançados na década de 1980, a tecnologia BIM só foi ganhar força, principalmente na Europa, no fim da década de 2000. Seu desenvolvimento vem sendo abrupto, com cada vez mais recursos e ferramentas, tendo um efeito considerável no design, na construção, além do gerenciamento de instalações e planejamento de manutenções (LORIMER, 2011). A tecnologia BIM mostra força em sua implementação no exterior e parece ser apenas uma questão de tempo até atingir com força o mercado brasileiro. 1.2. Objetivo Este trabalho tem como objetivo abordar o conceito do uso da plataforma BIM na modelagem de projetos, especificamente na parte de desenho de instalações prediais, hidrossanitárias e elétricas. 1.3. Abordagem e Metodologia O trabalho é apresentado a partir de uma revisão bibliográfica e desenvolvimento de um modelo exemplo abordando as áreas de arquitetura e instalações prediais, com suas respectivas plantas baixas, isométricas e de detalhe. O trabalho faz uma abordagem inicial teórica, falando sobre os conceitos e ferramentas envolvidos no BIM, bem como sobre os principais softwares presentes no mercado que fazem parte da plataforma BIM. Em seguida, é escolhido um software específico da plataforma BIM, o Revit da Autodesk, por ser considerado o programa mais difundido dentre os que fazem uso da tecnologia BIM, e é feito uma revisão bibliográfica sobre o mesmo, falando de suas principais ferramentas e descrevendo parte do processo de modelagem, focando nas instalações prediais, onde também são 4 citadas formas de dimensionamento de tais projetos de acordo com as normas brasileiras. Para a parte seguinte, a prática, foi desenvolvido, a partir do uso do software de tecnologia BIM, o Revit 2018, versão estudantil da empresa Autodesk, um modelo de um edifício residencial de seis pavimentos, com térreo contendo garagem e o apartamento do zelador e os outros pavimentos com seis apartamentos por pavimento, dividindo o projeto em pranchas de arquitetura, instalações de água quente e água fria, instalações de esgoto e instalações elétricas. Por fim, são feitos comentários quanto ao modelo desenvolvido, quais os pontos fortes observados no decorrer do desenvolvimento do projeto e quais as limitações que o software ainda apresenta em relação a própria proposta de melhorar a modelagem de projetos e quanto ao seu uso no mercado brasileiro. 1.4. Descrição dos capítulos O primeiro capítulo do trabalho fala sobre a plataforma BIM de forma introdutória, falando da relevância do tema, objetivos, abordagem e metodologia para desenvolvimento do trabalho, e descrição dos capítulos. No capítulo dois, é feito um estudo, em forma de revisão bibliográfica, sobre o BIM de modo geral, contemplando seu histórico desde suas primeiras definições até surgimento dos principais conceitos e características que atualmente são padrões. O capitulo contempla também a caracterização do que significa o Building Information Modeling (BIM), e o que o torna a ferramenta um passo evolutivo em relação à modelagem de projetos de arquitetura e engenharia. Ainda no segundo capítulo, dentro da questão sobre o BIM, são apresentados os principais softwares da plataforma e no que eles se destacam. Também são abordadas 5 as questões do desenvolvimento dos projetos em BIM nas dimensões 4D, 5D e 6D que representam o estudo dos quantitativos, custos, cronogramas e o gerenciamento do ciclo de vida do empreendimento, integrando cada vez mais as equipes das áreas dentro dos projetos e também a equipe executiva e ampliando o alcance do projeto a não apenas dizer como vai ficar depois de construído e como deve ser executado mas também em como mantê-lo em pleno funcionamento durante sua vida útil, garantindo o planejamento do início ao fim do empreendimento. Por fim, no capítulo, foi comentado o uso do BIM no mercado brasileiro. No capítulo três foi escolhido um software BIM específico para falar sobre, o Revit da Autodesk, por ser o mais usado no mercado. Fala-se sobre os pontos principais da modelagem no software em questão, com foco na modelagem das instalações hidrossanitárias e elétricas, especificando as ferramentas para a modelagem e falando sobre o dimensionamento das instalações em projetos brasileiros com referência nas normas da ABNT. Em seguida, também no capítulo quatro, é apresentado o modelo expositivo feito para a parte prática com suas características, particularidades do desenvolvimento e recursos utilizados para a modelagem. No quinto capítulo do trabalho, são apresentadas as conclusões do autor quanto ao uso da tecnologia BIM e à experiência de modelagem de um edifício residencial utilizando o software Revit, apontando o potencial para projetos desenvolvidos inteiramente na plataforma, bem como algumas limitações que ainda dificultam sua implementação mais abrangente nos projetos no mercado nacional. O capítulo seis apresenta referência bibliográfica, feita de acordo com as normas brasileiras da ABNT, de todas as citações usadas durante o desenvolvimento do trabalho. 6 No capítulo sete são apresentados os anexos, contendo os dimensionamentos feitos para os projetos de instalações de água fria, água quente, esgoto sanitário e elétrica, e as plantas correspondentes ao modelo expositivo. 7 2. Sobre o BIM (Building Information Modeling) 2.1. Histórico De acordo com Laiserin (2007), a definição documentada mais antiga da tecnologia BIM data de 1975, feita por Charles M. Eastman, no extinto AIA jornal, no trabalho “Building Description System” sendo ela: [Projetado por] “...definir elementos de forma interativa... deriva[ndo] seções, planos isométricos ou perspectivas de uma mesma descrição de elementos... Qualquer mudança no arranjo teria que ser feita apenas uma vez para todos os desenhos futuros. Todos os desenhos derivados da mesma disposição de elementos seriam automaticamente consistentes... qualquer tipo de análise quantitativa poderia ser ligado diretamente à descrição... estimativas de custo ou quantidades de material poderiam ser facilmente geradas... fornecendo um único banco de dados integrado para análises virtuais e quantitativas... verificação de código de edificações automatizado na prefeitura ou no escritório do arquiteto. Empreiteiros de grandes projetos poderiam achar esta apresentação vantajosa para a programação e para os pedidos de materiais. ” (EASTMAN, 1975) A terminologia “Building Description System” foi então evoluindo, de acordo com os avanços dos estudos sobre a tecnologia nas décadas de 1970 e 1980, recebendo as nomenclaturas “Building Product Models” nos Estados Unidos no início de 1980 e “Product Information Models” na Europa. Tendo a fusão dessas nomenclaturas no “Building Information Models”, sendo esta a mais próxima da utilizada atualmente antes de seu uso (EASTMAN et al., 2014). O primeiro uso documentado do termo ”Building Modeling” aconteceu em 1986, em um artigode Robert Aish, estabelecendo todos os parâmetros hoje utilizados para descrever a tecnologia BIM, como os componentes paramétricos, a geração automática de desenhos, os bancos de dados e a descrição temporal das fases da construção. Esses conceitos foram ilustrados a partir de um estudo de caso, utilizando o software RUCAPS para reforma do terminal 3 do aeroporto de Heathrow, sendo um dos exemplos aplicados pioneiros da tecnologia (EASTMAN et al., 2014). 8 Em 1992, surgiu, em um artigo de G.A. van Nederveen e F.P. Tolman, pela primeira vez, o termo “Modelling Building Information”, que se tornou o “Building Information Modeling” (BIM). Este artigo, por sua vez, estabeleceu novos conceitos à tecnologia BIM, abordando a ideia de que a modelagem de informações da construção é útil para fundamentar a estrutura de um modelo de construção, baseado nos diferentes pontos de vista dos diferentes participantes do projeto (SAEPRO, 2017). Já os softwares de tecnologia BIM, por si só, implementaram vários conceitos que vieram a ser reutilizados em softwares atuais, sendo os pioneiros da tecnologia, de acordo com Laiserin (2007), a versão britânica do RUCAPS para Sonata e Reflex, a versão britânica do Oxsys para BDS e GDS (atual MicroGDS), a versão francesa, que concluiu Cheops e Archition, o sistema belga Brics, o sistema de modelagem americana da companhia Bausch & Lomb, entre outros. Levando aos softwares mais conhecidos atualmente, que são, entre eles, Autodesk Revit, Bentley Building, VectorWorks, Allplan e AchiCAD. De acordo com a National Institute of Building Sciences (NIBIS, 2015), fundada em 1992, o “Facility Information Council” (FIC) serviu para melhorar o desempenho das instalações em seu ciclo de vida completo, promovendo padrões comuns e abertos e um modelo de informação de ciclo de vida integrado para a arquitetura, engenharia, construção, operações e proprietários (AECOO). O FIC começou a desenvolver o “National BIM Standard” (NBIMS) em 2005 para melhorar a interoperabilidade dos BIMs, aumentando, amplamente a divulgação da tecnologia. A missão do FIC perdura sob a governança da Aliança. O Comitê de Projeto NBIMS-US continua o importante trabalho de desenvolvimento de padrões abertos e documentos de orientação para todos os aspectos da construção de informações modelagem. Atualmente, a tecnologia foi melhorada, chegando a novos patamares com planejamentos em dimensões, do 3D ao 6D, implementando os custos, atrelados a 9 cronogramas das obras e os “facilities management”, ou seja, a abordagem e o gerenciamento de todo o ciclo de vida da instalação. 2.2. Conceituação A plataforma BIM, do inglês, Building Information Modeling é uma tecnologia para auxiliar a engenharia, que desenvolve projetos com base na modelagem que integra todas as informações inerentes ao projeto, no mesmo lugar, a partir de conjuntos de dados e definições para os elementos construtivos a serem utilizados. A National BIM Standard-US (NBIMS, 2016) define a tecnologia BIM como uma representação digital das características físicas e funcionais de uma instalação. BIM é um recurso de conhecimento compartilhado para obter informações sobre uma instalação que forma uma base confiável, para decisões durante seu ciclo de vida; definido como existente desde a concepção até a demolição. Uma premissa básica do BIM é a colaboração de diferentes partes interessadas em diferentes fases do ciclo de vida de uma instalação para inserir, extrair, atualizar ou modificar informações no BIM para apoiar e refletir os papéis dessa parte interessada. Os dados e definições dos elementos construtivos da plataforma BIM são armazenados em conjuntos definidos por estruturas de parâmetros, de forma que é possível sua personalização para atender às necessidades do projeto e simular com exatidão os materiais, dimensões e métodos construtivos a serem utilizados na construção real. Existem, também, os catálogos virtuais de empresas fornecedoras de seus produtos em forma de “famílias” para serem importadas diretamente ao software. As estruturas de dados da plataforma BIM são recursos da modelagem paramétrica, que teve sua concepção na década de 1980 e, segundo Hernandez (2006), é uma representação computacional de um objeto construído com entidades, geralmente, geométricas ou não geométricas, que têm parâmetros que são fixos e 10 outros que podem ser variáveis. Os parâmetros fixos são denominados, por Hernandez (2006), como restritos (constrained) e os parâmetros variáveis podem, segundo Eastman et al. (2014), ser representados por parâmetros e regras, de forma a permitir que “ ... objetos sejam automaticamente ajustados de acordo com o controle do usuário e a mudança de contexto”. A Figura 1 apresenta um exemplo de família com os parâmetros de tipo de família, variáveis, que podem ser editados para atender ao projeto. Figura 1: Família BIM Fonte: Carmel Software (2017) Um dos principais diferenciais entre a plataforma BIM e a tecnologia CAD é a forma simultânea na qual é desenvolvido o projeto 2D em comunicação com o 3D na plataforma BIM, possibilitando a visualização do empreendimento, diminuindo a incidência de erros de compatibilização das disciplinas do projeto. Criando, de acordo com Eastman et al. (2014), um modelo virtual preciso de uma edificação, que é construído de forma digital. Com o modelo gerado mantendo a geometria exata e os dados relevantes, necessários para dar suporte à construção, à fabricação e ao 11 fornecimento de insumos necessários. Na Figura 2 é possível ver, no canto direito superior um modelo virtual 3D gerando por um software de plataforma BIM e algumas possíveis vistas, plantas e uma tabela geradas a partir do mesmo modelo. Figura 2: Modelo desenvolvido em software BIM Fonte: Maritan (2013a) De acordo com Andrade e Ruschel (2009), as principais diferenças da tecnologia BIM para os sistemas CAD tradicionais, que são os mais utilizados na engenharia civil no cenário atual, são duas principais “tecnologias” presentes no BIM, são elas: modelagem paramétrica e interoperabilidade. A primeira permite representar os objetos por parâmetros e regras associados à sua geometria, assim como, incorporar propriedades não geométricas e características a esses objetos. Além do mais, modelos de construção baseados em objetos paramétricos possibilitam a extração de relatórios, checagem de inconsistências de relações entre objetos e incorporação de conhecimentos de projeto, a partir dos modelos. A interoperabilidade, para Eastman et 12 al. (2014) é uma condição para o desenvolvimento de uma prática integrada. O uso de uma prática integrada com times de colaboração é possível com a integração da informação entre aplicativos computacionais, utilizados por diferentes profissionais de projeto. Eastman et al. (2014) diz que o BIM também incorpora muitas das funções necessárias para modelar o ciclo de vida de uma edificação, proporcionando a base para novas capacidades da construção e modificação nos papéis e relacionamento da equipe envolvida no empreendimento. Quando implementado de maneira apropriada, o BIM facilita um processo de projeto e construção mais integrado que resulta em construções de melhor qualidade com custo e prazo de execução reduzidos. 2.3. Principais Softwares e Ferramentas Com a popularização da tecnologia BIM no cenário da construção civil, várias empresas do ramo do design e construção, como a Autodesk e a Bentley Systems Inc., começaram a desenvolver seus próprios softwares e ferramentas, usando tal tecnologia, cada um com suas particularidades, vantagens e desvantagens. Cabe ressaltar que em 1994, a Autodesk, em conjunto com outras empresas, começou a “Industry Foundation Classes (IFC) initiative”, que compõe estruturas de dados de parâmetros, que podem ser lidos e interpretados de formasimilar por todos os programas BIM que participam da iniciativa, abrindo caminho para o desenvolvimento do “Open Bim” (OPEN BIM, 2012). Uma plataforma de código aberto para desenvolvedores e programadores criarem novas ferramentas de tecnologia BIM, a fim de desenvolver a indústria e incentivar novas ideias. A iniciativa também ajudou com um arquivo de dados de arquitetura aberta, uma linguagem comum, utilizada para a troca entre modelos de diversos fabricantes (ROSSO, 2011). Com isso, em 2016 havia 13 mais de 200 (duzentos) softwares de plataforma BIM no mercado (COORDENAR, 2017). A seguir serão citados os principais softwares e ferramentas BIM. 2.3.1. ArchiCAD O ArchiCAD foi desenvolvido pela empresa Graphisoft e é o software BIM desenvolvido para arquitetos mais antigo no mercado. É responsável por grandes inovações na área como o “BIMcloud”, ferramenta de colaboração interativa em tempo real, via armazenamento e edição do projeto em nuvem2, o “EcoDesigner Star” que foi a primeira investida em design sustentável dentro da plataforma BIM e o “BIMx” que é um aplicativo de smartphone que permite a visualização de aplicativos BIM (GRAPHISOFT, 2017). De acordo com o Cunha apud Rosso (2011), o ArchiCAD é um software intuitivo e de fácil aprendizagem, possuindo uma extensa biblioteca disponível e maturidade, graças aos muitos anos de disponibilidade e desenvolvimento no mercado. Tendo, porém, limitações para trabalhar em projetos de larga escala e suas definições e banco de dados serem mais simplificadas do que de outros programas da área (ROSSO, 2011). “Um software feito por arquitetos, para arquitetos” (GRAPHISOFT, 2016), o ArchiCAD apresenta em sua interface ícones semelhante aos usados em práticas arquitetônicas, com um espaço de trabalho grande e visualmente limpo. O software se beneficia da modelagem paramétrica, padrão da tecnologia BIM, para gerar, 2 De acordo com a International Business Machines (IBM, 2017), o armazenamento em nuvem permite que os aplicativos enviem dados para uma rede de servidores conectados remotos. As aplicações podem então manter esses dados, editar e acessá-lo de qualquer lugar. Os aplicativos acessam dados usando uma API baseada na web que funciona com aplicativos do tipo cliente. 14 simultaneamente, todas as vistas, elevações, plantas e impressão a partir do modelo principal, tornando a discrepância do projeto nula (GRAPHISOFT, 2016). A Figura 3 mostra a interface do software ArchiCAD, enquanto que a Figura 4 exemplifica a interoperabilidade em que várias vistas são geradas a partir de um só modelo. Figura 3: Interface do ArchiCAD Fonte: Graphisoft (2016) Figura 4: Vistas geradas a partir do modelo principal no ArchiCAD Fonte: Graphisoft (2016) 15 16 2.3.2. AECOsim É o software de tecnologia BIM da empresa especializada em programas de design, arquitetura e engenharia, a Bentley Systems. O software foi construído em cima da plataforma do programa CAD, Microstation, da mesma empresa e amplamente utilizado na engenharia. O AECOsim faz parte de uma extensa plataforma de softwares específicos, tendo como principal atrativo sua grande liberdade para desenvolvimento de projetos com alta complexibilidade arquitetônica e de vários tipos de infraestruturas, de simples casas a extensas plantas industriais ou gigantescas estruturas offshore (BENTLEY SYSTEMS, 2017a). O software em questão, porém, apresenta um elevado custo de compra e uma interface menos intuitiva em relação aos competidores , como o Revit, o ArchiCAD, entre outros (ROSSO, 2011). A plataforma BIM da Bentley Systems não se limita apenas ao chamado BIM 3D, estendendo suas capacidades para o BIM 4D, 5D e 6D. O software contempla análise energética, custos de projeto, elaboração de orçamentos aliados ao cronograma da obra, além de uma análise de todo o ciclo de vida do empreendimento. Além disso, ele dispõe de uma ferramenta, para quando necessário fazer atualização ou expansão do empreendimento, de modelagem, capturando o contexto atual para a equipe de projeto (BENTLEY SYSTEMS, 2017b). A Figura 5 mostra a interface do programa AECOsim. 17 Figura 5: Interface do AECOsim Fonte: Bentley Systems (2017) 2.3.3. Revit É o software BIM da Autodesk, mesma desenvolvedora do AutoCAD, e é o mais difundido desta tecnologia no mercado da construção civil. Suas ferramentas permitem que o uso do processo inteligente baseado em modelos para planejar, projetar, construir e gerenciar edifícios e infraestruturas. O Revit oferece suporte a um processo de projeto multidisciplinar, para trabalhos colaborativos (AUTODESK, 2017a). Suas características e utilização serão mais aprofundadas no capítulo 3. 2.3.4. Tekla Structures É o software BIM que permite a criação e gerenciamento de modelos estruturais 3D altamente detalhados, independentemente da complexidade material ou estrutural. Os modelos podem cobrir todo o processo de construção, desde o projeto conceitual 18 até a fabricação, montagem e gerenciamento de construção (TRIMBLE BUILDINGS, 2017). O Tekla Structures acompanha todo o fluxo de trabalho da construção em concreto, desde o modelo de pré-construção, passando pelo planejamento até a concretagem final (BRASIL ENGENHARIA, 2017). O software tem uma abordagem aberta ao BIM (Open Bim), o Tekla Structures já vem pronto para uso, porém é possível otimiza-lo, podendo ser usado em conjunto com uma ampla variedade de softwares e ferramentas, sendo os principais mais usados os de cálculo de estruturas e maquinários (TEKLA, 2017). A Figura 6 exemplifica a interface do software Tekla Structures. Figura 6: Interface Tekla Structures Fonte: Tekla (2017) 19 2.3.5. Vectorworks Architect É a tentativa de investimento na tecnologia em BIM da empresa Nemetschek, que possui uma plataforma de produtos Vectorworks de tecnologia CAD. É um software mais focado no design arquitetônico e que não possui todas as ferramentas de engenharia dos mais populares Revit e AECOsim. A Figura 7 mostra a interface do programa. Figura 7: Interface do Vectorworks Architect Fonte: Goldberg (2009) O Vectorworks Architect apresenta várias ferramentas para excelência no design e arquitetura, como um motor de renderização foto-realista, com a capacidade de animação dos projetos, e sem sair da renderização, aplicação de texturas, de efeitos de sombra e iluminação, produzindo belas imagens que podem ter efeito foto-realista ou de desenhos a mão ou pintura (TECHLIMITS, 2017). Exemplos da renderização feita pelo software Vectorworks podem ser vistos nas Figura 8 e Figura 9. 20 Entre as últimas inovações do programa estão a capacidade de capturar edifícios com a câmera e ter suas linhas reconhecidas pelo programa. E apresentação em realidade virtual (VR3) do projeto, provendo ou tour pelo empreendimento, onde o cliente pode, simplesmente, abrir a versão salva em nuvem do projeto, sem necessidade de alterações ou novos programas/aplicativos, usando um smartphone, colocar este em um óculos de realidade virtual e é possível caminhar por dentro do modelo virtual, tendo a mesma sensação de espaço de um real (HELM, 2016). Figura 8: Renderização de exteriores Vectorworks Architect Fonte: Nemetschek (2017) 3 Virtual Reality, ou simplesmente VR é o termo usado para descrever um ambiente tridimensional, gerado por computador, que pode ser explorado e interagido por uma pessoa, por meio de dispositivos como óculos especiais, luvas, fone de ouvido, smartphone ou um computador. Essa pessoa torna-se parte deste mundo virtual ou está imersa dentro desse ambiente e, enquanto estiver lá, é capaz de manipular objetos ou executar uma série de ações (VIRTUAL REALITY SOCIETY, 2017).21 Figura 9: Renderização de interiores Vectorworks Architect Fonte: Nemetschek (2017) 2.4. Novas dimensões do projeto, o BIM 3D, 4D, 5D e 6D Um dos principais conceitos por trás do BIM, com a implementação da modelagem com elementos construtivos definidos a partir de seus bancos de dados, é o de projetar, não apenas como o empreendimento ficará depois de construído, mas todo o seu ciclo de vida, incluindo as informações para a gestão da obra, tudo de forma integrada, visando aumentar a eficiência, a produtividade e eliminar os erros dos projetos (MATTOS, 2014). O BIM 3D é o a forma de uso mais popular da do BIM na construção civil. Sua premissa é a de criar um modelo virtual de como ficará o empreendimento, após concluídas as obras. O banco de dados com definições, para um mesmo elemento, sobre suas representações gráficas, caracterização e posicionamento espacial em várias vistas, permite que a modelagem de uma planta baixa gere todas as vistas, representação 3D e renderização realista, simultaneamente ao desenvolvimento da planta baixa. 22 O BIM 4D adiciona a possibilidade de vincular as definições dos elementos gráficos do projeto ao cronograma da obra, impondo parâmetros de duração e alocando seu tempo de execução no cronograma da etapa executiva e fases de implementação (NABUCO, 2016), visando atuar como ferramenta de gestão do avanço físico da obra. Para este acompanhamento, o BIM 4D faz uma animação em vídeo do andamento da construção, tanto para componentes a construir quanto para a demolir. Seu principal ponto, porém, não é a animação, mas a possibilidade de criar e analisar os diversos cenários e seus consequentes impactos no andamento da obra, a fim de possibilitar a implantação de medidas mitigadoras para evitar atrasos no prazo e aumentos dos custos previstos inicialmente (MÜNCH, 2017). Tudo isso é possível graças a integração dos softwares BIM à outras ferramentas de planejamento de obras, como o MSProject e o Primavera, essa integração é feita com o uso de ferramentas dos softwares BIM, como o Navisworks e o Synchro (NABUCO, 2016). A denominação BIM 4D vem da adição da variável tempo às três dimensões da modelagem. Para o BIM 5D, é inserida a variável custo, com todos os elementos dos projetos vinculados aos seus respectivos custos. Os bancos de dados dos softwares BIM têm como uma de suas informações as variáveis de preço, podendo ser definidas durante, antes ou depois da execução do projeto. E graças ao estilo de modelagem paramétrica, é possível garantir a precisão dos quantitativos mesmo se feitas alterações no decorrer da modelagem. O cálculo e desenvolvimento da planilha de custos é feita, assim como no BIM 4D, via a integração dos softwares BIM com outros programas e ferramentas especializados, e existe também a gestão integrada do BIM 3D, 4D e 5D, através da análise de diferentes projeções e com a elaboração da simulação da sequência construtiva sendo feita através da ligação do planejamento e orçamento ao modelo BIM 3D simultaneamente, possível com softwares como o VICO Office, por exemplo (MÜNCH, 2017). Apesar ajudar bastante no processo de orçamentação, devido a modelagem, fazendo uso de catálogos de fabricantes e do automatizado processo de 23 levantamento de quantitativos, o BIM ainda não é responsável pelo levantamento e projeção de custos sem que haja a integração com outras plataformas de planejamento (NABUCO, 2016). "A ideia é vincular as informações dos componentes que representam o escopo do projeto às informações de planejamento e custo. Isto confere mais precisão sobre a quantidade de cada serviço a ser executada, permite a simulação de cenários e auxilia na definição do planejamento", de acordo com Joyce Delatorre, coordenadora do Núcleo BIM da Método Engenharia. "Com estas informações integradas, caso haja qualquer alteração de projeto, é possível rastrear o impacto no prazo e no custo da obra, auxiliando na tomada de decisão", conclui a engenheira (NAKAMURA, 2014). O BIM 6D fica responsável pelas “facilities management”, ou seja, o gerenciamento do ciclo de vida do empreendimento. É possível, no BIM, vincular informações quanto a garantia dos produtos, planos de manutenção e dados de fabricantes e fornecedores. Além de possibilitar a modelagem para diferentes fases do empreendimento, como nova construção, manutenção ou demolição (MATTOS, 2014). Tudo isso aponta para uma mudança de filosofia em todo o setor da construção civil, onde o planejamento de uma obra não se limita apenas a entregar o empreendimento pronto, a etapa de desenvolvimento de projeto não termina quando a modelagem é finalizada e as plantas são impressas e as manutenções não são apenas de caráter corretivo. Assim como o BIM, tudo por ser feito de forma mais integrada, com uma significativa melhoria de eficiência e produtividade. Com diversos cenários contemplados e planejados, os imprevistos são, quase que completamente, eliminados, as manutenções programadas desde a etapa de projeto previnem problemas e garantem a vida útil planejada para o empreendimento e os projetos podem ser mais precisos e concisos, sem incompatibilidades e completos, abordando todas as etapas do empreendimento, desde a aquisição de material até o fim de seu ciclo de vida. 24 2.5. Uso no Brasil Júnior (2009) fala sobre o processo de transição do CAD para o BIM, como sendo um processo mais lento do que a transição da prancheta para o CAD, explicando que: "A primeira mudança se restringiu ao meio, ou seja, tudo o que antes se fazia no papel passou a ser feito no computador”. O BIM, no entanto, vai exigir uma mudança cultural de toda a cadeia da construção civil, inclusive dos escritórios de arquitetura" (BARONI, 2011), o BIM ainda encontra dificuldades para seu efetivo uso no Brasil quando comparado a outros países. No Reino Unido, por exemplo, em 2011, foi estipulado um período de 5 anos para implementação total do BIM nos escritórios de arquitetura e engenharia, exigindo BIM Nível 2 (modelagem e interoperabilidade) até 2016. Já nos Estados Unidos, a partir de um decreto de 2006, todos os projetos de caráter civil federal, inclusive edifícios militares e, em 2012, 71% dos escritórios de engenharia e arquitetura utilizavam a tecnologia BIM (SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA - SEIL - PARANÁ, 2017). Apesar de apresentar diversas vantagens em relação a tecnologia CAD, o projetista, no Brasil, ainda apresenta resistência para migração para o BIM. Com o AutoCAD, da Autodesk, o software de engenharia mais utilizado nos escritórios de projeto no Brasil, com mais de trinta anos no mercado, fica difícil superar seu tradicionalismo e abandonar completamente a plataforma. Mesmo quando adotado pelos escritórios, os programas BIM raramente são usados de forma autônoma para o desenvolvimento de projetos, sendo este, muitas vezes, repartido entre CAD e BIM, com algumas disciplinas feitas em BIM, como a arquitetura, mas as outras, como as instalações prediais ou projetos de estruturas, feitos em CAD. Isso acaba gerando perdas de produtividade, inconsistências de projeto e muitos outros problemas, tornando a adoção do BIM muito menos efetiva do que deveria e não atendendo um dos 25 principais objetivos da tecnologia que é a integração de todas as etapas de projeto, feitas no mesmo programa. Vários escritórios de projetos encontram barreiras para implementação do BIM, muitas vezes financeiras, já que além do alto investimento inicial para adquirir os programas BIM, também é necessário gerar despesas para realizar treinamentos da equipe. Além disso, é necessária toda uma mudança na forma de projetar, uma vez que as equipes terão que trabalhar de forma muito mais integrada e terão novas responsabilidades (NABUCO, 2016). São poucos os bancos de dados disponíveis contendo os elementos presentes noscatálogos das grandes fornecedoras de materiais e equipamentos no Brasil, sendo estas, em países com alta adesão ao BIM, as principais responsáveis pela modelagem e criação de seus itens para uso nos softwares. O que torna necessário a modelagem, do zero, de elementos que atendam aos requisitos do projeto, já que os softwares BIM, em sua versão base, apresentam apenas opções básicas destes elementos. A modelagem de elementos, porém, pode ser uma tarefa difícil e demorada, dependendo de sua complexidade. Com relação a presença de BIM na formação do profissional de arquitetura e engenharia civil, ainda é limitada, estando em estágios iniciais de implementação na grade curricular, principalmente, por meio de matérias optativas ou minicursos oferecidos nas principais universidades. E muitas dessas matérias ou minicursos abordam só os estágios introdutórios ou intermediários do BIM (RUSCHEL; ANDRADE; MORAIS, 2013). Uma pesquisa feita em 2013, por Ruschel, Andrade e Morais, abordando as seguintes universidades: Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Presbiteriana Mackensie (UPM), Centro Universitário Barão de Mauá (CBM) e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), chegou à conclusão de que em nenhuma universidade foi 26 encontrada abordem ao ensino para a formação do gerente em BIM, com nível de competência avançado, focando a integração entre ferramentas de gerenciamento e ferramentas BIM, simulações e análise em 4D e 5D. Também não foram identificadas experiências de ensino no Brasil que, além de trabalharem com modelos integrados e compartilhados, abordem todas as fases do ciclo de vida da edificação, projeto, construção e operação, o BIM 6D, caracterizado como o terceiro estágio de adoção do BIM (RUSCHEL; ANDRADE; MORAIS, 2013). 27 3. Sobre o Autodesk Revit Como já mencionado, o software da Autodesk é o mais difundido na indústria da construção civil entre os programas da plataforma BIM. A tecnologia, entretanto, ainda não é tão utilizada quanto a tecnologia CAD, sendo os programas mais usados pela engenharia civil, o AutoCAD da Autodesk e o Microstation, da Bentley Systems. Ambas as empresas possuem softwares bem desenvolvidos de tecnologia BIM, porém estes, por enquanto, ainda não têm o mesmo apelo do CAD. Mas o cenário mundial, ainda que com certa resistência, devido ao tradicionalismo do CAD, está tendendo, aos poucos, ao BIM, graças ao grande avanço recente da tecnologia desde 2011. O Revit é o software mais completo do mercado, contemplando todas as dimensões da tecnologia BIM. É dedicado a engenheiros e arquitetos, contemplando todas as áreas da realização do projeto. As vantagens envolvem todo o ciclo de vida do edifício, desde os estudos de viabilidade até a demolição. Ao mesmo tempo em que a simulação 3D possibilita a construção virtual do projeto com informações mais confiáveis e consistentes, viabiliza a economia de tempo e dinheiro (BARONI, 2011). A interface do Revit é constituída pelo espaço de trabalho, onde pode ser deixado em destaque a vista do modelo que esteja sendo utilizada no momento ou visualizar simultaneamente várias vistas, como na Figura 10, a seguir. Além disso, podendo ser ocultados, ficam presentes, no canto esquerdo, podendo ser movidos livremente, a tabela de propriedades do objeto ou vista selecionada e o banco de dados do projeto com famílias, vistas, legendas, tabelas e papéis de impressão. No canto superior ficam os menus com as ferramentas, organizadas de acordo com a disciplina. 28 Figura 10: Interface do Revit Fonte: Autodesk (2017b) Similar a outros softwares BIM, o Revit gera todas suas vistas, plantas, representação 3D e renderização a partir de um mesmo modelo projetado, eliminando inconsistências de projeto. Isso acontece graças as estruturas de informações, que a partir de definições de elementos construtivos como paredes, portas, janelas ou escadas, cria o objeto em questão suas informações de medidas, design, camadas, materiais e representação 3D. Para impedir incompatibilidades de projeto, um problema muito comum da área, o Revit define que diferentes elementos construtivos não podem ocupar o mesmo lugar, apontando erros, que são destacados e observados pelo programa em casos de sobreposição de objetos, caso ignorado, é possível procurar por esses erros mais para frente no projeto através da ferramenta de alertas, que é acessível na barra de ferramentas “manage”, em “inquiry”, escolhendo a opção “warnings”, exemplificada na Figura 11. Ou a partir do uso do software auxiliar Navisworks, também da Autodesk, onde é possível carregar o modelo, exportando o mesmo de dentro do Revit a partir da aba “tools”, e em “external tools” selecionando a opção Navisworks, onde a ferramenta 29 “Clash Detection”, localizada na aba de ferramentas “clash detective”, encontra as incompatibilidades do projeto. Figura 11: Notificação4 de parede sobreposta e área destacada no modelo Fonte: Synergis (2014) O Revit, faz uso do BIM 4D e 5D, através da ferramenta “Schedules”, para cálculo e quantificação de material e custos. Essa ferramenta produz diferentes tipos de tabelas e listas, entre elas: listas de pranchas emitidas, muito útil para protocolos de emissão, representação gráfica de colunas, bloco de notas, lista de vistas salvas no projeto. As opções mais interessantes, porém, ficam por conta da “Schedule/Quantities”, esta uma tabela mais generalizada, que pode ser personalizada e modificada pelo projetista, sendo possível obter informações referentes ao quantitativo de componentes e a 4 Tradução da notificação, na caixa de texto, em amarelo, na figura: as paredes destacadas se sobrepõem. Uma delas pode ser ignorada quando encontrar limites de sala. Use Cortar Geometria para incorporar uma parede no interior da outra. 30 “Material Takeoff” que quantifica os componentes separados por tipo de material, se diferenciando da primeira em relação ao detalhamento, sendo direcionada para quantidades de material utilizado, uma vez definidos os materiais utilizados nas famílias dos elementos construtivos. A ferramenta “Material Tafeoff” vai mais profundo nas estruturas quantificadas, na parede, por exemplo, leva em conta todas suas camadas e seus materiais correspondentes. As tabelas geradas pelo Revit podem ser exportadas para o programa Microsoft Excel usando a sequência: Export > Reports > Schedule. As opções de tabelas são demonstradas na Figura 12. Figura 12: Opções de tabelas e listas da ferramenta "Schedules" Fonte: Acervo pessoal O software da Autodesk tem uma função simplificada de análise estrutural (Figura 13), apesar de não conter todos os recursos de programas especializados no assunto 31 como o SAP da CSI America ou o Robot da Autodesk, o Revit oferece opções de análises estática e gravitacional, permitindo colocação de cargas pontuais ou distribuídas pelo projeto (FUDALA, 2016). A Autodesk permite a vinculação, através do API5 aberto do Revit, de softwares de análise estrutural de terceiros para que criem fluxos de trabalho tanto para o, quanto do Revit. O processo depende do modelo analítico deste, que é criado automaticamente ao lado do modelo físico (AEC MAGAZINE, 2013). Figura 13: Análise estrutural do Revit Fonte: Autodesk (2017c) Outro tipo de análise feita pelo Revit é a análise de luminescência (Figura 14), o plug-in “Light Analysis Revit” (LA/R) usa o serviço da nuvem de renderização Autodesk 360 para realizar análises de iluminação diurna rápidas e fisicamente precisas, baseado na localização do empreendimento no mapa, em coordenadas. contribuindo para a 5 Conjunto de rotinas e padrões de programação para acesso a um aplicativode software ou plataforma baseado na Web. A sigla API refere-se ao termo em inglês "Application Programming Interface" que significa em tradução livre "Interface de Programação de Aplicativos". Uma API é criada quando uma empresa de software tem a intenção de que outros criadores de software desenvolvam produtos associados ao seu serviço (CANALTECH, 2017). 32 melhoria da sustentabilidade do empreendimento, visando atender certificações de “Green Building6” da LEED7 (MÜNCH, 2017). Este plug-in fornece resultados com base na LEED IEQc8.1 2009 e na LEED v4 EQc7 opt2 para a maioria dos modelos em menos de 15 (quinze) minutos, uma vez que a análise é iniciada (AUTODESK, 2015a). Figura 14: Análise de luminescência do Revit Fonte: Synergis (2014b) Os resultados são apresentados no modelo do Revit usando o “Analysis Visualization Framework” (AVF) para que possa ser visualizado como a luz do dia está interagindo com o empreendimento. Um horário de sala é gerado com os resultados necessários para um envio LEED. Além disso, também é possível incluir ou não salas 6 De acordo com Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (U.S. EPA), “Green Building” é a prática de criar estruturas e usar processos ambientalmente responsáveis e eficientes em recursos (KUKREJA, 2016). 7 LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) é o sistema de classificação de edifícios verdes mais utilizado no mundo. Disponível para praticamente todos os tipos de projetos de construção, desde construção nova até instalações interiores e operação e manutenção, o LEED fornece uma estrutura que as equipes de projeto podem aplicar para criar edifícios verdes saudáveis, altamente eficientes e com economia de custos. A certificação LEED é um símbolo mundialmente reconhecido de realização de sustentabilidade (U.S. GREEN BUILDING COUNCIL, 2017). 33 como espaços regularmente ocupados, bem como para especificar tons automatizados, sombras e outros detalhes (AUTODESK, 2015a). 3.1. Instalações Hidrossanitárias em Revit Para modelar as instalações hidrossanitárias no Revit é necessária a criação de sistemas, sendo exemplos, sistemas domésticos de água fria, de água quente e sanitários. As tubulações podem ser traçadas, em projeto, antes das definições dos sistemas, para mostrar o roteamento e as conexões entre os equipamentos e a tubulação. (AUTODESK, 2016). Os sistemas podem ser criados de duas maneiras: A primeira é quando os acessórios são inicialmente alocados em projeto, eles ainda não estão associados a nenhum tipo de sistema. Quando as tubulações são adicionadas para conectar os componentes, eles são automaticamente atribuídos a um sistema (AUTODESK, 2016). A segunda é selecionando os componentes e adicioná-los manualmente ao sistema. Depois de atribuídos a um sistema, é possível usar a ferramenta “Generate Layout Workflow” para definir o roteamento de canos e, automaticamente, criar a tubulação para o sistema (AUTODESK, 2016). Por padrão, no programa base, existem três tipos de sistemas para encanamento, sendo eles: sistema de água fria doméstica, sistema de água quente doméstica e sistema sanitário. Mas é possível criar tipos de sistemas personalizados para lidar com outros tipos de componentes e sistemas. É possível, por exemplo, criar um sistema de ar comprimido, também podendo alterar os parâmetros de tipos para um sistema, incluindo substituições gráficas, materiais, cálculos, abreviações e símbolos de “subindo” ou “descendo” (AUTODESK, 2016). 34 As vistas específicas por disciplina são essenciais quando é modelado um sistema de encanamento em um projeto. Eles permitem alocar e visualizar os componentes nos sistemas. Como os componentes são posicionados em alturas específicas nos locais do projeto, as vistas criadas devem especificar um campo de exibição e disciplina apropriados (AUTODESK, 2016). O Revit provê vários modelos (no software chamados de “templates8”) de visualização, que automaticamente especificam várias das propriedades de vistas necessárias para definir visualizações específicas de uma disciplina (AUTODESK, 2016). A Figura 15, a seguir, mostra as ferramentas para modelagem dos sistemas hidrossanitários no Revit, localizada no painel “systems” (sistemas). Figura 15: Ferramentas hidrossanitárias do Revit Fonte: Acervo pessoal A primeira ferramenta, “pipe”, faz uma tubulação genérica no projeto ligando aos acessórios desejados, podendo ser desenhados horizontalmente, verticalmente ou inclinados. Também é possível, com esta ferramenta, definir o diâmetro, a rota e a inclinação da tubulação. A primeira vez em que são desenhadas as tubulações no 8 Os templates são o ponto de início de novos projetos. Ele é um arquivo, já pré- configurado, com os principais parâmetros para começar um novo projeto, como por exemplo, famílias pré-carregadas, vistas e filtros. As opções e parâmetros dos templates podem ser carregados mesmo em um projeto já iniciado, não se restringindo apenas a novos modelos (AUTODESK, 2015b). 35 projeto, é necessário definir as preferências de roteamento da tubulação nas propriedades dos tipos de famílias da mesma (AUTODESK, 2017d). A ferramenta “pipe placeholder” serve para desenhar tubulações nos estágios iniciais do projeto, quando é desejado indicar a localização aproximada de uma operação de canalização ou para mostrar que os tubos em questão não foram, ainda dimensionados. Sua representação gráfica é de linhas únicas sem conexões. Após definidas, é possível converter as tubulações feitas com a ferramenta “pipe placeholder” em tubulações definitivas (AUTODESK, 2017d). A ferramenta “Parallel Pipes” permite a criação de tubulações paralelas às existentes, podendo ser usada em várias tubulações e conexões, desde que ligadas, de uma vez (AUTODESK, 2017e). “Pipe fitting” permite alocar manualmente novas conexões às tubulações. Cabe salientar que, quando desenhadas usando a ferramenta “pipe”, as tubulações já são desenhadas alocando suas conexões automaticamente. De forma análoga, mas sem a opção de alocar automaticamente durante a modelagem das tubulações, a ferramenta “pipe accessory” é usada para definir manualmente os locais de acessórios de tubulações como redutores ou registros (AUTODESK, 2017f). É possível desenhar tubulações flexíveis usando a ferramenta “flex pipe”. A ferramenta, porém, só pode ser visualizada em vistas 3D e planas. É possível alterar a posição dos vértices para alterar a forma do tubo flexível em uma vista de elevação ou seção (AUTODESK, 2017g). Para inserir os aparelhos e componentes hidrossanitários, como vaso sanitário ou o chuveiro, usa-se a ferramenta “plumbing fixture” e selecionando o desejado de acordo com as famílias e tipos de família. Os acessórios são, geralmente, componentes 36 hospedados9, colocados em uma face, face vertical ou plano de trabalho (AUTODESK, 2017h). E, por fim, a ferramenta “sprinklers” fica responsável pelos equipamentos de combate a incêndio em questão. Eles são, frequentemente, componentes hospedados, colocados em uma face vertical, face ou plano de trabalho específico. Para os sprinklers não hospedados é importante especificar a elevação de acordo com o tipo da família. Os sprinklers de tipo pendente precisam ser colocados em elevações que permitem que as tubulações conectem por cima dos mesmos. Já a tubulação para sprinklers verticais deve ser conectada por baixo deste. O Revit não calcula automaticamente os parâmetros para determinar tamanho e tipo dos sprinklers para os sistemas do projeto, podendo ser escolhidos vários tipos de sprinklers como molhados, seco, baseados em taxas de temperatura, classe de pressão e tamanho do orifício (AUTODESK, 2017i). 3.1.1. Dimensionamento O dimensionamentodos projetos de água fria, no Brasil, é executado com base na norma NBR 5626/98 – Instalação Predial de Água Fria, tendo como exigências a preservação da potabilidade da água, a garantia do fornecimento de água de forma contínua, em velocidade e com pressões adequadas, promover a economia de água e energia, uma manutenção fácil e econômica, proporcionar conforto aos usuários e evitar níveis inadequados de ruído. Para o cálculo da estação elevatória, inicialmente é aconselhável calcular as tubulações de recalque e sucção, sendo a primeira calculável usando a fórmula de Forchheimer: 9 Componentes hospedados são itens que só podem ser alocados em um elemento hospedeiro que atenda os parâmetros de superfície dos componentes em questão, os parâmetros de superfície no Revit são: face, face vertical, face horizontal e plano de trabalho. 37 𝐷𝑟𝑒𝑐 = 1,3√𝑄𝑟𝑒𝑐 ∙ √𝑋 4 Eq. 1 Onde a vazão de recalque, pode ser obtida através da fórmula: 𝑄𝑟𝑒𝑐 = 𝐶𝐷 𝑁𝐹 , onde CD é consumo diário e NF o número de horas de funcionamento da bomba no período de 24 horas E “X” é dado por: 𝑋 = 𝑁𝐹 24 Eq. 2 Para a tubulação de sucção, adota-se um diâmetro igual ou imediatamente superior ao da tubulação de recalque. As tubulações devem ser dimensionadas de forma que a velocidade de fluxo da água atinja um valor máximo de 3,0 m/s para qualquer trecho da tubulação. A seguir, é feito o cálculo da potência do conjunto motobomba a partir da equação: 𝑃 = 𝑄 ∙ 𝐻𝑚𝑎𝑛 75𝑅 Eq. 3 Tendo “P” como a potência em CV, “Q” a vazão de recalque em l/s, “Hman” de altura manométrica dinâmica em mca e “R” representando o rendimento do conjunto motobomba, sendo adimensional. A altura manométrica total da fórmula é calculada a partir da soma da altura manométrica de recalque com a altura manométrica de sucção. A altura manométrica de recalque, por sua vez, é calculada pela soma da altura vertical estática de recalque com a altura dinâmica de recalque, resultante do comprimento real da tubulação no pior caminho mais os comprimentos equivalentes das conexões, ambos multiplicados pela perda de carga “J”, esta cuja fórmula depende do material da tubulação. 38 A tubulação de sucção é calculada de forma análoga, com a soma da altura de sucção estática com a dinâmica de sucção. A partir daí, é feito o cálculo do barrilete de água fria. Após a realização do traçado do sistema hidráulico é necessária a verificação do somatório dos pesos relativos (Figura 16) em cada trecho do traçado, iniciando do trecho mais a jusante do barrilete até o mais a montante. Figura 16: Pesos relativos de aparelhos sanitários Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1998) Com o somatório dos pesos calculados, usa-se a seguinte fórmula para calcular a vazão de cada trecho: 𝑄 = 0,3√∑ 𝑃 Eq. 4 Definida a vazão, o próximo passo fica por conta de arbitrar diâmetros comerciais para a tubulação, para depois, usando os diâmetros internos, calcular 39 a área e velocidade dos trechos, sendo indicado ajustar a velocidade para algo próximo de 1,0 m/s a fim de diminuir a perda de carga. Definida a tubulação, devem ser feitos os ajustes necessários no modelo. Em seguida deve ser feita a verificação do comprimento equivalente de cada conexão no trecho e somar o comprimento real com o equivalente. Calcular a perda de carga unitária, para determinar a perda de carga total no trecho, multiplicando a perda unitária pelo comprimento. Para a última etapa de cálculo, deve-se tomar nota do desnível geométrico entre o nó a montante e a jusante do trecho e da pressão dinâmica a montante, obtendo através da fórmula 𝑃𝑗𝑢𝑠 = 𝑃𝑚𝑜𝑛 + 𝐷𝑒𝑠𝑛í𝑣𝑒𝑙 − 𝑃𝑒𝑟𝑑𝑎 a pressão dinâmica a jusante. Para o cálculo da pressão estática a jusante, deve ser feita a soma da pressão estática a montante com o desnível. Por fim, deve ser feito o ajuste dos diâmetros de forma que nenhum trecho tenha pressão dinâmica menor do que 0,5 mca e pressão estática maior do que 40 mca. Para as instalações de água quente, é utilizada a norma NBR 7198/93 – Projeto e Execução de Instalações Prediais de Água Quente. O dimensionamento é feito de forma análoga ao de água fria com a mesma sequência de etapas, porém as tubulações são diferentes e, por consequência, também são seus diâmetros comerciais. Para o dimensionamento das instalações sanitárias, faz-se uso da norma NBR 8160/99 - Sistemas prediais de esgoto sanitário - Projeto e execução, e é 40 feito baseado no número de Unidades Hunter de Contribuição10 (UHC) e nas dimensões mínimas para atender os aparelhos sanitários conectados. O dimensionamento deve ser feito de forma que não pode haver diminuição do diâmetro na tubulação dos trechos de acordo com o fluxo da instalação. A Figura 17 mostra a tabela de UHC para dimensionamento da tubulação de esgoto. Figura 17: Tabela de Unidades Hunter de Contribuição e diâmetros mínimos Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999) 10 Definido pela NBR 8160 – Sistemas prediais de esgoto sanitário – Projeto e execução como um fator numérico que representa a contribuição considerada em função da utilização habitual de cada tipo de aparelho sanitário. 41 O dimensionamento da tubulação de ventilação também é feito com base no número de Unidades Hunter de Contribuição, porém, são contabilizadas as Unidades Hunter de Contribuição referentes a tubulação de esgoto a qual o ramal de ventilação está atendendo, a Figura 18 apresenta a tabela de dimensionamento para colunas e barriletes. Para o traçado, também existem limitações quanto à distância entre a ventilação e o fecho hídrico de acordo com o diâmetro da tubulação de esgoto ventilada (Figura 19). Figura 18: Tabela de dimensionamento dos ramais de ventilação Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999) Figura 19: Distâncias máximas de um desconector ao tubo ventilador Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999) 3.2. Instalações Elétricas em Revit O Revit permite a criação de sistemas elétricos a partir da colocação de aparelhos e equipamentos no projeto, conectando-os aos quadros de luz. 42 Para a criação de circuitos são conectados componentes elétricos similares, que associados aos respectivos quadros de luz, o cabeamento é feito de forma automática e pode ser ocultado ou mostrado para representação se a fiação está exposta ou embutida nas paredes, teto ou chão. Uma vez criados, os circuitos podem ser editados para adicionar ou remover componentes, conectar um circuito a um quadro de luz, adicionar fiações e propriedades dos quadros de luz. Um componente pode ser conectado em um circuito se for compatível com os outros componentes e existir um conector disponível (AUTODESK, 2017j). É possível criar circuitos para dois tipos de sistemas: Os sistemas de energia incluem sistemas de distribuição de luz e energia. Quando circuitos são criados para um sistema de energia, apenas dispositivos compatíveis podem ser conectados. Todos os dispositivos em um circuito precisam especificar o mesmo sistema de distribuição, com iguais tensões e número de polos. O sistema de distribuição pode ser especificado por parâmetros de tipo de família ou de instâncias. Quando um circuito, onde todos os dispositivos têm o sistema de distribuição especificado por parâmetros de instâncias, o Revit exibe a caixa de diálogo de informação do circuito específico, na qual é possível definir valores para o número de polos e tensão antes de criar o circuito. É possível adicionar um dispositivo a um circuito existente quando o sistema de distribuição é correspondente ao do circuito. Ao adicionar um dispositivo com o sistema de distribuição especificado como parâmetros da instância,o sistema de distribuição para o dispositivo assumirá os valores do circuito onde está sendo adicionado (AUTODESK, 2017j). E os outros tipos de sistemas, que são os de dados, telefone, alarma de incêndio, comunicação, de chamada de enfermagem, de segurança e sistemas de controle. Apesar de que ainda só é possível componentes similares em um sistema específico, não há outras verificações (tensões e número de polos) para atestar a compatibilidade 43 entre os componentes destes sistemas. A consistência e verificação dos dispositivos conectados a esses sistemas fica por conta do projetista (AUTODESK, 2017j). Para os sistemas de distribuição de luz e energia, o Revit calcula automaticamente os tamanhos dos fios para energia e circuitos de luz, a fim de manter menos do que três por cento de queda de tensão. Os cálculos de tamanho dos fios são baseados nas classificações do circuito e comprimento dos cabos (AUTODESK, 2017k). Dois controles associados ao circuito permitem a criação de fiação permanente para o circuito. Adicionar fiação ao projeto é opcional. Os circuitos lógicos mantêm a informação associada ao sistema elétrico sem adicionar fiação permanente. Usando as propriedades do circuito, dá para definir o tipo de fio usado em um circuito (AUTODESK, 2017k). É essencial fazer um caminho preciso do circuito elétrico para a configuração do sistema de energia. Para isso, o Revit, toda vez que o caminho do circuito é editado, automaticamente atualiza o comprimento do circuito, a fim de obter dimensões corretas para os fios (AUTODESK, 2017l). 3.2.1. Dimensionamento Para o dimensionamento de instalações elétricas, faz-se uso da norma técnica NBR 5410/04 – Instalações elétricas de baixa tensão. Após a conclusão do traçado e divisão dos circuitos presentes no empreendimento, atendo às exigências da norma técnica, devem ser realizados os dimensionamentos da fiação e a divisão de fases. A divisão de fases é feita dividindo os circuitos de forma a obter valores de potência aproximadamente similares entre as fases nos quadros de luz a fim de ter uma distribuição equivalente para todas as fases. 44 O dimensionamento da fiação é feito a partir de três métodos diferentes especificados em norma, que fornecerão valores mínimos de seções, sendo estes métodos por seção mínima, por intensidade de corrente e por queda de tensão, devendo ser escolhido o maior resultado para escolha das seções dos fios. Para o método das seções mínimas é utilizada a de seção mínima dos condutores (Figura 20) atendendo a utilização do circuito. Figura 20: Seções mínimas dos condutores Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) Já no caso do método das intensidades de corrente, para fazer o dimensionamento, primeiro deve ser feito o cálculo da corrente dos circuitos. Esta corrente é obtida através da fórmula: 𝑖 = 𝑃 𝑉⁄ ∗ 𝑐𝑜𝑠Φ Eq. 5 Sendo 𝑐𝑜𝑠Φ o fator de potência. 45 No entanto, esta corrente sofre diversas alterações quando dentro de um eletroduto. Para correção destas alterações em fórmula, são adotados fatores de correção para o agrupamento de diversos circuitos em um eletroduto e para a temperatura ambiente. Resultando na fórmula: 𝑖′ = 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑎 = 𝑖 𝛾 ; 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝛾 = 𝑓 ∗ 𝑡 Eq. 6 Sendo 𝑓 o fator de correção por agrupamento, encontrado na tabela da Figura 21, e 𝑡 o fator de correção por temperatura (Figura 22). Figura 21: Fatores de correções aplicáveis a condutores agrupados em feixe Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) 46 Figura 22:Fatores de correção por temperatura ambiente Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) Achados os valores, faz-se o cálculo da corrente corrigida, e utilizando esta corrente, assim como o número de condutores carregados em cada circuito para determinar a seção, utilizando a tabela de capacidades de condução de corrente (Figura 23). 47 Figura 23: Capacidade de condução de corrente Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) Por fim, o método das quedas de tensão aborda o dimensionamento da seção com base nos valores de queda de tensão, obtidos a partir da multiplicação das distâncias entre o quadro de distribuição e os pontos de utilização pelas potências respectivas aos mesmos. 48 As seções são tiradas das tabelas das Figura 24 e Figura 25, considerando que para circuitos terminais (do quadro ao ponto de utilização) o limite de queda de tensão é de até 2%. Já do quadro geral de distribuição até outro quadro qualquer de luz, assim como da distribuição da rede pública para o quadro geral de distribuição o limite de queda de tensão é de até 1%. Figura 24: Soma das potências para circuitos 127V Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) 49 Figura 25: Soma das potências para circuitos 220V Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004) Para o dimensionamento dos eletrodutos do projeto, utiliza-se a fórmula: 𝐷𝑖 = √ 4 × ∑ 𝐴𝑐𝑜𝑛𝑑 𝑓 ∗ 𝜋 Eq. 7 Sendo: 𝐷𝑖 o diâmetro interno do eletroduto, e 𝐴𝑐𝑜𝑛𝑑 a área do conduto. O valor de 𝑓 varia de acordo com o número de condutores, sendo 0,53 no caso de apenas um condutor, 0,31 no caso de dois condutores e 0,40 para três ou mais condutores. Para o cálculo dos disjuntores, é feita a multiplicação da corrente do circuito por um fator arbitrado pelo engenheiro entre 1,3 e 1,7, e adotado o disjuntor comercial imediatamente acima do resultado obtido. 50 3.3. Famílias e a Modelagem Paramétrica Softwares que empregam o conceito de modelos paramétricos permitem ao projetista a possibilidade de explorar diferentes alternativas de soluções de projeto de forma rápida e segura, uma vez que mesmo com os objetos já alocados em projeto, mudanças em suas definições ou parâmetros, modificará imediatamente o elemento em projeto de acordo com suas novas especificações. Novos objetos podem ser criados e reconstituídos sem a necessidade de apagar ou criar outro objeto. E objetos com formas geométricas complexas, que outrora eram de difícil manipulação, são possíveis de serem transformados em modelos paramétricos (ANDRADE; RUSCHEL, 2009). A modelagem paramétrica feita no Revit ocorre por meio do uso de famílias, sendo estas, componentes utilizados para a construção de todo o modelo, sendo definidas como um grupo de elementos com um conjunto comum de propriedades, chamado parâmetros e uma representação gráfica relacionada (AUTODESK, 2017m), por exemplo: paredes, tetos, lajes, assim como elementos anotativos como cotas ou tags (etiquetas). No Revit todos os elementos são famílias ou fazem parte de uma família. É possível utilizar famílias no Revit oriundas de três categorias: as famílias de sistema que já constam no software base e que são instaladas junto ao Revit, as famílias carregáveis, estas, em geral, obtidas externamente à Autodesk, podendo ser compradas ou fornecidas gratuitamente, são utilizadas a fim de atender as necessidades de especificações de elementos utilizados no mercado, é comum empresas fabricantes de materiais disponibilizarem seus produtos em catálogo modelados em forma de famílias, no Brasil, a Amanco, a Phillips e a Tigre são exemplos e, por fim, as famílias modeladas no local (Model in Place), na qual os elementos são modelados pelo projetista especificamente para o projeto, normalmente, por apresentar 51 características e complexidades únicas, não encontrados nos outros elementos das famílias disponíveis (MARITAN, 2013b). Diversos elementos pertencentes a uma família podem ter valores diferentes para alguns ou todos os seus parâmetros, porém o conjunto de parâmetros (seus nomes e significados) é o mesmo. Essas variações dentro da família são chamadas de tipos ou tipos de família, do inglês “Family types” e “Types”. Como, por exemplo, a categoria
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