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WBA0136_v2.0 SEGURIDADE SOCIAL: A POLÍTICA DE SAÚDE E O SUS APRENDIZAGEM EM FOCO 2 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Autoria: Wéllia Pimentel Santos Leitura crítica: Flaviana Aparecida de Mello Caro aluno: Para compreender as inúmeras possibilidades que a temática Seguridade social: a política de saúde e o SUS nos permite pensar, é necessário, primeiro, que compreendamos bem o conceito de saúde. Toda vez que falamos em saúde é recorrente pensarmos o tema como ausência de doença, todavia, ter saúde não é estar livre de alguma doença, infecção ou alguma dor, mas desfrutar de um bem-estar físico e psicológico. Portanto, podemos considerá- la não como doença, mas como gozo das plenas atividades humanas. Neste sentido, as políticas de saúde estão diretamente relacionadas à questão do planejamento do setor público, e a qualidade deste planejamento e sua efetivação estão diretamente relacionadas com a qualidade das nossas vidas. De tal modo, no primeiro capítulo deste Caderno, apresentaremos os aspectos conceituais e históricos da política de saúde no Brasil e o Sistema Único de Saúde (SUS). Em seguida, trataremos das questões mais específicas dos princípios e diretrizes do SUS, norteadores de todas as ações dos serviços de saúde, discutiremos sobre a gestão deste sistema, as garantias constitucionais estabelecidas pelas legislações vigentes, além dos níveis de atenção à saúde: primário, secundário e terciário, compreendendo seus limites de resolubilidade. Já no terceiro capítulo, veremos a importância do planejamento e orçamento para a organização dos serviços de saúde, 3 conheceremos as fontes que financiam as ações do SUS, a gestão de seus recursos, além da importância da participação popular e do controle social no SUS, diferenciando os conceitos de conferências e conselhos de saúde. Para finalizar o Caderno, propomos a compreensão da importância da descentralização e municipalização do SUS, de modo a entender o diálogo existente entre descentralizar e regionalizar as ações em saúde, refletiremos sobre o Pacto pela Saúde enquanto um compromisso pela saúde da população brasileira, sua trajetória histórica, além de evidenciarmos as principais prioridades do Pacto pela Vida, Pacto em defesa do SUS e Pacto de gestão do SUS e os compromissos que eles representam. INTRODUÇÃO Olá, aluno (a)! A Aprendizagem em Foco visa destacar, de maneira direta e assertiva, os principais conceitos inerentes à temática abordada na disciplina. Além disso, também pretende provocar reflexões que estimulem a aplicação da teoria na prática profissional. Vem conosco! TEMA 1 Os aspectos conceituais e históricos da política de saúde no Brasil e o Sistema Único de Saúde (SUS) ______________________________________________________________ Autoria: Wéllia Pimentel Santos Leitura crítica: Flaviana Aparecida de Mello 5 DIRETO AO PONTO Desde o período do Brasil Colônia enfrentamos vários problemas de saúde coletiva, como as epidemias ou os surtos de varíola, tendo sido erradicadas, conforme Baptista (2007), somente na década de 1980; a peste bubônica, a febre amarela etc. Muitos desses problemas ocasionados pela nossa constituição geográfica. As formações médicas no período colonial ocorriam na Europa e quando estes profissionais regressavam ao Brasil, o foco do atendimento era destinado às elites da época que podiam custeá-los. Já as classes empobrecidas lidavam com a doença como podiam, recorrendo assim aos barbeiros, curandeiros, benzedeiros, pajés, boticários etc. A família real portuguesa, ao chegar ao Rio de Janeiro, em 1808, encontra uma cidade em precárias condições de saneamento, sem cultura de higiene, suja, comprimida, cujas construções eram incapazes de refletir o que muitos dos países ocidentais já vivenciavam no que tange ao enfrentamento das epidemias, em especial aquelas que já estavam sendo estudadas há séculos, e tudo isso era ainda ignorado pelo Brasil. Dom João VI cria então a primeira faculdade de medicina na cidade de Salvador, sendo posteriormente criado um centro de estudos na cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido, passa a haver um combate ainda que muito ínfimo a esse quadro de saúde coletiva. Com a passagem do Império para a República, as ações de saúde pública ainda não terão grandes revoluções. Por sua vez, neste começo do século XX, as epidemias ainda estavam em alta no Brasil, em especial nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Doenças como febre amarela, peste negra, varíola, dentre outras, desenvolvem-se no Brasil, ocasionando graves problemas sociais. 6 Oswaldo Cruz foi um importante cientista brasileiro, dentre tantos outros, dedicado ao enfrentamento das questões de saúde pública, trazendo propostas de melhorias para que lidar com essas epidemias. As ações eram focadas nas condições de moradia da população, na intervenção do governo junto à liberação das construções, ainda no estudo sobre vacinas e práticas de higiene. Com o decorrer do tempo, o investimento em ações destinadas à saúde pública começa a se fazer mais urgente, e neste espectro, tais ações ainda são muito pequenas, ínfimas. Chegando ao período de Getúlio Vargas, vamos perceber que ainda haverá pouco investimento em saúde pública, pautado pela intensificação das lutas dos trabalhadores pelo seu direito à assistência médica. O regime militar também é caracterizado pelo baixo investimento nas questões de saúde, pela terceirização do cuidado da saúde. Inclusive, ao observar o período de 1980, mais próximo à instauração do SUS, é possível perceber que o indivíduo só tinha acesso ao sistema público de saúde se você fosse empregado com carteira de trabalho. Pessoas autônomas, por exemplo, não dispunham de acesso ao sistema público de saúde, sendo disponibilizado a estes as clínicas privadas existentes no Brasil desde aproximadamente 1820, e que, no entanto, eram muito onerosas. Neste sentido, para entender a questão de saúde pública antes da Constituição de 1988, ou antes da criação do SUS, é imprescindível a contextualização do cenário político-econômico de cada período histórico, o perfil epidemiológico, ou seja, as doenças mais prevalentes, as causas das mortes das pessoas, o surgimento de novas doenças, pois todos esses fatores irão corroborar para uma proposta do setor saúde. 7 Figura 1 – Organização do setor saúde antes da Constituição de 1988 Fonte: elaborada pela autora. A Figura 1 evidencia que para se entender a organização da saúde brasileira, antes da CF de 1988, é preciso considerar os aspectos relacionados ao perfil epidemiológico da população e seu o cenário político e econômico. De tal modo, o objeto de aprendizagem destina-se a esclarecer aspectos importantes sobre a cronologia das políticas de saúde a partir do Brasil Colônia, perpassando pela chegada da corte portuguesa ao Brasil, fase chamada Brasil República, até o processo de transição democrática, com a importância da VIII Conferência Nacional de Saúde, e instauração da nova Constituição Federal de 1988, fruto do debate de muitas pessoas 8 pela garantia de direitos sociais. Vale destacar o art. 197 da CF (1988), que prevê que a saúde seja universal e pública ao povo brasileiro. Deste modo o SUS, apesar de suas diversas fragilidades, foi criado para atender as demandas de saúde de toda a população brasileira. Referências bibliográficas BAPTISTA, T. W.s de F. História das Políticas de Saúde no Brasil: a trajetória do direito à saúde. Fiocruz e Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, 2007. PARA SABER MAIS Prezado discente, você sabia como se dava o trato com doenças transmissíveis como a lepra (ou hanseníase) na fase do Brasil colonial? É sabido que o Brasil, no início do século XIX, lidou com um cenário no qual muitas pessoas sofriam com as doenças trazidas pelos europeus. As patologias eram das mais variadas e o sistema imunológico destas pessoas não estava preparado para lidar com a diversidadede vírus e bactérias que por aqui circulavam. Isso fazia com que pessoas com doenças como leishmaniose, esquistossomose, bócio endêmico, febre amarela procurassem pela ajuda de pajés, curandeiros e boticários. Quando a família real portuguesa chegou ao Brasil, encontrou uma prática bem comum, conhecida como ‘artes de curar’, ou seja, saberes populares advindos dos escravos dos indígenas. Importa salientar que no século XIX havia uma representação de que o homem que vivia por estas terras era protegido pelas matas, pelas águas dos rios, pelas florestas, o que fazia com que fossem 9 imunes às doenças. No entanto, a partir do momento em que passou a ocorrer a destruição das matas, para abertura de novas estradas de ferro, as doenças começaram a se alastrar pelo país. No caso da lepra, um estudo realizado por Santos e Menezes (2008) descreve o cenário de estigma e preconceito ao sofrimento humano ocorrido neste período com os portadores da doença. Nas palavras dos autores “o estigma era inevitável, pois às deformações “medonhas” acrescia a marca infamante da origem escrava” (SANTOS; MENEZES, 2008, p. 168). Quando alguém era contaminado pela doença, era retirado do convívio social e mantido isolado em instituições de lazareto ou em colônias agrícolas. No entanto, esse isolamento não necessariamente se dava para que a pessoa fosse curada da doença, mas apenas para que ela não contaminasse os outros. Referências bibliográficas SANTOS, L. A. C.; MENEZES, R. F. Contrapontos da história da hanseníase no Brasil: cenários de estigma e confinamento. Rev. Bras. Est. Pop., São Paulo, v. 25, n. 1, p. 167-190, jan./jun. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/rbepop/v25n1/v25n1a10. pdf. Acesso em: 27 jul. 202. TEORIA EM PRÁTICA A assistente social Luciana trabalha na secretaria de saúde de um município de pequeno porte no interior do estado de São Paulo. Num dia usual de atendimento, Luciana recebeu a queixa de um usuário relatando ter sido cobrado de um médico oncologista para realização de um procedimento pós-operatório pelo SUS. 10 Lorem ipsum dolor sit amet Autoria: Nome do autor da disciplina Leitura crítica: Nome do autor da disciplina O usuário alega que pelo fato de possuir um plano de saúde foi tratado com descaso pelos profissionais da unidade básica pelo fato de ser conhecido na região. Como sabemos, a universalização do atendimento pelo Sistema Único de Saúde é uma garantia constitucional, debatida antes mesmo da sua concretização pela legislação, desde o processo de transição democrática, a partir dos anos de 1980 com o enfraquecimento do regime militar e após ter sido uma demanda ratificada pela VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986, porém a atuação do médico vai de encontro com os princípios das políticas de saúde. Como você, na situação desta assistente social, atuaria mediante este caso? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este livro se propõe a discutir sobre os saberes dos nativos dos séculos XVI e XVII. Sugere-se assim a leitura dos capítulos 2 e 3 do livro, que tratam das práticas médicas utilizadas recorrentemente pelos pajés e curandeiros da época, além das medicinas dos colonizadores e seus descendentes. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. Indicações de leitura 11 GURGEL, C. Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. São Paulo: Contexto, 2010. Indicação 2 Este livro apresenta um panorama geral das políticas de saúde no Brasil, desde as primeiras práticas voltadas à saúde da população no Brasil até o cenário contextual do Sistema de Único de Saúde, os determinantes e condicionantes da saúde. Sugere-se a leitura dos capítulos 1 e 2, que tratam das práticas de saúde no Brasil Colônia, perpassando pela República Velha, Era Vargas, Golpe Militar, até o período de transição democrática e instauração do Sistema Único de Saúde. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. BASSINELLO, G. (org). Saúde coletiva. São Paulo: Biblioteca Universitária Pearson, 2014. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, 12 além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Durante a colonização brasileira tivemos um período de exploração, com a vinda de europeus que entraram em contato com a população nativa. Consequentemente, entre o período de 1500 até a República Velha (1889) tivemos no Brasil o predomínio de ______________. a. Doenças pestilenciais. b. Doenças sexualmente transmissíveis. c. Doenças pulmonares. d. Doenças crônicas. e. Doenças hipertensivas. 2. O Brasil no período de colonização se pautava pelo modelo de exportação, com a predominância de uma economia agrário-extrativista. Isso fazia com que as doenças se instalassem nas cidades, sendo alastradas também para outros países. Nesse sentido, a respeito das ofertas de serviço de saúde neste período, assinale a alternativa correta: a. Modelo de atenção básica à saúde. b. Práticas integrativas e complementares. c. Vigilância epidemiológica à comunidade. d. Boticários, curandeiros e medicina liberal. e. Atendimento público de baixa complexidade. 13 GABARITO Questão 1 - Resposta A Resolução: A alternativa correta é “Doenças pestilenciais”, tendo em vista que durante o período de 1500 até a República (1889) o predomínio foi de doenças pestilenciais ou as doenças de fácil transmissão. Isso ocorreu devido à falta de saneamento básico e também pelos aglomerados urbanos. Naquele momento não havia um maior conhecimento sobre a ocorrência das doenças, e em consequência disso, na ocorrência das epidemias, a população era dizimada. Questão 2 - Resposta D Resolução: A resposta correta é “Boticários, curandeiros e medicina liberal”, pois entre o período de 1500 a 1888 não havia no Brasil um modelo de saúde, mas sim algumas ofertas pontuais para a saúde da população, as quais ocorriam por meio dos boticários, que preparavam alguns medicamentos para comercialização; os saberes curativos dos indígenas e dos jesuítas; a medicina liberal, pela qual só tinha acesso aqueles que dispunham de condições financeiras para arcar. TEMA 2 Princípios, diretrizes e a gestão do Sistema Único de Saúde ______________________________________________________________ Autoria: Wéllia Pimentel Santos Leitura crítica: Flaviana Aparecida Mello 15 DIRETO AO PONTO O SUS, um dos maiores sistemas de saúde de acesso universal do mundo, tendo sido desde a sua implantação defendido e debatido entre seus usuários, trabalhadores e gestores. Deste modo, a fim de garantir o direito à saúde da população brasileira, o SUS possui diversos princípios subdivididos entre princípios doutrinários e organizativos. Entre os princípios doutrinários temos o princípio da universalização, o que implica no acesso universal para todos, entendido como um direito de cidadania de todas as pessoas, sendo responsabilidade do Estado assegurar esse direito. Temos também outro princípio doutrinário do SUS ao qual não está disposto na legislação - o princípio da equidade. Deste modo, quando falamos em tratar a todos de forma igualitária, a doutrina percebe que nem todos são iguais, pois temos necessidades diferentes. A equidade objetiva diminuir as desigualdades com base no caso real, logo, ela tem como propósito tratar desigualmente os desiguais. Outro princípio doutrinário do SUS é a integralidade,que nada mais é do que atender a todas as necessidades das pessoas. Essa integralidade do SUS inclui a promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação (BRASIL, 1990). Já entre os princípios organizativos temos a regionalização e a hierarquização, o que pressupõe que o SUS será organizado por níveis crescentes de complexidade. Pressupõe um comando único, entretanto essa prestação de saúde será regionalizada. Já a hierarquização pressupõe a divisão de níveis de saúde (BRASIL, 1990). 16 Lembrando que dentro da organização dos serviços de saúde nós vamos ter no nível inicial a atenção primária ou atenção básica, depois teremos a atenção em média complexidade e a alta complexidade. O nível primário é a entrada da população junto ao Sistema Único de Saúde, o nível secundário é um nível mais avançado de assistência, com maior complexidade dos casos atendidos. Este nível de assistência conta com clínicas específicas e, por sua vez, quando este nível não for suficiente para o atendimento do paciente, este será encaminhado a um nível mais complexo - o nível terciário, tais como os hospitais, os serviços ambulatoriais ou os serviços de internação. Figura 1 – Atenção à saúde Fonte: elaborada pela autora. A Figura 1 apresenta os níveis de atenção à saúde, sendo subdivididos entre nível primário (baixa complexidade, nível secundário (média complexidade) e nível terciário (alta complexidade). 17 O princípio da hierarquização deverá ser pensado em níveis crescentes, ou seja, a complexidade das ações de saúde vai crescendo de nível para nível, da atenção primária para a média complexidade e, por sua vez, para alta complexidade. E no que tange à regionalização, significa que as ações de saúde serão organizadas em regiões de saúde. Já a descentralização em saúde diz respeito à redistribuição do poder entre as instâncias federativas. E por último, como sistema organizativo, temos também a participação popular ou controle social, que implica que a sociedade deverá participar do dia a dia do sistema de saúde, é por esse motivo que existem alguns conselhos e conferências de saúde (BRASIL, 1990). De tal modo, o objeto de aprendizagem destina-se a esclarecer aspectos importantes sobre os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde, compreender os níveis de atenção à saúde, além de propor reflexões sobre a gestão do SUS com base nas garantias constitucionais estabelecidas pelas legislações vigentes, A esse respeito, importa saber que o SUS possui três esferas de gestão: nacional, estadual e municipal. Cada uma com funções específicas. Além disso, como importante parte da gestão do SUS, é possível citar o Pacto pela Saúde, ou seja, uma gama de reformas institucionais feitas pelo SUS, que foram aprovadas no ano de 2006. Assim, o Pacto pela Saúde busca por inovações nos processos e instrumentos de gestão do SUS de modo a se alcançar uma maior eficiência, uma qualidade das respostas do sistema de saúde. O Pacto pela Saúde trouxe a ideia de realização de prioridades simultaneamente de forma articulada entre os gestores. 18 Referências bibliográficas BRASIL. ABC do SUS: doutrinas e princípios. Brasília: Ministério da Saúde, 1990. Disponível em: http://www.farmacia.alegre.ufes. br/sites/farmacia.alegre.ufes.br/files/field/anexo/abc_do_sus_-_ doutrinas_e_principios.pdf. Acesso em: 16 out. 2020. PARA SABER MAIS Prezado discente, você sabia que temos por meio da Portaria NOB 96/SUS a definição das instâncias de negociação entre os gestores? Essas instâncias definem em que espaço ocorrerá essas negociações entre os gestores das diferentes esferas de gestão. Além disso, define as formas que os gestores municipais se comunicam com os gestores a nível estadual ou federal. Deste modo, a NOB/96 do SUS define que esses espaços são considerados instâncias de negociação entre os gestores da saúde, as quais podem ser subdivididas em Comissão Intergestora Bipartite (CIB) e Comissão Intergestora Tripartite (CIT). Essas instâncias viabilizam a integração e a harmonização entre os gestores. Elas são os fóruns de negociação, de integração dos gestores municipais, estaduais e federais (DAYRELL, 2015). Assim, a CIB, por exemplo, será bipartite por possuir duas esferas de gestão, ou seja, conta-se como participantes os gestores estaduais e municipais. Já na CIT existem três esferas de gestão: municipal, estadual e federal. Por meio dessas instâncias e dos conselhos de saúde tem-se a viabilização da articulação das esferas de gestão. Logo, tem-se na CIB e na CIT a composição dos sistemas municipais de saúde, a pactuação das programações 19 entre os gestores e a integração dessas esferas de governo como um todo (DAYRELL, 2015). Nas reuniões da CIB e da CIT haverá a pactuação, por exemplo, em relação a tetos financeiros oriundos dos recursos das diferentes esferas de gestão. Portanto, toda a parte de negociação que visa prioritariamente viabilizar a atenção à saúde atendendo as necessidades assistenciais da coletividade e também das exigências ambientais. É muito importante que você tenha clara a diferenciação entre a CIB e a CIT dos conselhos de saúde. Como visto, elas são instâncias de negociação entre os gestores. Já os conselhos de saúde, embora também sirvam para que ocorra essa integração entre os gestores, eles na realidade são espaços de participação popular e de controle social, contando com a participação de outros setores como os prestadores de serviços, os profissionais de saúde e a população na gestão do SUS. Referências bibliográficas DAYRELL, L. S. O. Gestão compartilhada do SUS: a importância da pactuação para a efetividade do direito constitucional da saúde. In: Conass: para entender a gestão do SUS, 2015. Disponível em: https://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/colecao2015/CONASS- DIREITO_A_SAUDE-ART_1B.pdf. Acesso em: 16 out. 2020. TEORIA EM PRÁTICA Juliano é um paciente com diagnóstico de HIV, sendo acompanhado frequentemente pela equipe do serviço de atendimento a pessoas com HIV e ISTs – infecções sexualmente 20 transmissíveis, e de modo complementar pela ESF de um município de médio porte. No entanto, em 12 anos de tratamento é a primeira vez que Juliano passa por uma situação de falta de kits para realização de seu exame. Juliano procura então pela assistente social da secretaria de saúde de seu município e relata sua situação. Ele descreve que seu exame de carga viral deveria ter sido realizado há quatro meses, no entanto, os técnicos que o atenderam no posto de saúde que realiza o seu acompanhamento dizem que há falta do kit utilizado no processo. Juliano se mostra extremamente preocupado em não conseguir realizar o exame e relata que sem ele sua doença estará sem o devido controle. Como lhe foi explicado pelos médicos que o acompanham, a doença em si não mata o indivíduo, mas oportuniza o contágio de muitas doenças, e o exame de carga viral é que indicará se o tratamento funciona ou não, devendo ser feito a cada três meses. Assim, todas as pessoas com HIV precisam fazer esse controle para garantir sua saúde. No entanto, conforme explica Juliano, em maio do corrente ano, os técnicos da ESF que acompanham o seu caso lhe explicaram que a secretaria municipal iniciou um racionamento nos kits para os exames de carga viral, priorizando as gestantes e as crianças, mas os técnicos do posto garantiram a ele que em breve sua situação seria regularizada. Frequentemente o usuário tem retornado ao posto e é atendido por técnicos que dizem que os estoques estão reservados apenas aos pacientes com quadros de saúde mais instáveis. Como você, na situação desta assistente social, atuaria mediante este caso? 21 Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo se propõe a uma reflexão crítica sobre os princípios e diretrizes doSistema Único de Saúde, mais especificamente sobre o princípio da integralidade relacionado à vigilância sanitária, demonstrando a necessidade de que sejam adotadas práticas de saúde seguras, éticas, resolutivas com vistas à integralidade da atenção à saúde. Para realizar a leitura, pesquise pelo artigo na internet. O’DWYER, G. et al. Integralidade: uma diretriz do SUS para a vigilância sanitária. 2010. Rev. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 15, supl. 3. Rio de Janeiro, nov. 2010. Indicação 2 Este artigo propõe algumas reflexões sobre a gestão da saúde com base na experiência de Sapucaia do Sul (RS). De tal modo, o artigo trata da complexidade das práticas voltadas para a gestão do SUS dando ênfase para a uma articulação com base em cada serviço, numa dimensão micropolítica para então macropolítica a partir do dimensionamento territorial a nível estadual e federal. Indicações de leitura 22 Tudo isso no sentido de favorecer diálogos que sejam mais democráticos na gestão do SUS. Para realizar a leitura, pesquise pelo artigo na internet. BEDIN, D. M. Reflexões acerca da gestão em saúde em um município do Sul do Brasil. 2014. Rev. Saúde e Sociedade, v. 23, n. 4. São Paulo, oct./dec. 2014. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Trata a saúde como direito de cidadania, direito esse expresso na Constituição Federal da República em seu art. 196. Esse princípio também será substituído pelo modelo excludente previdenciário, é ainda consequência direta da ampla discussão do direito à saúde. Estas características referem-se ao princípio da _____________. a. Equidade. b. Integralidade. 23 c. Universalidade. d. Descentralização. e. Participação social. 2. O princípio pode ser considerado algo fundamental, uma regra ou lei, pode ser compreendendo como o início de todas as outras leis. No caso do SUS, este possui diversos princípios. No entanto, por uma questão meramente didática costumamos dividir os princípios essenciais do SUS em dois grandes blocos: Deste modo, a respeito da diferenciação destes princípios do Sistema Único de Saúde, assinale a alternativa correta: a. Princípios gerais e princípios organizativos. b. Princípios doutrinários e princípios de igualdade. c. Princípios doutrinários e princípios organizativos. d. Princípios do direito da pessoa humana e princípios gerais. e. Princípios do respeito à pluralidade e princípios organizativos. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A alternativa correta é a “Princípio da universalidade”, tendo em vista que o SUS foi conquistado pelas pessoas, sendo então o princípio da universalidade fruto da discussão, da luta que as pessoas tiveram por um sistema público de saúde que fosse universal. Isso pressupõe 24 que a saúde deve ser acessível a todos, conforme prevê a CF/1988. Questão 2 - Resposta C Resolução: A resposta correta é “Princípios doutrinários e princípios organizativos”, pois o Sistema Único de Saúde tem vários princípios e diretrizes, porém os principais podem ser subdivididos entre princípios doutrinários, ou seja, aqueles feitos com base na Constituição Federal de 1988, de modo a conduzir as ações dos profissionais de saúde que atuam no SUS, e princípios organizativos, aqueles que falam sobre como o SUS será organizado. TEMA 3 Financiamento e controle social da saúde e protagonismo mediante as Conferências Nacionais de Saúde ______________________________________________________________ Autoria: Wéllia Pimentel Santos Leitura crítica: Flaviana Aparecida Mello 26 DIRETO AO PONTO Há todo um arcabouço teórico que envolve o planejamento e orçamento no SUS. Temos então a Constituição Federal de 1988 como lei maior que irá abarcar este conteúdo, a Lei n. 8.080/90, a Lei n. 8.142/90, além de leis complementares, decretos, portarias e resoluções. De tal modo, o planejamento é ascendente, ou seja, é o município por meiode seus conselhos municipais de saúdeque recolhem a opinião da população para então fazer um planejamento e implementar as políticas públicas de saúde. Já no âmbito estadual serão os conselhos estaduais de saúde e, no âmbito federal, os conselhos nacionais. Assim, o planejamento irá envolver os planos a nível municipal, estadual e federal. O executivo, por sua vez, irá implementar esse plano por meiodas políticas públicas contidas nele e vai monitorar a sua execução por meiodos indicadores que são criados. Além disso, a Lei n. 8.142/90 define como serão realizadas as transferências dos recursos recebidos pelos Estados, municípios e União na gestão do SUS, portanto, como essa verba será transferida entre as diferentes esferas de gestão para que os investimentos na saúde sejam realizados de forma adequada. Por sua vez, o SUS preconiza, com base na da Lei n. 8.142/90, a participação popular e o controle social como uma diretriz que irá ocorrer dentro do SUS.A Lei n. 8.142/90 “dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS”, e“dispõe sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências”. 27 A participação popular na gestão do SUS ocorrerá nas conferências de saúde e nos próprios Conselhos de Saúde. Portanto, essas duas instâncias colegiadas constituem-se em espaços de controle social, existentes em cada esfera de governo. Quando falamos em composição paritária quer dizer que há o mesmo número de representantes nas diferentes categorias. Então, se há 50% de pessoas que vão participar destes espaços que são constituídos pela gestão, prestadores de serviço e profissionais da saúde, também deverá ter esse mesmo quantitativo dos usuários participando desses espaços. Figura 1 – Controle social no SUS Fonte: elaborada pela autora. A figura acima evidencia a composição dos conselhos e conferências de saúde, que deverá ser paritária com 50% de usuários, representantes do governo, além de profissionais de saúde, que por sua vez, deverão ser subdivididosentre 25% de gestores ou prestadores de serviços do SUS e 25% trabalhadores da saúde. 28 De tal modo, o objeto de aprendizagem destina-se a esclarecer aspectos importantes que convergem tanto para o planejamento das ações da saúde pública, perpassando pelas suas fontes de financiamento, e ainda a importância da participação popular e controle social na execução dessas políticas. Vale ressaltar que as conferências de saúde, como instâncias desse controle social, são realizadas a cada quatro anos, podendo ser organizadas nos estados em parceria com os conselhos de saúde, com as secretarias estaduais ou municipais ou pelo Ministério da Saúde.Estas conferências sistematizadas no âmbito federal, estadual e municipal contam com a representação dos vários segmentos sociais, que por sua vez elegem delegados e propostas para ir para a conferência estaduale, por fim, a conferência nacional (Lei n.8.142/90).As propostas trazidas pelas Conferências Nacionais de Saúde são o resultado das discussões e propostas ocorridas no âmbito estatalpor meiodas Conferências Estaduais, e, por sua vez, estas discussões e propostas resultam em propostas no âmbito municipal. Já os conselhos de saúde são permanentes e deliberativos, cuja composição deverá ser paritária e atuarão no sentido de formularem estratégias, além de controlar a política de saúde no município, bem como nos Estados ou União. Referências bibliográficas BRASIL. Lei n. 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm.Acesso em: 18 ago. 2020. 29 BRASIL.Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil], Brasília, DF, p. 18.055, 20 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l8080.htm. Acesso em: 16 out. 2020. PARA SABER MAIS Prezado discente, pensando na organização das redes de saúde, é preciso que você entenda que o nosso panorama do financiamento em saúde, ao tratar dos seus marcos históricos e legal faz com que tenhamos clareza de que a saúde pública foi negligenciada no Sistema Único de Saúde no que tange a aspectos voltados a um financiamento equitativo. Sobre esses aspectos legislativos, em 2012 foi criada a Lei Complementar n. 141/12, resultante da Emenda Constitucional n. 29, fruto de grande apelo dos gestores principalmente municipais para que houvesse a sua homologação e aplicação. Foram então definidas por meio dela os percentuais mínimos de investimentos em saúde para cada ente federado, sendo 15% para os municípios, 12% para os Estados, e a União seria o montante aplicado no ano anterior, mas a variação do PIB, no entanto, não permite que isso ocorra na prática (BRASIL, 2015). Um avanço que a Lei Complementar n. 141/12 nos trouxe foia definição de despesas com ações e serviços de saúde. Com isso, não mais foram aceitas as prestações de contas dos Estadospor meio do lançamento de despesas que não fossem específicas do setor saúde (BRASIL, 2015). Depois tivemos uma mudança na lógica de transferências de recursos pela União, instituída pela Portaria n. 3.992/17 30 (CONASEMS, 2018). Essa alteração alterou os blocos de financiamento da saúde, pois até então eram mantidos os blocos de financiamento da atenção primária, da média e alta complexidade, da vigilância em saúde, da assistência farmacêutica, da gestão e também um bloco de investimentos. Todos esses blocos foram condensados em dois blocos, sendo eles um bloco de custeios e um bloco de investimento, o que garante maior mobilidade dos recursos, porém a prestação de contas se mantém com a mesma lógica, já a manutenção das ações é estabelecida por blocos para a prestação de contas e para o planejamento. Assim, essa portaria instituiu e empoderou o planejamento em saúde, principalmente dos municípios e Estados em que se deve fazer a execução financeira de acordo com o planejado (CONASEMS, 2018). Depois temos a Emenda Constitucional n. 86/15, que instituiu as emendas parlamentares impositivas e garantiu que a União deveria investir seus recursos para as ações e serviços em saúde de forma progressiva até chegar ao percentual de 15% (CONASEMS, 2018). Após isso, tivemos a publicação da Emenda Constitucional n. 95/16, a chamada EC do congelamento que revogou a progressão de recursos pela União fazendo com que houvesseum retrocesso na garantia desses direitos (CONASEMS, 2018). De tal modo, a Emenda Constitucional n. 95/2016 trata-se de um dispositivo agregado à CF de 1988 que prescreve que durante o período de 20 anos o poder público só poderá gastar com as políticas sociais o percentual gasto no ano anterior, acrescido da correção inflacionária. Isso implica que o valor limitado pela EC 95 a políticas sociais como educação, saúde, segurança pública etc., não será proporcional ao crescimento populacional. As consequências dessa emenda são danosas à garantia do 31 estabelecimento das políticas sociais, da garantia dos direitos fundamentais expressos constitucionalmente que podem ficar absolutamente desprestigiados no nosso país. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Articulação Interfederativa. Principais marcos normativos da gestão interfederativa do SUS.Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, Departamento de Articulação Interfederativa. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/principais_marcos_normativos_ gestao_interfederativa_3ed.pdf. Acesso em: 21 ago 2020. CONASEMS. Confederação Nacional de Municípios – CNM. Mudanças no Financiamento da Saúde. Brasília, 2018. Disponível em: https://www.conasems.org.br/wp-content/ uploads/2018/08/Mudan%C3%A7as-no-Financiamento-da- Sa%C3%BAde.pdf. Acesso em: 21 ago. 2020. TEORIA EM PRÁTICA A assistente social Vanessa trabalha na secretaria de saúde de um município de médio porte no interior do estado de Minas Gerais. Em um dia de atendimento, a técnica recebe o Sr. Juarez, usuário com 44 anos que apresenta uma doença rara chamada acromegalia. O usuário relata que a doença faz com que ele continue a crescer como se estivesse na adolescência. Juarez relata ainda que a princípio sentia dores de cabeça por enxaqueca em excesso e que também estava engordando em demasia, e seus membros inferiores e superiores estavam sempre muito inchados. 32 Juarez relata ter descoberto a acromegalia quando acompanhava a mulher numa consulta à endocrinologista. E na consulta com o especialista lhe foi explicado que a acromegalia é uma doença causada pela produção excessiva do hormônio do crescimento, o GH na fase adulta. Assim, nariz, língua, queixo, testa, lábios e orelha crescem sem parar. Com o tempo vêm as complicações cardiovasculares e respiratórias e a taxa de mortalidade de quem tem essa doença é de duas a quatro vezes maior do que de uma pessoa normal.No entanto, o grande perigo desta doença está no crescimento dos órgãos internos e na associação ao diabetes. Na maioria dos casos um tumor benigno na hipófise provoca a doença. Logo, em menos de dois meses Juarez já fez a cirurgia para retirada do tumor, o que fez com que o nível hormonal decrescesse significativamente, no entanto, não nos patamares ideais, e a partir daí ele começou a vivenciar um grande problema associado ao tratamento com medicamentos de alto custo ao qual ele não conseguiria arcar sem prejuízo das suas despesas básicas. Além dos medicamentos para impedir que o tumor cresça, Juarez precisava de uma medicação para controlar a produção do hormônio, que custava R$ 10.000 mensais. O usuário relata ter entrado na justiça para conseguir o medicamento pelo SUS, conseguiu pelo período de sete meses, no entanto, mesmo com a determinação da justiça, as novas doses não chegaram. Assim, retornou à secretaria de saúde do município, mas lhe foi alegado que houve um corte de verbas para compra de medicamentos de alto custo. Como você, na situação desta assistente social, atuaria mediante este caso? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. 33 LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este artigo se propõe a discutir sobre os problemas inerentes à gestão do SUS a partir do seu financiamento, abarcando assim a proposta de seguridade social trazida pela Constituição de 1988 contraposta aos constantes ajustes fiscais,o que acarreta em embates substanciais na gestão da saúde pública e evidencia a necessidade de ampliação dos recursos públicos no país. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. DAIN. S. Os vários mundos do financiamento da Saúde no Brasil: uma tentativa de integração. Ciência & Saúde Coletiva, 12(Sup):1851-1864, 2007. Indicação 2 Este artigo apresenta uma reflexão sobre a importância dos conselhos de saúde na atualidade como espaços de mobilização e articulação da sociedade. Eles representam um avanço social e um instrumento legítimo de defesa dos princípios constitucionais do Sistema Único de Saúde, que precisa ser fortalecido de modo a se permitir a sua participação efetiva. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. Indicações de leitura 34 OLIVEIRA, F. S. de. Controle social no sistema único de saúde - SUS: aspectos constitucionais e legais dos Conselhos de Saúde. Prim Facie, v. 6, n. 11, p. 76-90, 11. QUIZPrezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Por meio desse fórum de debate foi possívelcontemplar a participação popular, ao qual reuniu estudantes, trabalhadores, pesquisadores que aclamavam por justiça social, por uma medicina curativa gratuita para toda a população, uma mudança no modelo social de saúde vigente. Foi um momento de extrema importância para a definição do SUS. Estascaracterísticasreferem-se à(ao) ______________. a. Conferência de Alma-Ata. b. Reforma Sanitária Brasileira. c. 8ª Conferência Nacional de Saúde. d. Conselho Nacional de Saúde. a. 12ª Conferência Nacional de Saúde. 35 2. O controle social no SUS nada mais é do que a forma como os usuários irão interferir na gestão do Sistema Único de Saúde. Isso poderá ocorrer em forma de críticas, sugestões, elogios, propostas. Portanto, há várias formas de participação social e de controle social na política de saúde. Nesse sentido, a respeito dessas formas de controle social e participação popular no SUS, assinale a alternativa correta: a. Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde. b. Instâncias Colegiadasde Saúde e Conselhos de Saúde. c. Comitê Gestor em Saúde e Oficinas Nacionais de Saúde. d. Comitê Complementar em Saúde e Conferências de Saúde. e. Vigilância Epidemiológica em Saúde e Comitê Gestor em Saúde. GABARITO Questão 1 - Resposta C Resolução: A alternativa correta é “8ª Conferência Nacional de Saúde”, que ocorreu no ano de 1986.Neste momento reuniram-se estudantes, trabalhadores, pesquisadores aclamando por justiça, por uma medicina curativa para eles. Foi um marco histórico para o SUS, ao qual a população exigiu mudança no modelo social vigente, tendo em vista que até o que se tinha era o Inamps financiado pelo Ministério da Previdência e o Ministério da Saúde do outro lado, que oferecia apenas políticas de prevenção. Assim, o povo queria 36 a retirada do Inamps do Ministério da Previdência e realocá- lo, para que o Ministério da Saúde coordenasse o Inamp se oferecesse gratuitamente para o povo tanto a medicina preventiva quanto a curativa. Questão 2 - Resposta A Resolução: A resposta correta é “Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde”, pois os Conselhos e Conferências de Saúde são mecanismos formais de controle social e participação popular no SUS. Essa participação está prevista em lei.Os Conselhos de Saúde ocorrem por meio de reuniões com periodicidade menor em relação às Conferências de Saúde. Eles são permanentes e deliberativos. Já as Conferências de Saúde acontecem a cada quatro anos e contam também com a representação dos vários segmentos sociais. TEMA 4 Descentralização e municipalização do SUS e os Pactos pela Saúde ______________________________________________________________ Autoria: Wéllia Pimentel Santos Leitura crítica: Flaviana Aparecida de Mello 38 DIRETO AO PONTO Com a Lei n. 8.080/90, no seu art. 9º, é estabelecido que “a direção do Sistema Único de Saúde é única, sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos: União, Estados e Distrito Federal e municípios”. Com base nesse pressuposto legislativo temos uma questão importante que é a descentralização do SUS. A normatização da descentralização do SUS garante uma gestão compartilhada entre os diferentes entes federados. Assim, na União essa direção do SUS será exercida pelo Ministério da Saúde, nos Estados e Distrito Federal a direção do SUS será exercida pelas respectivas secretarias de saúde, sejam elas estaduais ou do Distrito Federal ou ainda por órgãos equivalentes. Já nos municípios, o SUS será dirigido unicamente por meio da Secretaria Municipal de Saúde ou por órgão equivalente. Isso pressupõe a execução clara da descentralização no SUS. O art. 10 da Lei Orgânica da Saúde também evidencia a descentralização quando garante aos municípios constituírem consórcios entre eles no intuito de desenvolverem em conjunto as ações e serviços de saúde que lhes correspondam (Lei n. 8.080/90). Com isso, se um município não dispuser, por exemplo, de uma unidade radiológica para realização de raio-X da sua comunidade, dos seus pacientes que necessitam desse tipo de procedimento, esse município poderá então estabelecer consórcios com municípios vizinhos para que seja possível oferecer à sua população esses serviços. Então, os pacientes que tiverem a necessidade deste tipo de exame, serão direcionados ao 39 município vizinho consorciado, conveniado, a fim de receber esse serviço. Ações deste tipo demonstram a aplicação prática de uma direção única a nível municipal, garantindo aos municípios maior independência, podendo eles negociarem entre si, realizarem pactos de consórcios para conseguirem atender à sua população de forma adequada. Por sua vez, temos o Pacto pela Saúde, subdividido entre Pacto pela Vida; Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS. Este pacto é normatizado pela Portaria n. 399/2006 e objetiva estabelecer prioridades e metas para o Sistema Único de Saúde. Figura 1 – Pacto pela Saúde Fonte: elaborada pela autora. A figura acima apresenta a subdivisão do Pacto pela Saúde: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão do SUS, todos eles normatizados pela Portaria n. 399/2006. Nesse sentido, o Pacto pela Saúde evidencia a garantia dos princípios constitucionais do SUS, tal qual a descentralização e a regionalização de suas ações, o que pressupõe o compromisso de cada município, região ou estado brasileiro pela saúde pública por 40 meio de metas e prioridades que estes deverão cumprir, seja no que tange ao financiamento do sistema, a regulação da atenção à saúde, o PPI – Programação Pactuada Integrada; o planejamento no SUS, a educação na saúde, a gestão do trabalho na saúde e participação e controle social (BRASIL, 2006). De tal modo, o objeto de aprendizagem destina-se a esclarecer aspectos importantes que convergem para todas essas questões que nos possibilitam lutar por um sistema de saúde que seja direito de todos, que seja cada vez mais eficiente e para isso é necessário que haja a corresponsabilidade de todos na gestão do SUS. Referências bibliográficas BRASIL. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil], Brasília, DF, p. 18.055, 20 set. 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l8080.htm. Acesso em: 16 out. 2020. BRASIL. Portaria n. 399, de 22 de fevereiro de 2006. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/ prt0399_22_02_2006.html. Acesso em: 23 ago. 2020. PARA SABER MAIS Prezado discente, pensando nos aspectos concernentes à descentralização do SUS, é preciso que você compreenda como 41 era o processo de descentralização pré-SUS, ou seja, como era a organização antes da existência do Sistema Único de Saúde. É possível dizer que a descentralização antes do SUS era compreendida correlacionada à regionalização, uma outra diretriz do SUS, a qual está presente tanto na Constituição Federal de 1988 quanto na Lei Orgânica da Saúde. O processo de descentralização se reflete, por exemplo, no Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (Suds), datado de 1987, antes da implementação do SUS no Brasil, quando vivíamos momentos de ditadura no país. O Suds constitui-se num aprofundamento das AIS, conforme Pimenta (1993, p. 31), ele “representa um avanço em relação à descentralização - unificação à medida em que propunha a “estadualização” do Inamps”. Isso implica dizer que o Sudsobjetivava normatizar que as Secretarias Estaduais de Saúde assumissem efetivamente todas as funções deste órgão. Conforme Paim (1989, p. 367) “o Suds, na realidade, expressou uma relação bilateral do MPAS/Inamps com o Estado e, progressivamente, com os municípios”. A ideia de descentralização aparece muito forte na Constituição de 1988 pelo fato de historicamente termos vivenciado um contexto de Ditadura Militar, ou seja, um processo autoritário cujo sistema de governo do Brasil era absolutamente centralizado no Governo Federal. E isso não era diferente no campo saúde, especialmente no que tange à assistência médica, com o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (Inamps). Foi o movimento da Reforma Sanitária dentro do bojo da redemocratização que contrapôs um governo autoritário e centralizador, e propôs ações no campo da saúde democráticas e descentralizadas, universais, de modo a aproximar o processo 42 decisório da população, mas também para garantir maior eficiência do sistema. O Brasil é um país complexo e com características regionais distintas, tornando-se mister que a gestão das políticas abarque essas multiplicidades de características. Nesse sentido, tudo isso se deve pelo movimento da Reforma Sanitária, pelo seu esforço de aproximar o processo de planejamento, decisão e de implementação da política de saúde do território e do cidadão também, inclusive aumentando a capacidade desse cidadão de influenciar nas políticas sociais. Referências bibliográficas PAIM, J. S. A gestão do Suds no estado da Bahia. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 5 (4): 365-375, out./dez. 1989. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/v5n4/02.pdf. Acesso em: 24 ago. 2020. PIMENTA, A. L. O SUS e a municipalização à luz da experiência concreta. Revista Saúde Sociedade, São Paulo: 2(1):25-40, 1993. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/sausoc/v2n1/04.pdf. Acesso em: 23 ago. 2020. TEORIA EM PRÁTICA O assistente social Juliano trabalha na secretaria de saúde de um município de pequeno porte no interior do estado de Bahia. Num dia de atendimento, o técnico recebe a Sra. Marta, usuária com 36 anos que relata ter sido encaminhada pelo médico da Unidade Básica de Saúde para realização de um procedimento de ultrassonografia total do abdômen por motivo de queixa de 43 dores abdominais. O médico sugere então à usuária que realize o exame numa clínica privada devido à agilidade na execução do exame e pela entrega dos resultados. No entanto, a usuária relata ao assistente social que está desempregada e sem condições para arcar com as despesas para a realização do exame. Assim, a usuária procura pela secretaria de saúde do município, pelo fato de ter lhe sido alegado pelos técnicos da Unidade Básica de Saúde que não é mais realizado o procedimento de ultrassonografia no município. Como você, na situação desta assistente social, atuaria mediante este caso? Para conhecer a resolução comentada proposta pelo professor, acesse a videoaula deste Teoria em Prática no ambiente de aprendizagem. LEITURA FUNDAMENTAL Indicação 1 Este ensaio se propõe a discutir sobre a importância da descentralização como eixo norteador para a operacionalização dos princípios do Sistema Único de Saúde, contribuindo assim para a qualidade nas ações do SUS, além de provocar mudanças entre as relações dos profissionais da saúde e os atores sociais com base no controle social. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. Indicações de leitura 44 PALHA, P. F.; VILLA, T. C.a S. A descentralização como eixo norteador na reorganização e operacionalização dos princípios do Sistema Único de Saúde. RevEsc Enferm USP. 2003; 37(3):19-26. Indicação 2 Este artigo apresenta uma reflexão sobre a Carta dos Direitos dos Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), vista como um instrumento importante para que o cidadão reconheça seus direitos sociais no que tange à saúde pública junto aos pacientes que buscaram atendimento na rede pública hospitalar. A pesquisa-ação possibilitou a participação coletiva e planejada nas ações executadas pelos pesquisadores. Para realizar a leitura, acesse a plataforma EBSCOhost na Biblioteca Virtual da Kroton e busque pelo título da obra. KOERICH M. S. et al. Pacto em defesa da saúde: divulgando os direitos dos usuários pela pesquisa-ação. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS), 2009 dez.; 30(4):677-84. QUIZ Prezado aluno, as questões do Quiz têm como propósito a verificação de leitura dos itens Direto ao Ponto, Para Saber Mais, Teoria em Prática e Leitura Fundamental, presentes neste Aprendizagem em Foco. Para as avaliações virtuais e presenciais, as questões serão elaboradas a partir de todos os itens do Aprendizagem em Foco e dos slides usados para a gravação das videoaulas, 45 além de questões de interpretação com embasamento no cabeçalho da questão. 1. Por meio desse princípio, em um país como o Brasil, num contexto de grande diversidade política, cultural e social foi possível oportunizar à população a produção e participação na política de saúde, aumentando a eficiência, a eficácia, além da autonomia que as unidades federativas com os municípios passaram a ter. Estas características referem-se à ______________. a. Equidade. b. Integralidade. c. Universalidade. d. Descentralização. e. Divulgação de informações. 2. A descentralização pode estar associada tanto a processos mais democratizantes que aumentam e permitem a participação social, como também pode ser usada para um ideal de reforma do Estado, de Estado mínimo, cuja lógica parte da transferência da responsabilidade estatal para outros níveis e esferas ou até o privado no âmbito da privatização. Nesse sentido, assinale a alternativa que considere os pressupostos necessários para se fazer um processo de descentralização eficiente no SUS: a. Regionalização e participação social. b. Igualdade e instâncias colegiadas de Saúde. 46 c. Universalidade e divulgação das informações. d. Conferências de Saúde e integralidade da assistência. e. Vigilância epidemiológica em Saúde e participação da comunidade. GABARITO Questão 1 - Resposta D Resolução: A alternativa correta é “Descentralização”, tendo em vista que dentre os princípios do SUS a descentralização implica em dar poder à população, aos profissionais de saúde, para que todos conjuntamente possam participar dessa deliberação democrática, desse planejamento participativo do SUS. Tudo isso com vistas a compreender a aparente contradição existente entre os municípios brasileiros que não possuem condições de assumir de forma igualitária suas responsabilidades e de modo a aumentar a eficácia dessa política. Questão 2 - Resposta A Resolução: A resposta correta é “Regionalização e participação social”, pois a descentralização não é uma diretriz isolada do SUS, e sim uma diretriz conjunta com a regionalização e com a participação social. De tal modo, para se fazer um processo de descentralização eficiente no SUS é necessário que o processo de descentralização seja realizado de uma maneira atrelada, combinada com a regionalização e com a participação social, alcançando-se assim os princípios do SUS. BONS ESTUDOS! Apresentação da disciplina Introdução TEMA 1 Direto ao ponto Para saber mais Teoria em prática Leitura fundamental Quiz Gabarito TEMA 2 Direto ao ponto TEMA 3 Direto ao ponto TEMA 4 Direto ao ponto Botão TEMA 5: TEMA 2: Botão 158: Botão TEMA4: Inicio 2: Botão TEMA 6: TEMA 3: Botão 159: Botão TEMA5: Inicio 3: Botão TEMA 7: TEMA 4: Botão 160: Botão TEMA6: Inicio 4: Botão TEMA 8: TEMA 5: Botão 161: Botão TEMA7: Inicio 5:
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