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Desafios da Gestão Pública José Roberto Afonso “Alternativas de Gestão Pública” Fórum Pensamento Estratégico/PENSES Instituto de Economia / UNICAMP Campinas, 23/06/2015 Como administração pública pode ser mais ágil, flexível, para ser mais efetiva? o Descentralizar e desestatizar para ganhar agilidade o Reformar instituições e instrumentos, investir em pesado em modernização de gestão Como governos servem mais e melhor com os mesmos ou menos recursos? o Missão impossível continuar elevando carga tributária e dívida pública o Imperioso melhorar produtividade do gasto e modernizar gestão Como executar (e mudar) políticas e práticas mas sem prejudicar instituições? o Reorientar política fiscal, inclusive para ativismo ou anticiclica , não deveria mudar e ignorar regras o Transparência necessária para credibilidade e expectativas macro Idéias ou ideais a desembarcar Bom gerenciamento equaciona políticas públicas e econômica o Único país que enfrentou crise global sem nenhuma reforma estrutural o Contraria história recente Gestão privada só se expande com crédito e desonerações estatais o Dependência financeira brutal e crescente do setor privado em relação a recursos públicos, ainda que indiretos o Segurança jurídica e melhor regulação deveriam suprir recursos Experiência brasileira com definição de instituições fiscais e sua contribuição para a estabilidade macroeconômica Mudança histórica de padrão de gestão da indisciplina generalizada para um ajuste fiscal duro e duradouro depois do Real e das crises externas Desafio maior é reconquistar confiança na política fiscal e econômica que pode requerer novo ciclo de reformas institucionais Fiscalidade Brasileira Dual Dualidade tem sido característica marcanes das políticas/práticas: • Organizados e sofisticados sistemas tributário, de orçamento, contabilidade, e gestão – das reformas dos anos 60 e culminou em 2000 com abrangente e flexível Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) • Distorções e desvios na tributação pesada e de má qualidade, endividamento não computado e não limitado, estratagemas crescentes para gerar artificialmente recursos e resultados Fiscalidade Brasileira Dual Pós-Crise Global Tendências internacionais: sobretudo economias desenvolvidas o ativismo - suporte financeiro; perda de receita; déficit e dívida o consolidação fiscal – sem volta pré-crise; agenda de reformas fiscais Novo “modelo” nacional : o peculiar – expansionismo gasto; queda primário; se endividar para emprestar o engenharia fiscal – sucessão de medidas atípicas; controle na boca do caixa o finanças estaduais – novo ciclo de endividamento sem boom investimentos Estratégias & perspectivas diferentes: o gerenciamento – incentivos (crédito, desonerações) até maturar crescimento; aversão à maior agenda legislativa (por ex., reforma tributária fateada) o reformas – sem ajuste imediato; rever indicadores (resultado estrutural); agenda de mudanças estruturais Federativa: • Estados: qual função na Federação? Evidências de perda de importância política, tributária e fiscal • Re-Centralização: governo central recentraliza política tributária – contribuições (aumento de carga) x impostos (desonerações); ligação direta com prefeituras; endividamento estadual Fiscal: • Orçamento: sistema obsoleto; sem reforma legislativa mas com modernização contábil via atos profissionais • LRF: incompleta (dívida federal, conselho de gestão) e flexibilidade crescente Tempo para revisão Reestruturar instituições fiscais Indicadores fiscais – redimensionar.. o complementar indicadores financeiros (NFSP) por aqueles extraídos da contabilidade pública (balanços e demonstrativos LRF) o cobertura plena no orçamento e balanços, incluindo créditos concedidos (em títulos), todos passivos (restos a pagar) e riscos fiscais; mas excluir financiadores (banco central) e agregados monetários (base, reservas) o novos indicadores como resultado estrutural, ajustado ao ciclo e variação patrimonial, com única metodologia para todos os governos LRF – completar regulação e aperfeiçoar… o endividamento - limitação das dívidas federais o conselho de gestão fiscal - watch dog; padronização, consenso e regulamentação; troca e premiação de experiências Lei Geral de Orçamento.... o atualizar Lei 4320; bases de novo padrão contábil; corrigir distorções Estados perderam participação na divisão federativa do bolo tributário nacional: reforma tributária de 1988 mais municipalizou do que descentralizou Municípios foram mais beneficiados … a Constituição de 1988 elevou cota municipal de 20% do ICM para 25% do ICMS para compensar o ISS que não foi extinto. … a criação do FUNDEF/FUNDEB e a estruturação do SUS levaram à descentralização dos gastos com educação e saúde em detrimento de perda de posição relativa dos estados. … as transferências voluntárias da União passarão a beneficiar cada vez mais as prefeituras no lugar dos estados. Alternativa aos Estados foi, recentemente, voltar a recorrer ao endividamento (como fizeram no auge da ditadura militar) como alternativa de financiamento, direta (bancos federais) ou indiretamente (garantias) junto ao governo federal. Crise federativa ou estadual? Modernização administrativa Programas federais de apoio: renegociação de dívidas e desestatização com componente de modernização, priorizados financiamentos (BID e BNDES = programas específicos) Gestão tributária : esforços concentrados mais na administração das receitas – de financiamentos às soluções de mercado Gestão da dívida : limitada à controle da rolagem (vedada emissão); por anos, sem acesso a bancos e, recente, garantias flexibiliram processo Gestão financeira, patrimonial e contábil: forte influência e dependência de práticas e orientações da STN – plano de ajuste fiscal (rolagem), manuais da LRF e nova contabilidade mundial Governo eletrônico : investimentos pesados em TI; adoção e abertura ao público de sistemas integrados (SIAFI); portais de transparência Lógica dominante no fiscal: basta gerenciar (bem)!!! Dispensado ou secundário reformas leis e instituições Nova geração de investimentos em modernização de gestão Sistemas integrados: imperiosa mudança dos sistemas intergrados para atender novos padrões contábeis, modernizar gestão financeira e aperfeiçoar a transparência fiscal Tesouros: priorizar investimentos nos tesouros estaduais para corrigir gap em relação à modernização já empreendida na administração tributária – incluindo adotar ou aperfeiçoar sistemas, ampliação e capacitação de pessoal especializado, plano de carreira, etc. Outras receitas: adotar ou melhorar sistemas para acompanhamento mais fino de transferências federais (FPE, FUNDEB, royalties) e empréstimos Contabilidade: completar transição para novo padrão mundial de contabilidade e adotar sistemas próprios de contabilidade de custo Eficiência de gestão: desenvolver sistemas permanente e eficaz para avaliar qualidade do gasto, a começar por grandes projetos Portais de transparência: melhorar conteúdo, ressaltar grandes contas, oferecer pesquisas avançadas Crise (Perigo) = Oportunidade !? Tributação: novo sistema Orçamento e Contabilidade: reestruturação Responsabilidade fiscal: austeridade Gerenciar x reformar ?! CRISE é o fracasso da idéia de que bom gerenciamento é condição necessária e suficiente para superar crises estruturais e dificuldades conjunturais… OPORTUNIDADE é para adotar uma agenda ampla de reformas institucionais no campo das finanças e da gestão públicas ANEXOS ESTATÍSTICOS (Longa)História fiscal exitosa 1920 – Código de contabilidade pública. Meados anos 60 – Estruturados novos sistemas de orçamento e contabilidade, tributário, administração pública e financeiro (ditadura militar) Meados anos 80 – Redefinidas funções das autoridades e das contas monetárias versus fiscais. 1988 - Constituição da redemocratização – descentralização da receita tributária e reestruturação do orçamento. 1994 – Moeda do Real criada sem plano ou medidas fiscais. Final anos 90 – Reformas estruturais, como desestatização, rolagem das dívidas subnacionais e LRF, e ajuste via aumento de carga tributária. Século XXI – Bonança do crescimento e esquecida agenda de reformas. Crise global – Crise de crédito enfrentada via endividamento público. Economia e sociedade: o Fechada (exterior); industrialização tardia; o Governo militar promove reformas desenhadas desde antes do golpe Orçamento e contabilidade pública o Lei 4320/1964 – normas gerais o Iniciativa contadores (1950) e Congresso o Inovador regime de competência despesa Sistema tributário: o Emenda Constitucional 18/1965 o Comissão de reforma FGV 1963 o Primeiro sistema nacional, inovador com primeiro IVA no mundo (ICM e IPI) e fundos de participação em tributos nacionais Meio século de sistemas fiscais Inovações: inédito capítulo à parte do Legislativo; normas gerais para finanças públicas e detalhamento do processo orçamentário Opinião: uma mudança estrutural mais importante que a do sistema tributário, mas dependente de legislação complementar… o redemocratização e transparência nos orçamentos o diretrizes orçamentárias (LDO), suprindo ausência das regras o plano plurianual (PPA), como balizador do programa de governo o orçamento em separado, seguridade e investimento das estatais o separação de contas fiscais das monetárias o bases para criação da Lei de Responsabilidade Fiscal Consequências: o avanços inegáveis e reconhecimento internacional o desinteresse do Executivo e no Legislativo na regulamentação para ação sem limites tem criado distorções crescentes Constituição de 1988: finanças públicas Lei de Responsabilidade Fiscal, 2000 Lei Nacional– Lei complementar aplicada a todos os níveis de governo Natureza – Código de boas condutas mesclado com limites e regras Restrições – Controle da dívida (limite pelo Senado mas nenhum para governo central) e de gastos com pessoal (diferencia por nível e poder) Metas fiscais – Flexível e móvel pois cada governo fixa anualmente na lei de diretrizes (LDO) metas para próximo ano e revisa dois seguintes. LRF não obriga geração superávit primário (salvo se dívida extrapola limite) Transparência – Exigidos relatórios bimestrais (resumo da execução do orçamento), quadrimestral (cumprimento de limites) e anuais (consolidação de balanços publicados nacionalmente) Gestão singular – Não há meta e nem gestão nacional em federação democrática com grande autonomia dos entes federados: governo central resta agir via transferências voluntárias e, sobretudo, ao centralizar empréstimos (renegociados do passado e novos via garantias) Divisão federativa – Estados x Municípios (em % da receita tributária nacional) Descentralização ou municipalização? Federação Descentralizada Governo Geral – Receita Tributária versus Despesa, sem Serviço da Dívida Divisão Federativa do Gasto Social COMPOSIÇÃO RELATIVA DO GASTO TOTAL Gastos Sociais - % da Função - por Esfera Administrativa - 2009 81.0% 14.0% 5.1% 16.1% 37.0% 46.9% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% União Estados Municípios Proteção Universais Fonte: FINBRA. Elaboração: Própria. José Roberto Afonso é economista, doutor pela UNICAMP, pesquisador do IBRE/FGV, professor do mestrado do IDP e especialista em finanças públicas Opiniões de exclusiva responsabilidade do palestrante. Isabel Rodrigues deu suporte às pesquisas. Mais trabalhos, próprios e de terceiros, no portal: www.joserobertoafonso.com.br http://www.joserobertoafonso.com.br/ EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE (DISCLAIMER) Este relatório foi elaborado para uso exclusivo de seu destinatário, não podendo ser reproduzido ou retransmitido a qualquer pessoa sem prévia autorização. As informações aqui contidas tem o propósito unicamente informativo. As informações disponibilizadas são obtidas de fontes entendidas como confiáveis. Não é garantida acurácia, pontualidade, integridade, negociabilidade, perfeição ou ajuste a qualquer propósito específico das fontes primárias de tais informações, logo não se aceita qualquer encargo, obrigação ou responsabilidade pelo uso das mesmas. Devido à possibilidade de erro humano ou mecânico, bem como a outros fatores, não se responde por quaisquer erros ou omissões, dado que toda informação é provida "tal como está", sem nenhuma garantia de qualquer espécie. Nenhuma informação ou opinião aqui expressada constitui solicitação ou proposta de aplicação financeira. As disposições precedentes aplicam-se ainda que venha a surgir qualquer reivindicação ou pretensão de ordem contratual ou qualquer ação de reparação por ato ilícito extracontratual, negligência, imprudência, imperícia, responsabilidade objetiva ou por qualquer outra maneira.
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