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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE PARA A GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL JOÃO VICTOR DE MELLO FONTAINHA ALVES 2018 APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE PARA A GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL JOÃO VICTOR DE MELLO FONTAINHA ALVES Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Prof. Jorge dos Santos RIO DE JANEIRO Julho de 2018 APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE PARA A GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL João Victor de Mello Fontainha Alves PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL. Examinado por: ________________________________________________ Prof. Jorge dos Santos, D.Sc., Orientador ______________________________________________ Profa. Carla de Araújo Mota, M.Sc. ________________________________________________ Profa. Isabeth Mello, M.Sc. ________________________________________________ Prof. Wilson Wanderley da Silva RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO de 2018 Alves, João Victor de Mello Fontainha Aplicação de ferramentas da qualidade para a gestão da produtividade na construção civil/ João Victor de Mello Fontainha Alves – Rio de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2018. xii, 73 p.:il.; 29,7 cm. Orientador: Jorge dos Santos Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2018. Referências Bibliográficas: p. 1. Introdução 2. Produtividade : Contextualização 3. A Construção Civil e a Produtividade 4. Metas e Indicaodres de Produtividade da Construção Civil 5. Ferramentas da Qualidade Aplicáveis na Gestão da Produtividade 6. Considerações Finais I. dos Santos, Jorge; II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Engenheiro Civil AGRADECIMENTOS A Deus, por estar comigo em toda e qualquer hora. Aos meus pais, André Luiz Fontainha e Roberta Fontainha, pelo apoio incodicional. Ao meu orientador Jorge dos Santos, por toda a ajuda didática e de conhecimento na construção desse trabalho. A todos os meus amigos e professores da graduação que contribuíram de alguma maneira com a minha formação acadêmica na UFRJ. Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. APLICAÇÃO DE FERRAMENTAS DA QUALIDADE PARA A GESTÃO DA PRODUTIVDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL João Victor de Mello Fontainha Alves Setembro de 2018 Orientador: Jorge dos Santos A produtividade tem sido um assunto cada vez mais abordado no âmbito do mercado econômico, devido à grande concorrência encontrada hoje por parte das empresas. Na construção civil, a produtividade ainda está evoluindo em taxas de crescimento muito lentas, se comparada a outros setores da economia como o manufatureiro, devido a ser um setor arcaico e atrasado em relação à tecnologia e mão- de-obra. Por outro lado, as normas da ABNT ISO 9000 e ISO 9001 propõem algumas ferramentas da qualidade para o aumento não só da qualidade de um empreendimento, como de sua produtividade. O objetivo deste trabalho é descobrir quais dessas ferramentas são usadas na gestão da produtividade nas construções da engenharia civil, descrevendo seu passo a passo de aplicação, vantagens e desvantagens. Logo, este trabalho busca apresentar essas ferramentas relacionando-as com a produtividade envolvida para executar as mesmas no setor da construção civil, através da verificação e análise de documentos, relatos e registros oficiais, nos quais serão verificados casos de aplicação da ferramenta em empresas ou organizações ligadas à construção civil e como sua produtividade foi afetada pelo uso e aplicação de cada uma das ferramentas da qualidade estudada. Palavras-chave: gestão, qualidade, produtividade, NBR ISO 9000, NBR ISO 9001 Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. João Victor de Mello Fontainha Alves September 2018 Adviser: Jorge dos Santos Productivity has been a subject increasingly addressed in the scope of the economic market, due to the great competition found today by the companies. In civil construction, productivity is still growing at very slow growth rates, compared to other sectors of the economy as the manufacturing one, because it is an archaic and backward sector in relation to technology and labor. On the other hand, ABNT ISO 9000 and ISO 9001 standards propose some quality tools to increase not only the quality of an enterprise, but also its productivity. The purpose of this paper is to find out which of these tools are used in productivity management in civil engineering constructions, describing their application step-by-step, advantages and disadvantages. Therefore, this work seeks to present these tools relating to the productivity involved to execute them in the civil construction sector, through the verification and analysis of documents, reports and official records, in which cases will be verified the application of the tool in companies or organizations related to construction and how their productivity was affected by the use and application of each of the quality tools studied. Keywords: management, quality, productivity, NBR ISO 9000, NBR ISO 9001 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 2.1 – EVOLUÇÃO DO PIB ANUAL BRASILEIRO ............................................................... 24 FIGURA 2.2 - VARIAÇÃO ACUMULADA DE PIB, DEMANDA E INVESTIMENTOS........................... 25 FIGURA 3.1 - COMPARATIVO DO NÚMERO DE TRABALHADORES FORMAIS/INFORMAIS NA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................................................................................................ 29 FIGURA 3.2 - TIPOS DE PRODUTIVIDADE E SETORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................ 31 FIGURA 3.3 - DIFERENCIAL DA PRODUTIVIDADE TOTAL EM 2015 .............................................. 37 FIGURA 3.4 - LUCRATIVIDADE (EBITDA) X PRODUTIVIDADE ................................................... 38 FIGURA 3.5 - CUSTO DO PROJETO X ÍNDICE DE PREÇO DO CONSUMIDOR ................................... 40 FIGURA 3.6 - PESQUISA REFERENTE À QUALIFICAÇÃO DA MÃO-DE-OBRA .................................. 41 FIGURA 3.7 – PESQUISA REFERENTE AO INVESTIMENTO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS ........ 42 FIGURA 3.8 - PESQUISA DE SATISFAÇÃO DA PRODUTIVIDADE .................................................... 43 FIGURA 3.9 – MARGEM DE LUCRO DOS SETORES DA ECONOMIA ............................................... 44 FIGURA 3.10 – NÍVEIS DE CAPITALIZAÇÃO DE VÁRIAS INDÚSTRIAS ........................................... 46 FIGURA 3.11 – CRESCIMENTO DA PRODUTIVIDADE GLOBAL DOS SETORES ............................... 46 FIGURA 3.12 – PRODUTIVIDADE DO TRABALHO : CONSTRUÇÃO CIVIL X DIVERSOS SETORES .. 47 FIGURA 3.13 – PRODUTIVIDADE TTAL DOS SUBGRUPOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ..................... 50 FIGURA 3.14 – PRODUTIVIDADE NA PRÁTICA ............................................................................. 54 FIGURA 3.15 – PESQUISA SOBRE DIFICULDADES DE INVESTIMENTOS......................................... 57 FIGURA 3.16 – GASTOS COM MEGAPROJETOS NA CONSTRUÇÃO MUNDIAL ............................... 59 FIGURA 3.17 – ASSOCIAÇÃO DO TIPO DE CONSTRUÇÃO À PRODUTIVIDADE NOS EUA ............. 60 FIGURA 3.18 – REGULAMENTAÇÕES QUE AFETAM DIRETAMENTE A INDÚSTRIA NOS EUA ....... 62 FIGURA 3.19 – PRODUTIVIDADE DOS SUBGRUPOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ............................... 65 FIGURA 3.20 – PRODUTIVIDADE DO TRABALHO POR TIPO DE CONSTRUÇÃO RESIDENCIAL ........ 67 FIGURA 3.21 – CRESCIMENTO DE PRODUTIVIDADE X ÍNDICE DE DIGITALIZAÇÃO ..................... 70 FIGURA 4.1 – CÁLCULO DA RUP ................................................................................................. 86 FIGURA 4.2 – GRÁFICO MODELO PARA ANÁLISE DE DADOS ........................................................ 88 FIGURA 4.3 - TAREFAS E SUBTAREFAS DO PROCESSO DE ARMAÇÃO .......................................... 89 FIGURA 4.4 - : RUP GLOBAL (PILAR + VIGA + LAJE) PARA CARPINTEIROS ................................. 90 FIGURA 4.5 - TAREFAS E SUBTAREFAS DO PROCESSO DE ARMAÇÃO .......................................... 92 FIGURA 4.6 - RUP GLOBAL (PILAR + VIGA + LAJE) PARA ARMADORES ...................................... 93 FIGURA 4.7 - RUP GERAL DE CONCRETAGEM PARA SERVENTE E PEDREIRO (PILAR + VIGA + LAJE) ................................................................................................................................... 96 FIGURA 4.8 - RUP CONCRETAGEM DE PILAR PARA SERVENTE E PEDREIRO ............................... 97 FIGURA 4.9 - RUP CONCRETAGEM DE VIGA E LAJE PARA SERVENTE E PEDREIRO ..................... 97 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682167 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682168 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682171 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682172 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682173 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682177 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682178 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682179 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682180 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682182 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682183 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682184 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682185 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682186 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682187 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682188 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682189 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682191 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682192 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682194 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682195 FIGURA 4.10 – CÁLCULO DO CUM ........................................................................................... 100 FIGURA 4.11 – CUM TEÓRICO EM SERVIÇO DE FÔRMAS .......................................................... 100 FIGURA 4.12 - CÁLCULO DO CUM USANDO O CONCEITO DE CUM TEÓRICO E PERDAS ........... 101 FIGURA 4.13 - INFLUÊNCIA DO PLANO DE ATAQUE NA DEMANDA POR FÔRMAS ....................... 102 FIGURA 5.1 – FOLHA DE VERIFICAÇÃO DE PROCESSOS PRODUTIVOS ....................................... 107 FIGURA 5.2 – FLUXOGRAMA DA CENTRAL DE PROCESSAMENTO DE ARARAQUARA ............... 111 FIGURA 5.3 – HISTOGRAMA DE PRODUTIVIDADE DE BLOCOS DE CONCRETO .......................... 114 FIGURA 5.4 – HISTOGRAMA DE CAUSAS DE ATRASOS EM PRAZOS .......................................... 115 FIGURA 5.5 – DIAGRAMA DE PARETO PARA PROBLEMAS ENCONTRADOS ................................ 120 FIGURA 5.6 – DIAGRAMA DE DISPERSÃO PARA CUSTOS DE EMPRESA ...................................... 123 FIGURA 5.7 – DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO DA EMPRESA INOVA CASAS ............................. 127 FIGURA 5.8 – GRÁFICO DE CONTROLE PARA AMOSTRAS DE PROCESSO ................................... 131 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682203 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682205 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682206 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682207 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682208 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682209 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682210 LISTA DE TABELAS TABELA 3.1 – TABELA DE RESULTADOS PARA PRODUTIVIDADE ................................................. 33 TABELA 3.2 - FAIXAS DE PRODUTIVIDADE (IMPACTOS NA PRÁTICA)......................................... 55 TABELA 4.1 - CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS SOBRE OS INDICADORES EM RELAÇÃO AOS AMBIENTES DE PRODUÇÃO ................................................................................................. 80 TABELA 4.2 - EXEMPLO DE ESTRUTURA DOS INDICADORES ....................................................... 85 TABELA 4.3 - CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE FÔRMAS NAS OBRAS ESTUDADAS ............... 90 TABELA 4.4 - INDICADORES DE PRODUTIVIDADE DE FÔRMA POR ELEMENTO ............................. 91 TABELA 4.5 - CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE ARMADURA DOS EMPREENDIMENTOS ESTUDADOS ......................................................................................................................... 93 TABELA 4.6 - INDICADORESDE PRODUTIVIDADE DE ARMADURA POR ELEMENTO ..................... 94 TABELA 4.7 - CARACTERÍSTICAS DO PROCESSO DE CONCRETAGEM NOS EMPREENDIMENTOS ESTUDADOS ......................................................................................................................... 95 TABELA 4.8 - VALORES DE REFERÊNCIA DOS INDICADORES DE PRODUTIVIDADE ...................... 99 TABELA 4.9 - FATORES E COMPOSIÇÕES ADOTADOS ................................................................. 102 TABELA 4.10 - CUMS ADOTADOS POR PARCELA ...................................................................... 103 TABELA 5.1 – CAUSAS DO PROBLEMA PREJUIZOS FINANCEIROS .............................................. 119 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682212 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682213 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682213 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682214 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682217 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682217 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682218 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682219 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682219 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682220 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682221 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682222 file:///C:/Users/João/Documents/ufrj/TCC/entrega%20final/versao%20final/TCC%20-%20João%20Victor%20Alves%20-%20Versão%20Final.docx%23_Toc524682223 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CBIC - Câmara Brasileira da Indústria da Construção CEP - Controle Estatístico de Processos CII - Construction Industry Institute EBITDA - Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization ENPC – École Nationale de Ponts et Chaussées EUA – Estados Unidos da América FGV - Fundação Getúlio Vargas FUNCEX - Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior IBRE - Instituto Brasileiro de Economia IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISO - International Organization for Standardization MGI – McKinsey Global Institute NBR – Normas Brasileiras Paic - Pesquisa Anual da Indústria de Construção PIB – Produto Interno Bruto PTF – Produtividade Total dos Fatores S&P - Standard&Poor’s SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SGQ – Sistema de Gestão da Qualidade SINAPI – Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil SindusCon–SP - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo TCPO – Tabela de Composições e Preços para Orçamentos TGA - Teoria Geral da Administração SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................................... 8 LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................................. 11 SUMÁRIO ................................................................................................................................. 12 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13 IMPORTÂNCIA DO TEMA ................................................................................................. 13 OBJETIVO ........................................................................................................................ 13 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 14 METODOLOGIA ............................................................................................................... 15 ESTRUTURAÇÃO DA MONOGRAFIA ................................................................................ 15 2 PRODUTIVIDADE : CONTEXTUALIZAÇÃO........................................................... 17 CONCEITUAÇÃO ............................................................................................................. 17 ASPECTOS HISTÓRICOS DA PRODUTIVIDADE .................................................................. 18 FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE NO CONTEXTO ECONÔMICO BRASILEIRO ... 21 2.3.1 Variações econômicas ........................................................................................... 22 2.3.2 Evolução do produto interno bruto (PIB) brasileiro .............................................. 24 PRODUTIDADE E COMPETITIVIDADE .............................................................................. 26 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS À GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA EM GERAL ............................................................................................................. 28 3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E A PRODUTIVIDADE ..................................................... 29 EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO SÉCULO XXI .................. 29 3.1.1 O pré-crise econômica 2008/2009 (2003-2009) .................................................... 29 3.1.2 O pós-crise econômica 2008/2009 (2009 - Atualidade) ........................................ 34 COMO A PRODUTIVIDADE É ENCARADA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................... 36 COMPARATIVOS DE PRODUTIVIDADE ............................................................................. 44 3.3.1 Construção civil e outros setores da Indútria ......................................................... 44 3.3.2 Construção Civil e os subgrupos que a compõe .................................................... 48 FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................. 51 ASPECTOS TÉCNICOS, METODOLÓGICOS E PRÁTICOS ..................................................... 52 DIFICULDADES DE IMPLEMENTAÇÃO ............................................................................. 56 CAUSAS E DESVANTAGENS DA BAIXA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .......... 58 3.7.1 Causa Raíz número 1 : Aumento das complexidades do projeto e do canteiro ..... 58 3.7.2 Causa Raíz número 2 : A indústria da construção civil é extensivamente regulamentada e altamente dependente da demanda do setor público ............................... 60 3.7.3 Causa Raíz número 3 : A informalidade e o potencial para corrupção distorcem o mercado da construção civil ............................................................................................... 63 3.7.4 Causa Raíz número 4 : A construção civil é altamente fragmentada .................... 64 3.7.5 Causa Raíz número 5 : Os processos de design e investimentos são inadequados66 3.7.6 Causa Raíz número 6: Gerenciamento de projetos e execução básica insatisfatórias ...................................................................................................................... 68 3.7.7 Causa Raíz número 7 : mão-de-obra desqualificada ............................................. 68 3.7.8 Causa Raiz numero 8 : Pouco investimento em digitalização, inovação e capital 69 MUDANÇAS VISANDO O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL E AS VANTAGENS ATRELADAS A ESSE AUMENTO ........................................................................... 71 3.8.1 Mudança número 1 : Reformulação das regulamentações e aumento de transparência ....................................................................................................................... 71 3.8.2 Mudança número 2 : Ligação da estrutura contratual ........................................... 72 3.8.3 Mudança número 3 : Repensar o design e os projetos de engenharia ................... 72 3.8.4 Mudança número 4 : Melhorar a aquisição e gestão da cadeia de abastecimento (supply-chain) ..................................................................................................................... 73 3.8.5 Mudança número 5 : Melhora dos serviços de campo, no canteiro de obras ........ 73 3.8.6 Mudança número 6 : Inserção de tecnologia digital, novos materiais e automação avançada ............................................................................................................................. 74 3.8.7 Mudança número 7 : qualificação da mão-de-obra ............................................... 75 4 METAS E INDICADORES DE PRODUTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 77 CONCEITUAÇÕES ............................................................................................................ 77 4.1.1 Metas ..................................................................................................................... 77 4.1.2 Indicadores de Produtividade ................................................................................ 79 ELABORAÇÃO ................................................................................................................. 82 4.2.1 Como elaborar metas nas empresas ....................................................................... 82 4.2.2 Indicadores de Produtividade ................................................................................ 83 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE MAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............. 86 4.3.1 Razão Unitária de Produção (RUP) ....................................................................... 86 4.3.2 Consumo Unitária de Materiais (CUM) .............................................................. 100 5 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICÁVEIS NA GESTÃO DA PRODUTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................ 104 FOLHA DE VERIFICAÇÃO .............................................................................................. 104 5.1.1 Conceituação ....................................................................................................... 104 5.1.2 Objetivo da ferramenta ........................................................................................ 104 5.1.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 105 5.1.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 106 5.1.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 106 5.1.6 Aplicação prática ................................................................................................. 106 FLUXOGRAMA .............................................................................................................. 108 5.2.1 Conceituação ....................................................................................................... 108 5.2.2 Objetivo da ferramenta ........................................................................................ 108 5.2.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 108 5.2.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 109 5.2.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 109 5.2.6 Aplicação prática ................................................................................................. 110 HISTOGRAMA ............................................................................................................... 112 5.3.1 Conceituação ....................................................................................................... 112 5.3.2 Objetivo da ferramenta ........................................................................................ 112 5.3.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 112 5.3.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 113 5.3.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 113 5.3.6 Aplicação prática ................................................................................................. 114 DIAGRAMA DE PARETO ................................................................................................ 115 5.4.1 Conceituação ....................................................................................................... 115 5.4.2 Objetivo da ferramenta ........................................................................................ 116 5.4.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 117 5.4.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 118 5.4.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 118 5.4.6 Aplicação prática ................................................................................................. 119 DIAGRAMA DE DISPERSÃO ........................................................................................... 120 5.5.1 Conceituação ....................................................................................................... 120 5.5.2 Objetivo da ferramenta ........................................................................................ 121 5.5.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 121 5.5.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 122 5.5.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 122 5.5.6 Aplicação prática ................................................................................................. 123 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO (DIAGRAMA DE ISHIKAWA) ...................................... 124 5.6.1 Conceituação ....................................................................................................... 124 5.6.2 Objetivo da ferramenta ........................................................................................ 124 5.6.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 125 5.6.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 126 5.6.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 126 5.6.6 Aplicação prática .................................................................................................126 GRÁFICO DE CONTROLE ............................................................................................... 127 5.7.1 Conceituação ....................................................................................................... 127 5.7.2 Objetivos da ferramenta ...................................................................................... 129 5.7.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta ........................................................ 129 5.7.4 Vantagens da aplicação ....................................................................................... 130 5.7.5 Desvantagens da aplicação .................................................................................. 130 5.7.6 Aplicação prática ................................................................................................. 130 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 132 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 133 13 1 INTRODUÇÃO IMPORTÂNCIA DO TEMA A estrutura produtiva internacional tem sofrido cada vez mais mudanças promovidas pela globalização, aumentando e acirrando assim sua competitividade. Cada vez se torna maior a preocupação de empresas com a produtividade nas diversas cadeias produtivas. Para garantir viabilidade e competitividade, estas empresas têm reavaliado suas metas e métodos para alcançá-las. Por outro lado, os especialistas e formuladores de política econômica têm dispensado considerável atenção ao estudo da produtividade. Na teoria, a importância relativa de cada um dos vários componentes que compõe a produtividade é colocada em discussão. Do ponto de vista da aplicação, a importância de seu estudo se dá devido ao fato da produtividade ser o principal passo de um processo que pode levar à uma considerável economia de recursos, sendo importantes para as empresas em ambientes competitivos, os ganhos em eficiência e produtividade (FARREL, 1957). Na indústria da construção civil, de acordo com a Sienge Plataform, a produtividade está relacionada à utilização dos recursos disponíveis em um canteiro de obras. Logo, o aumento da produtividade em uma obra passa pela elaboração de estratégias que permitam usufruir da melhor maneira possível do espaço físico da construção e canteiro, das ferramentas de trabalho, dos insumos necessários, dos processos e equipamentos de transporte, da mão de obra e, ainda, das técnicas de gestão e gerenciamento de empreendimento. OBJETIVO Este trabalho tem como finalidade o estudo da resolução do problema de baixos índices de crescimento da produtividade no setor da construção civil, através da aplicação das ferramentas da qualidade mais utilizadas na gestão da produtividade em obras da indústria da construção civil, descrevendo e analisando estas ferramentas. 14 JUSTIFICATIVA A justificativa de escolha do tema abordado neste trabalho se dá devido à importância que o próprio autor atribui ao assunto que será aqui abordado. A gestão da produtividade é um assunto que muitas empresas dominam nos tempos atuais, principalmente nos países considerados desenvolvidos tecnologicamente e economicamente. No Brasil, os conceitos teóricos são disseminados pelas empresas, porém ainda falta muito em relação à aplicação prática. A construção civil, no Brasil, ainda se mostra um setor muito arcaico quanto à alguns fatores que implicam diretamente na produtividade de um empreendimento, como o treinamento e capacitação da mão de obra e o planejamento e controle de obras. A motivação do autor surgiu na época em que fazia intercâmbio acadêmico de graduação, na França, na ENPC, École Nationale de Ponts et Chaussées, escola de engenharia que apresentou pesquisas e vivências práticas com empresas, sobretudo francesas. No caso do autor, essas empresas eram relacionadas ao setor de transportes, porém via-se uma forte preocupação nessas empresas com a gestão do tempo e dos recursos utilizados. Conversando com amigos que estavam introduzidos em pesquisas em empresas na área de construção civil, podia-se notar o mesmo zelo. Foi então que se aflorou a curiosidade do autor em entender como se dá a gestão da produtividade em empresas de diversos portes ligadas ao setor de construção civil, no Brasil, e o porquê dessas empresas não alcançarem certos parâmetros mínimos de qualidade, chegando assim à ideia principal do tema : como as ferramentas da qualidade influenciam na gestão da produtividade. A International Organization for Standardization (ISO) propõe uma gama de normas chamadas normas ISO com o objetivo de padronizar e melhorar a qualidade de serviços e produtos em geral. No Brasil, essas normas são criadas e gerenciadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), registrando-as com a sigla de Normas Brasileiras (NBR). Mais especificamente, as ABNT NBR ISO 9000 e ABNT NBR ISO 9001 são as normas brasileiras que tratam do Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Dentro das aplicações do SGQ, temos as ferramentas da qualidade, técnicas que visam a melhoria de qualidade de processos, produtos e serviços, ajudando na implementação e operação do SGQ. Porém, são diversas ferramentas, e em muitos casos não se deve ou não há a necessidade de aplicação conjunta no mesmo empreendimento. Logo, o autor motivou-se a estudar quais são as ferramentas da qualidade que especificamente podem influenciar de alguma maneira o aumento 15 da produtividade total no setor da construção civil, justificando a escolha do tema deste trabalho. METODOLOGIA A metodologia utilizada neste trabalho, para que os objetivos propostos sejam alcançados, foi baseada na divisão do tema da produtividade em três segmentos : cenário geral, contextualização na construção civil e ferramentas da qualidade utilizadas na gestão da produtividade. Foram estudados os conceitos, aspectos históricos, evolução de ambos ao longo do tempo, desenvolvimento em geral no mercado e no setor da construção civil. Já para as ferramentas da qualidade, ligadas ao SGQ, foram estabelecidas metas e indicadores através de levantamento bibliográfico para descobrir quais são as ferramentas mais eficazes e eficientes na medição e melhoria da produtividade. Todo esse estudo foi possível através de revisão bibliográfica de livros, artigos, monografias, dissertações, teses ou qualquer documento online ou físico que faça menção e seja útil para avaliação do tema. ESTRUTURAÇÃO DA MONOGRAFIA Neste primeiro capítulo, buscou-se situar o leitor quanto às noções mais básicas e primárias do estudo da gestão da produtividade e qualidade, passando pela motivação de escolha do tema, objetivo do trabalho e metodologia para que este objetivo seja alcançado. No segundo capítulo, foi estudada a contextualização da produtividade como um todo, conceituando-a e analisando sua evolução durante a história do mundo moderno em seus aspectos principais, fatores que influenciaram a produtividade e noções introdutórias das ferramentas do SGQ que impactam na gestão da produtividade. No capítulo 3, estudou-se a produtividade, na teoria e prática, no setor da construção civil, comparando-o com outros setores da indústria em geral, pertencentes à economia global, em diversos aspectos. Comparou-se também a produtividade dos subgrupos que compõem a construção civil, explicitando-se as causas principais da baixa produtividade do setor e citando- se mudanças que podem ser benéficas à produtividade da construção, caso aplicadas. 16 No capítulo 4, foram analisados os conceitos de metas e indicadores de desempenho, e para os indicadores, estudou-se aqueles que são mais utilizados na gestão da produtividade da construção civil, visando o aumento de produtividade no setor. No capítulo 5, foram estudadas as ferramentasda qualidade, antes propostas no capítulo 1, porém agora analisadas a fundo, conceituando-as, mostrando seus objetivos e passo a passo para aplicação, vantagens, desvantagens e exemplos de aplicação na gestão da produtividade da construção civil. Por fim, no último capítulo, o autor descreve as considerações finais acerca dos itens analisados ao longo deste trabalho, expondo sua opinião sobre o tema abordado e propondo temas para futuros estudos da relação entre produtividade e ferramentas da qualidade. 17 2 PRODUTIVIDADE : CONTEXTUALIZAÇÃO CONCEITUAÇÃO O conceito de produtividade pode ser definido, de maneira genérica, por uma relação entre bens produzidos (produtos) e os recursos utilizados para sua produção (insumos). Esses recursos podem ser o tempo, força de trabalho, matéria-prima, levando em consideração a quantidade final produzida que é o resultado do processo produtivo. Esse resultado é que se obtém por unidade econômica (empresa, região, país) e os recursos consumidos pela própria produção (CAPUL e GARNIER, 1996). Ainda nesta linha, para Drucker (1992), o conceito de produtividade está atrelado ao rendimento dos recursos para obtenção de um produto. Para o autor, a definição de produtividade como progresso técnico, econômico e social, no sentido que lhes é atribuído atualmente, surge apenas na segunda metade do século XX. Já Deming (1990), sintetiza a definição de produtividade em um estado de uma organização, onde seu aumento resulta em maior saúde financeira daquela organização, melhor desempenho social e por fim, aumento de sua competitividade. É importante não confundir produtividade com produção. Segundo Loturco (2017), produção é o resultado, produto da atividade, concebida através de melhores índices de produtividade. O Japan Productivity Center, centro de produtividade do Japão, conceitua produtividade como a minimização científica da utilização dos recursos para produção de um produto, sejam eles o tempo, mão-de-obra, equipamentos, processos, entre outros necessários, reduzindo assim os custos de produção, expandindo o mercado, contratando mais empregados e gerando maior qualidade de vida para aqueles, aumentando seus salários por exemplo, sempre visando o interesse comum do capital, do trabalho e dos consumidores. Assim como diversos setores da economia, a engenharia civil no Brasil também define o conceito de produtividade. Na linha dos autores previamente citados, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), produtividade é a eficiência em transformar recursos em produtos. Sabemos, segundo o órgão, que aumenta-se a produtividade quando se demanda menos esforço para a obtenção de um resultado. Ao falar-se de produtividade, acabamos inevitavelmente adicionando ao tema as noções de eficiência. Eficiência e produtividade são indicadores de sucesso e medidas de desempenho, possibilitando a avaliação de empresas. Somente com a medição desses dois indicadores e 18 isolando o efeito de cada um daqueles relacionados ao ambiente de produção, pode-se estudar hipóteses ligadas a fontes de diferenças entre eficiência e produtividade. Ainda, a identificação destas fontes é imprescindível para a aplicação de políticas públicas e privadas (LOVELL, 1993). De acordo com Fried; Lovell e Schmidt (1993), quando altas taxas de crescimento da produtividade são colocadas como a finalidade de uma empresa, torna-se importante a definição e medição da produtividade segundo à teoria econômica, gerando dados e informações úteis para a implementação de políticas empresariais. Para esses autores, o desempenho de uma empresa pode ser avaliado em função do nível de tecnologia desta empresa e o grau de eficiência em seu uso. O primeiro é uma relação de fronteira entre os insumos e produtos, enquanto que o segundo incorpora os desperdícios e má alocação de recursos relacionados à esta fronteira. Para Tupy e Yamaguchi (1998), a abertura dos mercados e estabilização da economia, no Brasil, foram essenciais para que os termos eficiência e produtividade fossem introduzidos de vez entre os assuntos mais importantes e discursos de tecnocratas, políticos e empresários. Porém, a base deste trabalho se dá apenas no primeiro fator citado, a produtividade. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PRODUTIVIDADE Atualmente, o conceito de produtividade é disseminado em vários segmentos e setores da economia, ultrapassando os limites da antiga definição do ‘custo-benefício’. Classifica-se hoje a produtividade global em duas grandes esferas : a produtividade do trabalho e a produtividade total dos fatores (PTF), que podem ser medidas, mensuradas; ou seja, têm valor numérico-quantitativo. Porém, muito antes desses conceitos e classificações, as noções de produtividade já pairavam sobre pensadores na história humanidade. As primeiras ideias de produtividade estavam ligadas à contabilização dos custos de uma organização. Ou seja, a contabilidade, cujo pai é considerado o matemático italiano frei Luca Paccioli, foi a primeira ciência a estudar os aspectos de produtividade (PADOVEZE, 2006). No período histórico denominado feudalismo, a riqueza relacionada ao plano individual advinha da propriedade de terras, que estava concentrada na posse da classe dominante da nobreza. A nova dinâmica econômica, com a expansão de mercados e ressurgimento das cidades, transferiu o poder dos nobres para os considerados detentores do dinheiro, antes 19 comerciantes e depois industriais (a chamada burguesia), criando a necessidade de se quantificar o que era gerado, logo dando início à difusão do método de contabilizar (HUBERMAN, 1981). A auto-suficiência feudal deu lugar à sociedade de mercado que visa a produção de excedentes. É através das atividades comerciais pós-feudais que tinham como meta a expansão da produção, que se pode confirmar uma evolução no conceito de produtividade (MARCON, 2012). A produtividade passa a ser ferramenta de estudo em A Riqueza das Nações, do escocês Adam Smith, livro no qual foi introduzida ao mundo a ciência econômica. Neste livro, Smith (1776) faz críticas ao antigo sistema mercantilista, que relacionava riqueza com acúmulo de metais (metalismo). O autor defendeu que a riqueza está associada a capacidade produtiva de uma nação, e a variação desta capacidade ligada ao uso de recursos para produzi-la seria justamente a produtividade. Porém, a grande contribuição do autor no livro foi a introdução de uma nova doutrina para a economia, filosofia e organização do trabalho globais : o liberalismo econômico. Alguns fisiocratas franceses, precursores à Smith, já haviam apresentado uma teoria sobre produtividade, porém associada fortemente à produção agrícola e às noções de propriedade de terra da era feudal. Smith foi inovador ao apresentar sua teoria da produtividade atrelada a nova ordem de organização do trabalho, muito mais adequada ao período pelo qual o mundo passava e se transformava, a Primeira Revolução Industrial (DIAS & RODRIGUES, 2004). A revolução industrial foi de importância substancial na produtividade, pois modificou a atividade industrial e organização do trabalho, quando o principal setor do trabalho, na época ainda artesanal, transformou-se em manufatureiro. Segundo Hugon (1980), Smith mostra que o princípio que propicia a expansão da produtividade é a organização social do trabalho, contradizendo estudiosos precursores que acreditavam que a produtividade dependia unicamente de aspectos tecnológicos, ou seja, do fator produtivo em forma de capital. Nesta nova sociedade industrial, o acúmulo de riqueza se deu através da atividade produtiva industrial, logo os interesses se modificaram. Com a disseminação do liberalismo, a concepção de livre concorrência substitui a de intervenção econômica. A vantagem devia ser buscada e obtidaatravés da melhor oferta, o que implica a concorrência de preços, seja dos bens finais ou dos intermediários, o que por seu lado impulsiona a redução de custo, o que implica uma contínua busca de maior produtividade que na prática significa produzir cada vez mais por unidade de salário gasto com trabalho humano, confirmando a teoria de Smith de que a organização do trabalho é o princípio fundamental da expansão da produtividade. É o momento 20 onde a produtividade passa a integrar o processo econômico com um crescente papel fundamental (MARCON, 2012). A segunda grande mudança no conceito de produtividade ocorre na chamada Segunda Revolução Industrial. Montella (2006) explica que o período histórico é caracterizado pela formação de monopólios e oligopólios comerciais, dando uma nova forma para a economia global. Nesta época, a revolução dos meios de produção não se apoiava mais no setor têxtil, antes pioneiro, e sim na disseminação de novas tecnologias e formas de organização, estimulada pela industrialização do setor de bens de capital. Nesta fase histórica, o acirramento da competitividade no mercado fez com que novos métodos fossem necessários. Nesse contexto, Frederick Winslow Taylor propôs uma nova forma de administração empresarial que busca o aumento de produtividade (FERREIRA; REIS; PEREIRA, 2002). Segundo Chianevato (2001), na época decorrente, as empresas começaram a substituir os métodos empiristas por abordagens técnico-científicas, com o objetivo de reduzir seus recursos e utilizar de maneira mais eficaz seus recursos, tornando-se assim mais competitivas no mercado. Estudando as novas tendências e necessidades do mercado, Taylor, engenheiro norte americano, criou a Teoria Geral da Administração (TGA) com o objetivo final de ampliar a produtividade de empresas através da administração em eficiência industrial. Taylor foi considerado por muitos pensadores da época como o “Pai da Organização Científica do Trabalho”, contribuindo de forma eficaz para o desenvolvimento industrial do século XX (GERENCER In TAYLOR, 1995). Resumidamente, Taylor intensificou o processo de divisão do trabalho em busca do aumento da produtividade. Sua importância no assunto abordado é tão grande que muitos autores utilizam o termo taylorismo ao se referirem ao conjunto de ideias de Taylor. O termo taylorismo pode ser definido como o método de racionalizar a produção, aumentando a produtividade ao suprimir gestos desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo produtivo; aperfeiçoando por fim a divisão social do trabalho (RAGO & MOREIRA, 2003). Atualmente, a o conceito de produtividade é extremamente disseminada nos universos econômico e empresarial. A produtividade se tornou uma grandeza de análise mensurável. De acordo com Messa (2014), a produtividade mede o grau de eficiência com que determinada economia utiliza seus recursos para produzir bens e serviços de consumo. Diferentes 21 abordagens quanto ao tipo de recurso, e até mesmo a definição do mesmo, dão origem às distintas medidas de produtividade, classificadas em dois grandes grupos. A primeira classificação na forma de medida para a produtividade é a mais elementar e antiga de todas, a produtividade do trabalho, que expressa o produto gerado por cada hora de trabalho (ou por alguma outra medida do insumo trabalho) na economia ou ou setor econômico em questão. Dessa forma, trata-se de um indicador apropriado tanto para identificar a evolução do padrão de subsistência dos trabalhadores, quanto para comparar tais padrões ao longo de diferentes economias. Todavia, por trás da formulação matemática simples, a produtividade possui uma grande complexidade : a interpretação de sua dinâmica. Existem vários determinantes do comportamento desse indicador, o que dificulta a devida identificação das causas por trás de suas variações ao longo do tempo (MESSA, 2014). A outra grande classificação é a produtividade total dos fatores (PTF), que tem o objetivo de indicar a eficiência com que a economia combina a totalidade de seus recursos para gerar o produto final. A partir dessa conceituação, a dinâmica do indicador seria resultado do progresso tecnológico da economia. No entanto, de forma exatamente oposta à produtividade do trabalho, a simplicidade da interpretação da dinâmica da PTF traz consigo a grande dificuldade do indicador, seu cálculo. De fato, a identificação de todos os recursos da economia, a mensuração de cada um deles e a determinação da forma com que tais recursos são combinados com vistas à atividade produtiva estão longe de ser tarefas triviais. Essa construção faz com que o cálculo da PTF seja bastante sensível a diferentes procedimentos visando à execução de tais tarefas (MESSA, 2014). FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE NO CONTEXTO ECONÔMICO BRASILEIRO O estudo da produtividade e seu dinamismo passa pela compreensão dos fatores que a influenciam como um todo. Podemos separar dois grandes fatores (os quais englobam uma série de outros fatores) que afetam diretamente a produtividade : as variações na economia e o desenvolvimento do Produto Interno Bruto (PIB) de um país. As variações na economia englobam déficit ou superávit comercial na balança econômica, momentos de crise financeira, abertura de mercados, conjuntura internacional, etc. O PIB expressa em forma quantitativa o valor da economia de um país, ou seja, sua riqueza. Ambos são fatores que impactam a 22 produtividade em sua totalidade e foram estudados no presente item 2.3 através de seus subitens. 2.3.1 Variações econômicas O crescimento econômico brasileiro desacelerou no pós-crise, porém fez ressurgir um debate que estava esquecido, paralisado, ou, no mínimo, relativamente apagado das discussões sobre a economia brasileira: a produtividade. Tanto seu desempenho quanto sua influência e comportamento sobre esta desaceleração recente do crescimento econômico do país são temas cada vez mais presentes (NEGRI e CAVALCANTE, 2014). Porém, para avaliarmos as mudanças no cenário da produtividade, devemos fazer uma breve recapitulação histórica. Atualmente, há um consenso de que os anos 90 marcaram uma ruptura na constante queda da taxa de crescimento de produtividade. Todavia, não se havia chegado à uma resposta para o seguinte dilema : a causa destas mudanças está relacionada com as alterações estruturais da economia ou a ajustes cíclicos transitórios da economia ? (JÚNIOR e FERREIRA, 1999). Os autores da primeira vertente de ideias, afirmam que as características econômicas gerais da globalização foram os fatores determinantes para a quebra da evolução negativa da produtividade. Essas características envolvem o processo de abertura comercial, a privatização de empresas estatais, desregulamentação da economia, adoção do sistema da qualidade e novos métodos de gestão de processos. Para Feijó e Carvalho (1994), este processo de abertura comercial do Brasil causou grandes mudanças estruturais nas empresas, criando o “novo paradigma tecnológico-gerencial”. Os autores afirmam ainda que houve um aumento substancial de produtividade, mas generalizado, ou seja, os ganhos de produtividade foram encontrados nos setores com maior participação em competitividade externa e também na maioria dos setores industriais da economia doméstica. A aquisição de máquinas e equipamentos importadas, chegando a taxas de 90% em 1995, seria um dos principais fatores que evidencia a modernização da indústria brasileira. Em contrapartida, há os autores da segunda vertente. Silva et alii (1993) acreditam que a recessão do início da década foi a grande causa do aumento da produtividade, não havendo alterações estruturais tecnológicas generalizadas na economia. Por acreditarem em ajustes cíclicos e transitórios da economia, os autores afirmam que a volta do crescimento econômico resultará em diminuiçãode produtividade. Isso ocorreria porque não houve mudanças 23 tecnológicas no período, pois estas só são possíveis através de investimentos, portanto não alterando assim a estrutura econômica do país. Considera (1995) não só concorda com a última visão como vai além. O autor afirma que em recessões econômicas, empresas com menor produtividade tendem a falir ou fechar, o que acarreta no aumento natural de produtividade do sistema como um todo. Portanto, para o autor, na ausência de investimentos e mudanças organizacionais, como no caso de uma recessão, esta última por si só é suficiente para explicar o crescimento de produtividade dos setores da economia. Como é possível se concluir, há grandes disparidades sobre o que realmente ocasionou o crescimento de produtividade na economia na década de 1990. Esta divergência pode ser explicada pelo fato desse debate ter se iniciado muito perto da liberalização econômica, portanto não havia dados ou estatísticas realmente confiáveis, nem exemplos práticos de casos de sucesso. Além disso, a produtividade não era o foco principal de muitas empresas, nem, prioritariamente, do governo. Segundo Negri e Cavalcante (2014), nos anos de 1970 e 1990, o foco do governo estava no combate e controle da inflação, enquanto que na década de 2000, a prioridade do Estado era a redução das desigualdades sociais através de políticas públicas. Nesta época, o crescimento econômico do país baseava-se na expansão da demanda externa, através das commodities, e interna, devido ao aumento da renda per capita e da incorporação de mais pessoas ao mercado de trabalho e de consumo. Porém, após a crise de 2008, este processo baseado em políticas públicas parece ter perdido força e capacidade de, isoladamente, impulsionar o crescimento da economia. As variáveis demográficas e de mercado e trabalho durante este período foram importantes ferramentas para a impulsão da economia, todavia mesmo aquelas parecem ter chegado ao seu limite de potencial, ou próximo dele. Além disso, os níveis de investimento também não cresceram acima de seu patamar histórico, patamar este que é considerado pela maioria dos economistas, insuficiente para sustentar o crescimento da economia do Brasil a longo prazo. Aliás, em relação ao investimento do empresariado internacional, não só não houve seu crescimento como também sua diminuição. De acordocom as duas principais agências internacionais de risco, a Fitch e a Standard&Poor’s (S&P), o Brasil teve recentemente sua nota de crédito soberano rebaixada pelas mesmas, deixando de ser um país de bom grau de investimento, o que afasta os interesses empresariais em investir seu capital no território brasileiro. Este rebaixamento se configura como consequência de um estado de recessão, com quedas trimestrais seguidas do PIB e em meio a forte crise política e econômica. 24 2.3.2 Evolução do produto interno bruto (PIB) brasileiro Logo após a recessão dos anos de 1990, o Brasil conseguiu retomar o crescimento de seu PIB, numa combinação jamais vista antes no país, o crescimento econômico ligado à redução da pobreza e desigualdade. A história tradicional do país mostra que esta dicotomia sempre esteve presente, e dificilmente seria superada, até o começo da década de 2000, quando exatamente esta combinação ocorreu. Nos anos 2000, PIB teve um crescimento significativo a uma velocidade bastante superior à da década anterior, alcançando os índices de 3,2% em média ao ano, ao passo que, entre 1990 e 1999, esse crescimento foi de 2,3%. Vale ressaltar o período entre 2003 e 2008, quando a taxa de crescimento médio foi mais expressiva, chegando a 4,8% ao ano (NEGRI e CAVALCANTE, 2014). A figura 2.1 mostra a taxa de crescimento real do PIB, em porcentagem, em cada ano, entre 2000 e 2018. Nota-se que entre 2003 e 2008, o crescimento médio anual tem valor elevado. Pode-se aferir também que a queda do crescimento do PIB ocorre a partir de 2010, no período chamado de pós-crise. Neumann (2015), escreve para o jornal Valor Econômico, breves justificativas que explicam a queda do crescimento econômico do país a partir de 2010, refletida nos baixos Figure 2-1 - – Crescimento do PIB anual brasileiro de 2000 a 2018 Fonte : ADVFN (2018) Figura 2.1 – Evolução do PIB Anual Brasileiro 25 índices trimestrais anuais consecutivos do PIB. De acordo com a autora, essa baixa foi influenciada pela menor demanda das famílias, devido a diminuição de sua renda e aumento do desemprego, e pelo menor investimento em máquinas, equipamentos e novas tecnologias no mercado interno, principalmente no setor de construção civil. Investimentos e demanda eram antes, fatores que ajudaram o desenvolvimento e crescimento econômico, mesmo com a queda na produção da indústria doméstica. O cenário para os próximos anos ainda parece bastante nebuloso e pessimista, devido ao aumento do desemprego, queda da renda per capita, retração de crédito e menor investimento das empresas por falta de confiança em tempos melhores. A figura 2.2 configura exatamente as afirmações de Neumann (2015), nos evidenciando como o avanço do PIB no Brasil está diretamente interligado ao desenvolvimento ou retração da demanda e do investimento. Fonte : Valor Econômico (2018) É neste contexto que a produtividade volta a ganhar grande importância no debate econômico brasileiro. Porém, não porque houve um comportamento de índices muito diferentes de produtividade dos que haviam sido registrados anteriormente, mas sim porque o crescimento da produtividade torna-se agora fator determinante e inclusive uma condição, para crescimento Figure 2-2 - Variação acumulada de PIB, Demanda e Investimentos Figura 2.2 - Variação acumulada de PIB, Demanda e Investimentos 26 econômico, envolvendo o governo, e sobrevivência num mercado cada vez mais competitivo, envolvendo as empresas (NEGRI e CAVALCANTE, 2014). PRODUTIDADE E COMPETITIVIDADE A noção mais simplória do conceito de competitividade nos ambientes empresariais, associa competitividade ao desempenho das exportações industriais. Trata-se de um conceito que avalia a competitividade através de seus efeitos sobre o comércio externo: as indústrias competitivas são aquelas que expandem sua participação na oferta internacional de determinados produtos. De acordo com Gonçalves (1987) este conceito é quase intuitivo e sua vantagem está na facilidade de construção de indicadores para medir a competitividade no mercado. É ainda o conceito mais amplo de competitividade, abrangendo não só as condições de produção como todos os fatores que inibem ou ampliam as exportações de produtos em países específicos, como as políticas cambial e comercial, a eficiência dos canais de comercialização e dos sistemas de financiamento, acordos internacionais (entre países ou empresas) e estratégias de firmas transnacionais. Outros autores vêem a competitividade como uma característica estrutural, conceituando-a como a capacidade de um país de produzir determinados bens igualando ou superando os níveis de eficiência observáveis em outras economias. O crescimento das exportações seria uma provável consequência da competitividade, e não exatamente sua definição (KUPFER, 2002). Uma forma de avaliar a competitividade é através de comparações entre diferenciais de preços internacionais de determinados países. Um levantamento realizado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (FUNCEX), intitulado “Pesquisa sobre competitividade internacional”, faz comparações, para os mesmos produtos, do nível de preços das exportações e do mercado doméstico. A hipótese para mensuração desta diferenciação é que existe um preço internacional dado, ao qual as exportações se submetem, e que pode ser diferente do preço praticado internamente (BRAGA et al., 1988). Outra forma de mensuração do desempenho da competitividade emum país ou mercado, é através do nível de salário médio dos trabalhadores. Cline (1986) associa a perda de competitividade dos EUA, na siderurgia e setor automobilístico, aos aumentos salariais obtidos através de sindicatos fortes. A expressão dumping social, explicando a penetração da indústria têxtil de países em desenvolvimento no mercado dos desenvolvidos, pressupõe também a 27 associação de competitividade a baixos salários (OLIVEIRA, 1985). Alguns autores, e frequentemente empresários, também utilizam na sua linha de raciocínio, a relação câmbio/salários para a avaliação da evolução da competitividade. O Banco Mundial não chega a propor redução de salários para aumento de competitividade, mas no documento em que advoga a liberalização e ampliação do comércio internacional, adverte que salários mínimos altos em países em desenvolvimento ocasionam desemprego, aumentam a desigualdade em relação ao mercado informal, incentivam técnicas intensivas em capital e reduzem o estímulo à educação, aproximando os salários de pessoas qualificadas das não qualificadas (THE WORLD BANK, 1987). Além dos salários, que como visto, são tomados como indicadores de competitividade, ora em correlação positiva, ora em negativa, e como determinantes ou determinados pela competitividade, a produtividade é outra variável específica frequentemente utilizada na avaliação da competitividade. Porém, em contrapartida aos salários, há consenso de que o aumento de produtividade em determinada indústria de um país em relação à mesma indústria nos países concorrentes está positivamente correlacionado com aumento de competitividade. A forma de mensuração mais usual da produtividade, se refere à produtividade do trabalho e sua expressão mais simples, calculada geralmente para atividades industriais bastante agregadas, e é dada pela relação valor adicionado/pessoal ocupado ou valor da transformação industrial /pessoal ocupado. Essa medida, embora incorpore de maneira global as condições de eficiência na produção, tem grandes limitações – não levando em conta variações na composição da produção, o número de horas trabalhadas por cada empregado, problema relativos a preços embutidos no valor adicionado, entre outros –, que se tornam mais graves na comparação internacional (KUPFER, 2002). Devido ao acirramento da concorrência, a produtividade tornou-se estratégia essencial para sobrevivência de empresas numa competitividade cada vez mais agressiva, porém a produtividade também está atualmente presente nas estratégias do setor público, através de políticas públicas, a exemplo da atual política industrial, tecnológica e de comércio do Governo Federal, denominada de Plano Brasil Maior (MACEDO, 2012). Segundo o próprio Governo Federal, em relação ao Plano Brasil Maior (2011/2014), a “dimensão sistêmica desse Plano, de natureza horizontal e transversal, destina-se a orientar ações que visem, sobretudo, a redução de custos sistêmicos e o aumento da eficiência e produtividade agregada da economia nacional, objetivando promover bases mínimas de isonomia das empresas brasileiras em relação a seus principais concorrentes internacionais”. 28 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICADAS À GESTÃO DA PRODUTIVIDADE NA INDÚSTRIA EM GERAL O conceito de qualidade está diretamente ligado ao conceito de produtividade. O aumento na qualidade dos processos de uma empresa, eleva por si só a produtividade dos mesmos, evitando, por exemplo, o retrabalho, fator que impacta diretamente a produtividade do trabalho. Logo, é de se compreender o estudo simultâneo das duas áreas. No SGQ utilizam-se as chamadas ferramentas da qualidade. Essas ferramentas são utilizadas para definição, mensuração, análise e proposta de soluções aos problemas que interferem no desempenho e no resultado das empresas. Elas ajudam a estabelecer métodos mais elaborados de resolução baseados em fatos e dados, o que aumenta a taxa de sucesso dos planos de ação (Ramos, 2018). Segundo Rocha (2007), utiliza-se na gestão da qualidade, sete ferramentas básicas que auxiliam a gestão da produtividade de uma empresa : o Fluxograma, Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe), Folha de Verificação, Diagrama de Pareto, Histograma, Diagrama de Dispersão e Controle Estatístico de Processos (CEP). Cada uma das ferramentas citadas contribui diretamente para o aumento da produtividade geral numa empresa dentro de qualquer setor econômico, não sendo diferente para a construção civil. No capítulo 4 deste presente estudo, foram analisadas minuciosamente cada uma destas ferramentas. 29 3 A CONSTRUÇÃO CIVIL E A PRODUTIVIDADE EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO SÉCULO XXI 3.1.1 O pré-crise econômica 2008/2009 (2003-2009) Para entender como a produtividade se relaciona com a construção civil no período abordado, é preciso entender o contexto histórico no qual o setor da construção estava exposto. A CBIC explica que no período estabelecido, um importante fator influenciou a produtividade e crescimento da construção civil no Brasil, a formalização da mão-de-obra, ou seja, o avanço no emprego de carteira assinada. O fato anterior explica a maior participação de empresas formais no PIB setorial e é considerado um elemento essencial para a oferta de melhores produtos, melhores condições de trabalho e maior arrecadação de impostos. A figura 3.1 evidencia como se deu estatisticamente este crescimento. Figura 3.1 - Comparativo do número de trabalhadores formais/informais na construção civil Fonte : CBIC (2017) 30 Em 2009, último ano para o qual as bases de dados consideradas nesta pesquisa estão disponíveis, o produto das empresas formais de construção (valor adicionado) totalizou R$ 93,2 bilhões, o que representou 63,5% do produto do setor como um todo (informal e formal). Em 2003, primeiro ano do estudo, as empresas formais correspondiam a apenas 43,8%. Logo, conclui-se que nesse quesito houve um grande avanço. Ainda em 2003, somente 19,5% dos trabalhadores da construção civil possuíam vínculo formal de emprego, com registro em carteira assinada de trabalho. Em 2009, esse índice se elevou para 30,1%. Nesse período, o número total de trabalhadores formais dobrou, passando da faixa de 1 milhão de trabalhadores para 2 milhões. Em 2009, existiam cerca de 63 mil empresas formais ativas, das quais 42,8% possuíam até 4 pessoas ocupadas, 40,6% possuíam de 5 a 29 pessoas ocupadas e 16,6% contavam com 30 ou mais ocupados. . Essa última faixa foi a preponderante e respondeu por 80% do valor adicionado do segmento formal da construção. Quanto aos setores da construção civil, nesse mesmo ano de 2009, pouco mais de 50% das empresas formais atuavam na construção de edifícios e aproximadamente 36% eram prestadoras de serviços especializados para construção, muitas vezes terceirizadas. As empresas do segmento de infraestrutura representaram 43,5% do valor adicionado da construção, seguido pelas empresas de edificações, com 39,6%. No período de estudo, a taxa média de crescimento das empresas formais de construção (com 5 ou mais pessoas ocupadas), foi de 11,2% ao ano, o que é mais do que duas vezes a taxa do setor (5,1% ao ano). Por sua vez, o número de trabalhadores ocupados nas empresas formais cresceu ao ritmo de 8,6% ao ano no período analisado. Tendo como base o aumento dos indicadores de pessoas com carteira assinada na construção civil, a Fundação Getúlio Vargas (FGV), realizou um estudo sobre a produtividade das empresas formais na construção civil. O período abordado se mantém entre os anos de 2003 e 2009, dividindo-se em dois subperíodos : 2003-2005, quando uma série de aprimoramentos institucionais foram decisivos para setor; e 2006-2009, quando se deu a retomada das atividades de construção. O estudo teve como referência duas bases de dados oficiais geradas pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) : o Sistema de Contas Nacionais, que abrange todo o conjunto das atividades da Construção Civil (formal e informal), assim como os demais setores de atividade econômica; e a Pesquisa Anual da Indústria de Construção (Paic), que considera apenas as empresas legalmente constituídas. Este estudo segmenta a produtividade em três tipos de análise : a produtividade do trabalho, a produtividade do capital 31 e a produtividade total dos fatores. A figura 3.2 a seguir representa os três tipos citados que foram estudados. Figura 3.2 - Tipos de Produtividade e setores da Construção Civil Fonte : CBIC (2017) A CBIC explica a evolução de cada um dos fatores mostrados na figura 3.2. Porém, é importante citar antes, a importância da PTF, pois ela expressa e torna possível a comparação de diversas combinações de capital e trabalho, de forma a identificar a mais eficiente. Segue abaixo a explicação da evolução dos elementos na figura, no período de análise : a) PTF : o fator cresceu 3,1% ao ano no segundo subperíodo de análise, ou seja, entre os anos de 2006 e 2009, coincidindo assim com o crescimento da produtividade do setor da construção. Considerando todo o período de estudo, 2003-2009, esse aumento foi de apenas 1,2%, porém nos últimos 3 anos da série, o crescimento foi mais relevante, de 3,1% ao ano ou 9,7% no período como um todo; 32 b) Produtividade do Trabalho : está relacionada à mão-de-obra. De 2003 a 2009, a produtividade da mão-de-obra cresceu 5,8% ao ano. Neste período, as empresas de construção investiram altos valores em maquinário, equipamentos e terrenos, contribuindo para o aumento da produtividade do trabalho, todavia, diminuindo a produtividade do capital. No período de 2006 a 2009, a produtividade do trabalho se reduz para 4,4% ao ano, devido ao aumento das contratações, da formalização dos trabalhadores e consequentemente, dos salários desses empregados que foi aumentado; c) Produtividade do Capital : A produtividade do capital (representada matematicamente por valor adicionado/unidade de capital) foi negativa no período, com queda de 3,5% ao ano. O efeito dos altos investimentos das empresas, já explicados para a produtividade do trabalho, permanecem neste item. Entre 2006-2009, a produtividade do capital torna-se positiva e registra incremento de 1,6% ao ano, porém as quedas entre 2003-2009, de 8,3%, contribuam para o resultado negativo; d) Obras de Edificações : No período estudado (2003-2009) o valor adicionado das empresas subgrupo edificações, dentro do setor da construção, cresceu à impressionante taxa de 19,2% ao ano, sendo assim maior que o crescimento do emprego (12,8% ao ano) e que o estoque de capital por trabalhador (7,6% ao ano). Como consequência, , a PTF se elevou ao ritmo de 1,9% ao ano. Em 2006- 2009, junto ao crescimento da taxa da PTF a 5,0%, o produto cresceu a uma taxa maior que a do emprego, sendo que este último teve a mesma taxa de crescimento do estoque de capital físico; e) Obras de Engenharia Civil : O subgrupo obras de engenharia civil, assim como o subproduto edificações, expandiu o produto a uma taxa mais elevada que a do emprego e capital por trabalhador, elevando, desta vez, a taxa da PTF ao ritmo de 1,1% ao ano de 2003 a 2009. Porém, notaram-se diferenças entre este subgrupo e o subgrupo de edificações em relação à expressividade dos indicadores no período 2003 a 2006. Os indicadores do subgrupo de obras de engenharia civil foram mais expressivos, o valor adicionado cresceu à taxa de 19,4% ao ano e foi acompanhado por incrementos na PTF de 1,8% ao ano. 33 A tabela 3.1 mostra os resultados da PTF para as empresas de construção com cinco ou mais pessoas ocupadas para o período de 2003 a 2009, como um todo, e nos subperíodos de 2003-2006 e 2006-2009. Tabela 3.1 – Tabela de resultados para produtividade Fonte : FGV (2012) Observa-se a partir da tabela 3.1 que a produtividade total dos fatores da empresas registraram um crescimento médio positivo de 1,2% ao ano, dentro de todo o período de estudo. Logo, podemos dizer que com a mesma combinação de capital e trabalho, as empresas da construção em 2009, último ano do estudo, geraram um valor adicionado 7,2% maior em relação a 2003, ano inicial do estudo. Através do estudo, decompondo a produtividade, nota-se que, entre 2003 e 2009, a produtividade da mão-de-obra (valor adicionado/trabalhador) cresceu a uma taxa média de 5,8% ao ano. Isso indica que o crescimento da renda gerada pelas empresas foi superior ao aumento do emprego. Em contrapartida, a queda anual média de 3,5% da produtividade do capital, pode ser explicada pelo crescimento expressivo do estoque de capital, de 9,6% ao ano, sendo superior ao crescimento do valor adicionado. Os índices registrados revelam importantes tendências, como o crescimento expressivo do investimento em máquinas e equipamentos e a substituição de mão de obra de trabalho por capital. O investimento maior realizado pelas empresas, em máquinas e equipamentos e terrenos, foi importante para o aumento da produtividade do trabalho e diminuição da produtividade do capital. Ainda, no período integral de análise, o investimento por trabalhador formal aumentou 61% em termos reais. Apesar dos números totais positivos, a PTF passa a ser positiva, somente nos três últimos anos do tempo de estudo (2006-2009), crescendo 3,1% ao ano ou 9,7% no período. Devido ao processo de intensa contratação e formalização dos trabalhadores no setor, a produtividade na mão-de-obras sofreu quedas, continuando com crescimento positivo mas não expressivo como os três anos anteriores, refletindo em mudanças importantes na composição 34 dos resultados da análise. A competitividade e pressão no mercado de trabalho repercutiu nos custos setoriais. Nesse período, os salários registram crescimento real de 4,7% ao ano, superando o aumento da produtividade do trabalho (4,4%). Isso também representou uma mudança de panorama, pois no período anterior (2003-2006), o crescimento da produtividade do trabalho foi maior que o aumento real dos salários. Como pode ser observado, no último período de três anos, a produtividade do capital passa a ser positiva, em índices de 1,6% ao ano. Resumidamente, o crescimento da taxa da PTF de 1,2% ao ano de 2003 a 2009 se dá devido ao seu bom desempenho nos três últimos anos daquele período (2006-2009), de 3,1% ao ano. O estudo da FGV (2012) mostra também que o aumento da produtividade em geral deve ser atribuído exclusivamente ao desempenho das maiores empresas (com 30 ou mais pessoas ocupadas), nos três anos mais recentes. Isso significa que nesse período, houve uma expansão de produto (valor adicionado) em um ritmo superior ao do aumento do estoque de capital e de mão de obra, gerada entre os anos de 2006 e 2009, pelo grupo das maiores empresas. 3.1.2 O pós-crise econômica 2008/2009 (2009 - Atualidade) O pós crise econômica de 2008/2009 vêm se mostrando nebuloso e de futuro incerto para a economia de modo geral no Brasil. Não foi diferente para o setor de construção civil. A deterioração progressiva da capacidade produtiva do setor, mais precisamente de 2013 a 2015, deixou dúvidas sobre a capacidade de reação positiva do setor de construção e seu futuro, que ainda é uma incógnita. Uma sondagem realizada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon–SP) entre os anos de 1999 e 2015, observou que as atividades realizadas pelo setor possuíam grandes sinais de enfraquecimento, além de aumentos de custos e consequentemente, dificuldades financeiras, refletidas pelo cenário de altos juros e condições mais restritivas de crédito pelo qual passava o país (DIAS e CASTELO, 2015). Segundo o IBGE (2013), em pesquisa realizada entre 2012 e 2013, um aumento de 9% foi registrado noscustos e despesas nas empresas do setor de construção civil, no último ano da pesquisa, atingindo valores de aproximadamente 302 bilhões de reais. Desse valor, são mais substanciais os itens referentes à mão-de-obra e pessoal, representando grande parte desse montante, mais especificamente 33,9% de participação no último ano. Comparado ao ano anterior, tais itens sofreram também um aumento (na ocasião, tiveram participação de 32,6%). Isso demonstra uma clara tendência de gastos maiores em mão de obra, como já havia sido abordado pelo estudo (FGV, 2012). 35 De acordo com Souza (1996), a mão-de-obra é, muitas vezes, o fator que determina o ritmo de muitas atividades de construção. Sua elevada participação na composição de custos e despesas da construção civil somada ao fato de ser o fator mais difícil de ser controlado, reforça que, atualmente, há uma necessidade das empresas em investir em equipamentos que tornem o trabalho da mão-de-obra mais eficiente. Devido ao cenário em que a economia do país e o setor de construção civil está submetido, com um mercado cada vez mais competitivo, a retomada de crescimento virá somente através um contínuo aumento de produtividade (GUERRA, 2016). Para as empresas de construção, o estudo da produtividade da mão-de-obra é essencial e implica em um diferencial para essas empresas, sendo essencial para a competitividade daquelas no mercado (LIBRAIS, 2001). Passada mais de uma década desta visão, Macedo (2012) reafirma a visão do autor anterior, relacionando diretamente o sucesso de uma empresa e até mesmo sua sobrevivência no mercado com o aumento de produtividade e maior eficiência do processo produtivo. O autor vai além, reiterando que para as empresas, a gestão da produtividade atualmente está se tornando imprescindível no plano de estratégias de competitividade das empresas, devido à alta concorrência nos setores da economia. Um estudo do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) e da FGV (2015) indica que a dificuldade na retomada de um crescimento elevado e sustentado, tanto para o setor da construção como para economia brasileira, está ligada ao debate sobre a produtividade e competitividade. Essa relação é importante pois ajuda a explicar, simultaneamente, o nível de renda per capita em uma economia e seu papel principal como determinante do retorno do investimento e, por consequência, da taxa de crescimento econômico do país (PINHEIRO e BONELLI, 2011). Devido a todos esses fatores citados no capítulo, foi de extrema importância o estudo da produtividade no século XXI. Quando comparada a outros países, a produtividade da mão de obra do trabalhador brasileiro é expressivamente e historicamente discrepante, abaixo da média. Ao final do século passado, a produtividade da mão de obra do setor da construção do Brasil equivalia a apenas 32% daquela atingida pela mesma indústria nos Estados Unidos (MCKINSEY & CO, 1998). Esta discrepância se mantém até os dias de hoje, portanto, uma análise desse comportamento, para diversos países com diferentes níveis de desenvolvimento, pode iniciar a discussão de forma a alavancar a produtividade da construção brasileira e, consequentemente, da economia em geral (MELLO e AMORIM, 2009; FGV/IBRE, 2015; THE CONFERENCE BOARD, 2015). 36 COMO A PRODUTIVIDADE É ENCARADA NA CONSTRUÇÃO CIVIL A produtividade na indústria da construção civil é importante para as economias em geral, assim como para proprietários e empreiteiros envolvidos no setor. O fraco desempenho de produtividade do setor de construção é uma oportunidade perdida para criar um valor estimado entre US$ 1,6 trilhão e US$ 2,3 trilhões. Chegou-se ao valor de US $ 1,6 trilhão, comparando a construção com a produtividade geral nas economias que foram examinadas. O valor de US $ 2,3 trilhões é resultado do benchmarking da construção contra a fabricação (comparando os setores manufatureiro e de construção civil). Enquanto as inovações na produção dos bens manufaturados impulsionaram o setor à novas alturas de produtividade, a construção não tem conseguido acompanhar (MCKINSEY & CO, 2017). A figura 3.3 mostra o quanto custa à economia global, em valor adicionado bruto, os atrasos em inovações na produtividade do trabalho da construção civil. 37 A Mckinsey Global Institute (MGI), explica que a quantidade de valor perdido e, portanto, o tamanho da oportunidade disponível a partir da melhoria produtividade no setor da construção, varia de região para região. O valor perdido é principalmente ativo em nações desenvolvidas onde a maioria da produção de construção ocorre. A América do Norte responde por quase um terço do valor perdido total potencial, ou US $ 690 bilhões; juntos, todos os países desenvolvidos são responsáveis por 70% da diferença de produtividade entre o setor da construção e o total da economia, valor equivalente a US$ 2,3 trilhões (MGI, 2017). Salienta-se também que a produtividade na construção é importante para empresas, trabalhadores e proprietários. O valor econômico criado a partir de um aumento de produtividade de US $ 1,6 trilhão seria distribuído entre as partes interessadas, como salários mais altos para os trabalhadores, maiores margens de lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização - do termo original Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation Figure 3-1 – Diferencial da Produtividade Total em 2015 Fonte : MGI (2017) Figura 3.3 - Diferencial da Produtividade Total em 2015 38 and Amortization (EBITDA) - para as empresas, e preços mais baixos para os proprietários. A divisão será determinada principalmente pela configuração competitiva e características do mercado de trabalho. No nível da empresa, a análise de microdados sugere que uma produtividade mais alta normalmente beneficia empresas em termos de margens EBITDA, embora a correlação não seja forte, já que a otimização do custo de aquisição adquirido e a maximização da receita podem desempenhar um papel ainda mais significativo em empresas do que a produtividade no mercado atual, que é exatamente o que se exibe na figura 3.4. O crescimento da produtividade varia amplamente entre as empresas; vê-se fraquezas, mas também algumas forças. Na amostra de empresas estudadas, descobriu-se que o crescimento da produtividade em cerca de 25% das empresas superou o crescimento da produtividade total das economia da região em que estavam sediadas. Embora esta seja uma Figure 3-2 Lucratividade (EBITDA) x Produtividade Fonte : MGI (2017) Figura 3.4 - Lucratividade (EBITDA) x Produtividade 39 pequena parte da população corporativa, ela indica que alguns players do setor conseguem ter performance superior à média (MGI, 2017). Vale ainda ressaltar a forte ligação da produtividade com a lucratividade. O gráfico informa que ao aumentar em 25% sua produtividade, uma empresa de construção civil pode alcançar uma margem EBITDA 1% maior em média. Essa descoberta no nível da empresa é corroborada pelos dados no nível do projeto. Dados do Instituto da Indústria da Construção para espalhamento de concreto e despejo de cabos mostra declínio de produtividade desde 1996, apesar de notarmos que mesmo dentro de um pequeno tamanho, havia grandes spreads nos níveis de produtividade a cada ano entre projetos individuais. Do ponto de vista dos proprietários, o custo e tempo são os mais importantes; e, novamente, o desempenho da construção é relativamente baixo. Também continua a se observar enormes custos e prazos de projetos de construção, com a recente análise encontrando custo médio e tempo excedido em relação ao orçamento original de 70% e 61%, respectivamente. Além disso, em todos os mercados analisados, o preço médio dos projetos de construção subiu mais rápido do que o índice de preços ao consumidor entre 2008 e 2016. Isso ilustra redução relativa do valor que é entregue pela indústriada construção no que diz respeito ao resto da economia, como expresso na figura 3.5. 40 No caso do Brasil, um estudo feito pela FGV (2012), mostra a visão das construtoras brasileiras quanto a alguns fatores que afetam a produtividade na construção, como a especialização da mão-de-obra e investimento em equipamentos e máquinas. A seguir, alguns resultados foram revelado em forma de gráficos : Figure 3-3 – Custo do Projeto x Índice de Preço do Consumidor Fonte : MGI (2017) Figura 3.5 - Custo do Projeto x Índice de Preço do Consumidor 41 Figura 3.6 - Pesquisa referente à qualificação da mão-de-obra Fonte : FGV (2012) O gráfico acima da figura 3.6, explica o porquê da PTF da construção ter se elevado um pouco no período, as construtoras têm investido em qualificação de mão-de-obra. Porém, o crescimento da PTF ainda é muito abaixo do esperado e do seu próprio potencial, o que pode ser confirmado por quase 52% das empresas que afirmam que a qualificação no trabalho é suficiente, mas poderia ser melhor. O próximo gráfico (Figura 3.7) se refere à evolução do investimento em máquinas e equipamentos feitos pelas construtoras, comparando dois períodos, o antes e o depois de 2007. 42 Figura 3.7 – Pesquisa referente ao investimento em máquinas e equipamentos Fonte : FGV (2012) Quase metade das construtoras disseram, na pesquisa, investir mais em equipamentos e máquinas após 2007, do que em relação a antes do referido ano. Pode-se concluir então que com melhores equipamentos e mão-de-obra mais qualificada, a produtividade do trabalho aumentou, porém a produtividade do capital diminuiu, o que resulta numa pequena variação final para a PTF. O estudo da FGV (2012) mostrou que, nos últimos anos, o crescimento da produtividade está sendo sobreposto pelo aumento dos salários. Dirigentes setoriais têm dado ênfase a importância do treinamento da mão de obra. Os resultados mostram que essa demanda tem fundamento. A pesquisa realizada junto às empresas mostrou que a oferta de mão de obra é limitante até mesmo para a adoção de novos métodos construtivos e para o uso mais intensivo de máquinas e equipamentos. Portanto, o treinamento é um fator que condiciona dois 43 componentes da produtividade: a própria mão de obra e também o capital. Quanto a esse último, é sintomático que 64% das empresas tenham declarado dificuldade no investimento em máquinas, equipamentos e novos processos produtivos. Assim, se torna um desafio para a construção civil, o aumento da produtividade, passando pela superação dos obstáculos ainda encontrados no setor. Ainda, a seguir, as empresas construtoras responderam a pesquisa quanto à satisfação da produtividade de seu próprio organismo (Figura 3.7). O resultado segue abaixo : Figura 3.8 - Pesquisa de satisfação da Produtividade Fonte : FGV (2012) Como esperado, 60,8% dos questionados, mostraram satisfação com a produtividade em sua empresa, mas pouca; e 35,5% estão insatisfeitos, o que só corrobora o resultado do estudo como um todo, de que a PTF da construção civil no Brasil cresce, porém num ritmo ainda muito lento. 44 COMPARATIVOS DE PRODUTIVIDADE 3.3.1 Construção civil e outros setores da Indútria Um estudo da MGI (2017) compara o setor da construção civil com outros setores gerais da indústria, em termos de desempenho, comparando receitas (monetárias), lucros e produtividade. Para se entender melhor esta última, foi preciso o estudo do desempenho da construção civil como um todo em diversas áreas. A figura 3.9 abaixo, compara as margens de lucro dos principais setores que compõem as economias mais poderosas do mundo. Figura 3.9 – Margem de Lucro dos setores da Economia Fonte : MGI (2017) 45 O gráfico da figura 3.9 divide a economia global dos países estudados em cinco grandes grupos da economia, como produtos advindos da tecnologia, infraestrutura e bens de capital. O setor de construção civil se encaixa dentro do grupo de bens de capital, junto aos setores de automóveis, maquinário e processados. Porém, a análise mais importante do gráfico se da por cores. Todos esses setores foram separados em quatro grupos, de acordo com o seu nível de desempenho quanto às margens de lucro. A margem de lucro de uma empresa, organização ou setor pode ser calculada através da razão entre o lucro total e a receita líquida da organização ou setor considerado. Em outras palavras, quanto da receita gerado foi transformada em lucro real. Logo, é um fator que pode ser visto como uma produtividade financeira. A construção civil se encontra no grupo com as piores margens de lucro da economia, junta aos setores de automóveis, varejo, planos de saúde e produtos de consumo discricionário. Dentro do seu grupo de desempenho, que já é o pior avaliado, o setor de construção nem mesmo é o que possui melhor índice, estando atrás de automóveis e produtos de consumo discricionário. A construção civil tem margens de lucro relativamente menores e mais voláteis, estando no pior grupo de desempenho dentro da indústria. Essa é uma das razões que explicam o baixo investimento em capital e inovação na construção, quando comparado ao investimento em outros setores. Contudo, o retorno do capital investido na construção tende a ser significamente melhor que o retorno em vendas, o que nivela a construção com os setores de faixa média na indústria (MCKINSEY & CO, 2017). De acordo com MGI (2017), é inegável que a capitalização e a produtividade estão altamente correlacionadas, porém as causas para a evolução ao longo do tempo de ambas para ter uma ligação fraca. Os gráficos abaixo da figura 3.10, mostram o nível de capitalização de várias indústrias (nos países de estudo, no caso, Bélgica, EUA e Japão), comparadas à construção civil, através do capital bruto fixo por hora trabalhada em 2007. 46 Os gráficos exibem o crescimento da taxa média anual de capitalização nos setores de construção, manufaturas e na economia em geral para os países citados em um período de 1995 a 2007. Pode-se concluir para os três, que a taxa de capitalização do setor encontra-se muito abaixo da economia em geral. Até mesmo se comparados com o setor de manufaturas, a construção possui taxas bem menores, principalmente nos EUA e Japão. Além dos fatores que compõem o capital (lucratividade, capitalização, entre outros), outro importante fator que influencia na produtividade geral na construção é a produtividade do trabalho. A figura 3.11 mostra a evolução da produtividade do trabalho nos países de estudo, através de gráficos. Figura 3.10 – Níveis de Capitalização de várias indústrias Fonte : MGI (2017) Figura 3.11 – Crescimento da Produtividade Global dos setores Fonte : MGI (2017) 47 O gráfico acima à esquerda, exprime para os mesmos setores de construção, manufatureiro e economia em geral, a variação do valor adicionado real bruto por horas trabalhadas por trabalhador envolvido no seu respectivo setor, entre 1995 e 2014. Pode-se notar que como a evolução do valor adicionado por trabalhador da construção é baixa e desvalorizada comparada a trabalhadores da economia global. À direita, em conjunto a baixa capitalização, o crescimento da produtividade do trabalho da construção em 39 das maiores economias de construção do mundo, representando todos os continentes e estágios de desenvolvimento, tem sido de insignificantes 1% desde 1995. Isso é cerca de um terço do crescimento geral da produtividade nesses países (2,8%) no mesmo período, e pouco mais de um quarto dos 3,6% alcançados pelo setor manufatureiro mundial (MCKINSEY, 2017). Os dois gráficos juntos mostram a importância e ligação do valor adicionado com a produtividade do trabalho. Em alguns países, as diferenças são ainda maiores que a média. Nos Estados Unidos, por exemplo, a produtividadedo trabalho da construção diminuiu em média 1,7% ao ano desde 1968, enquanto a produtividade da economia global cresceu 1,6 por cento ao longo do mesmo período. A construção ficou ainda mais atrasada em relação a certos setores que estavam melhorando sua produtividade, incluindo a agricultura, que aumentou sua produtividade a uma taxa de 4,5% ao ano entre 1947 e 2010 e varejo, a uma taxa de 3,4% ao ano. Um diferencial de poucos percentuais nas taxas de crescimento da produtividade entre os setores, pode parecer insignificante, mas o impacto é substancial ao longo de muitas décadas. A seguir, esses dados são expressos pela figura 3.12. Figura 3.12 – Produtividade do Trabalho : Construção Civil x Diversos Setores Fonte : MGI (2017) 48 O gráfico mostra a evolução da produtividade do trabalho nos setores de agricultura, manufaturas, varejo e vendas, mineração, construção e da própria economia global, todos nos EUA entre 1947 e 2010. A produtividade do trabalho da construção no país vem declinando desde 1968, em contrapartida a produtividade do trabalho em outros setores mostraram evolução mais positiva que a da construção. Apesar de alguns projetos altamente técnicos e complexos sendo realizados, a construção em grande parte continuou a depender de métodos tradicionais para muitos projetos, enquanto outros sectores inovaram. Outros setores se transformaram, aumentando a produtividade. Dentro do varejo, pense na diferença entre as lojas mom-and-pop de meio século atrás comparadas às gigantes Walmart e Aldi com suas cadeias de suprimentos globais e sofisticadas atuais, e cada vez mais digitalizadas, sistemas de distribuição e coleta de inteligência de clientes. Ou considere a maneira os princípios leane a automação agressiva mudaram completamente muitas partes da manufatura. Dentro desta comparação, a construção parece congelada no tempo. Deve-se dizer que existem projetos complexos e altamente tecnológicos sendo executados hoje, mas em geral, o setor ainda depende de métodos tradicionais para muitos projetos, e a mudança é glacial (MCKINSEY & CO, 2017). Algumas mudanças nos setores exibidos no gráfico devem ser destacadas. Na agricultura, escala alavancada através de montagem em campo e automação; implantando bioengenharia avançada para aumentar os rendimentos. No setor manufatureiro, implementado inteiramente novos conceitos de fluxo, projetos padronizados, modularizados e agressivamente automatizados para aumentar a produção. No varejo, foram utilizadas vantagens de escala e logística de ponta para fornecer produtos acessíveis para as massas. Já na construção, as melhorias foram limitadas nas áreas de capacidades tecnológicas, métodos de produção e escala. 3.3.2 Construção Civil e os subgrupos que a compõe De acordo com a MGI (2017), economistas classificam empresas de construção em subsetores com base em suas especializações de serviços. No nível mais amplo, existem dois grupos: empresas diversificadas que participam de vários tipos de projetos que exigem o desempenho de diferentes atividades de construção e empresas comerciais ou especializadas que estão envolvidas em um único serviço (por exemplo, encanamento ou pintura) que elas executam em diversos projetos. 49 As empresas diversificadas são ainda classificadas pelo tipo tipo de construção que executam : de edifícios, civis ou industriais, de acordo com as fontes da maioria de seus negócios. Pode-se então classificar o setor da construção em quatro subgrupos distintos : I. Construção de edifícios: construção de estruturas residenciais e não residenciais, incluindo edifícios comerciais e sociais. II. Construção civil: construção de todos os tipos de obras civis, incluindo transporte, utilitários e telecomunicações. III. Construção industrial: Construção de instalações industriais leves e pesadas, incluindo armazéns, fábricas, instalações de petróleo e gás e instalações de mineração. IV. Construção especializada: construção especializada de comércio de elementos comuns a todos os tipos de construção (por exemplo, enquadramento, cobertura, vidro e vidro, alvenaria, drywall,e isolamento). São geralmente empresas terceirizadas, contratadas por construtoras dos outros subgrupos. A figura 3.13 mostra a produtividade dos quatro subgrupos distintos do setor de construção, em seus variados serviços. 50 Figura 3.13 – Produtividade Ttal dos Subgrupos da Construção Civil Fonte : MGI (2017) Pode-se concluir, interpretando a figura 3.13, que construções industriais, como refinarias de petróleo e tubos de transporte para petróleo e gás, ou construções do subsetor de construção civil, residenciais como condomínios, ou de infraestrutura, como estradas e pontes, têm elevada produtividade. Serviços muito especializados, como cobertura, pintura e até mesmo obras de reforma, têm baixa produtividade. Isso mostra uma forte relação de que construções mais pesadas geralmente possuem maior produtividade envolvida em suas execuções. A figura 3.113 compara ainda os serviços de construção do gráfico com o setor manufatureiro (de fabricação) de automóveis, uma indústria também considerada pesada, e de 51 produtividade extremamente elevada comparada aos serviços de construção civil, seguida de obras do tipo de construção de condomínios. Os exemplos são da indústria dos EUA em 2012. FATORES QUE AFETAM A PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL Devem ser considerados os fatores que mais impactam a produtividade na construção civil. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), são seis fatores mais significativos, pontuados a seguir : a) Capacitação e treinamento da mão de obra : os funcionários que tendem em geral a apresentar maior produtividade, são aqueles que recebem maior capacitação, são adequadamente remunerados e constroem vínculos com a empresa; b) retrabalho : quando o trabalho precisa ser refeito, os desperdícios aumentam e os prazos não são atendidos; c) matéria-prima : materiais de maior qualidade proporcionam menos retrabalho e o controle adequado sobre estoque de materiais permite um melhor fluxo de trabalho; d) layout do canteiro de obras : o planejamento do espaço de trabalho e canteiro, com fácil acesso aos materiais à frente do trabalho, agiliza a circulação de trabalhadores e máquinas, facilitando a execução de serviços; e) segurança do trabalho : quando um funcionário se machuca, além do custo humano imensurável, há prejuízos financeiros e impacto na produção e nos prazos, além do marketing negativo; f) planejamento e controle de obras : Um bom plano de execução evitará que a obra passe por desabastecimento e desperdício de materiais, além de atrasos ou erros. Segundo o Núcleo de Orientação de Inovação da Edificação (NORIE), numa obra de construção civil, os seguintes fatores afetam a produtividade da construção : a) Mau tempo : Em caso de chuvas ou algum fenômeno natural decorrente na região onde a obra está situada, pode haver um atraso no prazo de entrega, diminuindo os Hh e consequentemente a produtividade do trabalho; 52 b) complexidade e continuidade do projeto : a complexidade do projeto pode exigir uma qualificação e treinamento da mão- de-obra, gerando maior custo para a empresa e diminuindo a produtividade do capital. Caso haja algum problema externo ou interno à empresa que impeça o fluxo temporário de continuidade de trabalho no projeto (como embargos públicos, cortes de verba, entre outros), o prazo de entrega pode ser afetado, afetando a produtividade da construção; c) horas extras : quanto maior a quantidade de horas extras trabalhadas e pagas aos trabalhadores, se produtivas, a princípio, reduzem o tempo de conclusão da construção e antecipam o prazo de entrega. Porém, deve-se considerar o aumento da produtividade do capital, pois os custos como trabalho aumentam. Ao final, trata-se de pesar se vale a pena permitir que os empregados façam horas extras, e se sim, chegar a número ideal máximo por mês; d) rotatividade : para grandes construções, onde há necessidade de trocas de turno, há inevitavelmente mudanças de produtividade do trabalho, pois esta última também depende de valores intrínsecos a cada um dos trabalhadores. Além disso, existem diversos serviços em uma obra que são terceirizados, e essas empresas que são contratadas para cumprirem o serviço, podem trocar as equipes durante a construção, afetando assim a produtividade global final da construção; e) absenteísmo : este pode ser causado por uma sequência de faltas ou atraso intoleráveis, prejudicando assim o tempo final de construção e até mesmo a produtividade da equipe como um todo, equipe dentro da qual o trabalhador ausente executa seu serviço; f) motivação da mão-de-obra : trabalhadores motivados e engajados com as metas e objetivos da empresa, tendem a ser mais produtivos em geral. ASPECTOS TÉCNICOS, METODOLÓGICOS E PRÁTICOS Nos anos de 1990, o operário começou a ser visto como agente para a busca da produtividade e qualidade nas empresas e empreendimentos de construção civil. Investir em mão de obra, no setor, tornou-se sinônimo de competitividade (ARAÚJO, 2000). 53 Para Lantelme et al (2001), a relevância do controle de produtividade na construção civil se dá devido aos seus baixos índice de produtividade, quando comparados a outros setores da indústria. Tal controle deve ser executado de acordo com um processo gerencial, sendo tipicamente segmentado em três etapas : I. Diagnóstico inicial : a empresa obtém uma visão geral da produtividade do processo sob análise ou estudo, possibilitando assim a detecção das principais falhas e a preparação dos planos de ação com a finalidade de aumentar a produtividade deste processo; II. Intervenção : implementação das melhorias estudadas em processos, conforme planejado no diagnóstico inicial; III. Diagnóstico pós-intervenção : análise do processo após intervenção, verificando se as melhorias propostas atingiram as metas, ou se novas intervenções serão necessárias para aumentar ainda mais o desempenho do processo em estudo. A figura 3.14 revela consequências práticas na produtividade da mão de obra operária em uma obra de construção civil, após ser afetada por fatores que aumentam ou reduzem tal produtividade. 54 Na figura 3.14, utiliza-se o exemplo de execução de alvenarias. Conclui-se então que fatores humanos são extremamente importantes quando se fala em produtividade do trabalho. Por exemplo, o uso de blocos muito pesados (logo de manuseio mais difícil), pois o trabalhador não possui força suficiente, paredes muito altas, nas quais é preciso uma escada para finalizar o serviço, pois o trabalhador não possui altura suficiente, são fatores humanos humanos que diminuem a produtividade em uma obra, mas dependem do projeto. Logo, um projeto pode impactar a produtividade do trabalho na prática. Figura 3.14 – Produtividade na prática Fonte : Revista PINI (2011) 55 Ainda para execução de alvenarias, de acordo com a revista Pini (2011), na prática, são os fatores da tabela, que influenciam a produtividade da mão de obra, mais especificamente do pedreiro, e por consequência a produtividade total da obra : Do lado esquerdo da tabela 3.2 estão os fatores positivos para a execução da alvenaria, ou seja, que aumentam a produtividade do pedreiro no serviço. À direita, estão os fatores negativos, que dificultam o serviço e diminuem a produtividade. Se o empreendimento se aproximar mais da situação positiva, pode-se adotar uma produtividade próxima ao limite máximo (0,74 de acordo com a escala acima a tabela). Se a maior parte dos fatores for negativa, adota-se um valor que se aproxime do limite mínimo de produtividade (0,51). Caso não haja informações suficientes ou a situação estiver equilibrada, deve ser utilizado o valor intermediário, mediana igual a 0,64 (PINI, 2011). Tabela 3.2 - Faixas de Produtividade (Impactos na Prática) Fonte : Revista PINI (2011) 56 DIFICULDADES DE IMPLEMENTAÇÃO Para demonstrar as dificuldades de implementação e crescimento da produtividade na construção civil, McKinsey (2017) utiliza como referência, o setor manufatureiro da economia, que performa melhor que o setor da construção civil em termos gerais de produtividade, para que se faça a comparação entre os dois setores. O setor manufatureiro é razoável para a discussão da produtividade do trabalho da construção por muitos razões. Em seu estado mais produtivo, a construção deve ser capaz de executar uma filosofia enxuta, padronizar suas ofertas de produtos e modularizar seus projetos assim como empresas de manufatura fazem. As mesmas fontes de desperdício que a fabricação superou - excesso de estoque, atrasos no local, retrabalho e superprocessamento, por exemplo - geralmente ainda ocorrem no setor de construção. No entanto, reconhece-se que existem grandes diferenças entre os setores de construção e manufatura que dificultam a comparação direta. Por exemplo, a construção é incapaz de capturar benefícios de escala de consolidação da mesma forma que a manufatura porque o tamanho dos produtos produzidos pela construção mostram que esta última é, até certo ponto, uma indústria local. Além disso, a indústria da construção tem um maior grau de intensidade de trabalho que o setor manufatureiro. Entre as principais diferenças entre os dois setores são: I. A construção não é móvel: os trabalhadores devem vir no local e as empresas não podem mover seus escritórios centrais para onde o trabalho está disponível. II. Espaços de trabalho se sobrepõem: Diferentes tipos de serviços (por exemplo, montagem de tubos e serviços de eletricista) devem ocorrer na mesma área, fazendo o planejamento do fluxo de trabalho ser mais desafiador. III. A localização do local de trabalho é dinâmica: canteiros de obras crescem à medida que progridem - por exemplo, um canteiro pode se mover por muitos quilômetros ao longo do curso de execução de uma rodovia. IV. As preparações e configurações são contínuas: cada projeto de construção requer inicialmente a criação de um espaço de trabalho inteiramente novo (canteiro de obras, no caso). V. Maior número de variáveis não controláveis: A construção ocorre em uma variedade de climas, geografias e canteiros que estão expostos a condições imprevisíveis, incluindo complexidades geológicas e topográficas e padrões climáticos predominantes. Nem sempre é possível quantificar o impacto desses fatores. No entanto, vale a pena notar que, em termos de dólares por hora, a 57 diferença entre o benchmark total da economia e o benchmark do setor manufatureiro é de aproximadamente U$ 2 ou menos de 10%. Uma razão pela qual não existe uma lacuna maior entre as manufaturas e a economia total é que a heterogeneidade significativa na manufatura - um setor que inclui desde a fabricação de automóveis avançada, até tecelões de cesta - se mantém na mesma média relativa para a maioria de seus subgrupos. VI. Requisitos específicos: Hoje, as estruturas são tipicamente construídas para atender a requisitos altamente específicos, a pedido do proprietário, enquanto a customização em massa é muitas vezes suficiente na fabricação de produtos, que representa o setor manufatureiro. No entanto, a personalização em massa pode ser viável na construção, também, uma vez que fornece benefícios similares de custo e qualidade. A nível nacional, no Brasil, 64% das empresas de construção têm encontrado dificuldades de investir em máquinas e equipamentos devido a diversos fatores (FGV, 2012). A figura 3.15 relata os resultados da pesquisa : A figura 3.15 mostra que as duas maiores dificuldades encontradas pelo grupode construtoras questionado foram a falta de mão de obra especializada para contratar (que saiba utilizar essas novas máquinas e equipamentos de maneira produtiva) e o custo para adquirir novos equipamentos e implementar novos processos produtivos. A economia está intrinsecamente ligada à construção civil, isso pode ser evidenciado por duas dificuldades Figura 3.15 – Pesquisa sobre dificuldades de investimentos Fonte : FGV (2012) 58 encontradas : o acesso às linhas de crédito para investimentos e a incidência tributária na adoção de processos industrializados. CAUSAS E DESVANTAGENS DA BAIXA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.7.1 Causa Raíz número 1 : Aumento das complexidades do projeto e do canteiro A crescente demanda por construção e a crescente densidade de desenvolvimento existente combinaram-se para aumentar o tamanho e a complexidade dos projetos, os quais afetam produtividade. A complexidade aumenta à medida que os projetos aumentam de tamanho e isso diminui a produtividade. Os resultados do projeto também sofrem. Projetos incluídos no banco de dados de benchmarking do Construction Industry Institute (CII) com complexidade “baixa” têm, em média, índice de 4,2% negativos quanto ao desvio de custo; projetos com complexidade “média” têm menos 0,2% de desvio; e aqueles com complexidade “alta” têm desvio de 1,7%. Megaprojetos, definidos como aqueles com valor superior a U$ 1 bilhão, são particularmente suscetíveis a desafios de coordenação que podem baixar a produtividade (MCKINSEY & CO, 2017). Um estudo analisou o impacto de um número crescente de horas de trabalho em um projeto e descobriu que projetos com um milhão de horas de trabalho eram de 15 a 20% menos produtivos in situ (canteiro) do que aquelas com apenas 100.000 horas de trabalho. Isso é pertinente, dado que o volume de construção de megaprojetos quadruplicou na última década, como pode ser visto na figura 3.16. 59 A figura 3.16 mostra que em 2005, dos US$ 7,2 trilhões investidos na construção global, apenas 4% eram relativos à megaconstruções. Na década seguinte, esse índice quadruplicou chegando ao seu ápice no último ano de análise, 2017, quando chegou a ser 21% dos US$ 9,5 trilhões investidos. Essa conclusão pode ser explicada pelo aumento da força das economias emergentes dentro do contexto global, pois são essas economias que mais investem em megaprojetos. O aumento da complexidade também é visto em projetos menores. De acordo com a MGI Construction Productivity Survey, entrevistados trabalhando em projetos com um valor médio de mais de US$ 100 milhões foram duas vezes mais propensos do que aqueles com projetos avaliados em menos de US$ 5 milhões para nomear complexidades como uma das principais causas de baixa produtividade. O alavancamento no setor de construção nas economias emergentes é a principal razão para o aumento dos megaprojetos, já que essas economias exigem investimentos em infraestrutura mais avançados. Mas a indústria da construção nas economias desenvolvidas está lutando com um tipo diferente de complexidade. Muitas economias desenvolvidas empreenderam grandes investimentos em infraestrutura há décadas, e agora precisa se concentrar em manter e atualizar esses sistemas (MGI, 2017). Dados de produtividade dos EUA Figura 3.16 – Gastos com Megaprojetos na Construção Mundial Fonte : MGI (2017) 60 mostram que, como a proporção de obras de reparo e manutenção aumentou, houve uma queda correspondente na produtividade, como pode ser visto na figura 3.17. Conclui-se então, pelo gráfico, que há uma forte relação entre o tipo de obra executado e a produtividade da construção, mais especificamente, o aumento do número de obras de reformas frente ao número de novas construções, resultou na queda da produtividade da construção. 3.7.2 Causa Raíz número 2 : A indústria da construção civil é extensivamente regulamentada e altamente dependente da demanda do setor público A construção é um dos setores mais regulados do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, estima-se que o setor esteja sujeito a sete vezes mais o número de leis diretamente ou indiretamente afetando suas atividades, se comparado à agricultura ou mineração. Alguns desses regulamentos não mudaram por décadas ou mais, pois é politicamente muito difícil Figura 3.17 – Associação do Tipo de Construção à Produtividade nos EUA Fonte : MGI (2017) 61 alterá-los. A quantidade de regulamentação por si só não é necessariamente o problema - e é claro que é importante que a construção tenha uma estrutura regulatória robusta para que estruturas seguras sejam construídas. Porém, os processos burocráticos confusos e dificultosos através do qual a regulamentação é administrada, causa atrasos e compromete a coordenação entre proprietários, empresas de construção e reguladores. De acordo com com o banco de dados de benchmarking da CII, projetos que experimentaram carga regulamentar maior que a esperada, tiveram em média, 13,8% de desvio de custo. A incerteza introduzida pela regulamentação não apenas aumenta o tempo de duração do projeto - semanas ou meses podem ser gastas à espera de aprovações - mas também pode dificultar que as empresas invistam adequadamente em equipamentos, que podem acabar não sendo usados como planejado (MGI, 2017). Existem vários tipos de regulações desafiadoras na construção. Entrevistados para o MGI Construction Productivity Survey (2015), classificaram autorizações e aprovações como as formas de regulação mais desafiadoras de se gerir. De acordo com o Banco Mundial, a média global para o tempo de aquisição da permissão para começar uma obra é de 160 dias, com empresas em seis países gastando mais de um ano e algumas em dois países que gastam mais de dois anos para finalizar o processo. A figura 3.18 compara exatamente o número de regulamentações citadas nos EUA que impactam diretamente as indústrias de construção, de minas e agricultura, com 95% de probabilidade de serem aplicadas nessas indústrias. 62 Analisando o gráfico acima, ao se comparar as três indústrias, pode-se ver que setor de construção sempre foi o mais regulamentado desde 1975, e a diferença durante os anos foi aumentando até o último ano de analise (2014). Analisa-se também os órgãos mais regulamentadores da indústria da construção civil, sendo estes, respectivamente, agências de proteção ao meio ambiente, departamentos de transporte, departamentos do interior e sindicatos trabalhistas. Em adição aos problemas de regulamentação e burocratização na construção civil, está o fato do setor público ser um dos maiores clientes do setor. As empresas estão, portanto, sujeitas à demanda do setor público e ao processo de aquisição de obras públicas, as licitações públicas. Os contratos e concessões públicas são extremamente rigorosos sobre o que deve ser construído e como deve ser construído. É extremamente desafiador para as empresas adotarem melhorias inovadoras e de produtividade quando estão sujeitas à uma flexibilidade tão pequena. Obras públicas de construção tendem também a ser cíclicas - geralmente pró-cíclicas, em contraste com o que teoria macroeconômica sugere - somando-se aos ciclos de expansão e recessão da indústria que dificultam o investimento do empresariado no setor e causam a retenção de mão-de-obra qualificada. Figura 3.18 – Regulamentações que afetam diretamente a Indústria nos EUA Fonte : MGI (2017) 63 3.7.3 Causa Raíz número 3 : A informalidade e o potencial para corrupção distorcem o mercado da construção civil Um dos sintomas mais problemáticos da complexa regulamentação e burocracia que tem-se discutido no setor da construção civil é a prevalência da informalidade e do potencial de corrupção que é reforçado pelas numerosas aprovações, inspeções e autorizações exigidas, muitas das quais vêm com taxas pesadas.A cada passo, há uma oportunidade para suborno ou pagamento, e o grande número de portais processuais torna a ocultação destes crimes muito mais fácil. Estes e outros fatores contribuem para que a construção seja a fonte do segundo maior número de casos de suborno no mundo (somente as indústrias de extração têm mais). De acordo com o índice de facilidade de fazer negócios do Banco Mundial (2017), em muitos países com baixos níveis de corrupção e informalidade, incluindo, por exemplo, Austrália, Dinamarca, Nova Zelândia e Cingapura, o número de autorizações necessárias é baixo e o tempo de aprovação é curto - em alguns casos, menos de um mês. Nesses países, lidar com as permissões necessárias em uma obra adiciona apenas 0,2 a 0,5% do custo da construção de um depósito, por exemplo. Ao se comparar isso com economias como Brasil, Índia e Nigéria, que têm grandes setores informais onde são permitidos atrasos, estes podem se esticar por mais de um ano e os custos adicionais podem subir para cerca de 25% do valor do edifício. Nesses países, a maneira mais fácil de acelerar o processo geralmente é o suborno. Além disso, o acesso ao trabalho informal pode enfraquecer os incentivos para investir nos trabalhadores e treinamentos para os próprios. Em muitos países, a mão-de-obra estrangeira é parte significativa da mão-de-obra total da construção. Embora a maioria desses trabalhadores seja legal, o trabalho informal também pode desempenhar um papel significativo. Nos últimos dez anos, nos Estados Unidos, o trabalho informal chegou a ser de 10% a 15% da força de trabalho, chegando a cerca de 16 por cento no auge do boom da habitação. Mais de 20% da força de trabalho da construção em cinco estados dos EUA (California, Maryland, Nevada, Nova Jersey e Texas) e o Distrito de Columbia é considerado informal. Nos Estados Unidos, estes trabalhadores estão envolvidos principalmente na construção civil, na qual os projetos são em menor escala e sujeitos a menos escrutínio do que projetos civis e industriais. Sem as mesmas proteções legais ou contratos, esses trabalhadores são mais transitórios e é improvável que as empresas forneçam programas de treinamento e outros recursos para melhorar a produtividade destes trabalhadores (MCKINSEY, 2017). 64 3.7.4 Causa Raíz número 4 : A construção civil é altamente fragmentada A fragmentação no setor da construção é generalizada e impede o desenvolvimento crítico suficiente, entre os players do mercado, necessário para catalisar grandes mudanças. Na Europa, empresas com mais de 250 funcionários respondem por menos de 1% de toda as construtoras e contribuem com 21% para a produção do setor, enquanto 94% das empresas têm menos de dez funcionários trabalhando em tempo integral e contribuem com 39% para a produção total do setor. Em suma, a construção europeia é dominada por pequenas empresas de comércio e subcontratantes que muitas vezes são relativamente pouco sofisticados. Esta fragmentação significa que nenhuma empresa é grande o suficiente para ser pioneira e liderar grandes inovações no setor, e há uma falta de competitividade e pressão. As pequenas empresas geralmente se sentem confortáveis em fazer seus pequenos negócios em áreas locais, nem interrompendo nem sendo interrompidas por outras. Um quadro semelhante surge nos Estados Unidos. As quatro principais empresas do setor de construção dos EUA controlam apenas 6% do mercado, comparado com 14% no varejo e 42% no refino petroquímico, para dar apenas dois exemplos. Se as próximas 16 maiores empresas também forem levadas em conta, a fragmentação é mais pronunciada. As 20 maiores empresas representam apenas 8% do mercado, comparadas com 18% e 94% no varejo e petroquímicos, respectivamente (MCKINSEY, 2017). Uma indústria que é fragmentada, é geograficamente dispersa, oferece alta customização e as soluções que atendem aos requisitos personalizados também acabam sendo muito opacas. Em muitos países e setores, é quase impossível encontrar bons dados de benchmarking sobre o custo de projetos ou desempenho dos contratantes. Clientes de pequeno e médio porte, em particular, não podem contratar facilmente a melhor empresa e talvez tenha que se conformar com uma empresa local cuja especialidade, preços e técnicas são difíceis de comparar com os de seus concorrentes. Isso age como um desincentivo para os players na indústria para melhorar sua produtividade como uma fonte de vantagem competitiva. Mesmo dentro da construção, parece que o grau de fragmentação tem uma grande significância e impacto na produtividade, fatos que são expressos no gráfico da figua 3.19. 65 Os segmentos menores de comércio especializado e os modeladores são os mais altamente fragmentados e têm a menor produtividade, é o caso dos serviços de pintura e isolamento por uso de drywall. Em contraste, a construção de oleodutos e gasodutos são altamente consolidados e altamente produtivos. Mesmo muito fragmentados, os serviços de construção de edificações comerciais e industriais performam bem no que diz respeito à produtividade, quando comparados a outros subgrupos. Figura 3.19 – Produtividade dos Subgrupos da Construção Civil Fonte : MGI (2017) 66 3.7.5 Causa Raíz número 5 : Os processos de design e investimentos são inadequados O projeto de construção tem várias ineficiências, incluindo a falta de padronização e grandes lacunas entre projeto e construção devido a atrasos e continuidade limitada. A indústria não tende a reutilizar projetos e, portanto, está inclinada a oferecer serviços sob medida soluções particulares para cada cliente. Existem opções padronizadas insuficientes para os proprietários e esses proprietários muitas vezes não têm portfólios suficientemente grandes para exigir ou justificar investimentos em projetos padrão. Isso impede o setor de incorporar de maneira mais eficaz alguns componentes em design. Desde 2000, a modularização de projetos aumentou em menos de 5%, de 1,7% para 6,2% .33 Isso é importante porque a padronização e a modularização têm efeitos significativos na produtividade (CII Performance Assessment System, 2015). De acordo com a McKinsey (2017), em habitações residenciais, os engenheiros que constroem sob especificidades normalmente usam um punhado de designs que são altamente repetíveis e geralmente construídos em larga escala em grandes subdivisões, como é no caso de condomínios. No entanto, os construtores de casas unifamiliares tradicionais usam designs personalizados e constroem uma casa de cada vez. Não é novidade que os engenheiros ao construir condomínios são mais de três vezes mais produtivos que os construtores de casas unifamiliares, como é expresso pelo gráfico abaixo : O gráfico da figura 3.20 permite a interpretação de que a produtividade do trabalho em construções de condomínios é muito maior que em construções de habitações multifamiliares e quase três vezes maior que no caso de construções unifamiliares e de reforma, respectivamente, numa escala de repetição e padronização, da maior para a menor produtividade. Os valores sobre as colunas são referentes ao valor adicionado real anual por trabalhador envolvido no projeto. 67 Na habitação, há uma percepção de que o design repetitivo é insípido e genérico, reduzindo a demanda por habitação padrão em áreas residenciais mais ricas e até mesmo de classe média. Os mesmos receios são evidentes em diversos outros subgrupos da construção civil onde existem oportunidades amplas para comentários do público e aprovações de projeto antes de iniciar obras de, por exemplo, infra-estrutura. Há um preconceito contra projetos padronizados e uniformes em favor de atraentes opções sob medida. No entanto, construções mais recentes com designs replicáveis demonstraram que os edifícios resultantes podem ser esteticamente agradáveis. A Google, porexemplo, está avançando com uma nova sede em Mountain View, na Califórnia, que empregam construção modular e espaço reconfigurável, enquanto aparecem como referência arquitetônica para toda a área. Outros fatores que pesam contra o desenvolvimento em larga escala na construção incluem a fragmentação de sede, para montagens, códigos de construção altamente variados e fragmentação entre proprietários das construtoras, empreiteiros e fornecedores de materiais (MGI, 2017). Figura 3.20 – Produtividade do Trabalho por tipo de construção residencial Fonte : MGI (2017) 68 3.7.6 Causa Raíz número 6: Gerenciamento de projetos e execução básica insatisfatórias Os projetos sofrem grandes atrasos de tempo e custo não só devido à atenção insuficiente dada, pelos engenheiros, em seu estágio inicial, mas também por uma incapacidade de executar projetos de forma eficaz. No setor de construção civil, as empresas precisam prestar mais atenção ao gerenciamento e execução de projetos, nos quais muitas vezes, a falta de comunicação, a falta de front-end (coleta de dados de entrada de usuários) suficiente, e a baixa adesão aos processos de planejamento colaborativo levam a altos níveis de alterações de pedidos durante o ciclo de vida dos projetos. Isso diminui a produtividade, forçando paralisações, necessitando de retrabalho e interrupção de fluxos de materiais e mão-de-obra (MCKINSEY & CO, 2017). Muitas vezes, é a transição do planejamento para a construção que vai mal e encaminha toda a execução do projeto para aparecimento de falhas. De acordo com os dados de benchmarking do CII (2015), projetos que incorporam ativamente o "planejamento para a inicialização"(planejar antes de executar) em seu gerenciamento de projetos, em média, reduzem o desvio de tempo do cronograma em 5,6 pontos percentuais e reduzem o desvio de custo em 7,9 pontos percentuais, em comparação com projetos que não têm um plano de inicialização executado. 3.7.7 Causa Raíz número 7 : mão-de-obra desqualificada Há um descompasso entre as demandas do setor de construção e a capacidade da força de trabalho disponível. Em todo o mundo, a mão-de-obra no setor de construção está envelhecendo e possui baixa habilidade, o que torna a implementação das mudanças necessárias para alcançar melhorias de produtividade mais desafiadoras, a menos que se mude para a automação total. Existe uma grande fração de trabalhadores na construção civil de baixa ou média qualificação. Os entrevistados do MGI Construction Productivity Survey (2015) classificaram a mão- de-obra pouco qualificada como a terceira causa raiz mais importante depois de projetos ruins e estruturas de contratação ultrapassadas. Era uma questão particularmente importante para os proprietários, que, em média, classificaram a questão do trabalho de 15 a 20 por cento mais relevante do que os empreiteiros. Isso sugere que os contratados devem precisar prestar mais 69 atenção ao desenvolvimento de sua força de trabalho, a fim de atenuar as preocupações do clientes que eles servem. Compondo o problema de qualificação da mão-de-obra do setor é o fato de que a força de trabalho na construção está envelhecendo, o que dificulta a adoção de produtos digitais mais produtivos e outras técnicas de construção. A participação no setor de empregados com 45 anos ou mais aumentou de 32% para 50% entre 1985 e 2010. Os trabalhadores mais velhos são menos propensos a serem receptivos ao treinamento necessário para implementar uma tecnologia mais recente (NG e FELDMAN, 2012). Segundo Ling, Leow e Lee (2016), um fator que parece estar em jogo é que a indústria da construção tem uma imagem de ser maçante entre a última geração de engenheiros de alto talento e gerentes interdisciplinares que podem executar projetos de complexidade substancial, e eles parecem preferir usar seus talentos em outras áreas de domínio. 3.7.8 Causa Raiz numero 8 : Pouco investimento em digitalização, inovação e capital Mesmo que o setor tivesse uma força de trabalho qualificada de alto nível, as empresas de construção hoje investem muito pouco na tecnologia e nas ferramentas digitais que lhes permitiriam alcançar ganhos significativos de produtividade. A construção está entre os setores menos digitalizados do mundo, segundo o índice de digitalização da MGI (2015), que combina dezenas de indicadores para fornecer um quadro abrangente de onde e como as empresas estão desenvolvendo ativos digitais, expansão do uso digital e criação de uma força de trabalho mais digital. No índice de digitalização, nos Estados Unidos, a construção vem em penúltimo lugar, à frente apenas da agricultura. Na Europa, a construção está na última posição. O índice descobriu que existem deficiências específicas na capacidade do setor de usar ferramentas digitais para facilitar as interações dos stakeholders e na taxa de crescimento das ferramentas digitais disponível para a mão-de-obra da linha de frente. O investimento do setor em tecnologia da informação e comunicação é fraco em comparação com outros setores. Na Alemanha, por exemplo, o setor de construção investiu apenas 0,7% do seu valor bruto adicionado anualmente entre 1991 e 2007 em ativos digitais. Em comparação, setor de intermediação financeira investiu 4,3% e o manufatureiro 1,8%, e a média de todas as indústrias foi o triplo da participação de investimento na construção em 2,3%. Observa-se a mesma situação no setor de construção dos EUA, onde 70 1,5% do valor acrescentado bruto foi investido em comparação com 5,7 por cento no intermediação, 3,3% na manufatura e a média geral de 3,6% (MGI, 2015). Existe uma correlação robusta entre o nível de digitalização em um setor e o crescimento de sua produtividade nos últimos dez anos, como pode ser observado na figura 3.21. Pode-se concluir pelo gráfico da figura 3.21 que a taxa de crescimento da produtividade em um setor está fortemente ligada ao nível de digitalização no próprio. A construção civil, neste índice, está atrás de mercados antes parelhos em concorrência, como o manufatureiro, agricultura, minas e energia (petróleo e gás). Já o setor de tecnologia da informação (TI) e comunicações, altamente digitalizado, é também altamente produtivo, sendo referência neste estudo. Há exemplos comprovados de empresas na construção e em outros setores usando tecnologias digitais e alcançando grandes ganhos de produtividade. O setor de mineração usa inovações digitais para melhorar a produtividade e encontrar novas maneiras de gerenciar a variabilidade (MCKINSEY&CO, 2015). Figura 3.21 – Crescimento de Produtividade x Índice de Digitalização Fonte : MGI (2017) 71 Na década de 1970, as principais empresas aeroespaciais foram pioneiras na modelagem 3D auxiliada por computador que transformou a maneira como as aeronaves foram projetadas e impulsionou a produtividade do setor em até dez vezes. No entanto, a indústria da construção ainda não adotou uma plataforma integrada que abrange planejamento, projeto, construção, operações e manutenção. Em vez disso, a indústria ainda depende de ferramentas de software sob medida. Além disso, proprietários de projetos e contratados geralmente usam diferentes plataformas que não são sincronizadas umas com as outras (MCKINSEY&CO, 2016). MUDANÇAS VISANDO O AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL E AS VANTAGENS ATRELADAS A ESSE AUMENTO 3.8.1 Mudança número 1 : Reformulação das regulamentações e aumento de transparência Políticas governamentais que indicam o que - e como - construir, fornecem uma estrutura de trabalho dentro da qual todos os players do setor devem operar. As políticas tendem a se desenvolver ao longo de décadas ou mesmo séculos, de forma fragmentada e reativa, e não de maneira organizada e inovadora. Isso tem um impacto na eficácia do setor e sua produtividade. As regulamentações que garantemque a construção seja segura, bem planejada e ofereça qualidade são vitais, mas esses objetivos podem ser entregues simultaneamente em busca de maior produtividade. A política pode promover poderosamente as melhores práticas em, por exemplo, padronização, escala e investimento em inovação. Medidas coordenadas precisam ser tomadas em todos os níveis - local, regional e federal - para se conseguir uma reforma eficaz. O projeto da International Construction Measurement Standard, por exemplo, visa fornecer consistência global na classificação e apresentação dos custos de construção do projeto individual para o nível internacional, possibilitando análises comparativas entre países e fornecendo benchmarks apropriados. A regulamentação também pode ser usada para superar a crescente fragmentação de propriedades de áreas edificáveis, o que também tem implicações negativas substanciais para a produtividade. Em todo o mundo, a proporção de terras residenciais ocupadas por “assentamentos atomísticos” (habitações unifamiliares) aumentou significativamente desde a última década do século XX, de 22% para 31% de terras residenciais (MGI, 2017). 72 3.8.2 Mudança número 2 : Ligação da estrutura contratual Projetos de construção civil vêm com um tipo de tensão interna entre proprietários do empreendimento (clientes ou incorporadoras), que desejam o menor custo e menor prazo, e contratados (empreiteiros ou terceirizados), que querem maximizar seu lucro. Tal conflito pode inibir a comunicação e a cooperação, resultando em reivindicações e variações que extrapolam orçamentos e prazos e comprometem a produtividade (MGI, 2017). Segundo a MGI Construction Productivity Survey (2015), muitos entrevistados identificaram os contratos no setor como sendo desalinhados e sua estrutura como uma das duas principais causas de baixa produtividade na indústria da construção. Os maiores problemas contratuais citados foram a suspeita e a desconfiança geradas pelo processo de licitação, a incapacidade de incorporar adequadamente as incertezas do projeto nos contratos e o compartilhamento ineficiente de riscos entre todas as partes interessadas, incluindo os subcontratados. Uma falta de transparência e confiança entre as várias entidades no local de trabalho também inibe as melhorias em produtividade, mas raramente os proprietários oferecem incentivos para os contratados colaborarem. Além disso, os proprietários tendem a escolher um contratado com base em sua forte reputação no mercado ou o menor preço de oferta, sem qualquer diligência além das informações financeiras da empresa. Pouca importância é dada às capacidades, desempenho e qualidades diferenciadoras dos empreiteiros. Uma análise recente da McKinsey&Co sobre grandes projetos de investimento encontrou um custo médio de 80% em excessos no setor devido a mudanças nos pedidos. A análise constatou que todas as partes envolvidas nos projetos contribuíram para a mudança de ordens, cuja implicação é necessária para que todos os stakeholders promovam uma colaboração melhorada e profunda. Proprietários de projetos, designers, contratados, subcontratantes e fornecedores de materiais, todos precisam desempenhar seu papel na promoção de melhorias e colaboração que ajuda a aumentar a estabilidade e previsibilidade do processo, aumentando assim a produtividade dos processos do projeto (MCKINSEY & CO, 2016). 3.8.3 Mudança número 3 : Repensar o design e os projetos de engenharia Devido ao grande número de variações nas especificações dos projetos, estes geralmente se tornam muito especializados, o que torna difícil o trabalho em conjunto de contratantes e 73 fornecedores de forma eficiente e resulta em baixa produtividade. O processo de design precisa ser simplificado e se tornar mais colaborativo, e a repetibilidade dos desenhos encorajada, para impulsionar a escala na produção de elementos utilizados em projetos de construção. O ato de se projetar cedo, tem o maior potencial para influenciar o eventual custo de um projeto. Reduzir o overdesign, melhorar a coordenação, remover a ambigüidade e criar um design construtível e econômico que maximize a quantidade de componentes que podem ser produzidos fora do local têm um impacto significativo no resto do processo de construção (SCOTT e O’ROURKE, 2017). O gasto de capital em materiais, tipicamente 50% do custo total de construção, seria mais baixo; o número de erros cairia; e redução do número de elementos que estão instalados iria acelerar a construção. A Implementação completa das melhores práticas de design e processos de engenharia, pode oferecer grandes melhorias de produtividade e é a chave para qualquer mudança para uma produção em massa como o sistema de produção manufatureiro (MGI, 2017) . 3.8.4 Mudança número 4 : Melhorar a aquisição e gestão da cadeia de abastecimento (supply-chain) Compras efetivas e gestão da cadeia de suprimentos são comprometidas pela fragmentação da indústria da construção. O fraco desempenho em ambos é responsável por um parcela significativa de todos os prazos e custos excedentes no setor, comprometendo a produtividade. Pesquisas conduzidas pela McKinsey Procurement Practice (2015) indicam que a construção é um dos setores menos sofisticados nas práticas de aquisição e cadeia de suprimentos. Empresas pode pagar mais de 15% por materiais e serviços, enquanto a fraca gestão da cadeia de suprimentos é responsável de 10% a 30% do custo e do tempo excedido. Assegurando que os materiais e serviços são entregues no prazo, reduz-se o desperdício, as dificuldades de programação e alterações de pedidos de clientes; e maximiza a utilização de recursos, o que gera maior produtividade. 3.8.5 Mudança número 5 : Melhora dos serviços de campo, no canteiro de obras Apesar do desejo e compromisso da indústria da construção de melhorar a maneira como os serviços são executados in situ, ou seja, no canteiro de obras, as curvas de melhoria de 74 produtividade do setor sugerem que a indústria até agora não conseguiu fazê-lo. A execução de projetos de construção é uma dos principais desafios gerenciais. Os projetos podem ter vários subcontratantes e centenas de trabalhadores no local que nunca trabalharam juntos antes. Enquanto a engenharia e as empresas de construção tentam implantar programas sofisticados de gerenciamento, a realidade é que apesar desses sistemas, a indústria se esforça para entregar projetos dentro do orçamento e dentro do prazo. Os esforços atuais para melhorar a execução de serviços de campo muitas vezes dependem de aspectos históricos e não modernos (ZABELLE, 2017). Esta situação persiste até hoje na indústria da construção. A gestão do trabalho no local é um complexo e dinâmico desafio muitas vezes deixado para encarregados e mestres-de-obra que podem não ter o conhecimento, treinamento e ferramentas necessárias para realizar seu trabalho de maneira eficaz. Outro problema é a crença, entre muitos gerentes, de que os trabalhadores não querem trabalhar eficientemente, levando à adoção de abordagens que muitas vezes resultam em consequências não intencionais. Estas abordagens incluem a acumulação de grandes estoques de materiais de entrada, a aplicação do Método do Caminho Crítico (CPM) para gerenciar a execução do trabalho e o desejo de mover o trabalho às oficinas externas de fabricação e montagem. Modelos de contratação que pretendem mitigar e / ou controlar os risco de mudança também contribuem para incentivos conflitantes que resultam em custos e programação excedente, que os superintendentes e encarregados devem resolver. Enquanto algumas destas medidas têm tratado os sintomas do problema, as mesmas têm sido ineficazes em encontrar as verdadeiras causas raiz (MGI, 2017). 3.8.6 Mudança número 6 : Inserção de tecnologia digital, novos materiais e automação avançada Existem quatro principais tendênciasdigitais capazes de permitir que a indústria da construção consiga suas mudança na produtividade, principalmente melhorando a coordenação e a transparência (MGI, 2017) : a) Próxima geração BIM-5D : ferramentas de design virtual como o BIM permitem a “geminação virtual” de projetos. Isso envolve a criação de uma representação digital do espaço físico e das dimensões espaciais de um projeto, o que ajuda os envolvidos a tomar decisões mais efetivas e rápidas. Além disso, a tecnologia 75 5D adiciona camadas de prazo (cronograma) e custo à representação 3D (MGI, 2017). b) Colaboração e mobilidade digital : empresas de construção estão se afastando de processos pesados de papel, substituindo-os por fluxos de trabalho digitais que abrangem etapas do conceito do projeto ao comissionamento. Eles assumem a forma simples, intuitiva e de aplicativos amigáveis que permitem colaboração e comunicação em tempo real entre equipes, muitas vezes carregadas em dispositivos portáteis e móveis que ajudam a rastrear a produtividade da força de trabalho. c) Levantamento por Geolocalização : tradicionalmente, a indústria usava medição de distância para topografia, que era altamente trabalhosa. Agora fotogrametria e sistemas de posicionamento por satélite que produzem imagens de alta resolução estão sendo introduzidos, como os programas baseados em Global Position System (GPS) ou Sistema Global de Localização, mas o tempo de pós- processamento necessário para converter as informações em dados utilizáveis o torna mais útil para grandes áreas, não sendo muito viável em pequenas construções. d) Internet das coisas e análises avançadas : Através da Internet das Coisas, sensores e comunicação; a chamada Near Field Communication (NFC) pode ser usada para rastrear a utilização e desempenho de ativos e equipamentos de construção. Eles capturam dados em tempo real de equipes, equipamentos e fornecedores, para permitir que os contratados simplifiquem suas cadeias de suprimentos, conciliando o estoque de material com disponibilidade física e analisando a produtividade. Empresas também têm a oportunidade de implementar análises avançadas baseadas em padrões e tendências (insights) sobre a produtividade dos projetos e tomada de decisões no dia-a-dia. 3.8.7 Mudança número 7 : qualificação da mão-de-obra De acordo com a MGI (2017), existem três meios eficazes de melhorar a qualificação do trabalho, uma das causas raízes da baixa produtividade na construção civil. 76 O primeiro método é o desenvolvimento de modelos de aprendizagem fortes. A aprendizagem é uma forma estabelecida e bem sucedida de garantir um fluxo de trabalhadores para a indústria. No entanto, em vários países, as oportunidades de acesso à informação e aprendizagem são insuficientes. No Reino Unido, estima-se que 42.000 aprendizes por ano são necessários para atender a demanda, mas apenas 18.000 estavam matriculados em 2014. Nos Estados Unidos, não houve aumento significativo de aprendiz, mesmo quando a indústria se recuperou da recessão ( UK House of Commons Library, 2015). Outro método se refere a qualificação dos profissionais mais especializados do setor da construção. Para os intitulados trabalhadores de primeira linha de uma empresa de construção (engenheiros, supervisores e gestores), a pesquisa da McKinsey’s Practice Organization (2015), sobre aprendizagem de adultos e o desenvolvimento de suas capacidades, sugere que os adultos tendem a aprender melhor quando as lições de “fórum” em sala de aula são fortemente complementadas pelo trabalho de campo prático, que permite que o ciclo de aprendizagem seja completado e internalizado em hábitos eficazes. Aplicado à construção, que recentemente voltou seu foco para a aquisição de certificações de gerenciamento de projetos, lições de livros didáticos tipicamente tendem a ter menos impacto do que o esperado, a menos que estejam emparelhados com uma pronta aplicação de campo para que os trabalhadores possam incorporar lições práticas aprendidas. Além disso, em organizações onde existe o treinamento dessa linha de frente, a qualificação tem se concentrado em uma única habilidade, como a instalação de isolamento em gesso drywall, que não prepara o trabalhador para um cargo de nível de supervisão no futuro. Esta multiespecialização de treinamento está cada vez mais fora de sintonia com uma indústria na qual a nova tecnologia necessita quebrar as barreiras dos negócios tradicionais, com as disciplinas se tornando mais interligadas do que sequenciais (BURLESON, 1998). O último método se refere ao investimento na gestão do conhecimento. A tecnologia prepara melhor os trabalhadores para se comunicar uns com os outros e aproveitar os canais informais para compartilhar as melhores práticas. Empresas precisam criar uma cultura na qual o compartilhamento de conhecimento no local de trabalho seja incentivado e recompensado. Pequenas melhorias de eficiência individuais comunicadas a outros trabalhadores podem trazer grandes melhorias para um projeto. Investimento em sistemas de gestão do conhecimento, incluindo ferramentas de software, intranets de empresas e bibliotecas, permitem que melhores sejam compartilhadas entre diferentes equipes nos projetos (MGI, 2017). 77 4 METAS E INDICADORES DE PRODUTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL CONCEITUAÇÕES 4.1.1 Metas A meta pode ser definida como um indicador no qual seu cumprimento deve ser atingido num determinado período de tempo, sendo este período de tempo definido com base em um planejamento estratégico. O conceito de meta vem da quantificação de um objetivo, e pode ser qualificada em dois segmentos, sendo eles instrumental ou de desempenho e estilista. As metas instrumentais são expressas através de dados e informações quantificadas, como metas financeiras de uma organização, pois podem reter algum valor extrínseco. Já as estilistas, possuem valores intrínseco, sendo assim de caráter qualitativo. Um exemplo disso, seria uma empresa ter como meta estilista o reconhecimento como referencial de excelência em gestão em seu setor (ACKOFF, 1970). Nesse contexto, torna-se importante diferenciar metas de objetivos. De acordo com De Paula (2016), objetivos representam um desejo ou intenção de realizar uma determinada tarefa, enquanto as metas representam o fim específico e quantificado para esta mesma tarefa. Pode- se dizer que os objetivos fornecem uma direção para tal execução e metas são esses objetivo quantificados. Considerando os conceitos anteriormente citados sobre metas e a premissa que aquelas são positivas para as instituições e organizações, diferentes autores estudaram-as. Locke e Latham (1990, 2006) são dois dentre os principais. Os autores desenvolveram uma teoria sobre metas seguindo a mesma ideia de que metas trazem efeitos positivos para as organizações. Esta teoria consiste no aumento de desempenho de uma organização através de um conjunto de metas previamente estabelecidas, o chamado plano de metas. Foram observados alguns benefícios que as metas de desempenho trouxeram para os trabalhadores de uma organização, como o estímulo à motivação, ganho de persistência e noção de direção no trabalho. Estas metas de desempenho devem ser construídas segundo três vertentes : desafiadora, específica e atingível. As metas desafiadoras devem ser priorizadas quanto às de fácil alcance, pois estas últimas não são tão motivadoras nem elevam o patamar da empresa como as desafiadoras. Porém, em relação a estas últimas, é preciso dosar o grau do desafio, para que estas metas sejam atingidas, ou seja, os trabalhadores sabem que a meta não representa algo que permanece no 78 plano da idéias, e sim algo concreto e alcançável. As metas devem também ser específicas, para se direcionar o que fazer e com clareza, sem que haja dúvidas. Estas três características que embasam as metasde desempenho aumentam a produtividade e melhoram os resultados em uma empresa (LOCKE; LATHAM, 1990, 2006; TOSI, 1991). Yearta, Maitlis e Briner (1995) notaram que várias organizações que têm por objetivo a melhora dos resultados em uma empresa, utilizam o plano de metas para motivar seus empregados. Logo, os autores fizeram uma pesquisa para a verificação da relação entre metas definidas por meio de um processo participativo e desempenho organizacional. Os resultados da pesquisa mostram que a participação dos trabalhadores na definição do plano de metas influencia positivamente o desempenho dos próprios, reforçando a hipótese inicial de que metas motivam as pessoas. É importante notar que os autores que defendem as metas como grande fator motivacional em uma empresa, argumentam que na mente dos empregados, o sucesso em alcançar uma meta traz um tipo de recompensa, nem sempre monetária ou até mesmo tangível, mas uma recompensa interna, como um sentimento de orgulho ou auto-reconhecimento por ter cumprido o que se dispôs a fazer. Por exemplo, se o presidente de uma empresa pede a um analista que faça um relatório e este último o executa de maneira correta e bem feita, mesmo sem benefícios financeiros por isto, o analista sente-se recompensado interiormente (FRIED; SLOWIK, 2004). Fried e Slowik (2004) acrescentam uma importante variável na análise de metas, além daquelas já citadas, o fator tempo. Assim, além de desafiadora, específica e atingível, deve ser dado ao empregado um tempo que seja suficiente para que aquele cupra a meta. Observa-se também que para que as metas não sejam esquecidas e perdidas de vista, estas metas devem ser descritas e formalizadas, e mensuráveis, para serem quantificadas e assim determinísticas, assim é possível se alcançar um desempenho superior (GEORGE, 2006). Medlin e Green Júnior (2009) verificaram se a utilização de metas aumenta o engajamento das pessoas, seu otimismo e desempenho. O resultado mostra que a produtividade, o engajamento e o otimismo das pessoas foram impactados positivamente. Apesar de reafirmar os conceitos estabelecidos pela teoria das metas, é importante notar que este estudo possui limites de interpretação, pois o mesmo foi realizado baseando-se apenas na percepção pessoal dos entrevistados, e não em dados específicos gerados pela produtividade das pessoas. Boyne e Chen (2007) também contribuíram para o estudo dos planos de metas ao realizar uma pesquisa em organizações de ensino público na Inglaterra, com o objetivo de verificar se o estabelecimento de um plano de metas aumentava o desempenho destas 79 organizações. O estudo foi feito entre 1998 e 2003 e as conclusões constataram que essa relação era estatisticamente verdadeira, corroborando a teoria das metas nas instituições públicas pesquisadas. Chua e Lee (2007) realizaram um estudo prático explicitando a importância do planejamento das metas de aprendizado para o desenvolvimento de uma organização. Os autores mostraram que é possível ajudar a organização a aumentar o seu aprendizado, definindo metas personalizadas e coletivas dentro de um modelo planejado, refletindo assim no aumento do desempenho. Constatou-se então que muitos estudos e pesquisas corroboram e complementam a teoria das metas, porém sua aplicação pode garantir o sucesso de uma organização, pois os resultados obtidos por diversas organizações são muito variáveis. Logo, é importante o estudo dos autores que discordam da teoria citadas ou impõem-na limites (COUTO, 2011). Ordóñez et al. (2009), indo em contrapartida ao uso indiscriminado da teoria das metas, destacam que seu uso pode afetar negativamente a saúde de uma empresa, se a teoria for utilizada sem conhecimento prévio. Chu (2004) observou através de uma pesquisa que 83% das empresas americanas que utilizavam o sistema de remuneração por alcance de metas para obter maior desempenho, possuíam algum problemas em sua plano de metas, fazendo assim com que aquele sistema não funcionasse por completo ou em parte. Este problema ficou evidenciado em organizações americanas e provavelmente ocorreria nas demais. Pflaeging (2009) notou que um número cada vez maior de líderes empresariais está notando que as metas de desempenho não estão levando as empresas a um desempenho superior, apesar dos mesmos reconhecerem a importância destas metas na prática. O autor constatou que existe algum problema com o plano de metas utilizado pelas empresas e que a economia e a sociedade estão em constante transformação e desenvolvimento, enquanto que os princípios dos modelos de gestão continuam os mesmos de décadas atrás. 4.1.2 Indicadores de Produtividade Paladine (2002) considera que existem três tipos básicos de indicadores, em relação os ambientes de produção da qualidade, que são: indicadores de desempenho; indicadores de suporte e os indicadores de qualidade. 80 A primeira definição sobre os indicadores de qualidade e produtividade refere-se à definição dada por Paladini (2002). Indicador da qualidade e da produtividade são mecanismos de avaliação formulados em bases mensuráveis. Logo, a primeira condição para que exista um indicador é que exista uma forma de quantificar o que se deseja avaliar (PALADINI, 2002). A tabela 4.1 evidencia as características particulares de cada indicador. Tabela 4.1 - Características principais sobre os indicadores em relação aos ambientes de produção Fonte : Paladini (2002) 81 A partir da tabela 4.1 tem-se uma percepção maior da atuação dos três tipos de indicadores nos ambientes de produção da qualidade. É importante reforçar o que cada indicador avalia. Os indicadores de desempenho avaliam exatamente o desempenho dos processos de produção; indicadores de suporte medem propriamente as ações de suporte ao processo, quais e quantas ações são tomadas para auxiliar o processo, já o impacto dessas ações é avaliado por indicadores de qualidade. Todos esses fatores afetam diretamente a produtividade dos processos. Para o NORIE (2007), considerando a situação específica a que for aplicado, o indicador deve atender aos seguintes requisitos: a) Seletividade: o indicador deve estar relacionado a fatores essenciais ou críticos do processo a ser avaliado, identificados a partir de uma perspectiva estratégica. b) Representatividade: o indicador deve ser escolhido ou formulado de forma que possa representar satisfatoriamente o processo ou produto a que se refere. c) Simplicidade: deve ser de fácil compreensão e aplicação principalmente para aquelas pessoas diretamente envolvidas com a coleta, processamento e avaliação dos dados. d) Baixo custo: deve ser gerado a custo baixo. O custo para coleta, processamento e avaliação não deve ser superior ao benefício trazido pela medida. e) Acessibilidade (transparência): os dados para cálculo do indicador devem ser de fácil acesso, transparentes (mostrando exatamente a situação em que os processos se encontram) e estarem disponibilizados, preferencialmente, através de mecanismos visuais. f) Estabilidade: devem ser coletados com base em procedimentos rotinizados incorporados às atividades da empresa e que permitam sua comparação ou a análise de tendências ao longo do tempo. g) Abordagem experimental: é recomendável desenvolver, inicialmente, os indicadores considerados como necessários e testá-los na prática. h) Comparação externa: alguns indicadores devem ser desenvolvidos para permitir a comparação do desempenho da empresa com o de outras empresas do setor ou empresas de outros setores, a fim de que possam ser utilizados como benchmarks e na avaliação da competitividade da empresa dentro do seu setor de atuação. i) Melhoria contínua: os indicadores devem ser periodicamente avaliados e, quando necessário, devem ser modificados ou ajustados para atender as mudanças no ambiente organizacionale não perderem seu propósito e validade, 82 sempre buscando a melhoria contínua, em métodos como o Plan, Do, Check, Act (PDCA). ELABORAÇÃO 4.2.1 Como elaborar metas nas empresas Qualquer empresa precisa estabelecer metas, que relacionada à uma variável de tempo, definem qual caminho seguir e quais processos a organização deve alterar ou manter para que seu objetivos específicos e quantificados sejam atingidos. Marques (2018) cita cinco maneiras de como uma empresa deve estabelecer metas em uma empresa. A primeira maneira é através da análise de receita bruta. Muitas organizações desejam aumentar seu faturamento, porém, esta é uma ideia vaga. De acordo com a teoria de metas, uma meta deve ser objetiva, quantificada e possível de ser realizada (GEORGE, 2006). Logo, deve- se buscar um aumento específico em porcentagem no número de vendas dentro de um prazo viável, para aumento da receita bruta da empresa. A segunda maneira diz respeito aos custos de produção. Os custos de produção são considerados custos variáveis, ou seja, é possível negociar preços com fornecedores na compra de mais matéria prima, diminuindo os custos de produção. Como o lucro de uma empresa é basicamente, a subtração entre receita e custos, a análise, mesmo que simplória, dos dois fatores juntos, indica uma análise geral de lucro financeiro para a empresa. Desta maneira, a metas viriam através da redução dos custos, por quantia monetária ou porcentagem. O terceiro método passa por criar metas que avaliem a satisfação dos clientes, em porcentagem, para um determinado tipo de produto, durante um tempo específico pré estabelecido. A conquista de novos clientes e fidelização destes e inclusive dos antigos, pode criar um bom índice que meça a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela empresa. A quarta maneira de se estabelecer metas é através da qualidade da mão-de-obra. Como a meta deve ser quantificada, neste quesito pode-se estabelecer metas que relacionem a quantidade de investimento da empresa (para treinamento de seus funcionários), com a qualidade dos serviços executados dentro de um prazo específico. Um bom indicador para se analisar se a meta foi alcançada, no caso, seria a diminuição de defeitos e falhas no produto final, ou a redução de retrabalho. 83 A última forma passa pelo estudo de turnovers de uma empresa num espaço determinado de tempo. O turnover indica a rotatividade da mão-de-obra em uma empresa. Metas possíveis seriam através da análise do tempo que cada funcionário ou equipe permanece na empresa, tendo em vista que um funcionário que seja mais antigo na empresa, conhece melhor a cultura daquela e geralmente consegue atingir as metas com mais eficiência, quando ainda motivado (MEDLIN; JÚNIOR, 2009). 4.2.2 Indicadores de Produtividade Segundo Werner (2018), a elaboração de indicadores deve se dar junto à criação do plano de negócios de uma empresa. Estes indicadores visam gerar uma melhora real e significativa nos processos, tendo em vista atender as necessidades dos clientes, funcionários, comunidade e meio ambiente. São chamados de indicadores inteligentes pelo fato de de sua contribuição real nas metas previstas, pois muitas vezes, indicadores mesmo que bem intencionados, não produzem efeito algum na melhora dos processos de uma atividade, pois foram mal elaborados para atendimento das necessidades dos stakeholders, logo não foram inteligentes. Para chegar-se a indicadores inteligentes, são precisos alguns passos descritos abaixo : Estudo dos stakeholders : entender os anseios e necessidades dos clientes, funcionários, comunidade e meio ambiente devem ser o ponto de partida. Por exemplo, no caso de clientes de um certo serviço, os problemas devem ser resolvidos o mais rápido possível, logo num primeiro contato, de maneira eficiente e definitiva. Para se chegar a esse objetivo, é preciso perguntar ao cliente o que ele espera do serviço e estar pronto para ouvir as críticas e extrair delas melhorias; identificação das demandas por falha ou demandas de valor : são aquelas que podem ser exemplificadas como reclamações de clientes, retrabalho dos funcionários aumentando o tempo total de execução do trabalho, erros de logística e problemas na qualidade. De maneira geral, são os desperdícios. Para sua identificação, é fundamental sair do escritório e conhecer melhor os pontos de interação da empresa . Demandas por falha chegam a consumir 50% do tempo e recursos de uma equipe (WERNER, 2018); 84 definição de novos processos e indicadores : quando identificada a falha em algum processo anterior, este processo deverá ser aprimorado, gerando um novo processo, num processo de melhoria continua até que se elimine por completo ou quase completamente as demandas por falhas. É imprescindível a participação dos funcionários e de todos que atuam nesses processos, pois são esses que conhecem os problemas na prática a fundo, oferecendo soluções simples que serão de suma importância para o sucesso da empresa e o alcance das metas. É importante salientar que o simples foco em reduzir os custos pode não ser uma boa estratégia, uma vez que o não atingimento da satisfação do cliente pode levar os funcionários a refazerem os mesmos processos, acabando por fim aumentando os gastos e desperdícios de recursos. O alvo deve ser sempre a agregação de valor no produto final para o cliente, o que acaba o fidelizando e também diminuindo os custos a longo prazo. Werner (2018) ainda realça dois pontos a serem considerados na realidade empresarial, descritos abaixo : Autonomia na ponta : mesmo sendo uma verdade contraintuitiva, a autonomia na ponta (autonomia para os trabalhadores em cargos inferiores) é muito importante, assim como nem sempre é eficaz o aumento de processos de controle; metas bem definidas : as metas, por definição, são objetivos quantificados, logo não são arbitrárias, e sim bem pensadas e planejadas. Metas arbitrárias a princípio, geram resultados menos daqueles esperados como potencial máximo do sistema. De acordo com Paladini (2002), o estabelecimento de um indicador se deve à múltiplos fatores, os quais são especificados na tabela 4.2. 85 Através da tabela 4.2, interpreta-se que a primeira coisa a ser estudada no processo é o elemento envolvido no processo que pode estar afetando a produtividade do processo. Esse elemento pode ser considerado o problema causa, como desperdício, motivação baixa da mão- de-obra e rotatividade da própria. Após, é preciso se estabelecer o fator que causa esse problema. Por exemplo, dentro do elemento motivação, o que precisa ser estudado são as pessoas envolvidas no processo, pois por algum motivo essas pessoas não estão motivadas, levando à última coluna da tabela, a medida. Continuando o exemplo, para motivação, a medida é o número de pessoas que estão sendo afetadas pelo problema. Tabela 4.2 - Exemplo de estrutura dos indicadores Fonte : Paladini (2002) 86 INDICADORES DE PRODUTIVIDADE MAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL Uma importante ferramenta para estudo e medição da produtividade na construção civil, de grande significância no setor, é o Manual Básico da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A entidade adota dois indicadores como os principais para mensuração e controle da produtividade nas obras de construção civil, a Razão Unitária de Produção (RUP) e o Consumo Unitário de Materiais (CUM). Foram estes os fatores escolhidos para serem destrinchados e estudados mais a fundo no presente trabalho. Utilizou-se também como base, os indicadores de composição de custo Tabela de Composições e Preços para Orçamentos (TCPO) e o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI). 4.3.1 Razão Unitária de Produção (RUP) A Razão Unitária de Produção (RUP) é o indicadorque mensura a mão de obra na construção civil. Souza (1996) introduziu o termo no país, que calcula a razão entre homem- hora(Hh) despendidos sobre a quantidade de produtos obtidos (quantidade de serviço). A figura mostra como calcular a RUP : Figura 4.1 – Cálculo da RUP Fonte : CBIC (2017) Neste cálculo, considera-se a quantidade “líquida” de serviço executado (por exemplo, para casos de revestimento, onde a quantidade de serviço é medida em área, são desconsideradas as áreas de abertura; para sistemas prediais, onde aquela quantidade é medida em metros de tubulação, são desprezadas as perdas embutidas no orçamento, ou seja, são considerados os metros de tubulação efetivamente instalados na edificação) e o tempo em que os operários estiveram disponíveis para realizar o trabalho, sendo assim, são considerados os 87 tempos produtivos e improdutivos. Da mesma maneira, nao sao consideradas, neste cômputo, as horas-extra recebidas pelos operários (PALIARI e SOUZA, 2008). O mesmo cálculo da RUP pode ser expresso de maneira similar, dividindo-se as entradas pelas saídas. Em relação às entradas, o número de homens-hora demandados é calculado através da multiplicação entre o número de homens envolvidos (trabalhadores) pelo período de tempo (geralmente em horas) de dedicação ao serviço. As saídas podem ser consideradas de maneira bruta ou líquida. No que se refere ao período de estudo, as horas computadas para detecção da produtividade podem estar relacionadas tanto a um dia específico quanto a um estudo de longo prazo (SOUZA, 2001). Segundo Souza (2001), o RUP pode ser classificado em classificado de acordo com dois quesitos : abrangência (tipo de mão-de-obra analisado) e o intervalo de tempo relacionado às entradas e saídas. Para o quesito de abrangência, a RUP como RUP Oficial (associada à mão-de-obra dos oficiais envolvidos diretamente na produção), RUP Direta (além dos homens-hora computadas da RUP Oficial, soma-se as horas correspondentes dos ajudantes envolvidos diretamente com a produção) e, por fim, a RUP Global, na qual envolve-se toda a mão-de-obra de alguma maneira relacionada ao serviço em análise. Já quanto ao intervalo de tempo, classifica-se o indicador em RUP Diária (produtividade de jornada diária dos envolvidos no processo), RUP Cumulativa (produtividade acumulada em um certo período de tempo) ou RUP Cíclica, somente adotada quando o serviço possui ciclos de produção bem definidos (por exemplo, a cada pavimento, a cada semana, etc). Além das citadas acima, também é importante se destacar a RUP Potencial, calculada pela mediana dos valores de RUP Diária abaixo da RUP Cumulativa. Ainda de acordo com Souza (2001), “a RUP Potencial constitui em um valor de RUP Diária associado à sensação de bom desempenho e que, ao mesmo tempo, mostra-se factível em função dos valores de RUP Diária detectados”. A seguir, foram analisadas, a partir do estudo de Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013), para quatro obras distintas (de diferentes tipologias estruturais e porte de empreendimento) na cidade de Salvador, a Razão Unitária de Produção por Pavimento (RUPpav), que corresponde a quantidade de homem-hora da equipe direta trabalhadas em relação a quantidade de serviço do ciclo de coleta, ou seja, o pavimento tipo e a Razão Unitária de Produção Cumulativa (RUPcum), que leva em conta o somatório das quantidades de homem- 88 hora da equipe direta e o somatório da quantidade de serviço realizado durante o período de estudo. Em alguns processos, como fôrma e armação, que a coleta de elementos como pilar, viga e laje foram desdobrados, analisou-se ainda Razão Unitária Global (RUPglobal), que corresponde ao somatório das quantidades de homem-hora da equipe direta de todos os elementos estudados (pilar + viga + laje) e o somatório da quantidade de serviço realizado durante o período de estudo para estes três elementos. Quanto à análise dos resultados obtidos, tem-se que quanto menor o valor da RUP encontrado, mais eficiente é o processo de produção. Para apoiar esta análise, ao longo do texto serão apresentados os gráficos com os valores encontrados nas obras conforme o exemplo da figura 4.2. A figura 4.2 explica exatamente o que são os valores que foram encontrados e explicitados ao longo dos gráficos das RUP aqui evidenciados. Primeiramente, foi leva em consideração, a produtividade do processo de fôrmas. As fôrmas são estruturas provisórias, podendo ser de madeira ou metálica construída para conter o concreto fresco (de pilares, vigas e lajes), dando a ele a forma e as dimensões requeridas, suportando-o até que o mesmo adquira a capacidade de auto suporte. Este trabalho foi desenvolvido em obras que utilizam fôrmas de madeira e com sistema de escoramento e reescoramento formado por torres metálica (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). Figura 4.2 – Gráfico modelo para análise de dados Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 89 É importante conhecer o processo de construção de uma fôrma para se estudar sua respectiva produtividade (ARAÚJO, 2000). A figura 4.3 mostra tal processo citado. Conhecendo a divisão de tarefas e subtarefas do serviço de fôrmas, pode-se compreender melhor a produtividade envolvida em tal serviço. Porém, antes, descreve-se as características do serviço de fôrmas para cada uma das obras estudadas, representadas abaixo na tabela 4.3. Figura 4.3 - Tarefas e subtarefas do processo de armação Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013; adaptado de ARAÚJO, 2000) 90 Tabela 4.3 - Características do processo de fôrmas nas obras estudadas Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) A tabela 4.3 evidencia claramente as diferenças das obras quanto à sua tipologia estrutural na parte de fôrmas e ao quantitativo da mão de obra. A seguir, na figura 4.4, estão respectivamente a faixa dos valores de referência da TCPO 14 e as RUPs encontradas nos empreendimentos estudados para o processo geral de execução de fôrmas (pilar + viga + laje), considerando somente os carpinteiros. Figura 4.4 - : RUP Global (pilar + viga + laje) para carpinteiros Fonte : Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 91 Os valores (E.1 = 0,44Hh/m2 ; E.2 = 0,72Hh/m2 ; E.3 = 0,32Hh/m2 ; E.4 = 0,60Hh/m2) encontram-se na faixa verde da TCPO (0,39Hh/m2 – 0,72Hh/m2), ou seja com maior eficiência. Contudo, os valores adotados da TCPO como referência incluem o elemento “escadas”, que influencia no aumento do valor da RUP, enquanto que nas obras estudadas, a escada não foi contabilizada no cálculo, o que explica a tendência dos dados dos empreendimentos estudados estarem situados na faixa de valores mínimos da TCPO (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). A tabela 4.4 abaixo revela os valores das RUPs do processo de fôrmas para as quatro obras estudadas, separadas pelos elementos que compõem o serviço. Os resultados da mediana das RUPs estão sendo comparados com os valores das composições de custos da TCPO 14 (Tabela de Composições de Preços para Orçamentos 14). Tabela 4.4 - Indicadores de produtividade de fôrma por elemento Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) Na tabela 4.4 acima, pode ser observado que os valores da mediana para carpinteiro estão próximos aos valores da TCPO, mas isto se deve ao fato da mediana da RUP encontrada para uma das obras ser mais elevada em relação às demais obras, pois a mesma tem estrutura plana com vigas de bordo. De acordo com a TCPO 14, uma predominância de vigas externas tende a elevar a RUP, ou seja, o processo torna-se menos eficiente. Os demais valores de mediana das RUPs encontrados tendem a mostrar valores mais baixos, e consequentemente, mais produtivos (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). 92 Estudou-se apósas fôrmas, o serviço de armação. A armadura é o componente estrutural de uma estrutura de concreto armado, formado pela associação de diversas peças de aço. O aço nas estruturas de concreto armado tem como principal função aumentar a capacidade resistente das peças comprimidas (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). A figura 4.5 a seguir mostra o processo construtivo de armação em uma obra. Para o serviço de armação, Araújo (2000) separa as tarefas e subtarefas do serviço similarmente ao de fôrmas, em processamentos iniciais e finais para execução de vigas, pilares e lajes. A tabela 4.5 abaixo apresenta características específicas de três empreendimentos de Salvador, sendo que os mesmos possuem a mesma tipologia estrutural e porte similar. Figura 4.5 - Tarefas e subtarefas do processo de armação Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013; adaptado de ARAÚJO, 2000) 93 Apesar do quantitativo de mão-de-obra diferente nas três obras, observa-se que realmente, o tamanho do porte da obra, é semelhantes nos três casos, podendo-se compará-los em termos de produtividade. A figura 4.6 apresenta as RUPs globais dos armadores nas construções estudadas. De acordo com Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013), pode-se observar que a obra E.1 possui uma melhor produtividade em relação às obras E.2 e E.3 (0,032 Hh/kg; 0,073 Hh/kg e 0,047 Hh/kg respectivamente). Isto pode ser devido: à densidade da armadura da seção Tabela 4.5 - Características do processo de armadura dos empreendimentos estudados Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) Figura 4.6 - RUP Global (pilar + viga + laje) para armadores Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 94 transversal dos pilares ir diminuindo ao se elevar a estrutura, facilitando a colocação da mesma; a uma maior quantidade de trabalhadores, já que a mão de obra envolvida no serviço de armação é um dos pontos de extrema relevância no estudo da produtividade, uma vez que o serviço de armação é potencial causador da ociosidade de mão de obra dentro do canteiro (ARAÚJO, 2000) ou à existência de alguns ciclos da obra E.3 utilizar outros tipos de transporte das ferragens para garantir o prazo da concretagem, por haver paralisação da grua por problemas mecânicos que acarretou no atraso da subida da ferragem. Observa-se também separadamente a execução das armaduras por elementos. A tabela 4.6 mostra os valores das RUPs do processo de armadura para as três obras estudadas, separando-as entre pilar, viga e laje. Os resultados da mediana das RUPs estão sendo comparados com os valores da TCPO (Tabela de Composições de Preços para Orçamentos 14). Embora os valores das RUPs Pilar e Laje sejam relativamente próximos, apenas uma das obras ficou com índice abaixo da TCPO, as demais tiveram valores próximos do dobro do valor da TCPO, o que mostra uma grande ineficiência do processo. Os valores das RUPs dos serventes para pilar foram baixos, pois as empresas utilizaram uma menor quantidade de Tabela 4.6 - Indicadores de produtividade de armadura por elemento Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 95 trabalhadores para o serviço, devido à compra do aço cortado e dobrado. Todas as obras possuíam um canteiro apertado, além disso, a falta de organização dos materiais no mesmo também influenciou na produtividade comprimidas comprimidas (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). O último processo estudado nesta monografia foi o de concretagem. De acordo com Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013), concretagem é o nome que se dá ao conjunto de atividades relativas à execução do concreto em obra, incluindo recebimento ou produção, transporte e aplicação do concreto. É a etapa final do ciclo de execução da estrutura, com a menor duração, porém necessita de um bom planejamento visando minimizar os fatores que interferem no processo e aumentando assim a produtividade do serviço. A tabela 4.7 mostra as características de cada obra antes das tabelas de RUP propriamente ditas. Observa-se que os empreendimentos têm características semelhantes, variando a distribuição da mão de obra no momento da concretagem, separadas em duas equipes : equipe de concretagem de pilar e equipe de concretagem de viga e laje. Logo, a análise de produtividade pela RUP foi dividida para cada uma dessas equipes. A figura 4.7 abaixo apresenta uma comparação entre os valores de referência da TCPO14 e a faixa das RUPs de concretagem encontradas nas obras abordadas. Ambas as faixas consideram a quantidade de serviço total e as horas trabalhadas de pedreiros e serventes, Tabela 4.7 - Características do processo de concretagem nos empreendimentos estudados Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 96 formando uma única equipe. Estes dados consideram as atividades de transporte, espalhamento e vibração, e acabamento no processo de concretagem. Figura 4.7 - RUP Geral de Concretagem para servente e pedreiro (pilar + viga + laje) Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) Observa-se que a RUP global das obras estudadas (E.1 = 1,70Hh/m3 ; E.2 = 2,40Hh/m3; E.3 = 1,92Hh/m3 ) encontram-se na faixa vermelha da escala (1,74 Hh/m3 – 3,06 Hh/m3 ), ou seja, entre o valor médio e o máximo de referência, indicando deficiência no processo ou a influência de fatores inerentes ao processo ou ao tipo de estrutura, como dimensões dos pilares, equipamentos utilizados na concretagem e altura do andar concretado (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). Segundo Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013), para a TCPO, a equipe é composta por igual proporção de serventes e pedreiros, enquanto que nas obras analisadas o número de ajudantes era muito maior que o de pedreiros, indicando mão de obra possivelmente subutilizada ou ociosa, o que afeta o índices encontrados. Analisando mais especificamente, a figura 4.8 abaixo retrata os valores das RUPs cumulativas do processo de concretagem de pilar para as três obras estudadas, apresentando também os valores mínimos e máximos encontrados, comparando com as faixas de valores da TCPO para a concretagem de pilar. 97 Figura 4.8 - RUP Concretagem de Pilar para servente e pedreiro Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) Segundo Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013), pode-se observar que a RUP cumulativa de duas obras (E.1 = 1,99Hh/m3 e E.3 = 1,83Hh/m3 ) estão próximos e um pouco abaixo da média da TCPO (2,00Hh/m3 ), enquanto que a E.2 obteve-se uma produtividade bastante inferior (4,29Hh/m3 ), próximo do limite superior da faixa vermelha da escala (5,54Hh/m3 ). A faixa vermelha de valores da TCPO representam obras com as seguintes interferências no processo de produção: excessos de pessoas na equipe; ocorrência frequente de paralisações por problemas com equipamentos de transporte vertical; dificuldade no espalhamento e vibração do concreto; serviços em condições desfavoráveis: fatores climáticos desfavoráveis, alta rotatividade da mão de obra e operários insatisfeitos. Já para a concretagem de viga e laje, os valores são expressos através da figura 4.9 Figura 4.9 - RUP Concretagem de Viga e Laje para servente e pedreiro Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 98 Os valores obtidos pelas obras estudadas para as RUPs de concretagem de viga e laje foram bastante próximos entre elas (E.1 = 1,64 Hh/m3 ; E.2 = 1,86 Hh/m3 ; E.3 = 1,94 Hh/m3), porém encontra-se na faixa vermelha de valores da TCPO 14 (1,54 Hh/m3 - 4,23 Hh/m3), o que mostra a possibilidade de oportunidades de melhoria, conforme discutido na concretagem dos pilares (COSTA; SANTANA; SANTOS; GUIMARÃES, 2013). Alguns indicadores de certa relevância como tempo de concretagem e tempo de descarga do concreto por caminhões não foram abordados no presente estudo, porém éimportante citá-los para que o leitor conheça tais existências. Finalmente, Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) comparam na tabela 4.8, todos os índices de produtividade medidos em seus estudos, promovendo um olhar sob o panorama geral dos indicadores de produtividade das obras. 99 Tabela 4.8 - Valores de referência dos indicadores de produtividade Fonte : Costa, Santana, Santos e Guimarães (2013) 100 4.3.2 Consumo Unitária de Materiais (CUM) De acordo com a CBIC (2017), para o estudo da produtividade do uso dos materiais, utiliza-se o índice de Consumo Unitário de Materiais (CUM). A figura 4.10 mostra como se calcular o CUM. Figura 4.10 – Cálculo do CUM Fonte : CBIC (2017) Através da formulação matemática conclui-se que quanto menor a CUM, maior a produtividade, pois mais serviços estão sendo executados com um quantitativo menor de materiais. O CUM, assim como a RUP, possui seus índices globais e específicos. No caso do CUM, além do índice geral, existe o CUM teórico, como mostrado na figura 4.11. Figura 4.11 – CUM Teórico em serviço de fôrmas Fonte : CBIC (2017) 101 A figura 4.12 mostra como se calcular o CUM teórico no serviço de fôrmas, num edifício de quatro andares, em função do número de repetições possíveis do jogo de formas. Logo, o CUM teórico se encontra na razão entre o número de edifícios (1, no caso) e o número de trechos (8), encontrando-se o valor de 0,125. Porém, há uma relação entre o CUM geral e o CUM teórico, mostrada na figura 4.12. Figura 4.12 - Cálculo do CUM usando o conceito de CUM teórico e perdas Fonte : CBIC (2017) Logo, pode-se concluir que as perdas e desperdícios de materiais influenciam no CUM. Quanto maior o percentual de perdas, maior o CUM, e quanto maior este último, menor a produtividade envolvida no processo. Logo, entende-se o porquê da grande preocupação do desperdício de materiais da construção (além de ser ruim para o desenvolvimento sustentável em geral da empresa, reduz a produtividade da construção, o que geralmente afeta os lucros) e no uso de materiais de boa qualidade (evitam perdas e futuros retrabalhos). A CBIC (2017) utiliza um estudo de caso, de um edifício de estrutura de concreto armado, para estudar o CUM do serviço de fôrmas executado na construção. Uma visão de como foi feito plano de ataque é mostrada na figura 4.13. 102 Figura 4.13 - Influência do plano de ataque na demanda por fôrmas Fonte : CBIC (2017) O edifício é composto de 2 subsolos, 1 pavimento térreo, 8 pavimentos tipo e 2 pavimentos de cobertura. Algumas importantes características podem ser vistas na tabela 4.9. Tabela 4.9 - Fatores e composições adotados Fonte : CBIC (2017) 103 Pode-se observar que foram utilizados 10 moldes plastificados de fôrmas, num pé direito simples. É importante observar que a tabela de composição de custos escolhida foi o índice SINAPI. O CUM adotado em cada parcela pode ser observado na tabela 4.10. O CUM é adotado para cada elemento de material utilizado no serviço de fôrmas (como pregos e tábuas) em cada parcela estrutural do serviço (pilares, vigas e lajes). Considera-se também a quantidade de serviço executada por parcela, medida em unidade de área. Observa- se, então, que o maior CUM é no uso de barras de ancoragem nos pilares (0,79), logo, possui a menor produtividade. O menor CUM é no uso de desmoldantes (0,0035) em todas as parcelas, mostrando assim a alta produtividade do material. Tabela 4.10 - CUMs adotados por parcela Fonte : CBIC (2017) 104 5 FERRAMENTAS DA QUALIDADE APLICÁVEIS NA GESTÃO DA PRODUTIVIDADE DA CONSTRUÇÃO CIVIL FOLHA DE VERIFICAÇÃO 5.1.1 Conceituação Uma Folha de Verificação é um formulário de papel no qual os itens a serem verificados já estão impressos, de modo que os dados possam ser coletados de forma fácil e precisa (KUME, 1993). Rossato (1996) cita que as Folhas de Verificação são formulários planejados com os quais os dados coletados são preenchidos de forma fácil e concisa. Registram os dados dos itens a serem verificados, permitindo rápida percepção da realidade e a imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir erros e confusões, aumentando assim a qualidade do produto. Kume (1993) afirma que existem muitos tipos de folhas de verificação, devendo considerar em primeiro lugar, o objetivo da coleta e, a seguir, executar adaptações criativas de modo que os dados possam ser coletados e registrados de forma apropriada ao objetivo. Porém, quatro tipos são os mais usuais : Folha de verificação para item defeituoso, Folha de Verificação para distribuição do processo de produção, Folha de Verificação para localização de defeitos e Folha de Verificação de causa de defeito. 5.1.2 Objetivo da ferramenta Para Rossato (1996) as Folhas de Verificação devem ser utilizadas para : a) Tornar os dados fáceis de serem obtidos e utilizados b) Dispor os dados de uma forma mais organizada c) Verificar a distribuição do processo de produção: coleta de dados de amostra da produção. d) Verificar itens defeituosos: saber o tipo de defeito e sua percentagem e) Verificar a localização de defeito: mostrar o local e a forma de ocorrência dos defeitos. f) Verificar as causas dos defeitos. 105 g) Fazer uma comparação dos limites de especificação. Investigar aspectos do defeito: trinca, mancha e outros. h) Obter dados da amostra da produção. Determinar o turno, dia, hora, mês e ano, período em que ocorre o problema. i) Criar várias ferramentas, tais como: Gráfico de Pareto, Diagrama de Dispersão, Diagrama de Controle, Histograma, etc. 5.1.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Rossato (1996) afirma que antes da construção de uma Folha de Verificação deve-se estabelecer alguns parâmetros : I. Identificar claramente o objetivo da coleta de dados: quais são e os mais importantes defeitos; Decidir como serão coletados os dados, assim como quem irá coletá-los e quando serão coletados; II. Deve-se estipular o tamanho da amostra de dados que será coletada; III. Deve-se avaliar qual o tipo de Folha de Verificação que melhor se enquadra no problema estudado e se serão utilizados números, símbolos ou marcações para a coleta e documentação dos dados. Após estabelecidos tais parâmetros, Rossato (1996) elaborou um roteiro para a construção de uma Folha de Verificação : I. Elaborar um tipo de Folha de Verificação de forma estruturada adequada a ser analisada, de fácil preenchimento; II. Estipular a quantidade e o tamanho da amostra dos dados; III. Determinar onde deverão ser feitas as coletas dos dados (local e fase de execução); IV. Determinar a freqüência com que serão coletados os dados (diário, semanal, ou mensal); V. Determinar quem deverá coletar os dados (geralmente, o responsável pelo setor de qualidade e produtividade da empresa). 106 5.1.4 Vantagens da aplicação De acordo com Roth (2004), as vantagens de aplicação da ferramenta são : a) A obtenção do fato é registrado no momento que ocorre; b) A ferramenta facilita a identificação da causa junto ao problema; c) A ferramenta é muito simples de ser aplicada, bastando apenas pouca concentração. 5.1.5 Desvantagens da aplicação Segundo Roth (2004), as desvantagens de aplicação da ferramenta são : a) Os equipamentos de medida podem não estar auferidos; b) O processo de coleta pode ser vagaroso e demanda recursos de acordo com a amplitude da amostra; c) Os dados resultantes da contagem só podem aparecer em ponto “discretos”. Numa página de fatura só é possível encontrar 0,1,2, etc., erros (ou seja, números inteiros), não é possível encontrar 2,46 erros. 5.1.6 Aplicação prática Para a avaliação da produtividade em um processo, a melhor opção de escolha de Folha de Verificaçãoé a para distribuição do processo produtivo, a qual analisa as não conformidades do processo. Este tipo de Folha de Verificação é usado quando se deseja coletar dados de amostras de produção (ROSSATO, 1996), como pode ser verificado na figura 5.1. 107 A figura 5.1 representa uma Folha de Verificação de distribuição do processo produtivo. A coluna “Marcas” representa o número de erros encontrados por processo, indo de 0 a 20, como indicados nas colunas. A coluna “Desvios” representa o número de processos que foram consideradas imperfeitos, os quais quando quantificadas representam o desvio de uma especificação pré estabelecida. A folha ainda possui uma coluna que indica a frequência de erros por processo. Ao utilizar este tipo de Folha de Verificação, pode-se corrigir as não conformidades no sistema produtivo como um todo. Ao se aumentar a qualidade dos processos, aumenta-se consequentemente a produtividade dos mesmos processos. Figura 5.1 – Folha de Verificação de processos produtivos Fonte : Kume (1993) 108 FLUXOGRAMA 5.2.1 Conceituação Fluxograma é uma representação gráfica que mostra todos as etapas de um processo. Serve para descrever e analisar um processo (atual ou ideal) ou planejar as etapas de um novo (MALIK e SCHIESARI, 1998). Rossato (1996) descreve o Fluxograma como uma ferramenta fundamental da qualidade e produtividade, tanto para o planejamento (elaboração do processo) como para o aperfeiçoamento (análise, crítica e alterações) do processo. Para Malik e Schiesari (1998) é importante que sejam indicados claramente o início e o fim do processo, para o funcionamento perfeito da ferramenta. 5.2.2 Objetivo da ferramenta Segundo Rossato (1996), um fluxograma tem o objetivo de cumprir as seguintes funções: a) Identificação do fluxo atual ou o fluxo ideal do acompanhamento de qualquer produto ou serviço, no sentido de identificar desvios indesejáveis; b) Verificação dos vários passos do processo e se estão relacionados entre si; c) Na definição de projeto, identificação as oportunidades de mudanças, na definição dos limites e no desenvolvimento de um melhor conhecimento de todos os membros da equipe; d) Avaliações das soluções, ou seja, para identificar as áreas que serão afetadas nas mudanças propostas, etc. 5.2.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Para a elaboração de um Fluxograma é necessário: I. Envolver as pessoas que participam do processo (ROSSATO, 1996) e (MALIK e SCHIESARI, 1998) ; II. Identificar as fronteiras do processo, mostrando o início e o fim, usando sua simbologia adequada (ROSSATO, 1996); 109 III. Documentar cada etapa do processo, registrando as atividades, as decisões e os documentos relativos ao mesmo (ROSSATO, 1996). O fluxograma é basicamente composto por três módulos (ROSSATO, 1996): I. Início (entrada) - assunto a ser considerada no planejamento. II. Processo - consiste na determinação e interligação dos módulos que englobam o assunto, envolvendo todas as operações que compõem o processo. III. Fim (saída) - fim do processo, onde não existem mais ações a serem consideradas. 5.2.4 Vantagens da aplicação De acordo com Roth (2004), as vantagens de aplicação da ferramenta são : a) Por dar suporte a análise de processo, os fluxogramas tornam-se um meio eficaz para o planejamento e a solução de problemas; b) O fluxo permite visão global do processo por onde passa o produto e, ao mesmo tempo, ressalta operações críticas ou situações, em que haja cruzamento de vários fluxos; c) O próprio ato de elaborar o fluxograma melhora o conhecimento do processo e desenvolve o trabalho em equipe necessário para descobrir o aprimoramento. 5.2.5 Desvantagens da aplicação As desvantagens de aplicação da ferramenta são : a) Sua aplicabilidade só será efetivada na medida em que mostrar, verdadeiramente, como é o processo (OLIVEIRA, 1996); b) Falta de padronização. A maioria das empresas não é padronizada. Quando se encontra alguma padronização, ela é montada de forma inadequada e as pessoas da empresa não conhecem (OAKLAND, 1994); c) Uma pessoa sozinha é incapaz de completar o fluxograma, deve ter ajuda de outros envolvidos no processo (OAKLAND, 1994). 110 5.2.6 Aplicação prática No estudo da gestão da produtividade, o fluxograma é uma das ferramentas mais utilizadas pelas organizações, pois define todas as etapas de um processo, e além disso, seu fluxo, ou seja, a ordem de execução de cada etapa. O fluxograma é um sistema de produção contínua, ou fluxo de linha, que demonstra uma ordem linear para fazer o produto ou serviço e é caracterizado por alta eficiência e produtividade; e certa inflexibilidade do trabalho, com tarefas repetitivas, que vão de um posto de trabalho a outro em uma sequência prevista (MOREIRA,2011) . A figura 5.2 mostra a aplicação de um fluxograma no setor da construção civil, na área de tratamento de resíduos. 111 Figura 5.2 – Fluxograma da Central de Processamento de Araraquara Fonte : Lourenço (2012) O fluxograma contido na figura 5.2 representa o fluxo linear de processos da Central de Processamento de Araraquara (unidade de triagem, transbordo e reciclagem de resíduos da construção civil, demolição e volumosos). Ao definir-se exatamente cada etapa a ser seguida no processo, o aumento da produtividade do trabalho na empresa vem por consequência, pois os trabalhadores estão sujeitos a ordens padronizadas, evitando desperdício de recursos e erros de interpretação. 112 HISTOGRAMA 5.3.1 Conceituação Histograma é uma forma de representação gráfica da distribuição de freqüência através de colunas ou barras (ROCHA, 2007). Pimentel (2007) diz que o Histograma tem a finalidade de mostrar e entender como um conjunto de dados se distribui, ilustrando a variabilidade de um processo. Segundo Rossato (1996), o Histograma foi desenvolvido por Guerry em 1833, com o objetivo de descrever sua análise de dados sobre um crime. Desde então, os Histogramas têm sido aplicados para descrever os dados nas mais diversas áreas. 5.3.2 Objetivo da ferramenta Segundo Rossato (1996), são várias os objetivos dos histogramas, dentre os principais: a) Verificação do número de produto não-conforme. b) Determinação da dispersão dos valores de medidas em peças. c) Uso em processos que necessitam ações corretivas. d) Encontrar e mostrar através de gráfico o número de unidade por cada categoria. 5.3.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Kume (1993) cita o passo a passo para a construção de um histograma : I. Em uma folha de papel quadriculado, marque o eixo horizontal com uma escala, deixando um espaço aproximadamente igual ao intervalo de classe em cada extremidade do eixo horizontal, antes da primeira a após a última classe. II. Marque o eixo vertical do lado esquerdo com uma escala de freqüência e, se necessário, trace o eixo vertical do lado direito e marque-o com uma escala 78 de freqüência relativa. A altura da classe com a freqüência máxima deveria ser de 0,5 a 2,0 vezes a distância entre os valores máximo e mínimo do eixo horizontal. III. Marque os valores dos limites das classes no eixo horizontal. 113 IV. Usando o intervalo de classes como base, desenhe um retângulo cuja altura corresponda à freqüência daquela classe. V. Trace uma linha no Histograma para representar a média e, se for o caso, trace também os limites da especificação. VI. Numa área em branco do Histograma, anote o histórico dos dados (o período em que os dados foram coletados), a quantidade de dados (n), a média, e o desvio padrão. 5.3.4 Vantagens da aplicação Segundo Roth (2004), as principais vantagens do uso do Histograma são : a) Visão rápida de análise comparativa de uma seqüência de dados históricos. b) Rápido de elaborar, tanto manual como com o uso de um software (Por exemplo,o Excel, da Microsoft Office). c) Facilita a solução de problemas, principalmente quando se identifica numa série história a evolução e a tendência de um determinado processo. 5.3.5 Desvantagens da aplicação Roth (2004), cita as principais desvantagens do uso do Histograma : a) Fica ilegível quando se necessita a comparação de muitas seqüências ao mesmo tempo. b) Quanto maior o tamanho de (n) que representa a quantidade de dados de entrada, maior o custo de amostragem e teste. c) Para um grupo de informações é necessário a confecção de vários gráficos a fim de que se consiga uma melhor compreensão dos dados contidos no histograma. 114 5.3.6 Aplicação prática As aplicações dos Histogramas no estudo da produtividade são diversas, inclusive dentro do setor da construção civil (RODRIGUES, 2016). A figura 5.3, por exemplo, mostra um Histograma para produtividade de execução de blocos de concreto. Conclui-se pelo histograma que, de 10 projetos medidos: 1 projeto teve a produtividade entre 0 e 5; 2 projetos tiveram a produtividade entre 5 e 8,33; 4 projetos tiveram a produtividade entre 8,34 e 11,66 e 3 projetos tiveram a produtividade superior a 11,66. Este é um exemplo hipotético direto da aplicação da ferramenta na gestão da produtividade de um projeto. De acordo com Rodrigues (2016), também é comum utilizar-se um Histograma para gestão e controle de prazos, inclusive para se descobrir a frequência das causas de atrasos em prazos, como demonstrado pela figura 5.4. Figura 5.3 – Histograma de Produtividade de Blocos de Concreto Fonte : Rodrigues (2016) 115 No histograma da figura 5.4, pode-se observar a frequência de certos problemas em projetos que causam atrasos nos prazos, e a porcentagem acumulada destes problemas. Para o caso, mudança de escopo, retrabalho e riscos ocorridos foram os problemas mais frequentes. A vantagem nesse caso, no uso do histograma, é analisar quais os problemas que ocorrem mais vezes no meios de produção e que estão afetando a produtividade dos processos determinados. DIAGRAMA DE PARETO 5.4.1 Conceituação As perdas constituem uma grande preocupação de quem procura gerir um processo produtivo. Dessa maneira, para que seja possível melhorar qualquer sistema ou processo é necessário antes dispor de uma ferramenta que permita entender o que está realmente acontecendo (COSTA, 2006). “Em 1897, o economista italiano Vilfredo Pareto apresentou uma fórmula mostrando que a distribuição de renda é desigual. Uma teoria semelhante foi apresentada pelo economista americano M.C. Lorenz, em 1907. O Dr. J.M. Juran aplicou o método gráfico de Lorenz como Figura 5.4 – Histograma de Causas de Atrasos em Prazos Fonte : Rodrigues (2016) 116 uma forma de classificar os problemas de qualidade nos poucos vitais, e denominou este método de análise de Pareto. Ele demonstrou que, em muitos casos, a maior parte dos defeitos e de seus custos decorre de um número relativamente pequeno de causas” (KUME, 1993). A análise de Pareto é uma técnica ou ferramenta de apresentação de dados que permite dividir um problema maior num grande número de problemas menores e que são mais fáceis de serem resolvidos. Como o método é baseado sempre em fatos e dados, ele permite priorizar os problemas de qualidade (ROCHA, 2007). Rocha (2007) cita que normalmente, a grande maioria das perdas é ocasionada por poucos problemas, denominados “de poucos vitais”, enquanto que a minoria das perdas é ocasionada por diversos problemas. Esses problemas são denominados “de muitos triviais”. O Diagrama de Pareto é uma ferramenta útil que permite separar os problemas mais importantes, através de uma leitura rápida dos dados, assim permitindo a identificação e priorização dos poucos vitais. Pode-se dizer que o Diagrama de Pareto é uma descrição gráfica de dados em ordem decrescente de freqüência, para que, com a presente informação, se possam concentrar os esforços de melhoria nos pontos onde os maiores ganhos podem ser obtidos (CORTIVO, 2005). 5.4.2 Objetivo da ferramenta Pimentel (2007) enumera os objetivos de um Diagrama de Pareto como : a) Mostrar as contribuições relativas das falhas que produzem um problema. b) Separar as poucas causas críticas das muitas triviais (tipicamente, 80% das ocorrências de um problema deve-se a 20% das causas). c) Identificar onde os esforços devem ser priorizados. É representado por barras colocadas em ordem decrescente, com a causa principal do lado esquerdo do diagrama decrescendo para as causas menores mostradas para o lado direito. Cada barra representa uma causa, sendo que sua importância é exibida em relação à total. Existem dois tipos de Diagrama de Pareto. Costa (2006) os define da seguinte maneira : I. Diagrama de Pareto por efeitos: este é utilizado para descobrir qual é o maior problema entre os resultados indesejáveis. Bastante utilizado para estratificar problemas de qualidade (defeitos, reclamações), custo (gastos, montantes de perdas), entrega (atrasos, falta de estoques) e segurança (acidentes). 117 II. Diagrama de Pareto por causas: este se refere às causas no processo. É utilizado para descobrir qual é a maior causa do problema, como: operador (turno, grupo, idade), máquina (equipamentos, ferramentas), matéria-prima (fabricante, fábrica, lote) e método de operação (condições, ordens, preparativos). 5.4.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Para construir um Diagrama de Pareto, Kume (1993) enumera algumas etapas, que são: I. Decidir quais os problemas que devem ser investigados e como coletar os dados. Ao decidir qual o problema de qualidade deve ser investigado em primeiro lugar, verificam-se quais dados são necessários e a maneira como coletá-los. Também é importante decidir o período relevante para que os dados sejam recolhidos. II. Elaborar uma folha de contagem de dados. Nesta devem ser listados os itens para contagem, ter espaço para registrar as quantidades e os respectivos totais III. Preencher a folha de contagem de dados e calcular os totais. IV. Preparar uma planilha de dados para o Diagrama de Pareto. Para o melhor entendimento dos dados obtidos, deve ser elaborada uma planilha com a quantidade de defeitos, total acumulado e porcentagens total geral e acumulada. V. Ordenar os itens em ordem decrescente de quantidade na planilha elaborada no item anterior. Deve-se preencher a planilha de dados em ordem decrescente de valores. Como normalmente não é possível identificar todos os problemas deve existir um item chamado de outros e que englobe todos os problemas menores que não serão verificados no diagrama. Esse item chamado de outros deve estar sempre na última linha independente de seu valor. VI. Traçar os eixos vertical e horizontal. No eixo vertical do lado esquerdo deve ser marcado com uma escala de zero até o valor do total geral. No eixo vertical do lado direito deve ser marcada uma escala de zero a cem em percentual. Já o eixo horizontal deve ser dividido num número de intervalos igual ao número de itens da classificação. VII. Construir um diagrama de barras. VIII. Desenhar a curva acumulada. Devem ser marcados os valores acumulados de cada item na percentagem acumulada e em seguida ligar os pontos para obter a curva de Pareto. 118 IX. Anotar outras informações necessárias no diagrama. É importante que algumas informações extras sejam acrescentadas ao diagrama para que qualquer pessoa seja capaz de entender do que se trata o mesmo. Essas informações são, por exemplo, o título, unidades, quantidades significativas, período, 83 assunto, quantidade total de dados, local do levantamento dos dados, assim como qualquer outra informação que se fizer necessária para o esclarecimento do mesmo. 5.4.4 Vantagens da aplicação Segundo Campos (1992), as principais vantagens do uso do Diagrama de Pareto são :a) A análise de Pareto permite a visualização dos diversos elementos de um problema , ajudando a classificá-los e priorizá-los. b) Permite a rápida visualização dos problemas 80% mais representativos. c) Facilita o direcionamento de esforços. d) Pode ser usado indefinidamente, possibilitando a introdução de um processo de melhoria contínua na Organização e) A consciência pelo “Princípio de Pareto” permite ao gerente conseguir ótimos resultados com poucas ações. 5.4.5 Desvantagens da aplicação Roth (2004), cita as principais desvantagens do uso do Diagrama de Pareto : a) Existe uma tendência em se deixar os “20% triviais” em segundo plano. Isso gera a possibilidade de Qualidade 80% e não 100%. b) Não é uma ferramenta de fácil aplicação, apesar de fácil visualização. c) Nem sempre a causa que provoca não-conformidade, mas cujo custo de reparo seja pequeno, será aquela a ser priorizada. É o caso dos trinta rasgos nos assento x uma trinca no avião. É preciso levar em conta o custo em um gráfico específico e por isso, ele não é completo. 119 5.4.6 Aplicação prática Para o caso do Diagrama de Pareto, Meire (2012) sugere o exemplo de um empreendimento que contratou uma transportadora a qual precisa efetuar a entrega de um produto. Tal empreendimento está sendo afetado por prejuízos financeiros no seu setor de compras e materiais. Este caso pode ser muito bem aplicado em obras de construção civil , já que os materiais são muitas vezes comprados em atacado, sendo entregues em caminhões devido à sua grande quantidade. A tabela 5.1 mostra os principais problemas encontrados pelo setor de compras e materiais do empreendimento. A partir dos dados referentes aos problemas encontrados, pode-se traçar o Diagrama de Pareto e desenhar a curva acumulada respeitando a elaboração citada anteriormente de passo a passo da ferramenta. O diagrama propriamente dito encontra-se na figura 5.5. Tabela 5.1 – Causas do problema prejuizos financeiros Fonte : Meire (2012) 120 Nota-se que um grande problema que era o prejuízo financeiro, foi repartido em diversos outros problemas. Logo, a empresa pode priorizar a solução dos dois problemas que possuem mais ocorrências, atrasos na entrega e atrasos da transportadora. Os dois problemas problemas juntos formam 60% do corpo do problema principal, logo a priorização daqueles corresponde exatamente ao princípio de Pareto. Observa-se também, que estes dois problemas são relativos ao fator tempo, gerando atrasos e assim reduzindo a produtividade total envolvida no empreendimento, o que confirma o uso desta ferramenta da qualidade no gestão da produtividade. DIAGRAMA DE DISPERSÃO 5.5.1 Conceituação Quando é necessário analisar a relação entre duas variáveis associadas, pode-se usar o Diagrama de Dispersão (ROCHA, 2007). Figura 5.5 – Diagrama de Pareto para problemas encontrados Fonte : Meire (2012) 121 O Diagrama de Dispersão é um diagrama cartesiano bidimensional onde, sua simples observação já oferece uma idéia bastante boa de como duas variáveis quantitativas se correlacionam, isto é, qual a tendência de variação conjunta que apresentam (COSTA NETO, 2002). Segundo Kume (1993) as três variáveis com as quais lida-se ao utilizar a ferramenta, são : a) Uma característica da qualidade e um fator que a afeta. b) Duas características da qualidade que se relacionam. c) Dois fatores que se relacionam com uma mesma característica da qualidade. 5.5.2 Objetivo da ferramenta De acordo com Kume (1993), utiliza-se um Diagrama de Dispersão para : a) Visualização de uma variável com outra e o que acontece se uma se alterar. b) Verificação se as duas variáveis estão relacionadas, ou se há uma possível relação de causa e efeito. c) Para visualizar a intensidade do relacionamento entre as duas variáveis, e comparar a relação entre os dois efeitos. 5.5.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Segundo Kume (1993), para se construir um Diagrama de Dispersão deve-se seguir as seguintes etapas consecutivamente : I. Coletar dados sob forma de par ordenado, em tempo determinado específico, entre as variáveis que se deseja analisar as relações. Esses pares devem ter quantidade suficiente para que se possa estudar a seu respeito e não ter um número grande demais para não dificultar sua análise. Um número adequado seria de 30 pares de dados (KUME, 1993). II. Encontrar os valores máximo e mínimo, tanto para x como para y, construindo os eixos cartesianos de tal forma que sejam aproximadamente do mesmo tamanho. 122 III. Inserir os valores no diagrama. Kume (1993) sugere que quando valores iguais de dados forem obtidos a partir de diferentes observações deve-se mostrá-los desenhando círculos concêntricos. IV. Adicionar informações complementares, tais como: título do diagrama, nome das variáveis, período de coleta, tamanho da amostra e outros que possam ser úteis para que qualquer pessoa entenda do que se trata. 5.5.4 Vantagens da aplicação De acordo com Kume (1993), as principais vantagens do uso do Diagrama de Dispersão são: a) Permite a identificação do possível relacionamento entre variáveis consideradas numa análise. b) Ideal quando há interesse em visualizar a intensidade do relacionamento entre duas variáveis. c) Pode ser utilizado para comprovar a relação entre dois efeitos, permitindo analisar uma teoria a respeito de causas comuns. 5.5.5 Desvantagens da aplicação Kume (1993) cita ainda as desvantagens do uso do Diagrama de Dispersão : a) É um método estatístico complexo, que necessita de um nível mínimo de conhecimento sobre a ferramenta para que possa utilizá-la, ou seja, é preciso contratar profissional qualificado ou investir em treinamento de pelo menos um membro do efetivo profissional da empresa. b) Exige um profundo conhecimento do processo cujo problema deseja-se solucionar. c) Não há garantia de causa-efeito. Há necessidade de reunir outras informações para que seja possível tirar melhores conclusões. 123 5.5.6 Aplicação prática A figura 5.6 representa o uso do Diagrama de Dispersão, em forma de gráfico, para analisar os custos de uma empresa. Pode-se observar que há uma relação linearmente proporcional entre o custo aparente estimado e o custo aparente real. Esse coeficiente de correlação é de 0.94. O que significa que o custo estimado anteriormente pela empresa representa 94% dos custos que aconteceram, de fato. Isso pode ser encarado como uma medida de produtividade de capital, pois o que se esperou gastar foi quase o que se realmente gastou. Este tipo de medida pode ser pode ser utilizada por esta ferramenta da qualidade nas empresas de construção civil, visando aumentar a produtividade do empreendimento. Figura 5.6 – Diagrama de Dispersão para custos de empresa Fonte : Cantidio (2009) 124 DIAGRAMA DE CAUSA E EFEITO (DIAGRAMA DE ISHIKAWA) 5.6.1 Conceituação Todo processo produtivo é constituído de um grande número de fatores. Kume (1993) descreve que um processo é composto dos 5M’s (men, machines, materials, method e measurement, em português; homem, máquina, material, método e medição). Esses fatores podem ser organizados segundo uma relação de causa e efeito. Para estabelecer uma organização metodológica entre os fatores que desencadeiam um efeito principal e quais os que desencadeiam as causas, usa-se o Diagrama de Causa e Efeito (ROCHA, 2007). Esta ferramenta foi desenvolvida em 1943 pelo Dr. Kaoru Ishikawa na Universidade de Tóquio, no Japão. Ele usou a ferramenta para explicar como vários fatores poderiam ser comuns entre si e estar relacionados (ROSSATO, 1996). Segundo Kume (1993) um Diagrama de Causa e Efeito é um diagrama que mostra a relação entre uma característica da qualidade e seus fatores relevantes. Pode ser definido também como: "Uma representaçãográfica que permite a organização das informações possibilitando a identificação das possíveis causas de um determinado problema ou efeito” (OLIVEIRA 1995; apud Rossato, 1996). O diagrama também é chamado de diagrama de espinha de peixe, devido ao seu formato, ou diagrama de Ishikawa, em homenagem ao seu criador. Mostra-nos as causas principais de uma ação, as quais dirigem para as sub-causas levando ao resultado final (ROCHA, 2007). Para Kume (1993) o diagrama é usado atualmente não apenas para lidar com características da qualidade de produtos, mas também em outros campos e tem encontrado aplicações no mundo inteiro. 5.6.2 Objetivo da ferramenta Para Rossato (1996), um Diagrama de Causa e Efeito deve ser construído com a seguinte finalidade : a) Identificar todas as causas possíveis de um problema. b) Obter uma melhor visualização da relação entre a causa e efeito delas decorrentes. c) Classificar as causas fatorando em sub-causas, sobre um efeito ou resultado. 125 d) Conhecer quais as causas que estão provocando este problema. e) Identificar com clareza a relação entre os efeitos, e suas prioridades. f) Analisar os defeitos: perdas, falhas, desajuste do produto, etc. com o objetivo de identificá-los e melhorá-los. 5.6.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Construir um Diagrama de Causa e Efeito não é uma tarefa simplória. Kume (1993) afirma que as pessoas que têm sucesso na solução de problemas de controle de qualidade são aquelas bem sucedidas na construção de diagramas de Causa e Efeito úteis. Para a construção do Diagrama de Causa e Efeito Kume (1993) fornece um roteiro como descrito abaixo: I. Determine as características da qualidade. Deve-se tentar encontrar todos os fatores importantes através da discussão sobre o assunto com o maior número de pessoas possível envolvidas com o sistema. II. Escolha uma característica da qualidade e a escreva no lado direito de uma folha de papel, a característica estudada deve ser expressa da forma mais concreta possível para que não haja dúvidas baseadas em generalidades. III. Devem ser elaborados diagramas distintos para cada característica de qualidade que se deseja estudar, caso contrário o diagrama pode ficar grande e complicado demais para se lidar. IV. Após, desenhe a espinha dorsal apontada da esquerda para a direita, e enquadre a característica da qualidade num retângulo. Escreva as causas primárias que afetam a característica da qualidade, associando-as às espinhas grandes, também dentro de retângulos. Escreva as causas (causas secundárias) que afetam as espinhas grandes (causas primárias), associando-as às espinhas médias e escreva as causas (causas terciárias) que afetam as espinhas médias, associando-as às espinhas pequenas. V. Estipule a importância de cada fator e destaque os fatores particularmente importantes que pareçam ter um efeito significativo na característica da qualidade. VI. Registre quaisquer informações necessárias para que todos os envolvidos no processo consigam entender do que se trata o diagrama. Essas informações podem ser sobre o tipo de produto que a característica da qualidade trata, o 126 processo que está incluído, a relação de participantes na elaboração do diagrama, a data, o título, dentre outras que forem convenientes. 5.6.4 Vantagens da aplicação Kume (1993) cita as vantagens do Diagrama de Causa e Efeito : a) É uma ferramenta estruturada, que direciona os itens a serem verificados para que se chegue a identificação das causas. b) Apesar de existir um esqueleto a ser preenchido, não há restrição às ações dos participantes quanto às propostas a serem apresentadas. c) Permite ter uma visão ampla de todas as variáveis que interferem no bom andamento da atividade, ajudando a identificar a não-conformidade. 5.6.5 Desvantagens da aplicação Para as desvantagens da ferramenta, Kume (1993) descreve as seguintes : a) A solução de um problema é limitada por aplicação. b) Não apresenta quadro evolutivo ou comparativo histórico, como é o caso do histograma. c) Para cada nova situação, é necessário percorrer todos os passos do processo, utilizando o diagrama. 5.6.6 Aplicação prática Um dos maiores problemas encontrados no setor da construção civil é conhecidamente o desperdício, que acaba resultando na diminuição da produtividade total de uma obra de construção, pois o desperdício pode ser interpretado como mau uso dos materiais por parte da mão-de-obra, erros no setor de compras com gastos excessivos, entre outros motivos. Gomes (2013), exemplifica o caso na figura 5.7 através do uso do Diagrama de Causa e Efeito : 127 O Diagrama de Ishikawa utilizado demonstra as causas e efeitos do desperdício de recursos na empresa Inova Casas. Entre as causas encontradas, fatores como a má medição (problemas com indicadores) e a mão-de-obra (falta de qualificação ou treinamento), que como citados no presente trabalho, impactam em grande proporção a produtividade total dos processos. O uso do Diagrama de Causa e Efeito, para este caso específico e todo o setor da construção civil como um todo, traz o benefício do reconhecimento rápido das causas que efetivam o problema que diminui a produtividade. GRÁFICO DE CONTROLE 5.7.1 Conceituação No processo de fabricação de um produto há diversos fatores que compõem suas características, afetando diretamente a qualidade deste. Se esses fatores fossem exatamente iguais, não existiriam variações no produto final, mas o que ocorre é que tanto as matérias primas utilizadas, quanto as máquinas, equipamentos e a mão-de-obra sofrem alterações durante o tempo, causando variações no produto (ROCHA, 2007). Figura 5.7 – Diagrama de Causa e Efeito da empresa Inova Casas Fonte : Gomes (2013) 128 Kume (1993) afirma que quando consideramos o processo de fabricação sob o ponto de vista da variação de qualidade, podemos compreendê-lo como um agregado das causas de variação, que causam variações nas características dos produtos. Se essas mudanças estiverem dentro de uma determinada especificação os produtos não são considerados defeituosos. O Gráfico de Controle foi proposto por Sherwhart com a intenção de eliminar variações anormais pela diferença entre variações devidas a causas assinaláveis e aquelas devidas a causas aleatórias (KUME, 1993). Os gráficos de controle podem também ser chamados de cartas de controle. Esses gráficos são, na verdade, esquemas visuais com o uso de uma bem elaborada fundamentação estatística, transparentes ao usuário, que usam análises mensuráveis das variações determinando limites dentro dos quais as medidas amostrais são plotadas 95 (PALADINI,2002). Desta forma, os gráficos de controle indicam se o processo está ou não sob controle, demonstrando a necessidade de se investigar as causas de condições anormais. Para Rossato (1996) os gráficos de controle são gráficos utilizados para examinar se o processo está ou não sob controle. Sintetiza assim um amplo conjunto de dados, usando métodos estatísticos para observar as mudanças dentro do processo, baseado em dados de amostras. Esses gráficos podem nos informar, em determinado tempo, o comportamento do processo, se ele está dentro dos limites preestabelecidos ou se está fora destes, sinalizando assim a necessidade de procurar a causa da variação. Um Gráfico de Controle consiste de uma linha central, um par de limites de controle, um acima e outro abaixo da linha central, chamados limite superior e limite inferior respectivamente e valores plotados representando o estado de um processo. O Gráfico de Controle introduziu o desenho dos limites de controle inferior e superior, LCI e LCS, respectivamente, determinados em relação a três desvios padrões abaixo e acima da média. Quando o processo ultrapassa estes limites é considerado como estando fora do controleestatístico (BASTOS FILHO, 1998). Um processo é dito sob controle quando os valores marcados encontram-se todos dentro dos limites especificados e quando não existe tendência especial nos valores. Nesse caso a distribuição dos dados plotados no gráfico é aleatória, indicando que devem existir somente causas comuns para essa variação. Apesar dos gráficos de controle sinalizarem como o processo está se comportando eles não informam como eliminar as causas destas variações (ROSSATO, 1996). 129 5.7.2 Objetivos da ferramenta Para Rossato (1996), um Gráfico de Controle deve ser utilizado para: a) Verificação se o processo está sob controle, ou seja, dentro dos limites preestabelecidos. b) Controle da variabilidade do processo, ou o grau de não-conformidade. 5.7.3 Passo a passo para aplicação da ferramenta Para construir um Gráfico de Controle, é necessário estimar a variação devida às causas aleatórias. Para isso, dividem-se os dados em subgrupos, onde a variação possa ser considerada semelhante à variação devida às causas comuns, para isso os fatores principais como matérias- primas, operadores e máquinas devem ser comuns (KUME, 1993). Inicialmente devem ser coletadas amostras do objeto de monitoração do processo analisado. As amostras podem ser unitárias ou de tamanho maior que 1. Essas amostras devem ser coletadas periodicamente durante o processo de produção, sendo que a freqüência das coletas de dados é determinada a partir de considerações técnicas e econômicas. Os dados coletados são divididos em subgrupos (ROCHA, 2007). Existem alguns tipos de Gráficos de Controle sendo que, em todos, a base para a construção é a mesma. Os limites de controle são calculados pela equação: (valor médio) ± 3 x (desvio-padrão), onde o desvio-padrão é o da variação devida às causas aleatórias, sendo chamados de limite de controle superior, limite de controle inferior e uma linha central. Os passos para a construção de um Gráfico de Controle, (DOTY, 1990 apud BASTOS FILHO, 1998), são enumerados abaixo. I. Selecionar a característica da qualidade. II. Desenvolver um plano de inspeção. III. Selecionar um tipo de Gráfico de Controle. IV. Escolher tamanho apropriado da amostra. V. Coletar os dados. VI. Determinar os limites de controle tentativos. VII. Determinar os limites de controle revisados. VIII. Construir e revisar o Gráfico de Controle. IX. Continuar usando o gráfico. 130 5.7.4 Vantagens da aplicação Kume (1993) cita as vantagens de aplicação dos Gráficos de Controle : a) Mostram tendência, ao longo do tempo, de um determinado processo (se a seqüência de valores for muito longa, é recomendável o gráfico de linhas). b) Apresentam dados estratificados em diversas categorias. c) É útil para comparar dados resultantes de processo de contagem (variáveis discretas e atributos). 5.7.5 Desvantagens da aplicação Kume (1993) cita as desvantagens de aplicação dos Gráficos de Controle : a) Tem que ser atualizados, conforme o período mostrado no gráfico (diário, semanal, mensal, anual, etc.). b) É genérico. Não há detalhes sobre a informação (histórico/composição). c) Tem que ter conhecimentos básicos de estatísticas para poder utilizar e escolher o tipo mais adequado para cada situação. 5.7.6 Aplicação prática A figura 5.8 mostra um exemplo de Gráfico de Controle para análise da qualidade e produtividade de um processo. 131 Pode-se concluir que o controle do processo estatístico a partir do Gráfico de Controle, controla as característica da qualidade do processo através de exemplos de amostras. Na verdade, esta ferramenta da qualidade é muito usada no setor manufatureiro. Porém, quando falamos da fabricação de alguns materiais necessários para utilização em obras de construção, como aço, cimento e madeira de diversos tipos, o setor manufatureiro se interliga ao setor de construção civil, agregando maior qualidade aos materiais, o que diminui as perdas e desperdícios, o que, como anteriormente visto no presente trabalho, afeta a RUP e consequentemente a produtividade da construção. Figura 5.8 – Gráfico de Controle para amostras de processo Fonte : Esteves (2009) 132 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se então, neste trabalho, dois pontos principais. O primeiro, é que o setor de construção civil se encontra realmente muito atrasado em relação aos outros que compõem a indústria como um todo, quando o assunto é a produtividade. As comparações mostradas no trabalho e as tendências citadas dentro do setor de construção faz com que se conclua que o setor precisa implementar soluções para o problema de baixa produtividade. O segundo grande ponto é que apesar de pouco utilizadas no setor, as ferramentas da qualidade são capazes de gerar um aumento substancial de produtividade na construção civil, avaliando e priorizando problemas, agindo de maneira pontual. Outros setores, como o manufatureiro, que utilizam tais ferramentas e a disseminaram como prática dentro das empresas e órgãos do setor, mostram evolução da produtividade total em relação ao tempo e são exemplos a serem seguidos pela construção civil. O objetivo do trabalho foi alcançado no capítulo cinco, no qual foram estudadas as ferramentas da qualidade que podem influenciar na gestão da produtividade do setor da construção civil em geral. O autor conclui que as ferramentas mais disseminadas na construção civil, devido a frequência encontrada nos materiais de pesquisa, são o Diagrama de Causa e Efeito e o Fluxograma, apesar de todas as outras ferramentas estudadas também possuírem suas aplicações na produtividade do setor. Como sugestão para trabalhos futuros, indica-se a realização de um estudo de caso em um empreendimento da construção civil onde ferramentas da qualidade possam ser utilizadas e como essas ferramentas influenciaram nos resultados finais da RUP e da CUM, comparando os resultados anteriores e posteriores dos indicadores, antes e após o uso das ferramentas da qualidade. 133 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADVN, 2018. Disponível em : <https://br.advfn.com/indicadores/pib/brasil>. Acesso em : 18 jul. 2018, 17:00:00. AGUIAR, M., 2000. “Lazer e Produtividade no Trabalho”, Turismo em Análise, vol. 11, n.2, pp 111-124. CAPUL, J. e GARNIER, O., Dictionnaire d’économie et des sciences sociales. Lisboa, Plátano Edições, pp. 92-99, 1996. CANTIDIO, S., “Solução de Problemas com o uso do PDCA e das Ferramentas da Qualidade”, 2009. Disponível em :< https://sandrocan.wordpress.com/tag/diagrama-de-dispersao/>. Acesso em 04 set. 2018, 10:23:00. CBIC, 2017. 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