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EA611 – Circuitos II Caṕıtulo 4 Representação de sistemas de energia elétrica Carlos A. Castro DSE/FEEC/UNICAMP Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 1 / 201 Introdução Em geral os circuitos elétricos utilizados na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica são considerados circuitos trifásicos equilibrados Na prática existem desequiĺıbrios, especialmente no ńıvel de distribuição, mas estes são suficientemente pequenos, podendo ser desprezados em certos estudos Neste caso, os cálculos para circuitos deste tipo podem ser feitos somente para uma fase, e os resultados para as outras fases são obtidos considerando-se as defasagens apropriadas Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 2 / 201 Introdução � Exemplo Uma fonte de tensão trifásica equilibrada de 220 V de linha alimenta uma carga em estrela com impedâncias de 22∠30◦ Ω por fase, conforme mostra a figura abaixo. Obtenha as correntes de linha. + − ∼ ∼ ∼ a b c n Z Z Z chave aberta A B C N 127 V ÎA ÎB ÎC ÎN Fonte Carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 3 / 201 Introdução Considerando a sequência de fases ABC e a tensão da fase a como referência angular, as tensões do circuito são: V̂AN = 127∠0 ◦ V V̂AB = 220∠30 ◦ V V̂BN = 127∠ − 120◦ V V̂BC = 220∠ − 90◦ V V̂CN = 127∠120 ◦ V V̂CA = 220∠150 ◦ V Como a carga é equilibrada, não há necessidade de fio neutro, pois não haveria corrente por ele caso a chave do fio neutro estivesse fechada. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 4 / 201 Introdução Pode-se verificar este fato através do cálculo da tensão entre o neutro da fonte (N) e o neutro da carga (n) pelo método do deslocamento do neutro: V̂nN = YA V̂AN + YB V̂BN + YC V̂CN YA + YB + YC Como YA = YB = YC = Y = 1/Z , chega-se a: V̂nN = ( V̂AN + V̂BN + V̂CN ) 3 = 0 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 5 / 201 Introdução As correntes de linha valem: ÎA = V̂AN/Z = 5,77∠ − 30◦ A ÎB = V̂BN/Z = 5,77∠ − 150◦ A ÎC = V̂CN/Z = 5,77∠90 ◦ A As correntes têm o mesmo valor eficaz e apresentam uma defasagem de 120◦ entre si. Desta forma, pode-se tomar apenas uma das fases, por exemplo a fase a, e os cálculos são feitos somente para esta fase. As correntes das outras fases são obtidas considerando-se as caracteŕısticas dos circuitos equilibrados. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 6 / 201 Introdução A figura abaixo mostra somente a fase a do circuito, e a corrente para esta fase vale: ÎA = −ÎN = V̂AN Z { IA = VAN/Z ∠ ( ÎA ) = ∠ ( V̂AN ) − ∠ (Z ) ∼ a n Z chave fechada A N ÎA ÎN Fonte Carga Para as outras fases: IC = IB = IA ∠ ( ÎB ) = ∠ ( ÎA ) − 120◦ ∠ ( ÎC ) = ∠ ( ÎA ) + 120◦ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 7 / 201 Introdução Na figura anterior é representado o fio neutro e, de acordo com esta representação, a corrente ÎA passa por ele. No entanto, sabe-se que para um circuito equilibrado a corrente de neutro é nula. Evidentemente, pode-se fazer a mesma representação para as fases b e c , e, para cada uma delas, a corrente que passará pelo neutro será a corrente de fase correspondente. Para o circuito completo, a corrente pelo fio neutro será igual ao negativo da soma das três correntes relativas às três fases1, sendo igual a zero. Esta análise corresponde a uma aplicação do prinćıpio da superposição aos circuitos trifásicos. 1 Para chegar a esta conclusão, basta aplicar a lei das correntes de Kirchhoff ao ponto neutro da carga do circuito completo, considerando que a chave esteja fechada. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 8 / 201 Introdução Diagrama fasorial para o circuito2: ÎA ÎB ÎC V̂AN V̂BN V̂CN 30◦ 120◦ Escalas: V: 1 � – 12,5 V I : 1 � – 1 A � 2 Os diagramas para cada uma das três fases são semelhantes, devendo-se considerar as defasagens de 120◦ . As defasagens entre as tensões e correntes de cada fase são as mesmas. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 9 / 201 Introdução O exemplo anterior mostrou que, para fins de cálculo, um circuito trifásico equilibrado pode ser considerado como um sistema monofásico, composto por uma das três fases e retorno de corrente pelo neutro Se a carga estiver conectada em triângulo (ou ∆), pode-se executar procedimento semelhante, considerando-se a equivalência Y-∆ vista anteriormente Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 10 / 201 Introdução � Exemplo Considere o circuito mostrado a seguir, em que a carga está conectada em triângulo (∆). A tensão de linha aplicada é de 220 V e as impedâncias das fases valem 42∠30◦ Ω. Calcule as correntes de linha. ÎAB ÎA ÎBC ÎB ÎCA ÎC A B C Z∆ Z∆ Z∆ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 11 / 201 Introdução Considerando sequência de fases ABC e a tensão da fase a como referência angular: V̂AN = 127 ∠0 ◦ V V̂AB = 220 ∠30 ◦ V V̂BN = 127 ∠− 120◦ V V̂BC = 220 ∠− 90◦ V V̂CN = 127 ∠120 ◦ V V̂CA = 220 ∠150 ◦ V As correntes de fase valem: ÎAB = V̂AB/Z∆ = 5,24 ∠0 ◦ A ÎBC = V̂BC/Z∆ = 5,24 ∠− 120◦ A ÎCA = V̂CA/Z∆ = 5,24 ∠120 ◦ A Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 12 / 201 Introdução Correntes de linha: ÎA = ÎAB − ÎCA = ÎAB · √ 3 ∠− 30◦ = 9,08 ∠− 30◦ A ÎB = ÎBC − ÎAB = 9,08 ∠− 150◦ A ÎC = ÎCA − ÎBC = 9,08 ∠90◦ A Este problema pode ser resolvido de outra forma, lembrando da equivalência Y-∆. A figura a seguir mostra um circuito com carga em Y: ÎA ÎB ÎC A B C ZY ZY ZY n Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 13 / 201 Introdução O circuito em Y será equivalente ao circuito em ∆ se: ZY = Z∆ 3 = 14 ∠30◦ Ω Então, a corrente de linha vale: ÎA = V̂AN ZY = 9,08 ∠− 30◦ A As correntes de linha das outras fases têm o mesmo valor eficaz e são defasadas de 120◦ em relação a ÎA, conforme já discutido anteriormente. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 14 / 201 Diagrama unifilar Verificou-se que é posśıvel fazer a representação simplificada de um circuito trifásico equilibrado através de um circuito monofásico (uma das fases) com retorno de corrente pelo neutro Pode-se simplificar ainda mais a representação através do diagrama unifilar, para o qual o fio neutro não é representado Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 15 / 201 Diagrama unifilar � Exemplo Um circuito trifásico equilibrado é mostrado a seguir, em que uma fonte alimenta uma carga através de uma linha de transmissão: N ∼ ∼ ∼ Fonte A B C ZL ZL ZL Linha de transmissão a b c Zc Zc Zc n Carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 16 / 201 Diagrama unifilar As especificações de seus componentes são as seguintes: Linha: R = 1 Ω, X = 10 Ω ⇒ impedância de cada condutor Carga: |S3φ| = 120 kVA ⇒ potência aparente trifásica nominal fp = 80% atrasado ⇒ fator de potência nominal VL = 13,8 kV ⇒ tensão de linha nominal Determine a tensão fornecida pela fonte para que a tensão na carga seja 13,8 kV. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 17 / 201 Diagrama unifilar Representação do circuito trifásico por um circuito monofásico com retorno de corrente pelo neutro: N ∼ ∼ ∼ Fonte A B C ZL ZL ZL Linha de transmissão a b c Zc Zc Zc n Carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 18 / 201 Diagrama unifilar Representação do circuito trifásico por um circuito monofásico com retorno de corrente pelo neutro: N ∼ Fonte A ZL Linha de transmissão a Zc n Carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 19 / 201 Diagrama unifilar As especificações para o circuito monofásico são: Linha: R = 1 Ω, X = 10 Ω ⇒ impedância do condutor Carga: |S1φ| = 120/3 kVA ⇒potência aparente nominal de uma fase fp = 80% atrasado ⇒ fator de potência nominal VF = 13,8/ √ 3 kV ⇒ tensão de fase nominal em que o subscrito 1φ representa uma grandeza por fase. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 20 / 201 Diagrama unifilar Circuito representado por um diagrama unifilar: 1 + j 10 Ω 120 kVA 0,8 atrasado 13,8 kV ∼ No diagrama unifilar está representada uma fase do circuito trifásico excluindo-se a representação do neutro. No entanto, os valores atribúıdos às tensões, correntes e potências são os normalmente atribúıdos aos circuitos trifásicos (tensões e correntes de linha, potências trifásicas). Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 21 / 201 Diagrama unifilar Na carga, tem-se: |S3φ| = √ 3 · VL · IL → IL = 120√ 3 · 13,8 = 5,02 A Se V̂F = 13,8/ √ 3∠0◦ kV (referência angular) e: φ = cos−1 (0,8) = 36,87◦ pode-se obter o fasor da corrente de linha: ÎL = 5,02∠ − 36,87◦ A Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 22 / 201 Diagrama unifilar Tensão da fonte: V̂ fonteF = V̂F + ZL · ÎL = 13,8 · 103√ 3 + (1 + j 10) · 5,02∠ − 36,87◦ = 13,86√ 3 ∠0,27◦ kV ou seja, para se ter 13,8 kV na carga, é preciso ajustar a tensão de linha da fonte para 13,86 kV. O diagrama unifilar é uma forma concisa de se representar de maneira completa um circuito trifásico equilibrado. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 23 / 201 Diagrama unifilar � Exerćıcio Considere o circuito de distribuição primária a seguir. Obtenha o circuito equivalente monofásico, a corrente de linha de cada carga, e a corrente de linha e a tensão fornecidas pela subestação. Repita o exerćıcio para a carga 2 conectada em ∆. Subestação Linha 13,8 kV z = 0,05 + j 0,3 Ω/km ℓ = 50 km S1 = 400 kVA P2 = 200 kW Q2 = −100 kvar fp1 = 0,85 ind. Resp.: 16,735∠− 31,79◦ A ; 9,355∠26,57◦ A ; 23,061∠− 11,59◦ A ; 14,03 kV. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 24 / 201 Transformadores: aspectos básicos Os primeiros sistemas comerciais de fornecimento de energia elétrica foram constrúıdos basicamente para alimentar circuitos de iluminação, e funcionavam com corrente cont́ınua Como as tensões de fornecimento eram baixas (da ordem de 120 V), altas correntes eram necessárias para suprir grandes quantidades de potência Em consequência, as perdas de potência ativa na transmissão (proporcionais ao quadrado da corrente) eram muito grandes, assim como as quedas de tensão Assim, a tendência foi a de se construir pequenas centrais de geração distribúıdas entre os pontos de carga que, em função da pequena potência gerada, eram ineficientes e caras Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 25 / 201 Transformadores: aspectos básicos A posterior utilização de corrente alternada na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica resultou em grande avanço na operação eficiente dos sistemas elétricos Os geradores elétricos, que fornecem tensões relativamente baixas (da ordem de 15 a 25 kV), são ligados a transformadores, que são equipamentos eletromagnéticos que transformam um ńıvel de tensão em outro The Transformers: Superheroes of Electrical Inventions [Link] Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 26 / 201 http://spectrum.ieee.org/energy/the-smarter-grid/the-transformers-superheroes-of-electrical-inventions Transformadores: aspectos básicos alta tensão baixa tensão Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 27 / 201 Transformadores: aspectos básicos A tensão de sáıda de um transformador elevador ligado a um gerador pode ser de várias centenas de kV Se a tensão é maior, a mesma potência pode ser transmitida com correntes menores, diminuindo as perdas e quedas de tensão Consequentemente, pode-se ter centrais geradoras de maior porte e a transmissão pode ser feita a distâncias maiores Nos pontos de consumo, são ligados transformadores abaixadores, que reduzem as tensões para ńıveis compat́ıveis com os equipamentos dos consumidores Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 28 / 201 Transformadores: aspectos básicos Transformador elementar, composto por duas bobinas, com N1 e N2 espiras: i i i V V fluxo enlaçadofluxo disperso N1 N2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 29 / 201 Transformadores: aspectos básicos Se uma corrente alternada i circula pela bobina 1, é gerado um campo magnético alternado O volt́ımetro conectado à bobina 2 acusará uma tensão, que é proporcional ao número de espiras N2 e à taxa de variação do fluxo enlaçado ou fluxo concatenado com ela Esta tensão induzida na bobina vale: v2(t) = N2 · d dt λ(t) em que λ é o fluxo concatenado com a bobina 2, e corresponde a uma parcela do fluxo total φ gerado pela bobina 1 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 30 / 201 Transformadores: aspectos básicos Esta relação entre tensão induzida e fluxo magnético é conhecida como lei de Faraday O fluxo disperso não contribui para a indução de tensão Em função desta caracteŕıstica de funcionamento, o transformador é usado para transformar ńıveis de tensão em um circuito, através do ajuste do número de espiras das bobinas Por exemplo, pode-se usar um aparelho projetado para operar em 127 V em uma cidade cuja tensão seja 220 V, bastando para isso conectar um transformador entre a tomada e o aparelho que faça a transformação adequada de tensão Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 31 / 201 Transformadores: aspectos básicos O circuito transformador elementar mostrado anteriormente é um circuito com acoplamento magnético, ou seja, não há ligação f́ısica (elétrica) entre as duas bobinas mas energia pode ser transferida entre elas Se o volt́ımetro for substitúıdo por uma resistência, poder-se-á observar a existência de corrente por ela e, portanto, de dissipação de potência i i R P Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 32 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Circuito envolvendo um transformador ideal: i1(t) v1(t) i2(t) v2(t)∼ N1 N2 Z Fonte Carga núcleo ferromagnético chave Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 33 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Duas bobinas são enroladas nas pernas de um núcleo de material ferromagnético De um lado conecta-se uma fonte de tensão alternada e do outro uma carga de impedância Z O lado em que a fonte é conectada é comumente chamado de primário, sendo o lado da carga chamado de secundário Costuma-se também denominar de lados de alta tensão e baixa tensão, independentemente do lado em que fonte e carga são conectadas Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 34 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal As principais caracteŕısticas do transformador ideal são: o fluxo magnético produzido pelo enrolamento primário é totalmente confinado no núcleo ferromagnético e enlaçado pelo enrolamento secundário. Portanto, não há fluxo disperso as perdas no núcleo são despreźıveis; as resistências dos enrolamentos primário e secundário são despreźıveis. Logo, não há perdas ôhmicas (r · I 2) nos enrolamentos; a permeabilidade do núcleo ferromagnético apresenta um valor muito grande, e a corrente necessária para produzir fluxo é despreźıvel. Em termos gerais, o fluxo é diretamente proporcional à permeabilidade do núcleo e à corrente pelo enrolamento. Para um mesmo fluxo gerado, quanto maior for a permeabilidade, menor será a corrente Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 35 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Se uma tensão alternada v1(t) é aplicada à bobina 1 (N1 espiras), estabelece-se um campo magnético φ que, pelo fato do transformador ser ideal, ficatotalmente confinado no núcleo (o que equivale a dizer que se considera que o material do núcleo tem uma permeabilidade infinita) No transformador ideal não há fluxo disperso, e o fluxo concatenado λ é igual a φ. As linhas de campo magnético são enlaçadas pela bobina 2 (N2 espiras) e uma tensão v2(t) é induzida em seus terminais Aplicando-se a lei de Faraday ao primário, pode-se estabelecer uma relação entre a tensão aplicada e o fluxo no núcleo: v1(t) = N1 · d dt φ(t) (1) Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 36 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Poder-se-ia representar o efeito do aquecimento do enrolamento primário devido à passagem de corrente por ele somando-se ao membro da direita da equação (1) o termo r · i1(t), onde r é uma resistência associada a esse fenômeno f́ısico No entanto, este termo é desprezado no caso do transformador ideal, para o qual não se considera a existência de perdas de potência A relação entre a tensão induzida no secundário e o fluxo no núcleo é: v2(t) = N2 · d dt φ(t) (2) Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 37 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Dividindo-se a equação (1) pela equação (2) termo a termo, obtém-se a relação entre a tensão aplicada ao primário e a tensão induzida no secundário: v1(t) v2(t) = N1 N2 A relação entre os fasores de tensão se mantém: V̂1 V̂2 = N1 N2 (3) Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 38 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Se uma carga Z é conectada ao secundário do transformador, através do fechamento da chave, circulará uma corrente i2(t) pela carga (tensão v2(t) aplicada em uma impedância Z ), e potência é fornecida à carga Se a carga e o enrolamento secundário não estão fisicamente ligados à fonte, então a energia é transmitida através do acoplamento magnético entre os dois enrolamentos Assim, é requerida potência da fonte para alimentar uma carga que não está fisicamente ligada a ela Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 39 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Assumindo que no transformador ideal não há perda de potência, toda a potência fornecida pela fonte é entregue à carga. Assim: fonte carga S1 S2 S1 = S2 V̂1 · Î ∗1 = V̂2 · Î ∗2 ( Î1 Î2 )∗ = V̂2 V̂1 = N2 N1 → Î1 Î2 = N2 N1 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 40 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal � Exemplo Obtenha o valor da corrente fornecida pela fonte para o circuito mostrado abaixo. 220 V Î1 V̂1 Î2 V̂2 Fonte Trafo Carga 220 : 110 V Z2 = 300 Ω∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 41 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Chama-se relação de transformação à relação entre as tensões nominais dos lados de alta e baixa tensões do transformador. Neste exemplo, as tensões nominais são 220 V e 110 V, respectivamente. Assim, a relação de transformação, a, vale: a = 220 110 = 2 = N1 N2 Considerando a tensão da fonte como referência angular, ou seja, V̂1 = 220∠0 ◦ V, pode-se calcular a tensão fornecida à carga: V̂2 = N2 N1 · V̂1 = V̂1 a = 110∠0◦ V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 42 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal A corrente no secundário vale: Î2 = V̂2 Z2 = 366,67∠0◦ mA Finalmente, a corrente fornecida pela fonte vale: Î1 = Î2 a = 183,33∠0◦ mA Portanto, a fonte fornece 183,33 mA ao circuito. As potências calculadas no primário e no secundário são: |S1| = V1 · I1 = 40,33 VA |S2| = V2 · I2 = 40,33 VA Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 43 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Conceito de impedância refletida – considere o seguinte circuito: 220 V Î1 V̂1 Î2 V̂2 Fonte Trafo Carga 220 : 110 V Z2 = 300 Ω∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 44 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Conceito de impedância refletida – conjunto carga + transformador: 220 V Î1 V̂1 Î2 V̂2 Fonte Trafo Carga 220 : 110 V Z2 = 300 Ω∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 45 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal Conceito de impedância refletida – o circuito modificado fica: 220 V Î1 V̂1 Fonte Circuito equivalente Trafo + Z2 Z1∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 46 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal A impedância Z1, que é a impedância vista pela fonte, vale: Z1 = V̂1 Î1 (4) Reescrevendo a equação (4) em função das grandezas do secundário, chega-se a: Z1 = a · V̂2 Î2/a = a2 · V̂2 Î2 = ( N1 N2 )2 · Z2 → Z1 = ( N1 N2 )2 · Z2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 47 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador ideal A impedância Z1 é a impedância refletida do lado de baixa tensão no lado de alta tensão. Neste exemplo, Z1 vale: Z1 = (2) 2 · 300 = 1,2 kΩ De fato: Z1 = V̂1 Î1 = 220∠0◦ 183,33∠0◦ = 1,2 kΩ � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 48 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador O autotransformador se caracteriza pela existência de conexão elétrica entre os lados de alta e baixa tensões Pode ser utilizado somente quando não é necessário o isolamento elétrico entre os dois enrolamentos O autotransformador apresenta algumas vantagens em relação ao transformador quanto à potência transmitida e à eficiência Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 49 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Transformador: N1 N1 N2 N2 Î1 Î1 Î2 Î2 V̂1 V̂1 V̂2 V̂2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 50 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Autotransformador: N1 N1 N2 N2 Î1 Î1 Î1 + Î2 Î1 + Î2 V̂1 + V̂2 V̂1 + V̂2 Î2 Î2 V̂1 V̂1 V̂2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 51 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador As tensões e correntes em cada enrolamento individualmente não mudam nos dois casos Para o transformador: S1 = V̂1 · Î ∗1 S2 = V̂2 · Î ∗2 → S1 = S2 = ST → potência nominal do transformador Para o autotransformador: Se = V̂1 · ( Î ∗1 + Î ∗ 2 ) → potência de entrada Ss = ( V̂1 + V̂2 ) · Î ∗2 → potência de sáıda Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 52 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Desenvolvendo a equação para a potência de sáıda Ss : Ss = ( V̂1 + V̂2 ) · Î ∗2 = V̂1 · Î ∗2 + V̂2 · Î ∗2 Da expressão da potência de entrada Se : V̂1 · Î ∗2 = Se − V̂1 · Î ∗1 que, substitúıda na expressão de Ss fornece: Ss = ( Se − V̂1 · Î ∗1 ) + V̂2 · Î ∗2 = Se A transferência de potência entre os dois lados do autotransformador se mantém, como no caso do transformador Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 53 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Analisando-se ainda a expressão para a potência Ss : Ss = ( V̂1 + V̂2 ) · Î ∗2 = ( N1 N2 · V̂2 + V̂2 ) · Î ∗2 = ( N1 N2 + 1 ) · V̂2 · Î ∗2 = ( N1 N2 + 1 ) · S2 = ( N1 N2 + 1 ) · ST Assim, a ligação como autotransformador torna maior a capacidade de potência do equipamento de um fator de (N1/N2) + 1 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 54 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador A potência de sáıda pode ser dividida em dois termos: Ss = ( N1 N2 + 1 ) · ST = N1 N2 · ST + ST O termo ST corresponde à parcela de potência transmitida pelos campos magnéticos (efeito transformador). O termo (N1/N2) · ST corresponde à parcela de potência transmitidaeletricamente, devido à ligação f́ısica dos enrolamentos Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 55 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Uma outra caracteŕıstica importante do autotransformador diz respeito à sua eficiência, quando comparada à do transformador Em geral, a eficiência de um dispositivo pode ser definida como: η = potência de sáıda potência de entrada = potência de entrada− perdas potência de entrada = 1− perdas potência de entrada Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 56 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Se os enrolamentos são os mesmos e o núcleo é o mesmo, então, as perdas são as mesmas nos dois casos Como para o autotransformador a potência de entrada é maior que para o transformador, conclui-se que a eficiência do autotransformador é maior que a do transformador Finalmente, a relação de transformação para o autotransformador é: a′ = V1 V1 + V2 = a · V2 a · V2 + V2 = a a + 1 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 57 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador � Exemplo Dispõe-se dos seguintes equipamentos: Fonte variável de 1,5 kV, 40 kVA Trafo de 30 kVA, 1,5/13,8 kV Carga resistiva de 30 kW, 15 kV Obtenha o circuito para alimentação da carga com tensão nominal e calcule: 1 A corrente e tensão fornecidas pela fonte, para tensão e potência nominais na carga. 2 A potência fornecida pela fonte. 3 A parcela da potência entregue à carga que é transmitida devido à ligação elétrica dos enrolamentos. 4 A variação percentual de capacidade do trafo na ligação como autotrafo. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 58 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador O circuito para alimentação da carga é mostrado abaixo. É feita uma ligação de autotransformador, onde a fonte é conectada à bobina de baixa tensão: − − + − + + ∼ V̂f Îf Î1 Î2 V̂2 V̂c Sc (1,5) (13,8) Fonte Autotrafo Carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 59 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador As condições na carga são: V̂c = 15∠0 ◦ kV Sc = 30∠0 ◦ kVA Nova relação de transformação para a configuração autotransformador: a′ = 1,5 (1,5 + 13,8) = 1,5 15,3 Tensão fornecida pela fonte: V̂f = a ′ · V̂c → V̂f = 1,4706∠0◦ kV Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 60 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Corrente na carga: Îc = ( Sc V̂c )∗ = 2∠0◦ A = Î2 Tensão no enrolamento de 13,8 kV: V̂2 = ( 13,8 1,5 ) · V̂f = 13,5295∠0◦ kV Potência complexa no enrolamento de 13,8 kV (igual à potência complexa do enrolamento de 1,5 kV: S2 = V̂2 · Î ∗2 = 27,0590∠0◦ kVA = S1 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 61 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Corrente no enrolamento de 1,5 kV: Î1 = ( S1 V̂f )∗ = ( S2 V̂f )∗ = 18,4∠0◦ A Corrente fornecida pela fonte: Îf = Î1 + Î2 = 20,4∠0 ◦ A Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 62 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador A potência complexa fornecida pela fonte é igual à potência complexa consumida pela carga, ou seja, 30∠0◦ kVA. Pode-se também calculá-la por: Sf = V̂f · Î ∗f = 30∠0◦ kVA Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 63 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador Se Sc é a potência consumida pela carga e S2 é a parcela transmitida por efeito transformador, então a parcela de potência transmitida devido à ligação elétrica é igual à diferença entre Sc e S2: Sel = Sc − S2 = 2,941∠0◦ kVA ou, de outra forma: Sel = N1 N2 · S2 = 2,941∠0◦ kVA Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 64 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Autotransformador A relação entre as potências do autotransformador e do transformador é: Sc = ( N1 N2 + 1 ) · S2 = ( 1,5 13,8 + 1 ) · S2 = 1, 1087 · S2 Assim, a capacidade do autotransformador aumentou de 10,87% em relação à conexão como transformador. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 65 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Na prática, a operação de um transformador revela algumas caracteŕısticas deste que não são previstas no modelo do transformador ideal Alguns exemplos destas diferenças: Se é aplicada tensão no primário de um transformador ideal, será induzida uma tensão no secundário. Se o secundário estiver em vazio (secundário em aberto, sem carga conectada a ele), obviamente não haverá corrente circulando no secundário Como a relação entre as correntes do primário e secundário é dada simplesmente pela relação de espiras, conclui-se que a corrente no primário também será nula Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 66 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente No entanto, na prática observa-se o aparecimento de uma corrente no primário do transformador real O enrolamento primário de um transformador real é uma bobina que, portanto, apresenta uma impedância. Logo, deve haver uma corrente no primário devido à aplicação de tensão, mesmo que o secundário esteja em aberto A tensão no secundário de um transformador real cai com o aumento da carga (aumento da corrente no secundário), mesmo que a tensão no primário seja mantida constante, indicando que a relação entre as tensões do primário e secundário não é constante e igual à relação de espiras, mas varia de acordo com a carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 67 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Tanto os enrolamentos como o núcleo de um transformador real apresentam aquecimento quando sob operação cont́ınua Este fato demonstra que parte da potência de entrada do transformador é dissipada no próprio equipamento, fato que não é previsto pelo modelo do transformador ideal. Em outras palavras, o transformador real apresenta uma eficiência menor que 100%, e a potência de sáıda (entregue à carga) é menor que a potência de entrada (fornecida pela fonte) Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 68 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Assim, é necessária a obtenção de um modelo apropriado para a análise de um transformador real que leve em conta todos os fenômenos f́ısicos envolvidos na sua operação As principais caracteŕısticas que diferenciam um transformador real de um transformador ideal são: A permeabilidade magnética do núcleo não é infinita. Assim, a corrente necessária para estabelecer um fluxo no núcleo não é despreźıvel O fluxo magnético não fica totalmente confinado no núcleo, existindo um fluxo disperso, que não contribui para a indução de tensão no secundário Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 69 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente As bobinas têm resistência, o que implica em perdas ôhmicas (perdas de potência ativa) nos enrolamentos O fluxo variável no núcleo provoca perdas por histerese e por correntes parasitas Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 70 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Circuito equivalente do transformador real: associar a um transformador ideal resistências e reatâncias correspondentes a cada fenômeno f́ısico que ocorre na operação do transformador real + − + − + + − − V̂1Ê1 Ê2 V̂2 Î1 Î ′1 Î2 Îϕ Îm În x1r1 x2r2 bm gn N1 : N2 Ideal Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 71 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Parâmetros do circuito equivalente: r1, r2 – resistências que levam em conta as perdas ôhmicas dos enrolamentos x1, x2 – reatâncias que levam em conta a dispersão de fluxo gn – condutância associada às perdas de potência no núcleo bm – susceptância que leva em conta a magnetização do núcleo Para o transformador ideal: + − + − + + − − V̂1 Ê1 Ê2 V̂2 Î1 Î ′1 Î2 Îϕ Îm În x1r1 x2r2 bm gn N1 : N2 Ideal Ê1 Ê2 = Î2 Î ′1 = N1 N2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 72 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Se é aplicada tensão ao primário, circula pelo enrolamento uma corrente Îϕ, chamada de corrente de excitação, composta pela corrente de perdas no núcleo În, e pela corrente de magnetização Îm A corrente Îϕ existe mesmo com o secundário em aberto (sem carga conectada ao secundário) Neste caso, o transformador opera com um baixo fator de potência, devido à caracteŕıstica fortemente indutiva do ramo de excitação (ramo shunt) Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 73 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente É posśıvel eliminar o transformador ideal do circuito equivalente refletindo-se os parâmetros r2 e x2 para o primário: + − + − V̂1 a V̂2 Î1 Î2/a Îϕ Îm În x1r1 a2 x2a 2 r2 bm gn a = N1 N2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 74 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente � Exemplo Um transformador de 220/110 V, 1 kVA, alimenta uma carga resistiva de 110 V nas condições nominais. Seus parâmetros de circuito equivalente são: r1 = 0,5 Ω r2 = 0,125 Ω gn = 1 mS x1 = 2 Ω x2 = 0,5 Ω bm = −2 mS Calcule a tensão no primário. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 75 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Circuito equivalente para o transformador, já com os parâmetros do secundário refletidos para o primário: + − + − V̂1 Ê1 a V̂2 Î1 Î2/a Îϕ Îm În x1r1 a2 x2a 2 r2 bm gn CargaFonte Trafo Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 76 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Relação de transformação: a = 220 110 = 2 Tomando a tensão do secundário como referência angular (V̂2 = 110∠0 ◦ V), e considerando S2 = 1∠0 ◦ kVA (carga resistiva), pode-se calcular a corrente do secundário: Î2 = ( S2 V̂2 )∗ = 9,09∠0◦ A Refletindo a tensão e a corrente do secundário para o primário: + − + − V̂1 Ê1 a V̂2 Î1 Î2/a Îϕ Îm În x1r1 a2 x2a 2 r2 bm gn CargaFonte Trafo Î ′2 = ( Î2/a ) = 4,54∠0◦ A V̂ ′2 = a · V̂2 = 220∠0◦ V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 77 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Tensão Ê1 sobre o ramo de excitação: + − + − V̂1 Ê1 a V̂2 Î1 Î2/a Îϕ Îm În x1r1 a2 x2a 2 r2 bm gn CargaFonte Trafo Ê1 = V̂ ′ 2 + (0,5 + j 2) · Î ′2 = 220 + 2,06∠75,96◦ · 4,54∠0◦ = 222,45∠2,33◦ V Admitância de excitação: Yϕ = gn + j bm = 1− j 2 = 2,24∠ − 63,43◦ mS Corrente de excitação: Îϕ = Yϕ · Ê1 = 0,50∠− 61,09◦ A Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 78 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Corrente fornecida pela fonte: + − + − V̂1 Ê1 a V̂2 Î1 Î2/a Îϕ Îm În x1r1 a2 x2a 2 r2 bm gn CargaFonte Trafo Î1 = Îϕ + Î ′ 2 = 4,80∠ − 5,26◦ A Tensão fornecida pela fonte: V̂1 = Ê1 + (0,5 + j 2) · Î1 = 226,28∠4,67◦ V que é maior que 220V, em função da consideração de todos os fenômenos f́ısicos envolvidos na operação de um transformador real. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 79 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Diagramas fasoriais para os circuitos primário e secundário: V̂1 Î1 Primário V̂2 Î2 Secundário 5,26◦ 4,67◦ O transformador é um elemento indutivo, devido ao atraso da corrente do primário em relação à tensão, apesar da carga ser resistiva. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 80 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente + − + − V̂1 Ê1 a V̂2 Î1 Î2/a Îϕ Îm În x1r1 a2 x2a 2 r2 bm gn CargaFonte Trafo resistivoindutivo Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 81 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Potência complexa fornecida pela fonte: S1 = V̂1 · Î ∗1 = 1,09∠9,93◦ kVA que é maior que a potência consumida pela carga, indicando a presença de perdas. O ângulo de 9,93◦ resulta em um fator de potência de 0,985 atrasado na fonte. Eficiência do transformador: η = S2 S1 · 100% = 1,0 1,09 · 100% = 91,74% Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 82 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Perdas ôhmicas nos enrolamentos (perdas no cobre): PCu = r1 · I 21 + r2 · I 22 = 21,85 W Perdas de potência no núcleo (perdas no ferro): PFe = gn · E 21 = 49,48 W � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 83 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente � Exemplo Foram realizados os ensaios de laboratório necessários para a obtenção dos parâmetros do circuito equivalente de um transformador de 1 kVA, 220/110 V. As medições são mostradas na tabela abaixo e foram feitas no lado de alta tensão do transformador. Obtenha os parâmetros do circuito equivalente do transformador. Ensaio Tensão (V) Corrente (A) Potência (W) Circuito aberto 220 0,50 50 Curto-circuito 5 4,54 10 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 84 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente O ensaio de circuito aberto consiste na aplicação de tensão nominal em um dos enrolamentos, mantendo-se o outro enrolamento em aberto, conforme mostra a figura a seguir. ∼ A W V Trafo 220 V 110 V gn bm Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 85 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Em seguida, mede-se os valores indicados pelos medidores. Nota-se que a tensão medida (220 V) corresponde à tensão nominal do lado de alta tensão. Ao contrário do que é feito neste exemplo, na prática o ensaio de circuito aberto é normalmente realizado no lado de baixa tensão. Como o secundário (lado de baixa tensão) está em aberto, não há corrente por ele e, portanto, ele não é representado. Nas condições do ensaio, a corrente medida deve ser pequena, pois a impedância do ramo paralelo (ramo de excitação) é alta. Desprezam-se as quedas de tensão na resistência e reatância de dispersão do primário. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 86 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente A potência medida pelo watt́ımetro é praticamente igual à potência consumida na condutânciagn, e representa as chamadas perdas ferro. Parâmetros gn e bm: |Yϕ| = I V = 0,5 220 = 2,2727 mS gn = P V 2 = 50 (220)2 = 1,0331 mS bm = − √ |Yϕ|2 − g2n = − √ (2,2727)2 − (1,0331)2 = −2,0243 mS Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 87 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente O ensaio de curto-circuito consiste na aplicação de uma tensão em um dos enrolamentos tal que a corrente resultante seja a corrente nominal do transformador, quando o outro enrolamento está curto-circuitado. O circuito para este ensaio é: ∼ A W V Trafo 220 V 110 V req xeq Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 88 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente Corrente nominal do enrolamento de alta tensão: Inominal = S V = 1 · 103 220 = 4,54 A que é o valor mostrado na tabela. O ensaio de curto-circuito é normalmente executado no lado de alta tensão. Como a tensão é muito baixa, a corrente pelo ramo de excitação é muito pequena, e este pode ser desprezado. Os parâmetros série são então agrupados, tais que: req = r1 + a 2 · r2 xeq = x1 + a 2 · x2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 89 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador real – caracteŕısticas de operação e circuito equivalente A potência medida pelo watt́ımetro é praticamente a potência dissipada nos enrolamentos (req · I 2) e representa as chamadas perdas cobre. Os parâmetros req e xeq são calculados por: |Z | = V I = 5 4,54 = 1,1013 Ω req = P I 2 = 10 (4,54)2 = 0,4852 Ω xeq = √ |Z |2 − r2eq = √ (1,1013)2 − (0,4852)2 = 0,9887 Ω Em geral assume-se que: r1 = a 2 · r2 = req/2 x1 = a 2 · x2 = xeq/2 � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 90 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Modelos simplificados de transformadores reais Os transformadores utilizados em sistemas de energia elétrica apresentam caracteŕısticas próprias que permitem simplificações no seu circuito equivalente A corrente de excitação dos transformadores é tipicamente da ordem de 5% da corrente nominal Assim, pode-se desprezar o ramo paralelo do circuito equivalente do transformador quando este opera em torno das suas condições nominais Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 91 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Modelos simplificados de transformadores reais O circuito equivalente resultante é bastante simples, sendo formado apenas por uma impedância do tipo RL: + − + − V̂1 a V̂2 Î1 req xeq Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 92 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Modelos simplificados de transformadores reais Para transformadores de potência nominal a partir de algumas centenas de kVA, observa-se ainda que req é muito menor que xeq. Assim, pode-se desprezar também a resistência, pois as perdas de potência ativa nos enrolamentos são despreźıveis em relação à potência nominal do transformador Circuito equivalente simplificado final: + − + − V̂1 a V̂2 Î1 xeq Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 93 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Modelos simplificados de transformadores reais � Exerćıcio Repita a resolução do exemplo do slide 75 utilizando o modelo simplificado do transformador mostrado no slide 93. Compare os resultados das resoluções completa e simplificada. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 94 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Considere três transformadores monofásicos idênticos ao mostrado a seguir, para o qual a relação de transformação vale: 100 V 50 V N1 : N2 a1φ = V1 V2 = 100 50 = 2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 95 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Eles podem ser conectados de maneira conveniente resultando em um transformador trifásico Uma das ligações posśıveis é a ligação Y-Y: A AB B C CN N a ab b c cn n 50 V 50 V 50 V 100 V 100 V 100 V 11 1 22 2 33 3 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 96 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Considerando a sequência de fases ABC e a fase a como referência angular, as tensões do primário são: V̂AN = 100∠0 ◦ V V̂AB = 100 √ 3∠30◦ V V̂BN = 100∠ − 120◦ V V̂BC = 100 √ 3∠− 90◦ V V̂CN = 100∠120 ◦ V V̂CA = 100 √ 3∠150◦ V Pode-se obter as tensões de fase e de linha no secundário, considerando cada transformador individualmente. Para o transformador 1 tem-se: V̂an = V̂AN a1φ = 50∠0◦ V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 97 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico As demais tensões de fase são obtidas considerando-se as defasagens apropriadas A tensão de linha entre as fases a e b vale: V̂ab = 50 √ 3∠30◦ V A relação de transformação para um transformador trifásico é definida como a relação entre as tensões de linha do primário e secundário. Então, para a ligação Y-Y: a3φ = V̂AB V̂ab = 2 = a1φ que neste caso é igual à relação de transformação para cada transformador monofásico Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 98 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Outra ligação posśıvel é a Y-∆: A B C N a b c 11 22 33 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 99 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Suponha que definições das tensões no primário são as mesmas do caso da ligação Y-Y Tomando o transformador 1 e observando a ligação feita, nota-se que ao enrolamento do primário é aplicada uma tensão de fase, enquanto que no enrolamento secundário a tensão induzida é uma tensão de linha A relação entre as tensões nos enrolamentos primário e secundário é a própria relação de transformação do transformador monofásico: V̂AN V̂ab = 2 → V̂ab = 50∠0◦ V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 100 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico A relação de transformação para a ligação Y-∆ é: a3φ = V̂AB V̂ab = 2 √ 3∠30◦ = a1φ √ 3∠30◦ ou seja, além da relação de valores eficazes de a1φ √ 3, existe uma defasagem de 30◦ entre as tensões de linha Outras ligações são posśıveis, como a ∆-Y ou a ∆-∆, e seus modos de operação podem ser deduzidos a partir das ligações descritas anteriormente Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 101 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Os transformadores utilizados na prática também podem ter seus enrolamentos montados em um mesmo núcleo, e seu funcionamento é idêntico ao banco trifásico de transformadores Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 102 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico Como o transformador é um equipamento que tem as três fases idênticas, também pode ser representado através de diagrama unifilar: Gerador Linha Carga ∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 103 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico � Exemplo Representações: � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 104 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico � Exerćıcio Uma carga composta de três resistores em ∆ é conectada a um banco trifásico ∆-Y composto de três transformadores monofásicos que têm relação de espiras 5 : 1. 1 Esboce o diagrama elétrico das ligações do banco trifásico a uma rede elétrica e à carga, e obtenha as relações de espiras e de transformação. 2 Se a corrente na impedância da carga é de 8 A, qual é o valor da corrente de linha no primário? 3 Se atensão de linha no primário é de 220 V, qual é o valor da tensão na impedância da carga? Resp.: 4,8; A; 76,2; V. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 105 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico � Exerćıcio Dispõe-se de uma rede elétrica trifásica 6,6 kV e de três transformadores monofásicos 3800/220 V. Desenhe um diagrama elétrico, indicando as ligações dos transformadores à rede elétrica e a três lâmpadas de 200 W/127 V conectadas em Y. Obtenha as magnitudes de todas as tensões e correntes, a relação de transformação e a relação de espiras. Indique estes valores no diagrama elétrico. Resp.: 1,57; A; 0,91; A; 0,053; A. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 106 / 201 Transformadores: aspectos básicos – Transformador trifásico � Exerćıcio Dispõe-se de uma rede elétrica trifásica 6,6 kV e de três transformadores monofásicos 3800/220 V. Desenhe um diagrama elétrico, indicando as ligações dos transformadores à rede elétrica e a três lâmpadas de 200 W/220 V conectadas em Y. Obtenha as magnitudes de todas as tensões e correntes, a relação de transformação e a relação de espiras. Indique estes valores no diagrama elétrico. Resp.: 0,91; A; 0,053; A. � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 107 / 201 Especificações de equipamentos em sistemas de energia elétrica Descrição limitada aos equipamentos básicos utilizados em sistemas de energia elétrica e que têm interesse imediato nesta disciplina Máquinas Śıncronas: utilizadas para fornecer as tensões alternadas ao circuito (gerador śıncrono), ou para fornecer ou consumir reativos do circuito (compensador śıncrono) Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 108 / 201 Especificações de equipamentos em sistemas de energia elétrica Um circuito equivalente para uma máquina śıncrona pode ser: + − + − Îc Êg V̂t Îa r ∼ xs Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 109 / 201 Especificações de equipamentos em sistemas de energia elétrica Ic – corrente de campo, que é uma corrente cont́ınua aplicada no enrolamento de rotor (parte móvel) da máquina. Quando o rotor é posto a girar, esta cor- rente cria um campo magnético variável no interior da máquina Eg – tensão gerada, que é induzida em enrolamentos situados no estator (parte fixa) da máquina, devido à variação do campo produzido por Ic Vt – tensão terminal, ou seja, tensão dispońıvel para conexão com o restante do circuito Ia – corrente de armadura (estator), fornecida à carga r – resistência de armadura, associada à perda ôhmica de potência nos enrolamentos da máquina. Para máquinas de grande porte, pode ser desprezada xs – reatância śıncrona, que representa a dispersão de fluxo e o efeito desmagnetizante da carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 110 / 201 Especificações de equipamentos em sistemas de energia elétrica As especificações básicas para a máquina śıncrona são: Potência aparente trifásica nominal Tensão de linha nominal Impedância (ou somente a reatância) Transformadores: de acordo com a descrição dos transformadores feita anteriormente, as especificações são as seguintes: Potência aparente trifásica nominal Tensões de linha dos lados de alta e baixa tensões Reatância de dispersão Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 111 / 201 Especificações de equipamentos em sistemas de energia elétrica Motores: são fornecidos os seguintes dados: Potência ativa nominal dispońıvel no eixo Rendimento Tensão de linha nominal Fator de potência para operação nominal Cargas: são especificados os seguintes valores: Potência aparente trifásica nominal Tensão de linha nominal Fator de potência para operação nominal Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 112 / 201 Especificações de equipamentos em sistemas de energia elétrica Linhas de Transmissão: é fornecida a impedância série da linha, conforme já utilizado em exerćıcios anteriores Pode-se ter modelos mais completos (e complexos) para a linha de transmissão, dependendo da aplicação Exemplo de um diagrama unifilar contendo vários dos equipamentos descritos3: ∼ M 100 kVA 13,8 kV x = 8% 100 kVA 13,8 : 69 kV x = 5% 100 kVA 69 : 11,9 kV x = 6% 10 + j 50 Ω 10 HP/90% 0,85 atrasado 11,9 kV 3 Reatâncias dos equipamentos expressas em termos percentuais. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 113 / 201 Sistema por unidade (pu) Os sistemas elétricos de potência apresentam diferentes ńıveis de tensão de operação, seja no ńıvel de transmissão, de sub-transmissão ou distribuição No caso da transmissão existem alguma tensões t́ıpicas, como 765 kV, 500 kV, 440 kV, 345 kV e 230 kV As mudanças (ou transformações) de tensão são feitas por transformadores, como visto anteriormente Com a mudança da tensão para uma mesma potência transmitida haverá também a mudança da corrente Ocorrerá também uma mudança da impedância vista de um barramento, o que irá tornar a análise mais elaborada Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 114 / 201 Sistema por unidade (pu) A análise dos sistemas com diferentes ńıveis de tensão é complexa Além disto, não é trivial identificar se os valores de tensão em unidades f́ısicas encontram-se dentro de faixas aceitáveis de operação Considera-se que a tensão de um sistema em operação normal deve ficar situada na faixa de, por exemplo, 95% ≤ V ≤ 105% Ainda é posśıvel que a tensão em algumas barras tenha uma variação maior, de 90% a 110% Esses valores são estabelecidos em normas espećıficas Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 115 / 201 Sistema por unidade (pu) Ao invés de trabalhar com valores em percentagem, em sistemas elétricos de potência utiliza-se o sistema por unidade, onde as várias grandezas f́ısicas como potência, tensão, corrente, impedâncias são descritas como frações decimais de grandezas base Desta forma, as faixas acima seriam de 0,95 pu a 1,05 pu para a tensão normal de operação e de 0,90 pu a 1,10 pu para algumas barras Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 116 / 201 Sistema por unidade (pu) Evitar o uso de unidades f́ısicas simplifica a análise, uma vez que um engenheiro consegue identificar rapidamente uma operação incorreta sem precisar saber qual a tensão de linha ou de fase em volts naquele barramento O sistema por unidade facilita a análise de circuitos que incluirem transformadores Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 117 / 201 Sistema por unidade (pu) Considere o seguinte circuito: + − + − V̂f Î 1∠80◦ Ω 10∠30◦ Ω220∠0◦ V∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 118 / 201 Sistema por unidade (pu) A tensão da fonte pode ser obtida por: + − + − V̂f Î 1∠80◦ Ω 10∠30◦ Ω220∠0◦ V∼ Î = (220∠0◦/10∠30◦) = 22∠ − 30◦ A V̂f = 220∠0 ◦ + 1∠80◦ · 22∠ − 30◦ = 234,7∠4,1◦ V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 119 / 201 Sistema por unidade (pu) A informação de que a tensão na fonte é 234,7 V não tem grande significado em si, a menos que se saiba que a sua tensão nominal é 220 V Áı sim se pode concluir que a fonte está operando 6,7% acima de suas especificações Normalmente prefere-se trabalhar com a informação de que a tensão na fonte é de 106,7% ou 1,067 por unidade ou simplesmente pu Com esse valor, pode-se concluir imediatamente a violação das especificações da fonte sem que seja necessário o conhecimento das mesmas Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 120 / 201 Sistema por unidade (pu) Define-se como valor por unidade (pu) de uma grandeza elétrica a relação entre o valor real da grandeza e um valor de base predefinido: valor em pu = valor real valor de baseNo caso do circuito exemplo, o valor real da tensão da fonte é 234,7 V e o valor de base é o seu valor de tensão nominal 220 V, resultando em uma tensão 1,067 pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 121 / 201 Sistema por unidade (pu) Desta forma, correntes, tensões, potências e impedâncias podem ser representadas em pu Na análise de circuitos de corrente alternada há quatro grandezas elétricas fundamentais: Tensão Corrente Impedância Potência Elas são dependentes umas das outras. Então, dadas duas delas, as outras duas podem ser calculadas. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 122 / 201 Sistema por unidade (pu) Considere o gerador monofásico: ∼ Gerador 1 kVA 220 V x = 5% Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 123 / 201 Sistema por unidade (pu) É posśıvel definir uma potência de base igual ao seu valor nominal, isto é, Sb = 1 kVA Assim, se nos cálculos do circuito for obtida uma potência de 0,95 pu, conclui-se que a máquina está operando abaixo de sua capacidade nominal Pode-se definir também uma tensão de base igual a 220 V (Vb) Corrente de base: Ib = Sb Vb = 4, 54 A Impedância de base: Zb = V 2b Sb = 48,4 Ω Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 124 / 201 Sistema por unidade (pu) Sempre são definidos dois valores de base (por exemplo, potência aparente e tensão) Os outros dois (corrente e impedância) ficam automaticamente determinados, devido à dependência entre as grandezas Os valores de tensão e potência de base definidos acima coincidiram com os valores nominais do gerador Isto não é obrigatório, podendo ser escolhidas quaisquer bases. Na prática, no entanto, as bases são escolhidas da maneira mostrada acima Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 125 / 201 Sistema por unidade (pu) Os fatores que levam a esta escolha são os seguintes: Um valor em pu é útil quando implicitamente se refere a um valor importante do ponto de vista f́ısico, como por exemplo o valor nominal correspondente ao equipamento Se a base fosse outra que não a nominal, não haveria meio de se saber se a grandeza em pu representa a operação acima ou abaixo das especificações, a menos que fossem fornecidos dados adicionais, o que faz o sistema pu perder sua principal utilidade Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 126 / 201 Sistema por unidade (pu) Os fabricantes de equipamentos fornecem algumas especificações em pu (ou em valores percentuais), com base nos valores nominais dos mesmos Para o gerador exemplo a reatância é fornecida em termos percentuais, calculada para uma base de 220 V, 1 kVA Uma reatância de 5% equivale a 0,05 pu. Isto significa que a reatância em ohms é dada por: Xohms = xpu · Zb = 0,05 · 48,4 = 2,42 Ω Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 127 / 201 Sistema por unidade (pu) Gerador exemplo com sua reatância representada em ohms e em pu: ∼ ∼ Gerador Gerador j 2,42 Ω j 0,05 pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 128 / 201 Sistema por unidade (pu) � Exemplo Considere o circuito a seguir. Se a tensão na carga é 220 V, calcule a tensão da fonte. Carga 900 W / 0,90 indutivo 220 V Fonte 1 kVA 220 V Î j 10 Ω ∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 129 / 201 Sistema por unidade (pu) Valores de base a potência aparente e a tensão da fonte: Sb = 1 kVA Vb = 220 V Corrente de base: Ib = Sb Vb = 4,54 A Impedância de base: Zb = V 2b Sb = 48,4 Ω Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 130 / 201 Sistema por unidade (pu) Impedância da linha em pu4: zℓ = Zℓ Zb = j 10 48,4 = j 0,21 = 0,21∠90◦ pu Na carga: v̂c = 220∠0◦ 220 = 1,0∠0◦ pu pc = 900 1000 = 0,90 pu e: |sc | = (pc/fp) = 1,0 pu ϕc = cos −1 (0,90) = 25,84◦ } sc = 1,0∠25,84 ◦ pu 4As grandezas expressas em letras minúsculas indicam que os valores estão em pu. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 131 / 201 Sistema por unidade (pu) Corrente na carga: ı̂c = ( sc v̂c )∗ = 1,0∠ − 25,84◦ pu ou, em ampères: Îc = ı̂c · Ib = 4,54∠ − 25,84◦ A Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 132 / 201 Sistema por unidade (pu) Tensão da fonte: v̂f = v̂c + zℓ · ı̂c = 1,108∠9,82◦ pu ou em volts: V̂f = v̂f · Vb = 243,8∠9,82◦ V onde se nota que a tensão da fonte está 10,8% acima do seu valor nominal. Potência fornecida pela fonte: sf = v̂f · ı̂∗c = 1,108∠35,66◦ pu ou em volt-ampères: Sf = sf · Sb = V̂f · Î ∗c = 1108∠35,66◦ VA � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 133 / 201 Sistema por unidade (pu) A transformação das grandezas de um circuito em por unidade permite a eliminação dos transformadores do circuito. A figura a seguir mostra um circuito com transformador. + − + − Área 1 Área 2 V̂1 V̂2 100 kVA 138 : 13,8 kV 138 kV 13,8 kV Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 134 / 201 Sistema por unidade (pu) O circuito pode ser dividido em duas áreas, cada uma correspondendo a um lado do transformador e com sua base própria Pode-se definir os seguintes valores de base: Área 1: Sb1 = 100 kVA → potência nominal do trafo Vb1 = 138 kV → tensão nominal do lado de alta tensão Área 2: Sb2 = 100 kVA → potência nominal do trafo Vb2 = 13,8 kV → tensão nominal do lado de baixa tensão Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 135 / 201 Sistema por unidade (pu) A potência de base é a mesma para as duas áreas e igual à potência nominal do transformador A escolha se deve ao fato de que, se as perdas forem desprezadas, a potência consumida pela carga no secundário é igual à potência fornecida pela fonte no primário As tensões de base são iguais às tensões nominais dos respectivos lados do transformador Uma tensão V2 de, por exemplo, 13 kV, vale em pu: v2 = V2 Vb2 = 13 13,8 = 0,942 pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 136 / 201 Sistema por unidade (pu) A tensão V1 pode ser obtida aplicando-se a relação de transformação: V1 = N1 N2 · V2 = 138 13,8 · 13 = 130 kV ou, em pu: v1 = V1 Vb1 = 130 138 = 0,942 pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 137 / 201 Sistema por unidade (pu) Os valores em pu das tensões dos lados de alta e baixa do transformador são iguais, mostrando que o trafo pode ser eliminado, visto que a relação de transformação em pu é unitária + − + − + − + − 0,942 pu0,942 pu 0,942 pu0,942 pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 138 / 201 Sistema por unidade (pu) Impedâncias de base: Zb1 = V 2b1 Sb1 Zb2 = V 2b2 Sb2 Se uma impedância Z2 é conectada no lado de baixa tensão do transformador, seu valor em pu será: z2 = Z2 Zb2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 139 / 201 Sistema por unidade (pu) O valor da impedância vista pelo lado de alta tensão em pu será: z1 = Z1 Zb1 = ( N1 N2 )2 · Z2 ︸ ︷︷ ︸ Z1 · Sb1 V 2b1 ︸︷︷︸ 1/Zb1 = ( N1 N2 )2 · Z2 · Sb2 · ( N2 N1 )2 · 1 V 2b2 = Z2 · Sb2 V 2b2 = z2 Como z1 = z2, constata-se mais uma vez a eliminação do trafo quando se trabalha com pu. Entre as especificações do trafo, é fornecida a impedância em pu, não sendo necessário especificar o lado que foi considerado nos cálculos Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 140 / 201 Sistema por unidade (pu) � Exemplo Considere o circuito mostrado na figura a seguir. Calcule a tensão interna da fonte V̂f e a potência fornecida pela fonte (nos terminais de sáıda da mesma). − + ∼ j 0,1 Ω V̂f Área 1 Área 2 Área 3 T1 T2 50 : 220 V 1,5 kVA1,5 kVA 1 Ω j 5 Ω 220 : 110 V Vc = 110 V Zc = 10∠30 ◦ Ω Gerador Trafo 1 Trafo 2Linha Carga Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 141 / 201 Sistema por unidade (pu) Será considerada como referência angular a tensão da carga V̂c = 110∠0 ◦ V. Correntena carga: Îc = V̂c/Zc = 11∠ − 30◦ A Corrente na linha: Îℓ = (110/220) · Îc = 5,5∠− 30◦ A Tensão no lado de alta de T2: V̂ ′c = 220∠0 ◦ V Tensão no lado de alta de T1: V̂ ′′f = V̂ ′ c + Zℓ · Îℓ = 239,44∠5,05◦ V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 142 / 201 Sistema por unidade (pu) Tensão no lado de baixa de T1: V̂ ′f = (50/220) · V̂ ′′f = 54,42∠5,05◦ V (tensão nos terminais da fonte) Corrente fornecida pela fonte: Îf = (220/50) · Îl = 24,2∠ − 30◦ A Tensão interna da fonte: V̂f = V̂ ′ f + j 0,1 · Îf = 55,84∠7,08◦ V Potência fornecida pela fonte: Sf = V̂ ′ f · Î ∗f = 1316,96∠35,05◦ VA (em seus terminais) Pf = 1078,13 W Qf = 756,32 vAr Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 143 / 201 Sistema por unidade (pu) Para a realização do mesmo cálculo em por unidade, o circuito é dividido em três áreas, cujos valores de base são: Área 1: Sb = 1,5 kVA → Zb1 = 1,6667 Ω Vb1 = 50 V Área 2: Sb = 1,5 kVA → Zb2 = 32,2667 Ω Vb2 = 220 V Área 3: Sb = 1,5 kVA → Zb3 = 8,0667 Ω Vb3 = 110 V Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 144 / 201 Sistema por unidade (pu) As impedâncias do circuito em pu valem: Impedância da carga: zc = Zc/Zb3 = 1,2397∠30 ◦ pu Impedância da linha: zℓ = Zℓ/Zb2 = 0,1580∠78,69 ◦ pu Impedância da fonte: zf = Zf /Zb1 = 0,06∠90 ◦ pu A tensão na carga é tomada como referência: v̂c = V̂c Vb3 = 1∠0◦ pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 145 / 201 Sistema por unidade (pu) Circuito em pu: − ++ − ∼ j 0,06 v̂f v̂ ′ f 0,0310 j 0,1549 1∠0◦ 1,0736 + j 0,6198 ı̂f Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 146 / 201 Sistema por unidade (pu) ı̂f = 1∠0◦ 1,2397∠30◦ = 0,8066∠ − 30◦ pu v̂f = 1∠0 ◦ + 0,8066∠ − 30◦ · (0,0310 + j 0,1549 + j 0,06) = 1,1168∠7,08◦ pu v̂ ′f = 1∠0 ◦ + 0,8066∠ − 30◦ · (0,0310 + j 0,1549) = 1,0883∠5,04◦ pu sf = v̂ ′ f · ı̂∗f = 0,8778∠35,04◦ pu Sf = sf · Sb = 1316,73∠35,04◦ VA � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 147 / 201 Sistema por unidade (pu) A utilização do sistema pu em circuitos trifásicos não apresenta dificuldades adicionais, visto que um circuito trifásico equilibrado pode ser representado por um circuito monofásico (uma das fases do Y) Algumas das grandezas consideradas para um circuito trifásico são: Tensão de fase (fase-neutro) – Vf Potência aparente por fase – Sf Corrente de linha – Iℓ Tensão de linha (fase-fase) – Vℓ Potência aparente trifásica – S3φ em que: S3φ = 3 · Sf Vℓ = √ 3 · Vf Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 148 / 201 Sistema por unidade (pu) Assim, se for escolhida a base: Sbf – potência aparente por fase de base V bf – tensão de fase de base tem-se, consequentemente: Sb3φ = 3 · Sbf → potência aparente trifásica de base V bℓ = √ 3 · V bf → tensão de linha da base Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 149 / 201 Sistema por unidade (pu) Logo: I bℓ = Sbf V bf = Sb3φ 3 · √ 3 V bℓ → I bℓ = Sb3φ√ 3 · V bℓ Z b = ( V bf )2 Sbf = ( V bℓ√ 3 )2 · 3 Sb3φ → Z b = ( V bℓ )2 Sb3φ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 150 / 201 Sistema por unidade (pu) � Exemplo Considere o diagrama unifilar a seguir, no qual o motor é alimentado com tensão nominal. Represente o motor por uma impedância em por unidade. M 50HP / 90% fp 0,85 13,8 kV Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 151 / 201 Sistema por unidade (pu) O motor deve então ser representado por: − + zmv̂m ı̂m 50HP / 90% fp 0,85 13,8 kV Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 152 / 201 Sistema por unidade (pu) Opção 1 – pensar no circuito 1Φ correspondente 50/3HP / 90% fp 0,85 13,8/ √ 3 kV Potência do motor (1Φ): Sm = (50/3) · 746 0,9 · 0,85 ∠ cos −1 0,85 = 16252,723∠31,79◦ VA Opção 2 – pensar no circuito 3Φ direto 50HP / 90% fp 0,85 13,8 kV Potência do motor (3Φ): Sm = 50 · 746 0,9 · 0,85 ∠ cos −1 0,85 = 48758,170∠31,79◦ VA Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 153 / 201 Sistema por unidade (pu) Tensão no motor (1Φ): V̂m = 13,8/ √ 3∠0◦ kV Base (1Φ): Sb = 20 kVA Vb = 13,8/ √ 3 kV Ib = Sb/Vb = 2,51A Zb = V 2 b /Sb = 3174Ω Tensão no motor (3Φ): V̂m = 13,8∠0 ◦ kV Base (3Φ): Sb = 60 kVA Vb = 13,8 kV Ib = Sb/ (√ 3Vb ) = 2,51A Zb = V 2 b /Sb = 3174Ω Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 154 / 201 Sistema por unidade (pu) Em por unidade (1Φ): sm = Sm/Sb = 0,813∠31,79 ◦ pu v̂m = V̂m/Vb = 1∠0 ◦ pu ı̂m = (sm/v̂m) ∗ = 0,813∠ − 31,79◦ pu zm = v 2 m/s ∗ m = 1,230∠31,79 ◦ pu Em por unidade (3Φ): sm = Sm/Sb = 0,813∠31,79 ◦ pu v̂m = V̂m/Vb = 1∠0 ◦ pu ı̂m = (sm/v̂m) ∗ = 0,813∠ − 31,79◦ pu zm = v 2 m/s ∗ m = 1,230∠31,79 ◦ pu � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 155 / 201 Sistema por unidade (pu) � Exemplo Se a tensão nos terminais da fonte do circuito trifásico mostrado a seguir é igual a 13,8 kV, calcule a tensão no motor. ∼ 15 kVA 13,8 kV x = 5% j 500 Ω Carga 6 kW / fp = 1 13,8 kV13,8 kV 100 + j 500 Ω M 10 HP Eficiência 90% fp = 0,8 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 156 / 201 Sistema por unidade (pu) Deve-se primeiramente determinar os valores caracteŕısticos de cada elemento do circuito. Para o motor: P1φ = PHP · 746 0,90 · 1 3 = 2,7630 kW |S1φ| = P1φ fp = 3,4537 kVA ϕm = cos −1 (0,80) = 36,87◦ → S1φ = 3,4537∠36,87◦ kVA Q1φ = √ S21φ − P21φ = 2,0722 kvar Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 157 / 201 Sistema por unidade (pu) Pode-se obter a impedância do motor conhecendo-se a potência complexa e a tensão nominais: Zm = V 2f S∗1φ = 18,3803∠36,87◦ kΩ Neste caso, supõe-se que o motor será submetido à tensão nominal e consumirá a potência nominal, o que pode não corresponder à realidade, como neste exemplo. Se a tensão da fonte é ajustada em 13,8 kV, obviamente a tensão sobre o motor será menor que 13,8 kV, devido às quedas de tensão nas linhas. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 158 / 201 Sistema por unidade (pu) O valor da tensão aplicada, por sua vez, determina o grau de saturação dos materiais ferromagnéticos. O valor da potência consumida também pode variar e depende da carga conectada ao eixo do motor. Por simplicidade, considera-se que a impedância do motor se mantém constante para condições de operação em torno dos valores nominais. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 159 / 201 Sistema por unidade (pu) Cargas podem ser modeladas como: Potência constante Corrente constante Impedância constante Î ZS V̂ Neste caṕıtulo, consideraremos todas as cargas como sendo impedâncias constantes, exceto se mencionado de outra forma Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 160 / 201 Sistema por unidade (pu) Para a carga: P1φ = 2 kW |S1φ| = 2 kVA → S1φ = 2∠0◦ kVA Zc = V 2f S∗1φ = 31,740∠0◦ kΩ Para a fonte: S1φ = 5 kVA X = 0,05 · V 2 f S1φ = 0,05 · ( 13,8 · 103/ √ 3 )2 (15 · 103/3) = 634,8 Ω Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 161 / 201 Sistema por unidade (pu) Circuito monofásico correspondente ao circuito trifásico: − − − + + + ∼ j 634,8 Ω 13,8√ 3 ∠0◦ kV Î j 500 Ω V̂1 31,74∠0 ◦ kΩ Îm 100 + j 500 Ω V̂m 18,4∠36,87 ◦ kΩ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 162 / 201 Sistema por unidade (pu) Impedância vista pela fonte Zeq: Motor em série com linha: Z1 = 18,7634∠37,91 ◦ kΩ Z1 em paralelo com carga: Z2 = 12,4201∠24 ◦ kΩ Z2 em série com linha: Zeq = 12,6317∠26,07 ◦ kΩ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 163 / 201 Sistema por unidade (pu) Então: Î = V̂f Zeq = 0,6307∠ − 26,07◦ A V̂1 = V̂f − j 500 · Î = 13,5688√ 3 ∠− 2,07◦ kV Îm = V̂1 Z1 = 0,4175∠ − 39,98◦ A V̂m = Zm · Îm = 13,2914√ 3 ∠− 3,11◦ kV Portanto, a tensão de linha aplicada ao motor é de aproximadamente 13,3 kV. CarlosA. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 164 / 201 Sistema por unidade (pu) O problema pode ser resolvido em pu. Adotando-se como bases os valores nominais da fonte: Sb3φ = 15 kVA V b ℓ = 13,8 kV tem-se: Z b = ( V bℓ )2 Sb3φ = 12,6960 kΩ I bℓ = Sb3φ√ 3 · V bℓ = 0,6275 A Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 165 / 201 Sistema por unidade (pu) Para o motor, considerando tensão nominal v = 1∠0◦ pu: pm = PHP · 746 0,90 · 1 Sb3φ = 0,5526 pu |sm| = pm fp = 0,6907 pu ϕm = cos −1 (0,80) = 36,87◦ → sm = 0,6907∠36,87◦ pu zm = v2 s∗m = 1,4478∠36,87◦ pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 166 / 201 Sistema por unidade (pu) Para a carga: pc = Pc Sb3φ = 0,4 pu sc = 0,4∠0 ◦ pu zc = v2 s∗c = 2,5∠0◦ pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 167 / 201 Sistema por unidade (pu) O gerador tem uma impedância de j 0,05 pu e as linhas têm impedâncias de j 0,0394 pu e 0,0079 + j 0,0394 pu. O circuito em pu é: − − − + + + ∼ j 0,05 1∠0◦ ı̂ j 0,0394 v̂1 2,5∠0◦ ı̂m 0,0079 + j 0,0394 v̂m 1,4478∠36,87◦ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 168 / 201 Sistema por unidade (pu) Impedância vista pela fonte zeq: Motor em série com linha: z1 = 1,4780∠37,91 ◦ pu z1 em paralelo com carga: z2 = 0,9783∠24 ◦ pu z2 em série com linha: zeq = 0,9950∠26,07 ◦ pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 169 / 201 Sistema por unidade (pu) e: ı̂ = v̂ zeq = 1,0050∠ − 26,07◦ pu v̂1 = v̂ − j 0,0394 · ı̂ = 0,9832∠ − 2,07◦ pu ı̂m = v̂1 z1 = 0,6652∠ − 39,98◦ pu v̂m = zm · ı̂m = 0,9631∠ − 3,11◦ pu Assim, a tensão de linha no motor vale: Vm = vm · V bℓ = 13,2908 kV � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 170 / 201 Sistema por unidade (pu) Em sistemas de potência, costuma-se utilizar os valores de tensão em pu, e não em volts, devido ao fato de que um sistema de potência pode ter vários ńıveis de tensão envolvidos Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 171 / 201 Sistema por unidade (pu) Já foi visto que a presença de um transformador implica na existência de dois ńıveis de tensão no circuito Os cálculos em pu resultam na eliminação dos transformadores e as tensões nos seus dois lados assumem valores da mesma ordem de grandeza Assim, quando se trabalha com o sistema pu todas as tensões do circuito têm valores muito próximos, facilitando a sua análise Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 172 / 201 Sistema por unidade (pu) � Exemplo Transforme o circuito mostrado a seguir em pu. ∼∼ G1 100 MVA 100 MVA 13,8 kV 4% Área 1 T1 15 : 230 kV 10%10% L2 1 + j 10 Ω Área 3 L1 5 + j 50 Ω L3 2 + j 10 Ω C1 250 MVA 80% atrasado 230 kV T2 200 MVA 200 MVA 230 : 15 kV Área 2 G2 11 kV 8% Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 173 / 201 Sistema por unidade (pu) Como o circuito tem dois transformadores, existem três ńıveis de tensão envolvidos. Assim, divide-se o circuito em áreas, e cada uma terá sua própria tensão de base. As bases de tensão obedecerão as relações de transformação dos transformadores. Desprezando as perdas, as potências nos dois lados do transformador são as mesmas, o que leva à adoção da mesma base de potência para as três áreas. A potência de base escolhida é Sb = 200 MVA. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 174 / 201 Sistema por unidade (pu) Área 1: a tensão de base é a tensão nominal do gerador, Vb1 = 13,8 kV. A reatância do gerador (xG1) é calculada para a base (100 MVA, 13,8 kV), que são os seus valores de potência e tensão nominais. A reatância em ohms, XG1, vale: XG1 = xG1 · V 2b1 Sb = 0,04 · ( 13,8 · 103 )2 100 · 106 = 0,0762 Ω Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 175 / 201 Sistema por unidade (pu) A reatância do gerador em pu x ′G1 para a nova base adotada (200 MVA, 13,8 kV) vale: x ′G1 = 0,0762 · 200 · 106 (13,8 · 103)2 = 0,08 pu Deve-se também atualizar a reatância do trafo T1: XT1 = 0,1 · ( 15 · 103 )2 100 · 106 = 0,225 Ω x ′T1 = 0,225 · 200 · 106 (13,8 · 103)2 = 0,2363 pu A reatância do transformador T1 pode ser atualizada tanto em função da base da área 1 como da área 3. Pode-se verificar que o resultado é o mesmo. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 176 / 201 Sistema por unidade (pu) Área 3: a tensão de base deve seguir a relação de transformação do trafo T1: Vb3 = 230 · 103 15 · 103 · Vb1 = 211,6 kV Impedâncias das linhas em pu: zL1 = ZL1 Zb3 = 50,25∠84,29◦ · 200 · 10 6 (211,6 · 103)2 = 0,2245∠84,29◦ pu zL2 = ZL2 Zb3 = 0,0449∠84,29◦ pu zL3 = ZL3 Zb3 = 0,0456∠78,69◦ pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 177 / 201 Sistema por unidade (pu) Para a carga C1: Zc1 = V 2 S∗ = ( 230 · 103 )2 (250 · 106∠36,87◦)∗ = 211,6∠36,87 ◦ Ω zc1 = Zc1 Zb3 = 0,9452∠36,87◦ pu Deve-se atualizar também a reatância do transformador T2. Até agora, a maneira adotada para realizar a atualização consistiu em transformar o valor de pu para ohms utilizando os valores de base originais fornecidos e depois transformar novamente em pu, agora para a nova base. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 178 / 201 Sistema por unidade (pu) Ou seja: Xohms = x velho pu · ( V velhob )2 Sb xnovopu = Xohms · Sb (V novob ) 2 onde os ı́ndices velho e novo referem-se respectivamente às bases original (dados do problema) e nova (definida na solução do problema). Portanto, a transformação de bases pode ser escrita simplesmente por: xnovopu = x velho pu · ( V velhob )2 Sb · Sb (V novob ) 2 = x velho pu · ( V velhob )2 (V novob ) 2 Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 179 / 201 Sistema por unidade (pu) Finalmente, para o trafo T2 tem-se: x ′T2 = 0,1 · ( 230 · 103 )2 (211,6 · 103)2 = 0,1181 pu Área 2: a tensão de base vale: Vb2 = 211,6 · 103 · 15 · 103 230 · 103 = 13,8 kV Atualizando a reatância do gerador G2: x ′G2 = 0,08 · ( 11 · 103 )2 (13,8 · 103)2 = 0,0508 pu Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 180 / 201 Sistema por unidade (pu) O circuito em pu fica: ∼∼ 0,7562 + j 0,0447 0,0223 + j 0,2234 0,0090 + j 0,0447 j 0,1181 j 0,0508j 0,2363j 0,08 0,7562 + j 0,5671 � Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 181 / 201 Sistema por unidade (pu) � Exemplo A figura a seguir mostra o diagrama unifilar parcial de um sistema elétrico de potência trifásico. G 1 T 2 3 4 L1 L2 M1 M2 M3 Disjuntor Medidor ∼ Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 182 / 201 Sistema por unidade (pu) As especificações dos equipamentos do circuito são as seguintes: G – Y, 100 MVA, 15 kV, xG = 10% T – Y-∆, 100 MVA, 13,8 : 230 kV, xT = 10% L1 – 10 km de comprimento, reatância de 10 Ω/km L2 – 5 km de comprimento, reatância de 20 Ω/km, resistência de 5 Ω/km Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 183 / 201 Sistema por unidade (pu) Dois medidores de fluxo de potência (M1 e M2) e um medidor de tensão (M3) são instalados nos locais indicados. Em um determinado instante, foram feitas as seguintes medidas: Tensão na barra 3: 230 kV Fluxo de potência na linha L1: 40 MW, 30 Mvar Fluxo de potência na linha L2: 30 MW, 40 Mvar Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 184 / 201 Sistema por unidade (pu) Pede-se: 1 O circuito em pu, considerando uma base de 13,8 kV, 100 MVA para o gerador. 2 A corrente na linha L1. 3 A tensão na barra 2. 4 As perdas de potência ativa na linha L2. 5 A tensão na barra 4. 6 A tensão na barra 1. 7 O carregamento do gerador. 8 O fator de potência visto pelo gerador. 9 A tensão na barra 1 caso todos os disjuntores abrissem. Carlos A. Castro (DSE/FEEC/UNICAMP) EA611 – Caṕıtulo 4 185 / 201 Sistema por unidade (pu) O transformador T delimita duas áreas: Área 1: que compreende o gerador.
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