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HIPERPROLACTINEMIA Definição A PRL é um hormônio polipeptídio secretado pela adenohipófise. Sua secreção é controlada por meio da constante inibição exercida pela dopamina. Há um fator estimulador da secreção de PRL, que é o TRH – fator liberador do hormônio tireotrófico. A ação da PRL difere na gestante e na não gestante. Durante a gestação, seus níveis crescem constantemente até o termo, mas não ocorre lactação, devido à inibição exercida pelos estrogênios nos receptores mamários de PRL. Quando ocorre a dequitação, saída da placenta, há a liberação da ação da PRL na mama, permitindo a lactação. Na não gestante, a hiperprolactinemia pode inibir a secreção pulsátil do GnRH. Dessa forma, ocorre bloqueio do eixo do ciclo menstrual, e a paciente entra em hipogonadismo hipogonadotrófico. Apresentação clínica Os sinais e sintomas da hiperprolactinemia são: 1. Galactorreia: ação direta do aumento de PRL na mama; 2. Amenorreia: bloqueio do eixo; 3. Infertilidade: não ocorrência de ovulação; 4. Distúrbios visuais: se a etiologia for tumoral, há aumento da hipófise e compressão do quiasma óptico, levando a hemianopsia bitemporal. Pode ocorrer nos macroadenomas – tumores maiores, de 1 cm; 5. Sinais de hipoestrogenismo; 6. Diminuição da libido. Etiologia Uso de medicamentos Medicamentos e fitoterápicos associados à hiperprolactinemia: 1. Antidepressivos: a. Alprazolam (Frontal®, Alfron®, Apraz®, Tranquinal®, Zoldac®, Teufron®, Frontal XR®, Frontal SL®, Tranquinal SLG®); b. Buspirona (Ansitec®); c. Inibidores da monoaminoxidase; d. Inibidores da receptação da serotonina. 2. Antidepressivos tricíclicos (ADTs; imipramina, desipramina, amitriptilina, nortriptilina, clomipramina); 3. Metoclopramida (Plasil®, Aristopramida®, Hyposil®, Metrofarma®, Noprosil®, Novosil®, Plabel®, Plagex®, Plavom®, Vomistop®, Metoclosantisa®, FURP- Metoclopramida®). 4. Octreotida (Sandostatin®, Sandostatin LAR®, Octride®); 5. Sumatriptana (Imigran®, Sumax®, Sutriptan®); 6. Anti-hipertensivos: a. Atenolol (Ablok®, Atepress®, Atenobal®, Angipress®, Areblaz®, Himaagin®); b. Metildopa (Aldomet®, Tensioval®, FUNED Metildopa®, FURP Metildopa®); c. Verapamil (Dilacoron®, Vasoton®). 7. Ranitidina; 8. Hormonais: a. Estrogênio + medroxiprogesterona (Depomês®, Cyclofemina®); b. Medroxiprogesterona injetável (Provera®, Demedrox®, Depo provera®, Contracep®); c. Contraceptivo hormonal combinado. 9. Alguns fitoterápicos; 10. Antipsicóticos; 11. Clorpromazina; 12. Reserpina; 13. Ciclobenzaprina; 14. Danazol; 15. Domperidona; 16. Isoniazida; 17. Ácido valproico; 18. Opioide; 19. Haloperidol; 20. Veraliprida; 21. Alfametildopa; 22. Estrogênios; 23. Progestogênios; 24. Opiáceos; 25. TRH; 26. Cocaína. Tumores No adenoma de hipófise – prolactinoma –, os microadenomas são tumores hipofisários menores, de 1 cm, e os macroadenomas, tumores de 1 cm ou mais. São tumores de comportamento benigno. Ambos podem ser secretores de PRL. Suspeita-se de adenomas quando a dosagem de PRL está acima de 100 ng/dL. Alterações fisiológicas Alterações fisiológicas do sono e do exercício físico, gravidez, lactação, situações de estresse, coito e manipulação mamária. Doenças endócrinas Hipotireoidismo, hiperplasia adrenal e insuficiência hepática. Alterações da parede torácica Mastectomia, herpes-zóster, mastoplastia e traumas, principalmente queimaduras. Diagnóstico A hipótese de hiperprolactinemia deve ser investigada sempre que a paciente apresenta queixa de alteração menstrual, principalmente se tende à oligomenorreia – menstruações infrequentes – ou mesmo amenorreia e, também, galactorreia e infertilidade. Inicia-se com anamnese completa, afastando-se outras possibilidades, como o uso de medicações e gestação atual. Devem-se, também, pesquisar doenças que possam explicar as manifestações apresentadas, como hipotireoidismo. O roteiro diagnóstico compreende dosagem de PRL. 1. Se PRL < 25 mg/mL: normal; 2. Se PRL > 100 mg/mL: provável etiologia tumoral que deverá ser investigada mais profundamente com radiografia de sela túrcica, TC de crânio e RNM – melhor exame; 3. Se PRL entre 25 e 100 mg/mL: procurar causas diversas, desde uso de medicamentos ou hipotireoidismo. Tratamento O tratamento está indicado para sintomáticas ou pacientes com tumor de hipófise de grande extensão – macroadenoma hipofisário. Já as pacientes com microadenomas de hipófise assintomáticos não têm indicação de tratamento, mas deve-se realizar acompanhamento clínico. Quando há indicação, o tratamento pode ser clínico, cirúrgico ou radioterápico: 1. Clínico: o mais indicado inicialmente, com boa resposta terapêutica na maioria dos casos. As drogas mais utilizadas são a bromocriptina, com posologia diária e efeitos colaterais como tontura, cefaleia, náuseas, depressão, alucinações, hipotensão ortostática; e a cabergolina, com posologia semanal e menor incidência de efeitos colaterais; 2. Cirúrgico: ressecção transesfenoidal seletiva, reservada aos casos de tumor de hipófise extenso – macroadenoma – refratário ao tratamento clínico, ou a pacientes com intolerância à medicação. Pode trazer complicações, como meningite, diabetes insipidus, fístulas liquóricas e pan-hipopituitarismo; 3. Radioterapia: reservada aos casos de recidiva de tumores após ressecção cirúrgica, para tentar reduzir tumores irressecáveis refratários à medicação e para os casos de tumores mistos. Seus resultados são menos eficientes do que o tratamento cirúrgico, com resposta lenta e insatisfatória na maioria dos casos. Comparação para o diagnóstico dos diversos transtornos menstruais e diagnósticos diferenciais: 1. Hipotireoidismo: dosar TSH; 2. Hiperprolactinemia: dosar PRL e pesquisar macroprolactinoma; 3. Hiperplasia adrenal congênita de início tardio: dosar 17- hidroxiprogesterona; 4. Tumor ovariano/hipertecose: dosar testosterona total; 5. Tumor de adrenal: dosar S-DHEA; 6. Síndrome de Cushing: dosar fração livre do cortisol urinário e teste da supressão do cortisol. QUESTÃO 1: Quais os níveis séricos de prolactina para suspeitar de tumor hipofisário? Hiperprolactinemia é uma condição clínica que cursa com elevação dos níveis de prolactina. Pode ser causada por gravidez/lactação, medicamentos, hipotireoidismo, estresse, exercício físico, anorexia ou tumores hipofisários. Quando a prolactina sérica for de 100 mg/mL ou mais deve-se excluir tumor hipofisário como causa da hiperprolactinemia.
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