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Relato de Caso: Colecistectomia Laparoscópica

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA – UniFOA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
VICTÓRIA CRISTINA DA SILVA OLIVEIRA 
 
 
 
RELATO DE CASO: MÓDULO CENTRO CIRÚRGICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volta Redonda 
 2022 
 
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA – UniFOA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
RELATO DE CASO: MÓDULO CENTRO CIRÚRGICO 
 
 
 
 
Relato de Caso apresentado ao 
Curso de Graduação em 
Enfermagem na Disciplina de 
Estágio Supervisionado módulo de 
Saúde Mental e Centro Cirúrgico 
como um dos itens para aprovação 
no Estágio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Volta Redonda 
2022 
1. Introdução 
Estudo que aborda um relato de caso coletado no Centro Cirúrgico de um 
Hospital Médio Porte localizado no município de Volta Redonda (RJ). 
Trata-se do paciente K.E.S., 47 anos, masculino; história patológica pregressa: 
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Foi internado às 17h20 e após exames 
laboratoriais (hemograma completo, ureia, creatinina, coagulograma, colesterol, 
TGO, TGP e ecocardiograma), foi submetido à cirurgia de colecistectomia 
laparoscópica de urgência, às 18h00. 
Sinais vitais ao final da cirurgia, durante a síntese: FC= 65bpm; PA= 100x65; 
SpO2= 100%; FR=15irpm 
O presente estudo tem objetivo de descrever o caso clínico de colelitíase, o 
procedimento colecistectomia e o papel do enfermeiro no centro cirúrgico. 
 
2. Desenvolvimento 
A colelitíase é a presença de cálculos no interior da vesícula biliar formando 
um processo inflamatório, conhecida popularmente por pedra na vesícula; é uma 
doença comum, cuja prevalência aumenta com a idade em ambos os sexos. 
Os fatores de predisposição à litíase biliar são: sexo feminino, gestação, 
avançar da idade, como já citado, etnia caucasiana e asiática, obesidade, perda 
rápida de peso, dislipidemia, história familiar, sedentarismo, cirrose alcoólica e 
diabetes mellitus. 
Sua apresentação clínica pode ser de 3 maneiras distintas: sintomas 
inespecíficos; colecistite ou cólica biliar típica; colelitíase complicada com 
coledocolitíase, pancreatite ou colangite, com icterícia, febre e dor. O sintoma mais 
característico é a cólica biliar, caracterizada por dor contínua e localizada em 
quadrante superior direito ou região epigástrica, podendo irradiar para o ombro direito. 
A dor é frequentemente associada à diaforese, náuseas e vômitos e, muitas vezes, 
possui como gatilho a ingestão de alimentos gordurosos. 
O diagnóstico é feito a partir da Ultrassonografia (USG) abdominal, que é o 
método de escolha e de melhor acurácia para identificar os cálculos. Exames 
laboratoriais podem ser solicitados na suspeita de complicação como coledocolitíase 
ou pancreatite ou na investigação de doença hemolítica. Quando há colelitíase 
isolada, na maioria das vezes os exames laboratoriais são normais. Em uma pequena 
parcela dos pacientes há uma elevação transitória e discreta da bilirrubina sérica, 
aminotransferases e fosfatase alcalina, mais comum nos casos de coledocolitíase. 
O tratamento de primeira escolha é a cirurgia de colecistectomia. Na literatura, 
recomenda-se a colecistectomia para pacientes sintomáticos já na primeira 
ocorrência de cólica biliar. Outras indicações para a extração da vesícula biliar são 
colecistite crônica e colelitíase acalculosa. Com a evolução das técnicas cirúrgicas a 
colecistectomia convencional aberta foi substituída pela colecistectomia 
laparoscópica como procedimento de escolha para cálculos pelas suas vantagens, a 
qual inclui alta precoce, menos infecções das incisões, menor custo, retorno precoce 
ao trabalho e menor dor. 
A colecistectomia laparoscópica é a operação mais comum do aparelho 
digestivo e é considerada como o tratamento padrão-ouro para colecistolitíase. De 
acordo com estudos, ela é realizada em mais de 90% das colecistectomias eletivas e 
70% das de emergência, tornando-a uma das mais frequentes operações realizadas 
no mundo. 
Na colecistectomia por videolaparoscopia, após anestesia geral, o paciente é 
posicionado em decúbito dorsal com membros inferiores abduzidos. Geralmente há 
o esvaziamento prévio da bexiga. São realizadas 3 ou 4 pequenas incisões no 
abdome (menores que 1 cm), seguido da insuflação de gás carbônico, que ajuda a 
distender o abdome e criar espaço para que o cirurgião realize o procedimento com 
ajuda de uma câmera e pequenos instrumentos. Introdução de 4 trocarteres, dois de 
10 mm e dois de 5 mm. 
Um trocarte de 10 mm e introduzido transumbilical mediante pequena incisão 
que atinge o peritônio e acomoda de forma justa a sua camisa. Esse procedimento 
dispensa a punção para realização do pneumoperitônio com a agulha de Veress, o 
que evita lesões intestinais e vasculares. O pneumoperitônio é obtido por meio de 
insuflador automático que deixa de insuflar quando a pressão intrabdominal atinge 
níveis desejados de 10 a 12 mmHg. A velocidade inicial de insuflação é de um litro 
por minuto de CO2 e pode atingir dois litros por minuto quando o abdômen já está 
distendido A insuflação gradativa da cavidade abdominal evita embolia gasosa e 
reduz a dor no ombro no pós-operatório. 
O segundo trocarte, também de 10 mm é colocado à distância de 4 a 5 cm do 
apêndice xifoide e à direita do ligamento falciforme, sob visão direta. 
Dentre os demais trocarteres de 5 mm, o primeiro é introduzido no nível da linha 
médioclavicular, abaixo do rebordo costal e o seguinte no nível da linha axilar anterior, 
na altura da cicatriz umbilical 
Figura 1: incisões laparoscopia 
 
Fonte: https://www.drdanielpsantana.com.br/cvl-urgencia 
O posicionamento cirúrgico do paciente é procedimento importante na 
assistência de enfermagem no período perioperatório. O principal objetivo do 
procedimento é promover a ótima exposição do sítio cirúrgico e, ao mesmo tempo, a 
prevenção de complicações, decorrentes do posicionamento cirúrgico. Para tal, é 
essencial o trabalho em equipe e a utilização de dispositivos e equipamentos de 
posicionamento específicos para cada paciente. O enfermeiro compartilha com a 
equipe (cirurgião, anestesista e pessoal de enfermagem) a decisão do melhor 
posicionamento do paciente para facilitar as atividades durante o ato anestésico-
cirúrgico. No caso do cliente do relato e da maioria das pessoas que se submetem à 
laparoscopia, o posicionamento foi decúbito dorsal. 
Sobre a anestesia, a utilizada foi a geral balanceada. Os objetivos clássicos da 
anestesiologia são a obtenção de inconsciência, analgesia, relaxamento muscular e 
equilíbrio neuro-humoral. A anestesia venosa balanceada é uma técnica de anestesia 
geral, a mais utilizada pelos profissionais. Nela, são utilizados gases anestésicos 
inalatórios através do sistema de ventilação, permitindo que o agente seja 
transportado do alvéolo para o cérebro, à medida que se estabelece um gradiente de 
concentração entre essas duas estruturas. Associa os hipnóticos endovenosos para 
indução anestésica e os opioides para analgesia. A manutenção anestésica se faz 
pelo agente inalatório, dentre eles o sevoflurano, isoflurano, halotano, desflurano, 
cada um deles com maior ou menor propriedade analgésica e hipnótica, exigindo 
muitas vezes complementação intravenosa de uma ou outra. 
O enfermeiro é o profissional responsável para que todo esse processo da 
cirurgia dê certo. Ele é encarregado do planejamento e implementação de 
intervenções de enfermagem que minimizam ou possibilitam a prevenção de 
complicações decorrentes do procedimento anestésico-cirúrgico, visando a 
segurança, conforto e a individualidade do paciente. 
O Centro Cirúrgico é constituído de um conjunto de áreas e instalações que 
permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente, e 
de conforto para a equipe que o assiste. É uma área crítica, considerado um ambiente 
com um potencial risco de infecção hospitalare realizado procedimentos de risco. 
Neste setor, o enfermeiro é responsável por acompanhar o paciente desde sua 
entrada no bloco até em todo seu período Peri operatório, focando atender todas as 
necessidades ao cliente. 
Em se tratando do desenvolvimento de atividades relacionadas ao período 
peri-operatório, o enfermeiro atua nas três fases: pré, intra e pós-operatório. Embora 
todas sejam importantes devido as suas particularidades, a fase pré-operatória ainda 
deve ser destacada, visto que é o momento de mais vulnerabilidade para o paciente. 
Essa tem como intuito garantir que se entenda o tratamento anestésico cirúrgico, além 
de promover os materiais e recursos humanos para ação anestésica cirúrgica e 
minimizar os riscos decorrentes do uso de equipamentos e da ambiência do Centro 
Cirúrgico, através da utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem 
Peri-operatória (SEAP) 
A SAEP é um processo sistêmico e contínuo privativo do enfermeiro que tem 
como objetivo a promoção, recuperação, cuidado individualizado, humanizado e a 
prevenção de complicações pós-operatórias ao paciente. Essa assistência é baseada 
em conhecimentos técnicos e científicos pertencentes à profissão, o que visa 
promover resultados positivos [2]. 
Referente à atuação gerencial do enfermeiro no CC, por sua vez, irá atuar 
como gerente em questões assistenciais, burocráticas e organizacionais, além de 
coordenar a equipe e proporcionar para o paciente e seus familiares um cuidado 
indireto. O objetivo é proporcionar uma assistência de enfermagem com qualidade, 
assim como o funcionamento correto da instituição. Entre as atividades executadas 
por esse profissional destacam-se: o exercício da liderança no ambiente de trabalho, 
capacitação da equipe, gerenciamento dos materiais, avaliação e coordenação da 
execução do cuidado, planejamento da assistência, entre outros 
O enfermeiro é habilitado a presidir todas as etapas do ato anestésico-
cirúrgico, ou seja, ele acompanhará o paciente em todo o período peri-operatório, 
assim como irá priorizar atender as necessidades do paciente. A depender da 
organização estrutural perfilhada existe o enfermeiro coordenador quanto enfermeiro 
assistencial [4]. 
Logo, mediante as suas atribuições, o papel do enfermeiro no CC tem se 
tornado cada vez mais indispensável, tendo em vista que suas atividades enquanto 
líder/coordenador tem papel primordial para a convivência harmoniosa entre a equipe, 
assim como provedor da ponte que faz união com todo o sistema. Para o desempenho 
eficaz de suas atribuições, faz-se necessária colaboração dos profissionais que 
compõem a equipe, sejam eles do setor de administração ou assistência. Abaixo, um 
quadro geral das atribuições do enfermeiro no Centro Cirúrgico. 
Quadro 1: atribuições assistenciais do enfermeiro no CC 
 
Fonte: SOBEC, 2013 
Quadro 2: atribuições do enfermeiro coordenador no Centro Cirúrgico 
 
Fonte: SOBEC, 2013 
 
3. Conclusão 
A colelitíase é um achado comum, e tem como tratamento, em sua maioria, a 
cirurgia de colecistectomia, que é a retirada da vesícula biliar. Com os avanços da 
medicina, essa cirurgia passou de laparotomia, aberta, a laparoscopia, com pequenas 
incisões no abdome. 
O enfermeiro responsável pelo centro cirúrgico é encarregado do planejamento 
e implementação de intervenções de enfermagem que minimizam ou possibilitam a 
prevenção de complicações decorrentes do procedimento anestésico-cirúrgico. 
Também é responsável por prover e prever materiais, organizar a equipe e tomar 
decisões. 
Portanto, conclui-se que mesmo sendo um procedimento com mais vantagens 
que a cirurgia aberta, cuidados ainda devem ser tomados para garantir uma cirurgia 
segura e uma boa recuperação, e o enfermeiro tem importante papel nesta etapa. 
 
4. Referências: 
 
FREITAS, N.Q. et al. O Papel Do Enfermeiro No Centro Cirúrgico Na Perspectiva De 
Acadêmicas De Enfermagem. Revista Contexto & Saúde, Ijuí, v.10, n.20, 2011. 
LEMOS, L.N.; TAVARES, R.M.F.; DONADELLI, C.A.M. Perfil epidemiológico de 
pacientes com colelitíase atendidos em um 
Ambulatório de cirurgia. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v.28, 2019. 
LOPES, C.M.M.; GALVÃO, C.M. Surgical Positioning: Evidence for Nursing Care. 
Revista Latino-Americana de Enfermagem, v.18, n.2, 2010. 
 
MESQUITA, A.R.M.; IGLESIAS, A.C. Fatores de risco para morbimortalidade em 
colecistectomia videolaparoscópica eletiva em idosos. Revista do Colégio Brasileiro 
de Cirurgiões, v.45, n.6, 2018. 
SALES, L.A.S. et al. Colecistectomia Laparoscópica Suprapúbica: Técnica e 
resultados Preliminares. ABCD Arq Bras Cir Dig, v.27, n.1, 2014. 
SANTOS, J.S. et al. Colecistectomia: Aspectos Técnicos e Indicações para o 
Tratamento da Litíase Biliar e das Neoplasias. Medicina, Ribeirão Preto, v.41, n.4, 
2008. 
SOBRAL, G.A.S. et al. Atribuições do enfermeiro no Centro Cirúrgico. Enfermagem 
Brasil, v.18, n.4, 2019. 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO, 
RECUPERAÇÃO, ANESTESIA, CENTRO DE MATERIAL E ESTERELIZAÇÃO - 
SOBECC. 6 ed. São Paulo: Manole; 2013 
TAKI-ELDIN A, BADAWY AE. Resultados da colecistectomia laparoscópica em 
pacientes com doença biliar em um hospital de nível secundário. ABCD Arq Bras Cir 
Dig, v.31, n.1, 2018. 
VERAS, F.C.; HECK, J.R. Considerações sobre anestesia venosa total e balanceada. 
Acta méd., Porto Alegre, v.33, n.1, 2012.

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