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ENUNCIADO ORIENTATIVO N. 001-2018 TERMOS DE CONTRATOS

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DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO 
Coordenadoria de Controle Interno 
Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados, com excelência, efetivando a inclusão social, respaldado na ética e na moralidade. 
 
 ENUNCIADO ORIENTATIVO 
 TERMO DE CONTRATO 
 
 Em regra, as contratações administrativas devem ser celebradas mediante termo de 
contrato no qual se vejam formalmente insculpidas todas as cláusulas essenciais relacionadas 
no art. 55, da Lei n. 8.666/93 e eventuais normas correlatas. Todavia, a fim de emprestar 
maior agilidade e eficiência às atividades administrativas, nas situações precisamente 
definidas em seu art. 62, a mesma Lei autoriza a substituição desse termo de contratação 
completo por instrumentos que, a priori, veem-se destinados a outras finalidades, a exemplo 
da nota de empenho e da ordem de serviço. 
 
 No ponto, vale reproduzir os permissivos do art. 62: 
 
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de 
preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos 
limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a 
Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-
contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de 
serviço. 
§ 1o (...) 
§ 2o Em "carta contrato", "nota de empenho de despesa", "autorização de compra", "ordem de 
execução de serviço" ou outros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o disposto no art. 
55 desta Lei. 
§ 3o (...) 
I - (...) 
II - (...) 
§ 4o É dispensável o "termo de contrato" e facultada a substituição prevista neste artigo, a 
critério da Administração e independentemente de seu valor, nos casos de compra com 
entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras, 
inclusive assistência técnica. (grifo nosso) 
 
 Ao ensejo, cumpre esclarecer que a utilização desses documentos para fins de 
substituição do termo mais trabalhado não subtrai o caráter eminentemente contratual da 
relação pactuada, remanescendo aplicáveis à espécie todas as prescrições normativas atinentes 
às contratações públicas, a exemplo da nomeação de fiscal e das cláusulas do art. 55 (embora 
não formalizadas solenemente), no que couber1. 
 
1JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. RT. São Paulo. 16ª Ed. rev. atual. e 
ampl., 2014: (...) Em qualquer caso, existe contrato administrativo e o documento escrito é um “instrumento contratual”. 
A única diferença reside em que o termo de contrato é um escrito completo, contemplando todas as cláusulas cabíveis, 
emitido para o fim específico de documentar a avença. Já as outras formas de documentação envolvem a utilização de 
instrumentos destinados a outros fins para, de modo concomitante, promover a formalização da contratação. (...) 
Alguns pensam que as regras sobre contrato administrativo apenas se aplicam quando for assinado um termo de contrato, 
concepção incompatível com a ordem jurídica. Essa colocação é totalmente incorreta e pode ter efeitos muito graves. Deve 
ter-se em vista que a existência de um contrato administrativo não depende da forma adotada para sua formalização. Existe 
 
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Coordenadoria de Controle Interno 
Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados, com excelência, efetivando a inclusão social, respaldado na ética e na moralidade. 
 A fim de regulamentar administrativamente a questão, foi editada a Instrução Normativa 
n. 001/2018/DPG, que disciplina a obrigatoriedade de elaboração de contratos, 
especialmente nos casos de adesão a atas de registros de preços, em observância ao art. 62 
da Lei Federal nº 8.666/1993, no âmbito da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso. 
 
 Dentre outras considerações, ressaltou o Excelentíssimo Defensor Público-Geral, no 
bojo da citada IN, que o abuso da discricionariedade com relação a substituição e termo de 
contrato por notas de empenho e outros instrumentos, fora dos limites estabelecidos pelo 
artigo 62, §§ 2º e 4º, da Lei Federal nº 8.666/1993, constitui ato atentatório ao interesse 
público de proteção patrimonial da Administração, gerando o risco de que ocorram 
apontamentos e imposição de sanções pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, no 
exercício de sua atividade de controle externo. 
 
 Para facilitar a compreensão dos critérios legais e dar mais praticidade à execução das 
atividades relacionadas à matéria, a Instrução Normativa n. 001/2018 expôs de forma mais 
didática as regras legais a serem observadas, bem como tratou de positivar os entendimentos 
doutrinários e jurisprudenciais relacionados ao tema. 
 
 Desta feita, analisemos mais detidamente o teor da citada Instrução Normativa (tenha 
a Instrução em mãos!): 
 
 O artigo 2º, em seu inciso I - valor da contratação superior a R$ 343.793,33, 
correspondente à Carta Convite -, apenas dá concretude ao comando normativo inserto no 
caput, do art. 62, da Lei n. 8.666/93, quando oportuniza (implicitamente2) que as contratações 
cujos valores não ultrapassem ao limite máximo para a carta convite tenham o termo 
contratual substituído por algum dos instrumentos legalmente admitidos. Para informar 
precisamente esse teto limitador, tratou-se de consignar na IN a importância atualizada pela 
Lei Estadual n. 10.534/2017, qual seja, R$ 343.793,33. Assim, uma vez ultrapassado esse 
 
contrato administrativo mesmo quando documentado por via da assinatura de nota de empenho. Aperfeiçoa-se o contrato 
administrativo quando completados os atos jurídicos necessários à formalização que exterioriza o acordo de vontades. 
Por isso, todas as regras previstas na Lei aplicam-se, independentemente da escolha de uma das formas previstas no artigo 
ora examinado. 
2 Diz-se implicitamente porque, em verdade, o dispositivo (caput, art. 62) apenas menciona que se fará 
obrigatório o termo de contrato quando se tratar de concorrência e de tomadas de preços, ou dispensas e 
inexigibilidade compreendidas nos limites destas duas modalidades licitatórias. Daí se deduzir que se não 
ultrapassar o teto valorativo admitido para a carta convite (mais simplificada que as outras duas) poder-se-á 
substituir o termo por outros instrumentos hábeis. Em contrapartida, quando superar o limite do convite, então 
será caso de tomada de preços, concorrência, dispensa ou inexigibilidade, impondo-se a formalização da peça 
contratual. 
 
 
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montante, a contratação deverá ser formalizada por instrumento próprio de contrato, já que 
(excedido o limite do convite) estaremos diante de tomada de preços ou concorrência. O 
mesmo se diga em relação às dispensas e inexigibilidades que superarem referida quantia. 
 
 No inciso II, por sua vez, verifica-se um critério que, em verdade, não emana 
expressamente do texto legislativo. É que a mencionada IN se atentou para o entendimento 
sufragado pelo E. Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso, nos autos do processo de n. 
57916/2017, no qual o Eminente Relator assentou que: 
 
Resumidamente, a Lei nº 8.666/1993 prescreve duas hipóteses excepcionais para 
dispensa do Termo de Contrato, a saber: a) aquelas nas quais o valor da obrigação não 
supera o limite para o uso da modalidade convite; b) aquelas nas quais o valor da 
obrigação supera o limite para o uso damodalidade convite, mas o objeto do contrato 
consiste em compra com entrega imediata, da qual não resultam obrigações futuras. 
No entanto, ainda que a contratação esteja abaixo do valor da modalidade 
convite e que as obrigações sejam de compra com entrega imediata, caso o objeto 
contrato seja de alta complexidade, a Administração deverá formular Termo de 
Contrato para proteção de seu próprio interesse administrativo, conforme 
entendimento pacifico do Tribunal de Contas da União – Acórdão nº 2860/2005 – 1ª 
Câmara: “[...] a observar o disposto nos arts. 60 e 62 da Lei nº 8.666/93, em especial 
ao que dispõe o § 2º desse último dispositivo, no sentido de que seja confeccionado 
instrumento formal que possa efetivamente proteger os interesses da administração, 
cabendo aos gestores responsáveis a escolha do instrumento mais conveniente, tendo 
em vista a complexidade do objeto a ser licitado, independentemente da modalidade 
de licitação utilizada (grifamos). 
 
 Como se depreende desse julgado, em que pese a Lei n. 8.666/93 sugerir a possibilidade 
de discricionariamente se substituir o termo contratual nas hipóteses3 contempladas em seu 
artigo 62, não se revelaria minimamente conveniente abrir mão desse instrumento quando se 
tratar de objeto de alta complexidade técnica. Nesses casos, para o próprio respaldo 
administrativo, é prudente que se formalize integralmente as obrigações compreendidas na 
avença, independentemente do valor e da forma de entrega do objeto. 
 
 Daí porque, embora não expressamente incluído esse critério (alta complexidade 
técnica) no art. 62, da Lei de Licitações e Contratos, tratou-se de inserir na referida IN n. 
001/2018/DPG a necessidade de formulação do respectivo instrumento em casos tais. 
 
 A título de conceituação, estribada na mesma definição dada pela Lei n. 8.666, a IN n. 
001/2018, em seu art. 2º, parágrafo 3º, inciso I, estatui que se reveste o objeto de alta 
 
3 Contratos nos quais o valor da obrigação não supera o limite para o uso da modalidade convite, e aqueles em 
que, embora o valor da obrigação ultrapassa o máximo para o convite, o objeto do contrato consiste em compra 
com entrega imediata, da qual não resultam obrigações futuras. 
 
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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados, com excelência, efetivando a inclusão social, respaldado na ética e na moralidade. 
complexidade quando a contratação envolver elevada especialização, como fator de extrema 
relevância para garantir a execução do objeto a ser contratado ou que possa comprometer a 
continuidade da prestação do serviço contratado. 
 
 Já no que se refere ao inciso III - de compras que resultem em obrigações futuras, 
inclusive assistência técnica, não considerando, para tanto, as garantias legais e 
complementares amparadas pelos artigos 24 e 50 do Código de Defesa do Consumidor - 
verifica-se a reprodução da regra inserta no parágrafo 4º, do mesmo artigo 62, da Lei n. 8.666 
conjugada com um esclarecimento 4 a respeito das garantias legais previstas no CDC. É que 
existem situações nas quais a própria legislação consumerista impõe o dever de garantia, 
revelando-se desnecessária a elaboração de um termo de contrato para tal, sob o argumento de 
obrigações futuras/assistência técnica. Diferentemente são os casos em que as partes 
contratantes se valem, por exemplo, da implementação de uma garantia contratual ou 
estendida. Nessas hipóteses, por resultar em obrigações futuras/assistência técnica de índole 
convencional, ou seja, extralegal, faz-se devida a pactuação mediante instrumento contratual 
específico, nos termos do citado parágrafo 4º, do art. 67, da Lei n. 8.666/1993, porquanto a 
garantia de cumprimento não deriva diretamente do texto legislativo, mas da vontade das 
partes. 
 
 No ponto, impende destacar o parágrafo 3º, do mesmo artigo 2º, no qual se define como 
hipóteses de obrigações futuras quando: a) a tradição do objeto não é imediata, em razão da 
tratativa; b) há parcelamento da entrega (fracionamento), tais como nos casos de 
contratação de apólice de seguros, de financiamento e de locação, bem como de prestação de 
serviços de energia elétrica; c) há previsão de assistência técnica, independentemente de 
haver entrega imediata. 
 
 
4JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. RT. São Paulo. 16ª Ed. 
rev. atual. e ampl., 2014: O caput e o §4º autorizam a substituição do “termo de contrato” por outras 
modalidades instrumentais em certas hipóteses. A previsão legal pode ser reconduzida à previsão do art. 15, III. 
As compras da Administração Pública deverão (“sempre que possível”) submeter-se às condições de aquisição 
praticadas no setor privado. A Lei acolhe o informalismo do Direito Comercial, sempre que inexistir riscos de 
maior dimensão para os interesses fundamentais. 
A Lei refere-se à hipótese de ausência de obrigações futuras (inclusive envolvendo assistência técnica) para o 
contratado. Obviamente, a regra legal não se refere à previsão de garantia pelos vícios ocultos, evicção etc. Essas 
decorrências são automáticas e dispensam expressa previsão contratual. Logo, a omissão do instrumento 
contratual não acarretaria a inaplicação das regras legais. 
 
 
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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados, com excelência, efetivando a inclusão social, respaldado na ética e na moralidade. 
 Outrossim, no parágrafo seguinte (§4º, do art. 2º), se esclarece que a assistência técnica 
que impõe a formalização de termo de contrato é entendida como aquela que reclama 
detalhamento maior dos termos do comprometimento do fornecedor ou fabricante para 
sustentar a reposição de peças ou a execução de serviços especializados de suporte. 
 
 A esse respeito, impende ressaltar que o parágrafo 5º, do artigo 2º, da mencionada IN, 
igualmente deixa claro que para os fins desta Instrução Normativa, não se caracterizam 
assistência técnica: 
 
1 - a garantia de execução do contrato (caução, seguro garantia, fiança bancária - art. 56 da 
Lei Federal nº 8.666/1993); 
2 - a garantia legal extracontratual (art. 24 do Código de Defesa do Consumidor) e; 
3 - a garantia contratual complementar à legal (art. 50 do Código de Defesa do 
Consumidor), reiterando, novamente, a suficiência da legislação consumerista. 
 
 Outro permissivo de substituição do termo contratual reside no §1º, do artigo 2º, da IN 
n. 001/2018/DPG5, no qual se reitera a regra inserta no parágrafo 4º, do art. 67, da Lei n. 
8.666/1993. Nessa hipótese, – independentemente do valor da contratação – autoriza-se a 
substituição do termo de contrato por outro instrumento hábil, desde que se trate de compra 
com entrega imediata e integral. Evidentemente que se essa aquisição resultar em 
obrigações futuras, como assistência técnica, por exemplo, deverá então ser observado o 
inciso III, do mesmo artigo, no qual se exige a formalização do termo contratual, como já 
explanado acima. 
 
 Na verdade, o inciso III e o parágrafo primeiro, do artigo 2º, da citada IN, apenas 
desdobram de modo mais didático e esclarecedor o teor do parágrafo 4º, do art. 67, da Lei de 
Licitações. 
 
 O artigo 3º, da IN, por seu turno, vem reafirmar a subsistência da natureza contratual da 
relação, porquanto assenta a necessidade de observância ao art. 55 (cláusulas essenciais do 
contrato), ainda que eventualmente substituído o termo de contrato, naquilo que for cabível. 
 
5 § 1º. Excepciona-se o disposto no inciso I do caput, podendo substituir o termo de contrato por outro 
instrumento hábil, independentemente do valor da contratação, nos casos decompra com entrega imediata e 
integral que não resulte em obrigação futura, inclusive assistência técnica, e que não se trate de objeto de alta 
complexidade. 
 
 
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE MATO GROSSO 
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Missão: Promover assistência jurídica aos necessitados, com excelência, efetivando a inclusão social, respaldado na ética e na moralidade. 
 No artigo 4º, a Instrução Normativa trata de elencar os instrumentos idôneos a 
substituírem o termo contratual propriamente dito, quais sejam, carta contrato, nota de 
empenho, autorização de compra e ordem de execução de serviço. 
 
 Por derradeiro, o artigo 5º e seus parágrafos, da Instrução Normativa n. 001/2018/DPG, 
esclarecem que nos casos em que a DPE/MT aderir à ata de registro de preço de outra 
entidade, além de respeitar as regras aqui comentadas, deve observar se o órgão gerenciador 
adotou minuta contratual. Caso o tenha feito, obrigatoriamente deverá a Defensoria, enquanto 
aderente, segui-la em sua essência, independentemente das características, do valor, e das 
condições da contratação. 
 
 Para ilustrar de modo mais objetivo os pontos aqui discorridos, formulamos a tabela 
abaixo: 
 
 TERMO CONTRATUAL 
 OBRIGATÓRIO FACULTATIVO 
CONCORRÊNCIA X 
TOMADA DE PREÇOS X 
DISPENSA/INEXIGIBILIDADE COM VALOR 
SUPERIOR AO CONVITE 
X 
OBRIGAÇÕES FUTURAS, INCLUSIVE 
ASSISTÊNCIA TÉCNICA, INDEPENDENTE 
DO VALOR (garantia estendida, p. exemplo). 
 
X 
 
ALTA COMPLEXIDADE, INDEPENDENTE 
DO VALOR E DA FORMA DE ENTREGA 
X 
ATÉ O LIMITE MÁXIMO PARA A CARTA 
CONVITE 
 X 
ENTREGA INTEGRAL E IMEDIATA, 
INDEPENDENTEMENTE DO VALOR 
 X 
GARANTIA LEGAL X 
 
 Importante frisar que bastará a ocorrência de alguma das hipóteses de obrigatoriedade 
de confecção do termo contratual para que se afaste a substitutividade do instrumento de 
contrato propriamente dito. Quer dizer: ainda que se tratar de uma contratação com entrega 
integral e imediata, com valor dentro do limite para a carta convite, haverá formalização de 
termo completo de contrato se caracterizada alta complexidade, obrigações futuras, 
assistência técnica oriunda de garantia estendida, etc.

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