Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu- ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. TEORIA No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui- dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa- cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. MULTIMÍDIA Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co- nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi- culta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial me- morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi- venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo- cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. VIVENVIANDO Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa- zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re- solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica- ções dadas em sala de aula. APLICAÇÃO DO CONTEÚDO Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-las com tranquilidade. ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte- údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. DIAGRAMA DE IDEIAS © Hexag SiStema de enSino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022 Todos os direitos reservados. Coordenador-geral Raphael de Souza Motta reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa Hexag Sistema de Ensino editoração eletrôniCa Felipe Lopes Santos Letícia de Brito Ferreira Matheus Franco da Silveira projeto gráfiCo e Capa Raphael de Souza Motta imagenS Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) Pixabay (https://www.pixabay.com) ISBN: 978-65-88825-99-0 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi- vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2022 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br SUMÁRIO ENTRE PENSAMENTOS FILOSOFIA AULA 1: INTRODUÇÃO À FILOSOFIA GREGA 6 AULA 2: FILOSOFIA DE ATENAS 14 AULA 3: ALEGORIA DA CAVERNA 20 AULA 4: ARISTÓTELES 27 AULA 5: FILOSOFIA MEDIEVAL 34 AULA 6: FILOSOFIA POLÍTICA 41 AULA 7: FILOSOFIA MODERNA 49 AULA 8: RACIONALISMO 56 AULA 9: EMPIRISMO 62 AULA 10: ILUMINISMO FRANCÊS 70 AULA 11: ROUSSEAU 77 AULA 12: ILUMINISMO ALEMÃO 83 AULA 13: A ÉTICA DO DEVER: IMPERATIVO CATEGÓRICO 89 AULA 14: TEMPESTADE E ÍMPETO 95 AULA 15: HEGEL 100 AULA 16: ÉTICA UTILITARISTA 106 AULA 17: MATERIALISMO FILOSÓFICO 114 AULA 18: SCHOPENHAUER 120 AULA 19: NIETZSCHE 125 AULA 20: FILOSOFIA DA CIÊNCIA: POPPER 132 AULA 21: FENOMENOLOGIA DO CONHECIMENTO 139 AULA 22: EXISTENCIALISMO 146 AULA 23: ESCOLA DE FRANKFURT 153 AULA 24: HANNAH ARENDT 161 AULA 25: HABERMAS 167 AULA 26: A FILOSOFIA E O PODER 174 Co m pe tê n Ci a 1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspectodacultura. H5 - Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Co m pe tê n Ci a 2 Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Co m pe tê n Ci a 3 Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, con- flitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Co m pe tê n Ci a 4 Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Co m pe tê n Ci a 5 Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H21 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político. H22 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário. H23 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Co m pe tê n Ci a 6 Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM 5 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS UFMG Há predominância na interdisciplinarida- de e, em menor frequência, questões te- máticas da própria disciplina de filosofia. No vestibular da USP as propostas de redação costumam tratar de temas que dialogam com as discussões filosóficas. Há questões interdisciplinares e obras literárias com conceitos filosóficos. A Unicamp também utiliza conceitos e temas filosóficos em suas propostas de redação. Algumas obras literárias podem estabelecer interdisciplinaridade com a filosofia. Temas como liberdade, religiosidade, eu- tanásia, sanidade/insanidade, egoísmo/ altruísmo, política e cidadania, justiça, entre outros, estão presentes na cole- tânea de redação dos últimos anos. As questões de literatura também contêm alguns desses temas apresen- tados. Nos últimos anos, pode-se notar a pre- sença de temas ligados à ética, contra- tualismo, estética, filosofia da ciência, dogmatismo, epistemologia, liberdade, teoria política. Destacam-se os pensado- res e temas da filosofia clássica, moderna e iluminista. Nas propostas de redação aparecem te- mas, como: uberização (precarização do trabalho), realidade e ficção nas obras de arte (filosofia da estética), as fronteiras entre a vida pública e privada do profis- sional médico, ética e medicina, corrup- ção e ética no cenário político brasileiro, entre outros assuntos. Nas questões de língua portuguesa dos últimos vestibulares, nota-se a presença de temas como natureza humana (o que define o ser humano enquanto ser hu- mano), ética, cultura, cidadania e direitos – esses também presentes na prova de História, em especial a cidada- nia na Antiguidade. As propostas dos últimos anos apresen- taram temas como: desigualdade social, liberdade de expressão, imigração, vigi- lância e sociedade de controle, direitos civis e sociais, política e bem-estar social. Pensadores como Marx, Voltaire, Rousse- au, Foucault, Kant e Hans Jo- nas são fundamen- tais. Conteúdos e temas filosóficos nas ques- tões discursivas e propostas de redação: pós-verdade; racismo e democracia ra- cial; liberdade e sociedade de controle. Para esses temas, pensadores como Só- crates, Platão, Aristóteles, Nietzsche, Fou- cault, Kant, Rousseau, Voltaire são fundamentais. Na Universidade Estadual de Londrina os principais temas são: problemas po- líticos e éticos na Filosofia; problemas epistemológicos na Filosofia; problemas estéticos na Filosofia. Nos últimos anos, os autores exigidos na bibliografia de leitura básica de filosofia foram: Habermas, Hume e Kant; Hume, Kant e Platão; Kant, Platão e Foucault; Tales, Platão, Descartes, Hobbes e Fou- cault; Hannah Arendt, Heráclito, Locke, Maquiavel e Platão. A prova cobra a disciplina de Filosofia de forma indireta nas temáticas de redação. A área de “Ciências Humanas” inclui os conteúdos das disciplinas de Geografia, História, Sociologia e Filosofia, dialogan- do com as demais áreas das Ciências Sociais. A prova não aborda a Filosofia. A prova não aborda a Filosofia. 6 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 1. Introdução O mundo helenístico (mundo grego) se beneficiou do mo- mento histórico, quando as cidades-Estados na Grécia antiga eram prósperos centros comerciais e culturais. Conjuntamen- te, o desenvolvimento da cidadania participativa obrigou os gregos a debaterem e formularem propostas racionais de ad- ministração da vida social. Desse modo, favoreceu-se o desen- volvimento do pensamento humano, isto é, ocorreu a supre- macia do logos, que significa “palavra”, “discurso”, “razão”. Mapa do Mundo helenístico Vista do partenon, teMplo dedicado à deusa atena, construído no século V a.c., na acrópole de atenas Os pré-socráticos - Coleção “Os pensadores”. São Paulo: Abril, 1999. Nessa compilaçãode textos dos primeiros filósofos da Grécia antiga, temos uma percepção das teorias desses pensadores. multimídia: livro 2. Período pré-socrático ou cosmológico Sendo uma explicação racional e sistemática diante da ori- gem e da transformação da Natureza, a cosmologia (enten- dimento racional do universo) afasta-se da mitologia (explica- ção sobrenatural da natureza e de seus eventos), pois esses pensadores buscavam um princípio fundador para todas as coisas, uma origem comum, uma arché (princípio/fundamen- to). Os pensadores desse período tiveram a preocupação de compreender a physis, ou seja, os aspectos da Natureza ou da nossa realidade, que se encontra em movimento. A palavra "filosofia" deriva dos termos gregos philos (amor) e sophia (sabedoria). Assim, o filósofo, "aquele que ama a sabedoria", torna-se o verdadeiro investigador da Natureza. Fonte: Youtube Descobrindo a Filosofia com Pondé - Ep.02: Os Pré-Socráticos multimídia: vídeo 2.1. Tales de Mileto (624-546 a.C.) Tales foi um famoso matemático, mas pouco se conhece sobre seus escritos, pois muitos se perderam ao longo do tempo. Ele foi o primeiro a afirmar que a água era a ori- gem (arché) de todas as coisas, sendo a fonte originária INTRODUÇÃO À FILOSOFIA GREGA COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 1 7 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s de explicação da physis. Infelizmente, só temos interpre- tações de outros filósofos perante o seu pensamento. Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água [o princípio] (é por este motivo também que ele declarou que a terra está sobre água), levado sem dúvida a esta concepção por ver que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente dele procede e dele vive (ora, aquilo de que as coisas vêm é, para todos, o seu princípio). Por tal ob- servar adotou esta concepção, e pelo fato de as sementes de todas as coisas terem a natureza úmida; e a água é o princípio da natureza para as coisas úmidas. aristóteles MetaFísica, 1, 3. 983b (dK 11 a 12) 2.2. Anaximandro (610-547 a.C.) De sua vida pouco se sabe. Foi-lhe atribuída a confecção de um mapa do mundo habitado. Anaximandro foi o primeiro a formular o conceito de uma lei universal presidindo o processo cósmico total, numa clara ampliação da visão de Tales. Anaximandro afirmava que o princípio de tudo (ar- ché) seria o ápeiron (o infinito). Introdução à história da Filosofia - CHAUÍ, Marilena. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. No primeiro volume desenvolvido pela filósofa brasileira Marilena Chauí, é apresentada, de forma didática, a filo- sofia dos primeiros pensadores na Grécia antiga. multimídia: livro 2.3. Heráclito de Éfeso (540-470 a.C.) Heráclito preocupou-se com a questão da transformação, ou seja, da physis, e por sua forma tão concisa de escrita, ganhou o cognome de “o Obscuro”. A base de seu pensa- mento consiste no caráter transitório e mutável das coisas – para explicar esse pensamento, emerge a metáfora que “não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes”. Fonte: Youtube Heráclito e o mundo como um eterno devir multimídia: vídeo Nos mesmos rios entramos e não entramos. Somos e não so- mos. O fogo, segundo Heráclito, é o elemento da mudança, o símbolo da transformação e do movimento constante. O princípio é devir (vir a ser, tornar-se), o princípio é a mudança. herÁclito 8 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s A sabedoria grega (III): Heráclito - Giorgio Colli. São Paulo: Paulus, 2013. Nessa obra bilíngue, idealizada pelo professor Giorgio Colli, são apresentados todos os fragmentos associados ao filósofo Heráclito, para compreendermos na sua ple- nitude a filosofia do pensador de Éfeso. multimídia: livro 2.4. Parmênides de Eleia (530-460 a.C.) O filósofo Parmênides concentrou seu pensamento no imo- bilismo universal, indo contra o mobilismo de Heráclito. Seu único trabalho conhecido foi um poema intitulado “Sobre a Natureza”, que sobreviveu apenas na forma de fragmentos. Segundo Parmênides, o ser (a essência/o ontos) era uno, in- divisível, pleno e eterno, de modo que não há espaço para o não ser. Visto que, para o pensador, as coisas não surgiram do nada, isto é, tudo que existe sempre existiu. Para Parmê- nides, o ser é e o não ser não é. Parmênides parece, neste ponto, raciocinar com mais penetração. Julgando que fora do ser o não ser nada é, forçosamente admite que só uma coisa é, a saber, o ser, e nenhuma outra. aristóteles MetaFísica, 1, 5. 986b 18 (dK 28 a 24) 2.5. Empédocles (490-430 a.C.) Empédocles foi um filósofo da cidade de Agrigento, na Si- cília, e seu pensamento consistia em que as coisas eram constituídas por quatro elementos: fogo, terra, água e ar. Ele observa que o amor e o ódio aproximam e afastam os indi- víduos, caracterizando-os como forças antagônicas cósmicas. Isso quer dizer que o semelhante atrai o semelhante e o des- semelhante repulsa o dessemelhante, num movimento eterno – assim, ao se ter harmonia, o amor prevalece, e, caso tenha desequilíbrio, o ódio está atuando. Diante disso, o filósofo inaugura o pluralismo, que orienta e ordena a Natureza; não mais um único elemento, como pensavam os outros filósofos. Este (Empédocles) estabelece quatro elementos corporais, fogo, ar, água e terra, que são eternos e que mudam au- mentando e diminuindo mediante mistura e separação; mas os princípios propriamente ditos, pelos quais aqueles são movidos, são o Amor e o Ódio. Pois é preciso que os elementos permaneçam alternadamente em movimento, sendo ora misturados pelo Amor, ora separados pelo Ódio. aristóteles MetaFísica, 1, 3. 984a 8 (dK 31 a 28) 2.6. Demócrito (460-370 a.C.) Filósofo nascido na cidade de Mileto ou Abdera, Demócrito foi o maior expoente do atomismo. Segundo seu pensa- mento, tudo o que existe na physis, ou seja, na Natureza, é composto por átomos, que eram partículas indivisíveis e eternas. Seu método foi a observação. Demócrito é o primeiro que excluiu rigorosamente todo elemento mítico. E o primeiro racionalista. nietZsche o nasciMento da FilosoFia na época da tragédia grega. Vol. XiX. 9 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s DIAGRAMA DE IDEIAS TALES TUDO É ÁGUA. HERÁCLITO TUDO FLUI TUDO É DEVIR (VIR A SER/ MUDANÇA). PARMÊNIDES O SER É E O NÃO SER NÃO É. OS PRIMEIROS PENSADORES NA GRÉCIA ANTIGA: SEPARAÇÃO GRADUAL ENTRE MITO E PENSAMENTO RACIONAL (FILOSÓFICO). SÃO INVESTIGADORES DA NATUREZA (PHYSIS). BUSCAM EXPLICAR OS FENÔMENOS DA NATUREZA COM UMA ÚNICA DEFINIÇÃO: ARCHÉ (PRINCÍPIO/ FUNDAMENTO). DE UMA FORMA ONTOLÓGICA E COSMOLÓGICA. EMPÉDOCLES A MISTURA DOS ELEMENTOS FORMAM A PHYSIS OS ELEMENTOS SÃO TERRA, FOGO, AR E ÁGUA. DEMÓCRITO TUDO É COMPOSTO POR ÁTOMOS. FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA 10 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s AplicAndo pArA Aprender (A.P.A.) 1. (Unesp 2020) Em 4 de julho de 2012, foi detectada uma nova partícula, que pode ser o bóson de Higgs. Tra- ta-se de uma partícula elementar proposta pelo físico teórico Peter Higgs, e que validaria a teoria do modelo padrão, segundo a qual o bóson de Higgs seria a partí- cula elementar responsável pela origem da massa de todas as outras partículas elementares. (Jean Júnio M. piMenta et al. “o bóson de higgs”. in: reVista brasileira de ensino de Física, Vol. 35, no 2, 2013. adaptado.) O que se descreve no texto possui relação com o con- ceito de arqué, desenvolvido pelos primeiros pensado- res pré-socráticos da Jônia. A arqué diz respeito a) à retórica utilizada pelos sofistas para convenci- mento dos cidadãos na pólis. b) a uma explicação da origem do cosmos fundamen- tada em pressupostos mitológicos. c) à investigação sobre a constituição do cosmos por meiode um princípio fundamental da natureza. d) ao desenvolvimento da lógica formal como habili- dade de raciocínio. e) à justificação ética das ações na busca pelo enten- dimento sobre o bem. 2. (UFPR 2020) De acordo com Tales de Mileto, a água é origem e matriz de todas as coisas. Essa maneira de reduzir a multiplicidade das coisas a um único elemento foi considerada uma das primeiras expressões da Filo- sofia, porque: a) é um questionamento sobre o fundamento das coisas. b) enuncia a verdade sobre a origem das coisas. c) é uma proposição que se pode comprovar. d) é uma proposição científica. e) é um mito de origem. 3. (Uece 2020) Antes do surgimento do pensar racional- -filosófico, os povos antigos possuíam outra forma de explicação do mundo: o pensamento mítico. Considerando as características do conhecimento míti- co, atente para o que se afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) A mitologia foi a segunda forma de explicação so- bre o mundo, sucedendo as explicações fornecidas pe- las ciências dos antigos povos, como a agrimensura e a astrologia. ( ) Os mitos eram transmitidos por gerações, principal- mente através da forma narrativa e faziam parte da tradição cultural de um povo, não sendo originários da criação por parte de um indivíduo específico. ( ) A mitologia explicava a origem do mundo e depen- dia da adesão, pelas pessoas, de um conjunto de verda- des tidas como inquestionáveis e imunes à crítica. ( ) Baseado, principalmente, nas forças da natureza – physis –, as mitologias antigas, ao contrário das religiões que as sucederam, evitavam o recurso às forças sobrena- turais como fonte de explicação da existência. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) F, V, V, F. c) F, V, F, V. b) V, F, V, F. d) V, F, F, V. 4. (Unifesp) “Vamos, vou dizer-te – eu tu escuta e fixa o relato que ouviste quais os únicos caminhos de investi- gação que há para pensar: um que é, que não é para não ser. é caminho de confiança (pois acompanha a realida- de); o outro que não, que tem de não ser, esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois não poderá conhecer o não ser, não é possível, nem indicá-lo [...]” parMÊnides. da natureZa. são paulo: loYola, 2002. Com base no fragmento, o autor: a) faz um contraponto em relação aos pensamentos de Heráclito, no qual contradiz a teoria de que tudo está em uma constância perpétua de movimento e mudanças. b) faz um contraponto em relação aos pensamentos do não ser, pois ser pode não ser, possibilitando o conhecimento do não se conhecer. c) defende a teoria de que tudo está em uma cons- tância perpétua de movimento e mudanças. d) fundamenta que o ser, somente pode ser o que é, entretanto, pode possibilitar o conhecimento da re- alidade através do que não se sabe, fomentando o conhecimento do não ser. e) faz um contraponto a não identidade, pois o ser é impossível de saber ou compreender o que o constitui. 5. (Enem) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes au- tores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em ver- so e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma de a) manipulação do povo pelo poder. b) diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade. c) entretenimento popular. d) manipulação do povo pelos intelectuais que com- põem as peças. e) entretenimento, que foi superada e hoje é substitu- ída pela televisão. 6. Em relação ao fenômeno religioso e à história do de- senvolvimento do homem, é correto afirmar que: a) a manifestação do sagrado envolve os aspectos religiosos, que precedem a razão. b) a razão possibilitou o desenvolvimento da religião. c) o sagrado é invenção para apenas conduzir as massas. d) o discurso racional criou a religião. e) a moral é inata ao âmago do homem e precede ao fenô- meno do sagrado, que está coligado à estrutura religiosa. 11 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 7. (UEL) Há, porém, algo de fundamentalmente novo na maneira como os gregos puseram a serviço do seu problema último – da origem e essência das coisas – as observações empíricas que receberam do Oriente e enri- queceram com as suas próprias, bem como no modo de submeter ao pensamento teórico e casual o reino dos mi- tos, fundado na observação das realidades aparentes do mundo sensível: os mitos sobre o nascimento do mundo. Jaeger, W. paideia. 3. ed. são paulo: Martins Fontes, 1995, p. 197. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre mito e filosofia na Grécia, é correto afirmar: a) Filosofia e mito sempre mantiveram uma relação de interdependência, uma vez que o pensamento fi- losófico necessita do mito para se expressar. b) Apesar de ser pensamento racional, a filosofia se desvincula dos mitos, de forma gradual. c) A filosofia representa uma ruptura radical em relação aos mitos, representando uma nova forma de pensa- mento plenamente racional, desde as suas origens. d) Em que pese ser considerada como criação dos gre- gos, a filosofia se origina no Oriente sob o influxo da religião e apenas posteriormente chega à Grécia. e) O mito já era filosofia, uma vez que buscava res- postas para problemas que até hoje são objetos da pesquisa filosófica. 8. (UEL) De onde vem o mundo? De onde vem o univer- so? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum momento, o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, en- tão essa outra coisa também devia ter surgido de algu- ma outra coisa algum dia. Sofia entendeu que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia, alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se transformar em árvores frondosas ou flo- res multicoloridas. gaarder, J. o Mundo de soFia. são paulo: coMpanhia das letras, 1995. p. 43-44 (adaptado). Com base no texto e nos conhecimentos sobre o surgi- mento da Filosofia, assinale a alternativa correta. a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenô- menos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo como limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do mundo dos deuses. b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a convic- ção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta que estava por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da observação, buscavam des- cobrir leis naturais que fossem eternas. c) Os teóricos da natureza, que desenvolveram seus sistemas de pensamento por volta do século VI a.C., partiram da ideia unânime de que a água era o prin- cípio original do mundo por sua enorme capacidade de transformação. d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios que originam todas as coisas. e) Para os pensadores jônicos da natureza – Tales, Anaxímenes e Heráclito –, há um princípio originário único denominado “o ilimitado”, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem observar no nascimento e na degeneração das coisas. 9. (UEAP) (...) que é e que não é possível que não seja,/ é a vereda da Persuasão (porque acompanha a Verdade); o outro diz quenão é e que é preciso que não seja,/ eu te digo que esta é uma vereda em que nada se pode aprender. De fato, não poderias conhecer o que não é, porque tal não é fatível./ nem poderia expressá-lo. nicola, ubaldo. antologia ilustrada de FilosoFia. são paulo: globo, 2005. O texto anterior expressa o pensamento de qual filósofo? a) Aristóteles, que estabelecia a distinção entre o mundo sensível e o inteligível. b) Heráclito de Éfeso, que afirmava a unidade entre pensamento e realidade. c) Tales de Mileto, que afirmava ser a água o princípio de todas as coisas. d) Parmênides de Eleia, que afirmava a imutabilidade de todas as coisas e a unidade entre ser e pensar, ser e conhecimento. e) Protágoras, que afirmava que o homem é a medida de todas as coisas, que o ser é e o não ser não é. 10. (Unicentro) Leia o fragmento de um texto pré-socrático. “Ainda outra coisa te direi. Não há nascimento para ne- nhuma das coisas mortais, como não há fim na morte funesta, mas somente composição e dissociação dos elementos compostos: nascimento não é mais do que um nome usado pelos homens.” eMpédocles. apud aranha; Martins. FilosoFando: introdução à FilosoFia. 3. ed. são paulo: Moderna, 2006, p. 86. A respeito da relação entre mythos e logos (razão) no início da filosofia grega, analise as assertivas e assinale a alternativa que aponta as corretas. I. O fragmento acima denota a “luta de forças” opostas na massa dos membros humanos, que ora unem-se pelo amor – no início todos os membros que atingiram a cor- poreidade da vida florescente –, ora divididos pela força da discórdia, erram separados nas linhas da vida. Assim ocorre também com todos os ou- tros seres na natureza. II. A verdade filosófica apresenta-se no pensamento de Empédocles através de uma estrutura lógica muito distante da “verdade” expressa nos relatos míticos dos gregos arcaicos. 12 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s III. Nascimento e morte, no texto de Empédocles, são apresentados por meio de representações míticas que o filósofo retira de uma tradição religiosa presente ainda em seu tempo. Essas imagens, consequentemen- te, se transpõem, sem deixarem de ser místicas, em uma filosofia que quer captar a verdadeira essência da realidade física. IV. O fragmento denota continuidade do pensamento mítico no início da filosofia, pois estão presentes ainda o uso de certas estruturas comuns de explicação. a) Apenas II, III e IV estão corretas. b) Apenas I, III e IV estão corretas. c) Apenas I e II estão corretas. d) Apenas I e IV estão corretas. e) Apenas I, II e IV estão corretas. 11. A filosofia ocidental teve início com os pensadores anteriores a Sócrates, por isso chamados de pré-socrá- ticos, dos quais a maioria viveu em colônias gregas dis- tantes de Atenas. Sobre esses pensadores, pode-se dizer: a) Com os pré-socráticos, a filosofia se constitui numa ci- ência particular, e não mais no estudo da realidade total. b) A mitologia tradicional grega fazia parte das suas doutrinas. c) Pitágoras e os seus discípulos dedicaram-se ao es- tudo da política e recusaram a interferência da mate- mática no estudo da cosmologia. d) Heráclito defendeu a ideia de permanência subs- tancial e constante do ser, contra a noção de devir. e) Os naturalistas, ou fisiólogos da Jônia, dedicavam-se, sobretudo, ao estudo do cosmo, e muitos deles busca- vam o princípio constitutivo do mundo em algum de seus elementos: ar, água, terra, ou fogo. 12. (UFU) Heráclito de Éfeso viveu entre os séculos VI e V a.C. e sua doutrina, apesar de criticada pela filo- sofia clássica, foi resgatada por Hegel, que recuperou sua importante contribuição para a dialética. Os dois fragmentos a seguir nos apresentam este pensamento. “Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o fez; sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo, acendendo-se e apagando-se confor- me a medida.” “Para as almas, morrer é transformar-se em água; para a água, morrer é transformar-se em terra. Da terra, con- tudo, forma-se a água, e da água a alma.” De acordo com o pensamento de Heráclito, marque a alternativa incorreta. a) As doutrinas de Heráclito e de Parmênides estão em perfeito acordo sobre a imutabilidade do ser. b) Para Heráclito, a ideia de que “tudo flui” significa que nada permanece fixo e imóvel. c) Heráclito desenvolve a ideia da harmonia dos con- trários, isto é, a permanente conciliação dos opostos. d) A expressão “devir” é adequada para compreen- dermos a doutrina de Heráclito. 13. (UFU) O fragmento seguinte é atribuído a Heráclito de Éfeso. “O mesmo é em (nós?) vivo e morto, desperto e dor- mindo, novo e velho; pois estes, tombados além, são aqueles e aqueles de novo, tombados além, são estes”. os pré-socrÁticos. 1. ed. são paulo: abril cultural. 1973, p. 93. A partir do fragmento citado, escolha a alternativa que melhor representa o pensamento de Heráclito. a) Não existe a noção de “oposto” no pensamento de Heráclito, pois todas as coisas constituem um único processo de mudança que expressa a concórdia e a harmonia do “fluxo” contínuo da natureza. b) A equivalência de estados contrários com “o mesmo” exprime a alternância harmônica de polos opostos, pela qual um estado é transposto no outro, numa sucessão mútua, como o dia e a noite. Todas as Coisas são “Um”, toda a multiplicidade dos opostos constitui uma unidade, e todos os seres estão num fluxo eterno de sucessão de opostos em guerra. c) Se o morto é vivo, o velho é novo e o dormente é desperto, então não existe o múltiplo, mas apenas o como verdade profunda do mundo. A unidade pri- mordial é a própria realidade da physis e a multiplici- dade, apenas aparência. d) A alternância entre polos opostos constitui um fluxo eterno, regido pela “guerra” e pela “discórdia”, que ocorre sem qualquer medida e proporção. A guerra entre contrários evidencia que a physis é caótica e denota o fato de que o pensamento de Heráclito é irracionalista. 14. Os fragmentos abaixo representam três temas fun- damentais que configuram o pensamento de Heráclito de Éfeso. “O deus é dia noite, inverno verão, guerra paz, sacieda- de fome; mas se alterna como fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo o gosto de cada.” “Por fogo se trocam todas (as coisas) e fogo por todas, tal como por ouro mercadorias e por mercadorias ouro.” os pré-socrÁticos. são paulo: abril cultural, 1973, p. 85 e 87. coleção “os pensadores”. A partir das citações acima: a) explicite quais são esses temas; b) comente cada um deles, de modo a caracterizar a filosofia de Heráclito. 13 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s GAbArito 1. C 2. A 3. A 4. A 5. B 6. A 7. B 8. B 9. D 10. A 11. E 12. A 13. B 14. a) O eterno devir (fluxo); a luta dos contrários (opostos); o fogo (símbolo da filosofia heraclitiana e do logos). b) De acordo com Heráclito, tudo está em eterno devir, toda a realidade é um processo constante de mudanças, em que nada, a não ser a própria mudança, permanece. A luta entre os contrários é o que mantém o eterno fluxo de todas as coisas, fazendo, através da luta dos opostos, com que nada seja igual ao que foi antes. No entanto, a mudança não é caótica, pois há uma lei que rege o fluxo eterno de todas as coisas, esta lei é o logos, que, segundo Heráclito, percebe como unidade aquilo que se apresenta como multiplicidade. A unidade dada e perce- bida pelo logos é uma unidade de tensões opostas que provoca a harmonia. Finalmente, Heráclito afirma que o fogo é o símbolo de sua filosofia, pois representa como o fundamento e princípio (arché) de todas as coisas. 14 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 1. Introdução A cidade-Estado de Atenas tornou-se um centro cultu- ral, feito este ocorrido no século de Péricles (séc. V a.C.), época de maior florescimento da democracia ateniensedurante o Período Clássico. Com o controle de quaisquer ataques de outras cidades, com uma vasta capacidade náutica, Atenas se favoreceu econômica e culturalmente, desenvolvendo a Filosofia. Fonte: Youtube Filosofia (composição de Noel Rosa e execução de Maria Gadú) multimídia: música 2. Sofismo Com o crescimento da pólis grega, surgiu uma prática educa- cional, em que os seus integrantes eram chamados de sofis- tas, sábios que vendiam o conhecimento, mas direcionavam esse conhecimento conforme as suas próprias convicções. Os principais sofistas foram Protágoras de Abdera (490-421 a.C.), Górgias de Leontinos (487-380 a.C.), Pródico de Ceos (465-395 a.C.), dentre outros. Apresentavam-se como mes- tres da oratória, de modo que, para eles, era possível ensinar as técnicas de oratórias e da persuasão para qualquer cida- dão. Os sofistas eram relativistas e céticos, não consideravam verdades objetivas e universais. Para os sofistas, as verdades eram convenções e construções discursivas. Devido a isso, muitos jovens procuravam os sofistas para alcançarem status na cidade, onde o logos era elemento fundamental. Afinal, numa cidade democrática, o cidadão precisava saber falar e ser capaz de persuadir os outros com o auxílio das palavras. Em Atenas, as palavras tinham poder. parthenon 2.1. Sócrates (470-399 a.C.) Fonte: Youtube Sócrates: o homem que perguntava (parte 1) Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 a.C., e tornou-se um dos principais pensadores da Grécia antiga. Podemos afirmar que Sócrates fundou o que conhecemos hoje por Filosofia ocidental. multimídia: vídeo O filósofo ateniense foi um dos maiores críticos à prática do sofismo, pelo direcionamento da verdade pelo sofista, FILOSOFIA DE ATENAS COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 2 15 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s além de discordar que eram filósofos, visto que não inves- tigavam nada, apenas criavam discursos e retóricas des- compromissadas com a Democracia, com a Verdade e com a Ética. Os sofistas, para Sócrates, estavam comprometidos com a doxa (opinião) e não com a epistéme (conhecimento verdadeiro). Sócrates foi um marco na história da Filoso- fia, por modificar a investigação do pensamento, preten- dendo direcioná-la para uma análise do indivíduo, e não mais para a compreensão da physis. Fonte: Youtube Para ler... Mario Sergio Cortella fala sobre Sócrates Sócrates é um dos personagens mais intrigantes da fi- losofia grega e conhecido pelos escritos de seus segui- dores, já que ele mesmo nunca escreveu um livro. Para falar sobre o pensamento do filósofo e indicar leituras para quem deseja saber mais do autor do pensamento "conhece-te a ti mesmo", o professor de teologia e fi- lósofo Mario Sergio Cortella falou sobre os escritos de Platão, talvez aquele que mais tenha reproduzido os pensamentos de Sócrates. Para saber mais, leia A Apo- logia de Sócrates. multimídia: vídeo 2.2. Dialética socrática O método de investigação desenvolvido por Sócrates, co- nhecido como dialética, consistia em alcançar a verdade por meio do diálogo. A dialética consiste no confronto de argumentos (tese x antítese) que resultam numa aproxima- ção do conhecimento verdadeiro (síntese). O objetivo dessa dialética era desmascarar a falsa sabedoria, chegando a um conhecimento da natureza do homem. Dessa maneira, Sócrates dialogava com o intuito de justifi- car os conhecimentos, as virtudes ou as habilidades que lhe eram atribuídos. Com os seus diálogos, ele acabava fazendo com que o interlocutor expressasse suas opiniões, utilizando- -se de questionamentos (ironia socrática). O resultado dessas conversas era apresentar a fragilidade das opiniões alheias. Apesar de sua postura questionadora, Sócrates propagava que era o cidadão mais ignorante da Grécia e, mediante isso, era necessário aprender com os outros, de forma que lhe foi atribuído a frase “só sei que nada sei”. Por conta de suas conversas, realizadas nas praças públicas de Atenas, junto ao seu modo de investigação, Sócrates questionava os vícios e a corrupção na cidade grega buscando a virtude e o conheci- mento (epistéme). Dizia Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo", afinal "uma vida não examinada não é digna de ser vivida". Acabou sendo preso, com o pretexto de ofender os deu- ses da cidade e corromper a juventude – esse momento é contado na obra Apologia de Sócrates, do filósofo Platão. Foi condenado à morte tomando um cálice de cicuta, um veneno extraído da planta Conium maculatum. “la Mort de socrate”. pintura de Jacques-louis daVid (1787) A figura de Sócrates é bem mítica, pois nada escreveu em vida. Tudo o que sabemos dele é derivado dos relatos de seu discípulo mais famoso, o filósofo Platão, e de Aristófanes, um dramaturgo grego que ridicularizava a figura de Sócrates contra os sofistas. A filosofia socrática visava à maiêutica, que significa "o parto das ideias". Para Sócrates, as ideias eram inatas (inatismo) e cabia ao filósofo ajudar as pessoas a libe- rarem as ideias puras e verdadeiras por meio da maiêutica. Fonte: Youtube CONVITE A PLATÃO: FÉDON E A IMORTALIDADE DA ALMA | Maurício Marsola multimídia: vídeo 2.3. Das aparências ao mundo das ideias Com o pensador ateniense Platão (428-347 a.C.), a Filo- sofia ganhou uma característica epistemológica. Após a morte de seu mestre, Platão fundou a Academia, um re- cinto onde se discutiam diversos temas, da Matemática, passando pela Astronomia até a Música. Na Academia, o conhecimento deveria ser baseado numa episteme, ou seja, numa ciência, com o intuito de ultrapassar o plano 16 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s instável da opinião. Logo na entrada desse recinto, exis- tia um escrito: “Que aqui não entre quem não souber geometria”. Essa frase tinha uma definida intenção de valorização da ciência, que se iniciava na Grécia, mas também era uma forma de afastar os críticos que poderiam ter alguma in- tenção negativa em relação aos seus métodos filosóficos. Essa valorização da abstração e do potencial da razão será um elemento fundante da filosofia platônica. 2.4. Reminiscência Segundo o filósofo grego, o ato de conhecer as coisas sig- nifica, necessariamente, o ato de lembrar (anamnese), sus- tentando a hipótese da reminiscência (lembrança), contida no diálogo Ménon. Nesse diálogo, Sócrates demonstra que o homem só precisa recordar as coisas que sua alma um dia aprendeu. Nesse momento, Platão salienta que a alma é eterna. Sendo a alma eterna (metafísica) e o corpo matéria perecível (físico), nota-se uma dualidade humana – somos parte existência e parte essência. Na obra de Platão, nota-se que o autor estabelece ob- servações críticas quanto ao apego humano àquilo que é material, imperfeito e mutável. Esse apego ao mundo ma- terial pode ser notado nas artes plásticas que se valem da mímesis. Para o filósofo, a concepção de mímesis significa imitação, cópia do mundo material. Sócrates: [...] ora, diz-me: aprender não é tornar-se mais sá- bio acerca daquilo que se aprende? Teeteto: Como não? Sócrates: E é pela sabedoria, eu penso, que os sábios são sábios. Teeteto: Sim. Sócrates: E isto difere em algo do conhecimento? Teeteto: Isto o quê? Sócrates: A sabedoria. Ou será que os que conhecem tais coi- sas não são sábios? Teeteto: Como não? Sócrates: Então são o mesmo, o conhecimento e a sabedoria? Teeteto: Sim. platão teeteto. 1903. [145d-e] 17 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s DIAGRAMA DE IDEIAS UM MODO DE INVESTIGAÇÃO A BUSCA PELA EPISTÉME (CONHECIMENTO VERDADEIRO COMPROVADO PELO USO DA RAZÃO). MAIÊUTICA, DIALÉTICA E IRONIA SOCRÁTICA. QUESTIONA OS VÍCIOS E A CORRUPÇÃO. BUSCA PELA VIRTUDE. É PRECISO COMPREENDER O INDIVÍDUO: "CONHECE-TE A TI MESMO." ÉCONDENADO À MORTE. SÓCRATES CRÍTICO AOS SOFISTAS O CONHECIMENTO É EPISTÉME. PLATÃO FUNDA A ACADEMIA. APRENDER É RECORDAR (REMINISCÊNCIA). O CONHECIMENTO ESTÁ EM NOSSA ALMA PENSANTE (INATISMO). A ARTE É MIMÉTICA (MÍMESIS). A FILOSOFIA DE ATENAS 18 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s AplicAndo pArA Aprender (A.P.A.) 1. (UEM 2020) O período da história da filosofia grega que cobre os séculos V e IV a.C. é entendido como o despertar de um ideal consciente de educação e cultura. Dele fazem parte, além de Sócrates e de seu discípulo Platão, os chamados sofistas. A propósito dos sofistas, assinale o que for correto. 01) Os sofistas foram responsáveis pelo desenvolvi- mento da reflexão antropológica e da reflexão ética na filosofia. 02) Os sofistas foram os mestres da nova areté (vir- tude, excelência) política, e o instrumento desse pro- cesso foi a retórica. 04) Os sofistas eram comumente vistos como especialis- tas do pensamento e não propriamente como filósofos. 08) Sócrates adotou uma postura bastante compla- cente com os sofistas na Atenas do século V a.C. 16) Ao afirmar que “o homem é a medida do que é e do que não é”, Protágoras confirmou o papel do subjetivismo na sua concepção filosófica. 2. O surgimento da Filosofia entre os gregos está asso- ciado à passagem do pensamento mítico ao pensamen- to racional. A grande preocupação nesse momento era com questões: a) à história. b) à tristeza humana. c) ao cosmo. d) à religião. e) à política. 3. Sócrates inaugurou o período clássico da filosofia gre- ga, também chamado de período antropológico. O pro- blema do conhecimento passou a ser uma problemática central na filosofia socrática, pois “a briga” de Sócrates com os sofistas tinha por objetivo resgatar o amor pela sabedoria e a valorização pela busca da verdade. Nesse contexto, Sócrates inaugurou seu método que se funda- mentava em dois princípios básicos, que são: a) a indução e a dedução das verdades lógicas. b) a doxa e o logos convergindo para o conceito racional. c) a ironia e a maiêutica enquanto caminhos para co- nhecer a verdade através do autoconhecimento (co- nhecer-te a ti mesmo). d) o diálogo e a dúvida dialética. e) a amizade e a justiça social. 4. (UFU) A relação entre mito e filosofia é objeto de po- lêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para alguns, a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos continuaram presentes – seja como for- ma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico. A partir destas informações, assinale a alternativa que não contenha um exemplo de pensamento mítico no pensamento filosófico. a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a di- vindade do nascimento ou do amor) entre todos os deuses, a Eros (...)”. b) Platão propõe algumas teses, como a teoria da re- miniscência e a transmigração das almas. c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”. d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teoré- tico, o prático e o poético. 5. (PUC) Leia os enunciados abaixo a respeito do pensa- mento filosófico de Sócrates. I. O texto “Apologia de Sócrates”, cujo autor é Platão, apresenta a defesa de Sócrates diante das acusações dos atenienses, especialmente os sofistas, entre os quais está Meleto. II. Sócrates dispensa a ironia como método para refu- tar as acusações e calúnias sofridas no processo de seu julgamento. III. Entre as acusações que Sócrates recebe, está a de “corromper a juventude”. IV. Sócrates é acusado de ensinar as coisas celestes e terrenas, a não acreditar nos deuses e a tornar mais for- te a razão mais débil. V. Sócrates nega que seus acusadores são ambiciosos e resolutos e, em grande número, falam de forma persua- siva e persistente contra ele. Assinale a alternativa que apresenta apenas as afirma- tivas corretas. a) II, IV e V. b) I, III e IV. c) I, III e V. d) II, III e V. e) I, II e III. 6. (Unicamp) Apenas a procriação de filhos legítimos, embora essencial, não justifica a escolha da esposa. As ambições políticas e as necessidades econômicas que as subentendem exercem um papel igualmente podero- so. Como demonstraram inúmeros estudos, os dirigen- tes atenienses casam-se entre si, e geralmente com o parente mais próximo possível, isto é, primos coirmãos. É sintomático que os autores antigos que nos informam sobre o casamento de homens políticos atenienses omi- tam os nomes das mulheres desposadas, mas nunca o nome do seu pai ou do seu marido precedente. corbin, alain; et al. história da Virilidade. Vol. 1. petrópolis: VoZes, 2014, p. 62. Considerando o texto e a situação da mulher na Atenas clássica, podemos afirmar que se trata de uma sociedade: a) na qual o casamento também tem implicações po- líticas e sociais. b) que, por ser democrática, dá uma atenção especial aos direitos da mulher. c) em que o amor é o critério principal para a forma- ção de casais da elite. d) em que o direito da mulher se sobrepõe ao interes- se político e social. 19 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 7. (UEA) “O sofista” é um diálogo de Platão do qual par- ticipam Sócrates, um estrangeiro e outros personagens. Logo no início do diálogo, Sócrates pergunta ao estran- geiro a que método ele gostaria de recorrer para definir o que é um sofista. Sócrates: Mas dize-nos [se] preferes desenvolver toda a tese que queres demonstrar, numa longa exposição ou empregar o método interrogativo? Estrangeiro: Com um parceiro assim agradável e dócil, Sócra- tes, o método mais fácil é esse mesmo; com um interlocutor. Do contrário, valeria mais a pena argumentar apenas para si mesmo. platão. “o soFista”. 1970 (adaptado). É correto afirmar que o interlocutor de Sócrates esco- lheu, do ponto de vista metodológico, adotar: a) a maiêutica, que pressupõe a contraposição dos argumentos. b) a dialética, que une numa síntese final as teses dos contendores. c) o empirismo, que acredita ser possível chegar ao saber por meio dos sentidos. d) o apriorismo, que funda a eficácia da razão huma- na na prova de existência de Deus. e) o dualismo, que resulta no ceticismo sobre a possi- bilidade do saber humano. 8. (UFU) O diálogo socrático de Platão é obra baseada em um sucesso histórico: no fato de Sócrates ministrar os seus ensinamentos sob a forma de perguntas e res- postas. Sócrates considerava o diálogo como a forma por excelência do exercício filosófico e o único caminho para chegarmos a alguma verdade legítima. De acordo com a doutrina socrática: a) a busca pela essência do bem está vinculada a uma visão antropocêntrica da filosofia. b) é a natureza, o cosmos, a base firme da especulação filosófica. c) o exame antropológico deriva da impossibilidade do autoconhecimento e é, portanto, de natureza sofística. d) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas hu- manos é sanada pelo homem, medida de todas as coisas. 9. (Unicamp) A sabedoria de Sócrates, filósofo ateniense que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de par- tida na afirmação “sei que nada sei”, registrada na obra Apologia de Sócrates. A frase foi uma resposta aos que afirmavam que ele era o mais sábio dos homens. Após interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou à conclusão de que ele se diferenciava dos demais por reconhecer a sua própria ignorância. O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a Filosofia, pois: a) aquele que se reconhece como ignorante torna-se mais sábio por querer adquirir conhecimentos. b) é um exercício de humildade diante da cultura dos sábios do passado, uma vez que a função da Filosofia era reproduzir os ensinamentos dos filósofos gregos. c) a dúvida é uma condição para o aprendizado e a Fi- losofia é o saber que estabelece verdades dogmáticas a partir de métodos rigorosos. d) é uma forma de declarar ignorânciae permanecer distante dos problemas concretos, preocupando-se apenas com causas abstratas. 10. (UEL) Para esclarecer o que seja a imitação, na re- lação entre poesia e o Ser, no Livro X de A República, Platão parte da hipótese das ideias, as quais designam a unidade na pluralidade, operada pelo pensamento. Ele toma como exemplo o carpinteiro que, por sua arte, cria uma mesa, tendo presente a ideia de mesa, como modelo. Entretanto, o que ele produz é a mesa e não a sua ideia. O poeta pertence à mesma categoria: cria um mundo de mera aparência. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria das ideias de Platão, é correto afirmar: a) Deus é o criador último da ideia, e o artífice, en- quanto coparticipante da criação divina, alcança a verdadeira causa das coisas, a partir do reflexo da ideia ou do simulacro que produz. b) A participação das coisas às ideias permite admi- tir as realidades sensíveis como as causas verdadeiras acessíveis à razão. c) Os poetas são imitadores de simulacros e, por in- termédio da imitação, não alcançam o conhecimento das ideias como verdadeiras causas de todas as coisas. d) As coisas belas se explicam por seus elementos fí- sicos, como a cor e a figura, e na materialidade deles encontram sua verdade: a beleza em si e por si. e) A alma humana possui a mesma natureza das coi- sas sensíveis, razão pela qual se torna capaz de co- nhecê-las como tais na percepção de sua aparência. 11. (FCC) Sócrates é um dos personagens mais conheci- dos e influentes do pensamento ocidental. Embora não tenha deixado nada escrito, suas ideias foram redigidas por um de seus discípulos, Platão, que lhe atribui a se- guinte máxima: “a única coisa que sei é que nada sei”. Com essa máxima, Sócrates expressa que o caminho do conhecimento a) é impossível e todo o saber possível é uma ilusão. b) depende da experiência e não de proposições teóricas. c) desconsidera a opinião sobre assunto que se ignora. d) pressupõe dar opinião sobre assunto que se ignora. e) é limitado porque a razão humana não pode saber tudo. GAbArito 1. 01 + 02 + 04 + 16 = 23 2. C 3. C 4. D 5. B 6. A 7. A 8. A 9. A 10. C 11. E 20 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 1. O mundo das ideias: dualismo platônico A teoria platônica é fundamentada no dualismo: há uma realidade verdadeira (mundo das ideias) e uma aparente re- alidade que é falsa (mundo sensível). Platão apresenta que o conhecimento é elaborado quando o indivíduo alcança a ideia, rompendo com as aparências, enquanto a opinião nas- ce da percepção da aparência. O mundo sensível é o mundo percebido pelos sentidos, das aparências, das cópias e dos enganos, da materialidade existente (física). O mundo inteli- gível é o mundo original e eterno, nele estão as formas puras e verdadeiras, as essências (metafísica). Fonte: Youtube MATRIX: IMPACTO FILOSÓFICO multimídia: vídeo § Mundo inteligível: as formas puras, as ideias originais. Essas essências são eternas, imutáveis e únicas. Essas ideias são recordadas por nossa psiquê (alma pensante). § Mundo sensível: o mundo da materialidade, das có- pias imperfeitas que são percebidas pelos sentidos. O mundo físico nos ilude constantemente com a sua aparência de realidade. Platão. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1999. Nessa obra, o filósofo ateniense apresenta a teoria du- alista e o governo dos reis filósofos. Nessa obra está presente a Alegoria da Caverna. multimídia: livro Diante disso, existe um mundo conceitual, onde existem as ideias dos elementos que constituem o mundo que co- nhecemos. Como exemplo, podemos imaginar um carro ALEGORIA DA CAVERNA COMPETÊNCIA(s) 1, 2, 3, 4 e 5 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 5, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 15, 16, 20, 22, 23, 24 e 25 CH AULA 3 21 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s branco estacionado na esquina; cada indivíduo vai acabar elaborando uma ideia fixa desse tal carro branco, algo semelhante a uma ideia primária. Desse modo, o mundo inteligível (conceitual) existe de uma forma anterior e mais efetiva do que no mundo sensível. Com essa concepção, Platão questiona a realidade do mundo sensível, pois esse universo está em constante transformação, o que nos leva ao mundo das incertezas. Fonte: Youtube Sombras da caverna - Dead Fish. Ponto Cego. Desk, 2019. multimídia: música 2. Alegoria da caverna Segundo Platão, o filósofo é o sujeito que consegue enxer- gar as coisas mais claramente do que as outras pessoas. Para ilustrar essa ideia, surge a alegoria da caverna, conti- do no Livro VII de A República: Um grupo de pessoas acorrentado numa caverna só vê sombras e julga que elas são a realidade. Fonte: Youtube A caverna de Platão - EJA MUNDO DO TRABALHO multimídia: vídeo Um homem consegue escapar das correntes e sai da ca- verna. Lá fora, ele vê um mundo bem diferente, o mundo real. Ele volta à caverna para contar a novidade ao resto das pessoas, porém, ofuscado pela luz (da verdade), parece abobado. Com isso, os outros prisioneiros não acreditam na sua versão maluca e acabam matando o pobre infeliz. Fonte: Youtube A CAVERNA DE PLATÃO NA ERA DA SELFIE | LUIS MAURO SÁ MARTINO multimídia: vídeo 2.1. A felicidade, segundo Platão Para o filósofo grego Platão, o conceito de felicidade consistia no resultado final de uma vida dedicada a um conhecimento progressivo. Numa valorização pelo conhecimento, Platão vai interligar a felicidade com a ciência (conhecimento). Dessa maneira, o homem só atingirá a felicidade quando abandonar o mundo sensível em direção ao mundo inteli- gível. Isso ocorre, pois no mundo inteligível estão as ideias perfeitas, como a beleza, a coragem, a justiça, a felicidade, a verdade e o bem. 2.2. Política Para o filósofo, todos os tipos de governo existentes no mundo são degenerados por natureza, pois a sua forma original tende a ter uma versão degenerada, como pode- mos observar abaixo. Forma original Forma degenerada Aristocracia Oligarquia Monarquia Tirania Democracia Anarquia Diante disso, Platão defende que o melhor sistema de governo deveria ser a monarquia, associada com o saber filosófico, visto que somente indivíduos que detêm o co- nhecimento podem atuar com melhor desempenho para o coletivo, sem sofrerem as interferências do pensar e agir particular. Sendo assim, os melhores governantes seriam os reis-filósofos. Platão é, portanto, um crítico do regime democrático da Antiga Atenas. Sua proposta de sociedade é pautada na epistocracia (o governo dos sábios). 22 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s DIAGRAMA DE IDEIAS Sócrates: Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslum- braria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via. Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfi- lavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados? Glauco: Sem dúvida nenhuma. Sócrates: Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos dolo- ridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as consi- deraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados? Glauco: Certamente. Sócrates: Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crerque daria gritos lamentosos e bra- dos de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais? Glauco: A princípio nada veria. Sócrates: Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as som- bras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a Lua e as estre- las, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia. platão a república MITO DA CAVERNA ALEGORIA PARA ILUSTRAR QUE POUCOS ALCANÇAM O MUNDO INTELIGÍVEL DUALISMO E REMINISCÊNCIA GOVERNO IDEAL: REIS-FILÓSOFOS MUNDO DAS IDEIAS MUNDO INTELIGÍVEL RAZÃO (LUZ) MUNDO SENSÍVEL SENTIDOS (SOMBRAS) POLÍTICA TODOS OS TIPOS DE GOVERNOS SÃO DEGENERADOS POR NATUREZA FORMA ORIGINAL FORMA DEGENERADA ARISTOCRACIA OLIGARQUIA MONARQUIA TIRANIA DEMOCRACIA ANARQUIA PLATÃO 23 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s AplicAndo pArA Aprender (A.P.A.) 1. (Unicamp 2020) As reflexões de Aristóteles e Platão revelam uma descrença em relação ao regime demo- crático. O cidadão, diz Aristóteles, é quem toma parte na experiência de governar e de ser governado. Para o filósofo, o animal falante é um animal político. Mas o escravo, mesmo sendo falante, não é um animal polí- tico. Os artesãos, diz Platão, não podem participar das coisas comuns porque não têm tempo para se dedicar a outra atividade que não seja o seu trabalho. Assim, ter esta ou aquela “ocupação” define competências ou incompetências para a participação nas decisões sobre a vida comum. (adaptado de FlÁVia Maria schlee eYler, história antiga: grécia e roMa. petrópolis: editora VoZes/ rio de Janeiro: editora puc-rio, 2014, p.15.) A partir do texto e de seus conhecimentos sobre a Anti- guidade Clássica, responda às questões. a) Segundo Aristóteles e Platão, como se define o “ani- mal político” no contexto da cidadania ateniense? b) Identifique e explique uma crítica dos filósofos ci- tados ao regime democrático. 2. (UFPR 2020) Em determinado momento do diálogo de Hípias Menor, de Platão, Sócrates declara que en- controu dificuldade para responder à pergunta “qual o critério para reconheceres o que é belo e o que é feio?”. De acordo com Platão, a dificuldade está em que: a) os juízos de Beleza são subjetivos, sendo relativos a quem os enuncia. b) o belo e o feio não se distinguem realmente. c) é preciso conhecer o que é Beleza para que se pos- sam identificar as coisas belas. d) o critério de Beleza não é acessível aos homens, mas apenas aos deuses. e) a Beleza é uma mera aparência. 3. (UEL 2020) Leia o texto a seguir. Quando o artista [demiurgo] trabalha em sua obra, a vista dirigida para o que sempre se conserva igual a si mesmo, e lhe transmite a forma e a virtude desse mode- lo, é natural que seja belo tudo o que ele realiza. Porém, se ele se fixa no que devém e toma como modelo algo sujeito ao nascimento, nada belo poderá criar. [...] Ora, se este mundo é belo e for bom seu construtor, sem dúvida nenhuma este fixará a vista no modelo eterno. platão. tiMeu. 28 a7-10; 29 a2-3. trad. carlos a. nunes. beléM: uFpa, 1977. p. 46-47. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filoso- fia de Platão, assinale a alternativa correta. a) O mundo é belo porque imita os modelos sensíveis, nos quais o demiurgo se inspira ao gerar o mundo. b) O sensível, ou o mundo que devém, é o modelo no qual o artista se inspira para criar o que permanece. c) O artífice do mundo, por ser bom, cria uma obra plenamente bela, que é a realidade percebida pelos sentidos. d) O olhar do demiurgo deve se dirigir ao que perma- nece, pois este é o modelo a ser inserido na realidade sensível. e) O demiurgo deve observar as perfeições no mundo sensível para poder reproduzi-las em sua obra. 4. (Uncisal) No contexto da Filosofia clássica, Platão e Aristóteles possuem lugar de destaque. Suas concep- ções, que se opõem, mas não se excluem, são ampla- mente estudadas e debatidas devido à influência que exerceram, e ainda exercem, sobre o pensamento oci- dental. Todavia, é necessário salientar que o produto dos seus pensamentos se insere em uma longa tradição filosófica que remonta a Parmênides e Heráclito e que influenciou, direta ou indiretamente, entre outros, os racionalistas, empiristas, Kant e Hegel. Observando o cerne da filosofia de Platão, assinale nas opções abaixo aquela que se identifica corretamente com suas concepções. a) A dicotomia aristotélica (mundo sensível vs. mundo inteligível) se opõe radicalmente às concepções de caráter empírico defendidas por Platão. b) A filosofia platônica é marcada pelo materialismo e pragmatismo, afastando-se do misticismo e de con- ceitos transcendentais. c) Segundo Platão, a verdade é obtida a partir da observação das coisas, por meio da valorização do conhecimento sensível. d) Para Platão, a realidade material e o conhecimento sensível são ilusórios. e) As concepções platônicas negam veementemente a validade do inatismo. 5. (Unisc) Nos Livros II e III, Platão, através de Sócra- tes, discute sobre as artes no contexto da educação dos guardiães. Já no Livro X, ele trata de vários tipos de práticas artísticas, que devem ser consideradas na cidade como um todo, não somente nas instituições pedagógicas. Nesse último livro, Sócrates é duro ao afirmar que a poesia (imitativa) deve ser inteiramente excluída da cidade (595a). Em que obra essa recusa de Sócrates está registrada? a) No diálogo “Banquete”, de Platão, em que Sócra- tes trata dos diversos tipos de arte. b) No diálogo “Teeteto”, de Platão, em que Sócra- tes e esse personagem discutem sobre a natureza da arte, especialmente da poesia. c) No diálogo “Timeu”, de Platão, em que Sócrates discorre sobre o tema da arte, reportando-se à natu- reza da pintura e da poesia. d) No diálogo “Político”, de Platão, em que Sócrates apresenta a arte da política aos cidadãos atenienses. e) No diálogo “República”, de Platão, no qual Sócra- tes afirma que a poesia pode levar à corrupção do caráter humano. 6. (UENP) Platão foi um dos filósofos que mais influencia- ram a cultura ocidental. Para ele, a filosofia tem um fim prático e é capaz de resolver os grandes problemas da 24 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s vida. Considera a alma humana prisioneira do corpo, vi- vendo como se fosse um peregrino em busca do caminho de casa. Para tanto, deveria transpor os limites do corpo e contemplar o inteligível. Assinale a alternativa correta. a) A teoria das ideias não pode ser considerada uma chave de leitura aplicável a todo pensamento platônico. b) Como Sócrates, Platão desenvolveu uma ética racio- nalista que desconsiderava a vontade como elemento fundamental entre os motivadores da ação. Ele acredi- tava que o conhecimento do bem era suficiente para motivar a conduta de acordo com essa ideia (agir bem). c) Platão propõe um modelo de organização política da sociedade que pode ser considerado estamental e antidemocrático. Para ele, o governo não deveria se pautar pelo princípio da maioria. As almas têm natu- reza diversa, de acordo com sua composição, isso faz com que os homens devam ser distribuídos de acordo com essa natureza, divididos em grupos encarregados do governo, do controle e do abastecimento da polis. d) Platão chamava o conhecimento da verdade de doxa e o contrapõe a outra forma de conhecimento (inferior) denominada episteme. e) Para Platão, a essência das coisas é dada a partir da análise de suas causas material e final. 7. (UEL) Platão, em A República, tem como objetivo prin- cipal investigar a natureza da justiça, inerente à alma, que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensamento ético-político de Platãodecorrem de uma correlação estrutural com cons- tituição tripartite da alma humana. Assim, concebe uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às narrativas poéticas, nos Livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos governantes. No Livro X, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e re- flexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco desta crítica se desloca para o indivíduo ressaltando a relação com a alma, compreendida em três partes separadas, se- gundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível. Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação com a alma humana, é correto afirmar: a) A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de pensar, é elevada pela natureza mimética da poesia à contem- plação do Bem. b) O uso da mímesis nas narrativas poéticas para con- trolar e dominar a parte irascível da alma é considera- do excelente prática propedêutica na formação ética do cidadão. c) A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racio- nalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao Estado ideal que se pretende fundar. d) O elemento mimético cultivado pela poesia é jus- tamente aquele que estimula, na alma humana, os elementos irracionais: os instintos e as paixões. e) A reflexividade crítica presente nos elementos mi- méticos das narrativas poéticas permite ao indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente são. 8. (Unesp) O que é terrível na escrita é sua semelhança com a pintura. As produções da pintura apresentam-se como seres vivos, mas se lhes perguntarmos algo, man- têm o mais solene silêncio. O mesmo ocorre com os es- critos: poderíamos imaginar que falam como se pensas- sem, mas se os interrogarmos sobre o que dizem (...) dão a entender somente uma coisa, sempre a mesma (...). E quando são maltratados e insultados, injustamente, têm sempre a necessidade do auxílio de seu autor porque são incapazes de se defenderem, de assistirem a si mesmos. platão. Fedro ou da beleZa. Nesse fragmento, Platão compara o texto escrito com a pintura, contrapondo-os à sua concepção de filosofia. Assinale a alternativa que permite concluir, com apoio do fragmento apresentado, uma das principais caracte- rísticas do platonismo. a) Platão constrói o conhecimento filosófico por meio de pequenas sentenças com sentido completo, as quais, no seu entender, esgotam o conhecimento acerca do mundo. b) A forma de exposição da filosofia platônica é o diálogo, e o conhecimento funda-se no rigor interno das argumentações, produzido e comprovado pela confrontação dos discursos. c) O platonismo se vale da oratória política, sem com- promisso filosófico com a busca da verdade, mas diri- gida ao convencimento dos governantes das Cidades. d) A poesia rimada é o veículo de difusão das ideias platônicas, sendo a filosofia uma sabedoria alcança- da na velhice e ensinada pelos mestres aos discípulos. e) O discurso platônico tem a mesma natureza do dis- curso religioso, pois o conhecimento filosófico modifi- ca-se segundo as habilidades e a argúcia dos filósofos. 9. (UFPI) A respeito da cultura grega, leia as sínteses filosóficas abaixo. I. A ciência, a moral e os credos religiosos eram criações humanas válidas para determinados grupos sociais em um determinado período. II. Sua principal contribuição filosófica foi a Teoria das Ideias, segundo a qual as ideias são a essência dos con- ceitos e das coisas e, portanto, transcendentes ao ho- mem, que delas tem apenas um pálido reflexo. III. Defendia a existência de um conhecimento estável e válido para todos. Sua grande preocupação era o auto- conhecimento que poderia ser obtido através da ironia e da maiêutica. As sínteses que você acabou de ler podem ser associa- das, respectivamente, a: a) Platão, Aristóteles e Sócrates. b) Platão, sofistas e Aristóteles. c) Sócrates, sofistas e Platão. d) sofistas, Platão e Sócrates. e) Platão, sofistas e Sócrates. 25 VO LU M E Ú N IC O C IÊ N CI AS H UM AN AS e su as te cn ol og ia s 10. (IFSP) – Mas escuta, a ver se eu digo bem. O princí- pio que de entrada estabelecemos que devia observar-se em todas as circunstâncias, quando fundamos a cidade, esse princípio é, segundo me parece, ou ele ou uma das suas formas, a justiça. Ora nós estabelecemos, segundo suponho, e repetimo-lo muitas vezes, se bem te lembras, que cada um deve ocupar-se de uma função na cidade, aquela para qual a sua natureza é mais adequada. platão. a república. 7. ed. lisboa: calouste-gulbenKian, 2001, p. 185. Com base no texto e nos conhecimentos sobre a con- cepção platônica de justiça na cidade ideal, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a cidade ideal é a cidade justa, ou seja, a que respeita o princípio de igualdade natural entre todos os seres humanos, concedendo a todos os indivíduos os mesmos direitos perante a lei. b) Platão defende que a democracia é fundamento essencial para a justiça, uma vez que permite a todos os cidadãos o exercício direto do poder. c) Na cidade ideal platônica, a justiça é o resultado natural das ações de cada indivíduo na perseguição de seus interesses pessoais, desde que esses interes- ses também contribuam para o bem comum. d) Para Platão, a formação de uma cidade justa só é possível se cada cidadão executar, da melhor maneira possível, a sua função própria, ou seja, se cada um fizer bem aquilo que lhe compete, segundo suas aptidões. e) Platão acredita que a cidade só é justa se cada membro do organismo social tiver condições de per- seguir seus ideais, exercendo funções que promovam sua ascensão econômica e social. 11. (UEL) Leia os textos a seguir. “A arte de imitar está bem longe da verdade, e se exe- cuta tudo, ao que parece, é pelo fato de atingir apenas uma pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição.” platão. a república. 7.ed. lisboa: calouste- gulbenKian, 1993. p. 457 (adaptado). “O imitar é congênito no homem e os homens se com- prazem no imitado.” aristóteles. poética. 4. ed. são paulo: noVa cultural, 1991. p. 203. coleção “os pensadores” (adaptado). Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mimesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. a) Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomê- nicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequa- do e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. b) Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pinto- res e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrande- cimento da pólis e da filosofia. c) Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida. d) Aristóteles concebe a mimesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de re- criação das coisas segundo uma nova dimensão. e) Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e puri- ficador no espectador. 12. (Enem) No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o co- nhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a: a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. b) realidade inteligível por meio do método dialético. c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino. e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. 13. (Enem) Trasímaco estava
Compartilhar