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2013-tcc-ifcruz

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE 
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO 
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
 
IGOR FORTE DA CRUZ 
 
 
 
 
 
 
GERENCIAMENTO DA QUALIDADE COMO FERRAMENTA PARA O 
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NO CARREGAMENTO: UM ESTUDO 
DE CASO NUMA INDÚSTRIA DE AÇOS PLANOS. 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
 
 
 
 
IGOR FORTE DA CRUZ 
 
 
 
 
 
 
GERENCIAMENTO DA QUALIDADE COMO FERRAMENTA PARA O 
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NO CARREGAMENTO: UM ESTUDO 
DE CASO NUMA INDÚSTRIA DE AÇOS PLANOS. 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Administração da Faculdade de Economia, 
Administração, Atuária e Contabilidade, da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Administração. 
Orientadora: Prof.ª Dra. Mônica Cavalcanti Sá 
de Abreu 
 
 
 
FORTALEZA 
2013 
 
 
 
 
IGOR FORTE DA CRUZ 
 
GERENCIAMENTO DA QUALIDADE COMO FERRAMENTA PARA O 
AUMENTO DA PRODUTIVIDADE NO CARREGAMENTO: UM ESTUDO 
DE CASO NUMA INDÚSTRIA DE AÇOS PLANOS. 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Administração da Faculdade de Economia, 
Administração, Atuária e Contabilidade, da 
Universidade Federal do Ceará, como requisito 
parcial para obtenção do título de Bacharel em 
Administração. 
 
Aprovada em ____ / ____ / ____. 
 
BANCA EXAMINADORA 
_____________________________________________ 
Professora Doutora Mônica Cavalcanti Sá de Abreu (Orientadora) 
Universidade Federal do Ceará 
 
_____________________________________________ 
Professora Doutora Sílvia Maria Dias Pedro Rebouças 
Universidade Federal do Ceará 
 
_____________________________________________ 
Professor Doutor Áurio Lúcio Leocádio da Silva 
Universidade Federal do Ceará 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus pais que me proporcionaram uma 
vida simples, digna, humilde e honesta, de 
muita batalha e trabalho. Às minhas irmãs que 
sempre investiram em mim e que agora 
possam sentir o orgulho de que o investimento 
foi compensador. 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me proporcionado uma vida recheada de 
bênçãos e por me conceder luz e proteção nos caminhos percorridos até aqui. Agradeço a São 
José, protetor da minha profissão, à Santa Catarina Labouré, força-motriz dos meus estudos, e 
ao meu Anjo da Guarda pelas bênçãos, força, proteção e perseverança concedidas no dia a dia 
da minha vida profissional e acadêmica. 
Aos meus pais Francisco Aldenor da Cruz e Ana Maria Forte, e irmãos e irmãs, Rafael 
Forte de Morais, Francisco Daniel Forte, Maryvone Vale da Cruz, Rejane Vale da Cruz e 
Tatiana Rodrigues da Cruz, que juntos me ajudaram a ser uma pessoa justa, digna, honesta e 
determinada em percorrer os caminhos do bem. 
 À Ana Sinara Fernandes por ser a força inspiradora para a realização de sonhos mais 
altos e ao meu amigo Igor Pelúcio Martins por sempre acreditar em mim e apoiar-me em 
todas as horas que precisei. 
À professora Mônica Abreu, não somente por ser minha orientadora e contribuir com 
direcionamentos importantes e de alta qualidade, mas por ser uma das poucas professoras que 
realmente cumpre com seu papel de transmitir conhecimento e produzir aprendizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”. 
 - Jean Cocteau - 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A complexidade das interações do mercado atual, cada vez mais exigente, dinâmico e 
competitivo traz para o mundo empresarial importantes reflexões de como obter ganhos em 
termos de preço, qualidade e produtividade. No setor das indústrias de aço não é diferente, 
pois o aumento da rentabilidade através de preços de mercado não garante retornos 
sustentáveis, em razão do mercado bastante competitivo. Uma das ferramentas de gestão para 
ganhos de competitividade é a Gestão da Qualidade Total, que visa a redução de custos, 
otimização de operações e aumento de produtividade. O presente trabalho tem como objetivo 
geral avaliar como aumentar a produtividade do setor de logística responsável pelas entregas 
de pedidos aos clientes do Estado do Ceará em uma empresa de aços planos, a saber: Aço 
Cearense Industrial Ltda., sob a perspectiva do MASP; e como objetivos específicos analisar 
o problema por meio das ferramentas da qualidade, de identificar as oportunidades de 
melhoria e de implantar o Método de Análise e Solução de Problema – MASP. Diante disso, 
faz-se necessário conhecer a evolução histórica de qualidade, suas dimensões e seus 
mecanismos de gerenciamento; relacionar a gestão de qualidade ao setor de logística; bem 
como compreender o MASP a fim de identificar e de solucionar de forma eficiente problemas 
com causas e tratativas desconhecidas. A pesquisa apresenta caráter descritivo, analítico e 
quantitativo, identificando-se como uma pesquisa bibliográfica, documental e de campo. 
MASP through detailed analysis of the problem and the construction of an effective action 
plan that blocked the root causes and the indicator recovered through a participatory work, 
generating learning for future applications was allowed. 
 
Palavras-chave: MASP, Gestão da Qualidade Total, Logística 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The complex interactions of current markets – more demanding, dynamic and competitive 
than before – bring to the business world important reflections about how to gains focusing on 
price, quality and productivity. It’s not different in the steel industry because the growing of 
profitability through market prices doesn’t ensure sustainable returns due the competitive 
edge of this market. One of the management tools to gain competitive is the Total Quality 
Management, which aims to reduce costs, optimize operations and increasing productivity. 
This project’s target is understand how improve the productivity of logistics area – response 
of the delivery of Ceará’s customer orders – on a flat steel company – Aço Cearense 
Industrial Limited from the perspective of MASP. This project’s specific targets are: analyze 
the problem through quality tools, identify the growing opportunities and introduce Method of 
Analysis and Problem Solving – MASP. It’s important know the historic evolution of quality, 
its dimensions and the keys of management, as well understand the MASP how a way to 
identify and solve problems with unknown causes. The MASP solves a problem in a 
structured and organized way, by means of participatory work with a group of people. 
 
Key-Words: MASP, Total Quality Management, Logistics 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
FIGURA 01 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA QUALIDADE ______________________________ 09 
FIGURA 02 – DIMENSÕES DA QUALIDADE TOTAL _________________________________ 11 
FIGURA 03 – CICLO PDCA DE CONTROLE DE PROCESSOS __________________________ 13 
FIGURA 04 – MELHORIA CONTÍNUA POR MEIO DO PDCA DE MANUTENÇÃO E DE MELHORIAS 
_________________________________________________________________________14 
FIGURA 05 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MASP __________________________________ 16 
FIGURA 06 – MACROPROCESSO INTRALOGÍSTICO _________________________________ 32 
FIGURA 07 – DIMENSÕES DA QUALIDADE NO PROCESSO INTRALOGÍSTICO ______________ 32 
FIGURA 08 – EMPRESAS DO GRUPO AÇO CEARENSE – GAC _________________________ 38 
FIGURA 09 – ESTRUTURA DE GOVERNANÇA ATUAL DO GRUPO AÇO CEARENSE – GAC ___ 41 
FIGURA 10 – ORGANOGRAMA DIRETORIA DE LOGÍSTICA ACC E ACI – GAC ___________ 41 
FIGURA 11 – MACROFLUXO DO PEDIDO – GESTÃO DE FROTA ________________________ 47 
FIGURA 12 – RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO – ANÁLISE DO PROBLEMA ________________ 49 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
QUADRO 01 – ETAPAS DO QC STORY/MASP ____________________________________ 19 
QUADRO 02 – ETAPA 1 MASP – IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA_____________________ 20 
QUADRO 03 – ETAPA 2 MASP – OBSERVAÇÃO DO PROBLEMA _______________________ 21 
QUADRO 04 – ETAPA 3 MASP – ANÁLISE DO PROBLEMA ___________________________ 22 
QUADRO 05 – ETAPA 4 MASP – PLANO DE AÇÃO ________________________________ 23 
QUADRO 06 – ETAPA 5 MASP – EXECUÇÃO_____________________________________ 24 
QUADRO 07 – ETAPA 6 MASP – VERIFICAÇÃO __________________________________ 24 
QUADRO 08 – ETAPA 7 MASP – PADRONIZAÇÃO _________________________________ 25 
QUADRO 09 – ETAPA 8 MASP – CONCLUSÃO ___________________________________ 25 
QUADRO 10 – TIPOS DIFERENTES DE FLUXO DENTRO DE UMA REDE LOGÍSTICA __________ 29 
QUADRO 11 – MATRIZ DE CRITICIDADE ENTRE PROCESSOS DA INTRALOGÍSTICA X DIMENSÕES 
DA QUALIDADE ___________________________________________________________ 34 
QUADRO 12 – CAUSAS PROVÁVEIS X MACROFLUXO DO PEDIDO ______________________ 48 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
TABELA 01 – DISTRIBUIÇÃO DOS PESOS DOS PEDIDOS EM INTERVALOS DE CLASSES – GESTÃO 
DE FROTA 2013 ___________________________________________________________ 50 
TABELA 02 – DISTRIBUIÇÃO DOS PESOS PARA ANÁLISE DE PARETO – GESTÃO DE FROTA 2013
 _______________________________________________________________________ 51 
TABELA 03 – VIAGENS PARA FORA DO ESTADO COM VEÍCULOS ROTA CEARÁ - 2013 ______ 52 
TABELA 04 – AVALIAÇÃO DO CUSTO DE OPORTUNIDADE DOS VEÍCULOS UTILIZADOS FORA DO 
ESTADO _________________________________________________________________ 53 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
GRÁFICO 01 – PERCENTUAL DE VENDAS MÉDIAS EM 2013 POR ESTADO _______________ 44 
GRÁFICO 02 – HISTÓRICO DE VOLUME DE EXPEDIÇÃO 2013 – ROTA CEARÁ E ROTA 
FORTALEZA ______________________________________________________________ 45 
GRÁFICO 03 – LEAD-TIME MÉDIO 2013 – ROTA FORTALEZA ________________________ 46 
GRÁFICO 04 – LEAD-TIME MÉDIO 2013 – ROTA FORTALEZA ________________________ 46 
GRÁFICO 05 – ATENDIMENTO À CARTEIRA DE VENDAS – GESTÃO DE FROTA ___________ 47 
GRÁFICO 06 – HISTOGRAMA DO QUANTITATIVO DE PEDIDOS GESTÃO DE FROTA – 2013 ___ 50 
GRÁFICO 07 – ANÁLISE DE PARETO DOS PESOS DOS PEDIDOS GESTÃO DE FROTA – 2013 ___ 51 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1 
2. GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL ................................................................................... 6 
2.1 Perspectivas históricas da qualidade..................................................................................... 6 
2.2 Gestão pela Qualidade Total............................................................................................... 10 
2.3 Método de Análise e Solução de Problemas - MASP ........................................................ 15 
2.3.1 A importância do Método para o gerenciamento ............................................................ 15 
2.3.2 Perspectivas históricas do MASP .................................................................................... 16 
2.3.3 Conceitos e elementos do MASP ..................................................................................... 18 
2.3.3.1 Etapa 1 – Identificação do problema ........................................................................... 19 
2.3.3.2 Etapa 2 – Observação do problema ............................................................................. 20 
2.3.3.3 Etapa 3 – Análise do problema .................................................................................... 21 
2.3.3.4 Etapa 4 – Plano de Ação .............................................................................................. 22 
2.3.3.5 Etapa 5 – Execução ...................................................................................................... 23 
2.3.3.6 Etapa 6 – Verificação ................................................................................................... 24 
2.3.3.7 Etapa 7 – Padronização ............................................................................................... 24 
2.3.3.8 Etapa 8 – Conclusão .................................................................................................... 25 
3 GESTÃO DA QUALIDADE NO SETOR DA LOGÍSTICA ............................................... 26 
3.1 Logística Empresarial ......................................................................................................... 26 
3.2 Gestão da Qualidade Total no setor de Logística ............................................................... 29 
4. METODOLOGIA ................................................................................................................. 34 
5. RESULTADOS .................................................................................................................... 37 
5.1 A Aço Cearense Industrial LTDA. ..................................................................................... 37 
5.1.1 História do Grupo Aço Cearense .................................................................................... 39 
5.1.2 Estrutura organizacional Logística Aço Cearense ......................................................... 40 
5.2 A implantação do MASP na Coordenação de Gestão de Frota .......................................... 42 
5.2.1 Identificação do problema ............................................................................................... 44 
5.2.2 Observação do problema................................................................................................. 46 
5.2.3 Análise do problema ........................................................................................................ 48 
5.2.4 Plano de Ação .................................................................................................................. 52 
5.2.5 Execução .......................................................................................................................... 54 
5.2.6 Verificação ...................................................................................................................... 54 
5.2.7 Padronização ................................................................................................................... 56 
 
 
 
 
5.2.8 Conclusão ........................................................................................................................ 57 
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 58 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 60 
APÊNDICE A: Formulário de Identificação do Problema – MASP ....................................... 64 
APÊNDICE B: Definição de Negócio Rota Fortaleza/CE ....................................................... 65 
APÊNDICE C: Tabela de Itens de Controle ............................................................................ 66 
 ............................................................................................................................................................... 66 
 
 
 
1 
 
1. INTRODUÇÃO 
O mundo empresarial está cada vez mais dinâmico e competitivo. Com o crescimento 
das relações de negócios entre os vários países do globo, diversas empresas desenvolveram-se 
e expandiram suas operações ao nível de competitividade global. Por consequência, a gestão 
dessas organizações tornou-se bastante complexa, visto que o grau de complexidade dos 
sistemas organizacionais aumentou tanto internamente como externamente. 
Segundo Sargut e McGrath (2011), um sistema complexo apresenta três propriedades: 
multiplicidade, interdependência e diversidade. A primeira propriedade refere-se ao número 
de elementos que estão potencialmente interagindo. A interdependência está ligada ao grau de 
conexão desses elementos, enquanto que a diversidade refere-se aoquanto são heterogêneos 
os elementos que interagem dentro do sistema. 
É neste ambiente complexo que diversas empresas interagem em busca de fatias de 
mercado cada vez menores, buscando ganhos em termos de preço, qualidade e produtividade. 
Conforme o World Steel Association (2012), o mercado do aço em 2013 está projetado com 
um de excedente de capacidade de 553 milhões de toneladas no mercado mundial de aço 
bruto. No Brasil, segundo o Instituto Aço Brasil (2012) a capacidade instalada de aço bruto 
em 2012 foi de 48,4 milhões de t/ano, com um parque produtor composto de 29 usinas 
controladas por 11 grupos empresariais. 
O mercado global do aço é composto por grupos empresariais, os quais dominam 
fatias de mercado em vários países. Segundo o World Steel Association (2012), os três 
maiores produtores de aço são Arcelor Mittal, Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation e 
Hebei Group. A empresa brasileira Gerdau ocupou a décima quarta posição. Segundo a 
revista Exame (2013), que ranqueou os 200 maiores grupos empresariais do Brasil, o Grupo 
Aço Cearense (GAC) ocupou a 185ª posição, com cerca de R$ 1,8 bilhão em vendas líquidas. 
Ainda nesse quesito financeiro, o Grupo é o quarto maior no Ceará, sendo o terceiro por lucro 
líquido e patrimônio. (MORENO, 2013). 
Nos mercados das indústrias de aço, ambiente do estudo de caso, o aumento da 
rentabilidade através dos preços dos produtos não garante retornos sustentáveis. A alta 
concorrência determina os preços de mercados, não permitindo que a empresa estabeleça um 
preço mais alto em prol de um lucro maior. 
Para Peter Drucker (1992), “os fatores tradicionais de produção – terra, mão-de-obra e 
até dinheiro, pela sua mobilidade – não mais garantem vantagem competitiva a uma nação em 
particular. Ao invés disto, o gerenciamento tornou-se o fator decisivo de produção”. A partir 
 
 
2 
 
disso, pode-se depreender que o gerenciamento dos processos tornou-se a ferramenta para 
ganhos de competitividade das empresas, as quais passaram a gerenciar a redução dos seus 
custos e o aumento de produtividade. 
Para Falconi (2004a), aumentar a produtividade é produzir cada vez mais e/ou melhor 
com cada vez menos, com a finalidade de atender às necessidades dos clientes da empresa, 
garantindo a competitividade entre os concorrentes e a sobrevivência a longo prazo. O 
objetivo de uma empresa é satisfazer de maneira holística as necessidades dos stakeholders; 
por meio das cinco dimensões da qualidade: qualidade, custo, entrega, segurança e moral. A 
primeira dimensão refere-se à qualidade do produto/serviço em si, visando à ausência de 
defeitos e a presença de características que satisfaçam o cliente. A dimensão de custo refere-
se a manter um preço competitivo no mercado, por meio da redução de custos de todos os 
processos da empresa. A terceira dimensão exige a entrega no prazo certo, na quantidade certa 
e no local certo. A quarta dimensão inclui a segurança dos colaboradores no trabalho e a dos 
seus clientes, enquanto que a moral refere-se ao nível de satisfação dos colaboradores. 
Conforme o autor supracitado, manter sob controle os processos e as metas é saber 
onde está localizado o problema, fazer uma análise de processo, estabelecer a padronização e 
criar itens de controles de tal forma que o problema identificado não venha a se repetir. O 
autor mostra que essas são as bases para o domínio e a estabilização dos processos e, 
consequentemente, o caminho para o controle da qualidade total, garantindo resultados 
sustentáveis com o aumento da produtividade e a redução de custos e falhas nos processos. 
Conforme o mesmo autor, o gerenciamento do controle no Brasil é frágil e ineficiente 
em razão de dois motivos: 
é rara a política de análise de processo – muitas decisões em todos os níveis 
gerenciais são tomadas com base somente em intuição e experiência. Muito embora 
estas qualificações sejam necessárias, a prática da análise pela utilização de dados 
pode evitar enganos desastrosos. [...] São raras as empresas que possuem 
padronização e treinamento no trabalho – a padronização do trabalho (da qual 
decorre do treinamento do trabalho) é a base do gerenciamento. (FALCONI, 2004a). 
 
Para Falconi (2004a), a solução dos problemas de uma empresa e, consequentemente, 
a melhoria de seus resultados deve ser feita de forma metódica e com a participação de todos 
os envolvidos no problema. O autor propõe o método japonês da JUSE (Union of Japanese 
Scientists and Engineers) chamado “QC STORY”. Conforme Oribe (2012), esse método é 
denominado como Método de Análise e Solução de Problemas – MASP. 
Portanto, segundo Oribe (2012), o MASP 
é um método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para o desenvolvimento 
de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando solução de 
 
 
3 
 
problemas e obtenção de resultados otimizados. O MASP se aplica aos problemas 
classificados como estruturados, cujas causas comuns, as soluções sejam 
desconhecidas e que envolvam reparação ou melhoria, ou performance e que 
aconteçam de forma crônica. (ORIBE, 2012). 
 
O Método de Análise e Solução de Problemas consiste em oito etapas: identificação 
do problema, observação, análise, plano de ação, ação, verificação, padronização e conclusão. 
Na etapa de identificação do problema, define-se claramente o problema e reconhece-se a sua 
importância. Na observação, investiga-se as características específicas do problema com uma 
visão ampla e sob vários pontos de vista. Na terceira etapa, análise, investiga-se as causas 
fundamentais a partir das ferramentas da qualidade. No plano de ação, concebe-se um plano 
para bloquear as causas fundamentais, enquanto que na etapa seguinte, executa-se o plano de 
ação a fim de bloquear as causas-raízes identificadas. Na etapa de verificação, faz-se uma 
checagem do resultado, a fim de investigar se as ações para bloqueio das causas foram 
suficientes. Na etapa de padronização, padroniza-se a atividade a fim de prevenir contra o 
reaparecimento do problema. Por fim, na etapa de conclusão, recapitula-se todo o processo de 
solução do problema para geração de aprendizado e trabalhos futuros (FALCONI, 2004a). 
A etapa três consiste em descobrir as causas fundamentais do problema. É nesta etapa 
que devemos analisar o problema com base em fatos e dados. Para isso, o uso das ferramentas 
da Qualidade faz-se necessário para o levantamento e análise de dados e a geração de 
informações, para que o problema possa ser quantificado e entendido. 
Segundo Falconi (2004), para garantir que os clientes estejam satisfeitos, é necessário 
transformar as Dimensões da Qualidade anteriormente comentadas (qualidade, custo, entrega, 
segurança e moral) em características que possam ser mensuráveis e, consequentemente, 
atribuir um item de controle que permita o acompanhamento do processo de forma racional e 
cartesiana. 
Na Aço Cearense Industrial Ltda., o setor de logística responsável pela entrega de 
produtos aos clientes do Ceará apresenta-se com queda de produtividade. Após levantamento 
de dados obtidos junto ao setor Comercial da empresa, percebeu-se o não atendimento à 
demanda de vendas para esse mercado, o que ocasionou, consequentemente, o não 
atendimento ao prazo estipulado de entrega. Entre os problemas, destaca-se o formato da 
roteirização das cargas, que compõe rota para um mesmo veículo contendo vários tipos de 
entregas, o que ocasiona a demora do retorno do veículo para novas entregas. Além disso, 
esses veículos são utilizados para entrega de produtos fora do Estado, gerando um custo 
operacional logístico alto e um aumento do tempo de viagem. 
 
 
4 
 
É nesse contexto que se desenvolve esta pesquisa, apresentando como problemática: 
como aumentar a produtividade do setor de logística responsável pelas entregas de pedidos 
aos clientes do Estado do Ceará na Aço Cearense sob a perspectiva de implantaçãodo 
MASP? 
O objetivo geral da pesquisa é descrever o processo de implantação do MASP. Como 
objetivos específicos, o presente trabalho tem: analisar o problema por meio das ferramentas 
da qualidade, identificar as oportunidades de melhoria e aplicar o MASP. 
Diante desse cenário, o presente trabalho apresenta um estudo de caso, utilizando as 
ferramentas de gestão da qualidade com o propósito de melhorar a performance dos 
indicadores da logística de entrega aos clientes do Estado do Ceará da Aço Cearense 
Industrial LTDA. Portanto, o fato gerador do estudo foi a baixa produtividade da logística de 
entrega à carteira de pedidos supracitada ao longo dos últimos meses do presente ano, além 
dos altos custos operacionais. 
O presente trabalho é importante em dois aspectos: teórico e prático. No aspecto 
teórico, o estudo contribui em aprofundar as inter-relações das ferramentas da qualidade com 
a interface do setor de Logística. No aspecto prático, o estudo permite identificar como se dá a 
aplicação das ferramentas da qualidade na área de transporte de carga, ainda que a pesquisa 
seja limitada a um estudo de caso. O estudo também permite suprir a lacuna entre as variáveis 
do trabalho, uma vez que não existem muitos estudos que relacionam os campos de qualidade 
e Logística. 
Quanto à escolha da empresa supracitada como objeto de estudo do trabalho, a 
acessibilidade constitui-se como o principal fator, já que o autor trabalha atualmente na 
organização, facilitando o estudo de vários elementos que compõem a problemática da 
pesquisa. 
Os possíveis caminhos para a solução do problema foram consolidados por meio de 
um plano de ação, elaborado a partir de uma análise de causas dessa área da logística, por 
meio do Método de Análise e Solução de Problemas (MASP). Na etapa três do MASP, os 
dados foram coletados por meio das ferramentas da qualidade, como macrofluxos, gráfico de 
Pareto, diagrama de Ishikawa etc. que, juntas, quantificam o problema, identificam as lacunas 
e embasam a necessidade de solucionar o problema por meio de fatos e dados. 
A estrutura da pesquisa consiste em Referencial Teórico, Metodologia, Resultados e 
Conclusão. O Referencial Teórico é constituído por duas subseções. Na primeira subseção são 
apresentadas as perspectivas históricas da Qualidade por meio do levantamento das cinco eras 
 
 
5 
 
desse sistema de gestão: era da inspeção, era do controle estatístico, era da garantia da 
qualidade, era da Gestão pela Qualidade Total (Total Quality Management – TQM) e era da 
gestão estratégica da qualidade. 
Em seguida, a Gestão pela Qualidade Total é conceituado, apresentando suas 
principais características e identificando seus elementos e princípios. Por fim, o Método de 
Análise e Solução de Problemas é abordado, ressaltando-se a importância do método, as 
perspectivas históricas e conceituando e caracterizando cada uma das oito etapas do MASP. 
Na segunda subseção do Referencial Teórico, apresenta-se a teoria básica acerca de 
Logística, identificando os seus principais processos, caracterizando seus elementos e seus 
objetivos, entre os quais os de como finalizar o ciclo do pedido satisfazendo os clientes em 
termos de qualidade, nível de serviço e tempo com custos otimizados. Em seguida, 
contextualiza-se a Gestão pela Qualidade Total dentro do campo da Logística, apresentando 
os principais impactos e alinhando conceitos dessas duas áreas temáticas. 
Na Metodologia, caracteriza-se o modo como a pesquisa foi realizada quanto ao seu 
objetivo, ao processo e aos meios que foram utilizados para a coleta de dados, especificando 
como foi o processo de levantamento de informações. 
Nos Resultados, apresenta-se o estudo de caso, no qual se discorre sobre os efeitos do 
processo de coleta de dados, além de caracterizar o estudo. Por fim, a Conclusão aborda todas 
as conclusões a respeito do estudo dos processos e interações da problemática. 
 
 
 
6 
 
2. GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL 
Para melhor compreensão da pesquisa, faz-se necessário abordar as teorias envolvidas 
no estudo. Portanto, realizou-se um levantamento bibliográfico acerca de Gestão da Qualidade 
Total, abordando os seus princípios e destacando as suas principais características. Logo após, 
o Método de Análise e Solução de Problemas – MASP é abordado, ressaltando-se a 
importância do método, as suas perspectivas históricas e a caracterização de cada uma das 
oito etapas que compõem esse método de solução de problemas. 
 
2.1 Perspectivas históricas da qualidade 
 
Segundo Deus e Vaccaro (2009), o termo Qualidade tem origem do latim Qualitate, e 
“é utilizado genericamente para referir a capacidade de um produto ou serviço em atender as 
expectativas de um indivíduo ou organização com relação a um padrão (tangível ou 
intangível) de satisfação”. 
A qualidade evoluiu à medida que as relações sociais e econômicas do homem se 
tornaram desenvolvidas e complexas (AILDEFONSO, 2006). Conforme Loughlin (2008), os 
conceitos do Total Quality Control (TQC) ou Controle da Qualidade Total foram 
desenvolvidos em meados das décadas de 40 e 50. Durante esse período, pós-segunda Guerra 
Mundial, o movimento pelo gerenciamento da qualidade desenvolveu-se no Japão quando os 
americanos Feigenbaum, Juran e Deming introduziram ideias e aperfeiçoaram o sistema 
administrativo do Controle da Qualidade Total, iniciando um movimento de recuperação do 
país asiático da destruição oriunda da guerra. 
Conforme Aildefonso (2006), o mercado artesanal era caracterizado por ter apenas 
dois agentes: produtor e consumidor. Essa relação sem intermediários econômicos garantia a 
alta qualidade dos produtos, pois caso os clientes não ficassem satisfeitos com os bens que 
estavam comprando, em pouco tempo o produtor artesanal ajustava as características de 
qualidade do produto para satisfazer as demandas do mercado. Contudo, com a produção em 
massa oriunda da Revolução Industrial do século XVIII, os trabalhos artesanais se tornaram 
inviáveis e demorados demais para satisfazer o mercado consumidor. 
Consequentemente, com o enorme aumento da produção, os artesãos deram lugar 
aos operários não especializados, que realizam as tarefas determinadas pelo 
supervisor e pela gerência. O conhecimento passou a ser propriedade da empresa. 
Estava criado o estágio extremo da relação capital/trabalho, o proprietário fornecia o 
capital - instalações, máquina, matéria-prima, e tecnologia; e o trabalhador fornecia 
seu trabalho. (AILDEFONSO, 2006). 
 
 
7 
 
Nesse contexto, havia vários fatores que contribuíam para o aumento de não 
conformidades nas características de qualidade do produto, como por exemplo, o despreparo 
da mão-de-obra, as limitações das máquinas e o pouco desenvolvimento da gestão 
administrativa das fábricas. 
Com a primeira Guerra Mundial, o aumento exacerbado de material bélico provocou a 
crescente necessidade de se produzir materiais com qualidade, pois isso era sinônimo de 
segurança das nações. 
Iniciou-se, então, a primeira era da qualidade: a inspeção. Essa fase foi caracterizada 
por ser o primeiro momento na história voltado para garantir a qualidade dos produtos e 
serviços. Essa era consistia na inspeção dos produtos que entravam e que saíam do sistema de 
produção, a fim de garantir padrões de qualidade, medindo as características dos produtos e 
garantindo que produtos não conformes não chegassem até o cliente, sendo, portanto, 
direcionados para o retrabalho ou o descarte. 
Conforme Loughlin (2008), além da era da inspeção, a evolução da qualidade 
compreende mais três fases: a era do controle estatístico da qualidade, a era da garantia da 
qualidade e a era do Total Quality Management (TQM) ou Gestão pela Qualidade Total. 
Em virtude da grande produção, a inspeção tornou-se inviável e dispendiosa, pois os 
sistemas produtivos estavam cada vez mais eficientes e os produtos cada vez mais numerosos.Logo, necessitava-se de um novo método, o qual fosse capaz de garantir a qualidade da 
maioria desses produtos. A era do controle estatístico da qualidade deu continuidade à 
metodologia da inspeção, de detectar os erros e não conformidades e corrigi-los. No entanto, 
inovou ao introduzir técnicas estatísticas, como a amostragem, para garantir a qualidade dos 
produtos. Essa aplicação pioneira de ferramentas estatísticas foi introduzida por Walter A. 
Shewhart que, por meio da obra Economic Control of Manufactured Product publicada em 
1931, conferiu pela primeira vez um teor científico à pesquisa (AILDEFONSO, 2006). 
Porém, as duas fases da qualidade anteriormente comentadas eram caracterizadas por 
serem corretivas, avaliando a qualidade dos produtos após eles terem sido produzidos. Nesse 
contexto, a era da garantia da qualidade foi caracterizada pelo desenvolvimento desses 
sistemas de gestão baseados na prevenção e no planejamento, inovando com a criação dos 
manuais da qualidade, com a análise de falhas e efeitos mais apurada e quantificando os 
custos envolvidos na implantação desse sistema de gestão, evidenciando a evolução da era do 
controle estatístico do processo para a nova fase de garantia da qualidade ou Quality 
Assurance. 
 
 
8 
 
Acompanhando as mudanças socioeconômicas, o estágio de evolução seguinte foi a 
Gestão pela Qualidade Total ou Total Quality Management (TQM). Consolidado por volta da 
década de sessenta, o TQM é caracterizado por ser um sistema de gestão que envolve todas as 
pessoas em todos os níveis organizacionais em busca de melhorar a qualidade dos produtos ou 
serviços que a empresa oferece ao mercado consumidor. 
O termo TQM ou Gestão pela Qualidade Total foi cunhado em 1986 no Ocidente. 
Antes, contudo, o termo que marcou o início da quarta era da qualidade foi desenvolvido por 
Feigenbaum, denominado de Total Quality Control ou Controle da Qualidade Total, termo 
esse que intitulou seu livro em 1961 (ROBLES, 1994). 
Nesse contexto, essa quarta era é caracterizada por ser o primeiro movimento voltado 
para a gestão da qualidade. Segundo Falconi (2004a), 
o TQC é baseado em elementos de várias fontes: emprega o método cartesiano, 
aproveita muito do trabalho de Taylor, utilizar o controle estatístico de processos, 
cujos fundamentos foram lançados por Shewhart, adota os conceitos sobre 
comportamento humano lançados por Maslow e aproveita todo conhecimento 
ocidental sobre qualidade, principalmente o trabalho de Juran. (FALCONI, 2004a). 
 
O Controle da Qualidade Total revolucionou os sistemas de gestões da época porque, 
além de reunir todo o desenvolvimento acerca da prevenção e planejamento da qualidade, 
bem como as ferramentas estatísticas criadas, utilizou-se das técnicas e habilidades gerenciais 
defendidas pela Escola de Recursos Humanos. Assim, defende a ideia de que todos os 
integrantes da empresa, desde a alta liderança até o nível operacional, são responsáveis por 
garantir a qualidade dos produtos e serviços que a empresa ofertava. 
Na era do Controle da Qualidade Total, ocorreram quatro movimentos que marcaram 
o desenvolvimento desse campo científico: a quantificação dos custos da qualidade, 
engenharia de confiabilidade e os programas motivacionais Zero Defeito e os chamados 
Círculos de Controle da Qualidade (CCQ). 
Para Juran e Gryna (1991), os custos da qualidade são equivalentes aos custos da má 
qualidade, que os autores classificam em quatro categorias: custos das falhas internas, custos 
das falhas externas, custos de avaliação e custos de prevenção. O primeiro grupo de custos 
refere-se aos defeitos encontrados nos produtos antes de ter chegado ao consumidor, como 
sucata, retrabalhos, análise de falhas, inspeções etc. Já os custos das falhas externas estão 
associados aos defeitos encontrados após a entrega do produto ao cliente, como por exemplo, 
despesas com garantia, correção das reclamações, materiais devolvidos e concessões. Os 
custos de avaliação são os custos oriundos na definição do grau de conformidade quanto aos 
requisitos de qualidade, como inspeção e testes durante toda a etapa do processo e as 
 
 
9 
 
auditorias de qualidade do produto. Por fim, os custos de prevenção são os custos incorridos 
para minimizar os custos das falhas e de avaliação, como o planejamento da qualidade e do 
processo. 
O movimento da engenharia da confiabilidade foi caracterizado pelo desenvolvimento 
de técnicas como FMEA ou Análise de Efeito e Modo de Folha, o qual trata de uma revisão 
lógica e sistemática dos meios que um elemento do sistema pode vir a falhar. Já os programas 
motivacionais Zero Defeito e Círculos de Controle de Qualidade estão baseados em uma 
filosofia de motivação dos trabalhadores, em que neste os próprios funcionários se reúnem de 
forma voluntária para estudar e analisar o problema, enquanto que naquele há a eliminação 
dos defeitos dos produtos ao nível zero (AILDEFONSO, 2006). 
Além das quatro eras da qualidade defendidas por Loughlin, há ainda uma última e 
atual fase de evolução da qualidade: a era da gestão estratégica da qualidade. Nessa fase, o 
autor reforça a importância do desenvolvimento dos sistemas de qualidade, embasado na 
participação de todos da empresa com foco na satisfação dos clientes e na transformação dos 
papéis dos fornecedores como parceiros no desenvolvimento desse sistema. 
Durante esse período histórico, mais precisamente em 1947, foi criada a ISO – 
International Organization and Standartization. Trata-se de uma organização internacional 
privada, sem fins lucrativos, da qual participam 132 países, que normalizam os setores 
econômicos. No Brasil, o Comitê Brasileiro de Qualidade é representado pela Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a qual representa a ISO e é responsável pela 
elaboração das Normas NBR ISO 9000, na tradução das normas, bem como, na participação 
efetiva de sua concepção e elaboração (AILDEFONSO, 2006). 
Com isso, a evolução histórica da qualidade pode ser resumida na figura 1: 
 
Figura 1: Evolução Histórica da Qualidade
 
Fonte: Adaptado de LOUGHLIN (2008) 
Gestão Estratégica 
da Qualidade 
Gerenciamento da 
Qualidade Total 
Garantia da 
Qualidade 
Controle 
Estatístico da 
Qualidade 
Inspeção 
 
 
10 
 
É importante observar que a evolução do TQM ou Gestão pela Qualidade Total 
iniciou-se com a era da inspeção, caracterizada pela verificação da qualidade dos produtos do 
sistema produtivo. A era do Controle Estatístico da Qualidade revolucionou com a introdução 
de técnicas estatísticas, enquanto que a era da Garantida da Qualidade foi marcada pelo 
planejamento e prevenção da qualidade dos produtos. A quarta era da Gestão da Qualidade 
Total consolidou-se como um sistema de gerenciamento que envolvia todos os setores da 
empresa. No estágio atual, a Gestão Estratégica da Qualidade está voltada ao atendimento às 
normas ISO e à satisfação das necessidades das pessoas, por meio das dimensões de 
qualidade, de custo, de entrega, da moral e da segurança. 
 
2.2 Gestão pela Qualidade Total 
 
O TQM ou Gestão pela Qualidade Total é um sistema de gestão baseado no 
envolvimento de todos os setores da empresa em prol da qualidade dos produtos e serviços 
com o objetivo principal de satisfazer as necessidades dos clientes. Trata-se, portanto, de um 
sistema gerencial baseado no estabelecimento, na manutenção e na melhoria contínua de 
padrões de qualidade de modo que os clientes sejam atendidos e se tornem satisfeitos. 
Para Nadae et al. (2009), “a gestão da qualidade é um conjunto de atividades para 
dirigir e controlar uma organização, englobando o planejamento, o controle, a garantia e a 
melhoria da qualidade”. 
Para Falconi (2004a), a Qualidade Total são todas as dimensões que impactam na 
satisfação das necessidades das pessoas e consequentemente na sobrevivência de uma 
empresa. O autor afirma que o objetivo fim desse sistema degestão é satisfazer as 
necessidades das pessoas, sejam elas clientes ou colaboradores da empresa, evidenciando a 
importância do envolvimento de todos os setores da organização em busca da qualidade dos 
produtos e serviços. 
O objetivo de uma empresa é satisfazer de maneira holística as necessidades dos 
stakeholders por meio das cinco dimensões da qualidade: qualidade, custo, entrega, segurança 
e moral. A primeira dimensão refere-se à qualidade do produto/serviço em si, visando à 
ausência de defeitos e a presença de características que satisfaçam o cliente. A dimensão de 
custo refere-se a manter um preço competitivo no mercado, por meio da redução de custos de 
todos os processos da empresa. A terceira dimensão exige a entrega no prazo certo, na 
quantidade certa e no local certo. A quarta dimensão inclui a segurança dos colaboradores no 
 
 
11 
 
trabalho e a de seus clientes, enquanto que a moral refere-se ao nível de satisfação dos 
colaboradores. 
Para ilustrar, a figura 2 representa as bases do sistema da Qualidade Total: 
 
Figura 2: Dimensões da Qualidade Total 
 
Fonte: Adaptado de ROBLES (1994). 
 
Chase et al. (2006) ratificam que a Gestão da Qualidade Total é definido como a 
“gestão de toda a organização para que esta se sobressaia em todas as dimensões de produtos 
e serviços que são importantes para o cliente.” Para isso, os autores supracitados destacam 
dois objetivos fundamentais para que esse sistema de gestão seja implementado: 
1. Elaborar um projeto minucioso dos produtos e serviços; 
2. Certificar se os sistemas organizacionais estão preparados para a execução do 
projeto. 
A operacionalização desses objetivos só é possível caso toda a organização esteja 
alinhada com os princípios que embasam a Qualidade Total, os quais vão satisfazer as 
necessidades de todas as pessoas. 
As especificações de qualidade de um produto ou serviço são tomadas a partir da 
definição das estratégias da empresa quanto à qualidade do projeto e à qualidade de 
conformidade. Qualidade do projeto está associada ao valor agregado que o produto apresenta 
 
 
12 
 
no mercado, enquanto que a qualidade de conformidade se refere ao grau de não 
conformidades em razão do não atendimento às especificações do produto. 
 Segundo Chase et al. (2006), as dimensões da qualidade de um projeto são: 
desempenho, características, confiabilidade, durabilidade, utilidade, resposta, estética e 
reputação. O desempenho está relacionado às características primárias do produto/serviço. A 
segunda dimensão está relacionada às características secundárias. A confiabilidade está 
associada à consistência do desempenho com o tempo. A durabilidade refere-se à vida útil do 
produto/serviço, enquanto que a utilidade está relacionada à facilidade de consertar. A 
resposta está associada ao tempo de resposta ao cliente. Já a estética refere-se às 
características sensoriais como tato, som, visão etc. Por fim, a reputação está relacionada à 
qualidade percebida e ao desempenho passado. 
 A partir do exposto anteriormente, pode-se depreender que a qualidade do projeto e a 
qualidade de conformidade são fundamentais para o alcance dos padrões de qualidade de um 
produto ou de um serviço conforme o cliente necessita, pois esta deve garantir diariamente e 
de forma tática que as pessoas envolvidas no processo certifiquem-se que o seu trabalho 
satisfaça as especificações de qualidade, agindo corretivamente e preventivamente sobre as 
não conformidades, enquanto que aquela define as dimensões e características de excelência 
do produto/serviço alinhado com as necessidades dos clientes. 
 Para Falconi (2004a), manter sob controle os processos e as metas é saber onde está 
localizado o problema, fazer uma análise de processo, estabelecer a padronização e criar itens 
de controles de tal forma que o problema identificado não venha a se repetir. O autor nos 
mostra que essas são as bases para o domínio e a estabilização dos processos e, 
consequentemente, o caminho para o controle da qualidade total, garantindo resultados 
sustentáveis com o aumento da produtividade e a redução de custos e de falhas nos processos. 
 Conforme o mesmo autor, o método para a prática do controle é o PDCA (Plan, Do, 
Chek and Action), ilustrado na figura 3. Plan ou planejamento consiste no estabelecimento 
das metas para os itens de controle bem como o método para o alcance das metas propostas. 
Do ou execução consiste em executar aquilo que foi planejado, além de ser o momento para 
treinar as pessoas envolvidas no processo. Check ou verificação é a etapa de acompanhamento 
dos resultados, comparando-os com as metas propostas. Por fim, Action ou ação corretiva é a 
etapa de corrigir os problemas identificados. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Figura 3: Ciclo PDCA de controle de processos 
 
Fonte: Adaptado de CAMPOS (2004a). 
Segundo Falconi (2004a), o ciclo PDCA 
é utilizado para manutenção do nível de controle (...), quando o processo é repetitivo 
e o plano (P) consta de uma meta que é uma faixa aceitável de valores e de um 
método que compreende os “Procedimentos Padrão de Operação”. (...) Os itens de 
controle neste caso são faixas de valores-padrão como, por exemplo: qualidade-
padrão, custo-padrão, prazo-padrão, quantidade-padrão, etc. [...] O ciclo PDCA é 
também utilizado nas melhorias do nível de controle (...) Neste caso, o processo não 
é repetitivo e o plano consta de uma meta que é um valor definido (por exemplo: 
reduzir o índice de peças defeituosas em 50%) e de um método, que compreende 
aqueles procedimentos próprios necessários para se atingir a meta. 
 
O método que norteia a Gestão pela Qualidade Total é o PDCA. Por meio dele, os 
resultados são alcançados pela manutenção dos padrões de excelência operacional e através 
das melhorias no processo que elevam a qualidade do produto/serviço. O método PDCA 
permite o alcance dos objetivos organizacionais envolvendo toda a equipe, desde a alta 
administração e gerências, responsáveis por implementar as melhorias dos padrões, até o nível 
operacional, responsável especialmente pelo cumprimento dos Procedimentos Operacionais 
Padrão. 
O ciclo de manutenção dos padrões e dos itens de controle em uma faixa aceitável de 
valores é denominado de SDCA ou Standard, Do, Check and Action. O ciclo de melhorias 
dos padrões e de estabelecimento de um novo nível para os itens de controles é denominado 
de PDCA ou Plan, Do, Check and Action. Quando um procedimento operacional padrão 
apresenta um problema que impacte negativamente no resultado do processo, deve-se adotar o 
 
 
14 
 
método PDCA para a solução do problema, de modo que se estabeleça um novo nível de 
controle. Com isso, após um plano de ação eficaz e que resolva o problema, o processo 
apresenta um novo patamar de desempenho, conforme apresentado na figura 4: 
 
Figura 4: Melhoria contínua por meio do PDCA de manutenção e de melhorias 
 
Fonte: Adaptado de LA-GATTA (2012) 
 
Conforme Falconi (2004a), para solucionar os problemas faz-se necessário a utilização 
de um método de controle, o qual seja adotado por todos na empresa. Porém, o autor faz uma 
ressalva ao afirmar que: 
é muito comum no Brasil, por influência americana, dar-se muita importância às 
ferramentas (...) e pouca importância ao método. Como consequência, as pessoas 
ficam exímias conhecedoras das ferramentas mas não sabem o que fazer com elas. É 
necessário praticar iniciando pelos problemas mais fáceis, até que o indivíduo 
domine o método. Depois aprendem-se todas as ferramentas. (FALCONI, 2004a). 
 
O Controle da Qualidade Total é embasado na satisfação dos clientes, por meio de 
uma gestão participativa de todos os setores da empresa em busca de atender e satisfazer os 
stakeholders através das dimensões de qualidade, custo, entrega, moral e segurança. 
Para operacionalizar a prática do Controle da Qualidade Total, faz-se necessário 
utilizar ummétodo lógico e racional na solução dos problemas, o qual garanta a qualidade dos 
produtos e serviços, melhorias dos processos, aumento de produtividade e redução de custos. 
Tal método é denominado de Método de Análise e Solução de Problemas (MASP), assunto do 
próximo tópico, onde são elencados suas características e conceitos. 
 
 
 
 
 
15 
 
2.3 Método de Análise e Solução de Problemas - MASP 
 
Conforme referido anteriormente, o objetivo de qualquer organização é satisfazer de 
maneira holística as necessidades das pessoas (clientes, acionistas, colaboradores e 
comunidade), por meio das dimensões de qualidade, custo, entrega, moral e segurança. É por 
meio dessa satisfação, que a Logística desenvolve vantagens competitivas em termos de 
aumento de produtividade, redução de custos e otimização de operações. Para operacionalizar 
e materializar essa satisfação faz-se necessário a utilização de um método gerencial que 
permita a resolução dos problemas e promova a melhoria contínua. 
Na presente subseção, realizou-se um apanhado teórico acerca do Método de Análise e 
Solução de Problemas – MASP, descrevendo as suas origens históricas, ressaltando a 
importância do método e caracterizando as etapas que o compõem. 
 
2.3.1 A importância do Método para o gerenciamento 
 
Conforme Falconi (2009), existem três fatores fundamentais que garantem resultados: 
Liderança, Conhecimento Técnico e Método. Liderança é alcançar as metas de forma 
consistente, com a equipe e realizando, de maneira certa, as atividades. Conhecimento 
Técnico está relacionado ao processo no qual o colaborador trabalha e no qual está envolvido. 
Por fim, a palavra Método originou-se do grego a partir da junção entre as palavras Meta e 
Hodós. Meta significa “Resultado a ser atingido” enquanto que Hodós quer dizer “Caminho”. 
Logo, Método significa “caminho para o resultado” (FALCONI, 2004a) 
Conforme o autor supracitado, o método é a essência do gerenciamento, pois 
operacionaliza a busca pelo resultado por meio das pessoas que são responsáveis por 
gerenciar. O conceito de gerenciamento está diretamente relacionado a atingir metas, e 
alcançar esse objetivo é o mesmo que resolver problemas, o qual pode ser definido como um 
resultado indesejável para o processo e, consequentemente, para o seu cliente (FALCONI, 
2009). 
Canossa (2010) evidencia a importância do método para a gestão de uma empresa, na 
medida em que 
as organizações necessitam estabelecer uma metodologia de trabalho que as auxilie 
na escolha do problema a ser solucionado. Esta metodologia deve ter como base 
prioritariamente a definição correta da causa e a escolha da melhor solução. 
Independentemente de qualquer norma ou padronização, um método visa organizar a 
gestão dentro de uma organização. O objetivo é atender melhor aos clientes, 
estabelecer melhor desempenho de produtividade e de qualidade – melhorar a 
 
 
16 
 
competitividade da organização. Do ponto de vista prático, um método auxilia na 
gestão dos problemas evitando especulações a respeito do problema e utilização de 
vários caminhos simultaneamente, de forma descoordenada e sem diretrizes. 
Podemos chamar o método incorreto de “achologia”. (CANOSSA, 2010). 
 
Portanto, para atingir resultados sustentáveis, faz-se necessário buscar resultados e 
atingir as metas por meio do gerenciamento. Contudo, não existe gerenciamento sem um 
método de solução de problemas, o chamado PDCA. Este método permite gerenciar 
cientificamente a organização, baseado no envolvimento das pessoas em busca do alcance dos 
objetivos organizacionais. Contudo, conforme exposto no final do item 2.2 do presente 
trabalho, a importância deve dar-se ao método e não unicamente às ferramentas de gestão, 
pois, as pessoas não usarão as ferramentas da melhor forma se não souberem o caminho para 
se resolver um problema e alcançar uma meta. 
 
2.3.2 Perspectivas históricas do MASP 
 
Historicamente, o MASP é um método de gerenciamento que evoluiu conforme o 
desenvolvimento da gestão da qualidade. Segundo Falconi (2004a), o MASP derivou do 
método japonês da JUSE (Union of Japanese Scientists and Engineers) chamado “QC 
STORY”. 
Segundo Oribe (2008), a história de desenvolvimento do MASP pode ser ilustrada no 
esquema da figura 5: 
 
Figura 5: Evolução histórica do MASP 
 
Fonte: Adaptado de ORIBE (2008). 
 
Oribe (2008) informa que a Administração Científica de Taylor, em um processo 
produtivo, era embasada por três etapas: plan-do-see ou, em português, planeje, execute e 
veja. Essas três etapas caracterizavam a linearidade característica dos controles dos processos 
produtivos das indústrias da época, as quais eram especificação (plan), produção (do) e 
inspeção (see). Consolidava-se, então, a primeira era da qualidade: a era da inspeção. 
 
 
17 
 
Em seguida, toda a década de 30 foi caracterizada pela segunda era da qualidade, 
desenvolvida a partir dos estudos de Controle Estatístico do Processo promovido por Walter 
A. Shewhart, conforme visto no tópico 2.1 do presente trabalho. Conforme Pagani (2009), 
outra contribuição de Shewhart foi a introdução do conceito do método de melhoria, 
conhecido como PDCA, o qual foi desenvolvido originalmente na década de 1930, no Bell 
Laboratories, EUA. Tratava-se de um ciclo de controle estatístico de processo, o que poderia 
ser continuamente repetido em qualquer processo ou resolução de problemas. Em suma, 
Shewhart afirmava que o processo de especificar, produzir, inspecionar e estudar os 
resultados deveria ser um ciclo contínuo de execução, em contraposição à linearidade 
proposta por Taylor (ORIBE, 2008). 
Em razão da participação na 2ª Grande Guerra Mundial, o Japão foi um dos países 
mais impactados pela destruição. Diante desse cenário, 
a JUSE (Sindicato dos Cientistas e Engenheiros do Japão) iniciou um movimento da 
qualidade promovendo palestras para líderes industriais japoneses, ministradas por 
alguns dos precursores no movimento da qualidade como: Deming, Juran e mais 
tarde Ishikawa, cuja abordagem privilegiou a integração de todos os níveis 
hierárquicos na aplicação dos princípios da qualidade, a começar pela alta 
administração. A aplicação destes princípios contribuiu de forma relevante à 
indústria japonesa e elevou a credibilidade dos seus produtos em mercados mundiais 
(COTA E FREITAS, 2013). 
 
Com isso, os estudiosos norte-americanos Feigenbaum, Juran e Deming introduziram 
no Japão o Ciclo de Shewhart, o qual sofreu modificações e foi aprimorado, resultando no 
atual método PDCA (Planejar, Executar, Checar e Agir). 
Em sua primeira fase de desenvolvimento, o QC Story foi um método de carácter 
descritivo criado pela JUSE, conforme visto anteriormente. Essa descrição se dava por 
abordar fatos passados, a partir dos quais era promovido o relato simples e inteligível de como 
as melhorias eram executadas (ORIBE, 2008). 
Posteriormente, o caráter do QC Story passou a ser prescritivo, pois tratava-se de um 
método efetivo na resolução de problemas dentro das organizações. Nesse sentido, Oribe 
(2008) leciona: 
o QC-Story passou de um método de relato, focado nas pessoas, objetivando, 
portanto, a comunicação e o aprendizado, para um método de solução, focado nas 
organizações, visando sobretudo melhorias e a obtenção de ganhos. O caráter de 
aprendizado não foi perdido. Para compensar essa transposição metodológica, foram 
incluídas atividades e regras de funcionamento que permitiram ao método manter 
suas características educativas (ORIBE, 2008). 
 
Por fim, a última fase histórica de desenvolvimento do MASP aconteceu no Brasil. 
Segundo Oribe (2012), Falconi foi o responsável por difundir esse método na literatura 
 
 
18 
 
brasileira, denominando-o de Método de Solução de Problemas - MSP. Tal método é 
apresentado como um elemento do Controle da Qualidade Total, amplamente discutido no 
tópico 2.2 do presente trabalho.Posteriormente, esse método se popularizou como Método de 
Análise e Solução de Problemas – MASP. 
Em suma, o MSP ou MASP, assunto aprofundados nos próximos tópicos, é um 
método de resolução dos problemas composto por oito etapas, as quais são subdividas em 28 
passos. 
 
2.3.3 Conceitos e elementos do MASP 
 
Conceitualmente, o MASP é um método composto por uma sequência lógica de oito 
etapas pré-definidas, destinado a resolver um problema a partir da sua identificação, da sua 
observação, da análise de suas causas, da construção de um plano de ação, da execução do 
que foi planejado, da verificação da eficácia e da suficiência das ações, da padronização das 
melhores práticas e da conclusão da tratativa do problema por meio da recapitulação de todo o 
processo de solução. 
Portanto, segundo Oribe (2012), o MASP 
é um método prescritivo, racional, estruturado e sistemático para o desenvolvimento 
de um processo de melhoria num ambiente organizacional, visando solução de 
problemas e obtenção de resultados otimizados. O MASP se aplica aos problemas 
classificados como estruturados, cujas causas comuns, as soluções sejam 
desconhecidas e que envolvam reparação ou melhoria, ou performance e que 
aconteçam de forma crônica (ORIBE, 2012). 
 
O fato gerador para a execução de um MASP é a existência de um problema, o qual 
tem origem em uma não conformidade diante de um padrão de referência ou de uma 
especificação. 
Conforme Canossa (2010), os problemas originam-se de três formas: das condições de 
trabalho, dos erros e das falhas das pessoas e da gestão administrativa. As condições de 
trabalho estão relacionadas aos métodos e recursos utilizados na execução de uma atividade. 
Os erros e as falhas das pessoas estão associados aos treinamentos e capacitações, bem como 
a não satisfação das necessidades físicas. Por fim, os problemas originados da gestão 
administrativa estão relacionados ao gerenciamento das atividades. 
Diariamente, as organizações deparam-se com problemas nas suas operações. Como 
vimos, os problemas são originados do ambiente de trabalho, da falha humana e da gestão 
administrativa. Os problemas são classificados em três tipos de erros: grosseiros ou 
 
 
19 
 
enganosos, sistemáticos ou constantes e acidentais ou probabilísticos. Entende-se por erros 
grosseiros aqueles ocasionados por falta de conhecimento ou prática do observador, enquanto 
os erros sistemáticos são aqueles decorrentes da falha do observador, do material ou do 
método utilizado e os erros acidentais são originados a partir de causas imprevisíveis ou 
desconhecidas (CANOSSA, 2010). 
A utilização de um método disciplinado deve ser direcionada à solução dos erros 
acidentais, pois além de serem imprevisíveis, tais problemas apresentam causas e soluções 
desconhecidas. 
Conforme Falconi (2004a), as oito etapas desse método podem ser ilustrados no 
macrofluxograma presente no quadro 1: 
Quadro 1: Etapas do QC Story/MASP 
 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
A seguir, cada etapa será descrita e caracterizada detalhadamente, a fim de apresentar 
a abrangência do método na resolução de um problema organizacional. 
 
2.3.3.1 Etapa 1 – Identificação do problema 
 
Na primeira etapa do MASP, identifica-se de forma clara e objetiva o problema a ser 
solucionado. Conforme Oribe (2008), a identificação do problema apresenta duas finalidades: 
selecionar um tópico dentro de um conjunto de possibilidades e fazer uma análise criteriosa 
que justifique a priorização da escolha do problema. 
 
 
20 
 
Conforme Campos (2004a), a identificação do problema é composto dos passos 
apresentados no quadro 2: 
Quadro 2: Etapa 1 MASP – Identificação do problema 
ETAPA 1 – IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 Escolha do problema 
A escolha pode ser determinada a partir de uma 
diretriz corporativa (qualidade, custo, entrega, 
moral e segurança) 
2 Histórico do problema 
Deve-se utilizar dados históricos do problema, 
descrevendo-o como ocorre e investigando a sua 
taxa de frequência. 
3 Mostrar perdas e ganhos viáveis 
Quantifica as perdas que o problema está 
causando, bem como quantifica as oportunidades 
de melhoria. 
4 Fazer a análise de Pareto 
Utiliza-se a ferramenta de qualidade Análise de 
Pareto, o qual permite a priorização de problemas 
bem como estabelece metas numéricas viáveis. 
5 Nomear responsáveis 
Define-se uma pessoa líder e a equipe que irá 
solucionar o problema, bem como se define uma 
data limite para tratativa do problema. 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Uma vez que se identifica o problema de forma clara e objetiva, a equipe de solução 
de problemas deve direcionar-se para a próxima etapa do MASP de Observação do Problema, 
a partir da qual coletam-se dados e investiga-se o comportamento do problema nas condições 
em que ele ocorre. 
 
2.3.3.2 Etapa 2 – Observação do problema 
 
A etapa 2 do MASP de Observação do problema consiste em investigar em quais 
condições o problema ocorre, bem como ele se comporta sobre vários pontos de vista, pois 
vários fenômenos nos efeitos dos problemas podem ser observados (ORIBE, 2008). Outro 
ponto importante nesta etapa é envolver as pessoas que estão relacionadas dentro do processo 
em que o problema está impactando, proporcionando um maior entendimento do que a equipe 
está investigando. 
Para Oribe (2008), “o ponto preponderante da etapa de observação é coletar 
informações que podem ser úteis para direcionar um processo de análise que será feito na 
etapa posterior”. 
 
 
21 
 
Segundo Campos (2004a), os passos que compõem a etapa de observação do problema 
são descritas no quadro 3: 
Quadro 3: Etapa 2 MASP – Observação do problema 
ETAPA 2 – OBSERVAÇÃO DO PROBLEMA 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 
Descoberta das características do 
problema por meio de coleta de 
dados 
Deve-se observar o problema sob vários pontos de 
vista: tempo, local, tipo, sintoma e indivíduo. 
Também se realiza o desdobramento de paretos. 
2 
Descoberta das características do 
problema por meio de 
observação no local 
Investiga-se o problema no local em que ele 
ocorre. A prática do Gemba deve ser exercida. 
3 Cronograma orçamento e meta 
Deve se estimar um cronograma para as etapas da 
solução do problema, bem como deve ser estimado 
um orçamento e definir uma meta a ser atingida. 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Após a coleta de informações e investigação do problema na etapa de observação, a 
próxima etapa a ser seguida é a de análise do problema, na qual se analisam as suas causas a 
partir dos dados coletados na etapa 2 do MASP. 
 
2.3.3.3 Etapa 3 – Análise do problema 
 
Na etapa 3 de Análise do Problema são realizadas investigações acerca das possíveis 
causas do problema. A partir dos dados coletados na etapa 2 do MASP, a equipe de solução 
do problema deve escolher as causas mais prováveis, esboçando um arcabouço visual de 
relações de causa e efeito entre as causas e o problema. É nesta etapa que se faz uso das 
ferramentas da qualidade, a fim de se identificar de forma científica a causa-raiz por meio de 
uma cultura de fatos e dados. São através dessas ferramentas que se testam as hipóteses 
levantadas por meio de um processo planejado e estruturado logicamente (ORIBE, 2008). 
Para Vieira (2012), são sete ferramentas estatísticas para o controle da qualidade: folha 
de verificação, estratificação, diagrama de Pareto, histograma, diagrama de causa e efeito, 
gráfico de controle e diagrama de dispersão. A folha de verificação é uma tabela ou planilha 
estruturada que permite o registro de dados e o cálculo de estatísticas simples. A estratificação 
é uma técnica de classificação de itens em grupos com características semelhantes e 
importantes para a coleta de dados e análise. O diagrama de Pareto é um gráfico de barras 
construído para mostrar as causas de variação conforme uma ordem de relevância,enquanto 
que o histograma também é um gráfico de barras, que permite a visualização da distribuição 
 
 
22 
 
de frequências de uma variável, podendo evidenciar a sua dispersão e a centralização. O 
diagrama de causa e efeito, também conhecido por diagrama de espinha de peixe ou, ainda, de 
diagrama de Ishikawa permite identificar as causas prováveis de um problema, enquadrando 
as ideias soltas em categorias de causas. O gráfico de controle monitora um processo ao longo 
do tempo e, por fim, o diagrama de dispersão é um gráfico que mostra a correlação existente 
entre duas variáveis. 
Conforme Campos (2004a), a etapa de análise do problema é composta por 3 passos e 
duas decisões, expostos no quadro 4: 
Quadro 4: Etapa 3 MASP – Análise do problema 
 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Após a análise do problema, define-se com a equipe a causa-raiz por meio de fatos e 
dados. Em seguida, a próxima etapa a ser seguida é a construção de um plano de ação com 
contramedidas, responsáveis e prazos para a solução do problema com base no que foi 
analisado na etapa 3 do MASP. 
 
2.3.3.4 Etapa 4 – Plano de Ação 
 
Na etapa 4 do MASP é construído o plano de ação que irá operacionalizar a solução do 
problema, por meio da definição das contramedidas que irão tratar de forma corretiva e/ou 
preventiva o resultado. Conforme Campos (2004a), o trabalho de um gestor é resolver 
problemas, ou seja, é atingir metas. 
 
 
23 
 
Oribe (2008) acrescenta que para o sucesso do plano de ação 
a efetividade para o alcance da meta é apenas um dos vários critérios que devem ser 
utilizados para a escolha da melhor opção. Acrescenta-se ainda a questão da solução 
dever necessariamente eliminar o problema por completo ou ser implementada para 
o alcance de um resultado apenas parcial [...] um plano de ação precisa ser 
construído para identificar ações, responsabilidades, prazos e outros aspectos 
relevantes para a implantação da solução escolhida (ORIBE, 2008). 
 
 Segundo Campos (2004a), a etapa do Plano de Ação é composto por dois passos, a 
saber: 
Quadro 5: Etapa 4 MASP – Plano de Ação 
ETAPA 4 – PLANO DE AÇÃO 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 Elaboração da estratégia de ação 
Através de uma discussão com o grupo envolvido, 
as ações devem ser tomadas sobre as causas 
fundamentais e não sobre seus efeitos. 
2 
Elaboração do plano de ação 
para o bloqueio e revisão do 
cronograma e orçamento final 
Elabora-se o chamado 5W1H (What? When? 
Who? Where? Why? How?), além da meta a ser 
atingida e a definição dos itens de controle. 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Após a conclusão da etapa do Plano de Ação, a equipe conclui o “P” de planejamento 
do PDCA. Essas quatro primeiras etapas do MASP devem receber o maior tempo possível 
para execução, pois é de extrema importância a elaboração de um plano que venha a 
direcionar da melhor maneira possível a tratativa do problema. 
 
2.3.3.5 Etapa 5 – Execução 
 
A etapa cinco do MASP corresponde à execução do Plano de Ação elaborado na etapa 
anterior. Contudo, a primeira tarefa a ser realizada é o treinamento de todos os envolvidos na 
solução do problema. Para isso, o plano de ação é comunicado aos membros que participarão 
da solução do problema, apresentando-lhes de forma clara e objetiva as ações e a importância 
de cada uma delas dentro do objetivo final do trabalho. 
 
Quadro 6: Etapa 5 MASP – Execução 
ETAPA 5 – EXECUÇÃO 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 Treinamento 
Comunicação do Plano de Ação e treinamento de 
todos os envolvidos. 
2 Execução da Ação 
Execução das ações em si, acompanhando o 
processo e registrando todos os resultados. 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
 
 
24 
 
A segunda tarefa da etapa de Execução consiste na prática das ações em si, 
obedecendo ao que foi planejado e ao cronograma. Durante a execução das ações, deve-se 
verificar no local em que elas estão sendo realizadas, buscando registrar todos os resultados 
que as ações estão gerando no decorrer do processo. 
 
2.3.3.6 Etapa 6 – Verificação 
 
Na etapa 6, realiza-se a segunda apuração dos resultados e as respectivas análises. 
Trata-se do confronto entre o que foi planejado na etapa 4 e o que aconteceu após as 
execuções das ações. 
Quadro 7: Etapa 6 MASP – Verificação 
ETAPA 6 – VERIFICAÇÃO 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 Comparação dos resultados 
Compara-se o que foi planejado com o que foi 
executado, analisando os ganhos obtidos. 
2 Listagem dos efeitos secundários 
Verifica-se a ocorrência de efeitos secundários 
com a execução das ações 
3 
Verificação da continuidade do 
problema 
Os resultados devem ser avaliados, caso sejam 
satisfatórios, o plano proposto foi a solução 
adequada. Caso contrário, o plano foi falho. 
* 
Verificação da efetividade do 
bloqueio 
Verifica-se as causas dos problemas foram 
bloqueadas 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Com a checagem entre o planejado e o real, os resultados devem ser avaliados. Caso 
eles tenham sido satisfatórios, presume-se que o plano proposto foi a solução adequada. Caso 
contrário, o plano foi falho, devendo retomar para a etapa 2 de observação do problema. 
 
2.3.3.7 Etapa 7 – Padronização 
Na etapa 7, deve-se padronizar as melhores práticas na solução do problema. De posse 
do melhor caminho, os padrões operacionais devem ser alteados de modo que o problema não 
venha mais acontecer. 
A etapa 7 consiste em quatro tarefas, explicitadas no quadro 8: 
Quadro 8: Etapa 7 MASP – Padronização 
ETAPA 7 – PADRONIZAÇÃO 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 Criação ou alteração do padrão 
Deve-se melhorar os procedimentos operacionais 
de modo que os problemas sejam bloqueados. 
 
 
25 
 
2 Comunicação 
Após a alteração do padrão, deve-se comunicar 
todo o processo de solução do problema para gerar 
aprendizado. 
3 Educação e treinamento 
Após a alteração do padrão, deve-se treinar todos 
os envolvidos na tarefa em que o problema está 
localizado. 
4 Auditoria do padrão 
Deve-se auditar o padrão, a fim de averiguar se ele 
está sendo executado conforme está padronizado. 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Na etapa 7, recapitula-se a geração de aprendizagem de todo o processo da solução do 
problema, comunicando todos os passos executados. Com a melhoria dos padrões 
operacionais a partir da solução encontrada, a equipe deve ser treinada e a tarefa deve ser 
auditada, a fim de investigar se o padrão está sendo cumprido. 
 
2.3.3.8 Etapa 8 – Conclusão 
 
A última etapa do MASP consiste na sua própria conclusão, recapitulando toda a 
análise e execução do plano de ação. Pontuam-se as principais dificuldades encontradas, os 
resultados e os impactos de modo geral, bem como avaliam-se quais os problemas que não 
foram solucionados. As tarefas da etapa de conclusão podem ser resumidas no quadro 9: 
 
Quadro 9: Etapa 8 MASP – Conclusão 
ETAPA 8 – CONCLUSÃO 
FLUXO TAREFAS OBSERVAÇÕES 
1 
Relação dos problemas 
remanescentes 
Análise dos resultados e demonstrações gráficas 
2 
Planejamento de tratativas para 
os problemas remanescentes 
Avaliação da necessidade de aplicação do MASP 
para os problemas não solucionados 
3 Reflexão 
Avaliação do MASP, sob a ótica do atendimento 
ao cronograma, relação de causa e efeito, equipe 
envolvida etc. 
Fonte: Adaptado de FALCONI (2004a). 
 
Na próxima seção, confrontam-se os campos de Gestão da Qualidade e o setor de 
Logística, identificando-se de forma sucinta as relações entre essas duas áreas. 
 
 
 
26 
 
3 GESTÃO DA QUALIDADE NO SETOR DA LOGÍSTICA 
 
A Gestão da qualidade total aplicado em toda a empresa garante aumento de 
produtividade e redução de custos. No campo da Logística, otimização e padronização das 
operações internas, redução de custos de transportes e entrega de pedidos com a garantia de 
um produto com qualidade e entregue no tempo e local certo são alguns dos possíveis 
resultados quando se aplica àGestão da Qualidade Total. 
 
3.1 Logística Empresarial 
 
A consolidação da Logística como área estratégica foi caracterizada pelo amplo 
desenvolvimento de decisões importantes quanto aos custos e otimização do nível de serviço 
aos clientes de muitas empresas. 
Conforme Ballou (2010), Logística empresarial 
trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo 
de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo 
final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em 
movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos 
clientes a um custo razoável. (BALLOU, 2010). 
 
A partir do constructo acima, podemos depreender que os elementos básicos da 
logística são o fluxo de produtos e o fluxo de informações desde a etapa da compra de 
matéria-prima para materialização do produto até a entrega ao cliente final. 
Christopher (2011) argumenta que a logística é um processo estratégico responsável 
pela aquisição, movimentação e armazenagem de matéria-prima, produtos em processo e 
produtos acabados através da organização e dos canais de comercialização, a fim de 
maximizar a rentabilidade e minimizar os custos. Dornier et al. (2000) definem logística como 
a “gestão de fluxos entre funções de negócio”. 
Ballou (2010) elenca as várias atividades da logística empresarial, dividindo-as em 
primárias e secundárias. As atividades primárias são fundamentais para a coordenação 
logística e as mais representativas em termos de custo, enquanto que as atividades secundárias 
são de apoio à execução das atividades primárias. As atividades primárias subdividem-se em 
três: transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos. 
Transportes é a atividade a partir da qual se define o modo como vai se deslocar os 
produtos entre os elos da rede que a empresa faz parte. Nessa atividade, define-se o modal a 
ser utilizado, como rodoviário, ferroviário, aquaviário, aeroviário ou dutoviário. A atividade 
 
 
27 
 
de transportes está diretamente relacionada à distribuição física ao cliente, sendo composta 
por três elementos: custos, prazo e qualidade no atendimento. Custos estão associados à 
operação, prazo está relacionado ao tempo de entrega ao cliente e qualidade refere-se à 
conformidade do produto quanto as suas especificações, sendo alinhada com as necessidades 
do mercado consumidor (DIAS, 2010). 
A atividade de manutenção de estoques está relacionada à disponibilidade dos 
produtos e, consequentemente, ao nível de serviço aos clientes. Portanto, a área de estoque 
deve ser gerida de forma estratégica conforme o ambiente mercadológico e o posicionamento 
da empresa dentro desse mercado (CHING, 2010). 
A terceira atividade primária da logística é o processamento de pedidos, o qual, 
conforme Ballou (2006), é o conjunto de atividades de preparação, transmissão, recebimento, 
expedição do pedido e relatório da situação do pedido, necessárias para o atendimento em 
tempo hábil e com nível de serviço maximizado aos clientes. A atividade de preparação está 
relacionada à coleta de informações sobre os produtos a serem vendidos, enquanto que a 
transmissão é a etapa do processo a partir da qual se transfere os documentos dos pedidos do 
ponto de origem até o local de manuseamento. A atividade de recebimento refere-se às tarefas 
de conferência e burocracia do pedido, como, por exemplo, a análise da situação de crédito. A 
atividade de expedição do pedido está associada às tarefas de preparação física do produto, 
como separação de materiais, carregamento e embalagem. Por fim, o relatório da situação do 
pedido garante o acompanhamento do pedido, proporcionando um nível de serviço ideal 
através de informações acerca de atrasos e data prevista de entrega. 
Conforme Ballou (2010), as atividades de apoio se subdividem em: armazenagem, 
manuseio de materiais, embalagem do material, obtenção, programação de produtos e 
manutenção da informação. 
Para o mesmo autor, a armazenagem está relacionada ao local e à estrutura para 
acondicionar o material ao longo das etapas do processo logístico, protegendo-o contra 
avarias e obsolescências. O manuseio de materiais está diretamente relacionado à logística 
interna, pois é a atividade que estoca nos locais adequados, movimenta materiais para os 
lugares livres e atua no processo de carregamento. A embalagem está relacionada à proteção e 
integridade do produto, enquanto que a atividade de obtenção refere-se ao suprimento de 
produtos dentro da rede logística. Por fim, a atividade de programação de produtos está 
associada à definição de planos agregados de produção e distribuição, enquanto que a 
 
 
28 
 
manutenção de informação é atividade que abrange o fluxo de informações das operações 
logísticas, como acuracidade de estoques, roteirização etc. 
Para Dornier et al. (2000), logística é uma fonte de serviço composto por várias etapas 
intermediárias que contribuem para o resultado final. Cada etapa é um fornecimento de 
serviço, seja para clientes internos seja para clientes externos, como ilustra o quadro 2: 
 
Quadro 10: Tipos diferentes de fluxo dentro de uma rede logística 
Tipos de Fluxos Logística Interna Logística Externa 
Fluxos diretos 
 Interplantas 
 
 
 Planta/armazém 
 
 
 Armazém/armazém 
 
 Com fornecedores 
(fornecimento de 
materiais e 
componentes); 
 
 Com clientes (produtos, 
peças de reposição, 
materiais promocionais e 
de propaganda); 
Fluxos reversos 
 Com fornecedores 
(embalagem, reparo); 
 
 Com fabricantes 
(eliminação, reciclagem); 
 
 Com clientes (excesso de 
estoque, reparos). 
Fonte: Adaptado de DORNIER et al. (2000) 
 
Portanto, o setor de logística é uma fonte de fornecimento de serviço cujo objetivo 
principal é entregar valor ao cliente. Os atuais mercados consumidores estão cada vez mais 
exigindo lead times mais curtos dos pedidos. 
Segundo Christopher (2011), o valor do cliente pode ser expresso pela seguinte 
fórmula: 
 
 
 
 
 
Ainda segundo o mesmo autor, entende-se por custo total de propriedade todos os 
custos inerentes, além do preço de compra da matéria-prima: custo de aquisição, custo de 
gerenciamento, custo de manutenção, custo operacional, custo de estoque, custo de suporte 
técnico, custo de treinamento e custo de eliminação. 
Dentro do escopo da Logística, Christopher (2011) expressa valor do cliente da 
seguinte forma: 
 
 
29 
 
 
 
 
 
 
Segundo Christopher (2011), qualidade é definida em termos de funcionalidade, 
desempenho e especificações técnicas do produto ofertado ao mercado. Já serviço refere-se à 
disponibilidade, o apoio e empenho fornecidos aos clientes. Custos estão associados aos 
custos de transação do cliente, enquanto que tempo está relacionado ao tempo necessário para 
o atendimento dos clientes, como por exemplo, o lead times dos pedidos. 
 Atender e agregar valor ao cliente significa fornecer utilidade de tempo e lugar na 
transferência de produtos e serviços entre a pessoa que está comprando e a pessoa que está 
vendendo (CHRISTOPHER, 2011). 
 Christopher (2011) reforça que o atendimento ao cliente pode ser analisado sob três 
aspectos: elementos de pré-transação, elementos de transação e elementos de pós-transação. 
os elementos pré-transacionais do atendimento ao cliente estão relacionados a 
políticas ou programas corporativos – por exemplo, declarações escritas da política 
de serviço, adequação da estrutura organizacional e flexibilidade do sistema. Os 
elementos transacionais são aquelas variáveis de atendimento ao cliente diretamente 
envolvida na execução da função de distribuição física, como confiabilidade de 
produto e de entrega. Os elementos pós-transacionais do atendimento ao cliente são 
geralmente de suporte do produto durante o uso,

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