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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA GEÓRGIA SAMPAIO FERNANDES PROSPECÇÃO NUTRICIONAL E BIOATIVA DE SEMENTES DE DEZ ESPÉCIES VEGETAIS DA CAATINGA FORTALEZA-CEARÁ 2011 GEÓRGIA SAMPAIO FERNNDES PROSPECÇÃO NUTRICIONAL E BIOATIVA DE SEMENTES DE DEZ ESPÉCIES VEGETAIS DA CAATINGA Tese submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Bioquímica Orientadora: Dra. Ana de Fátima F. Urano de Carvalho FORTALEZA-CEARÁ 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências e Tecnologia F398p Fernandes, Geórgia Sampaio. Prospecção nutricional e bioativa de sementes de dez espécies vegetais da Caatinga / Geórgia Sampaio Fernandes. – 2011. 331 f. : il., enc. ; 30 cm. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciência, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Pós-Graduação em Bioquímica, Fortaleza, 2011. Área de Concentração: Bioquímica Vegetal. Orientação: Profa. Dra. Ana de Fátima Fontenele Urano Carvalho. 1. Leguminosas – valor nutricional. 2.Leguminosas - larvicida. 3.Leguminosas – atividade antimicrobiana. I. Título. CDD 574-192 GEÓRGIA SAMPAIO FERNANDES PROSPECÇÃO NUTRICIONAL E BIOATIVA DE SEMENTES DE DEZ ESPÉCIES VEGETAIS DA CAATINGA Esta tese foi apresentada como parte dos requisitos necessários para obtenção do grau de Doutor em Bioquímica, outorgado pela Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca do Centro de Ciências e Tecnologia da referida universidade. A transcrição de qualquer trecho desta tese é permitida, desde que seja feita em conformidade com as normas da ética científica. ________________________________________ Tese aprovada em: _____/_____/_____. Geórgia Sampaio Fernandes Dra. Ana de Fátima F. Urano de Carvalho Orientadora Universidade Federal do Ceará Depto. de Biologia Dr. Renato de Azevedo Moreira Universidade de Fortaleza Centro de Ciências da Saúde Dra. Helena Alves de Carvalho Sampaio Universidade Estadual do Ceará Curso de Nutrição Dra. Fernanda Maria Machado Maia Universidade Estadual do Ceará Curso de Nutrição Dra. Ana Lúcia Ponte Freitas Universidade Federal do Ceará Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular À m inha orientadora, A na de F átim a F . U rano de Carvalho, por toda a ajuda, o carinho, a com preensão durante todo tem po que trabalham os juntas, com o prova da m inha gratidão, O fereço. A D eus, A o m eu esposo, A os m eus queridos filhos, A m inha F am ília, os m eus irm ãos, E m especial, aos m eus pais, por todo o am or, paciência, a juda e incentivo D edico AGRADECIMENTOS À Dra. Ana de Fátima Fontenele Urano de Carvalho, por ser uma orientadora única, que acompanha de perto os experimentos, questiona, discute, aconselha, dá sugestões, ajuda, incentiva e motiva todos os alunos do laboratório, além de sua contagiante alegria, mesmo no meio de tanto trabalho e problemas a resolver. À Dra. Ilka Maria Vasconcelos, por todos os ensinamentos, pelo profissionalismo, por disponibilizar seu laboratório para alguns experimentos, por ter contribuído muito para a minha formação científica, pela paciência, por todo o tempo que trabalhamos juntas e por ter me incentivado e ajudado para que eu pudesse seguir em frente. À Dra. Fernanda Maria Machado Maia, por tudo que já me ensinou, por ter sido fundamental para a minha titulação como Mestre e pela disposição em, mais uma vez, contribuir para a minha formação de Doutora. Às professoras Dra. Helena Alves de Carvalho Sampaio, Dra. Ana Cristina de Oliveira Monteiro Moreira e Dra. Ana Lúcia Ponte Freitas pela pronta disponibilidade em aceitar participar da banca examinadora. À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular, na pessoa do Dr. Márcio Viana Ramos. A todos os funcionários do Departamento. A todos os professores e responsáveis por laboratórios dos Departamentos de Bioquímica e Biologia Molecular e de Biologia, que contribuíram disponibilizando os equipamentos e reagentes para a realização deste trabalho, especialmente o Laboratório de Carboidratos e Lectinas (Carbolec), na pessoa da professora Dra. Norma Maria Barros Benevides e Luana Maria Castelo Melo Silva, por serem excelentes pessoas e pela insuperável disposição em ajudar. Ao Laboratório de Proteínas Vegetais de Defesa, em especial, ao professor José Tadeu Abreu de Oliveira, por toda a infraestrutura e reagentes cedidos de seu laboratório, e por toda a disponibilidade em ensinar e ajudar. A todos seus integrantes, principalmente aos que mais me ajudaram, Fredy Albuquerque e Darcy Mayra Gondim, por toda a simpatia, gentileza, disposição, positivismo, ensinamento, enfim, por toda a grande e valiosa ajuda prestada. Ao laboratório de Toxinas Vegetais, do qual já fiz parte, por sempre disponibilizar toda a infraestrutura necessária para a realização de etapas importantes deste trabalho e aos amigos lá conquistados: Hermógenes Oliveira, por todas as dúvidas sanadas, por toda a ajuda, incentivo, torcida e bom humor, sempre. A Janne Keila Morais por toda a torcida, todo apoio, toda força e presteza em me ajudar. A todos os outros integrantes: Henrique Pinho, Adelina Batista, Helen Costa, Daniele Bezerra, Mirella Pereira, Paulo de Paula, Raquel Rocha, Mariana Arantes, por toda a colaboração, ajuda, por toda a convivência agradável e, em especial, a minha grande amiga Juliana Gifoni, pela grande força, incentivo e orações. Ao laboratório de Bioprospecção de Recursos Regionais pelo incrível acolhimento, ótima infraestrutura e, principalmente, pelos amigos conquistados: Martônio Viana, Glauber Pacelli, Renata Silva, Priscila Caracas, Sarah Sant’ana, Gabrielle Freire, Terezinha Souza, Nathanna Mateus, Lady Bezerra, Berenice Alves e, especialmente ao Davi Farias, por toda a torcida, toda a força, otimismo, energia e alegria contagiante, enorme disposição de todos em ajudar, pela credibilidade e confiança que foi depositada em mim, enfim, o meu muitíssimo obrigada, o que ainda é muito pouco por tudo que vocês fizeram por mim. A todos os amigos e pessoas que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização deste trabalho. Aos meus pais, José Gláucio e Gláucia Fernandes, pela incansável ajuda, apoio, incentivo, por cuidarem dos meus filhos para que eu pudesse concluir esse trabalho e principalmente pelas orações e amor incondicional que vocês têm por mim. Aos meus irmãos, Geritsa, Gláucio Filho e Germana e meus sobrinhos amados Lucas e Mariana, por estarem presentes em minha vida. Ao meu esposo maravilhoso, pelo enorme amor, paciência, compreensão, e ajuda nas tarefas domésticas e no cuidado com nossos filhos, tudo para que eu pudesse finalizar mais uma etapa da minha formação científica. Aos meus filhos gêmeos, Gabriel e Rafael, meus anjos amados, que só trouxeram bênçãos e alegria para a minha vida e da minha família. E, sobretudo, a Deus, por estar eternamente do meu lado me ajudando em todas as etapas da minha vida, permitindo- me a conclusão deste trabalho através de suas bênçãos. MUITO OBRIGADA!!!!! Este trabalho foi realizado graças aoauxílio dos seguintes Órgãos e Instituições: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). DECIT/SCTIE/MS, por intermédio do CNPq, o apoio da FUNCAP e da SESA, com o financiamento do Projeto “Inclusão de Novos Genótipos de Feijão Caupi e de outras Leguminosas de elevado Valor Nutricional e Funcional na Alimentação da População do Semi-árido”. Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará. Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Centro de Ciências, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará. Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará. Núcleo de Controle das Endemias Transmissíveis por Vetores (NUVET), da Secretária de Saúde do Estado do Ceará. Laboratório de Microbiologia e Imunologia do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará. Laboratório de Toxinas Vegetais do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará. Laboratório de Proteínas Vegetais de Defesa do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará Laboratório de Bioprospecção de Recursos Regionais (Bioprospec) do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Ceará, onde o trabalho foi desenvolvido. SUMÁRIO Página LISTA DE FIGURAS................................................................................................ 15 LISTA DE TABELAS............................................................................................... 18 LISTA DE QUADROS.............................................................................................. 22 ABREVIATURAS..................................................................................................... 23 RESUMO.................................................................................................................... 25 ABSTRACT................................................................................................................ 27 CAPITULO 1. Fundamentação Teórica 29 1. LEGUMINOSAS COMO FONTE DE NUTRIENTES NA ALIMENTAÇÃO HUMANA................................................................................... 30 2. COMPOSTOS ANTINUTRICIONAIS E/OU BIOATIVOS DE LEGUMINOSAS....................................................................................................... 33 2.1 Compostos Antinutricionais e/ou Bioativos de Natureza Protéica.................. 34 2.1.1 Proteases............................................................................................................ 34 2.1.2 Inibidores de Tripsina...................................................................................... 36 2.1.3 Lectinas.............................................................................................................. 38 2.1.4 Ureases............................................................................................................... 40 2.1.5 Toxinas............................................................................................................... 41 2.1.6 Quitinases.......................................................................................................... 42 2.1.7 ββββ-1,3- glucanases............................................................................................... 44 2.2 Compostos Antinutricionais e/ou Bioativos de Natureza Não Proteica.......... 45 2.2.1 Alcalóides........................................................................................................... 46 2.2.2 Composto Fenólicos.......................................................................................... 47 2.2.3 Taninos............................................................................................................... 48 2.2.4 Saponinas........................................................................................................... 49 3. BIODIVERSIDADE DAS ESPÉCIES VEGETAIS DA CAATINGA COMO FONTE DE ALIMENTOS E REPOSITÓRIO DE MOLÉCULAS BIOLOGICAMENTE ATIVAS............................................................................... 50 3.1 Caesalpinia bracteosa Tul. .................................................................................. 53 3.2 Caesalpinia ferrea Mart. Ex. Tul. ...................................................................... 54 3.3 Dioclea megacarpa Rolfe .................................................................................... 55 3.4 Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong ................................................. 55 3.5 Erythrina velutina Willd . .................................................................................... 56 3.6 Hymenaea courbaril L. ........................................................................................ 57 3.7 Lonchocarpus sericeus (Poiret) Kunth .............................................................. 58 3.8 Parkia platycephala Benth. ................................................................................. 59 3.9 Piptadenia moniliformis Benth. .......................................................................... 60 3.10 Senna rugosa (G.Don) H.S.Irwin & Barneby ................................................. 61 CAPÍTULO 2. Prospecção Nutricional em Sementes de Leguminosas da Caatinga Cearense 65 1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA ....................... 66 2. OBJETIVOS ......................................................................................................... 68 2.1 Objetivos Gerais .................................................................................................. 68 2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 68 3. MATERIAIS ......................................................................................................... 69 3.1 Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga.................................................... 69 3.2 Animais de Laboratório e Alojamento ............................................................. 69 3.3 Reagentes Químicos ............................................................................................ 70 3.4 Componentes das Dietas ..................................................................................... 70 4. MÉTODOS ............................................................................................................ 71 4.1 Preparação da Farinha de Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ..... 71 4.2 Extração de Proteínas das Sementes das Espécies Vegetais ........................... 71 4.3 Dosagem de Proteínas ......................................................................................... 72 4.4 Composição Proximal das Sementes ................................................................. 72 4.4.1 Umidade ............................................................................................................ 72 4.4.2 Proteínas Totais ............................................................................................... 73 4.4.3 Lipídios Totais .................................................................................................. 73 4.4.4 Matéria Mineral (Cinzas) ................................................................................ 74 4.4.5 Fibra Alimentar Total ..................................................................................... 74 4.4.6 Carboidratos digeríveis ...................................................................................75 4.4.7 Conteúdo de Energia ....................................................................................... 75 4.5 Composição em Aminoácidos ............................................................................ 78 4.6 Dosagem de Compostos Tóxicos e/ou Antinutricionais ................................... 78 4.6.1 Lectinas ............................................................................................................. 78 4.6.2 Inibidores de Tripsina ..................................................................................... 79 4.6.3 Ureases .............................................................................................................. 80 4.6.4 Toxinas .............................................................................................................. 81 4.7 Determinação de Minerais ................................................................................. 81 4.8 Criação de Índice de Qualidade Nutricional para a Classificação das Espécies mais Promissoras ....................................................................................... 82 4.9 Experimento Nutricional I 82 4.9.1. Avaliação da Qualidade das Proteínas das Sementes de Piptadenia moniliformis ............................................................................................................... 82 4.9.1.1 Preparo das Dietas Experimentais .................................................................. 83 4.9.1.2 Procedimento Experimental ............................................................................ 84 4.9.1.3 Índices para Avaliação da Qualidade Proteica ............................................... 86 4.9.1.4 Parâmetros Bioquímicos Sanguíneos ............................................................. 87 4.9.1.5 Peso Relativo dos Órgãos em Base Seca ........................................................ 87 4.10 Experimento Nutricional II ............................................................................. 87 4.10.1. Avaliação da Qualidade das Proteínas das Sementes de Piptadenia moniliformis livre de αααα-galactosídios ....................................................................... 88 4.10.1.1 Processo de extração dos α-galactosídios ..................................................... 88 4.10.1.2 Preparo das Dietas Experimentais ................................................................ 88 4.11 Análise Estatística ............................................................................................. 89 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 91 5.1 Composição Proximal das Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ... 91 5.2 Composição de Aminoácidos das Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ..................................................................................................................... 101 5.3 Determinação de Compostos Tóxicos e/ou Antinutricionais das Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga .......................................................................... 104 5.4 Determinação da Composição de Minerais das Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ................................................................................................ 110 5.5 Classificação das Espécies Vegetais Através do Índice de Qualidade Nutricional ................................................................................................................. 113 5.6 Experimento Nutricional I ................................................................................. 116 5.6.1 Crescimento dos animais ................................................................................. 117 5.6.2 Variação de Peso, Dieta Ingerida e Eficiência Alimentar ............................ 120 5.6.3 Balanço Nitrogenado ....................................................................................... 123 5.6.4 Avaliação de Órgãos Internos dos Ratos ....................................................... 133 5.6.5 Análise dos parâmetros séricos ....................................................................... 137 5.7 Experimento Nutricional II ............................................................................... 142 5.7.1 Crescimento dos animais ................................................................................. 142 5.7.2 Variação de Peso, Dieta Ingerida e Eficiência Alimentar ............................ 144 5.7.3 Balanço Nitrogenado ....................................................................................... 147 5.7.4 Avaliação de Órgãos Internos dos Ratos ....................................................... 152 5.7.5 Análise dos parâmetros séricos dos ratos ...................................................... 155 6. CONCLUSÃO DO CAPÍTULO .......................................................................... 160 CAPÍTULO 3. Prospecção Bioativa em Sementes de Leguminoas da Caatinga Cearense 161 1. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA ....................... 162 2. OBJETIVOS ........................................................................................ 165 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 165 2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................... 165 3. MATERIAIS ................................... ...................................................................... 166 3.1 Sementes .............................................................................................................. 166 3.1.1 Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ............................................... 166 3.1.2 Sementes de Piptadenia moniliformis Benth. ................................................. 166 3.2 Eritrócitos ........................................................................................................... 167 3.3 Microrganismos ................................................................................................. 167 3.4 Animais de Laboratório e Alojamento ............................................................. 167 3.5 Insetos e Alojamento ........................................................................................... 168 3.6 Reagentes Químicos e Outros Materiais ........................................................... 168 3.6.1. Proteínas .......................................................................................................... 168 3.6.2. Substratos Enzimáticos .................................................................................. 169 3.6.3 Meios de Cultura .............................................................................................. 169 3.6.4 Reagentes para Eletroforese ........................................................................... 169 3.6.5 Outros Materiais .............................................................................................. 169 4. MÉTODOS ............................................................................................................ 170 4.1 Preparação da Farinha de Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ..... 4.2 Extração de Proteínas das Sementes das Espécies Vegetais ........................... 170 170 4.3 Dosagem de Proteínas ......................................................................................... 171 4.4 Detecção de Metabólitos Secundários ............................................................... 171 4.5 Detecção e Dosagem de proteínas Bioativas ..................................................... 172 4.5.1 Lectinas .............................................................................................................172 4.5.2 Inibidores de Tripsina ..................................................................................... 172 4.5.2.1 Determinação dos Inibidores de Tripsina das sementes das dez espécies vegetasi da Caatinga ................................................................................................... 172 4.5.2.2 Determinação dos Inibidores de Tripsina da Fração Proteica de Piptadenia moniliformis (PmFP) .................................................................................................. 173 4.5.3 Inibidores de Quimotripsina ........................................................................... 174 4.5.4 Ureases .............................................................................................................. 174 4.5.5 Quitinases ......................................................................................................... 175 4.5.6 β-1,3-glucanases ............................................................................................... 176 4.5.7 Atividade proteolítica ...................................................................................... 176 4.5.7.1 Análise qualitativa de proteases ...................................................................... 176 4.5.7.2 Atividade proteolítica total ............................................................................. 177 4.5.8 Toxinas .............................................................................................................. 177 4.6 Ensaios Biológicos ............................................................................................... 178 4.6.1 Atividade Inibitória da Eclosão dos Ovos de Aedes aegypti ......................... 178 4.6.2 Atividade Larvicida contra Aedes aegypti ..................................................... 179 4.6.3 Análise de larvas tratadas ............................................................................... 179 4.6.4 Atividade Inibitória do Crescimento de Fungos Filamentosos em Meio Sólido .......................................................................................................................... 180 4.6.5 Atividade Inibitória do Crescimento de Fungos Filamentosos em Meio Líquido ...................................................................................................................... 180 4.6.6 Atividade Inibitória do Crescimento de Leveduras em Meio Líquido ....... 181 4.6.7 Atividade Inibitória do Crescimento Bacteriano em Meio sólido ............... 181 4.6.8 Atividade Inibitória do Crescimento Bacteriano em Meio Líquido ........... 4.7 Purificação de Proteínas com Atividade Quitinásica Presentes em Sementes de Piptadenia moniliformis Benth. .......................................................... 182 183 4.7.1 Fracionamento protéico com ácido tricloroacético (TCA) .......................... 183 4.7.2 Cromatografia de Troca Iônica em Matriz de DEAE-celulose ................... 183 4.7.3 Cromatografias de Afinidade em Matriz de Quitina ................................... 184 4.7.4 Cromatografias de troca iônica em Matriz de CM-sepharose .................... 184 4.7.5 Cromatografia de afinidade em Matriz de “ Affi-gel blue gel” ................... 185 4.7.6 Cromatografia de Troca Iônica em Matriz de Resource Q em sistema de FPLC (“Fast Protein Liquid Cromatography”) .................................................... 185 4.7.7 Eletroforese em Gel de Poliacrilamida ........................................................... 186 4.8 Análise Estatística ................................................................................................ 186 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 187 5.1 Seleção das Espécies Vegetais ........................................................................... 187 5.2 Sólido Solúvel e Proteínas solúveis do Extrato Bruto das Espécies Vegetais da Caatinga ................................................................................................................ 191 5.3 Metabólitos Secundários em Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga 191 5.4 Proteínas Bioativas em Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ......... 194 5.5 Avaliação de Toxicidade dos Extratos Brutos de Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ................................................................................................ 200 5.6 Atividade Antimicrobiana dos Extratos Brutos de Sementes das Espécies Vegetais da Caatinga ................................................................................................ 204 5.7 Espécies Vegetais com Bom Perfil de Bioatividade ......................................... 208 5.8 Purificação de Proteínas com Atividade Quitinásica Presentes em Sementes de Piptadenia moniliformis Benth. .......................................................... 212 5.9 Re-estruturação da Purificação de Proteínas com Atividade Quitinásica Presentes em Sementes de Piptadenia moniliformis Benth. ................................... 231 5.10 Cromatográfia de Troca Iônica de F 2 em Matriz de CM-sepharose .......... 234 5.11 Cromatográfia de Troca Iônica de C1 em Matriz de Resouce Q Acoplada ao Sistema de FPLC ................................................................................................. 237 5.12 Detecção e Dosagem de Proteínas Bioativas na Fração Proteica de Sementes de P.moniliformis (PmFP) ....................................................................... 239 5.13 Ensaios Biológicos ............................................................................................. 244 5. 13.1 Atividade Antifúngica – Fungos Leveduroformis e Filametosos ............ 245 5.13.1.1 Ensaio de Inbição do Crescimento de Leveduras em Meio Líquido ............ 245 5.13.1.2 Ensaio de Inbição do Crescimento de fungos filamentosos em Meio Líquido ........................................................................................................................ 247 5. 13. 2 Atividade Antibacteriana ............................................................................ 250 5.13.2.1 Ensaio de Inibição do Crescimento de Bactérias em Meio Líquido ............ 250 5.13. 3 Atividade Inseticida ...................................................................................... 252 5.13.3.1 Ensaio de Deteriminação da Atividade Inibitória da Eclosão dos Ovos de Aedes aegypti .............................................................................................................. 252 6. CONCLUSÃO DO CAPÍTULO .......................................................................... 259 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 260 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 262 9. ANEXOS ................................................................................................................ 328 9.1 Fonte da figura 2 ................................................................................................. 329 9.1 Fonte da figura 8 ................................................................................................. 330 9.3 Artigo publicado ................................................................................................. 331 15 LISTA DE FIGURAS CAPITULO 1 Página FIGURA 1 – Enzimas utilizadas no mercado mundial ................................ 36 FIGURA 2 – Espécies vegetais da Caatinga Cearense ................................ 63 FIGURA 3 – Vagens e Sementes de espécies vegetais da Caatinga ........... 64 CAPITULO 2 Página FIGURA 1 - Procedimento para determinação de Fibra Alimentar Total da farinha delipidada das dez sementesdas dez espécies vegetais da Caatinga segundo a metodologia descrita pela AOAC (1997) .................... 77 FIGURA 2 - Curva de crescimento dos ratos (n = 6) alimentados com dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro-ondas (PmM) e cozimento por autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP)............................................................................................................... 118 FIGURA 3 - Curva de crescimento dos ratos (n = 6) alimentados com dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr), farinha de P. moniliformis crua livre de α-galactosídios (PmLG), farinha de soja crua adicionada de α-galactosídios (SJAG), dieta com farinha de soja crua (SJCr), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) ........................................................................ 143 CAPITULO 3 Página FIGURA 1 – Cromatografia de troca iônica em matriz de DEAE- celulose.......................................................................................................... 213 FIGURA 2 – Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) na presença de SDS (2,0%) e β-mercaptoetanol (2,5%) do Extrato bruto de P. moniliformis Benth e da 1a fração proteica não retida oriunda do extrato bruto P. moniliformis de quando submetidas a cromatografia de troca iônica em matriz de DEAE-Celulose, revelada com nitrato de prata............ 216 16 FIGURA 3 – Cromatografia de afinidade em matriz de Quitina ................. 217 FIGURA 4 – Cromatografia de troca iônica em matriz de CM-Sepharose .... 219 FIGURA 5 – Cromatografia de afinidade em matriz de Affi-gel blue gel ..... 221 FIGURA 6 – Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) na presença de SDS (2,0%) e β-mercaptoetanol (2,5%) da fração proteica oriunda de D1 quando submetida à cromatografia de afinidade em matriz de “Affi- gel blue gel”, revelada com nitrato de prata ................................................. 224 FIGURA 7 – Cromatografia de troca iônica em matriz de CM-Sepharose ... 225 FIGURA 8 – Cromatografia de afinidade em matriz de Quitina ................. 227 FIGURA 9 – Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) na presença de SDS (2,0%) e β-mercaptoetanol (2,5%) da fração proteica oriunda de A1 quando submetida à cromatografia de afinidade em matriz de quitina, revelada com nitrato de prata ....................................................................... 228 FIGURA 10 - Esquema da tentativa de purificação de proteínas com atividade quitinásica presentes em sementes de P. moniliformis ................. 230 FIGURA 11 - Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) na presença de SDS (2,0%) e β-mercaptoetanol (2,5%) revelada com nitrato de prata das frações proteicas obtidas de do fracionamento com ácido tricloroacético (TCA) ................................................................................... 233 FIGURA 12 – Cromatografia de troca iônica em matriz de CM-Sepharose .. 235 FIGURA 13 - Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) na presença de SDS (2,0%) e β-mercaptoetanol (2,5%) revelada com nitrato de prata das proteínas do extrato bruto de P. moniliformis Benth. ............................ 236 FIGURA 14 – Cromatografia de troca iônica em matriz de Resource Q acoplada ao sistema de FPLC ....................................................................... 238 FIGURA 15 - Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5%) na presença de SDS (2,0%) e β-mercaptoetanol (2,5%) revelada com nitrato de prata das frações proteicas de C1 obtidas quando submetidas a uma cromatografia de troca iônica em matriz de Resource Q acoplada ao sistema de FPLC ........................................................................................... 240 FIGURA 16 – Esquema de purificação da fração proteica de sementes de P. moniliformis com elevada atividade quitinásica ...................................... 241 FIGURA 17 - Curvas de crescimento de quatro leveduras crescidas em 17 caldo BHI (Brain Heart Infusion), pH 5, 0, contendo diferentes concentrações da fração proteica de P. moniliformis (Pm-FP) .................... 246 FIGURA 18- Curvas de crescimento de quatro fungos crescidos em caldo YPD (Yeast Potato Dextrose), contendo diferentes concentrações da fração proteica de P. moniliformis (Pm-FP) ................................................. 248 FIGURA 19 - Curvas de crescimento de quatro cepas bactérias (2 Gram + e 2 Gram -) crescidos em caldo nutritivo (Peptona e Extrato de levedura) contendo diferentes concentrações da fração proteica de P. moniliformis (Pm-FP) ........................................................................................................ 251 FIGURA 20 – Fotomicrografia (50 x) das larvas de Aedes aegypti tradadas com BSA (1 mgP/ml) (a) e com PmFP (0,225 mgP/ml) ............... 255 FIGURA 21 – Fotomicrografia (50 x) dos ovos de Aedes aegypti tratados com PmFP (1 mgP/ml) ................................................................................. 258 18 LISTA DE TABELAS CAPITULO 1 Página TABELA 1 – Espécies da família leguminosae endêmicas presentes na Caatinga ................................................................................................................. 52 CAPITULO 2 Página TABELA 1 - Composição (g/Kg) e densidade calórica (Kcal/g) das dietas controles e experimentais do experimento nutricional I ....................................... 85 TABELA 2 - Composição (g/Kg) e densidade calórica (Kcal/g) das dietas das dietas controles e experimentais do experimento nutricional II ............................ 90 TABELA 3 – Composição proximal e de energia das sementes de dez leguminosas selvagens da caatinga ....................................................................... 95 TABELA 4 - Composição de aminoácidos das proteínas das dez sementes de leguminosas da caatinga, composição de aminoácidos de proteína vegetal (soja) e animal (clara de ovo) padrões e referências de aminoácidos para grupos de crianças em diferentes idades e requerimentos para ratos...................................... 102 TABELA 5 – Fatores tóxicos e/ou antinutricionais das sementes de dez espécies vegetais da caatinga ................................................................................ 105 TABELA 6 – Composição de minerais das sementes de dez espécies vegetais da caatinga e recomendação de ingestão diária (RDI) para adultos e crianças com quatro ou mais anos de idade baseado em um consumo de 2000 Kcal diárias .................................................................................................................... 111 TABELA 7 – Índice de Qualidade Nutricional* das espécies vegetais da caatinga em ordem decrescente ............................................................................. 115 TABELA 8 – Variação de peso, dieta ingerida e eficiência alimentar* de ratos (n = 6) submetidos a dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro-onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .................................................. 121 TABELA9 – Balanço de nitrogênio* dos ratos (n = 6) alimentados com dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente 19 por fervura (PmF), cozimento em micro-onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .......................................................................................... 124 TABELA 10 - Parâmetros nutricionais obtidos pela alimentação de ratos (n = 6) submetidos a dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro-onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .................................................. 127 TABELA 11 – Peso seco relativo (g/100 g de peso corpóreo) de órgãos internos de ratos (n = 6) submetidos a dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro- onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) ........................... 134 TABELA 12 – Parâmetros séricos dos ratos (n=6) alimentados com dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro-onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .......................................................................................... 138 TABELA 13 – Variação de peso, dieta ingerida e eficiênica alimentar* de ratos (n = 6) submetidos a dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr), farinha de P. moniliformis crua livre de α-galactosídios (PmLG), farinha de soja crua adicionada de α-galactosídios (SJAG), dieta com farinha de soja crua (SJCr), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .......................................................................................... 145 TABELA 14 – Balanço de nitrogênio* dos ratos (n = 6) alimentados com dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr), farinha de P. moniliformis crua livre de α-galactosídios (PmLG), farinha de soja crua adicionada de α- galactosídios (SJAG), dieta com farinha de soja crua (SJCr), comparadas com o 20 crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) ......... 148 TABELA 15 - Parâmetros nutricionais obtidos pela alimentação de ratos (n = 6) submetidos a dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr), farinha de P. moniliformis crua livre de α-galactosídios (PmLG), farinha de soja crua adicionada de α-galactosídios (SJAG), dieta com farinha de soja crua (SJCr), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .......................................................................................... 150 TABELA 16 – Peso seco relativo (g/100 g de peso corpóreo) de órgãos internos de ratos (n = 6) submetidos a dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro- onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) ........................... 153 TABELA 17 – Parâmetros séricos dos ratos (n=6) alimentados com dietas contendo farinhas de P. moniliformis crua (PmCr) e processadas termicamente por fervura (PmF), cozimento em micro-onas (PmM) e autoclavagem (PmA), comparadas com o crescimento de ratos alimentados com a dieta contendo farinhas de soja crua (SJCr), processada termicamente por fervura (SJF) e dieta isenta de proteína (AP) .......................................................................................... 156 CAPÍTULO 3 Página TABELA 1 – Espécies vegetais utilizadas nesse estudo, nome botânico e popular, uso na medicina popular, quantidade de sólido solúvel e quantidade de proteína .................................................................................................................. 189 TABELA 2 – Detecção de metabólitos secundários no extrato bruto de sementes de espécies vegetais da caatinga ............................................................ 193 TABELA 3 – Detecção e dosagem de proteínas bioativas no extrato bruto de sementes de espécies vegetais da caatinga ............................................................ 196 TABELA 4 – Determinação de atividade tóxica do extrato bruto de sementes de espécies vegetais da caatinga para camundongos e larvas de Aedes aegypti no 3 º estádio de desenvolvimento ....................................................................... 201 TABELA 5 – Avaliação da atividade antimicrobiana em meio sólido do extrato 21 bruto de sementes de espécies vegetais da caatinga .............................................. 205 TABELA 6 – Determinação da atividade quitinásica das frações proteicas oriundas do extrato bruto de P. moniliformis Benth. quando submetido a uma cromatografia de troca iônica em matriz de DEAE-celulose ................................ 215 TABELA 7 – Determinação da atividade quitinásica das frações proteicas oriundas de D1 quando submetidas à cromatografia de afinidade em matriz de “Affi-ge Blue gel” ................................................................................................. 222 TABELA 8 – Determinação da atividade quitinásica das frações proteicas oriundas de A1 quando submetidas à cromatografia de afinidade em matriz de Quitina ................................................................................................................... 227 TABELA 9 – Determinação da atividade quitinásica das frações proteicas oriundas do extrato bruto de Piptadenia moniliformis Benth. quando submetidos à precipitação com ácido tricloroacético (TCA) em diferentes concentrações ........................................................................................................ 232 TABELA 10 – Determinação da atividade quitinásica das frações proteicas oriundas da fração TCA 2% quando submetida a uma cromatografia de troca iônica em matriz de CM-sepharose ....................................................................... 235 TABELA 11 - Detecção e Dosagem de proteínas bioativas da fração proteica de sementes de P. moniliformis (PmFP) ................................................................... 243 TABELA 12 – Efeito da fração proteica de Piptadenia moniliformis (PmFP) sobre a eclosão dos ovos e sobrevivência de larvas em 1º estádio de Aedes aegypti após 7 dias de exposição ........................................................................... 254 22 LISTA DE QUADROS CAPITULO 2 Página QUADRO 1 – Informações botânicas, nutricionais e antinutricionais das dez espécies de leguminosas da caatinga ........................................................................92 23 ABREVIATURAS ALT Alanina aminotransferase AST Aspartato aminotransferase BANA Ná-Benzoil-DL-Arginina-p-Naftilamida BAPNA Ná-Benzoil-DL-Arginina-p-Nitroalinida BSA Albumina Sérica Bovina CL 50 Concentração Letal Média capaz de matar 50 % organismos CM Carboximetil DL 50 Dose Letal Média capaz de matar 50 % dos animais testados DEAE Dietilaminoetil DMAB p-dimetilaminobenzaldeído DMSO Dimetilsolfóxido DTT Ditiotreitol EB Extrato Bruto EDTA Ácido etilenodiaminotetracético FAO Organização para a Agricultura e Alimentação FAT Fibra Alimentar Total FPLC “Fast Protein Liquid Chromatography” IQN Índice de Qualidade Nutricional µgTI Micrograma de Tripsina Inibida Mo-CBP3 Proteína ligante à quitina de sementes de Moringa oleifera NPU Utilização Líquida da Proteína PAGE Eletroforese em Gel de Poliacrilamida PmFP Fração proteica de Piptadenia moniliformis PR-proteína Proteína relacionada à patogênese SBTI Inibidor de tripsina da soja SDS Dodecil Sulfato de Sódio SST Sólidos Solúveis Totais TCA Ácido Tricloroacético TEMED N’, N’, N’, N’, tetrametiletilenodiamina 24 Tris Tris (hidroximetil) aminometano VB Valor Biológico UH Unidades de Hemaglutinação 25 RESUMO A Caatinga possui uma vegetação heterogênea cuja biodiversidade taxonômica conta com mais de 2.000 espécies de plantas. Dentre essas, cerca de 220 pertencem à família das leguminosas com 80 espécies endêmicas, únicas desse bioma. Muitas são usadas para diversas finalidades de forma indiscriminada, reduzindo consideravelmente a diversidade e o número de espécies antes mesmo do conhecimento de suas potencialidades. Estudos que possam agregar valor econômico e viabilizar o uso racional, sustentável e a conservação das mesmas, aliada à constante busca por novas fontes de proteínas vegetais para atender à demanda crescente da população, bem como a grande necessidade de descoberta de compostos naturais que auxiliem no combate aos patógenos humanos e de plantas, são de extrema relevância. Assim, o presente estudo objetivou avaliar o potencial nutricional e bioativo de sementes de dez espécies vegetais da Caatinga destacando a espécie mais promissora. Para tanto, dez espécies de leguminosas selvagens da Caatinga foram analisadas quanto a sua composição nutricional, apresentando elevado percentual de proteína bruta (10,9 ± 0,4 a 50,0 ± 3,4 %), fibras (0,8 ± 0,0 a 52,3 ±1,0 %) e energia (1.000 a 1.804 kJ/100g), com perfil de aminoácidos comparáveis aos da soja, com maiores teores de lisina (1088 a 456 mg/gN) e histidina (199 a 918 mg/gN) e bom perfil de minerais por apreentar boas quantidades de (mg/100g de farinha) de todos eles, em especial, de ferro (3,8 a 20,2), cálcio (31 a 268), magnésio (102 a 244) e potássio (366 a 1.581). As sementes apresentaram baixas quantidades de lectinas (80 a 2.560 e 160 a 2.560 UH/gF, quando não tratadas e tratadas com enzimas, respectivamente), inibidores de tripsina (4,1 ± 0,4 a 27,4 ± 0,2 µgTI/mgF ), ureases (465 ± 13 a 47.178 ± 3.351 U/KgF) e atividade tóxica, em apenas três espécies, com DL50 variando de 0,72 ± 0,03 a 1,12 ± 0,04 g/Kg peso. Foi determinado um índice de qualidade nutricional para todas as espécies, o qual apontou a espécie Piptadenia moniliformis Benth. (Catanduva) como detentora de melhor qualidade nutricional, sendo assim destacada e avaliada in vivo a qualidade das proteínas de suas sementes. Os processamentos térmicos (fervura, cozimento em micro-ondas e autoclavagen) e o processo de extração de α-galactosídios nas sementes dessas espécies não proporcionaram bom desempenho dos animais, tendo em vista a perda de peso apresentada. Melhoria nos parâmetros nutricionais, como NPU e VB foi verificada após a retirada de α- galactosídios dessas sementes, sugerindo que a análise de outros processamentos para o aproveitamento das proteínas de suas sementes, pode torná-las uma fonte promissora. Além do alto potencial nutricional, as dez espécies apresentam também potencial bioativo devido à presença de metabólitos secundários como alcalóides, catequinas, calchonas, auronas, flavonóis, fenóis flavonas, xantonas, flavononóis, saponinas e triterpenóides. Possuem proteínas bioativas como proteases, quitinases (0,23 ± 0,02 a 2,0 ± 0,33 nKat/mgP), β-1,3- glucanases (0,01 ± 0,0 a 0,8 ± 0,01 nKat/mgP), além de proteínas ativas contra 26 microorganismos que também são consideradas antinutricionais (lectinas, inibidores de tripsina, ureases e toxinas). A avaliação dos extratos brutos (EB) das espécies mostrou que todas são ativas contra larvas de Aedes aegipty com percentual de mortalidade variando de 13,33 ± 0,54 a 100,00 ± 0,00 %, exceto o EB de Caesalpinea bracteosa que foi ativo contra a cepa Bacillus subtilis e contra o fungo Fusarium oxysporum, juntamente como o EB de Dioclea megacarpa. A espécie Senna rugosa inibiu o crescimento das cepas Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus. Os fungos fitopatogênicos Aspergilus niger e Colletotrichum truncatum foram inibidos pelos EBs de Piptadenia moniliformis e Enterolobium contortisiliquum, que além destes, foi ativo frente a Neurospora sp. e Trichoderma viridae. A espécie P. moniliformis destacou-se por sua elevada atividade quitinásica (1,12 ± 0,0 nKat/mgP) em adição à atuação contra modelos biológicos susceptíveis a essa enzima, tendo sido escolhida para sua purificação. A fração proteica purificada de P. moniliformis (PmFP) contém elevada atividade de quitinases e causou pequena redução no crescimento das leveduras Saccharomyces cerevisiae e Candida tropicalis, bem como da bactéria B. subtilis. Inibiu ainda, a eclosão de ovos de A. aegypti com CI50 de 204, 42 ± 2,19 µgP/ml e alterou a estrutura dos ovos e morfologia das larvas de primeiro estádio. A investigação do potencial nutricional e bioativo das espécies mostrou boa composição de nutrientes, em especial de proteínas e confirmou a presença de compostos bioativos de natureza proteica e de metabólitos secundários, tornando-as promissoras fontes de nutrientes e compostos antimicrobianos e anti-inseticidas que podem ser utilizados biotecnologicamente para fins agrícolas e industriais. Palavras chaves: Caatinga, Leguminosas, Leguminosas selvagens, Piptadenia moniliformis, valor nutricional, proteínas bioativas, antimicrobiano, larvicida. 27 ABSTRACT The Caatinga Biome shows an heterogeneous vegetation with a taxonomic biodiversity of over 2,000 species of plants. Among these, approximately 220 belong to the Leguminosae family with 80 endemic species, unique to that biome. Many are used for various purposes in an indiscriminate manner, greatly reducing the variety and number of species even before the knowledge of their potential uses. Studies that can add economic value and enable the rational, sustainable use of these species, coupled with the constant search for new sources of plant protein to meet the ever increasing demand of the population are extremely important. Similarly important is the search for natural compounds which may help to combat human and plant pathogens. Thus, this study aimed to assess the nutritional and bioactive value of the seeds of ten plant species from Caatinga, highlighting the most promising ones. For this, the seeds were analyzed for nutritional composition, showing a high percentage of crude protein (10.9 ± 0.4 to 50.0 ± 3.4%), dietary fiber (0.8 ± 0 , 0 to 52.3 ± 1.0%) and energy (1,000 kJ/100g a1.804), with amino acid profile similar to that of soybeans, with higher amounts of lysine (1088-456 mg/gN) and histidine (199-918 mg/gN) and good mineral profile, with good content (mg/100 g flour) for all of them, especially, iron (3.8 to 20.2), calcium (31 to 268), magnesium (102-244) and potassium ( 366-1581). The seeds showed low amounts of lectins (80-2560 and 160-2560 UH / gF, when untreated and treated with enzymes,respectively), trypsin inhibitor µ(4.1 ± 0.4 to 27.4 ± 0.2 GTI / mgF), urease (465 ± 13 to 47,178 ± 3,351 U / KGF) and toxic activity in only three species, with LD50 ranging from 0.72 ± 0.03 to 1.12 ± 0.04 g / kg body weight . Was given an index of nutritional quality for all species, which pointed to Piptadenia moniliformis Benth. species (Catanduva) as the most promising one and because of that the seeds of this species was had the quality of its proteins evaluated in vivo. The thermal processing (boiling, microwave cooking and autoclaving) as well as the removal of α-galactosides did not improve animals performance. The nutritional parameters NPU and BV were improved when the animals were fed the seeds diet after removal of the α-galactosides. This may indicate that the search for apropriate processing methods may turn these seeds a promising source of proteins. Besides the high nutritional potential, the seeds of the ten studied species also have bioactive potential due to the presence of secondary metabolites such as alkaloids, catechins, calchonas, Auron, flavonols, flavones phenols, xanthones, flavononols, saponins and triterpenoids. These seeds also have bioactive proteins such as proteases, chitinases (0.23 ± 0.02 to 2.0 ± 0.33 nkat / mg P), β-1,3-glucanase (0.01 ± 0.0 to 0.8 ± 0, 01 nkat / mg P), and proteins active against microorganisms that are also considered antinutritional factors (lectins, trypsin inhibitors, urease and toxins). The evaluation of the crude extracts (CE) of the seeds showed that all species are active against the larvae of Aedes aegipti with mortality rates ranging from 13.33 28 ± 0.54 to 100.00 ± 0.00%, except that of Caesalpinea bracteosa which similarly to the CE of Dioclea megacarpa, was active against the bacterium Bacillus subtilis and against the fungus Fusarium oxysporum. Seeds extract of Senna rugosa species was able to inhibit the growth of Bacillus subtilis and Staphylococcus aureus. The pathogenic fungi Aspergillus niger and Colletotrichum truncatum were inhibited by the CE of Piptadenia moniliformis and Enterolobium contortisiliquum. The latter was also active against Neurospora sp. and Trichoderma viridae. The species P. moniliformis was distinguished for its high chitinase activity (1.12 ± 0.0 nkat / mg P) in addition to its activity against biological models susceptible to this enzyme. For these reasons attempts were made for its purification. The purified protein fraction of P. moniliformis (PmFP) contains high activity of chitinases and caused a small reduction in the growth of the yeasts Saccharomyces cerevisiae and Candida tropicalis, and of the the bacterium B. subtilis. This protein fraction also inhibits the hatching of A. aegypti eggs with IC50 of 204. 42 ± 2.19 µgP / ml. It causes changes in the eggs structure and in the morphology of first stage larvae. Thus, investigation of bioactive and nutritional potential of the species showed good composition of nutrients, especially of proteins, and confirmed the presence of bioactive compounds from protein nature and secondary metabolites, making them promising sources of nutrients, antimicrobial and insecticides that can biotechnologically be used for agricultural and industrial purposes. Key words: Caatinga, Pulses, wild legumes, Piptadenia moniliformis, nutritional value, bioactive proteins, antimicrobial, larvicidal. 29 Fundamentação Teórica 30 1. LEGUMINOSAS COMO FONTE DE NUTRIENTES NA ALIMENTAÇÃ O HUMANA Os vegetais mais importantes na agricultura e na alimentação humana, depois das gramíneas (cereais), são os da família das leguminosas, com sua enorme quantidade de espécies e variedades (DURANTI, 2006). As leguminosas e os cereais são considerados a base na dieta de toda sociedade, apresentando aminoácidos essenciais complementares que os tornam alimentos de boa qualidade e capazes de fornecer proteínas funcionais (SHEWRY; TATHAM, 1999; SINDHU; KHETARPAUL, 2001; BOYE et al., 2010). As leguminosas são fontes de proteínas, carboidratos, lipídios, algumas vitaminas e minerais, sendo destacadas como fontes de proteínas, embora o principal componente de algumas delas seja o óleo. São amplamente utilizadas como fonte de proteínas na dieta do homem devido ao alto conteúdo de nitrogênio quando comparado à quantidade presente nos cereais, que é cerca de duas vezes menor. Por essa razão, são importantes na dieta de seres humanos e animais, sendo a única fonte de proteínas na alimentação humana em muitas partes do mundo, principalmente em países em desenvolvimento com elevado número de pessoas de baixa renda (SHIM; JUN; KANG, 2003; WANG et al., 2003; CRUZ et al., 2004; GRUSAK, 2005; GRUSAK, 2008). As proteínas provenientes de plantas fornecem aproximadamente 65% da oferta mundial de proteínas para os seres humanos e, entre as plantas, as leguminosas são consideradas a principal fonte de proteínas alimentares, variando de 20 até 40 g por 100 g de matéria seca (NORTON; BLISS; BRESSANI, 1985; MAHE; GAUSSERES; TOME, 1994). Feijões, ervilhas, favas, lentilhas, grão de bico e soja são exemplos de importantes leguminosas usadas na alimentação humana e, entre as 20 espécies mais utilizadas, os feijões (Phaseolus vulgaris e Vigna sinensis) e as ervilhas (Pisum sativum L) são os mais amplamente cultivados e consumidos em todo o mundo (MORROW, 1991; OFUYA; AKHIDUE, 2005). O feijão comum (Phaseolus vulgaris) é considerado uma das principais fontes proteicas da população brasileira (OLIVEIRA et al., 2003) e o feijão de corda (Vigna unguiculata) apresenta boa fonte de vitaminas do complexo B (tiamina, niacina, riboflavina, piridoxina e ácido fólico) e de minerais, especialmente ferro, zinco, potássio e fósforo (GRANGEIRO et al., 2005; PHILLIPS et al., 2003). Por outro lado, sementes de leguminosas são deficientes nos aminoácidos sulfurados metionina, cisteína e, em menor escala, em triptofano. Contêm quantidades relativamente 31 baixas de certos minerais (ferro, zinco e cálcio) quando comparadas às fontes de proteínas de origem animal (carnes) (GRUSAK, 2002; SHIM; JUN; KANG, 2003). Várias espécies de leguminosas têm sido cultivadas e consumidas em larga escala em diversas zonas climáticas. Já as espécies de leguminosas selvagens são recolhidas e também consumidas, em menor escala, pelas populações rurais e tribais, além de sua utilização como fontes de proteínas em algumas partes do mundo (AMUBODE; FETUGA, 1983; RODRIGUES; TORNE, 1991; MOHAN; JANARDHANAN, 1995; SEENA; SRIDHAR; JUNG, 2005; VADIVEL; JANARDHANAN, 2005). Essa utilização de leguminosas selvagens na alimentação mostra o potencial de conversão dessas espécies selvagens em cultivadas. Muitos esforços têm sido direcionados, nesse sentido, devido à limitação de proteínas animais e ao seu alto custo, que acabam por incentivar a busca por novas fontes de proteínas de origem vegetal (ENUJIUGHA; AYODELE-ONI, 2003; CRUZ et al., 2004; IQBAL et al., 2006). Além disso, a necessidade de minimizar os riscos relacionados ao consumo de alimentos de origem animal, o crescente aumento populacional e o número de indivíduos que passam fome no mundo (cerca de um bilhão de pessoas) também aumentam a necessidade da busca de novas fontes de nutrientes, em especial de proteínas (DURANTI, 1999; “International Food Policy Research Institute” (IFPRI, 2011). Estudos relacionados à qualidade de proteínas como novas fontes alternativas de nutrientes são de grande importância e muitos têm sido realizados sobre leguminosas selvagens, há algum tempo, em diversas partes do mundo (RAJARAM; JANARDHANAN, 1992; ARINATHAN; MOHAN; DE BRITTO, 2003; ARUN et al., 2003), como, por exemplo, os realizados na Nigéria com as espécies Centrosema pubescens, Tamarindus indica e Cassia alata (UKHUN e IFEBIGH,1988, 1989; ISHOLA; AGBAJI; AGBAJI, 1990), Acacia colei e Acacia tumida, usados como alimentos pelo povo australiano e Cassia floribunda Cav pelos indianos (VADIVEL; JANARDHANAN, 2001), Vicia fava L. da região da Antália (HACISEFEROGULLARE et al., 2003) e leguminosas selvagens do deserto de Sonora, no México (ORTEGA-NIEBLAS; VÁSQUEZ-MORENO; ROBLES- BURGUEÑO,1996). Segundo Ortega-Nieblas e colaboradores (1996), sementes e vagens de leguminosas do gênero Acacia, Olneya e Prosopis têm sido utilizadas em diversos países para consumo humano e animal. O grande número de pesquisas em torno de leguminosas selvagens pode ser explicado por serem cosideradas por Shim, Jun e Kang (2003), de alta qualidade, de alto valor nutricional e apresentarem baixos teores de fatores antinutricionais, além desse fato ter sido comprovado pelos estudos de Bravo, Grados e Saura-Calixto (1994) e Ortega-Nieblas, 32 Vásquez-Moreno e Robles-Burgueño (1996) que demonstraram que vagens de plantas do gênero Prosopis são palatáveis e possuem alto valor nutricional e baixo teor de compostos antinutricionais. Entretanto, a adaptação às condições adversas e à resistência a doenças e pestes são as principais vantagens dessas plantas (MAIKHURI; NAUTIYAL; KHALI, 1991; SRIDHAR; SEENA, 2006). Investigação de leguminosas selvagens economicamente viáveis como uma alternativa de alimento amplia as fontes de proteínas para nutrição humana. Porém, não basta apenas disponibilizar essas fontes proteicas sem antes realizar os estudos da presença de fatores antinutricionais, bem como análise de toxicidade (MAIKHURI; NAUTIYAL; KHALI, 1991; PRAKASH; MISRA, 1983; SHIM; JUN; KANG, 2003). As leguminosas são conhecidas por conterem compostos que prejudicam a utilização de seus nutrientes, especialmente de suas proteínas quando incorporados nas dietas, causando efeitos deletérios agudos ou crônicos. Esses compostos são tidos como antinutricionais e são originados tanto do metabolismo primário quanto do metabolismo secundário das plantas, os quais incluem os polifenóis, as lectinas, os inibidores de proteases, as ureases, o ácido fítico, grupos cianogênicos, alcalóides, taninos, oligossacarídeos (α-galactosídios), as saponinas e as toxinas, sendo responsáveis pela limitação do emprego de várias espécies de leguminosas na alimentação e pelo aumento de produção de flatos (WIRYAWAN; DINGLE, 1999; SINDHU; KHETARPAUL, 2001; VASCONCELOS et al., 2001; VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2004; JAIN; KUMAR; PANWAR, 2009). Um dos alvos para aumentar a qualidade nutricional das leguminosas inclui a remoção de fatores tóxicos e/ou antinutricionais, de compostos que tornam os sabores indesejáveis, de alergénos potenciais e melhoria da digestibilidade (SHIM; JUN; KANG, 2003). Recentemente, pesquisas sobre o desenvolvimento e a utilização de leguminosas selvagens têm focado na superação do déficit nutricional e toxicidade de algumas dessas leguminosas cultivadas (GUIL; RODRÍGUEZ-GARCÍA; TORIJA, 1997). Existem processamentos capazes de minimizar ou mesmo excluir os efeitos deletérios dos compostos antinutricionais como é o caso do aquecimento, visto que melhora a qualidade das proteínas de leguminosas pela inativação de compostos antinutricionais termolábeis, como, por exemplo, de lectinas e inibidores de tripsina (SWAMINATHAN, 1974; CHAU; CHEUNG; WONG, 1997; WANG et al., 1997; VIJAYAKUMARI et al., 1998), além disso, melhora o sabor e a aceitação da dieta. O processamento que consiste na retirada da casca das sementes retira taninos, responsáveis pela diminuição da digestibilidade das proteínas (BRESSANI; ELIAS, 1980). O tratamento de hidratação das sementes ajuda na retirada da casca, facilita o cozimento e extrai 33 alguns compostos antinutricionais que são solúveis em água (DURANTI, 2006). O processo de germinação das sementes envolve o aumento de atividade enzimática de muitas enzimas (amilase, proteases, fitase, lipase) levando à hidrólise das reservas das sementes, permitindo melhor aproveitamento dos nutrientes (WIRYAWAN; DINGLE, 1999; THARANATHAN; MAHADEVAMMA, 2003; DURANTI, 2006). Os estudos referentes à qualidade nutricional de sementes de leguminosas selvagens além de contribuir para o aumento de novas fontes de proteínas e nutrientes ainda é uma das formas de valorização e preservação dos recursos naturais, tendo em vista a utilização na alimentação humana (MATUDA; NETTO, 2005). Pesquisas mostram que os grãos de leguminosas não são apenas fontes de macro e micronutrientes, são também fontes de compostos ativos capazes de aumentar a promoção de saúde dos indivíduos por prevenirem doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras (BAZZANO et al., 2001; AMAROWICZ; PEGG, 2008; CHO et al., 2007; VILLEGAS et al., 2008; LETERME, 2002). São utilizados para diversos outros fins, incluindo produção de madeira, medicamentos, aditivos alimentares, como fontes de moléculas bioativas importantes na agricultura, o que aumenta, ainda mais, sua importância e necessidade de ampliar as suas fontes (DUTANTI, 2006). 2. COMPOSTOS ANTINUTRICIONAIS E/OU BIOATIVOS DE LEGUMINOSAS A utilização de leguminosas na dieta como fonte de nutrientes, seja de proteínas, de lipídios, de fibras, de vitaminas ou minerais, têm acrescido à dieta componentes que exercem ação antinutricional como as lectinas, os inibidores de proteases, os compostos fenólicos, o ácido fítico, grupos cianogênicos, alcalóides, taninos, ureases, oligossacarídeos, as saponinas e as toxinas (CHITRA et al., 1995; OBOH et al., 1998; WIRYAWAN; DINGLE, 1999; BURBANO et al., 1999; SINDHU; KHETARPAUL, 2001; VASCONCELOS et al., 2001; VASCONCELOS; OLIVEIRA, 2004; JAIN; KUMAR; PANWAR, 2009), responsáveis pela redução de utilização e do consumo dessas plantas como alimento, conforme já mencionado. Entretanto, pequenas quantidades de componentes antinutricionais têm sido negligenciadas, porque acredita-se que uma baixa quantia de um fator antinutricional não causa problemas no sistema humano (SHIM; JUN; KANG, 2003). Ademais, muitos desses compostos antinutricionais provocam efeitos fisiológicos além daqueles associados com a nutrição 34 humana essencial, sendo considerados compostos bioativos (CHAMP, 2002; BFC, 2004; SUNEJA et al., 2011). Efeitos fisiológicos benéficos no controle e prevenção de várias doenças metabólicas (diabetes mellitus, doença cardíaca coronária e câncer de cólon) relacionados com a inclusão de leguminosas na dieta diária já foram relatados e o interesse pelos mesmos vem aumentando devido à sua capacidade de melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem de distúrbios metabólicos (SHEHATA et al., 1988; SIMPSON et al., 1981; THARANATHAN; MAHADEVAMMA, 2003) Os compostos antinutricionais que também são considerados bioativos são os inbidores de tripsina, as lectinas, as ureases, as toxinas (todos proteínas) e, os polifenóis, os alcalóides, os taninos, os compostos cianogênicos, as saponinas (todos metabólitos secundários), entre outros, onde uma das funções da maioria deles está relacionada à defesa de plantas contra pragas e/ou patógenos (WINK, 1998; MACEDO et al., 2006; OLIVEIRA et al., 2007; WIESMAN; CHAPAGAIN et al., 2003; CHAUDHARY et al., 2008). 2.1 Compostos Antinutricionais e/ou Bioativos de Natureza Proteica As leguminosas contêm em suas sementes, além dos nutrientes, proteínas como inibidores de proteínas e de amilases, lectinas, proteínas de defesa e outras, que por várias razões, são importantes para a qualidade nutricional e funcional das sementes. Uma das razões da existência dessas proteínas é a capacidade de adaptação e necessidade de sobrevivência sob condições naturais para a perpetuação da espécie (MURRAY, 1979; DURANTI, 2006). 2.1.1 Proteases As proteases são enzimas com função de catalisar a hidrólise de ligações peptídicas de proteínas. Sãoclassificadas como exopeptidases, que clivam ligações peptídicas nas extremidades das proteínas (N- e C- terminais) e endopeptidases, com atividade catalítica no interior das proteínas (FRANCO; MELO; SILVA, 1999). As endopeptidases também são conhecidas como proteinases e são classificadas de acordo com o aminoácido presente em seu 35 sítio ativo e em seu mecanismo de ação em serínica, cisteínica, aspártica e metaloproteinases (BARRETT, 1987). As quatro classes de proteinases têm sido encontradas em diferentes órgãos e tecidos das plantas (RYAN; WALKER-SIMMONS, 1981). Realizam uma grande variedade de funções em processos fisiológicos complexos. Em plantas e microorgnismos atuam na esporulação e liberação do conídio, germinação (TORNERO et al., 1996; BEERS; JONES; DICKERMAN, 2004), reconhecimento de patógenos, indução de respostas de defesa (AVROVA et al., 1999; LIU; DAMMANN; BHATTACHARYYA, 2001), degradação de proteínas de reserva (KEMBHAVI et al., 1993), ativação de zimogênios, degradação de proteínas defeituosas (RUDENSKAYA et al., 1995) e morte celular programada (SOLOMON et al., 1999). Substâncias que atuam em proteases de microorgismos podem perturbar seu desenvolvimento normal e causar inibição de seu crescimento. Em seres humanos e animais, apresenta papel crucial em muitos processos fisiológicos e patológicos, tais como catabolismo de proteínas, cogulação do sangue, liberação de hormônios, ativação de zimogênios, transporte de proteínas secretoras, crescimento e migração celular, morfogenia e desenvolvimento, inflamação, crescimento de tumores e metástase (GODFREY; WEST, 1996). Compostos capazes de atuarem em proteases tumorais poderão ser utilizados como ferramentas contra câncer (CLEMENTE et al., 2004), como é o caso dos inibidores de proteases. Proteases provenientes de plantas de grande interesse e utilização são a papaína, bromelina, e a queratinase (MORIHARA; ODA, 1993). Suas diversas funções fazem dessa classe de proteínas importantes ferramentas bioativas usadas para uma infinidade de aplicações industriais e biotecnológicas. A FIGURA 1 mostra as enzimas utilizadas no mercado mundial. Cerca de 60 % do mercado total de enzimas são produzidas pela indústria mundial, destas uma boa parcela é usada nas áreas de alimentação e de detergentes (GODFREY; WEST, 1996; MAURER, 2004), além da farmacêutica, onde são muito utilizadas para a fabricação de pomadas cicatrizantes. Devido à participação em etapas fisiológicas importantes que ocorrem no mecanismo invasivo de tumores, assim como no ciclo de infecção de um grande número de vírus e microrganismos patogênicos, as proteases tranformam-se em um alvo quimioterápico valioso para o desenvolvimento de novos compostos farmacêuticos (MONSAN et al., 1978; SUTAR et al., 1986; KALISZ, 1988). 36 FIGURA 1 – Enzimas utilizadas no mercado mundial (Fonte: RAO et al., 1998). 2.1.2 Inibidores de Tripsina Os inibidores de tripsina são proteínas capazes de se complexarem com as enzimas tripsina e quimiotripsina inibindo a atividade catalítica das mesmas (ORRU; DEMEL, 1941; OLIVEIRA et al., 2007) e dessa forma prejudicam o processo digestivo por reduzir a digestibilidade de proteínas, causando reações fisiológicas indesejadas como a indução de hipertrofia e hiperplasia pancreática. Posteriormente, foi descoberto que os inibidores de tripsina também afetam o crescimento quando presente em dietas contendo aminoácidos livres (LIENER, 1976; LIENER, 1994: LAJOLO; GENOVESE, 2002). Experimentos com animais mostram que seu consumo promove moderada redução no ganho de peso e uma significante redução na utilização líquida de proteínas (PUSZTAI et al., 1992). O mecanismo de ação dos inibidores de tripsina na dieta (do tipo Kunitz e Bowman Birk), seria a supressão da regulação por “feedback” negativo da secreção pancreática através do aumento da liberação de hormônio colecistocinina (LIENER, 1994). Entretanto, de acordo com as observações de Pustzai e colaboradores (1997), esse efeito não é decorrente apenas da redução de proteases no intestino, a simples presença desses inibidores no intestino já provoca liberação do hormônio colecistocinina. Contudo, os efeitos negativos são manifestados com a alta ingestão do inibidor, como ocorre quando as sementes de leguminosas são consumidas 37 cruas, posto que são termoestáveis e o aquecimento é capaz de causar desnaturação, provocando redução considerável em sua atividade inibitória (VIDAL-VALVERDE, 1994; HABIBA, 2002). Em contraposição à sua atividade antinutricional, uma vez inativados, os inibidores de tripsina podem contribuir positivamente na dieta devido ao seu alto conteúdo de aminoácidos contendo enxofre em relação à maioria das proteínas das sementes (RYAN, 1990). Além disso, também possuem efeito de proteção contra câncer (BANERJI; FERNANDES, 1994; WANG et al., 1999; ARMSTRONG et al., 2000; LAJOLO; GENOVESE, 2002; MATHERS, 2002; MURILLO; CHOI; PAN, 2004). Estudos com inibidor de tripsina da soja apontam ação contra certos tumores na mama e no cólon. Sua atividade anticancerígena parece estar envolvida com o controle da atividade enzimática de tumores (KENNEDY, 1995; 1998a,b; CLEMENTE et al., 2004). A atividade contra certos tipos de cânceres requer que o inibidor esteja em sua conformação nativa, não podendo, dessa forma, utilizar tratamento térmico prolongado ou com temperaturas muito elevadas para o preparo de leguminosas, pelo fato desse processamento ser capaz de desnaturá-lo completamente (LAJOLO; GENOVESE, 2002). No entanto, essa desnaturação não ocorre com o cozimento convencionalmente utilizado para leguminosas, antes do consumo. Os inibidores de tripsina da soja mostram atividade anti-inflamatória pela inibição de protease mediadora da inflamação, tendo sido relatada redução de colite ulcerativa em ratos (WARE et al., 1999). Já existem patentes para o uso de inibidores de tripsina da soja no combate à obesidade, a doenças degenerativas e auto- imunes (WARE et al., 1999; FREITAS et al., 2003; ROSTAMI; KENNEDY, 2004; SWEENEY; MORRIS; KENNEDY, 2005). O inibidor de tripsina presente nas sementes de leguminosa possui um importante papel na defesa do vegetal contra a herbivoria, além de evidências de seu envolvimento em resposta à injúria (ECKELKAMP; EHMANN; SCHOPFER, 1993; LIN et al., 2006; LEDOIGT et al., 2006). Dessa forma, sua ação não se restringe somente aos seres humanos, também é responsável por causar efeitos deletérios aos insetos que se alimentam de grãos (HILDER et al., 1987; JOHNSON et al., 1989; McMANAUS et al., 1995; GROSJEAN apud VAN DER POEL et al., 1993; LAWRENCE; KOUNDAL, 2002), agindo de forma semelhante, já que impede a ação das proteases serínicas dos insetos sobre seu substrato, impedindo o aproveitamento de nutrientes, atrapalhando o desenvolvimento normal dos mesmos (URWIN et al., 1997; MACEDO et al., 2000). Atua frente a vários nematóides patogênicos como Globodera tabacum, Globodera pallida, e Meloidogyne incognita (WILLIAMSON; HUSSEY, 1996). É capaz de interferir, ainda, na germinação de esporos e 38 crescimento micelial de fungos fitopatogênicos (DUNAEVSKII et al., 1997; WANG; NG, 2006b). Sua atuação frente a pragas e patógenos insere-o no grupo de proteínas bioativas com boas características para serem aproveitadas para o desenvolvimento de culturas transgênicas resistente a pragas e patógenos, como já tem sido observado (SANE et al., 1997; ALTPETER et al., 1999; FALCO; SILVA, 2003), podendo proteger grãos de leguminosas economicamente importantes e, quem sabe, ainda trazendo benefícios aos seres humanos. 2.1.3 Lectinas Lectinas são proteínas ou glicoproteínas, amplamente distribuídas na natureza, que possuem como característica a ligação a carboidratos presentes na superfície celular. Apresentam especificidade e
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