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1 ATIVIDADE INDIVIDUAL Matriz de análise Disciplina: Direito Seguro e Resseguro Módulo: Enceramento do curso Aluna: Janete Bonfim Carvalho Turma: 03 Tarefa: Atividade individual Introdução No caso em análise a Construtora XPTO, tomadora, venceu o procedimento licitatório para a construção de uma nova rodovia interestadual, orçada em 980 milhões de reais, cujo objetivo é interligar as Regiões Norte e Centro-Oeste aos portos de Santos e do Rio de Janeiro. O contrato foi firmado com o Governo Federal, sendo assinado em 25/05/2014, com previsão de entrega das obras após 4 anos. Uma exigência do Governo foi a contratação do seguro garantia com o valor maior do que previsto em legislação. A Construtora atendeu a exigencia com apólice no texto padrão da Susep. No 20/02/2016, o Governo Federal, Segurado, informou a Seguradadora sobre a rescisão contratual, que se deu após regular processo administrativo movido em face a Constutora XPTO, que resultou em uma multa de 120 milhões de reais. Como resposta a notitifcação, no dia 03/03/2016, a Seguradora negou a cobertura requerida pelo Segurado, sob o argumento descumprimento das suas obrigações previstas em apólice. Com a negativa da Seguradora, há possiveis riscos em eventuais judicializações, e com isso, estudaremos as hipoteses. 2 Desenvolvimento Inicialmente destacamos as datas dos fatos, sendo que em 25/05/2014, houve a assinatura do contrato. Em 20/02/2016, o Segurador notificou a Seguradora, e no dia 03/03/2016, houve a resposta da Seguradora para o Governo Federal. Pois bem, vejamos que o art. 206, II, b, do CC, estabelece que a prescrição para a pretensão do segurado contra o segurador é de 1 ano, contado da ciência do fato gerador. Logo, houve a prescrição do direito da indenização securitária, eis que a informação do sinistro ocorreu em 20/02/2016, e a simples notificação não tem condão de interrupção ou suspensão do prazo prescricional. Ainda, cabe aqui mencionar que nas condições gerais, item 17, da circular da SUSEP 477/2013, prevê que para seguro garantia, como é o caso, o prazo prescricional será o previsto em lei. Quando a aplicação da multa de R$ 120.000.000,00, e a responsabilidade da Seguradora, é importante mencionar que o Poder Público deveria dar ciência a Seguradora assim que o evento aconteceu, conforme observado no art.769, do código civil. Sobre o tema, o Professor Ilan Godberg: “Para a hipótese de agravamento não intencional, o art. 769 obriga igualmente o segurado à comunicação imediata, uma vez mais prestigiando a boa-fé, em especial seu dever anexo de informação e cooperação. Para esses casos, a mesma pena de perda do direito à garantia somente será aplicada se comprovado que o segurado silenciou, e de má-fé.” 1 Sendo assim, no caso em contexto, o Governo Federal esperou finalizar o processo administrativo, para só então, comunicar a Seguradora. A previsão de imediata comunicação a Seguradora também é prevista na Circular 477/2013, que em seu captítulo II, item 4.1, estabelece: “4.1. Expectativa: tão logo realizada a abertura do processo administrativo para apurar possível inadimplência do tomador, este deverá ser imediatamente notificado pelo segurado, indicando claramente os itens não cumpridos e concedendo-lhe prazo para regularização da inadimplência apontada, remetendo cópia da notificação para a seguradora, com o fito de comunicar e registrar a Expectativa de Sinistro.” Sendo assim, ao deixar de comunicar a Seguradora, o Tomador atraiu para si a demonstração de que havia puramente o interesse na multa, e não na resolução do problema, pois, com a inclusão da Seguradora no início do processo administrativo poderia, de alguma forma amenizar os riscos causados. Logo, é possível verificar que não houve boa fé por parte do Tomador, e a inercia de não comunicar a Seguradora do início do processo administrativo, afasta assim a responsabilidade da seguradora. Outro ponto revelante para análise é a multa requerida pelo Governo Federal, no valor de R$ 120.000.000,00. Vejamos o que o Professor Godberg nos ensina sobre o tema: “A Circular 477, no anexo I, traz as condições padronizadas das modalidades do setor público (ramo 0775), e no anexo II, do setor privado (ramo 0776)52. Como modalidade de garantia dos contratos administrativos de obras, serviços e compras, o seguro garantia foi inserido no art. 56, § 1º, II da lei 8.666/93, em 1994, por meio da lei 8.883, alterando o texto original que previa apenas a caução em dinheiro e títulos da dívida pública ou fidejussórios, além da fiança bancária. No entanto, nos termos vigentes atualmente, tais garantias limitam-se a 5% do valor total do contrato administrativo, podendo chegar a 10% nas obras de grande vulto, cujo valor seja superior a 37,5 milhões de reais, de acordo com o art. 6º, V, c/c art. 23, I, c, ambos da lei n. 8666/93.” (grifos realizados). 4 Relembramos que a Obra foi o valor de R$ 98.000.000,00, sendo que a multa limitada a 5% seria no valor de R$ 49.000.000,00. Contudo, aplicando a excessão e o enquadramento de “obra vultosa”, prevista no §3º do art. 56 da lei de licitação 5, é possível 4 a aplicação de 10% de multa sobre o valor do contrato, o que seria o valor máximo de garantia de R$ 98.000.000,00. Mesmo se fossem preenchidos os requisitos anteriores, a multa requerida está inadequada. Conclusão Após todo o exposto, conclui-se que a negativa da seguradora está correta e amplamente amparada nas normas da SUSEP e legislações vigentes. Senão vejamos: - O direito de ação está fulminado pela prescrição, nos termos do art. 206, II, do CC. - O Tomador agiu de má-fé ao não comunicar a Seguradora quando da ocorrência do risco e sobre o processo administrativo. Afastando assim a boa-fé contratual, o que se conclui pela perda de direito da indenização e ausência de responsabilidade da Segudora. - Ainda que fossem superadas as questões destacadas acima, o Tomador exigiu uma multa abusiva e completamente desproporcional do que previsto em lei. O valor foi de 22 milhoes excendentes, sendo que o limite do seguro garantia seria de 98 milhões. Logo, na hipótese de demanda judicial, a probabilidade de êxito por parte do Governo Federal seria remota. Referências bibliográficas 1 Página 29 da apostila dos Professores João Paulo e Ilan Godberg. 2 https://www.editoraroncarati.com.br/v2/Diario-Oficial/Diario-Oficial/circular-susep-no-477- de-30092013.html (link acessado em 04/04/2021) https://www.editoraroncarati.com.br/v2/Diario-Oficial/Diario-Oficial/circular-susep-no-477-de-30092013.html https://www.editoraroncarati.com.br/v2/Diario-Oficial/Diario-Oficial/circular-susep-no-477-de-30092013.html 3 https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/circular-n-477-de-30-de-setembro-de-2013-31065813 (link acessado em 04/04/2021) 4 Página 49 da apostila dos Professores João Paulo e Ilan Godberg. 5 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm 6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/circular-n-477-de-30-de-setembro-de-2013-31065813 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14133.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm
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