Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia do parto ● parturição = dilatação + expulsão + dequitação + 1ª hora pós-parto ● parto = contrações das fibras miometriais → dilatação cervical + expulsão do feto através do canal de parto ● (1) quiescência ○ relativa ausência de resposta a agentes que determinam a contratilidade uterina ○ início: implantação do zigoto ○ perdura por quase toda a gestação ○ poucas contrações que não modificam a estrutura cervical nem causam dilatação do colo uterino ● (2) ativação ○ prepara o útero e o canal cervical para o trabalho de parto e dura aproximadamente 6 a 8 semanas ● (3) estimulação = dilatação, expulsão e dequitação ○ fenômeno mais importante: contrações uterinas efetivas ○ contrações com frequência regular entre duas e cinco contrações a cada 10 minutos, intensidade de 20 a 60 mmHg ( média de 40 mmHg) e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60 segundos) → trabalho de parto adequado ● (4) involução ○ retorno ao estado pré- -gravídico (puerpério) ○ contração persistente que promove a involução uterina ● diagnóstico de trabalho de parto: presença de contrações uterinas com ritmo e características peculiares (pelo menos 2 em cada 10 min + alterações progressivas no colo uterino (esvaecimento e dilatação) + formação da bolsa das águas Dilatação ● 1ª fase do parto ● início: primeiras contrações dolorosas → modificação da cérvix → esvaecimento do colo + dilatação cervical ● termina com a dilatação completa do colo uterino (10 cm) → permite a passagem fetal ● nas primíparas: 1º o esvaecimento (de cima para baixo) e depois a dilatação do orifício externo ● nas multíparas: esvaecimento + dilatação simultâneos ● esvaecimento/ apagamento do canal cervical: incorporação do colo à cavidade uterina, terminando com a formação de um degrau ao centro da abóbada cervical ○ alterações bioquímicas → fragmentação e redisposição das fibras de colágeno + alteração na concentração de glicosaminoglicanas → esvaecimento ○ próximo ao termo: mudanças locais que promovem a maturação cervical e da lise de fibras de colágeno → aumento de infiltrado inflamatório no canal cervical ○ colagenólise está sob a influência de prostaglandinas, principalmente da prostaglandina E2, e de alguns hormônios esteroides placentários ○ progesterona inibe a invasão e a ativação de polimorfonucleares no estroma cervical → pode ter relação com seu efeito inibidor sobre o esvaecimento cervical ● dilatação do orifício externo do colo: ampliar o canal de parto e completar à continuidade entre útero e vagina ○ progressão da dilatação → surge um espaço entre o polo cefálico e as membranas ovulares (âmnio e cório) → onde ficará coletado o líquido amniótico (bolsa das águas) (função: auxiliar as contrações uterinas no deslocamento do istmo) ○ bolsa das águas: formada no polo inferior do ovo no decorrer do trabalho de parto → rotura causa a saída parcial do seu conteúdo líquido → ocorre no período em que a dilatação cervical é maior que 6 cm ○ rotura precoce: ocorre no início do trabalho de parto ○ nascimento de feto empelicado: rotura ocorre contemporânea à expulsão do feto ○ amniorrexe prematura (RPMO): rotura das membranas ovulares antes do trabalho de parto ○ (1) fase latente: contrações mais eficazes (em termos de coordenação e intensidade) sem determinar modificações significativas na dilatação cervical ○ normalmente dura 8 horas ○ dilatação em torno de 0,35 cm/h ○ evolução e duração dependem das modificações que ocorrem nas 2 semanas que precedem o parto ○ prolongada: quando durar mais que 20 horas em primíparas e mais que 14 em multíparas ○ (2) fase ativa ○ (2.1) aceleração: velocidade de dilatação começa a modificar-se e a curva se eleva ○ (2.2) dilatação/ aceleração máxima: dilatação passa de 2 a 3 cm para 8 a 9 cm ○ (2.3) desaceleração: precede a dilatação completa ○ início: dilatação cervical de 4 cm ○ primíparas: dura em média 6 horas, com velocidade de dilatação de cerca de 1,2 cm/h ○ multíparas: 3 horas, com velocidade de dilatação de 1,5 cm/h Expulsão ● 2ª fase do parto ● início: dilatação completa ● termina com a saída do feto ● contrações uterinas + contrações voluntárias dos músculos abdominais (puxos) → feto é expelido do útero através do canal de parto ● canal de parto é completamente formado: segmento inferior do útero, o can al cervical totalmente dilatado e a vagina formam uma única cavidade ● dilatação completa → útero fica imobilizado pela ação de contenção dos ligamentos largo (lateralmente), redondo (superiormente) e uterossacro (posteriormente) → resultante de força das contrações miometriais converge sobre o orifício interno do colo uterino, contra o qual a apresentação fetal é impelida ● descida do polo cefálico pelo canal de parto ○ (1) fase pélvica: dilatação completa do colo uterino e pela apresentação acima do plano +3 de De Lee ○ (2) fase perineal: cabeça rodada e em um plano inferior a +3 de De Lee ● duração: condicionada à proporção cefalopélvica e à eficiência contrátil do útero e da musculatura abdominal ○ primíparas: 60 minutos ○ multíparas: 30 minutos ○ prolongado: quando ultrapassa, em primíparas, 3 horas sem analgesia e, em multíparas, 2 horas sem analgesia ○ caso tenha analgesia epidural: + 1 hora de duração Dequitação (secundamento ou dequitadura) ● útero expele a placenta e as membranas ● diminuição do volume uterino depois da expulsão fetal + contrações uterinas vigorosas e indolores → placenta descola do seu leito uterino → desce através do canal de parto → expelida pela rima vulvar ● dois tipos clássicos de descolamento ○ central (de Baudelocque- -Schultze): + frequente → começam no centro → 1ª face placentária visualizada na rima vulvar é a face central → apresenta sangramento após a dequitação, com formação de hematoma retroplacentário ○ periférico (de Baudelocque-Duncan): começam naturalmente → 1ª face visualizada é a face materna → tem escoamento de sangue antes da total expulsão da placenta ● ocorre entre 10 minutos e 1 hora após o parto ○ 80%: dequitação se dá nos primeiros 10 minutos ○ fisiologicamente: deve ocorrer com no máximo 30 minutos ○ se ultrapassar 1h: deve-se OBRIGATORIAMENTE mudar da conduta expectante para ativa ○ importante pois quanto maior o tempo maior as chances de hemorragia pós-parto Primeira hora pós-parto ● início: imediatamente após a dequitação ● primeira hora do puerpério ● ocorrem a estabilização dos sinais vitais matemos e a hemostasia uterina ● miotamponamento + trombotamponamento + indiferença miouterina e contração uterina fixa que a segue → defesa contra hemorragia ○ redução do volume uterino → angulação das artérias uterinas e ovariana → diminuição da perfusão uterina ○ contração do útero → miotamponamento (oclusão dos vasos miometriais) ○ trombotamponamento: formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, os quais se prolongam pelos coágulos intrauterinas que recobrem o leito placentário ○ indiferença miouterina: contração e relaxamento das fibras miometriais e ocorre na primeira hora pós-parto ○ pode haver enchimento e esvaziamento de sangue no interior do útero → hemostasia uterina depende o trombotamponamento nessa fase ○ estado de indiferença uterina pode ser prolongado nos trabalhos de parto laboriosos, nas grandes multíparas e quando há distensão excessiva do útero, como acontece nas gestações múltiplas ou com fetos macrossômicos ou, ainda, na presença de polidrâmnio ○ contração uterina fixa surge com o fim desse período (depois de 1 hora) e o maior tônus uterino mantém a hemostasia pós-parto → auxilia no retorno do útero ao estado pré-gravídico Indução do trabalho de parto ● consiste na estimulação de contrações uterinas em paciente fora de trabalho de parto por meio de métodos espeáficos e com o objetivo de promover o parto ● deve ser considerada quando os benefícios do parto vaginal superam os potenciais riscos maternos e fetais, que incluem elevação das taxas de parto vaginal operatório, de cesáreas,de atividade uterina aumentada e de anormalidades da frequência cardíaca fetal ● fatores associados ao sucesso da indução: características maternas (paridade, a idade, o peso e a estatura) e fatores fetais (peso e a idade gestacional) ○ mais importante fator preditor para o sucesso do trabalho de parto: maturação cervical (suplanta até os marcadores bioquímicos como a fibronectina fetal) ● indicações: situações maternas e fetais nas quais haja benefício com o término da gestação ○ rotura prematura de membranas ovulares (RPMO) e pós-datismo ○ casos de fetos grandes para a idade gestacional e com peso próximo a 4.000 g → não há evidência de que essa conduta diminua os riscos maternos e fetais ● contraindicações: gestação múltipla, especialmente com mais de dois fetos, e placenta prévia ○ causas fetais: sofrimento fetal, macrossomia, apresentações anômalas, hidrocefalia grave (com diâmetro biparietal maior que 110 mm), presença de outras malformações que impeçam o adequado trajeto do feto pelo canal de parto ○ causas maternas: anormalidades da pelve causadas por traumas ou fraturas, o vício pélvico, a infecção ativa por herpes genital, pacientes com sorologia positiva para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e as portadoras de carcinoma cervical invasivo Maturação cervical ● processo pelo qual o colo uterino se altera de uma estrutura fechada, determinada a manter a gestação intrauterina, para uma estrutura macia, complacente, capaz de se dilatar e acomodar a passagem do feto ● índice de Bishop: uma das formas de se quantificar a maturação cervical ○ valores > ou = a 9 → alta probabilidade de partos normais após a indução do trabalho de parto ○ valores < ou = a 6 → maturação cervical não foi completa, com baixa probabilidade de parto vaginal após a indução → pode-se considerar a utilização de métodos artificiais para se atingir a maturação cervical ○ outra proposta para avaliar a maturação cervical: utilização da USG ● métodos para promover a maturação cervical ○ farmacológicos: hialuronidase, relaxina e óxido nítrico porém as prostaglandinas são as principais → E2 (dinoprostona) ou a E1 (misoprostol) ○ antes da administração da prostaglandina E2/ misoprostol: avaliar a vitalidade fetal por meio da cardiotocografia e do perfil biofísico fetal + se possível, realizar amnioscopia para afastar a presença de mecônio anteparto → boa vitalidade fetal → aplicação de PGE + monitorização fetal contínua (cardiotocografia) por 2 horas (com misoprostol: após 1 hora da inserção → cardiotocografia pelo tempo em que durarem as contrações uterinas + dinâmica uterina e o índice de Bishop devem ser reavaliados 4 horas depois da administração da primeira dose) ○ quando usado prostaglandina E2 vaginal (dinoprostona): reavaliação do colo uterino acontecerá habitualmente depois de 12 a 24 horas da administração do medicamento → principal vantagem: possibilidade de remoção em casos de taquissistolia ou hipertonia uterina ○ prostaglandinas não deverão ser empregadas em concomitância com a ocitocina por causa de seu efeito sinérgico → recomendado que se aguarde um período de no mínimo 4 horas para utilização da ocitocina ○ misoprostol (análogo sintético da prostaglandina E1): induz contrações uterinas mesmo em doses baixas (25 µg) →provoque a maturação cervical de forma indireta devido à atividade uterina ○ mecânicos: envolve a liberação de prostaglandinas → principais riscos: infecção, sangramento, rotura de membranas e descolamento de placenta ○ dilatadores osmóticos (laminárias), cateter-balão de Foley transcervical, descolamento digital de membranas ovulares ● induções de trabalho de parto que ultrapassaram 36 horas de duração estão associadas a maior risco de corioamnionite , endometrite e hemorragia pós-parto ● administração da ocitocina: ○ EV, preferencialmente por infusão controlada por meio de bomba ○ infusão contínua → tempo necessário para resposta da musculatura uterina é de 3 a 5 minutos ○ principais complicações: hiperestimulação uterina (esp. taquissistolia e hipertonia uterina) → feto pode apresentar hipoxemia ○ anormalidades na frequência cardíaca fetal ou atividade uterina exagerada → suspender a administração do medicamento, e em poucos minutos será observada resposta uterina (meia-vida de 5 minutos) ○ hiponatremia: semelhança na estrutura da ocitocina e do hormônio antidiurético (ADH) → retenção hídrica e consequente hiponatremia dilucional → principais sinais e sintomas: confusão mental, convulsões, coma e insuficiência cardíaca congestiva ○ hipotensão
Compartilhar