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Thais Alves Fagundes COAGULAÇÃO SANGUÍNEA FASES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Fase vásculo-plaquetária (fase primária) Fase primária: colágeno exposto, agregação plaquetária e vasoconstrição, formação do trombo plaquetário · Dano vascular · Fator tissular, liga-se ao fator VII e fator VIIa, iniciando o processo de coagulação · Esse complexo resulta na formação de coágulo constituído por plaquetas e fibrina Vasoconstrição: Contração da musculatura lisa da parede vascular, diminui o fluxo e pressão no vaso. Mecanismos: · Contração miogênica local pela lesão direta da parede · Liberação de autacoides plaquetários (tromboxano A2) e do tecido lesado · Reflexo nervoso desencadeado por impulsos sensoriais Adesão, secreção e agregação plaquetária: 1ª etapa da hemostasia. Ocorre 1-3 segundos após a lesão vascular. Adesão plaquetária: Lesão endotelial e colágeno exposto na parede do vaso sanguíneo danificado. Ligação das plaquetas ao colágeno: · Ligação de glicoproteínas da plaqueta ao colágeno (glicoproteínas VI e Ia/ IIa –afinidade maior pelo colágeno). · Ligação mediada pelo fator von Willebrand (FVW), presente no subendotélio vascular · Ponte entre receptores da plaqueta (glicoproteína Ib e IIb/IIIa) e subendotélio lesado. · Liga-se a fator VIII (proteína procoagulante) retardando a sua degradação. · Ausência do FvW: · Alteração na adesão plaquetária (fase primária da cascata de coagulação) · Degradação precoce do fator VIII (fase secundária da cascata de coagulação) Ativação plaquetária: Ativação das plaquetas, por meio da ligação das plaquetas ao colágeno. Plaquetas liberam grânulos (ADP e tromboxano A2). ADP e TxA2 ativam e recrutam outras plaquetas para o sítio de lesão. · TxA2: sintetizado pela COX. A COX é inibida pelo AAS, que inibe a ativação das plaquetas. Agregação plaquetária: Plaquetas ativadas expressam o complexo plaquetário IIb/IIIa em sua superfície. · Complexo se liga ao fibrinogênio circulante. · GP IIb / IIIa forma pontes de fibrinogênio entre as plaquetas. · Mediando a formação do tampão plaquetário. FASES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Fase plasmática ou proteica (fase secundária) Consolidação do tampão plaquetário pelo acréscimo da rede de fibrina Formação da trombina a partir da quebra da protrombina (presente no plasma), pelo complexo de protrombinase · Processo “acelerado” pelos fatores Va e VIIIa. · Trombina e complexo de protrombinase: síntese hepática, vitamina K atua como cofator. · Deficiência de vitamina K (desnutrição, diarreia, úlcera) interferem na cascata de coagulação. Formação de fibrina a partir do fibrinogênio (presente inativado no plasma, síntese hepática) pela ação da trombina. Coágulo de fibrina é frágil e friável. · Sendo estabilizado pela ação do fator XIII (fator estabilizante da fibrina). · Formando o tampão reforçado. FASES DA CASCATA DE COAGULAÇÃO Fibrinólise (fase terciária da hemostasia) Dissolução do coágulo de fibrina. Conserva a patência (capacidade de manter via desobstruída) do vaso no local da lesão. Fibrina lentamente dissolvida pela plasmina, proteína ativa do sistema fibrinolítico endógeno. Ação da plasmina sobre o fibrinogênio e a fibrina origina os produtos de degradação da fibrina (PDF) e os dímeros D VIA INTRÍNSECA TTPA Via intrínseca ativada por cargas negativas: · CAPM (cininogênio de alto peso molecular), circulante no plasma contato com cargas negativas do colágeno. · Ativa fatores da coagulação. CAMP: transforma XII XIIa (ativado) Fator XIIa: · Tem um mecanismo de feedback positivo, estimulando a via intrínseca. · Convertendo a molécula PK em K, que converte mais XII em XIIa. Fator XIIa: ativa fator XI fator XIa (ativado) Fator XIa: ativa fator IX fator IXa Trombina: ativa o fator VIII. Na presença do fator VIIIa e cálcio ionizado, o fator IXa ativa o fator X. · IXa + VIIIa + cálcio+2 formam um complexo e ativa fator X fator Xa · Fator X transforma protrombina em trombina · Trombina forma a rede de fibrina VIA EXTRÍNSECA TP Via extrínseca ativada com a liberação de fator tecidual presente nas células subendoteliais quando ocorre a lesão. Células subendoteliais lesionadas liberam fator tecidual e inicia a via extrínseca. Fator tecidual: fator tecidual ativa fator VII fator VIIa Fator VIIa: · Ativa fator X · Ativa fator IX fator IXa Complexo IXa + VIIIa + cálcio+2 ativa fator X fator Xa · Fator IX juntamente com o VIIIa e o cálcio ativado. · Transforma o fator X em sua forma ativa (assim como na via intrínseca). VIA COMUM TP e TTPA Via comum iniciada com ativação do fator X que corresponde a terceira via da hemostasia secundária. Fator Xa (ativado pela via intrínseca e extrínseca): · Xa converte protrombina trombina (na presença de Va e Ca+2) · Trombina converte fibrinogênio fibrina Fator XIII: · Rede de fibrina sobre o trombo (tampão plaquetário) estabilizada/reforçada pelo fator XIII · Fator XIII é o parafuso que prende as fibrinas entre si. · Deficiência de fator XIII: exames da via intrínseca e extrínseca alterados (tempo de coagulação aumentado). Trombina: · Trombina participa de outros processos além do processo de transformação de fibrinogênio em fibrina. · Feedback positivo dentro da homeostasia secundária, amplificando a resposta. · Participa da ativação do fator IX, fator VIII, fator V. MECANISMOS DE CONTROLE DA COAGULAÇÃO ANTICOAGULANTES Regulação da coagulação ocorre em diferentes etapas e envolvem basicamente quatro vias: Via do inibidor do FT (fator tissular): inibe o F Xa e F VIIa nos estágios iniciais do processo Via da antitrombina (AT): inibidor primário da trombina e proteases ativadas (fatores Xa, IXa, XIa, XIIa e calicreína). AT é fraco inibidor da maioria das proteases. Ação acelerada pela heparina ou substâncias similares, presentes na superfície das células endoteliais; Via da proteína C (PC): regula a inativação dos cofatores Va e VIIIa. Proteína C (PC): zimogênio dependente da vitamina K. · Tem como receptor uma proteína transmembrana, a trombomodulina (TM), que interage com a trombina. · Complexo trombina-TM ativa a PC, transformando-a em PC ativada (PCA). PCA, ao ser liberada do complexo, inativa os cofatores Va e VIIIa, regulando a coagulação. Proteína S (PS): dependente da vitamina K. Age como cofator dessa reação, acelerando a inativação desses cofatores. Via dependente da proteína Z (PZ): PZ atua como um cofator para o inibidor de protease dependente da PZ (IPZ), sendo inibidor específico do F Xa. AVALIAÇÃO CLÍNICA Anamnese: · Fenômenos hemorrágicos espontâneos ou induzidos por trauma · Mulheres: hemorragia pós-parto e menstruações de volume exagerado. · Uso de medicamentos (AAS e AINES) · HF: doenças hemorrágicas podem associar-se a outras manifestações sistêmicas ou ter herança genética. Exame físico: Defeitos na fase primária: sangramento em pele e mucosas (petéquias, purpuras, equimoses, epistaxes, hemoptise): · Doença plaquetária quantitativa (plaquetopenia) ou qualitativa (plaquetopatia) · Doenças que acometem a parede dos vasos (vasculite, púrpura alérgica). Defeitos na fase secundária: hematomas, hemartroses, hemorragias internas · Defeitos de fatores de coagulação hereditária ou adquirida · Uso de anticoagulante (coagulopatia medicamentosa) Avaliação laboratorial Fase primária vásculo-plaquetária Fase vásculo-plaquetária (fase primária) Plaquetograma: Plaquetopenia < 150.000/ mm3 Tempo de sangramento (tempo de sangria): Mede a integridade da função plaquetária e da parede vascular. Hemostasia primária. Tempo de cessação do sangramento provocado artificialmente por incisão pequena na face anterior do antebraço. Técnica de Ivy: VR entre 1-9 minutos. · Não diferencia alterações da fase primária, plaquetárias das vasculares. · Indicado no pré-operatório, na pesquisa de púrpura ou coagulopatia (doença de Von Willebrand) TS: plaquetopenias, vasculites, doença de von Willebrand, uso de AAS e AINES (repetir exames após duas semanas). Curva de agregação plaquetária: Tempo que asplaquetas levam para agregarem-se entre si no plasma recalcificado in vitro. Avalia alteração da função plaquetária (doença de Von Willebrand) Prova do laço: Avaliação da fragilidade capilar. Positivo se ≥ 20 em adultos e ≥ 10 em crianças. Indicado na dengue atualmente. Avaliação laboratorial Fase secundária Plasmática ou proteica Fase plasmática ou proteica (fase secundária) Tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPa): Tempo de ocorrência da coagulação após a adição de fosfolipídios e cálcio ao plasma. Comparar o tempo do paciente com o tempo de referência (25-35 segundos). Medida da integridade da via intrínseca e via comum da cascata da coagulação: · Via intrínseca (fatores VIII, IX, XI e XII, pré-calicreína e cininogênio) · Via comum (fibrinogênio – fator I, protrombina – fator II, fatores V e X) · Relativamente mais sensível às deficiências dos fatores VIII e IX (hemofilia A e B, respectivamente) Tempo de protrombina (TP): Tempo de ocorrência da coagulação, após a adição de tromboplastina tecidual e cálcio ao plasma. Comparar o tempo do paciente com o tempo de referência (11-13 segundos). TP deve ser expresso em RNI quando utilizado para o controle de anticoagulação oral. Medida da integridade da via extrínseca e via comum da cascata da coagulação: · Via extrínseca (fatores VII) · Via comum (fibrinogênio – fator I, protrombina – fator II, fatores V e X) Tempo de trombina (TT): Tempo de coagulação do plasma citratado na presença de trombina, testando a conversão de fibrinogênio a fibrina. Avalia diretamente o fibrinogênio funcional. Utilizado para investigar defeitos na molécula do fibrinogênio. Triagem de PDF (produtos de degradação de fibrina), presente na CIVD e na fibrinólise TT: heparina, altas concentrações de imunoglobulinas, disfibrinogemias e hipofibrinogenemia. Causas de prolongamento isolado do TTPa Quadros hereditários: · Hemofilias A e B · Deficiência de fator XI, XII · Deficiência de pré-calicreína ou cininogênio Quadros adquiridos: · Uso de heparina · Inibidor adquirido do fator VIII, IX ou XI Causas de prolongamento isolado do TP Quadro hereditário: · Deficiência de fator VII Quadros adquiridos: · Doença hepática · Deficiência de vitamina K · Inibidor adquirido de fator VII Causas de prolongamento do TTPa e do TP Quadros hereditários: · Deficiência de fator de coagulação (V, X, II) · Lúpus anticoagulante Quadros adquiridos: · Doença hepática · Deficiência de vitamina K · Anticoagulante oral e heparina · Anticorpo anti-fator da coagulação (II, V ou X) Avaliação laboratorial Fase terciária Fibrinólise Ativador do plasminogênio tecidual (tPA) Ativador do plasminogênio uroquinase-like (uPA) Plasminogênio ativado e quebrado em plasmina (degrada fibrina e fibrinogênio intacto) Produtos de degradação da fibrina (PDFs), que interferem com a polimerização da fibrina e função plaquetária DOENÇAS HEMORRÁGICAS DEVIDO A DEFEITOS PLAQUETÁRIOS Defeitos plaquetários levam a doenças hemorrágicas. Classificados em quantitativos (plaquetopenias) e/ou qualitativos (plaquetopatias). PLAQUETOPENIA Plaquetopenias decorrem de diferentes processos fisiopatológicos, relacionados à produção, destruição ou distribuição de plaquetas. Causa mais comum de sangramento anormal. Plaquetas > 100.000/mm3: não manifestam hemorragias Plaquetas entre 50.000 e 100.000/ mm3: pode haver sangramento mais prolongado após trauma Plaquetas entre 20.000 e 50.000/mm3: sangramentos após pequenos traumas. Sangramentos espontâneos raros. Plaquetas < 20.000/mm3: sangramentos espontâneos. Plaquetas < 10.000/mm3: risco de sangramento grave Pseudoplaquetopenia: · Decorre da formação de grumos de plaquetas induzido pelo EDTA. · Diante de qualquer plaquetopenia deve-se repetir o teste utilizando citrato como anticoagulante. PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA (PTI) Doença hemorrágica autoimune. Anticorpos contra plaquetas, que são destruídas principalmente no baço. Em crianças, a doença é aguda. Em adultos, o quadro é mais insidioso. Manifestações clínicas: epistaxe, petéquias, púrpuras, equimoses, menorragia (mulheres). Alteração laboratorial: plaquetopenia. Diagnóstico: exclusão de outras causas de plaquetopenia. Pesquisa de anticorpos tem baixa sensibilidade. Tratamento: depende da gravidade da plaquetopenia e do sangramento. Assintomáticos e contagem plaquetária maior que 30.000-40.000/mm3: · Acompanhados clinicamente com contagem periódica de plaquetas (semanal ou quinzenal). Sangramento e/ou contagem plaquetária menor que 20.000/mm3: · Iniciar prednisona (corticoide). · Esplenectomia pode ser considerada (funciona em 60% dos casos). PLAQUETOPATIAS Defeitos de função das plaquetas. Causas mais comuns: · Doenças mieloproliferativas · Uremia · Leucemias agudas · Síndrome mielodisplásica · DVW adquirida · Drogas (AAS e AINES) COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS DOENÇA DE VON WILLEBRAND Doença de Von Willebrand: Coagulopatia hereditária mais comum Doença hemorrágica resultante de defeito quantitativo e/ou qualitativo do Fator de Von Willebrand (FvW). Na maioria dos casos, possui caráter autossômico dominante. Classificação e subtipos da doença: defeito quantitativo ou qualitativo (defeito na função) do FvW. FvW: proteína plasmática que carrega o fator VIII e impede sua proteólise precoce Função do FvW: · Hemostasia primária. Essencial para que a adesão plaquetária ocorra de forma eficiente. · Sem o FvW a plaqueta até adere ao endotélio, mas essa ligação é facilmente quebrada pelo próprio fluxo sanguíneo. · FvW se liga a proteína Ib na superfície da plaqueta e mantém a estabilidade da ligação dela com o endotélio. Manifestações clínicas: assintomáticos ou sintomáticos (sangramentos cutâneo-mucosos, equimoses, epistaxe, menorragia, hemorragia gengival e digestiva; História de sangramento no pós-parto e menorragia sem causa aparente). Alterações laboratoriais: · TTPa prolongado (PTTa normal não exclui a doença) e TS aumentado (altera fases primária e secundária da coagulação) · Diagnóstico: dosagem de cofator ristocetina e FVW. · Plaquetopenia: pode estar presente no subtipo 2B. Tratamento: · Correção do FVW · Antifibrinolíticos HEMOFILIAS Hemofilias: Herança recessiva ligada ao cromossomo X. Transmissão ocorre quase exclusivamente a indivíduos do sexo masculino por mãe portadora. Porém em cerca de 30% dos casos, a doença origina-se a partir de mutação nova, evento que pode acometer a mãe ou o feto. Raro a doença acometer mulheres (filhas de homem com hemofilia serão portadoras obrigatórias da doença). Fisiopatologia: deficiência hereditária (herança ligada ao X) de fatores da coagulação específicos. Hemofilia A: · Deficiência do fator VIII · Mais comum e mais grave (~70% desenvolvem a forma grave) Hemofilia B: · Deficiência do fator IX · Menos comum e possui cerca de 20-45% de chance de desenvolver a forma grave Manifestações clínicas: hemartrose, hematomas, hematúria, epistaxe, melena, hematêmese, sangramentos retroperitoniais e intracraniano. Alteração laboratorial: · TTPa prolongado · Diagnóstico: dosagem dos fatores VIII e IX no plasma (nas formas moderada a grave). Tratamento: · Reposição do fator deficiente profilático ou sobre demanda (após hemorragias). · Hemofilia A: repor fator VIII · Hemofilia B: repor fator IX Complicações: · Desenvolvimento de inibidores, que são anticorpos produzidos pelo paciente contra o fator deficiente infundido (aloanticorpo). · Sangramentos mais frequentes, em geral, com resposta diminuída ou ausente à infusão do concentrado do fator deficiente. DOENÇAS HEMORRÁGICAS DEVIDO A DOENÇAS SISTÊMICAS COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA / COAGULOPATIA DE CONSUMO Deposição intravascular disseminada de fibrina com consumo dos fatores de coagulação e plaquetas. Altera todas as fases da coagulação. Consequência de: · Liberação de material pró-coagulante na circulação e/ou · Condição que provoque o dano endotelial ou agregação plaquetáriaEtiologia: · Infecções (sepse por bactéria gram-negativa, fungos, vírus, febre maculosa) · Complicações obstétricas (embolia por líquido amniótico, eclampsia, feto morto retido, placenta retida) · Processos malignos (carcinoma pancreático, leucemia promielocítica aguda) · Dano tissular (pós-operatório, trauma) · Reações de hipersensibilidade (anafilaxia, transfusão sanguínea incompatível) · Outras (insuficiência hepática, pancreatite aguda, envenenamento, queimaduras extensas, hipotermia, hipóxia aguda). Fisiopatologia: Estímulo pró-coagulante: · Fator tissular. Chega ao sangue devido a/ao: · Dano endotelial · Produção pelas células malignas · Expressão na superfície dos monócitos e células endoteliais por mediadores inflamatórios. Entrada de material pró-coagulante na circulação: · Ativação do processo de coagulação · Geração de trombina · Deposição disseminada de trombos ricos em plaquetas e fibrina. Formação aumentada de fibrina estimula a fibrinólise secundária, pela ação da plasmina: · Plasmina digere a fibrina e o fibrinogênio, originando PDF (D-dímero). · PDFs são anticoagulantes potentes e contribuem para as manifestações hemorrágicas. Deposição de fibrina intravascular causa fragmentação das hemácias e anemia microangiopática. Trombose microvascular leva à hipóxia tecidual e falência de órgãos. Na CIVD aguda não compensada os fatores de coagulação e as plaquetas são consumidos em velocidade maior que a capacidade da sua produção. Isso resulta em: prolongamento do TP e TTPa e plaquetopenia. Manifestações clínicas: · Síndrome hemorrágica aguda fulminante (quadro grave) · Sangramento: equimoses, sangramento mucoso e por orifícios (CIVD aguda não compensada). · Gangrena de extremidades; Necrose hemorrágica da pele; Púrpura fulminante Diagnóstico laboratorial: · TP e TTPa prolongados · Plaquetopenia · TT aumentado · PDF elevados. · Hematoscopia: hemácias fragmentadas Tratamento: Identificar e eliminar causa subjacente. Nenhum tratamento nos casos leves, assintomáticos e autolimitados. Suporte hemodinâmico em casos graves. Terapia com hemocomponentes (se sangramento ativo ou de alto risco): · Plasma fresco congelado · Plaquetas · Em alguns casos, considerar crioprecipitado Terapia medicamentosa · Heparina para CIVD com manifestações trombóticas ou acrocianose · Agentes antifibrinolíticos não estão indicados por precipitarem fenômenos tromboembólicos. INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA Fígado é fundamental para hemostasia. Principal órgão de síntese de: · Fatores de coagulação (exceto FVW) · Proteínas anticoagulantes naturais (proteínas C e S) · Proteínas relacionadas à fibrinólise Manifestações clínicas: Principais complicações hemorrágicas são resultantes de hipertensão portal (varizes esofagianas, gastrite hemorrágica). Alterações laboratoriais: · TP e TTPa prolongados (TP é mais sensível, sendo solicitado nas fases iniciais de insuficiência hepática) · Plaquetas normais ou reduzidas. Tratamento: · Sangramento ativo: · Transfusão de plasma fresco congelado. · Transfusão de plaquetas: pouco eficaz se acompanhada de hiperesplenismo. UREMIA Altera a função plaquetária devido ao acúmulo de metabólitos não excretados. Altera adesão, agregação e ativação plaquetárias. Manifestações clínicas: sangramento cutâneo-mucoso e de leve intensidade. Alterações laboratoriais: · TS aumentado. · Plaquetas normais ou reduzidas. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K Vitamina K é cofator importante para fatores II, VII, IX, X (pró-coagulantes), proteínas C e S (anticoagulantes). Vitamina K é lipossolúvel e sua deficiência pode estar relacionada a casos de má absorção. Alterações laboratoriais: TP aumentado. Tratamento: Reposição oral ou parenteral de vitamina K. HIPERESPLENISMO Fisiopatologia: hiperfunção esplênica por esplenomegalia congestiva · Redução do fluxo sanguíneo através dos cordões esplênicos aumentados e congestos. · Baço aumenta a capacidade de armazenar células sanguíneas. · Ocorre destruição em um ritmo acelerado de todos os tipos de células sanguíneas. · Resultando em citopenias periféricas. · Medula óssea pode estar normal ou hiperplásica. Etiologia: hipertensão portal (cirrose, esquistossomose). Manifestações clínicas: esplenomegalia volumosa e citopenias periféricas (anemia, leucopenia e trombocitopenia). Dor abdominal no lado esquerdo relacionada ao baço aumentado e ingurgitado. Tratamento: esplenectomia.
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