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UNIVERSIDADE GUARULHOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA BIANCA DE OLIVEIRA MALTEZI BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO NATURAL EM CÃES E GATOS COMO TERAPIA DE SUPORTE PARA TROMBOCITOPENIA GUARULHOS 2022 BIANCA DE OLIVEIRA MALTEZI BENEFÍCIOS DA ALIMENTAÇÃO NATURAL EM CÃES E GATOS COMO TERAPIA DE SUPORTE PARA TROMBOCITOPENIA Trabalho de Conclusão do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Guarulhos, sob orientação da Profª.Dra. Paola Góes. Co- orientação da M.V. Karla Oliveira. GUARULHOS 2022 RESUMO A trombocitopenia é uma desordem hemostática presente na clínica de pequenos animais, em que ocorre uma redução considerável no número de plaquetas presentes na corrente sanguínea, afetando a sua produtividade, distribuição e capacidade de coagulação. Este distúrbio pode ocorrer por diversos motivos como hemoparasitoses, doenças autoimunes, distúrbios de coagulação e fatores nutricionais. Uma dieta formulada para as necessidades individuais do animal promove uma absorção mais eficiente dos nutrientes essenciais e melhor resposta celular e metabólica. Esse trabalho teve como objetivo, analisar os principais fatores que ocasionam trombocitopenia em cães e gatos e os benefícios da dietoterapia e alimentação natural associadas aos nutraceuticos como terapia de suporte para o tratamento desta desordem. Cada vez mais entende-se a necessidade dos cuidados alimentares dos animais, levando em consideração as suas particularidades fisiológicas e sistêmicas. No que diz respeito aos resultados encontrados na pesquisa, a alimentação natural nos animais domésticos promove bem-estar, qualidade de vida, reduz a incidência de doenças, previne o envelhecimento celular precoce e traz mais vitalidade e benefícios significativos à saúde do animal. Palavras-chaves: Nutrição; Plaquetas; Dietoterapia; Hematologia; Medicina veterinária ABSTRACT Thrombocytopenia is a hemostatic disorder present in the small animal clinic, in which there’s a considerable reduction in the number of platelets present in the bloodstream, affecting its productivity, distribution and blood clotting capacity. This disorder occurs due to many factors, such as hemoparasites, autoimmune diseases, coagulation disorder and nutritional factors. A diet tailored to the animal's individual needs promotes more efficient absorption of essential nutrients and better cellular and metabolic response. This study aimed to analyze the main factor that causes thrombocytopenia in dogs and cats and the benefits of diet therapy with natural food associated with nutraceuticals as a support therapy for the treatment of this disorder. The need for care aimed at feeding animals is increasingly understood, taking into account their physiological and systemic particularities. About the results found in the research, natural food for domestic animals promotes welfare, a better quality of life, reduce the incidence of diseases, prevents premature cellular aging and brings more vitality and significant benefits to the animal's health. Keywords: Nutrition; Platelets; Diet therapy; Hematology; Veterinary medicine. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................6 2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................7 2.1 TROMBOCITOPENIA...............................................................................................7 2.2 AVALIAÇÃO DO PACIENTE....................................................................................8 2.3 NUTRIÇÃO DOS PETS............................................................................................9 2.4 GENÔMICA NUTRICIONAL...................................................................................11 2.5 ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL................................................................................12 3. METODOLOGIA.......................................................................................................14 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................15 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................16 1. INTRODUÇÃO As plaquetas, também chamadas de trombócitos, são células anucleadas, discoides ou esféricas dependendo da espécie derivadas dos megacariócitos, presentes dentro da medula óssea, e são produzidas pela fragmentação do citoplasma dessas estruturas (LEMOS, 2015). Fazem parte dos constituintes sanguíneos junto com os leucócitos e eritrócitos e se localizam na periferia dos vasos sanguíneos (KAJIHARA et al., 2007). Estas células exercem papel importante na integridade vascular e na manutenção da hemostasia normal, sendo restabelecida frequentemente em um animal saudável e promovem reparo tecidual estimulando a mitose celular e estão presentes nos processos de inflamação e cicatrização das feridas (REBAR, 2003). Os trombócitos são responsáveis por realizar a hemostasia primária, ou seja, logo que ocorre uma ferida, formam um coágulo temporário ou tampão e tentam evitar mais hemorragias enquanto a fibrina está em processo de formação (SILVA et al., 2018 apud GARCIA, 2005). O número de plaquetas na corrente sanguínea deve ser mantido a um nível adequado a fim de realizar as atividades fisiológicas relacionadas a hemostasia (SILVA, 2020). A trombocitopenia acontece por defeito na produção, destruição ou distribuição de plaquetas. As causas para os defeitos de produção são a substituição da medula óssea, ineficiente hematopoiese plaquetária e a hipoplasia das células hematopoiéticas primitivas (BRITES, 2007). Disfunções sistêmicas imunológicas e doenças não imunológicas podem promover a destruição plaquetária, como problemas de distribuição de plaquetas, e as transfusões sanguíneas também podem ocasionar trombocitopenia (FREITAS, 2018 apud REBAR et al., 2003; PUGA et al., 2019 apud THRALL, 2007). Os animais como os cães e os gatos vêm sendo tratados mais do que nunca como outros animais de grande porte com tratamento à base de dieta natural. Por esta razão, muitos truques são postos em prática, especialmente em termos de diversificação de alimentos (SCHWEIGHAUSER et al., 2020). Segundo Moraes (2015), é importante acrescentar a dieta ingredientes funcionais que promovam a saúde e o bem-estar contribuindo para a longevidade e qualidade de vida, tais como a dieta modulada com os nutrientes essenciais, prebióticos, probióticos, fibras especiais, nutraceuticos e suplementos. Conforme Pellegrine e Moraes (2014, p. 1), “a nutrição é o fator que mais interfere na epigenética, ou seja, o alimento pode ser veneno ou remédio. A genômica nutricional estuda esses mecanismos, sendo composta pela nutrigenética e pela nutrigenômica.” 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 TROMBOCITOPENIA A trombocitopenia é uma disfunção que promove a redução de plaquetas circulantes no sangue e pode ser relacionada a diversos fatores como o alto consumo, sequestro, a baixa produção, e a alta da destruição que acontece no sistema fagocítico mononuclear do fígado e baço (REBAR, 2003). Em cães, a concentração plaquetária considerada dentro da normalidade é de 200.000 a 600.000 plaquetas/uL, quando o animal apresenta menos de 30.000 plaquetas/uL podemoster sangramentos espontâneos (REBAR, 2003). É mais comum o acometimento em raças como os Cockers, Poodles e Pastores Alemães devido às suas predisposições raciais e as causas frequentes de produção diminuída são a aplasia da medula óssea e hipoplasia megacariocítica (BRITES, 2007 apud Couto 1994). Em gatos a concentração plaquetária é um pouco maior varia de 300.000 a 800.000/uL e a maior causa da baixa produção de plaquetas é o retrovírus que leva a disfunções na medula óssea (COUTO, 1994). A meia vida das plaquetas no cão e gato varia de 3 a 7 dias e a destruição para renovação destas é um processo fisiológico natural que acontece com a fagocitose destas células pelos macrófagos do sistema monocítico fagocitário (REBAR, 2003). Segundo Rebar (2003, p. 134), “A presença de anticorpos antiplaquetários acelera a destruição das plaquetas pelos macrófagos, levando ao desenvolvimento de trombocitopenia imunomediada”. Na TIM primária os anticorpos antiplaquetários ligam-se à superfície das plaquetas e atacam estas células saudáveis circulantes causando a sua destruição pelos macrófagos e pode ter origem idiopática. (MEEKING, 2013). A TIM secundária está sempre relacionada a uma doença autoimune sistêmica, nesta os anticorpos ou se ligam aos antígenos exógenos ou imunocomplexos que são adsorvidos pela superfície da membrana plaquetária (MEEKING, 2013). Este processo leva a destruição das plaquetas ao acometimento imunológico (NORRIS, 2004). A heparina intravenosa é considerada uma das causas para a trombocitopenia devido os anticorpos imuno-mediados contra o complexo de plaquetas-heparina. Em gatos a sua overdose pode levar a uma disfunção grave (PUGA et al., 2019 apud THRALL, 2007). Deficiências nutricionais graves, como a falta da vitamina K também podem acarretar distúrbios da coagulação levando a baixa produção de plaquetas, ou disfunção em sua produção, como também excessos de vitaminas e outros nutrientes também podem levar a disfunções hemostáticas (COSTA, 2008). Por fim, este transtorno também pode ser ocasionado pelo sequestro de plaquetas pelo baço órgão responsável por armazenar aproximadamente 75% do volume de sangue em circulação. Portanto, a trombocitopenia transitória de plaquetas em circulação pode ocorrer em casos de esplenomegalia (COSTA, 2008). 2.2 AVALIAÇÃO DO PACIENTE Os animais com trombocitopenia são geralmente propensos a hemorragia mucocutânea através de muitas veias e capilares e podem também apresentar hemorragia petequial, que são pequenos pontos de sangue nos tecidos em todo o corpo; púrpura, composta por recolha de sangue na pele; e hematomas que são mais profundos e palpáveis do que a hemorragia petequial e mais comuns em pacientes com deficiência plaquetária (FREITAS, 2018 apud REBAR et al., 2003). Um dos fatores importantes à observação são os sinais clínicos do animal, como cita Brites: “A inspeção cuidadosa é necessária para notar petéquias e equimoses sutis, as marcas registradas da trombocitopenia hemorrágica. São especialmente comuns no abdômen, na parte interna dos membros e membranas mucosas, podendo ser confundidas até mesmo com uma erupção cutânea. Sangramento cerebral pode ser reconhecido por sinais neurológicos ou morte súbita. Palidez pode acompanhar hemorragia substancial ou ocorrer concomitantemente com anemia hemolítica imunomediada (TIM secundária)” (BRITES, 2007, p. 14). Geralmente os sinais de hemorragia aparecem em lugares que têm mais pressão como as mucosas, abdômen, axilas, região inguinal. Os pacientes acometidos podem apresentar sintomas como melena, hematúria, hematoquezia, hematêmese, taquipneia, letargia, e em casos mais graves alterações no SNC. (MEEDKING, 2013). Na avaliação laboratorial das plaquetas, é importante analisar o hemograma completo do animal para estabelecer se a trombocitopenia é um achado isolado ou associado à anemia ou leucemia. Se a trombocitopenia for claramente um achado isolado, deve ser repetida várias vezes para confirmação (FREITAS, 2018 apud REBAR et al., 2003). A contagem de plaquetas pode ser medida com contadores automáticos ou manuais ou estimada em esfregaços sanguíneo (HLAVAC, 2012). Os esfregaços de sangue periférico devem ser avaliados quanto à morfologia das plaquetas, com predominância de microplaquetas sugerindo um evento imuno- mediado precoce (trombocitopenia imune) e macroplaquetas, que libertam plaquetas jovens na circulação são frequentemente vistas em trombocitopenia regenerativa (FREITAS, 2018 apud REBAR et al., 2003). 2.3 NUTRIÇÃO DOS PETS A adoção de um estilo de vida mais saudável, antes era uma preocupação somente das pessoas, agora também se encontra presente na vida dos animais. O protótipo de alimentação natural, “com base em alimentos mais saudáveis e pouco industrializados, está cada vez mais recorrente entre tutores que propõem ofertar aos seus animais uma alimentação diversificada” (CARVALHO; LIMA; VIANA, 2018, p.1). O mercado pet vem se aperfeiçoando e trazendo opções para este nicho, como a alimentação e petiscos naturais, que seriam alimentos de origem natural, com a inserção de vitaminas, minerais e nutraceuticos, que ajudam na melhora da dieta (MARCANI, 2020 apud MORAIS, 2015). A semelhança da dieta humana, a saúde dos cães depende de uma dieta corretamente equilibrada, contendo uma vasta gama de nutrientes para satisfazer todas as necessidades diárias, e estes são água, aminoácidos, carboidratos, lipídios, minerais e vitaminas (CAPPILLI et al.,2016). Ogoshi et al. (2015) diz que por possuírem caninos bem desenvolvidos, assim como o estômago com o PH extremamente ácido e a ausência de amilase salivar os cães e gatos são, portanto, anatomicamente carnívoros. De acordo com Araújo et al. (2018) apud Buff et al. (2014), a dieta dos cães modernos vem sendo mudada para atender suas condições nutricionais, com a inserção de alimentos de origem vegetal e animal; isto é, através do antropomorfismo, o homem tem tornado o cão em um animal onívoro enquanto a do gato permanece carnívora. Silva Junior et al. (2006) salienta que se pode dizer que os gatos são classificados como carnívoros restritos e os cães como carnívoros não restritos. A idade e o estilo de vida devem também ser tidos em conta na dieta do cão para assegurar o equilíbrio nutricional em diferentes momentos da vida: de acordo com o National Research Council (2006), os cães que são geralmente mais atléticos e excitáveis precisam de um alimento rico em nutrientes com alto valor energético, enquanto os cães castrados e sedentários precisam de uma dieta que seja adaptada ao seu estilo de vida. A diminuição da atividade física precisa de ser equilibrada com uma dieta pobre em calorias e nutrientes especiais para suportar esta condição (NETO et al. 2017, apud YABIKU, 2003). A insuficiência ou excesso de nutrientes pode levar a desequilíbrios nos sistemas fisiológicos do animal, predispondo a um baixo desenvolvimento corporal e levando a defeitos esqueléticos e comorbidades como obesidade e alterações da função reprodutiva. Por exemplo, uma alimentação adequada dos cachorros proporcionará boas condições para a sua saúde e, consequentemente, para o seu desempenho futuro (NETO et al. 2017, apud CARCIOFI, 2008). Os gatos têm características especiais no que diz respeito à digestão e dieta, e é importante a prestar atenção especial as suas necessidades para assegurar uma melhor saúde e bem-estar (NETO et al. 2017, apud CARCIOFI, 2008). De acordo com Cappilli et al. (2016), devido ao seu metabolismo específico, estes animais têm demandas mais altas, bem como os aminoácidos arginina, vitamina B6 e niacina (aproximadamente duas, três e quatro vezes mais elevadas do que os cães, respectivamente), a ingestão de vitamina A pré-formada na dieta, a digestão dos hidratos de carbono temrequisitos nutricionais diferentes dos cães, tais como dificuldade em digerir carboidratos. Os gatos são fisiologicamente considerados carnívoros porque requerem nutrientes específicos encontrados apenas na carne, mas os avanços nas tecnologias de processamento alimentar, como a extrusão, tornaram possível a utilização de alimentos para gatos com uma elevada proporção de hidratos de carbono e um bom equilíbrio de nutrientes (RABELO et al., 2022 apud SILVA JÚNIOR et al., 2006). Os cães e gatos não podem sintetizar o ácido araquidônico (um ácido rico em ômega 6) e o aminoácido taurina, então a sua inclusão na dieta é essencial. A dieta é mais importante quando o animal é um filhote, pois este é o período em que todos os tecidos e órgãos se estão a desenvolver. Durante a idade adulta, devem ser fornecidos alimentos que contenham todos os nutrientes necessários para o bom desenvolvimento e manutenção da saúde do animal (NETO et al., 2017 apud CARCIOFI, 2005). 2.5 GENÔMICA NUTRICIONAL O organismo é resultado de complexas interação entre os genes que constituem o genoma associados a agentes externos/ambientais e essa união resulta no fenótipo individual de cada ser vivo (VIZMANOS et al., 2020). Ao longo dos anos o conhecimento nutricional junto com os estudos acerca do genoma vem se aprofundando e com isso se tornou possível alterações na expressão genica fenotípica de cada indivíduo através da modulação dos nutrientes ingeridos (NEUMANN, 2002). “A nutrigenética analisa as variações genéticas individuais na resposta a nutrição, enquanto a nutrigenômica avalia o efeito dos componentes bioativos da dieta na expressão de genes e suas consequências nas funções bioquímicas e fisiológicas” (PELLEGRINE E MORAES, 2014, p.1). Portanto, a nutrigenética tem como finalidade estudar e identificar as variadas respostas metabólicas da expressão genética de cada gene aos nutrientes oferecidos na dieta e a nutrigenômica estuda a ação que os nutrientes têm na expressão genica e como as modificações agem nas respostas a esses compostos fitoquímicos, portanto tem também como objetivo prevenir e tratar doenças (VIZMANOS et al., 2020). O estudo das transformações do genoma, a expressão do RNA e micro-RNA (transcriptómica), expressão proteica (proteómica) e as alterações metabólicas (metabolómica) através dos compostos bioativos é feito com as ferramentas da genômica funcional e as bases ômicas (CHIRITA-EMANDI; NICULESCU, 2020). A Genômica analisa, sequência e mapeia todos os genes constituintes do genoma, a transcriptómica estuda a expressão do gene do espécime por um período sob determinadas circunstâncias, a proteómica identifica o efeito dos nutrientes no organismo reconhecendo as proteínas dos processos celulares e patológicos e as diferentes respostas metabólicas advindas da dieta são observadas pela metabolômica (VIZMANOS et al., 2020). 2.4 ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL “A nutrição funcional é uma ciência interativa, com fundamento científico, que visa aos aspectos bioquímicos a fim de promover o equilíbrio fisiológico, endócrino e bioquímico” (PELLEGRINE; MORAES, 2014, p.1). O estudo e relevância sobre a nutrição é sabido há centenas de anos. Hipócrates 400 a.C. dizia que “o remédio era seu alimento e o seu alimento o seu remédio”. Atualmente temos a alimentação como terapia de suporte para auxiliar no tratamento e prevenção de doenças atuando nas funções bioquímicas, fisiológicas e endócrinas a nível celular reduzindo o estresse oxidativo, diminuindo a inflamação crônica, combatendo a glicação, eliminando os radicais livres e melhorando a resposta metabólica sistêmica, através do conceito da nutrigenômica e nutrigenética nas dietas moduladas para as necessidades individuais de cada paciente (MORAES, 2015). Os alimentos funcionais são os próprios alimentos convencionais na sua apresentação natural que serão utilizados para a alimentação e que suprem as necessidades básicas do organismo com seus valores nutritivos inerentes a sua composição química ao mesmo tem que têm ações preventivas a doenças e diminuem os riscos e danos destas proporcionando equilíbrio metabólico ao organismo (KWAK; JUKES, 2001 apud ROBERFROID, 2002). Uma boa dieta é rica em todos os elementos essenciais para a manutenção da vida do animal como água, aminoácidos, carboidratos como as fibras solúveis fermentáveis e as insolúveis não fermentadas, lipídeos como atenção ao ômega 3 e 6, minerais e vitaminas. (PELLEGRINE; MORAES, 2014). As proteínas participam de diversos processos fisiológicos no organismo, os aminoácidos que participam da síntese proteica são divididos em não essências e essenciais, sendo que os gatos possuem 11 e os cães 10 e são estes: Arginina, lisina, valina, leucina, isoleucina, histidina, triptofano, fenilalanina, metionina, treonina e taurina que é indispensável para os felinos (PELLEGRINE; MORAES, 2014). De acordo com Carvalho (2018), os carboidratos têm como suas principais fontes as fibras, amidos e açúcares. Já os lipídeos são considerados uma fonte muito rica de APT (trifosfato de adenosina) fornecendo duas vezes e meia a quantidade de energia promovido pelas proteínas e carboidratos. Os minerais têm como funções principais a estrutural e regulação de processos orgânicos e do metabolismo energético, eles são divididos em macrominerais (sódio, cloro, cálcio, potássio, fósforo e magnésio) que têm em maior quantidade na dieta e os microminerais (ferro, zinco, cobre, manganês, selênio, iodo e iodeto) que são em menor quantidade (PELLEGRINE E MORAES, 2014 apud NUNES, 1998). As vitaminas têm papel importante em todos os processos fisiológicos do corpo, pois atuam em conjunto com os outros nutrientes, são divididas em lipossolúveis (A, D3, E e K) e hidrossolúveis (tiamina, riboflavina, nicotinamida, biotina, piridoxina, ácido pantotênico, ácido fólico, cianocobalamina e ácido ascórbico) (PELLEGRINE E MORAES, 2014). A vitamina K em relação a coagulação sanguínea exerce papel importante sendo conhecida como fator anti-hemorrágico sendo essencial no processo de coagulação devido 7 proteínas dependerem desta para a cascata de coagulação sendo necessária para a síntese hepática de protombina (COSTA, 2008). O nutracêutico pode ser entendido pelo alimento em si ou parte dele, podendo ser nutrientes isolados, suplementos, capsulas, entre outras apresentações que propiciam benefícios terapêuticos a saúdes, estes são preventivos e/ou para tratamento e suporte de doenças (KWAK; JUKES, 2001). O NRC (2006) não determina uma indicação do teor mínimo de fibra e nem máximo na composição dos alimentos dos pequenos animais, são carboidratos não digeridos pelos cães. Porém, entende-se atualmente a importância da adição destes na dieta dos cães por proporcionar manutenção do trato gastrointestinal pelas fibras solúveis fermentadas pelas bactérias e as insolúveis não fermentadas que reduzirem a constipação, aumentando o bolo fecal e melhorado a consistência das fezes (BORGES et al., 2003). Segundo Borges et al. (2011), em relação a adição de probióticos na dieta dos cães e gatos não existem estudos suficientes que comprovem todos os benefícios, pois os resultados variam nos animas. Os probióticos (leveduras e bactérias ácido- láticas) são microrganismos vivos que são adicionados a dieta afim de agirem na microbiota intestinal evitando infecções gastrointestinais e entéricas por reestruturarem o equilíbrio da flora (ANFALPET, 2010). E auxiliam na absorção de nutrientes, sintetizando vitaminas, ácidos graxos voláteis e enzimas (FRANÇA et al. 2011). Os prebióticos agem estimulando o metabolismo de bactérias benéficas que agem impedindo os sítios de aderência e reduzindo a fixação de bactérias patogênicas na mucosa intestinal (BRITO, et al., 2014). Devem ser adicionados a dieta juntamente com microrganismos capazes de realizara sua fermentação por serem oligossacarídeos não digeridos naturalmente no organismo animal, essa fonte de fermentação pode ser exógena ou estar junto da composição da dieta (SILVA; NORNBERG, 2003). A suplementação de ácidos graxos essências, ômega 3 e 6, se faz necessária na dieta dos pequenos animais por não serem sintetizados pelo organismo e desempenham funções essenciais como a agregação plaquetária, mitose e diferenciação celular, ação anti-inflamatória e suporte imunológico. (WORTINGER, 2009). 3. METODOLOGIA A pesquisa bibliográfica se baseia em materiais já publicados realizando levantamento de dados conforme as fontes citadas no decorrer do trabalho. O presente trabalho tem abordagem de cunho bibliográfico descritivo, com seleção de diferentes autores que realizam discussões e esclarecimentos pertinentes ao tema escolhido (GIL, 2010). As informações utilizadas foram obtidas por meio de pesquisa teórica bibliográfica. Esse procedimento metodológico se fez por intermédio de artigos de revistas científicas, livros de conceituados autores e nos seguintes bancos de dados: Scielo, Pubmed e Google Acadêmico. De acordo com Fonseca (2002), a pesquisa que se baseia unicamente na busca bibliográfica, procura referências teóricas já publicadas com o objetivo de colher informações ou conhecimentos que darão suporte para a discussão do tema em questão. A metodologia abordada no presente artigo, é extremamente relevante por proporcionar não somente, a realização de análises críticas a respeito do tema, mas também proporcionar a capacidade para discernir quanto à importância que esta revisão bibliográfica pôde apresentar para a comunidade acadêmica. Dentre os materiais selecionados foram incluídos artigos em todos os idiomas, e atualizados no que se refere a pesquisa. Os trabalhos publicados nesse período foram selecionados com a finalidade de atender a proximidade com a temática em questão. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A trombocitopenia é uma disfunção multifatorial a qual há a diminuição do número de plaquetas na corrente sanguínea e é recorrente na rotina médica acometendo muitos animais, sendo necessário exame de sangue para confirmação do diagnóstico e investigação do tipo e causa. Esta patologia está relacionada a altas taxas de mortalidade, pois as plaquetas são células extremamente importantes para o organismo sendo responsáveis por prevenir e interromper as hemorragias, atuando na coagulação sanguínea. A nutrologia é uma ciência que está crescendo na área da medicina veterinária devido seus benefícios e aplicabilidade em todas as áreas clínicas indo muito além da alimentação propriamente dita, pois promove a manutenção da saúde, equilíbrio e bem-estar, tratando e servindo como suporte as patologias proporcionando qualidade de vida aos pacientes através dos conhecimentos da genômica nutricional. Uma dieta personalizada com alimentos funcionais e nutracêuticos para atender as necessidades individuais do paciente proporciona ótimos resultados nas respostas fisiológicas a doenças e estado geral do paciente atuando como terapia de suporte e preventiva. Diante do exposto, foi possível realizar uma abordagem sobre o que existe na literatura em relação a trombocitopenia juntamente com os benefícios e a importância de uma dieta modulada, personalizada e funcional para o melhor desempenho das atividades metabólicas do organismo como um todo promovendo equilíbrio, qualidade de vida, bem-estar animal. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, I.C.S. et al. Efeito do tipo de alimentação de cães saudáveis sobre análises clínicas e aspectos comportamentais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia [online]. 2018, v. 70, n. 03, pp. 689-698. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1678-4162-9558> Acesso em: 27 out 2022. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE ALIMENTOS PARA ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO. Manual do Programa Integrado de Qualidade Pet, p. 612, São Paulo, 4ª d., 2010. BORDIN, R. A. Conceito de Alimentação ao Longo da Vida de Cães e Gatos. São Paulo: Universidade Anhembi. 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