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DIREITO CONSTITUCIONAL 1.Otávio Nunes RELATÓRIO ‘ENCONTRO EM FAMÍLIA’ HERANÇA DIGITAL E PARTILHA DOS BENS NO DIVÓRCIO E NA DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL. A primeira palestra, discorrida pela advogada e mestra em direito, doutora Cíntia Burille, trouxe uma exposição sobre a herança digital e os atuais conceitos de bens digitais e seu respectivo entendimento jurídico e doutrinário, bem como diversas classificações dos bens digitais. Primeiramente, ela traz o conceito de herança digital além do direito sucessório, compreendendo que é, na realidade, um grande ‘guarda-chuva’ que cobre, além do direito sucessório, o direito constitucional, tributário, civil, dentre outros; por sua competência estar fragmentada em diferentes âmbitos de direitos tanto individuais quanto coletivos. A advogada ressaltou a urgência de uma legislação específica que defina diversos critérios oriundos dos bens que compreendem a herança digital, desde o reflexo tributário da sucessão desses bens, o limite dos direitos personalíssimos na tutela post mortem e possíveis reflexos nos direitos principalmente de privacidade, tanto individual – da pessoa falecida – quanto de terceiros. Em segundo plano, temos a divisão e classificação de bens digitais em três naturezas, que podem ser patrimoniais, existenciais ou personalíssimos e patrimoniais e existenciais. Os bens de natureza patrimonial são aqueles que detém valor econômico e que são passíveis de transmissão sucessória após a morte do usuário-titular, temos como exemplos de bens incorpóreos de caráter patrimonial as criptomoedas e milhas aéreas adquiridas onerosamente. Bens existenciais ou personalíssimos, são bens atrelados a um caráter personalíssimo, mesmo que a personalidade civil termine com a morte, entende-se que estes bens estão relacionados a natureza existencial do indivíduo e não seriam objeto sucessório, desde que não integrem valor econômico, temos como exemplo as contas de redes sociais como Facebook, Instagram, WhatsApp, e milhas aéreas que não forem adquiridas por pecúnia. Já os bens simultaneamente patrimoniais e existenciais, denominados híbridos, são aqueles que mesmo possuindo um certo caráter personalíssimo, tem finalidade econômica; como contas profissionais no Facebook, Instagram e outras redes sociais. Destarte, a doutrina traz duas grandes e antagônicas competências jurídicas de bens no quesito de heranças digitais, tendo em uma a universalidade sucessória de bens virtuais, não obstante de sua integração personalíssima, constitucionalmente assegurada pelos direitos de privacidade e intimidade, integrando todos os bens virtuais, incluindo o conteúdo de mensagens privadas. A segunda doutrina, enfaticamente compreendida pelos tribunais superiores como mais adequada, na ótica dos fatos jurisprudenciais mais recentes e expostos pela doutora Cíntia em sua excelente mostra, traz as três divisões supra citadas de bens digitais e resguarda os bens de natureza existencial, partindo da sua compreensão personalíssima e alegando que sua comunicação post mortem é inadequada por seu caráter e finalidade serem individuais e não onerosos; sendo passiveis do regime sucessório apenas os bens com finalidade econômica, ou seja, os patrimoniais e híbridos. A segunda palestra, ministrada pelo advogado, mestre em direito, doutor em serviços sociais, pós-doutor em direito e ex-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAN, doutor Conrado Paulino da Rosa, traz um panorama didático sobre os pontos mais negligenciados por parte majoritária das pessoas, o regime de união civil, com ênfase na partilha dos bens no divórcio e na dissolução de união estável. Primeiramente, ele introduz sua palestra de forma lúdica e traz certos fatos importantes, como o lembrete de que a divisão dos bens inter vivos é diferente do regime sucessório que enseja determinado pacto jurídico de união civil e ressalta que a união estável é uma condição jurídica que independe de registro, desde que cumpra os requisitos legais para sua existência, e salienta a importância de pactuar essa união por vias de fato jurídicas, a fim de prevenção e segurança patrimonial e mental de suas partes. Assim, o doutor apresenta que, seja em vida ou na morte, toda união civil terá seu fim e a compreensão deste fato faz necessário compreender os possíveis reflexos patrimoniais que ensejam seu final, independentemente de qual o seja. O casamento com regime de comunhão parcial de bens, comunica apenas os bens adquiridos onerosamente por um ou pelos dois durante a constância do casamento ou união estável não se comunicando bens provenientes de doação ou herança; via de regra, a união estável adquire este regime de bens e, não havendo escolha expressa dos nubentes, este será o regime de bens tanto no casamento quanto na união estável. Ademais, ao tratar de bens onerosos, deve-se destacar que o saldo do FGTS e previdência privada constituem esta qualidade de bens, sendo partilhados em caso de separação ou dissolução de união estável, bem como as melhorias onerosas em determinados bens; e na morte, o cônjuge sobrevivente entra na partilha de bens com o restante dos herdeiros, se assim os tiver. É importante ressaltar que é possível a modulação do regime de bens, a critério das partes. A comunhão universal de bens, por sua vez, comunica todos os bens adquiridos antes e durante a constância do casamento, inclusive as dívidas, independentemente de qualquer distinção, se comunicam bens adquiridos onerosamente, por doação, herança; na morte a viúva terá a metade dos bens a titulo de meação e não de herança. Por fim, o regime de separação total de bens, seja convencional ou obrigatório/legal, que é o oposto da comunhão universal de bens, não se comunicando nenhum bem, nem mesmo os adquiridos durante a constância do casamento. Post mortem, no regime de separação convencional, o cônjuge sobrevivente entra na partilha dos bens particulares do falecido; na separação obrigatória ou legal – nubente septuagenário –, o viúvo não tem direito a participar da herança dos bens particulares, somente dos bens comuns.
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