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2020 1. Uma mulher com 43 anos de idade, com 80kg, sofreu queimadura na perna após receber descarga elétrica há 1 hora. Durante o atendimento hospitalar, o médico emergencista percebeu pequena queimadura em face lateral da coxa direita, de cerca de 5 cm, e outra na face lateral do pé do mesmo lado, próxima ao maléolo, de cerca de 2 cm. Ao realizar o exame físico, os sinais vitais da paciente estavam estáveis. O médico iniciou hidratação venosa e colocação de sonda vesical para monitorar diurese da paciente. Notou saída de cerca de 80 mL de urina um pouco mais escura que a habitual. Solicitou, então, hemograma e dosagem de creatinina, cujos resultados estavam normais. Diante desse quadro, após a internação hospitalar e o curativo das lesões, a conduta imediata adequada é indicar: A) hidratação venosa com ringer lactato pela fórmula de Parkland e dar alta hospitalar à paciente. B) hidratação venosa com soro fisiológico 0,9 % até atingir débito urinário de 60 a 80 mL/hora. C) hidratação venosa com ringer lactato até atingir débito urinário de 100 a 200 mL/hora. D) hidratação venosa com soro fisiológico 0,9 % até atingir débito urinário de 80 a 100 mL/hora e fasciotomia da coxa direita. CCQ: O alvo da diurese em pacientes vítimas de queimadura elétrica é 2 ml/kg/h A paciente da questão sofreu uma queimadura elétrica, e diante desse cenário, é preciso lembrar que esse tipo de queimadura acomete tecidos mais profundos e apresenta maior risco de lesão renal, arritmias e síndrome compartimental. Pelo risco de lesão renal, a hidratação desses pacientes deve ser feita de forma mais generosa do que em queimaduras térmicas, e para isso utilizamos a fórmula 4 mL x peso x SCQ (%). A avaliação é feita pela diurese, que deve ser de 2 ml/kg/h (lembrando que em queimaduras térmicas o alvo para adultos é 0,5 ml/kg/h e para crianças 1 ml/kg/h). Alternativa A – Incorreta: A hidratação pode ser feita com ringer lactato ou com soro fisiológico e pode ser utilizada a fórmula de Parkland. O erro da afirmativa é querer dar alta para a paciente. Conforme revisamos, precisamos monitorar o débito urinário e o quadro geral da paciente, que pode evoluir com alguma das complicações descritas. Alternativa B – Incorreta: A paciente pesa 80 kg e, portanto, o objetivo da diurese dela deve ser em torno de 160 ml/h e não 60-80 ml/h. Alternativa C – Correta: Perfeito, o intervalo entre 100 e 200 compreende o valor calculado de 160 ml/h para a paciente. Alternativa D – Incorreta: Aqui novamente temos um valor incorreto de diurese, muito baixo para um caso de queimadura elétrica. Além disso, não temos dados que nos indiquem a necessidade de uma fasciotomia em coxa, procedimento realizado em casos de síndrome compartimental. Devemos suspeitar dessa complicação se o paciente apresentar dor desproporcional à lesão, dor à extensão passiva da musculatura, edema duro do compartimento e parestesia distal ao local acometido. No enunciado existe apenas a descrição de uma “pequena queimadura em face lateral da coxa direita de cerca de 5 cm”. Importante relembrar também que a fórmula de Parkland para queimaduras térmicas é de 2xSCQxPeso, sendo a meta em adultos uma diurese de 0,5ml/kg/h, em crianças até 30kg 1ml/kg/h e em bebês 2ml/kg/h Portanto, o gabarito é a alternativa C _______________________________ 2. Ao atender uma primigesta com 15 anos de idade, trazida à Emergência de um hospital geral pela ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o plantonista encontra a seguinte situação: idade gestacional de 36 semanas, bolsa rota com líquido claro, 4 contrações uterinas fortes com duração de 40 segundos em 5 minutos de observação, colo dilatado 10 cm, feto em apresentação cefálica em posição occipto-pública no plano +1 de De Lee, frequência cardíaca fetal = 130 bpm. Nessa situação, o plantonista deve A) conduzir a gestante de maca até o Centro Obstétrico do mesmo hospital e realizar o parto normal. B) realizar cesariana de urgência, mesmo sem a presença dos pais para autorização. C) requisitar fórcipe de alívio e finalizar o parto na própria sala de Emergência. D) iniciar analgesia peridural e infundir ocitocina endovenosa. CCQ: Saber que no TP sem fatores de risco a conduta é parto via vaginal Fala, pessoal! Questão de nível fácil sobre conduta no trabalho de parto (TP). O TP é diagnosticado quando há contrações regulares (2 - 3 contrações em 10 minutos) + dilatação cervical progressiva (2 - 3 cm) OU apagamento cervical > 80%. Entre 37 semanas a 41 sem + 6 dias é a termo, sendo que se iniciado antes de 37 semanas é considerado TP prematuro. A conduta vai depender das condições materno-fetais, sendo sempre que possível será indicado parto pela via vaginal. As indicações absolutas de cesárea são apresentação anômala (transverso), inserção baixa de placenta (placenta prévia total), vasa prévia, descolamento prematuro de placenta (caso seja a via mais rápida) ou prolapso de cordão. Temos também indicações relativas por fatores maternos - duas cesáreas prévias, cirurgias vaginais prévias, herpes genital ativo, infecção pelo HIV (se carga viral acima de 1000 cópias) - ou fatores fetais - malformações, gemelar com o primeiro "não-cefálico", macrossomia (com fetos acima de 4500g). No caso clínico acima, a paciente apresenta 36 semanas de IG + 4 contrações de 40 segundos em 5 minutos de observação + colo com 10 cm de dilatação = assistência ao trabalho de parto. Nesse caso, como o feto está cefálico, fletido, na descida, o parto é por via vaginal. Vamos analisar as alternativas: Alternativa A – Correta: Conduta correta, pessoal! Deve conduzir a gestante até o centro obstétrico mais próximo para o parto via vaginal. Alternativa B – Incorreta: Não tem indicação de cesárea. Alternativa C – Incorreta: O feto está com o BCF bom (entre 110-160bpm), sem sinais de sofrimento fetal ou de alteração que necessite de fórcipe de alívio. As indicações de uso de fórcipe são mães cardiopatas ou pneumopatas, sofrimento fetal agudo em parto vaginal iminente, sofrimento materno com partos prolongados por causa motora (discinesias) e cabeça derradeira. Alternativa D – Incorreta: A paciente está com mais de 3 contrações efetivas em 10 min, não necessita de ocitocina. O uretotônico se utilizado nesse caso caracteriza uma iatrogenia, com risco de rotura uterina. Portanto, o gabarito é a letra A ________________________________ 3. Uma mulher com 35 anos de idade exerce prostituição há 8 anos em hotéis da cidade para seu sustento e de seus filhos. Em virtude da pandemia da COVID-19, há 6 meses não trabalha e vem apresentando grave dificuldade financeira. Ao consultar na Unidade Básica de Saúde (UBS) do bairro, queixa-se de preocupações excessivas, nervosismo, tremores, palpitações e tonturas. Nesse caso, qual é a conduta adequada do médico de família e comunidade? A) Investigar o uso de drogas ilícitas, prescrever benzodiazepínico e encaminhar para psiquiatria. B) Evitar prescrever medicamentos, recomendar uso de chás e o abandono definitivo da atividade profissional. C) Oferecer escuta ativa, pactuar plano terapêutico singular e agendar retorno programado na UBS. D) Prescrever benzodiazepínico e antidepressivo tricíclico e agendar retorno em 30 dias. CCQ: Saber que o transtorno de ansiedade generalizado é tratado com psicoterapia + farmacoterapia e acompanhamento Os transtornos de ansiedade são desordens psiquiátricas comuns, caracterizados por um sentimento de apreensão desproporcional às vivências do indivíduo, podendo envolver sinais psíquicos (nervosismo, insegurança, dificuldade de concentração, etc.) efísicos (taquicardia, sudorese, náusea, parestesias, ondas de calor, sensação de sufocamento, dentre outros). O DSM-5 divide os transtornos de ansiedade em: transtorno do pânico e agorafobia, fobia social e fobias específicas, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno misto de ansiedade e depressão, transtorno de ansiedade de separação, além do transtorno de mutismo seletivo. Dentre eles, o transtorno de ansiedade generalizada é o mais comum, definido pela preocupação excessiva e abrangente. Tem caráter flutuante e não se relaciona a situações específicas. É mais comum em mulheres que em homens, com prevalência de 2:1. O quadro clínico engloba sentimento de apreensão, impaciência, irritabilidade, insônia, dificuldade de concentração e lapsos de memória. Podem também ocorrer sintomas físicos como tremores, tensão muscular, palpitações, sensação de asfixia, sudorese, mãos frias, sensação de nó na garganta. Os sintomas da paciente da questão, de preocupações excessivas, nervosismo, tremores, palpitações e tonturas fazem do transtorno de ansiedade generalizada a principal hipótese diagnóstica. O tratamento se baseia em psicoterapia, uso de antidepressivos inibidores da recaptação de serotonina ou venlafaxina, além de benzodiazepínicos de curta duração no início do tratamento). Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: O uso de drogas ilícitas deve ser investigado e os benzodiazepínicos até podem ser uma opção para os sintomas agudos no início do tratamento, mas não são o tratamento de escolha. Não é necessário encaminhar logo para a psiquiatria, e a maior parte dos casos pode ser manejada na atenção primária. Alternativa B - Incorreta: A farmacoterapia é parte importante do tratamento, e pode até haver conversa sobre atividade profissional, mas não deve ser feito juízo de valor. Alternativa C - Correta: Apesar de a psicoterapia ser importante, a escuta ativa pelo médico no conceito de UBS tem extrema importância no diagnóstico e tratamento, e permite pactuar plano terapêutico singular (com medicação se necessário), e acompanhamento com retornos programados na UBS. Alternativa D - Incorreta: Os benzodiazepínicos e antidepressivos tricíclicos não são a primeira escolha de tratamento, além disso, a escuta ativa e a psicoterapia também são parte essencial da abordagem do transtorno de ansiedade generalizada. Portanto, o gabarito é a alternativa C. ________________________________ 4. Uma mulher com 48 anos de idade vai a uma consulta na Unidade Básica de Saúde com queixa de calorões há três meses. As ondas de calor começam de repente, percorrem o tórax, pescoço e cabeça, geram suor abundante e terminam espontaneamente após alguns minutos. Ultimamente, os fogachos acontecem cerca de 3 a 4 vezes por dia e, às vezes, ocorrem durante a noite, atrapalhando o sono. A paciente está ficando cansada e irritada desde que o sintoma começou. Usa como método contraceptivo a laqueadura tubária. Ela teve ciclos menstruais irregulares nos últimos anos (menstruava a cada 2 ou 3 meses) e está em amenorreia há 6 meses. Deseja alguma solução para os calorões que a estão ""deixando louca"". Não fuma, nega doenças crônicas e nega história de câncer de mama ou endométrio. Sua história familiar é negativa para doenças ginecológicas. Em seu exame físico, apresenta IMC = 23,5 kg/m², PA = 110 x 70 mmHg e exame ginecológico e de mamas sem alterações dignas de nota. Todos os exames complementares de rotina estão normais. Considerando os dados clínicos da paciente, assinale a alternativa que apresenta a conduta adequada. A) Solicitar dosagem de FSH e ultrassonografia transvaginal para definir o diagnóstico de climatério. B) Prescrever inibidor seletivo de recaptação de acetilcolina como primeira opção terapêutica. C) Solicitar dosagem de estradiol e progesterona para avaliar a função ovariana. D) Prescrever terapia hormonal com estrogênio e progestagênio. CCQ: Saber a indicação de Terapia de Reposição Hormonal (TRH) em pacientes com fogacho no climatério Mentorando, assunto tão quente quanto os fogachos da nossa paciente! As bancas adoram cobrar as indicações de TRH no climatério, fique esperto! A questão apresenta uma paciente de 48 anos, sem comorbidades, iniciando o climatério com sinais e sintomas de fogachos (sintomas vasomotores como calor, rubor, sudorese e taquicardia) que prejudicam a sua qualidade de vida, e diante disso qual a melhor conduta a se tomar? Antes das alternativas, vamos rever alguns conceitos importantíssimos. Climatério é a fase de transição entre o período reprodutivo para o não reprodutivo da mulher, que vai desde os primeiros indícios de falha ovariana até os 65 anos. Já a menopausa é a parada da menstruação, e deve ser reconhecida somente após 12 meses de amenorreia, geralmente acontece por volta dos 50 anos. A paciente da questão está no climatério e na perimenopausa, que é o intervalo do início dos sintomas de irregularidade menstrual até o final do primeiro anos após a menopausa. O diagnóstico de climatério e menopausa é clínico, não sendo necessário solicitar exames, salvo algumas exceções, como por exemplo suspeita de falência ovariana precoce ou em paciente com histerectomia, já que essa paciente não irá menstruar e, por isso, a dosagem de FSH com valor > 40 mUI/ml nos auxilia no diagnóstico de menopausa. Alternativa A e C - Incorretas: Como vimos, o diagnóstico do climatério e da menopausa é clínico, e essa paciente está na idade esperada para início do climatério, além do fato de não tem histerectomia prévia, portanto não há necessidade de exames complementares. Alternativa B - Incorreta: Aqui atente- se, os inibidor seletivo de recaptação de serotonina (e não acetilcolina) são uma opção terapêutica, mas a primeira opção para fogacho é a reposição do estrogênio na TRH, quando não há contraindicação. Alternativa D - Correta: A indicação mais clássica para TRH cobrada nas provas é exatamente a que a paciente apresenta: fogachos que prejudicam a qualidade de vida. Veja que a questão traz cuidadosamente que a paciente não tem nenhuma contraindicação à TRH, ela não é tabagista, não tem comorbidades, não tem histórico pregresso e nem familiar de câncer de mama e endométrio, além de haver nenhuma alteração no exame físico e nos exames complementares. Outro ponto importante, é que a reposição hormonal do estrogênio deve ser combinada com progesterona, a fim de evitar a hiperplasia endometrial e aumentar o risco de câncer de endométrio. Gabarito, letra D _______________________________ 5. Uma mulher com 18 anos de idade vai ao ambulatório para levar o resultado da análise do líquido ascítico, além de outros exames laboratoriais. A história da paciente revela aumento progressivo do volume abdominal há 2 meses, acompanhado de perda de peso (habitual = 60 kg; atual = 51 kg) e episódios febris há 1 mês, geralmente no final da tarde, com temperatura de até 38 °C. Os exames demonstram anemia ferropriva, albumina sérica = 3,4/dL (valor de referência: 3,5 a 4,7g/dL), albumina no líquido ascítico = 2,5g/dL, leucocitúria = 35 a 40 leucócitos/campo e urocultura negativa. A fim de racionalizar a investigação diagnóstica, qual é o próximo exame complementar a ser solicitado? A) Pesquisa de BAAR na urina. B) Dosagem sérica de CA 19.9. C) Pesquisa de autoanticorpos lúpicos. D) Sorologia para hepatites virais B e C. CCQ: Saber que ascite GASA < 1,1 + perda de peso + febre sugere TB peritoneal Fala, pessoal! Tuberculose é um tema muito cobrado pelas bancas e devemos conhecer as suas principais características!A banca traz uma paciente de 18 anos, com ascite há 2 meses, associada a perda de peso e febres vespertinas. No Brasil, febre arrastada + perda de peso tem que nos fazer lembrar de tuberculose! Ao analisar o líquido ascítico, percebemos que temos um GASA de 0,9 (gradiente de albumina soro-ascite) < 1,1 o que nos indica doença peritoneal. Lembrando que: • GASA ≥ 1,1 g/dL = hipertensão portal (transudato) - cirrose, insuficiência cardíaca • GASA < 1,1 g/dL = provável doença peritoneal (exsudato): neoplasia peritoneal, tuberculose peritoneal. Além disso, os exames ainda trazem uma albumina sérica baixa, com anemia ferropriva, com uma leucocitúria e a urocultura negativa. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Correta: A pesquisa de BAAR na urina costuma ser positiva na TB peritoneal, mas se for negativa, não exclui o diagnóstico. A análise do líquido ascítico tem uma celularidade elevada (500-2.000 células/ml), com predomínio de linfócitos, glicose normal ou um pouco baixa. A positividade da baciloscopia é baixa, assim como a cultura (25-40%). O diagnóstico deve ser feito pela biópsia peritoneal (granuloma caseoso) e a cultura positiva do fragmento retirado. Alternativa B - Incorreta: Câncer entra no nosso diagnóstico diferencial, mas não é a principal hipótese devido à paciente ser jovem e não apresentar história de neoplasia. Alternativa C - Incorreta: Ascite por peritonite lúpica é muito rara, portanto, não seria a nossa principal hipótese diagnóstica. Alternativa D - Incorreta: Hepatite B e C crônicas causam cirrose, que apresentaria um GASA > 1,1 (transudato). Portanto, o gabarito é a alternativa A ________________________________ 6. Uma criança com 6 anos de idade é levada para atendimento em Unidade Básica de Saúde devido à constipação intestinal. O quadro teve início há 1 mês e vem piorando gradativamente, com postura retentiva e incontinência urinária associados. Atualmente, a criança apresenta apenas uma evacuação a cada 3 dias, com fezes em síbalos. Ao exame físico, mostra-se em bom estado geral, corada e hidratada. Abdome globoso, distendido, sem visceromegalias, com fezes palpáveis em fossa ilíaca esquerda. O toque retal evidencia esfíncteres anal interno relaxado e externo contraído, além de fezes na ampola retal. A provável causa da constipação intestinal é A) aganglionose congênita. B) constipação funcional. C) alergia alimentar. D) hipotireoidismo. CCQ: Saber o quadro clínico da constipação funcional A constipação funcional é aquela que não há substrato orgânico para que ela exista. O seu diagnóstico é dado pelos critérios de ROMA IV: Pelo menos 2 dos seguintes critérios, por 1 mês: • 2 ou menos evacuações por semana; • Pelo menos 1 episódio de incontinência fecal por semana; • Postura retentiva (criança que segura as fezes no momento de evacuar, contrai o esfíncter anal); • Dor abdominal/Dor ao evacuar (“movimentos intestinais dolorosos”); • Massa fecal no reto; • Fezes calibrosas que entopem o vaso. Através da anamnese e exame físico, conseguimos direcionar e suspeitar se há causa orgânica subjacente ou se é uma constipação funcional. Como é o caso da criança do enunciado, já que não há informações que nos direcionam para uma causa orgânica da constipação. Vamos às alternativas? Alternativa A - Incorreta: Também conhecida como doença de Hirschsprung, sendo uma e obstrução intestinal neonatal. A clínica consiste em obstrução distal, com o toque retal revelando saída explosiva de gases e fezes. Pode ocorrer atraso na eliminação de mecônio (acima de 48 horas) no recém-nascido. Alternativa B - Correta: Isso mesmo! O paciente se encaixa nos critérios de ROMA IV para constipação intestinal funcional. Alternativa C - Incorreta: A alergia alimentar costuma cursar com fezes diarreicas, além de flatulências, distensão abdominal e dermatite perianal associadas. Alternativa D - Incorreta: Paciente sem dados clínicos que não faz pensar em hipotireoidismo (pele seca, obesidade, inapetência, intolerância ao frio...). Mas saiba que o hipotireoidismo pode sim cursar com constipação intestinal. Logo, o gabarito é a letra B _______________________________ 7. Um paciente com 54 anos de idade procurou a Unidade Básica de Saúde para atendimento. O homem relatou que, há um ano, apresentou abscesso na região perineal que foi drenado em pronto-socorro. Desde então, apresentou uma ferida próxima ao ânus, que ocasionalmente inflama e apresenta saída de secreção turva, com odor fecaloide. O paciente realizou colonoscopia há 3 anos, a qual não evidenciou lesões no cólon. O exame da região perianal evidenciou orifício cutâneo a 2 cm da borda anal, na região anterior direita do períneo. O toque retal evidenciou próstata com características normais e indução anteriormente à borda anal. Após a compressão local, houve saída de secreção pelo orifício cutâneo. Com base na história clínica e nos dados do exame físico, o diagnóstico e a conduta adequada são A) abscesso perianal e drenagem cirúrgica. B) fissura anal aguda e uso de anti- inflamatórios tópicos. C) fístula perianal e encaminhamento para tratamento cirúrgico eletivo. D) fissura anal crônica e encaminhamento para tratamento cirúrgico eletivo. CCQ: Lesões perianais sem trajeto delimitado para a mucosa anal são diagnosticados como fissuras anais Vamos lá, mentorando! Temos aqui um paciente com queixa de ferida próxima ao ânus com saída de secreção, e uma história de abcesso perineal que já foi drenado em pronto-socorro. Trata-se de um tema recorrente nas provas e que pode aparecer na sua casa. Neste caso, o examinador nos pede o diagnóstico e a conduta adequada, então vamos analisar cada uma das alternativas para encontrar a correta: Alternativa A - Incorreta: Os abcessos são infecções que se originam no plano interesfincteriano e pode formar um trajeto em direção à margem anal. Se apresentam clinicamente como um edema doloroso, que pode ser erroneamente interpretado como hemorroida trombosada. Clinicamente, quando visualizado, é visto como uma tumoração óbvia, vermelha e flutuante. Alternativa B - Incorreta: De fato, a história e o exame físico mostram se tratar de uma fissura anal, devido à dor e a saída de secreção que representa uma inflamação. Entretanto, devido à história arrastada, não podemos classificar como uma fissura aguda, que são aquelas que se apresentam três a seis semanas após o início dos sintomas. Alternativa C - Incorreta: A fístula perineal consiste em um trajeto pérvio entre a mucosa anal e a região perineal. A história do paciente com saída de secreção fecaloide nos faz pensar em um primeiro momento em uma fístula. Entretanto, trata-se da história referida pelo paciente, correto? O exame do toque retal é o meio definitivo para definir a presença ou não de um orifício de saída anal, configurando uma fístula perineal, e o toque do nosso paciente não evidenciou tal orifício! E por causa desse dado do exame físico, não podemos classificar a lesão como fístula. Alternativa D - Correta: Finalmente, podemos classificar a lesão do paciente como uma fissura anal, uma vez que não observamos a presença de trajeto para a mucosa anal, e devido à sua história, esta fissura pode ser classificada como crônica. O tratamento cirúrgico para fissuras anais é indicado no caso de fissuras crônicas e graves (como o caso do nosso paciente) e aqueles que não responderam ao tratamento clínico. Não há necessidade de realização de cirurgia na emergência, podendo ser realizado eletivamente. Portanto, o gabarito da questão é a alternativa D _______________________________ 8. Um homem com 19 anosde idade, motorista de aplicativo, procura a Unidade de Saúde da Família (USF) por tristeza e insônia há uma semana, desde que sua mãe faleceu por acidente ciclístico. O pai faleceu em um acidente de moto há 5 anos. Relata que tem estado muito preocupado com o futuro, pois agora está morando apenas com sua irmã de 15 anos de idade. Nos últimos dias, ele tomou 3 comprimidos de diazepam que achou na bolsa da mãe e pede uma receita para pegar mais dessa medicação na USF. Nega histórico de transtornos mentais. Nesse caso, a conduta médica inicial deve ser A) suspender benzodiazepínico e encaminhar ao psiquiatra. B) manter o uso da medicação e orientar o paciente a fazer a redução gradual. C) oferecer escuta ativa, técnicas de higiene do sono e terapia cognitivo- comportamental. D) trocar por um benzodiazepínico em gotas para facilitar a redução gradual da medicação. CCQ: Saber que a conduta inicial em casos de insônia deve ser a escuta ativa, a higiene do sono e a terapia- cognitivo comportamental Fala pessoal, temos aqui assuntos importantes para discutirmos! Nessa questão, temos um homem de 19 anos, apresentando-se com um quadro ansioso importante, a ponto de interferir em seu sono. Esse quadro ansioso, como pudemos observar, advém de uma situação social delicada, em que o paciente torna-se chefe da família devido ao falecimento de seu pai e de sua mãe. Em tentativa de aliviar seu próprio sofrimento, o paciente faz uso inadequado de 03 comprimidos de benzodiazepínicos, para diminuir a insônia. Essa conduta está inadequada, pois a primeira linha de tratamento para a insônia é, na verdade, a higiene do sono, combinada ao tratamento de algum transtorno de humor subjacente que esteja interferindo com o sono do paciente. No caso em questão, esse transtorno seria o de ansiedade e, nesse caso, a primeira linha de tratamento seria a terapia cognitivo-comportamental. E como é que poderíamos chegar a esse ponto, de oferecer essas terapêuticas para o paciente? Por meio da escuta ativa, em que entenderíamos todos os motivos da situação que está sendo apresentada por ele. Tendo isso em vista, vamos analisar as outras alternativas: Alternativa A – Incorreta: O benzodiazepínico deve ser, de fato, suspenso nesse primeiro momento, mas não há necessidade de encaminhar o paciente ao psiquiatra, pois a atenção primária pode fazer essa primeira abordagem, com orientações e psicoeducação! Alternativa B – Incorreta: O uso de benzodiazepínicos não é a primeira linha de tratamento contra a insônia. Ele é apenas um adjuvante, mas, antes de iniciar seu uso, o paciente deve ser orientado a realizar higiene do sono, atividade física, melhorar a alimentação e também a fazer uma terapia, em caso de ansiedade. Alternativa C – Correta: Exatamente isso! Além de técnicas de higiene do sono, outras orientações poderiam ser passadas, como: realizar atividade física, alimentar-se melhor, evitar bebidas cafeinadas depois das 16h. Alternativa D – Incorreta: Como já vimos, o benzodiazepínico não é a primeira linha de tratamento para a insônia! Portanto, ficamos com letra C como gabarito _________________________________ 9. Uma adolescente com 14 anos de idade, acompanhada de sua prima de 18 anos de idade, é atendida pelo médico de plantão no hospital, queixando-se de sangramento vaginal abundante há 5 dias. A paciente nega contato sexual prévio ou doenças pregressas e relata menstruações mensais regulares desde os 10 anos de idade. O exame ginecológico revela rotura himenal cicatrizada e pequeno sangramento vaginal no momento do exame. Nessa situação, para diferenciar as causas de sangramento, o exame complementar inicial importante é A) FSH sérico. B) beta hCG sérico. C) progesterona sérica. D) fator de Von Willebrand. CCQ: Saber que dosagem sérica de beta-hCG é SEMPRE o exame inicial em caso de investigação diagnóstica de sangramento vaginal Mentorando, esta foi uma questão muito tranquila do exame de revalidação de 2021. A primeira coisa que devemos ter em mente é que nas pacientes com sangramento vaginal e em idade fértil, SEMPRE devemos aventar gestação como uma hipótese diagnóstica, mesmo que a paciente negue contato sexual prévio. A paciente do caso, além de apresentar sangramento, possui indícios de rotura himenal, de forma que é fundamental a dosagem de beta-hCG sérico para descartar qualquer patologia relacionada a gravidez. Vamos as alternativas: Alternativa A - Incorreta: Não há motivo para realizarmos dosagem de FSH em uma paciente de 14 anos com um episódio de sangramento uterino anormal. Solicitamos FSH principalmente em casos de infertilidade e suspeita de falência ovariana prematura. Alternativa B - Correta: Exatamente como vimos acima. Alternativa C - Incorreta: Não há relação entre os níveis séricos de progesterona e o episódio de sangramento apresentado pela paciente. Alternativa D - Incorreta: Iremos solicitar a dosagem do fator de Von Willebrand em caso de suspeita de coagulopatia. Nesses casos, a paciente irá relatar sangramento uterino abundante e de repetição, não sendo o caso apresentado pela questão. Sendo assim, o gabarito é a alternativa B ________________________________ 10. Uma mãe leva seu filho com 2 anos de idade para consulta na Unidade de Saúde da Família (USF) relatando que a criança apresenta febre não aferida e lesões vésico-pústulo-crostosas em tronco há 2 dias. Segundo o Programa Nacional de Imunização, o calendário de vacinação esteve completo somente até os 6 meses de idade, pois a mãe disse que deixou de vacinar a criança porque passou a trabalhar em turno integral, não tendo como levá-la à USF. Quais são a vacina que preveniria a atual doença e a idade para a sua administração? A) Vacina tetraviral; 12 meses. B) Vacina tetraviral; 15 meses. C) Vacina tríplice viral; 12 meses. D) Vacina tríplice viral; 15 meses. CCQ: A primeira dose da vacina contra a varicela é aos 15 meses, por meio da vacina tetraviral A criança da questão é um menino de 2 anos que apresenta febre e lesões vesico-pustulo-crostosas em tronco há 2 dias, com vacinação atrasada (desde os 6 meses). Sabendo disso, qual a nossa principal hipótese diagnóstica? Varicela! A varicela (ou catapora) é uma doença altamente contagiosa, que se caracteriza por um exantema papulovesicular de distribuição centrípeta (cabeça e tronco) e com polimorfismo das lesões (mácula, pápula, vesícula e crosta). Costuma ser uma doença benigna, apresentando um quadro mais grave quando acomete indivíduos imunocomprometidos. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza duas doses da vacina varicela, uma aos 15 meses e outra aos 4 anos. No entanto, a primeira dose é administrada como parte da vacina tetraviral, que protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. Alternativa A – Incorreta: A vacina tetraviral é administrada aos 15 meses. Alternativa B – Correta: A vacina tetraviral protege contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela e é administrada aos 15 meses. Alternativa C – Incorreta: A vacina tríplice viral, apesar de ser administrada aos 12 meses, só protege contra sarampo, caxumba e rubéola. Alternativa D – Incorreta: Conforme a alternativa C. _________________________________ 11. Uma mulher com 36 anos de idade, obesa e multípara, é admitida no pronto-socorro com quadro de febre alta com calafrios, dor no hipocôndrio direito e icterícia. Ela tem histórico de dor abdominal recorrente no hipocôndrio direito, geralmente associada à ingestão de alimentação gordurosa. Ao chegar a essa unidade hospitalar, encontra-se torporosa, febril (39,6 °C), com PA = 90 x 60 mmHg, reagindo com fácies dedor à compressão do hipocôndrio direito, mas com sinal de Murphy ausente. Os exames laboratoriais da paciente revelam leucócitos = 22.000/mm³ (valor de referência: 6 000 a 10 000/mm ³ ), com 17% de bastões e 3% de metamielócitos e bílirrubina direta = 4,8 mg/dL ( valor de referência: até 0,3 mg/dL), fosfatase alcalina = 420 UI/L (valor de referência: 70 a 192 UI/L) e gama-glutamil transferase = 302 UI/L (valor de referência 70 a 192 UI/L). A ultrassonografia abdominal da paciente mostra a presença de dilatação das vias biliares extra-hepáticas, e a vesícula biliar com algumas imagens hiperdensas e com sombra acústica posterior. Diante desse quadro clinico, qual é o diagnostico correto? A) Colangite aguda com pêntade de Reynolds. B) Colangite aguda com tríade de Charcot. C) Colecistite crônica alitiásica. D) Colecistite aguda litiásica. CCQ: Saber que febre + icterícia + dor em hipocôndrio direito + alteração do estado mental + hipotensão = Pêntade de Reynolds Vamos lá, pessoal! Temos um caso clínico de uma mulher adulta com quadro de febre, dor em hipocôndrio direito e icterícia. Essas três características constituem a tríade de Charcot, que é característica de colangite aguda. Mas o caso não para por aí: o paciente evolui com torpor (esta é uma dica do examinador para você pensar em alteração do estado mental) e hipotensão. Estas duas características somadas, à tríade de Charchot, constituem a Pêntade de Reynolds, que é característica da evolução da colangite aguda para uma colangite tóxica com manifestações sistêmicas! O examinador ainda apresenta mais dados laboratoriais e dados da anamnese, mas apenas com essas informações conseguimos encontrar a resposta correta. Vamos às alternativas: Alternativa A - Correta: Como vimos acima, o paciente apresentava exatamente as manifestações da Pêntade de Reynolds, que é característica da colangite aguda grave com manifestação sistêmica! Alternativa B - Incorreta: Se o caso clínico parasse antes do paciente apresentar torpor e hipotensão, com certeza esta seria a alternativa correta! Mas não podemos ignorar estes outros dois sinais que são presentes na Pêntade de Reynolds. Alternativa C - Incorreta: A colecistite crônica alitiásica, ou seja, a inflamação vesicular cuja etiologia não é por cálculo, não costuma se apresentar com febre e icterícia! Alternativa D - Incorreta: A nossa paciente tem fator de risco para colecistite aguda litiásica, pois é uma mulher, multípara e obesa. Mas essa situação costuma se apresentar com cólica em hipocôndrio direito, náuseas e vômitos, e por vezes sinal de Murphy positivo no exame físico. A presença de febre e das outras alterações que já citamos deve nos fazer pensar em colangite! ________________________________ 12. Um adolescente com 13 anos de idade é atendido no pronto-socorro devido à picada de escorpião no dedo indicador esquerdo. Em exame físico, apresenta sinais vitais estáveis, dor intensa, hiperemia e formigamento no local da picada, associados a náuseas, vômitos, sudorese e sialorreia discretos. Além do alívio da dor, a conduta recomendada é A) observação domiciliar por 6 a 12 horas. B) observação hospitalar por 6 a 12 horas. C) soro anti-escorpiônico (2 a 3 ampolas. D) soro anti-escorpiônico (4 a 6 ampolas. CQ: Saber que em caso de acidente escorpiônico moderado, há indicação de 2 a 3 ampolas de soro antiescorpiônico Fala, galera! Questão muito boa para discutirmos sobre a estratificação dos acidentes escorpiônicos e como faremos o tratamento em cada caso! A questão descreve um acidente com escorpião em um adolescente! Aqui, é legal lembrar que os acidentes em crianças, principalmente nos menores de 10 anos, e idosos costumam ser mais graves! Vamos ver como ficam os sinais e sintomas de acordo com a gravidade? • Acidentes leves: dor local que pode ser acompanhada de parestesia, eritema e sudorese ao redor da picada. Pode durar por 24 horas, sendo mais intensa nas primeiras horas. • Acidentes moderados: aqui, além da intensa dor local, há a presença de sudorese, náusea, vômitos, taquicardia, taquipneia e hipertensão. • Acidentes graves: além dos sintomas acima, temos manifestações neurológicas, miose/midríase, priapismo, aumento de secreções (sudorese profusa, vômitos incoercíveis e rinorreia), agitação, bradicardia, podendo chegar a casos graves de choque e coma. O paciente da questão tem, associados a dor local e eritema, náuseas, vômitos, sudorese e sialorreia discretos, o que descreve para gente um caso de acidente moderado! E como nós vamos tratar, então? O esquema é simples: • Acidentes leves: pode ser realizada uma anestesia local com lidocaína e observação por 4 a 6 horas. • Acidente moderado: indica-se de 2 a 3 ampolas de soro antiescorpiônico. • Acidente grave: indica-se de 4 a 6 ampolas de soro. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativas A e B - Incorretas: Como se trata de um caso moderado, não iremos só observar, sendo indicado o soro. Alternativa C - Correta: Como vimos, esse é o tratamento indicado! Alternativa D - Incorreta: Essa alternativa estaria correta se fosse um caso grave. Portanto, o gabarito é alternativa C _______________________________ 13. Um adolescente com 11 anos de idade é atendido no pronto-socorro com história de dor e inchaço em joelho esquerdo há 5 dias. Ele conta que, há 2 dias, iniciou com febre, dificuldade para deambular e aumento da dor e do inchaço na região. A mãe relata recusa alimentar e palidez cutânea há 1 dia. O adolescente apresenta antecedente de trauma local durante partida de futebol há 1 semana e refere o uso de anti- inflamatório não esteroidal desde então, sem melhora do quadro. Ao exame físico, apresenta-se em regular estado geral, com palidez cutânea, febril (temperatura axilar = 38,2 °C), eupneico, anictérico, acianótico, com tempo de enchimento capilar de 3 segundos e pressão arterial normal para a idade. Apresenta, ainda, edema, rubor, calor e dor no joelho esquerdo, com bloqueio à tentativa de mobilização. O resultado do hemograma mostra leucocitose com desvio à esquerda. Também foram observados proteína C reativa e VHS elevados. Nesse caso, quais são o agente etiológico mais provável e a antibioticoterapia endovenosa indicada? A) Streptococcus pneumoniae; ampicilina. B) Staphylococcus aureus; oxacilina. C) H. influenzae tipo B; amoxicilina. D) Kingella kingae; ceftriaxona. CCQ: Diante de artrite monoarticular lembrar de artrite séptica, e que, quando relacionada a trauma, tem como principal agente o S. aureus Aluno Aristo, a artrite séptica é a infecção do espaço articular por diferentes tipos de patógenos, geralmente por via hematogênica e em alguns raros casos por inoculação direta como em traumas e ferimentos. Pacientes com artrite séptica geralmente apresentam uma única articulação edemaciada e dolorosa. Em um grande número de vezes é o joelho. No exame, o paciente apresenta dor à mobilização ativa e passiva do joelho, além de manifestações sistêmicas (febre, recusa alimentar, cansaço) e alterações laboratoriais indicativos de infecção: leucocitose com desvio, aumento de indicadores de inflamação (VHS, PCR). Os agentes etiológicos se dividem em gonococos e não gonococos (S. aureus). A artrite causada por gonococos acomete mais jovens sexualmente ativos e tem quadro bifásico (poliartrite que evolui para monoartrite); a relacionada ao S. aureus acomete idosos e tem quadro monofásico com artrite monoarticular. Portanto, em pacientes como o nosso, possivelmente com vida sexual inativa, de causa traumática, devemos pensar em S. aureus e tratar com oxacilina ou vancomicina (fatoresde risco para MRSA). Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: A Kingella kingae é um dos componentes daquele acrônimo HACEK que a gente decora para aprender os gram-negativos que podem causar endocardite. Também são responsáveis pela artrite séptica, mas em menor proporção. Alternativa B - Correta: Como dito, o principal agente em artrite séptica por trauma é o Staphylococcus aureus e o tratamento deve ser feito com oxacilina. Alternativa C - Incorreta: O Hemophylus influenzae é responsável por uma taxa menor que o S. aureus das artrites sépticas. Alternativa D - Incorreta: Os estreptococos também são importantes agentes etiológicos, mas com predomínio menor, especialmente em crianças maiores de 3 anos. Portanto, o gabarito é a alternativa B ________________________________ 14. Uma mulher com 20 anos de idade, com 10 semanas de gestação, retorna para consulta de pré-natal com exames de rotina. A urocultura apresentou crescimento bacteriano maior que 10⁵ UFC/mL (unidades formadoras de colônias por mL). A paciente relatou aumento da frequência urinária, entretanto negou sintomas como disúria, urgência miccional, noctúria, dor suprapúbica ou febre. Nesse caso, o diagnóstico e o tratamento antimicrobiano são, respectivamente, A) bacteriúria assintomática; nitrofurantoína. B) bacteriúria assintomática; ciprofloxacina. C) cistite aguda; nitrofurantoína. D) cistite aguda; ciprofloxacina. CCQ: Bacteriúria Assintomática na gestação deve ser tratada com nitrofurantoína, fosfomicina ou beta- lactâmicos Essa questão nos apresenta uma bacteriúria assintomática em paciente gestante. Vamos relembrar alguns pontos antes das alternativas: • Em todo trimestre de gestação deve ser colhido um EAS e urocultura. Se crescimento de colônias acima de 100.000 na ausência de sintomas deve-se fazer os diagnósticos de bacteriúria assintomática e tratar. • As opções de tratamento para B.A. são: nitrofurantoína, fosfomicina, amoxicilina, ampicilina, cefalexina e sulfametoxazol-trimetoprim. A urocultura deve guiar o tratamento, mas cotidianamente a nitrofurantoína é a primeira escolha. • A cistite aguda também apresenta crescimento de colônias na urocultura, mas tem como diferencial o fato de ser sintomática, cursando com polaciúria, ardência, dor pélvica e, em alguns casos, febre baixa. O tratamento é o mesmo da B.A. O tratamento idealmente deve ser realizado conforme o antibiograma. Após o tratamento, deve-se aguardar 1 a 2 semanas e coletar nova urocultura para controle de cura. Por último, precisamos lembrar que quinolonas e tetraciclinas não devem ser prescritas na gestação por toxicidade fetal. Sulfametoxazol- trimetoprim pode ser utilizado somente no segundo trimestre e a nitrofurantoína deve ser utilizada somente até 36 semanas. Dito isso, vamos às alternativas: Alternativa A - Correta. Trata-se de bacteriúria assintomática e o tratamento é com nitrofurantoína 100 mg 6/6 horas VO por 7 dias, segundo o Ministério da Saúde. Alternativa B - Incorreta. De fato é uma B.A., porém o tratamento com ciprofloxacino não é recomendado, uma vez que a paciente é gestante e a medicação deve ser evitada na gestação. Alternativa C - Incorreta. A paciente está totalmente assintomática, o que exclui cistite aguda. O tratamento está correto. Alternativa D - Incorreta. Nem o tratamento e nem o diagnóstico estão corretos pelas razões conforme comentado anteriormente. Logo, o gabarito é letra A _________________________________ 15. Uma paciente com 20 anos de idade notou nodulação na região central do pescoço. Procurou atendimento médico ambulatorial, no qual foi solicitada dosagem de hormônio tireoidiano (com resultados normais) e ultrassonografia com punção aspirativa por agulha fina (PAAF) do nódulo. O resultado foi nódulo de 1 cm em lobo esquerdo da tireoide, hipoecoico, de margens irregulares, sem calcificação. A PAAF não conseguiu distinguir entre lesão maligna ou benigna (Bethesda IV). O resultado do perfil de expressão gênica (PEG) indicou suspeita para malignidade. A conduta médica adequada para esse caso é A) observar clinicamente e repetir ultrassonografia a cada 3 meses. B) repetir ultrassonografia e realizar nova punção aspirativa com agulha fina. C) indicar tireoidectomia total com esvaziamento cervical do lado esquerdo. D) indicar cirurgia com retirada apenas do lobo esquerdo sem linfadenectomia. CCQ: Saber que, na suspeita de carcinoma folicular da tireoide em nódulo < 2 cm, devemos realizar tireoidectomia parcial para análise histopatológica Fala, aluno Aristo! Aqui temos uma ótima questão que traz bastante detalhes sobre nódulos de tireoide. Vamos começar a revisão! Primeiramente, não podemos esquecer dos passos da investigação dos nódulos da tireoide: Então, nosso paciente possui nódulo de 1 cm hipoecoico, de margens irregulares (características de nódulo maligno, lembre-se disso!), o que nos indicou realização da PAAF. Porém, a PAAF não conseguiu distinguir entre tumor benigno ou maligno, isso é muito característico de tumor folicular. Nesse caso, lembre-se: em tumores foliculares, o resultado da PAAF não diferencia o adenoma do carcinoma (é maligno ou benigno?), sendo necessária cirurgia e análise histopatológica do tecido. • Lesões menores ou iguais a 2 cm: tireoidectomia parcial (lobectomia + istmectomia). Caso a histopatologia demonstre malignidade, devemos estender a cirurgia para tireoidectomia total e completar o tratamento com radioablação com iodo radioativo e supressão do hormônio tireoestimulante (TSH) com levotiroxina exógena. • Lesão maior que 2 cm: tireoidectomia total (havendo indicação de radioablação + supressão hormonal caso a histopatologia indique malignidade). Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Como não conseguimos excluir a possibilidade de ter uma neoplasia maligna, não podemos apenas acompanhar por US. Alternativa B - Incorreta: Não vai adiantar realizar nova PAAF, pois a PAAF não diferencia se é maligno ou benigno. Alternativa C - Incorreta: No primeiro momento, como o nódulo é < 2 cm, é indicado a tireoidectomia parcial para avaliar a histopatologia. Alternativa D - Correta: Como vimos, primeiro realizamos a tireoidectomia parcial para então avaliar histologicamente se é benigno ou maligno e prosseguir o acompanhamento. Portanto, o gabarito é a alternativa D _______________________________ 16. Um homem com 55 anos de idade é encaminhado para esclarecimento diagnóstico de déficit cognitivo associado a transtornos do movimento com suspeita de síndrome de Parkinson. Nesse caso, qual é o achado semiológico que contribui para esse diagnóstico? A) Reflexos patelares exaltados associados à presença de clônus de rótula e de pés. B) Tremor em repouso, de baixa frequência e algo assimétrico (predominando na mão direita. C) Diminuição da sensibilidade vibratória e da propriocepção consciente nos membros inferiores. D) Presença de oftalmoplegia internuclear com alterações graves na mirada conjugada horizontal. CCQ: Saber que o tremor de repouso, assimétrico e com baixa frequência é característico da síndrome de Parkinson Questão direta que nos pergunta qual conjunto de alterações no exame neurológico é mais compatível com a síndrome de Parkinson. Portanto, vamos revisar a tríade clássica do parkinsonismo: tremor, rigidez e bradicinesia. Além desses três sinais, outra característica que auxiliam no diagnóstico dessa síndrome é o fato do tremor ocorrer principalmente no repouso, assimétrico e cursar com melhora após a administração de levodopa. Alternativa A – Incorreta: Essaclínica é mais compatível com síndrome do neurônio motor superior (aquele que deveria inibir a transmissão neuronal) que cursa com hipertonia e hiperreflexia. Não combina com a síndrome de Parkinson e é causada mais comumente por AVE. Alternativa B – Correta: A que mais se encaixa com a nossa descrição do exame físico do parkinsonismo. O tremor de repouso na mão é lento e frequentemente descrito como “de contar moedas”. Alternativa C – Incorreta: Esse comprometimento isolado da sensibilidade vibratória (palestesia) e da propriocepção é característico da síndrome medular posterior, pois é nesse "canal" que passam as fibras responsáveis por esses sinais. As causas mais comuns são a deficiência de B12 e a neurossífilis (tabes dorsalis). Alternativa D – Incorreta: A oftalmoplegia internuclear é um comprometimento isolado dos movimentos horizontais do olho, cursando com diplopia. Suas principais causas são AVE, com comprometimento unilateral e mais comum em idosos, e a esclerose múltipla, que ocorre em pacientes mais jovens e de forma bilateral. Portanto, o gabarito é a alternativa B _________________________________ 17. Um homem com 54 anos de idade, transplantado renal há 3 meses, apresenta, há cerca de 7 dias, febre elevada (> 40 °C), tosse pouco produtiva (escarro pouco purulento) e dor torácica à esquerda. Ele procurou o serviço onde realizou o transplante de órgão, sendo observada a presença de febre elevada e ausculta pulmonar com estertores crepitantes difusos, além de semiologia compatível com derrame pleural à esquerda. O Gram de escarro não mostrou patógenos, mas apenas alguns polimorfonucleares. A Tomografia Computadorizada de Tórax (TCT), realizada no mesmo dia, revelou opacidades alveolares arredondadas e derrame pleural leve à esquerda. Como o paciente respondeu bem à administração de antitérmico, mantendo bom estado hemodinâmico e padrão respiratório satisfatório, foi liberado para casa com prescrição de amoxicilina-clavulanato. No entanto, após 4 dias de tratamento, mantinha-se febril, sem melhora do quadro clínico. Nova TCT revelou que algumas das opacidades parenquimatosas haviam evoluído com escavação central. Foi formulada a hipótese de pneumonia por Legionella pneumophila. Em função de o paciente estar em tratamento imunossupressor com ciclosporina e tacrolimus, qual é o tratamento antimicrobiano adequado a ser prescrito? A) Sulfametoxazol-trimetoprim. B) Levofloxacino. C) Azitromicina. D) Doxiciclina. CCQ: Saber que o tratamento da pneumonia por Legionella pode ser feito com levofloxacino A pneumonia adquirida em comunidade é uma das infecções mais comuns na prática clínica e nas provas, e pode ser causada por vírus (rinovírus, influenza, coronavírus, etc.), bactérias típicas (pneumococo, Haemophilus influenzae, etc.) e atípicas (Mycoplasma, Chlamydia, Legionella, etc.). O quadro clínico inclui sintomas semelhantes ao do paciente da questão, como febre, dor torácica, mialgia, taquipneia e estertores crepitantes à ausculta pulmonar. A radiografia de tórax está indicada em todos os casos, e exames laboratoriais estão indicados para pacientes com indicação de internação. Existem diversos scores que avaliam gravidade e necessidade de internação, sendo um bem simples o CURB-65. Seus critérios são confusão mental, ureia >50, FR >20, PAS <90, idade >65 anos. O tratamento varia de acordo com a etiologia, gravidade e comorbidades do paciente: • O tratamento para pacientes sem comorbidades e sem sinais de alarme pode ser feito ambulatorialmente com monoterapia (ex: amoxacilina 1000 mg 8/8 h por 5 a 7 dias). • Pacientes ambulatoriais com fatores modificadores de maior probabilidade de resistência bacteriana tem indicação de terapia combinada, com amoxacilina/clavulanato 500 mg 8/8 h + azitromicina 500 mg no primeiro dia e depois 250 mg/dia ou claritromicina. Vale destacar que pacientes que tem indicação de terapia combinada são aqueles com: DPOC, ICC, doença hepática crônica, doença renal, etilistas, com neoplasia maligna ou asplenia. Pacientes internados podem ser tratados com ceftriaxona + azitromicina ou claritromicina. O levofloxacino é uma quinolona que pode ser usada como monoterapia. Uma vez que o paciente da questão não apresentava sinais de gravidade, mas era um paciente com doença renal e transplantado, a escolha inicial para tratamento da PAC no caso descrito foi a de amoxicilina + clavulanato. Porém, a falha terapêutica e os exames adicionais identificaram a infecção por um germe atípico, a Legionella. Assim, uma vez que as quinolonas respiratórias em monoterapia tem cobertura para germes atípicos, o levofloxacino passa a ser o tratamento de escolha. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: A associação sulfametoxazol-trimetoprim não é utilizada na PAC causada por germes típicos, nem por germes atípicos. Ela é utilizada na profilaxia e tratamento da pneumonia por Pneumocystis jirovecii. Alternativa B - Correta: O levofloxacino é uma quinolona respiratória que pode ser usada no tratamento PAC por Legionella. Alternativa C - Incorreta: A azitromicina só é usada como monoterapia nas pneumonias sem sinais de gravidade e sem comorbidades modificadoras de risco. Alternativa D - Incorreta: A doxiciclina pode ser uma opção de monoterapia em substituição à amoxacilina para pacientes em monoterapia para PAC sem sinais de risco, porém, ainda assim não é a opção preferível, pois há alta resistência do pneumococo a esse agente. Portanto, o gabarito é a alternativa B ________________________________ 18. Uma gestante com 18 anos de idade e 32 semanas de gestação realizou tratamento com penicilina benzatina para sífilis no final do primeiro trimestre de gestação. Desde então, não compareceu às consultas de pré-natal porque ficou isolada em casa devido à pandemia da COVID-19. A paciente, então, retorna com resultado de exames mostrando VDRL com aumento de duas diluições em relação ao título anterior. Nesse caso, a conduta apropriada é A) repetir o VDRL e adotar conduta expectante. B) instituir novo tratamento com outro fármaco. C) repetir o tratamento com penicilina benzatina. D) encaminhar a paciente ao serviço pré-natal de alto risco. CCQ: Saber identificar falha no tratamento de sífilis Olá, mentorando! Tudo certo? Essa questão é de um tema muito importante tanto na vida quanto na prova: sífilis na gestação. Atualmente os casos de sífilis voltaram a aumentar e precisamos saber bem como manejar. Vamos relembrar alguns pontos! • Diagnóstico: para diagnosticar a sífilis usamos 2 exames: o VDRL, que é um teste não treponêmico com resultado dado em título, e o FTA-Abs que é um teste treponêmico, com resultado dado com positivo/negativo. Em relação ao VDRL, objetiva-se ter títulos com denominador menor, porque indicam que foi necessária uma concentração maior de soro para encontrar anticorpos. Por exemplo, VDRL 1:8 é melhor do que 1:64. Quando o VDRL está alterado, solicitamos o FTA-Abs e se este estiver alterado também considera-se diagnóstico de sífilis. Entretanto, inicia-se o tratamento sem o teste treponêmico para evitar complicações; se o teste vier negativo, o tratamento é suspenso. • Seguimento: o acompanhamento da sífilis é feito com o VDRL buscando uma melhora nos títulos de acordo com o tratamento. É importante lembrar que algumas pessoas terão sempre VDRL em títulos baixos (1:4,1:8...) e que o VDRL pode estar alterado por outras doenças. Se houver resultados melhores e constantes, podemos considerar que o tratamento funcionou - por exemplo, uma mulher que iniciou o tratamento com VDRL de1:128 e após o tratamento teve 3 resultados seguidos de VDRL 1:4 pode ser considerada curada. É importante também que o parceiro seja testado, e tratado se positivo, para evitar a reinfecção. Quando o VDRL volta a "subir" consideramos falha no tratamento e este deve ser repetido no mesmo esquema. • Tratamento: o tratamento para sífilis é sempre com penicilina benzatina IM na dose de 2 aplicações de 1.200.000 unidades (uma em cada nádega), totalizando 2.400.000U, durante 3 semanas. Quando a gestante aparece com lesão ativa já sabemos que a sífilis é primária e nesse caso o tratamento é com uma aplicação na mesma dose. Para gestantes alérgicas a penicilina a recomendação é fazer dessensibilização. Dito isso, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta. Com dois testes de VDRL com índices piores do que os anteriores já devemos iniciar o tratamento. Alternativa B - Incorreta. O fármaco é sempre penicilina benzatina. Alternativa C - Correta. O tratamento falhou e deve ser refeito da mesma forma. Alternativa D - Incorreta. O encaminhamento é reservado para casos de suspeita de sífilis congênita na observação da ecografia ou de neurossífilis com falha no tratamento. Gabarito: letra C _________________________________ 19. Um paciente com 23 anos de idade procurou atendimento em Unidade Básica de Saúde devido ao aparecimento de dor ocular intensa. Ele relatou ser soldador e que, no dia anterior, não utilizou seu equipamento de proteção durante sua atividade com a solda elétrica. Acredita que pode ter entrado corpo estranho nos olhos, por isso resolveu procurar atendimento. Na inspeção, apresentou lacrimejamento e fotofobia. A conduta imediata para esse paciente, antes do encaminhamento para consulta especializada, é A) uso de colírio anestésico e oclusão com pomada oftálmica. B) uso de colírio anestésico e de anti- inflamatório não esteroidal oral. C) irrigação com soro fisiológico e oclusão com pomada oftálmica. D) irrigação com soro fisiológico e encaminhamento para avaliação de emergência. CCQ: Conduzir um caso de corpo estranho ocular na atenção primária Diferentemente da prática médica em emergências, o trauma ocular com corpo estranho é incomum aparecer nas provas. A banca apresenta um caso de um rapaz jovem que procurou uma UBS com dor ocular intensa, lacrimejamento, fotofobia e história de que não utilizou equipamento de proteção para solda no dia anterior. A banca não está exigindo diagnóstico, se você consegue ou não identificar corpo estranho, qual seria o tratamento definitivo, enfim, ela quer saber se você como médico sabe fazer o primeiro atendimento. Então, antes de encaminhá-lo com urgência ao especialista, o que podemos fazer por esse paciente nesse momento: Alternativa A – Incorreta: Podemos aplicar colírio anestésico para aliviar sintomas, mas além disso, devemos lavar em abundância o olho com soro fisiológico como primeira medida a ser feita, por isso errada. Alternativa B – Incorreta: A conduta é lavar o olho e aplicar pomada oftalmológica, podemos até aplicar colírio anestésico e fazer AINE para aliviar a dor, porém, sempre lavar o olho primeiro. Alternativa C – Correta: Primeira coisa a se feita é lavar abundantemente o olho com soro fisiológico, depois devemos aplicar pomada oftalmológica, ocluir o olho e encaminhar com urgência para o especialista. Alternativa D – Incorreta: Faltou aplicar a pomada oftalmológica!! Portanto, o gabarito é a letra C. Obs: para aqueles que ficaram com dúvidas sobre a pomada, não posso citar nomes comerciais aqui, sem merchandising... Mas, como médico, costumo usar pomada que acelera a cicatrização, a base de retinol + aminoácidos + metionina + cloranfenicol - sendo indicado por colega oftalmologista para casos de lesão corneana. ________________________________ 20. Na enfermaria de uma maternidade, encontram-se internadas quatro puérperas. Todas tiveram partos vaginais sem intercorrências. Paciente 1: 22 anos, G2P2A0, classificação sanguínea da mãe foi A positivo; classificação sanguínea do recém- nascido foi O negativo. Paciente 2: 30 anos, G1P1A0, classificação sanguínea da mãe foi O negativo; classificação sanguínea do recém-nascido foi O negativo. Paciente 3: 27 anos, G1P1A0, classificação sanguínea da mãe foi O negativo; classificação sanguínea do recém-nascido foi A positivo. Paciente 4: 20 anos, G2P2A0, classificação sanguínea da mãe foi A positivo; classificação sanguínea do recém nascido foi A positivo. Deve ser prescrita imunoglobulina anti-Rh, antes da alta hospitalar, apenas para A) a paciente 1. B) a paciente 3. C) as pacientes 1 e 4. D) as pacientes 2 e 3. CCQ: Saber que mãe Rh negativa com feto Rh positivo precisa receber imunoglobulina para evitar aloimunização materna Jotinha, questão clássica sobre profilaxia da aloimunização materna para evitar a doença hemolítica perinatal (eritroblastose fetal). Esse assunto é tanto da GO como da pediatria, portanto, é muito importante que você revise. A questão apresenta o tipo sanguíneo e o fator Rh de 4 puérperas e de seus respectivos recém-nascidos. A partir daí, a banca quer saber quem precisa fazer imunoglobulina. Qual o motivo de se prescrever a imunoglobulina anti-D? A imunoglobulina serve para “neutralizar” o antígeno fetal (hemácia) que pode ter entrado na circulação materna, evitando que a mãe desenvolva anticorpos contra esses antígenos, prevenindo, numa próxima gestação de um feto Rh negativo, a eritroblastose fetal. Quem deve receber a imunoglobulina? Mãe Rh negativa com feto/ recém-nascidos Rh positivo Quando e como se prescreve? O ideal seriam todas as gestantes Rh- com feto Rh+ na 28ª semana, porém, também pode ser realizada após o parto (até 72h). Atenção em mulheres Rh negativas que tiveram aborto de feto Rh positivo: elas também precisam da profilaxia! Imunoglobulina anti-D 300mcg IM dose única. Você sabia que incompatibilidade ABO , quando associada à incompatibilidade Rh, é protetora?! Isso porque o sangue fetal é mais rapidamente destruído quando atinge a circulação materna, não dando tempo para que haja sensibilização ao fator Rh (Isso já foi cobrado em prova, então guarda aí)! Alternativas A, C e D - Incorretas: Não há incompatibilidade Rh. Alternativa B - Correta: Nessa paciente há necessidade de realizar imunoglobulina, já que é Rh negativo e seu recém-nascido tem fator Rh positivo. Portanto, o gabarito é a letra B _________________________________ 21. Um escolar com 9 anos de idade comparece à consulta médica de rotina em Unidade Básica de Saúde. O paciente apresenta crises de broncoespasmo recorrentes desde 4 anos de idade, com sintomas diurnos 3 vezes por semana e despertar noturno sempre com necessidade de uso de β2- agonista de curta duração por demanda. Ele não consegue realizar atividades comuns da infância, como correr com seus amigos. Refere controle ambiental adequado. Há 4 meses, faz uso contínuo de corticoide inalatório em dose baixa. Ao exame físico, apresenta-se em bom estado geral, corado, hidratado e eupneico. Possui auscultas cardíaca e respiratória normais. Qual é a classificação da asma e a terapêutica recomendada, além do uso do β2-agonista de curta duração por demanda? A) Asma parcialmente controlada; uso contínuo de corticoide inalatório em dose média. B) Asma parcialmente controlada; uso contínuo de corticoide oral em doses baixas. C) Asma não controlada; uso contínuo de corticoide inalatório em dose média. D) Asma não controlada; uso contínuo de corticoide oral em doses baixas. CCQ: Identificar asma não controlada em maiores de 6 anos e saber o tratamento de manutenção em pacientesde 6 a 11 anos A questão é de 2020, mas vamos atualizar e considerar a Global Initiative for Asthma (GINA) de 2021 para respondê-la. Lembrando que a classificação do controle de asma varia de acordo com a faixa etária; deve-se avaliar se a criança tem 5 anos ou menos OU se tem 6 anos ou mais. Na questão, a criança tem 9 anos, então devem ser considerados os critérios para maiores de 6 anos. Devemos avaliar os sintomas de asma nas últimas 4 semanas: 1 - Sintomas diurnos de asma mais de 2 vezes por semana? 2 - Limitação de atividade devido à asma? 3 - Necessitou de medicação de alívio (beta-2-agonista) mais de 2 vezes na semana? (Exclui uso de medicação de alívio pré-exercício) 4 - Apresentou algum despertar noturno devido à asma? Se a resposta for “não” para todas as perguntas = asma controlada. Se para 1-2 perguntas a resposta for “sim” = asma parcialmente controlada. Se para 3-4 perguntas a resposta for “sim” = asma não controlada. Na questão, o paciente de 9 anos, asmático, está em uso de corticoide inalatório (CI) contínuo em dose baixa. Ele apresentou sintomas diurnos 3 vezes por semana e despertar noturno, sempre com necessidade de uso de β2- agonista de curta duração por demanda. Ele não consegue realizar atividades comuns da infância, como correr. Diante disso, temos uma asma não controlada. Os tratamentos( Steps) para essa faixa etária (6 a 11 anos) incluem: Step 1: se necessário (nas crises), uso de corticoide inalatório (CI) em baixa dose associado a beta-2 agonista de curta Step 2: CI em baixa dose como tratamento de manutenção Step 3: CI diário em baixa dose+ beta-2- agonista de longa duração (LABA) OU CI em dose média OU CI + Formoterol em dose muito baixa Step 4: CI diário em média dose+ LABA OU CI + Formoterol em dose baixa Step 5: encaminhar paciente; considerar maior dose de CI +LABA ou terapias adicionais como anti-IgE Alternativa A - Incorreta: Como visto acima, estamos diante de um paciente com asma não controlada. Alternativa B - Incorreta: O paciente apresenta asma não controlada. Além disso, o corticoide oral não deve ser usado como tratamento de manutenção da asma. É importante lembrar que esta medicação apresenta muitos efeitos adversos sistêmicos. Alternativa C - Correta: Na asma não controlada, deve-se verificar a técnica adequada da administração do medicamento (com uso de espaçador), além de verificar a adesão e tratar fatores de risco modificáveis. Após realizar essas condutas, considerar "Step up", no caso, ir para o Step 3, que inclui nessa faixa etária: aumento para média dose de corticoide inalatório ou CI + LABA ou CI + Formoterol em dose muito baixa. Alternativa D - Incorreta: Corticoide oral não deve ser usado como tratamento de manutenção da asma, é utilizado nas exacerbações. Portanto, o gabarito é a alternativa C ________________________________ 22. Uma mulher com 20 anos de idade chega ao pronto-socorro com queixa de dor em fossa ilíaca direita e relata febre iniciada há 24 horas. O cirurgião de plantão fez o diagnóstico de apendicite aguda e indicou cirurgia para a paciente. Seguindo a rotina hospitalar, foi colhido swab para teste de COVID- 19 por RT-PCR, mesmo com a paciente assintomática, cujo resultado será obtido entre 48 a 72 horas. Entre os procedimentos descritos a seguir, os mais indicados em relação ao acesso cirúrgico e à proteção da equipe cirúrgica quanto ao contágio de COVID- 19 durante o ato operatório são A) cirurgia adiada até obtenção do resultado do RT-PCR, a ser feita somente por via aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes equipamentos de proteção individual, caso o resultado do exame seja negativo: máscara N95, avental impermeável, gorro, luvas estéreis e protetor facial. B) cirurgia adiada até obtenção do resultado do RT-PCR, a ser feita somente por via laparoscópica ou aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes equipamentos de proteção individual, em caso de resultado negativo do exame: máscara cirúrgica, luvas estéreis, gorro e avental impermeável. C) cirurgia de emergência, por via laparoscópica ou aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes equipamentos de proteção individual: máscara N95, protetor facial, luvas estéreis, gorro e avental impermeável. D) cirurgia de emergência somente por via aberta, com equipe cirúrgica utilizando os seguintes equipamentos de proteção individual: máscara N95, protetor facial e avental impermeável, gorro e luvas estéreis. CCQ: Saber que o pneumoperitôneo feito em cirurgias laparoscópicas não aumenta a dispersão de partículas de Sars-Cov-2 Questão fácil sobre a cirurgias durante a pandemia pelo Sars-Cov-2! A COVID-19 afetou todas as áreas da Medicina, o que não foi diferente para os cirurgiões e cirurgiãs do nosso país. Se por um lado toda a equipe a cirúrgica corria o risco de contágio de profissionais envolvidos no ato operatório, existiam casos em que a cirurgia não poderia ser adiada. Nesse cenário, foram criadas diretrizes para diminuir esse risco. Vamos analisar as alternativas! Alternativa A - Incorreta: A cirurgia não deve ser adiada, pois o quadro é uma urgência cirúrgica e é a única forma de tratamento para este paciente. Além disso, a paciente é de baixo risco, pois está assintomática. Alternativa B - Incorreta: Além de a cirurgia não poder ser adiada, máscaras cirúrgicas não são adequadas para a realização de cirurgias durante a pandemia por COVID-19. Alternativa C - Correta: O paciente deve ser operado o mais rápido possível, de forma laparoscópica ou aberta. A respeito dos EPIs, os que devem ser usados pelos cirurgiões e cirurgiãs são: máscara N95 ou PPF2, protetor facial ou óculos, luvas estéreis, gorro e avental impermeável (não utilizar apenas avental de pano). Alternativa D - Incorreta: Não existe evidência de maior infecção por COVID- 19 devido ao pneumoperitôneo feito em cirurgias laparoscópicas. As sociedades de cirurgia recomendam apenas maior cuidado com os trocateres: ao colocar e retirá-los, colocação de válvulas de vedação e limpeza rigorosa desses instrumentos. Portanto, o gabarito é a alternativa C. _________________________________ 23. Um homem com 51 anos de idade, assintomático, comparece à consulta agendada na Unidade de Saúde da Família do seu bairro. Afirma ter procurado atendimento porque sua última consulta médica foi há 7 anos e ficou apreensivo após seu vizinho comentar que havia descoberto um câncer no intestino depois de realizar exames de rotina. Nega comorbidades, uso regular de medicamentos, cirurgias prévias e história de câncer na família. Como o médico de família deve abordar essa situação? A) Solicitar o exame de sangue oculto nas fezes e orientar que ele é suficiente para o diagnóstico de câncer de cólon e reto. B) Orientar que os exames para detecção de câncer de cólon e reto devem ser realizados apenas em pacientes com sinais e sintomas. C) Solicitar o exame de sangue oculto nas fezes e orientar que, se positivo, o paciente poderá realizar colonoscopia para avaliação. D) Orientar que o exame de colonoscopia para rastreamento do câncer de cólon e reto está indicado apenas para pessoas com história familiar da doença. CCQ: Saber que o rastreamento para câncer colorretal pode ser realizado por meio do exame de sangue oculto nas fezes em pacientes de 50-75 anos Questão de nível fácil, com um tema muito recorrente nas provas de residência: o screening de doenças! Primeiramente é válido lembrar que o rastreamento é realizado em pacientes assintomáticos de determinado público alvo. Se o paciente estiver com sintomas, não iremos realizar exames de rastreio e sim uma propedêutica diagnóstica.O paciente da questão está assintomático e possui 51 anos. Vamos relembrar quando e como fazemos o rastreio de câncer de colorretal? • O Ministério da Saúde recomenda rastreamento através de PSOF anual em pacientes assintomáticos de 50 a 75 anos. Lembre-se também que segundo o US Preventive Services Task Forces há recomendação com nível de evidência B de se iniciar o rastreio aos 45 anos! Dessa forma, nosso paciente se enquadra no perfil para realização do rastreio. Agora vamos analisar as alternativas: Alternativa A - Incorreta: O exame de sangue oculto nas fezes é somente um exame de rastreio e seu resultado não é diagnóstico. Caso o exame seja positivo, deve ser realizada uma colonoscopia diagnóstica. Alternativa B - Incorreta: Como vimos, existe recomendação formal do MS para rastreamento do câncer colorretal em pacientes assintomáticos de 50 a 75 anos. Lembre-se que o grau de recomendação para rastreio nessa idade é de nível A! Alternativa C - Correta: Devemos solicitar o exame de sangue oculto nas fezes e orientar que, se positivo, o paciente irá realizar colonoscopia diagnóstica para avaliação complementar. A colonoscopia é o exame padrão-ouro para o diagnóstico do câncer colorretal, pois além de visualizar diretamente toda a mucosa, esse exame permite a realização de biópsia da mucosa. Alternativa D - Incorreta: A colonoscopia também pode ser usada como exame de rastreio de acordo com o MS, mesmo em pacientes sem história familiar de câncer colorretal. Diferentemente do SOF que deve ser feito anualmente para se aumentar a sensibilidade do método, a colonoscopia deve ser realizada a cada 10 anos, se o exame permanecer sem alterações. Portanto, o gabarito é a letra C _________________________________ 24. Uma mulher com 69 anos de idade, hipertensa, em uso de enalapril 40 mg/dia e de hidroclorotiazida 25 mg/dia, tem palpitações, tremores de membros superiores e dispneia que começaram há cerca de 30 minutos, logo após ter sido assaltada. Está orientada, corada, sem déficits motores focais, FC = 110 bpm, PA = 200 x 120 mmHg em membros superiores. Ausculta cardíaca: bulhas normofonéticas, ritmo regular em 2 tempos, sem sopros. Pulsos radiais e femorais amplos, bilateralmente, FR = 24 irpm, sem esforço respiratório. Ausculta pulmonar normal. Oximetria de pulso de 99 % (em ar ambiente). O eletrocardiograma mostra taquicardia sinusal e sinais de sobrecarga ventricular esquerda. A abordagem inicial adequada para essa paciente é administrar A) nifedipina de liberação rápida por via oral ou sublingual, repetindo a medicação se PA permanecer acima de 180 x 100 mmHg após 60 minutos. B) ansiolítico por via oral, mantendo-a em observação em local tranquilo e reavaliando os níveis pressóricos num intervalo de 30 a 60 minutos. C) nitroglicerina por via endovenosa contínua, ajustando a dose a cada 5 minutos até alcançar níveis pressóricos inferiores a 160 x 90 mmHg. D) metoprolol em bolus por via endovenosa, repetindo a medicação se PA permanecer acima de 180 x 100 mmHg após 10 minutos. CCQ: Reconhecer que na pseudocrise hipertensiva, vamos tratar os fatores desencadeantes e reavaliar o paciente Fala, galera! Questão boa, com um tópico frequente, a diferenciação entre crise hipertensiva e pseudocrise hipertensiva. A questão traz uma paciente que acabou de sofrer um assalto e apresenta sintomas de ansiedade (tremores, palpitação), além de hipertensão. Devemos nos preocupar com esse valor pressórico? Pense bem… Quando nós vamos para a academia, ou qualquer outro exercício físico, se você medir sua PA, ela estará elevada! Isso é um fato! E então, estamos frente a uma urgência hipertensiva? É claro que não! É uma resposta fisiológica que nossa PA aumente em determinadas situações, e existem 2 que as provas adoram: • Paciente com cefaleia isolada e PA elevada; • Paciente que passou por algo traumático (assalto) e PA elevada. Note que a banca jogará valores de PA de 200/120 para tentar confundir você! Mas a partir de agora você não errará este tipo de questão. Saiba que não consideramos estes casos como crises hipertensivas, mas sim uma pseudocrise! Pois não é a PA elevada que está gerando os sintomas, mas sim o contrário. Por isso, nossa conduta é controlar o fator que está gerando o aumento desta PA, no nosso caso aqui, controlar a ansiedade da paciente, que há pouco, foi assaltada. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Não vamos medicar a PA da paciente! Controlamos o fator que desencadeou este aumento. Alternativa B - Correta: Exatamente! Com isso tranquilizaremos a paciente e provavelmente seus níveis tensionais normalizarão. Alternativa C - Incorreta: Aqui a banca cita o tratamento de uma emergência hipertensiva, o que não é o nosso caso. Alternativa D - Incorreta: Outra alternativa com tratamento para emergência hipertensiva. Portanto, o gabarito é alternativa B _________________________________ 25. Um menino com 8 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde, acompanhado de sua mãe, para consulta anual. Quando perguntada sobre a atividade física, a mãe relata que a criança frequenta a escola de manhã e não gosta de realizar as atividades que exigem esforço físico na escola e, em casa, tem o hábito de jogar videogame e jogos pelo celular. No recordatório alimentar foi observada alta ingesta de carboidratos. A avaliação antropométrica apresenta estatura de 130 cm e peso de 37 kg. Com base na situação e no quadro apresentados e de acordo com o Índice de Massa Corporal (IMC) para a idade, qual é a classificação do estado nutricional do menino? A) Obesidade. B) Sobrepeso. C) Obesidade grave. D) Risco de sobrepeso. CCQ: Saber que a obesidade em > 5 anos é o IMC entre os escores +2 e +3 A obesidade é uma doença crônica, não transmissível, multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos. Ela foi reconhecida pela OMS como a maior epidemia de saúde pública mundial, com elevação da sua prevalência tanto em países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento. Esse processo está associado a modificações econômicas, sociais e demográficas que provocaram uma transição no padrão de nutrição e consumo. Seguindo a tendência mundial, o Brasil apresenta elevada prevalência de sobrepeso e obesidade, inclusive em sua população jovem. Esse aumento é proporcionalmente mais elevado nas famílias de baixa renda. Os principais fatores de risco associados são: síndrome metabólica, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, peso de nascimento pequeno ou grande para a idade gestacional, exposição intrauterina ao diabetes e/ou obesidade materna. O principal método de diagnóstico da obesidade são as medidas antropométricas, peso, estatura, circunferências e dobras, que podem ser traduzidas na curva IMC/idade. Os valores de referência são: Sabendo disso, podemos analisar melhor o caso: Menino, 8 anos, com história de não praticar atividade física, ser sedentário (jogar videogame e jogos de celular) e ingerir muitos carboidratos, que são fatores de risco para o desenvolvimento de obesidade. Ele apresenta um IMC de 21,89 (37 ÷ (1,3 x 1,3)), o que, se olharmos no gráfico, corresponde ao intervalo entre os escores z +2 e z +3, ou seja, se trata de obesidade. Alternativa A - Correta: Exatamente como discutimos: crianças, > 5 anos, com IMC entre os escores z +2 e +3 = obesidade. Alternativa B - Incorreta: O sobrepeso em crianças com > 5 anos seria se o IMC estivesse entre os escores z +1 e +2. Alternativa C - Incorreta: A obesidade grave em crianças com >5 anos seria se o IMC estivesse > escore z +3. Alternativa D - Incorreta: O risco de sobrepeso não faz parte da classificação do IMC de crianças com > 5 anos. Portanto, o gabarito é a alternativa A _________________________________ 26. Um paciente com 30 anos de idade, internado na Unidade de Terapia Intensiva com diagnóstico de abscesso renal, intubado e em ventilação mecânica, apresentou, na admissão, os seguintes sinais vitais: PA = 90 x 40 mmHg, febre de 39 °C, FC = 114 bpm, FR = 23 irpm, Escala de Ramsay de 5, PaO₂/FiO₂ de 350. Após ressuscitação volêmica com cristaloides, apresentou melhora do quadro hemodinâmico (PA = 110 x 70 mmHg). Exames laboratoriais mostraram os seguintes resultados: bílirrubina total = 1,1 mg/dL (valor de referência: 0,8 a 1,2 mg/dL), creatinina = 1,9 mg/dL (valor de referência: 0,8 a 1,2 mg/dL) e lactato = 2,2 mmol/L (valor de referência: < 2 mmol/L). A definição atual do quadro clínico desse paciente é A) Sepse. B) Sepse Grave. C) Choque Séptico. D) Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica. CCQ: Sepse é definida como um processo infeccioso associado a pelo menos 2 disfunções orgânicas Pessoal, nosso paciente apresenta um foco já identificado de infecção, o abscesso renal, e chegou ao serviço de saúde com disfunção cardiovascular, representado pela hipotensão e taquicardia. Aplicando o escore qSOFA para triagem de sepse, ele pontua 3 (rebaixamento de nível de consciência, taquipneia e hipotensão), sugerindo sepse. Após expansão com cristaloides, apresentou melhora expressiva do quadro hemodinâmico. Temos então um quadro de Sepse, confirmado pelo escore SOFA, em que o paciente pontuou pelo menos 3 (rebaixamento do nível de consciência, relação P/F e hipotensão). Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Correta: A definição de sepse pelo Sepsis-3, de 2016, é um processo infeccioso associado a pelo menos 2 disfunções orgânicas, representadas pelos critérios do escore SOFA. O manejo consiste na expansão com cristaloides, coleta de culturas, administração de antibióticos e uso de vasopressores se não houver melhora da hipotensão com as medidas iniciais. É muito importante dosar o lactato seriadamente, pois ele é um marcador de hipoperfusão tecidual e sugere prognóstico. Alternativa B - Incorreta: A definição de sepse grave não existe mais no Sepsis-3; os critérios que definiam esse conceito compõem agora o SOFA. Alternativa C - Incorreta: Choque séptico é definido como sepse associada à necessidade de vasopressores para manter PAM > 65 mmHg e lactato elevado, maior que 2 mmol/L. Nosso paciente respondeu bem à reposição volêmica, não necessitando de drogas vasoativas. Alternativa D - Incorreta: A SIRS é definida como temperatura > 38°C ou < 36°, frequência cardíaca > 90 bpm, frequência respiratória > 20 irpm ou PaCO < 32 mmHg e leucócitos < 4000 ou > 12000 ou com 10% de bastões. No Sepsis-2, esses critérios associados à suspeita de infecção fechavam para sepse. Portanto, o gabarito é a alternativa A ________________________________ 27. Um homem com 26 anos de idade procura equipe de Saúde da Família Ribeirinha devido a um acidente com anzol. O paciente refere que é pescador experiente, porém, ao se distrair para pegar a isca, acabou fisgando a própria perna com o anzol. Ao realizar o exame físico, o médico identifica que se trata de um anzol de duas pontas e que uma das pontas perfurou profundamente a panturrilha direita do paciente. Sobre o procedimento para a remoção do anzol, é correto afirmar que se deve A) realizar, com um alicate, o corte da ponta livre do anzol, para que não haja risco de novo acidente enquanto se está removendo a ponta perfurante. B) realizar a técnica de bloqueio de campo regional para a anestesia no local de entrada do anzol e posterior remoção. C) realizar, com um bisturi, uma incisão para ampliar o orifício de entrada do anzol, a fim de que ele possa ser retirado. D) realizar a tração do anzol até efetuar a sua retirada. CCQ: Antes de qualquer atendimento, devemos nos paramentar e ter segurança da cena O CCQ acima foi muito negligenciado no passado e, cada vez mais, nós como médicos devemos dar atenção a ele, principalmente, no momento de pandemia de COVID que vivemos – paramentação sempre, proteção nossa, do paciente e dos próximos pacientes. Nos últimos anos, vem aparecendo mais e mais nas provas, teóricas e práticas, questionamentos da primeira conduta a ser feita em algumas situações. Na maioria delas, são situações de trauma, mas paramentação e segurança da cena de atendimento se estendem para qualquer tipo de atendimento. Nesse caso, temos um paciente que sofreu um acidente com objeto perfurante, um azol de duas pontas. Pois é, caros Mentorandos, 6 anos de faculdade não ensina o que é um anzol de duas pontas, mas precisamos saber… Vejam a imagem abaixo: Então, a primeira coisa a ser feita é cortar a outra ponta antes de tentar remover a ponta que está na panturrilha desse homem. Se não fizermos isso, existe o risco de você se perfurar ou acabar perfurando a perna dele com a outra ponta. Sobre as alternativas: Alternativa A - Correta: Como explicado acima, a primeira coisa a fazer é assegurar a cena, corta a ponta livre, garantir que você não irá causar um acidente enquanto manipula a ponta que está na perna dele. Alternativa B - Incorreta: Quando formos retirar o anzol devemos fazer anestesia com bloqueio local, onde foi perfurado, não há necessidade alguma de bloqueio de campo regional. Esse tipo de bloqueio seria bloquear toda a inervação das pernas, ou seja, fazer uma raquianestesia. Alternativa C - Incorreta: Para retirar um anzol devemos apenas empurrá-lo no sentido de entrada, fazendo um movimento em C, como se fosse uma sutura. Não há necessidade alguma de fazer uma incisão da pele. Alternativa D - Incorreta: Não se faz tração do anzol. Quando retiramos um anzol, nunca puxamos a ponta, mas, sim, empurramos fazendo um movimento semelhante à sutura com agulha curva – a ponta do anzol tem a “fisga”, se puxarmos, ela dificultará a remoção e pode causar mais danos. Portanto, o gabarito correto é a letra A. _________________________________ 28. Uma mulher com 38 anos de idade, com crises de enxaqueca com aura, realizou encontros de planejamento familiar, desejando utilizar anel vaginal combinado ou dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel como método contraceptivo. A orientação sobre esses métodos em relação à enxaqueca dessa paciente é que A) o anel vaginal é contraindicado, mas o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel é adequado. B) o anel vaginal é adequado, mas o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel é contraindicado. C) o anel vaginal e o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel são contraindicados. D) o anel vaginal e o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel são adequados. CCQ: Métodos contraceptivos contendo estrogênio são contraindicados na enxaqueca com aura Pessoal, CCQ muito cobrado em prova dentro de um tema de grande relevância! A indicação ou restrição do uso dos métodos contraceptivos em cada contexto particular obedece aos critérios de elegibilidade da OMS, que compreendem 4 categorias: Categoria 1: Não há restrição para o uso ➞ Uso indicado; Categoria 2: As vantagens geralmente superam os riscos ➞ Uso com cautela e precauções, mas geralmente se utiliza; Categoria 3: Os riscos geralmente superam as vantagens ➞ Uso do método não é apropriado, a menos que haja indisponibilidade ou aceitabilidade de outro método mais apropriado; Categoria 4: Risco de saúde inaceitável ➞ Contraindicado. Paraessa questão era necessário saber que os métodos hormonais combinados (contendo estrogênio) estão contraindicados para pacientes com enxaqueca com aura, independente da idade. Estes compreendem as pílulas combinadas, o adesivo hormonal, o anel vaginal e o injetável mensal. Isso se deve ao fato que, entre mulheres com enxaqueca, aquelas com aura tiveram risco de AVC maior do que aquelas sem aura. Além disso, o risco foi 2-4x maior nas usuárias de anticoncepcionais hormonais combinados quando comparadas às não usuárias. Também são contraindicações aos métodos combinados a história pessoal de eventos trombóticos prévios ou trombofilia, idade ≥35 anos e tabagismo ≥ 15 cigarros/dia, hipertensão, diabetes com complicações ou há mais de 20 anos, valvopatias com complicação e infarto ou AVE prévio. Portanto, vamos às alternativas: Alternativa A – Correta: O anel vaginal contém estrogênio e, portanto, está contraindicado. O dispositivo intrauterino (DIU) de levonorgestrel, por outro lado, é considerado categoria 2 e, portanto, normalmente está indicado com segurança. Alternativa B – Incorreta: Ao contrário do que traz a alternativa, o início de DIU de levonorgestrel é bem indicado e o anel vaginal está contraindicado. Alternativa C – Incorreta: Como mencionamos na alternativa acima, o DIU de levonorgestrel é categoria 2 para início em pacientes com enxaqueca com aura e, portanto, está bem indicado. Alternativa D – Incorreta: O anel vaginal contém estrogênio e, portanto, está contraindicado. Portanto, o gabarito é a alternativa A! _________________________________ 29. Um homem com 62 anos de idade chega à sala de emergência de um hospital com quadro de instalação abrupta, há cerca de 1 hora, de monoparesia superior direita associada à afasia não fluente. O paciente, que tem histórico de diabete melito tipo 2, vem usando metformina 850 mg 2 vezes por dia, além de ácido acetilsalícilico (AAS), devido à ocorrência de fibrilação atrial paroxística recorrente, tendo um ponto no escore CHA2DS2-VASc. Não há outras morbidades nem alergias. Na admissão hospitalar, o paciente mantém o déficit, que parece ter piorado um pouco nos último minutos. Está acordado, angustiado com a inegável afasia não fluente (Broca) e com diminuição moderada da força no membro superior direito. Apresenta PA = 160 x 100 mmHg, FC = 110 bpm, com ritmo cardíaco irregular e com anisocardiosfigmia. Neste momento, apresenta glicemia capilar = 300 mg/dL. O paciente é imediatamente encaminhado para a realização de uma tomografia computadorizada de crânio sem contraste, cuja imagem é apresentada na figura a seguir, tendo o laudo sido liberado cerca de 2 horas e 30 minutos após o início do quadro neurológico. Diante desse quadro, quais são o diagnóstico e a conduta médica adequados nesse momento? A) Ataque isquêmico transitório; iniciar anticoagulação plena endovenosa em associação ao AAS. B) Acidente vascular encefálico isquêmico; proceder à trombólise imediata com rtPA. C) Acidente vascular encefálico isquêmico; contraindicar a terapia trombolítica. D) Ataque isquêmico transitório; associar clopidogrel ao AAS. CCQ: Saber que AVC isquêmico na janela terapêutica (< 4,5h) possui indicação de trombólise Fala, pessoal! Questão clássica sobre AVC, vamos lá! AVC é aquela entidade que além de muito comum na prática médica, é tema frequente nas provas. Temos que saber quando suspeitar e como conduzir! Veja que a questão nos apresenta um paciente admitido com déficit neurológico abrupto há 1 hora. Nossa principal suspeita deve ser AVC! Percebam que a questão ainda nos informa alguns fatores que nos fazem pensar em uma fonte cardioembólica para a isquemia cerebral (nosso paciente possui FA e sua ausculta é irregular). Tendo AVC como diagnóstico diferencial, devemos solicitar uma TC crânio. A principal utilidade da TC crânio na fase aguda do AVC é descartar hemorragias, que aparecem na tomografia como imagens hiperdensas (o sangue é BRANCO na TC). As alterações de imagem do AVC isquêmico podem demorar para aparecer e as primeiras alterações são sutis. Com o tempo, as áreas de isquemia apresentam-se como lesões hipodensas. Reparem que na imagem acima não encontramos nenhum sinal de hiperdensidade, assim, nossa principal hipótese fica como AVC isquêmico. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: O AIT é caracterizado por um evento agudo de isquemia encefálica com reversão completa do quadro em até 24 horas, sendo que 85% dos eventos têm duração inferior à 1h. Não deixam alterações em RNM ou TC. Nosso paciente apresenta clínica superior à 1h, com piora. Além disso, quando nos deparamos com um AIT, calculamos o risco de um AVC isquêmico nas próximas 48h através do escore ABCD2, que avalia: • Age (idade) > 60 anos: 1 ponto; • Blood pressure (PA) > 140/90 mmHg: 1 ponto; • Clínica: se paresia unilateral, 2 pontos; e se alteração apenas de fala, 1 ponto; • Diabetes 1 ponto; • Duração: se > 60 minutos, 2 pontos; e se entre 10 - 59 minutos, 1 ponto. Baixo risco: < 4 pontos | Médio risco: 4 ou 5 pontos | Alto risco: > 5 pontos. Os pacientes com pontuação alta são hospitalizados e monitorizados, recebendo clopidogrel 75 mg associado ao AAS e estatina. Alternativa B - Correta: Excluída a hipótese de AVC hemorrágico, devemos pensar em qual terapia podemos instituir para o tratamento de AVC isquêmico. São candidatos à trombólise pacientes que apresentam o tempo entre o início da apresentação do quadro e a aplicação da medicação inferior a quatro horas e meia. Nosso paciente está com 3 horas e meia (ao chegar no PS já estava há 1h com a clínica, e até o resultado da TC foram 2h30). Na prática clínica, devemos calcular a escala NIHSS, que mensura a gravidade do AVC, que possui 15 itens e varia de 0 a 42 pontos. Os pacientes com pontuação entre 4 e 25 pontos são candidatos à trombólise. Alternativa C - Incorreta: Para a prova, o que precisamos saber são os critérios de exclusão principais: IAM recente, hemorragia digestiva nos últimos 21 dias, hemorragia intracraniana prévia, TCE ou AVE nos últimos 3 meses, glicose menor que 50 (pois hipoglicemias podem simular um AVC), cirurgia de grande porte nos últimos 14 dias. Nosso paciente não apresenta nenhum desses critérios. Alternativa D - Incorreta: Como discutimos na alternativa A, não estamos diante de um AIT. Caso estivéssemos diante de um AIT, nosso paciente pontuaria 1 ponto por idade maior que 60 anos, 1 ponto por PA > 140x90 mmHg, 2 pontos por apresentar paresia, 2 pontos por duração superior a 60 minutos, e 1 ponto por ser diabético, somando 7 pontos, logo, alto risco de AVE isquêmico nas 48h após o AIT. A conduta aqui estaria correta: clopidogrel + AAS. Portanto, o gabarito é a alternativa B _________________________________ 30. Uma adolescente com 17 anos de idade comparece à consulta na Unidade Básica de Saúde com queixa de dor incapacitante relacionada ao sangramento menstrual. Refere que o problema se iniciou há 2 anos, tendo-se agravado os sintomas com o tempo. Relata que a menarca ocorreu aos 11 anos, que é nulípara e que iniciou vida sexual há 1 ano. Ela apresenta dispareunia, está sem comorbidades e deseja orientação quanto a método contraceptivo. Diante do quadro clínico apresentado, quais são, respectivamente, a hipótese diagnóstica, o exame complementar a ser solicitado e o método contraceptivo indicado? A) Congestão pélvica; ultrassonografia transvaginal com Doppler; e DIU hormonal. B) Dismenorreia primária; nenhum exame complementar; e hormonal contínuo. C) Endometriose; ultrassonografia transvaginal; e hormonal contínuo. D) Endometrite;histeroscopia diagnóstica; e método de barreira. CCQ: Na endometriose leve/moderada o ACO contínuo é o tratamento mais indicado em pacientes que não desejam gestar Fala, pessoal! Aqui temos uma paciente de 17 anos com dismenorreia progressiva e dispareunia. Quando nos deparamos com paciente jovem + dismenorreia intensa e progressiva + dispareunia a primeira hipótese deve ser endometriose! A endometriose é uma doença estrogênio-dependente. Além da dismenorreia progressiva e dispareunia citadas no quadro clínico, também tem como característica a dor pélvica crônica associada a infertilidade. Acomete mulheres de 25-40 anos, sendo o USG-TV um método fácil e menos invasivo para investigação. O diagnóstico só é confirmado após análise histopatológica dos focos endometriais, e, por isso, tratamos muitas vezes empiricamente. Como a paciente não deseja gestar no momento, a primeira opção para controle sintomático é o anticoncepcional oral (ACO) contínuo, sendo que o DIU de levonorgestrel, os progestágenos cíclicos, o danazol, a gestrinona, o GnRH e os AINE’s também podem ser utilizados. Vamos analisar as alternativas: Alternativa A – Incorreta: Diagnóstico diferencial de endometriose, a síndrome de congestão pélvica é caracterizada por dor pélvica crônica que se desenvolve após a gestação. Piora no final do dia, ao ficar em pé e está associada a dispareunia. Alternativa B – Incorreta: Dismenorreia primária não é progressiva. Alternativa C – Correta: Como explicado acima, alternativa correta. Alternativa D – Incorreta: Endometrite é a infecção endometrial, sendo caracterizada por febre + dor pélvica e à mobilização uterina + secreção mucopurulenta. Portanto, a alternativa C é a certa! ________________________________ 31. Uma adolescente com 11 anos de idade, com diagnóstico de epilepsia, chega ao pronto-socorro (PS) inconsciente, com movimentos tônico clônicos generalizados, cianótica, com desvio do olhar e sialorreia. A mãe informa que a adolescente iniciou a crise há 20 minutos, sem recuperar a consciência ao longo do trajeto para o PS. Na sala de emergência, devido à persistência do quadro, é administrado diazepam endovenoso por 3 vezes, com intervalo de 5 minutos entre as doses. Apesar da intervenção terapêutica, a paciente mantém o quadro convulsivo. Nesse caso, a próxima conduta médica deve ser administrar A) topiramato por infusão endovenosa contínua. B) fenitoína em dose de ataque endovenosa. C) diazepam em dose dobrada endovenosa. D) tiopental por cânula endotraqueal. CCQ: Saber a conduta da crise convulsiva na emergência Pessoal, questão fácil cobrando um tema que não é muito comum nas provas, mas que, por isso mesmo, vale a revisão. Temos uma criança de 11 anos apresentando episódio de crise convulsiva, com diagnóstico prévio de epilepsia. Sabemos ainda que é uma crise prolongada que já dura 20 minutos e que foi refratária à administração de benzodiazepínico por três vezes. Vamos relembrar a abordagem da crise convulsiva na criança: Concluímos que o próximo passo, então, seria a administração de fenitoína em dose de ataque endovenosa. Vamos às alternativas: Alternativas A, C e D - Incorretas: abordam tratamentos que não se enquadram no momento, considerando a tabela apresentada acima. Alternativa B - Correta: exatamente como vimos acima, a fenitoína EV é o próximo passo. Vale ainda recordar que quando uma crise convulsiva for associada a febre e se tornar recorrente ou prolongada, com duração maior que 5 minutos, é obrigatória a realização de investigação adicional para buscar a sua etiologia, iniciando o tratamento de forma semelhante às crises afebris. Portanto, o gabarito é a letra B. ________________________________ 32. Um paciente com 70 anos de idade, com sequela de acidente vascular encefálico, acamado, apresenta quadro de distensão abdominal, dor tipo cólica intensa e parada de eliminação de gases e fezes há cerca de 24 horas. Nega vômitos ou febre. A acompanhante informou que o paciente já apresentava constipação crônica, sendo muitas vezes necessário clister glicerinado para retirada de fecaloma. Entretanto, desta vez, relata que realizou o clister, sem saída de fezes e com piora do quadro abdominal. O exame do abdome estava prejudicado pela pouca interação do paciente, mas ele manifestava dor à palpação difusa. O toque retal mostrou ampola retal vazia. Realizaram-se as radiografias de rotina para abdome agudo, o que evidenciou, além de imagem de fecaloma, intensa dilatação de todo o cólon (mais dilatado no ceco - 11 cm de diâmetro), ausência de gás no reto e ausência de dilatação de intestino delgado. A conduta médica indicada para esse paciente é A) laparotomia exploradora. B) colonoscopia descompressiva. C) esvaziamento colônico manual. D) laxantes via sonda nasogástrica. CCQ: Na obstrução em alça fechada, a dilatação do ceco com 10 ou mais cm de diâmetro é um risco de iminência de ruptura Temos um paciente acamado com quadro de constipação crônica tratada com clister de glicerina repetidas vezes. Porém, na última vez, não houve melhora da constipação e ele evoluiu com um abdome agudo obstrutivo. Na investigação do quadro, foi realizado uma radiografia abdominal que evidenciou dilatação de todo o cólon (mais dilatado no ceco - 11 cm de diâmetro), ausência de gás no reto e ausência de dilatação de intestino delgado. Essa ausência de ar no intestino delgado nos indica uma válvula ileocecal competente. Há, portanto, dois pontos obstruídos, um no cólon e outra na válvula, o que caracteriza uma obstrução em alça fechada. A única conduta possível neste caso é a cirurgia com intuito de descompressão cirúrgica do cólon e procura do que causou essa obstrução. A conduta deve ser rápida, pois o aumento progressivo da pressão dentro do cólon pode aumentar o risco de isquemia e perfuração da alça. Alternativa A - Correta: A laparotomia exploradora está indicada pois a dilatação > 10 cm de diâmetro indica uma iminência de rotura do ceco. É necessário agir o mais rápido possível para descomprimir a alça e também avaliar a etiologia da obstrução. Alternativa B - Incorreta: A colonoscopia iria aumentar a pressão intracolônica, arriscando perfuração do cólon e agravamento do quadro para um abdome perfurativo. Alternativa C - Incorreta: o esvaziamento colônico manual pode ser realizado numa situação de fecaloma mais proximal, em que se realiza fratura digital ou instrumental do bolo fecal para ele quebrar e ser extraído. Porém, ao toque retal há presença apenas de ar, o que indica que a obstrução está mais alta e isso impossibilita a realização da extração manual. Alternativa D - Incorreta: existem diferentes tipos de laxantes, como por exemplo, os osmóticos, estimulantes, amaciadores e formadores de massa. Todos eles agem de uma forma que culmina no aumento da motilidade intestinal e isso faz com que aumente a pressão intracolônica, podendo agravar o quadro obstrutivo. Portanto, o gabarito é a alternativa A _________________________________ 33. Uma gestante com 24 anos de idade, primigesta de 28 semanas, em seguimento pré-natal na Unidade Básica de Saúde, comparece a uma consulta eventual, relatando início, há 5 dias, de tosse, febre (até 38°C), inapetência e perda de 1 kg. Foi coletado material de nasofaringe por swab, com SARS-CoV-2 detectado em teste molecular (RT-qPCR). A paciente trabalha como balconista de shopping center. Para essa paciente, segundo orientações do Ministério da Saúde, deve-se A) fornecer atestado médico até o fim do período de isolamento recomendado. B) interromper seus procedimentos eletivos (consultas e exames na rotinade atendimento da Unidade Básica de Saúde. C) agendar nova consulta presencial, porque a infecção por SARS-CoV-2 está associada a risco de maior gravidade em gestantes. D) evitar o uso de antitérmicos, pois a temperatura é importante parâmetro para avaliar a evolução e para tomar uma decisão clínica. CCQ: Saber que pacientes com COVID-19 devem ser afastados nos 10 primeiros dias de sintomas Questão tranquila do Revalida-DF, com um tema quente para as provas de residência: o manejo de pacientes ambulatoriais com COVID-19! Como você provavelmente já sabe, a maioria dos casos de COVID-19 é leve e a letalidade geral da doença é de cerca de 2,3%, até mesmo para pacientes gestantes. Dessa forma é muito importante que você conheça o manejo de pacientes que não têm indicação de hospitalização. Lembre-se que pacientes com quadros leves serão conduzidos com sintomáticos somente! Não existe atualmente nenhuma evidência mostrando resultado benéfico ao uso de outras mediações nesses casos. Vale destacar aqui que sinais como SatO2 < 95%, dispneia ou descompensação de doença de base são indicativos de Síndrome Respiratória Aguda Grave e a condução deve ser realizada em nível hospitalar! Vamos analisar cada alternativa e discutir um pouco mais esse tema: Alternativa A - Correta: A paciente deve ser afastada de suas atividades laborais e de familiares por 10 dias a partir da data de início de sintomas. Dessa forma, o médico deve emitir um atestado que a afaste de seu trabalho pelos próximos 05 dias. Alternativa B - Incorreta: Assertiva um tanto dúbia, mas interromper não é o verbo correto, e sim adiar seus procedimentos eletivos até o 10º dia a partir do primeiro dia de sintomas. Alternativa C - Incorreta: Devido às alterações hormonais e inflamatórias da gestação, a gravidez é sim um fator de risco para infecção grave por Sars- Cov-2. Contudo, se a paciente não apresentar sinais de Síndrome Respiratória Aguda Grave, como SatO2 < 95% ou dispneia, não há necessidade de nova consulta presencial. Alternativa D - Incorreta: Antitérmicos devem ser usados para alívio sintomático e principalmente se a paciente tiver febre alta. Ademais, a febre sozinha não é um importante parâmetro clínico para tomada de decisão. Portanto, o gabarito é a letra A! _________________________________ 34. Uma adolescente com 13 anos de idade é atendida no pronto-socorro por apresentar ""perda de força nas pernas"". Segundo a mãe, a adolescente está doente há mais de um mês na primeira semana da doença, teve febre alta que durou 5 dias, dor de garganta, dores no corpo e cansaço extremo. Ela informa, ainda, que a filha foi diagnosticada com amigdalite, recebeu amoxicilina por 7 dias e que, durante esse tratamento, apresentou manchas vermelhas levemente pruriginosas pelo corpo. A mãe relata também que, após desaparecimento da febre, a adolescente persistiu com desânimo por cerca de 3 semanas e, quando parecia estar se recuperando, começou a queixar-se de dor e formigamento nos pés e pernas, com dificuldade progressiva para caminhar e que, hoje, não havia conseguido levantar-se da cama. Ao exame físico, a paciente apresenta paraparesia simétrica e diminuição de força muscular em membros superiores, reflexos osteotendinosos diminuídos em membros superiores e abolidos nos membros inferiores. Em relação a esse quadro clínico, quais são as principais hipóteses diagnósticas? A) Dengue; meningite asséptica. B) Dengue; síndrome de Guillain-Barré. C) Mononucleose infecciosa; meningite asséptica. D) Mononucleose infecciosa; síndrome de Guillain-Barré. CCQ: Síndrome de Guillain-Barré pode ser complicação de mononucleose Questão fácil, mas com muitos detalhes. Vamos primeiro entender o diagnóstico inicial para depois pensarmos na complicação descrita. Temos uma paciente de 13 anos com histórico de febre + “amigdalite” + mialgia + exantema após uso de amoxicilina. Houve ainda persistência do desânimo por tempo mais prolongado que uma amigdalite comum, concorda? Guarde essa informação para sua prova: doença exantemática que se assemelha a uma amigdalite com exantema que surge com uso de amoxicilina = mononucleose infecciosa. Agora vamos pensar na complicação: a paciente tem um quadro de formigamento e dor que iniciou em MMII e teve progressão ascendente, evoluindo com paraparesia simétrica e diminuição de força muscular em membros superiores, reflexos osteotendinosos diminuídos em membros superiores e abolidos nos membros inferiores. Um quadro como esse, principalmente em criança após um episódio de mononucleose, deve nos fazer pensar em complicações neurológicas, que afetam cerca de 0,3% a 7,3% dos pacientes. Nesse caso específico, os sintomas e a evolução nos indicam se tratar da síndrome de Guillain-Barré, que é uma doença imunomediada dos nervos periféricos e raízes nervosas, de início agudo, caracterizada por paralisia ascendente simétrica progressiva, diminuição ou abolição dos reflexos tendinosos, disautonomia e déficits sensoriais. Está comumente associada a quadros virais. Vamos às alternativas: Alternativas A e B - Incorretas: Vimos que o diagnóstico inicial mais provável é a mononucleose. Lembre-se da associação do exantema com o uso de amoxicilina. Alternativa C - Incorreta: Na meningite, teríamos sintomas neurológicos possivelmente mais centrais, como rigidez de nuca. Alternativa D - Correta: exatamente como vimos acima. Vale recordar que a síndrome de Guillain-Barré é a causa mais comum de paralisia flácida aguda infantil após a erradicação da poliomielite em países desenvolvidos. Resposta: letra D. _________________________________ 35. Um homem com 39 anos de idade, previamente hígido, é atendido em centro de saúde com lesão peniana, mal-estar e febre baixa há 5 dias. O paciente nega descarga uretral e nega lesões penianas prévias. Não tem parceira sexual estável, tendo relações sexuais desprotegidas com diferentes mulheres esporadicamente. Em seu exame físico, apresenta temperatura axilar = 37,8 °C e está corado, hidratado e anictérico. Há linfonodos axilares, epitrocleares e inguinais palpáveis, pequenos, fibroelásticos. Verifica-se lesão ulcerada e úmida em corpo peniano. O teste rápido para sífilis realizado no momento da consulta foi positivo. Não há relato de tratamento com antimicrobianos no último ano. Relata que, há cerca de 10 anos, ao tomar penicilina benzatina intramuscular para tratar faringite, teve dor no local da aplicação, sem lesões e com remissão espontânea. Nesse momento, qual é a conduta correta para esse paciente? A) Prescrever doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12 em 12 horas por 15 dias e, após 3 meses, realizar VDRL. B) Solicitar FTA-Abs e, se teste for positivo, prescrever doxiciclina 100 mg, por via oral, de 12 em 12 horas por 30 dias. C) Aplicar penicilina benzatina 2,4 milhões UI em dose única, por via intramuscular, e solicitar VDRL nessa consulta. D) Solicitar VDRL e, se teste for positivo, prescrever penicilina benzatina 2,4 milhões UI por via intramuscular, 3 doses, com intervalos de 7 dias. CCQ: Saber que o tratamento do cancro duro é penicilina benzatina 2,4 milhões de UI em dose única Fala, mentorandos! Questão sobre infecção sexualmente transmissível que descreve um paciente com lesão ulcerada e única em corpo peniano + teste rápido positivo para sífilis e pede a conduta. O cancro duro, lesão da sífilis primária, é caracterizado por lesão ulcerada indolor, de fundo limpo com adenopatia sem fistulização. Quanto ao diagnóstico, é realizado através de testes treponêmicos (TR, FTA-Abs) + não-treponêmicos (VDRL). Trata-se sífilis primária com penicilina benzatina2,4 milhões de UI, IM, dose única (mesmo tratamento para sífilis secundária e latente recente). Nos casos de sífilis tardia (> 2 anos) ou indeterminada, aumenta-se a dose para 7,2 milhões de UI em 3 semanas. Vale lembrar do diagnóstico diferencial das ulceras indolores: sífilis primária causada pelo Treponema pallidum, Donovanose pela Kleibsiella granumatis e Linfogranuloma venéreo pela Chlamylia trachomatis. Vamos analisar as alternativas: Alternativa A – Incorreta: o tratamento é realizado com penicilina benzatina. Alternativa B – Incorreta: não precisa solicitar FTA-Abs para iniciar tratamento. O tratamento é realizado com penicilina benzatina. Alternativa C – Correta: isso mesmo, como explicado acima. Alternativa D – Incorreta: com TR positivo já indica-se tratamento. A dose descrita é para tratamento de sífilis tardia ou indeterminada. Portanto, a alternativa C é a correta! _________________________________ 36. Um paciente com 47 anos de idade, motorista de ônibus, comparece ao ambulatório da atenção secundária relatando início de dor lombar baixa há 2 semanas, a qual se irradia para membros inferiores. Ele nega ter sofrido queda e/ou trauma local. Devido à intensidade da dor, procurou atendimento em emergência na época, tendo recebido medicação endovenosa e orientação para acompanhamento ambulatorial para investigação. O paciente afirma que possui dor ainda incapacitante, a qual piora ao se sentar e ao ficar em pé, mas que melhora com o repouso. Essa dor possui irradiação pela região posterior da coxa e perna, chegando até a planta do pé à direita. Também relata diminuição da sensibilidade no dorso do pé direito. Ao realizar exame físico, apresentou teste de elevação do membro inferior estendido positivo à direita quando realizando a 40 graus, além de hipoestesia em região de dorso do pé direito, com reflexos sem alterações e sem perda de força muscular. A conduta imediata adequada para o caso é A) receitar opioide a curto prazo e orientar o paciente a retornar ao trabalho conforme intensidade da dor. B) encaminhar o paciente para cirurgia imediata para descompressão. D) receitar corticosteroide sistêmico e repouso por 14 dias. CCQ: Saber que o tratamento da hérnia de disco é sintomático Aluno Aristo, as hérnias de disco são um tema muito cobrado pelas bancas e muito comum na prática clínica! A hérnia de disco ocorre quando um disco cartilaginoso entre as vértebras se exterioriza, podendo irritar os nervos próximos e resultar em dor, parestesia, alteração na sensibilidade e fraqueza. A banca nos traz um paciente com um quadro clínico clássico associado a um teste de Lasegue positivo (presença ou agravamento da dor radicular com a flexão do quadril entre 30 e 60 graus). É provável se tratar de uma radiculopatia de L5 (a mais comum), pois se manifesta com lombalgia que se irradia pela face lateral da perna até o pé, podendo ter perda sensorial na face lateral da perna e do dorso do pé, com reflexos geralmente normais. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Correta: O tratamento inicial conservador da hérnia de disco é sintomático, podendo ser utilizados analgésicos, AINE's e opioides fracos, evitando atividade física em excesso. Quando os sintomas agudos diminuírem, recomendamos retomar atividades físicas moderadas, conforme tolerado. Alternativa B - Incorreta: No quadro agudo não devemos iniciar exercícios para o fortalecimento lombar. É recomendado realizar o tratamento sintomático e caso os sintomas persistam, avaliamos a indicação de exercícios e fisioterapia para os casos persistentes leves a moderados. Alternativa C - Incorreta: A cirurgia só é indicada para casos graves e refratários ao tratamento clínico. Alternativa D - Incorreta: Os corticoides sistêmicos não são utilizados de rotina, pois a evidência disponível sugere que a terapia sistêmica com glicocorticoides não tem benefício. Portanto, o gabarito é a alternativa A ________________________________ 37. Um homem com 62 anos de idade retorna à consulta para receber o resultado de biópsia transretal de próstata, procedimento realizado duas semanas antes, cuja classificação histopatológica foi de Gleason 7 (4+3). Esse resultado caracteriza o diagnóstico de A) hiperplasia prostática benigna. B) câncer de próstata. C) prostatite crônica. D) prostatite aguda. CCQ: Saber que a escala de Gleason avalia os graus de diferenciação celular no câncer de próstata Temos um paciente que nos retorna com o resultado de sua biopsia prostática apresentando um Gleason de 7 (4+3). Mas afinal, o que é essa escala? A escala de Gleason foi criada para classificar a histologia encontrada em pacientes com câncer de próstata. Ela é graduada de 1 a 5, de acordo o grau de diferenciação celular deste câncer, sendo que 1 é bem diferenciado e 5 é pouco diferenciado. Ao analisar a amostra da biópsia, o patologista irá atribuir uma nota de Gleason ao padrão mais predominante nas amostras de tecido da próstata. Mas, como normalmente os cânceres de próstata têm áreas com diferentes graus, uma segunda nota de Gleason é adicionada ao segundo padrão mais predominante. As duas notas serão, então, adicionadas para determinar sua pontuação no Gleason. Por exemplo, quando dizemos que o Gleason é 7 (4+3), entende-se que a maior parte do material analisado apresenta alterações grau 4, havendo também uma parte menor que apresenta alterações grau 3. Com isso, entendemos também que um Gleason 7 (3+4) é menos agressivo que o (4+3), pois a maior parte do material analisado apresenta alterações grau 3. Portanto, o gabarito é a alternativa B. _________________________________ 38. Uma menina com 13 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde acompanhada da mãe para consulta de rotina. A paciente tem um irmão de 11 anos de idade. Ao exame físico, não foram observadas alterações dignas de nota. Ao verificar o cartão de vacinação, constatou-se que a adolescente não havia sido vacinada contra o HPV. Nesse caso, o profissional de saúde deve A) orientar somente a vacinação do irmão. B) orientar somente a vacinação da adolescente. C) orientar a vacinação da adolescente e de seu irmão. D) orientar que não é recomendada a vacinação da adolescente e de seu irmão. CCQ: Saber que a vacina contra o HPV é recomendada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos Fala, pessoal! Essa é uma questão mais tranquila que cobra conceitos sobre o PNI (Programa Nacional de Imunizações) na forma de um caso clínico. Lembrando que essa é uma estratégia muito importante na prevenção de inúmeros agravos e que sofre atualizações quase todos os anos. O HPV, também chamado de papilomavírus humano, é um patógeno sexualmente transmitido que está relacionado fortemente com a gênese do câncer de colo uterino, sendo responsável por 95% dessas neoplasias. A maioria das infecções por HPV são assintomáticas ou de caráter transitório, regredindo espontaneamente pela imunidade do indivíduo. Quando se manifestam, geralmente geram lesões microscópicas ou não produzem lesões, este último sendo denominado de infecção latente. Nesse último exemplo, o HPV ainda não está produzindo a doença, mas pode depois de um longo período se manifestar clinicamente. A vacina contra o papilomavírus humano (HPV) é uma vacina quadrivalente, que protege contra os principais tipos do vírus (6, 11, 16 e 18). É disponibilizada pelo Ministério da Saúde nas idades a seguir: • Meninas: 9 a 14 anos; • Meninos: 11 a 14 anos. A aplicação deve ser oferecida preferencialmente para os indivíduos que não foram infectados com o HPV, por isso a vacinação foca nos pacientes que ainda nãotiveram iniciação sexual. Mas o histórico de infecção pelo HPV não é uma contraindicação para imunização contra o HPV. A vacina é administrada em duas doses, com intervalo mínimo de 6 meses entre elas. Sabendo disso, como a menina da questão tem 13 anos e o seu irmão tem 11 anos, podemos orientar a vacinação dos dois. Além da vacina contra o HPV, outra vacina exclusiva da adolescência é a meningocócica ACWY, recomendada para adolescentes entre 11 e 12 anos. Nesse caso, somente o irmão da paciente poderia ser vacinado. Alternativa A, B e D - Incorretas: Devemos vacinar os dois pacientes. Alternativa C - Correta: Como ambos estão na faixa de idade preconizada para o recebimento da vacina, os dois vão receber o imunizante. Portanto, o gabarito é a alternativa C ________________________________ 39. Um homem com 21 anos de idade comparece à Unidade de Saúde da Família para ser submetido a tratamento cirúrgico de onicocriptose em hálux direito. Com relação à técnica a ser adotada para esse procedimento cirúrgico, após anestesia local, é correto A) realizar exérese completa da unha encravada. B) descolar o leito ungueal, fazendo-se uma avulsão parcial do segmento encravado. C) preservar a matriz ungueal e fazer a exérese em cunha do tecido de granulação. D) retirar uma elipse de pele e tecido subcutâneo da borda com tecido de granulação e sinais de infecção local. CCQ: Conhecer a técnica de avulsão parcial de segmento encravado na onicocriptose A onicocriptose, ou popularmente conhecida como "unha encravada" é uma alteração no alinhamento entre a placa ungueal e o seu leito, gerando um crescimento inadequado e penetração de espículas de unha sobre a pele, o que traz um quadro doloroso e muitas vezes recorrente ao paciente, se não for corretamente tratado. Algo a mais: em casos crônicos de lesão local e inflamação, há formação de granulomas e hipertrofia na dobra ungueal, com maior suscetibilidade a infecção secundária. Alternativa A – Incorreta: A exérese completa da unha está contraindicada, pois contribui para piora do quadro. A retirada total da placa ungueal gera uma elevação na polpa distal do dedo, onde a nova placa ungueal terminará por penetrar também, causando recidiva do quadro. Alternativa B – Correta: A técnica de escolha consiste na avulsão parcial do segmento encravado e sua espícula e estreitamento da placa ungueal. Pode ser associado também à matricectomia, que visa estreitar a matriz ungueal e prevenir recidivas. Alternativa C – Incorreta: A preservação da matriz ungueal, com retirada apenas do tecido de granulação pode melhorar a inflamação momentaneamente, mas não impede a espícula de penetrar a pele recidivando o processo. Alternativa D – Incorreta: Apesar de ser uma das opções terapêuticas, esse tipo de ressecção está associada a recidivas, maus resultados estéticos e maior morbidade em relação a técnica de avulsão parcial. Portanto, o gabarito é a letra B _________________________________ 40. A equipe de Saúde da Família recebeu uma solicitação de visita domiciliar para um paciente com 74 anos de idade, que obteve alta hospitalar no dia anterior. A esposa e cuidadora do paciente mostrou a contrarreferência do hospital, informando que o paciente esteve internado por câncer de próstata avançado com metástases ósseas e que recebeu alta com cuidados paliativos. Ademais, o paciente é hipertenso, diabético, acamado há 1 ano, em uso de sonda nasoenteral devido a um acidente vascular encefálico e sem perspectiva de tratamento curativo. A esposa estava bastante angustiada e não entendia como o marido tinha recebido alta naquelas condições, pois gemia e, à noite, gritava de dor, mesmo em uso de paracetamol e codeína (500 mg + 30 mg), que foram mantidos na alta hospitalar. Qual é a conduta médica correta para esse paciente? A) Iniciar morfina solução oral 10 mg/mL, 10 gotas, de 4 em 4 horas para controle de dor intensa em cuidados paliativos. B) Manter paracetamol, codeína e adicionar anti-inflamatório não esteroidal para otimizar tratamento da dor. C) Iniciar tramadol em solução oral 100 mg/mL, 20 gotas, de 12 em 12 horas, para controle de dor intensa. D) Encaminhar para reinternação hospitalar para controle da dor com morfina endovenosa. CCQ: Saber a Escada da Analgesia da OMS Caro aluno, nesta questão somos apresentados a um paciente em cuidados paliativos, refratária ao uso de analgésico simples, e opióide fraco. Para responder esta questão é importante ter conhecimento na escada da Analgesia proposta pela OMS: Nosso paciente encontra-se com dor Intensa e está recebendo a analgesia no degrau 2. O próximo passo deve ser escalonar para o terceiro degrau, com o uso de um opióide forte. Vamos as alternativas: Alternativa A - Correta: A introdução de um opióide forte de uso oral é uma ótima alternativa para este paciente. Alternativa B - Incorreta: Introduzir um AINE não iria mudar o tratamento proposta de degrau. Alternativa C - Incorreta: Tramadol é um opióide fraco, assim como a codeína. Alternativa D - Incorreta: O paciente foi recentemente deshospitalizado e está com proposta de tratamento paliativo, sendo melhor indicado a tentativa de uso de medicação oral, como morfina, metadona, e intradérmico com patch de fentanil. Portanto, o gabarito é a letra A ________________________________ 41. Um pré-escolar com 3 anos de idade é atendido no pronto-socorro com quadro de tosse produtiva e febre alta há 4 dias, associado à dificuldade respiratória. No exame físico, apresenta-se febril, emagrecido, hipocorado (2+/4+), hidratado, com boa perfusão periférica, com temperatura axilar de 39 °C, FC = 110 bpm e FR = 55 irpm. O paciente apresenta retração subcostal e tiragens intercostais, com murmúrio vesicular diminuído em base de hemitórax esquerdo. Segundo o Programa de Atenção Integrada das Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI) do Ministério da Saúde, qual é a classificação do quadro respiratório da criança? A) Pneumonia. B) Pneumonia grave. C) Não é pneumonia. D) Pneumonia muito grave. CCQ: Apenas a presença de tiragem subcostal já classifica a pneumonia como grave Galerinha, questão bem interessante sobre pneumonia adquirida na comunidade (PAC) na pediatria, tema bastante recorrente nas provas e em nossa prática clínica. Essa questão nos cobra a classificação da pneumonia segundo a AIDPI, então vamos revisar esse assunto para você, mentorando JJ, acertar esse tipo de questão quando aparecer! Vamos lá, primeiramente a AIDPI classifica a pneumonia em 3 tipos: pneumonia grave (ou doença muito grave), pneumonia e "não é pneumonia". Bom, para ser classificada como pneumonia grave, o quadro clínico precisa ter pelo menos um desses achados: • Recusa de líquidos/amamentação • Vômitos a tudo que ingere • Convulsões e/ou movimentos anormais em menos de 72h • Sonolência/letargia • Enchimento capilar > 2s • Batimento de asa do nariz e/ou gemência • Tiragem subcostal • Estridor em repouso Para ser classificada apenas como pneumonia, basta a criança com quadro pneumônico apresentar taquipneia, sem apresentar nenhum dos sinais já citados. Vamos lembrar as frequências respiratórias que configuram taquipneia para cada faixa etária? • < 2 meses: FR ≥ 60 irpm • 2 a 11 meses: ≥ 50 irpm • 12 meses a 5 anos: ≥ 40 irpm E por fim, para ser classificada em não pneumonia, a criança não apresenta taquipneia nem outro sinal de alarme já citado. Voltando ao enunciado, temos uma criança que se encontra emagrecida, taquipneico para idade e tiragem subcostal. Além disso, a criança ainda apresenta murmúrio vesicular diminuído em um dos hemitórax, o que sugerea presença de um derrame pleural. Bom, não restam dúvidas que essa criança é classificada como pneumonia grave! Vamos às alternativas. Alternativa A - Incorreta: Como vimos, essa criança possui sinal de alarmes, o que a classifica como pneumonia grave Alternativa B - Correta: Alternativa correta! Como vimos, essa criança apresenta sinais de alarme, o que configura uma pneumonia grave. Alternativa C - Incorreta: É classificado como "não pneumonia" um paciente que além de não apresentar sinais de alarme, não apresenta taquipneia. Esse paciente apresenta tanto taquipneia como sinais de alarme. Alternativa D - Incorreta: Não existe pneumonia muito grave segundo a classificação da AIDPI! Gabarito: alternativa B. _________________________________ 42. Uma mulher com 30 anos de idade assintomática, vem à Unidade Básica de Saúde para mostrar o resultado do exame de colo uterino. A paciente havia realizado a coleta há cerca de 20 dias, como rotina ginecológica. No dia da coleta, nenhuma anormalidade foi detectada no exame especular. O resultado da citologia oncótica revelou células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas (ASC- US). Qual conduta médica deverá ser adotada a partir desse resultado? A) Orientar a repetir a citologia oncótica em 12 meses. B) Orientar a repetir a citologia oncótica em 6 meses. C) Solicitar biópsia do colo uterino. D) Solicitar colposcopia. CCQ: Conhecer a conduta diante de um resultado alterado de exame citopatológico no rastreamento de câncer cervical. Fala, pessoal! Questão que aborda um CCQ recorrente nas provas! Rastreamento de câncer de colo uterino é um assunto garantido na prova de GO! O exame citopatológico é o método de rastreamento do câncer de colo uterino e de suas lesões precursoras, sendo realizado a partir dos 25 anos. A conduta diante de um achado de atipia de células escamosas de significado indeterminado (ASC-US) varia de acordo com a idade da paciente: • Em mulheres < 25 anos, devemos repetir o exame em 3 anos; • Entre 25 e 29 anos, a citologia deve ser repetida em 12 meses; • Em pacientes ≥ 30 anos, a citologia deve ser repetida em 6 meses. Alternativa A - Incorreta: Essa é a conduta adequada para pacientes entre 25 e 29 anos com resultado de ASC-US. Alternativa B - Correta: É a conduta adequada para o caso, devendo a citologia ser repetida em 6 meses. Alternativa C - Incorreta: Biópsia de colo uterino não está indicada. Alternativa D - Incorreta: Não é necessário encaminhar a paciente para colposcopia. Portanto, o gabarito correto é a letra B _________________________________ 43. Uma mulher com 44 anos de idade é encaminhada para avaliação de nódulos mamários múltiplos, inicialmente atribuídos a possível doença fibrocística benigna da mama. A razão do encaminhamento ao especialista é a preocupação da paciente com o fato de uma tia paterna, com 68 anos de idade, ter sido recentemente diagnosticada com câncer de mama (adenocarcinoma ductal infiltrante). A paciente é multípara (G4P5), tendo sua primeira gestação ocorrido aos 36 anos de idade. Amamentou todos os filhos por pelo menos 1 ano. Sua menarca foi tardia, ocorrendo aos 16 anos de idade. Relata que seus ciclos menstruais são indolores e regulares, a cada 28 dias (3 dias de duração), com fluxo em volume normal. Mantém relações sexuais regulares, com parceiro único e sem uso de preservativo. Ela nega possuir comorbidades e alergias. No exame das mamas, são palpados múltiplos nódulos de consistência fibroelástica bilaterais, no meio dos quais é palpado um nódulo sólido, indolor e pouco móvel, de 2,0 cm de diâmetro, localizado no quadrante superior externo da mama esquerda; não há alterações cutâneas locais nem linfonodomegalias satélites, axilares, supraclaviculares ou cervicais. No exame físico geral, a paciente se encontra em bom estado, corada, com IMC = 23,5 kg/m². Além do nódulo sólido palpável, qual é o outro fator de risco para câncer de mama que a paciente apresenta? A) Multiparidade. B) Menarca tardia. C) Primeira gestação em idade avançada. D) Tia paterna com câncer de mama pós-menopausa. CCQ: Saber os fatores de risco para câncer de mama Questão de nível fácil! A questão aborda de forma geral e superficial os fatores de risco para o câncer de mama. Para resolução da questão é necessário saber os principais fatores endócrinos que aumentam o risco do desenvolvimento das neoplasias malignas mamárias. Alternativa A - Incorreta: Multiparidade não é fator de risco, mas sim anuliparidade. Alternativa B - Incorreta: A menarca precoce e a menopausa tardia que são fatores de risco. Alternativa C - Correta: Os fatores endócrinos/história reprodutiva estão relacionados principalmente ao estímulo estrogênico, seja endógeno ou exógeno, com aumento do risco de acordo com a exposição. Esses fatores incluem: história de menarca precoce, menopausa tardia, primeira gravidez após os 30 anos, nuliparidade, uso de contraceptivos orais (estrogênio- progesterona) e terapia de reposição hormonal pós-menopausa (estrogênio- progesterona). Alternativa D - Incorreta: Considerando a história familiar como fator de risco, estão inclusos apenas parentes de primeiro grau. DICA: É importante lembrar que o principal fator de risco é a idade maior que 40 anos e que tabagismo não é considerado fator de risco para câncer de mama. Portanto, a alternativa correta é a letra C. _________________________________ 44. Uma jovem com 18 anos de idade que sofreu uma queda de bicicleta há 2 horas é levada ao pronto-socorro. Seus familiares relatam que ela não estava usando capacete e bateu a cabeça na calçada, quando perdeu momentaneamente a consciência por cerca de 1 minuto. Ao ser atendida, apresenta-se consciente e orientada no tempo e no espaço, com abertura ocular espontânea e respondendo aos comandos verbais, com pupilas isocóricas e ausência de déficit neurológico. Ela se queixa de cefaleia discreta e não progressiva, além de tontura temporária, e apresenta ainda ferimento cortocontuso de cerca de 3 cm no couro cabeludo, negando episódios de vômitos ou outros sintomas. Nessa situação, a conduta adequada a ser adotada, após a sutura do ferimento, é A) manter a paciente em observação e realizar exame neurológico seriado por 24 horas. B) dar alta hospitalar, orientando a paciente e seus acompanhantes em relação aos sintomas de alarme. C) solicitar tomografia de crânio e, se o resultado for normal, dar alta hospitalar à paciente com orientações. D) solicitar tomografia de crânio e indicar internação hospitalar da paciente para observação clínica por 24 horas. CCQ: Saber qual é a indicação de solicitação de TC no TCE Aluno Aristo, questão direta que nos mostra uma jovem de 18 anos que sofreu um TCE com perda de consciência durante 1 minuto, mas que, no atendimento, apresentava-se com ECG 15. Quais são as indicações de TC ou internação hospitalar em TCE leve como o da nossa paciente segundo o ATLS? • TCE penetrante; • história de perda prolongada de consciência (mais que 5 min); • deterioração do nível de consciência; • cefaleia moderada a grave; • intoxicação significativa por álcool/drogas; • fratura de crânio; • fístula liquórica; • suspeita de fratura de base de crânio; • mais que 2 episódios de vômitos; • idade > 65 anos; • uso de anticoagulantes; • ECG < 15 até 2 horas após o trauma. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: A paciente não apresenta critérios para admissão hospitalar (TCE penetrante, perda de consciência prolongada, cefaleia, falta de acompanhante em casa, intoxicação por álcool/drogas).Alternativa B - Correta: A paciente não apresenta critérios para internação ou solicitação de TC, conforme citado acima, podendo fazer observação neurológica domiciliar. Alternativa C - Incorreta: A paciente não apresenta critérios para solicitar TC (sinal de fratura de base de crânio ou suspeita de fratura exposta, ou com afundamento, vômitos repetidos, idade > 65 anos, uso de anticoagulantes, amnésia para fatos anteriores ao impacto maior que 30 minutos, mecanismo perigoso, perda de consciência prolongada, ECG < 15). Alternativa D - Incorreta: A paciente não apresenta critérios para solicitar TC ou para internação hospitalar. Portanto, o gabarito é a alternativa B _________________________________ 45. Uma gestante, no curso da 12.ª semana de gestação, vai ao ambulatório de obstetrícia referenciado de sua Unidade Básica de Saúde com o seguinte encaminhamento: ""Encaminho primigesta com 23 anos de idade por ter apresentado, em seus exames de rotina do pré-natal, uma glicemia de jejum de 140 mg/dL"". No momento, a paciente encontrava-se assintomática e já trazia um segundo resultado de glicemia de jejum que demonstrava um valor de 148 mg/dL. O obstetra do ambulatório, segundo as recomendações mais atualizadas da OMS e da Sociedade Brasileira de Diabetes, deve A) solicitar teste de sobrecarga oral com 75 gramas de glicose anidra ainda com 12 semanas de gestação. B) solicitar teste de sobrecarga oral com 75 gramas de glicose anidra entre 24 e 28 semanas de gestação. C) diagnosticar a paciente com diabete melito prévio à gestação e iniciar tratamento adequado. D) diagnosticar a paciente com diabete melito gestacional e iniciar tratamento adequado. CCQ: Saber que valores de glicemia igual ou maior que 126 caracteriza um Diabetes mellitus prévio Olá, Pessoal...! A Diabetes mellitus gestacional (DMG) ou prévio é um tema muito recorrente em provas e importantíssimo no dia a dia do obstetra devido sua prevalência. Então bora lá dar uma revisada breve no assunto e resolver essa questão! Lembrando aqui rapidinho como que fazemos o rastreio e o diagnóstico da DMG: 1º passo: glicemia de jejum (na 1a consulta, ou seja, primeiro trimestre): • Maior ou igual a 126mg/dl: diabetes prévio; • Entre 92 e 125mg/dl: diabetes gestacional; • Abaixo de 92: fazer TOTG 75 entre 24 e 28 semanas. 2º passo: TOTG 75 g entre 24 e 28 semanas de IG: Diagnóstico de diabetes gestacional, se: • Jejum: maior ou igual a 92mg/dl; • 1 hora: maior ou igual a 180mg/dl; • 2 horas: maior ou igual a 153mg/dl. Na nossa paciente apresentava já dois resultados superiores a 126 mg/dL no início da gestação, configurando um diagnóstico de DM prévio à gestação! Sabendo disso, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: não é necessário! A paciente já possui um valor acima de 126 mg/dL confirmado com uma segunda medida, logo já está feito o diagnóstico de DM prévio. Alternativa B - Incorreta: como já foi firmado o diagnóstico de DM prévio, não é necessário a gestante realizar o exame TOTG entre 24-28 semanas! Alternativa C - Correta: isso! Agora com o diagnóstico firmado devemos inciar o tratamento. Lembrando que de uma maneira geral, as medicações orais estão contraindicadas no diabetes gestacional, sendo a insulina a grande alternativa e primeira escolha. Mas antes disso é preconizado tentar regular os valores glicêmicos através de mudanças de hábitos de vida com alimentação balanceada e atividade física regular. Alternativa D - Incorreta: não é considerado gestacional devido os valores superiores a 125. É uma DM que foi diagnosticada na gestação, mas isso não a caracteriza por gestacional. Logo, o gabarito é a alternativa C _________________________________ 46. Uma pré-escolar com 4 anos de idade é atendida no pronto-socorro com história de febre alta (40 °C) há 3 dias, indisposição e dores no corpo, vômitos e diarréia. No momento, queixa-se de dor abdominal intensa e contínua. Em seu exame físico, os resultados foram os seguintes: FC = 120 bpm, FR = 25 irpm, temperatura axilar = 37,5 °C, mucosas úmidas, coradas, anictéricas; ausculta cardíaca e respiratória normais, abdome levemente distendido, doloroso difusamente à palpação, sem sinais de irritação peritoneal, fígado palpável a 3 cm do rebordo costal direito. Há petéquias esparsas e exantema máculo- papular em face, tronco, membros superiores e inferiores, incluindo palmas das mãos. Suas extremidades estão aquecidas e bem perfundidas. Foi realizado hemograma que apresentou os seguintes valores: Ht = 45 % (valor de referência: 37 a 40 %); Hb = 15,2 g/dL (valor de referência: 12,6 ± 1,5 g/dL), leucócitos totais = 3 500/mm³ (valor de referência: 5 000 a 12 000/mm³, bastões = 2 %, segmentados = 50 %, linfócitos = 30 %, monócitos = 10 %, eosinófilos = 8 %, plaquetas = 50 000/mm³ (valor de referência: 150 000 a 450 000/mm³). Quais são, respectivamente, o diagnóstico e a conduta médica inicial adequados? A) Chikungunya; observação e a hidratação parenteral com soro fisiológico 0,9 %. B) Zika; internação hospitalar e hidratação parenteral com soro fisiológico 0,9 %. C) Dengue grupo B; observação e hidratação oral com a reavaliação clínico-laboratorial. D) Dengue grupo C; internação hospitalar e hidratação parenteral com soro fisiológico 0,9 %. CCQ: Saber que um quadro típico de dengue + sinais de alarme é classificado como grupo C Pessoal, temos aqui um caso de uma criança com um quadro clínico clássico de dengue: febre alta, dores no corpo, prostração, petéquias, exantema e plaquetopenia. Inicialmente, devemos realizar a famosa classificação da dengue em grupos, que é feita de acordo com a gravidade. Todos os grupos apresentam em comum a febre com pelo menos 2 dos seguintes sintomas inespecíficos: cefaleia, prostração, dor retro-orbitária, exantema, mialgia e artralgia. Na classificação, as bancas sempre cobram o reconhecimento dos sinais de alarme, que podem indicar uma provável evolução para a síndrome do choque da dengue. São exemplos de sinais de alarme a dor abdominal, vômitos persistentes, hipotensão arterial e letargia. • Grupo A: ausência de manifestações hemorrágicas, prova do laço negativa e ausência de sinais de alerta. • Grupo B: manifestações hemorrágicas, prova do laço positiva e ausência de sinais de alerta. • Grupo C: presença de sinais de alerta. • Grupo D: paciente com sinais de choque. A paciente apresenta 3 sinais de alarme: dor abdominal, vômitos e hepatomegalia, e não apresenta sinais de choque! Portanto, ela é classificada como grupo C e necessita de internação e hidratação endovenosa. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Na Chikungunya, esperaríamos encontrar febre e artralgia importante, e o paciente também pode apresentar prurido e exantema. Alternativa B - Incorreta: Apenas 20% das infecções pelo Zika vírus são sintomáticas, e o quadro clínico é marcado principalmente pela febre baixa, que pode vir acompanhada por artralgia (não tão intensa como ocorre na Chikungunya) e conjuntivite não purulenta. Alternativa C - Incorreta: Como a paciente apresenta dengue com sinais de alarme, ela não pode ser classificada como grupo B. Alternativa D - Correta: Conforme explicamos acima, a paciente com dengue e sinais de alarme é classificada como grupo C, e necessita de internação e hidratação endovenosa! Portanto, o gabarito é a alternativa D. _________________________________ 47. O quadro a seguir apresenta os dados sobre a mortalidade nas capitais brasileiras por COVID-19 e a população que vive com menos de US$ 5,5 por dia, faixa que define a linha da pobreza, segundo o Banco Mundial. Com basenas informações do quadro apresentado, assinale a alternativa correta. A) As capitais com as maiores taxas de mortalidade por COVID-19 possuem maior população estimada, indicando maior concentração demográfica e, portanto, maior risco de contágio. B) Não há associação entre a mortalidade por COVID-19 e a taxa de população mais pobre, pois a ocorrência de morte pela doença se relaciona à idade e à presença de comorbidades. C) Há grande diferença na mortalidade por COVID-19, sendo mais elevada onde é maior a proporção de pessoas mais pobres, o que reforça a determinação social da saúde. D) As capitais com maiores taxas de mortalidade por COVID-19 apresentam menores proporções de pessoas com rendimento familiar abaixo da linha da pobreza. CCQ: Saber que existe relação entre as capitais que apresentaram maior mortalidade por COVID 19 com a proporção elevada de pessoas que vivem abaixo da linha da pobreza Pessoal, em questões que trazem muitas informações não se desespere! Vamos analisar com calma o que está sendo pedido na questão, pois, na maioria das vezes, utilizamos apenas uma pequena parte das informações trazidas! A banca apresenta um quadro com informações relacionadas a: • População nas capitais brasileiras; • Mortes por COVID-19; • Mortalidade por COVID 19 para cada 100.000 habitantes; • Proporção de pessoas na linha da pobreza. Assim, vamos analisar o que cada item pede e procurar as informações no quadro! Alternativa A – Incorreta: Vou elencar abaixo, em primeiro lugar, as cidades com maior mortalidade por 100 mil habitantes: Agora, vamos olhar o gráfico com as capitais que possuem as maiores populações: Assim, concluímos que as capitais que apresentam maior mortalidade não são as mesmas que apresentam maior população estimada! Alternativa B – Incorreta: Vamos olhar a relação das capitais com maior mortalidade por 100 mil habitantes e a proporção com a população pobre: Agora, vamos analisar as cidades menor mortalidade por COVID 19 e a proporção de pessoas pobres: Percebemos que nas cidades com a maior mortalidade realmente existe uma maior proporção de pessoas pobres quando comparada com as cidades com menor mortalidade e número de pessoas pobres. Assim, está errado afirma que não há associação. Alternativa C – Correta: Vamos rever os dados analisados no item anterior, percebemos que, de fato, existe uma associação das cidades que apresentaram maior mortalidade com a proporção elevada de pessoas pobres. Logo, esse item é a nossa resposta! Alternativa D – Incorreta: Como vimos no comentário da alternativa B, percebemos que este item está errado, pois, as capitais com maiores taxas de mortalidade por COVID 19 apresentam MAIOR proporção de pessoas abaixo da linha da pobreza. Portanto, como a questão pede o item correto, ficamos com a letra C como gabarito _________________________________ 48. Uma paciente com 34 anos de idade, vítima de acidente automobilístico, apresentando trauma abdominal contuso sem evidência de lesões em outros segmentos corpóreos, foi levada ao pronto-socorro do Centro de Referência de Trauma de nível terciário para atendimento. No atendimento em cena pela equipe de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), foram infundidos 500 mL de ringer lactato. No exame físico da paciente, obteve-se os seguintes resultados: FC = 110 bpm, enchimento capilar = 6 segundos, PA = 100 x 70 mmHg, Glasgow = 15. Houve normalização dos sinais vitais após a infusão de mais de 500 mL de solução cristaloide no atendimento inicial. Os exames laboratoriais mostraram os seguintes resultados: Hb = 10,5 g/dL (valor de referência: 12 a 14 g/dL), Ht = 31 % (valor de referência: 35 a 45 %), lactato = 2,8 mmol/L (valor de referência: < 2,0 mmol/L), INR = 1,0 (valor de referência: 0,8 a 1,2), fibrinogênio = 200 mg/dL (valor de referência: 185,0 a 400,0 mg/dL), plaquetas = 120 000/mm³ (valor de referência: 100 000 a 420 000/mm³). A tomografia computadorizada do abdome com contraste endovenoso é mostrada na imagem a seguir. Não foram evidenciadas outras lesões no abdome. Com base na história clínica, nos dados do exame físico e na imagem da tomografia, a conduta médica adequada é indicar A) laparotomia exploradora de urgência para tratamento da lesão hepática. B) controle clínico-laboratorial seriado e tratamento não operatório. C) angiografia e embolização para tratamento da lesão hepática. D) laparoscopia de urgência para hemostasia da lesão hepática. CCQ: Trauma abdominal contuso com lesão hepática associada à estabilidade hemodinâmica e sem sinais de alerta deve ser tratada de forma conservadora com angiografia e embolização da artéria hepática Salve salve, família, tudo bem com vocês? Questãozinha do INEP- Revalida-DF de 2021 trazendo um tema frequente, apesar de ter trazido um enunciado grande e feito para nos confundir, concorda? A respeito do seguinte caso clínico, qual o provável diagnóstico e conduta para a paciente? Mulher com 34 anos de idade, vítima de acidente automobilístico, apresentando trauma abdominal contuso sem evidência de lesões em outros segmentos corpóreos, foi levada ao pronto-socorro do Centro de Referência de Trauma de nível terciário para atendimento. No atendimento em cena pela equipe de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), foram infundidos 500 mL de ringer lactato. No exame físico da paciente, obteve-se os seguintes resultados: FC = 110 bpm, enchimento capilar = 6 segundos, PA = 100 x 70 mmHg, Glasgow = 15. Houve normalização dos sinais vitais após a infusão de mais de 500 mL de solução cristaloide no atendimento inicial. Os exames laboratoriais mostraram os seguintes resultados: Hb = 10,5 g/dL (valor de referência: 12 a 14 g/dL), Ht = 31 % (valor de referência: 35 a 45 %), lactato = 2,8 mmol/L (valor de referência: < 2,0 mmol/L), INR = 1,0 (valor de referência: 0,8 a 1,2), fibrinogênio = 200 mg/dL (valor de referência: 185,0 a 400,0 mg/dL), plaquetas = 120 000/mm³ (valor de referência: 100 000 a 420 000/mm³). A tomografia computadorizada do abdome com contraste endovenoso é mostrada na imagem a seguir. Não foram evidenciadas outras lesões no abdome. • Diagnóstico: trauma abdominal contuso com lesão hepática sem sinais de instabilidade hemodinâmica e/ou peritonite e/ou pneumoperitônio e/ou FAST positivo, a princípio; • Conduta: por se tratar de lesão hepática com estabilidade hemodinâmica no momento e apesar de sinais de hipoperfusão tecidual apresentados por nossa paciente, devemos considerar um tratamento conservador com realização de angiografia para embolização da artéria hepática, provável causa do sangramento apresentado pela nossa paciente. Caso os parâmetros hematimétricos e os sinais de perfusão tecidual não melhorem, aí devemos lançar mão do tratamento cirúrgico por meio de laparotomia exploradora. Bora avaliar as demais alternativas? Alternativa A - Incorreta: Laparotomia exploradora de urgência deveria ser realizada se houvesse instabilidade hemodinâmica e/ou a lesão hepática fosse de grau VI, ou seja, total avulsão e explosão hepática com desvascularização. Não é o que a TC mostra. Alternativa B - Incorreta: Tal conduta poderia ser realizada caso nosso paciente não apresentasse sinais de descompensação hemodinâmica, apesar de ter sido resolvida com infusão de cristaloides. Além disso, apesar de estável hemodinamicamente no momento, ele apresenta sinais de hipoperfusão tecidual, com lactato > 2 mmol/L e TEC > 3 s. Existe uma lesão sangrante ativa que necessita de abordagem, por mais que seja conservadora. Alternativa C -Correta: Conforme explicação acima. Alternativa D - Incorreta: Laparoscopia não está indicada para hemostasia de lesão hepática, haja vista nem sempre estar disponível nos serviços e, além disso, existem sinais de hipoperfusão tecidual, o que contraindica a realização de laparoscopia. Algo a mais: nos casos de trauma hepático grave (grau VI) e/ou naqueles associados a sinais de instabilidade hemodinâmica (hipotensão/choque hipovolêmico III a IV), o tratamento deve ser cirúrgico! Portanto, a alternativa correta é a letra C _________________________________ 49. Uma gestante, no curso da 24.ª semana de gestação, comparece à consulta de rotina de pré-natal. Informa já ter tido um aborto com 7 semanas e um parto vaginal com 34 semanas. No momento, está sem queixas e apresenta exame físico dentro da normalidade. Traz consigo ultrassonografia gestacional que revela gestação única, tópica, com 24 semanas (corrigidas), feto com apresentação cefálica, placenta anterior e com grau zero de maturidade, quantidade de líquido amniótico e peso fetal normais para a idade gestacional, colo uterino fechado medindo 2,9 cm (valor de referência: > 2,5 cm). Apresenta também resultado de exame de urocultura que revela E. coli com 10⁵ Unidades Formadoras de Colônias. O médico prescreve cefalexina e progesterona para essa paciente. Nesse caso, a prescrição de progesterona se justifica porque a gestante apresenta A) bacteriúria assintomática, que é um fator de risco para parto prematuro. B) ultrassonografia gestacional que demonstrou um colo uterino curto. C) passado de um aborto precoce por insuficiência de corpo lúteo. D) histórico de parto prematuro. CCQ: Saber que paciente com antecedente de parto prematuro anterior tem indicação de progesterona por via vaginal nas próximas gestações Gente, questão sobre parto prematuro! Tema super importante para as provas, vamos lá! A banca traz o caso de uma gestante com 24 semanas de idade gestacional e tem como antecedente um episódio de aborto e um parto prematuro com 34 semanas. E o que isso quer dizer? Trata- se de uma gestante com alto risco de evoluir para um parto prematuro também nessa gestação. E para evitar isso, é indicado a administração de progesterona por via vaginal até o parto ou termo. Preste atenção em um detalhe, a banca nos forneceu o comprimento do colo uterino dessa paciente, mas precisaríamos dele para indicar a progesterona? A resposta é não! Isso porque, diante de uma paciente com antecedente de parto prematuro, a progesterona está indicada independente do comprimento do colo uterino. Vamos avaliar as alternativas: Alternativa A – Incorreta: A paciente apresenta, de fato, bacteriúria assintomática mas esse não é o motivo para a prescrição de progesterona, e sim para a prescrição de cefalexina. Alternativa B – Incorreta: A ultrassonografia gestacional demonstrou um colo uterino de 2,9cm, valor acima da referência de 2,5cm. Alternativa C – Incorreta: O antecedente de um aborto precoce não é indicação de progesterona. Alternativa D – Correta: É isso, pessoa! Histórico de parto prematuro Portanto, o gabarito é a letra D. _________________________________ 50. Uma paciente com 42 anos de idade, internada no hospital por prurido, cansaço, anorexia e epistaxe que foi prontamente tamponada, relata que tem ficado ""roxa"" com facilidade, mesmo após traumas muito leves. Em exame físico, a paciente apresenta icterícia e algumas equimoses e seus exames laboratoriais mostram aumento de fosfatase alcalina, de gama-glutamil transferase, de aminotransaminases, de tempo de protrombina (TP) e da razão normalizada internacional (INR). Nesse caso, qual é o tratamento indicado? A) Reposição de fator VIII, via endovenosa, dose única. B) Reposição de vitamina K, via parenteral, por 24 até 72 horas. C) Administração de prednisona 1 mg/kg uma vez ao dia por 72 horas. D) Administração de ácido tranexâmico, a cada 8 horas, por 24 a 48 horas. CCQ: Saber que a vitamina K deve ser usada para normalização do INR Pessoal, nossa paciente se apresenta no pronto-socorro com queixa de epistaxe e “roxos” na pele recorrentes, associados a cansaço e anorexia. Nos exames laboratoriais, apresenta aumento de enzimas hepáticas e canaliculares, além de aumento da razão normalizada internacional (INR). Ora, os sinais, sintomas e exames nos levam a pensar que existe alguma disfunção hepática causando o quadro. Dentre as disfunções apresentadas, nos chama bastante atenção o alargamento do INR, que já está repercutindo com alterações de coagulação, representadas pelos “roxos” e pela epistaxe. O INR reflete as vias extrínseca e comum, medidas através do TP (tempo de protrombina). Os fatores dependentes de vitamina K (fatores II, VII, IX e X) podem alterar o INR. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: O fator VIII está relacionado com a via intrínseca, portanto, não apresenta impacto significativo no INR. Suas alterações seriam vistas no tempo de tromboplastina ativada e na relação R. Alternativa B - Correta: A vitamina K é a terapia de escolha para normalização do INR, com tempo de ação entre 6-8 horas, devendo ser medido o TP a cada 6 h. A dose da vitamina K é administrada de acordo com o valor inicial do INR. Alternativa C - Incorreta: A prednisona não está indicada nesse momento da terapêutica. Geralmente, é utilizada quando há trombocitopenia. Alternativa D - Incorreta: O ácido tranexâmico está indicado na presença de sangramentos volumosos e em que há risco ou que já está estabelecido choque hipovolêmico. A epistaxe foi tamponada com sucesso, logo, não há necessidade da administração desse fármaco. Vamos lembrar que a principal causa de alargamento do INR é a intoxicação cumarínica, então, é necessário sempre constar na anamnese as medicações de uso contínuo, e o médico deve perguntar ativamente sobre o uso de varfarina. Portanto, o gabarito é a alternativa B. _________________________________ 51. Uma criança com 7 anos de idade, do sexo feminino, é atendida na Unidade Básica de Saúde devido à enurese noturna há cerca de 6 meses, com 2 a 3 episódios de perda involuntária de urina à noite por semana. A criança havia apresentado controle de esfíncter vesical à noite aos 5 anos de idade. A mãe afirma que a queixa principal coincidiu com o nascimento de seu filho mais novo, o que levou a mudanças na rotina da família, entre elas, a menina passou a ficar com os avós durante o dia, só retornando para casa à noite. Nesse caso, qual deve ser a conduta inicial? A) Terapia com anticolinérgicos. B) Terapia com desmopressina. C) Terapia com amitriptilina. D) Terapia comportamental. CCQ: Saber que a conduta inicial para a enurese secundária é a terapia comportamental Galera, vamos agora discutir um tema não tão comum nas provas, mas que pode te garantir pontos essenciais. Portanto, grave esse CCQ com muito carinho, e vamos juntos! A enurese é definida como perda involuntária de urina durante o sono em crianças com mais de 5 anos. É uma situação que acomete mais meninos do que meninas, e pode ser classificada como primária ou secundária. No primeiro grupo, estão as crianças que nunca conseguiram ter controle esfincteriano noturno, e no segundo grupo estão aquelas que já tiveram esse controle, mas começaram a apresentar enurese, como no caso da questão. Em geral, a enurese secundária relaciona-se a mudanças comportamentais, e a primeira abordagem, como o próprio nome da causa base já diz, é justamente a terapia comportamental. O uso do alarme noturno e a diminuição da ingesta de líquidos no período noturno, por exemplo, são as medidas maisutilizadas nesse contexto. O tratamento farmacológico deve ser iniciado apenas a partir dos 7 anos de idade, e somente quando há falha da abordagem não-farmacológica. As duas drogas inicialmente usadas são a desmopressina e a imipramina, mas alguns agentes anticolinérgicos também são uma opção em certos casos. Na nossa questão, temos uma criança de 7 anos, com controle de esfíncter vesical à noite desde os 5 anos e que começou a apresentar enurese após o nascimento do irmão mais novo e consequente mudança de rotina. Ou seja, estamos diante de uma enurese secundária sem tratamento comportamental prévio, correto? Então, não devemos iniciar o tratamento com medicamentos, e sim com a terapia comportamental. Vamos às alternativas? Alternativa A - Incorreta: Apesar dos anticolinérgicos serem opções em casos como perda de urina disfuncional, bexiga hiperativa ou neurogênica, no nosso caso, estamos diante de uma enurese secundária à mudança comportamental, portanto, essa não é uma escolha de tratamento. Alternativa B - Incorreta: A desmopressina é um bom medicamento, e possui um início de ação rápido e prolongado, com mais ação antidiurética. Entretanto, ela não é primeira escolha diante de enurese secundária à mudança comportamental. Alternativa C - Incorreta: A amitriptilina não é um medicamento de escolha para tratamento da enurese. A imipramina, por outro lado, também um antidepressivo tricíclico, pode ser usada em caso de refratariedade ao tratamento de primeira escolha, que é a terapia comportamental. A imipramina atua deixando a bexiga menos sensível ao enchimento, e, assim, permite o armazenamento de mais urina antes que haja uma urgência urinária. Alternativa D - Correta: Exatamente! Diante da enurese secundária à mudança de hábitos e comportamentos, a terapia comportamental é a primeira escolha no tratamento. Sendo assim, a alternativa correta é a letra D _________________________________ 52. Um paciente com 23 anos de idade, do sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, foi trazido ao setor de Trauma pela equipe de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Apresenta vias aéreas pérvias, ausculta pulmonar normal, PA = 100 x 60 mmHg, FC = 100 bpm, FR = 24 irpm, Glasgow = 14. Durante a inspeção, nota-se equimose perineal. O paciente está com sonda vesical de duas vias com débito de 40 mL de sangue vivo. Queixa-se de dor intensa em hipogástrio, onde se nota abaulamento extremamente doloroso à palpação que vai do púbis até cerca de 5 cm abaixo da cicatriz umbilical. Nesse caso, o diagnóstico e a conduta médica inicial para esse paciente são A) trauma renal e tomografia computadorizada de abdome com contraste endovenoso. B) trauma de bexiga e colocação de sonda vesical em três vias para irrigação contínua. C) trauma de uretra e retirada da sonda vesical com cistostomia percutânea. D) obstrução da sonda vesical e desobstrução com irrigação sob pressão. CCQ: Nos casos de trauma geniturinário com sinais de lesões de uretra, a conduta é suspender a sondagem vesical de demora e realizar cistostomia suprapúbica pela via percutânea Salve salve, família, tudo bem com vocês? Questãozinha do INEP de 2020 trazendo um tema frequente nas provas, abordado de forma simples, tranquila e atual, concordam? A respeito do seguinte quadro clínico, qual é o diagnóstico e a conduta mais prováveis? Um paciente com 23 anos, do sexo masculino, vítima de acidente automobilístico, foi trazido ao setor de Trauma pela equipe de suporte avançado do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Apresenta vias aéreas pérvias, ausculta pulmonar normal, PA = 100 x 60 mmHg, FC = 100 bpm, FR = 24 irpm, Glasgow = 14. Durante a inspeção, nota-se equimose perineal. O paciente está com sonda vesical de duas vias com débito de 40 mL de sangue vivo. Queixa-se de dor intensa em hipogástrio, onde se nota abaulamento extremamente doloroso à palpação que vai do púbis até cerca de 5 cm abaixo da cicatriz umbilical. • Diagnóstico: equimose perineal + dor intensa em hipogástrio + sinais de bexigoma = trauma uretral com sinais de obstrução do trato urinário baixo; • Conduta: como existe equimose perineal e uretrorragia, não podemos conduzir o caso com sondagem vesical de demora, haja vista que existem sinais de lesão uretral e, nesses casos, não podemos sondar nossos pacientes com SVD. Assim, o ideal é retirar a SVD e realizar cistostomia percutânea; Bora avaliar as alternativas? Alternativa A - Incorreta: Trauma renal seria uma hipótese se hematúria macroscópica estivesse presente. Não é o caso, apesar de TC de abdome com contraste ser um exame adequado para avaliação. Alternativa B - Incorreta: Também seria um diagnóstico a ser pensado na presença de hematúria macroscópica. Pelo fato de existirem sinais de lesão uretral, a sondagem vesical está contraindicada. Alternativa C - Correta: Conforme explicação acima. Alternativa D - Incorreta: O trauma uretral foi o responsável pelo bexigoma, e não a obstrução da sonda vesical. Algo a mais: de acordo com a última edição do ATLS, de 2018, próstata elevada ao toque retal não é mais contraindicação para sondagem vesical nos casos suspeitos de trauma uretral. Portanto, a alternativa correta é a letra C _________________________________ 53. A Agente Comunitária de Saúde (ACS) visitou a casa de uma moradora de 26 anos de idade com suspeita de sofrer violência intradomiciliar pelo companheiro há 6 meses. Na ocasião da visita, o companheiro estava no trabalho, a mãe das crianças negou problemas e disse que elas estavam dormindo, entretanto, os vizinhos têm ouvido brigas frequentes do casal, cujos filhos de 2 e 3 anos de idade choram e gritam muito, além de apresentarem manchas roxas pelo corpo. Após o relato da ACS para a médica da equipe, qual é a conduta adequada para esse caso? A) Orientar a ACS a acionar a polícia visando ao encaminhamento das crianças a uma delegacia especializada pelos indícios de violência e pelo risco de revitimização. B) Registrar no Sistema Nacional de Notificação de Agravos e encaminhar as crianças ao Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil. C) Programar visita domiciliar, notificar suspeita de violência, acionar o Conselho Tutelar considerando as evidências de agressões. D) Respeitar a autonomia da mãe, direito fundamental garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. CCQ: Saber que, em suspeita de violência intradomiciliar, deve-se programar visita domiciliar e notificar suspeita de violência, acionando o conselho tutelar em casos que envolvam crianças e adolescentes Olá pessoal, beleza? Hoje vamos falar sobre violência intradomiciliar. Mas, antes de discutir as alternativas, vamos estudar sobre o tema? O que é violência intrafamiliar? • A violência intrafamiliar é toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família. Pode ser cometida dentro ou fora de casa por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função parental, ainda que sem laços de consanguinidade, e em relação de poder à outra. O conceito de violência intrafamiliar não se refere apenas ao espaço físico onde a violência ocorre, mas também às relações em que se constrói e é efetuada. Qual a diferença da violência intrafamiliar para a violência doméstica? • A violência doméstica distingue- se da violência intrafamiliar por incluir outros membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico. Incluem-se aí empregados(as), pessoas que convivem esporadicamente, agregados.Qual é a responsabilidade do profissional de saúde? • A equipe de saúde deve estar atenta quanto à possibilidade de um membro da família estar praticando ou sendo vítima de violência, mesmo que não haja, à primeira vista, indicações para suspeitas. Através de observações, visitas domiciliares, perguntas indiretas ou diretas dirigidas a alguns membros da família, situações insuspeitas podem ser reveladas se houver um cuidado e uma escuta voltadas para estas questões. Mesmo que a família tente ocultar tais situações, a aproximação por parte do profissional poderá facilitar a abertura a um diálogo futuro, criando novos espaços de ajuda. • Além disso, salvo situações de risco iminente ou quando a vítima não tem capacidade de tomar decisões, a equipe de saúde deve oferecer orientações e suporte para que a vítima possa compreender melhor o processo que está vivendo, analise as soluções possíveis para os seus problemas, tomando a decisão que lhe pareça mais adequada. • Para fins de notificação, deve-se notificar: Caso suspeito ou confirmado de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal e violências homofóbicas contra mulheres e homens em todas as idades. Fonte: Ministério da Saúde. Agora que entendemos mais sobre o tema, vamos ver as alternativas: Alternativa A - Incorreta: No caso de suspeita ou comprovação de violência, não é função do profissional da saúde acionar a polícia. Alternativa B - Incorreta: No caso de suspeita de violência, é importante notificar e encaminhar a criança ao tratamento adequado. Porém, o conselho tutelar deve sempre ser acionado. Alternativa C - Correta: No caso de crianças e adolescentes, o profissional de saúde é, por lei, obrigado a notificar ao conselho tutelar quando da suspeita ou comprovação de um caso de violência. Esta notificação é uma medida importante para a proteção da criança ou adolescente. Alternativa D - Incorreta: Como vimos acima, a notificação ao conselho tutelar é compulsória em caso de suspeita ou comprovação de violência. Mas, no caso de denúncia aos conselhos tutelares, é importante explicar para a família o seu papel, esclarecendo que o sigilo continuará a ser preservado. Portanto, o gabarito é letra C! _________________________________ 54. Uma adolescente com 18 anos de idade chega à Unidade Básica de Saúde com queixa de sinusorragia, dispareunia e corrimento amarelado sem odor e sem prurido. A paciente nega outras queixas. Ao realizar exame físico, os resultados foram os seguintes: PA = 120 x 75 mmHg, pulso = 70 bpm, temperatura axilar = 36,5 °C. Seu abdome está plano, flácido e indolor à palpação. Em exame especular, percebe-se corrimento amarelado, sem bolhas e sem grumos presentes na vagina e no orifício cervical externo, colo uterino sangrante ao toque e doloroso à mobilização. Seu pH vaginal está próximo de 4,0 e o teste de Whiff deu negativo. Qual é o provável agente etiológico do quadro clínico apresentado por essa adolescente? A) Candida albicans. B) Gardnerella vaginalis. C) Trichomonas vaginalis. D) Chlamydia trachomatis. CCQ: Saber que a cervicite por clamídia pode se apresentar com leucorreia amarelada + dor a mobilização do toque Mentorandos, questão que aborda os diagnósticos diferenciais das infecções sexualmente transmissíveis. A paciente acima apresenta sinusiorragia + dispareunia + leucorreia amarelada com colo friável e doloroso, caracterizando uma cervicite. A cervicite é assintomática em 70-80% dos casos, sendo causada principalmente pela clamídia e gonorreia. Sua principal complicação é a doença inflamatória pélvica (DIP), ocasionada pela ascensão destas bactérias. Quando presente, o quadro clínico é caracterizado princiapalmente pela leucorreia amarelada, dispareunia, dor à mobilização do colo, febre, entre outros. Assim, pela descrição acima pensamos em infecção por clamídia, devendo investigar e tratar para evitar a evolução para DIP. Vamos analisar as alternativas: Alternativa A – Incorreta: candidíase causa corrimento branco grumoso, indolor, sem odor, com pH < 4. Não causa cervicite. Alternativa B – Incorreta: na vaginose bacteriana, teríamos Whiff teste positivo + pH > 4,5 + corrimento fétido fluido, branco/amarelo acinzentado. Caracteriza-se também pela presença de clue cells na lâmina a fresco. Alternativa C – Incorreta: na tricomoníase, teríamos Whiff teste positivo + pH > 4,5 + corrimento amarelo esverdeado, bolhoso, com odor fétido. Também pode apresentar colpite tigroide, colo em framboesa e presença de protozoários flagelados na microscopia. Alternativa D – Correta: correta, como explicado acima. Portanto, a alternativa D é o gabarito! _________________________________ 55. Um Agente Comunitário de Saúde solicita que o médico da equipe avalie uma senhora de 78 anos de idade que vem apresentando confusão mental nos últimos meses. Ao realizar a avaliação, o médico nota que a paciente está em regular estado geral, confusa e descorada. O exame físico mostrou reflexo de Babinski presente bilateralmente e incoordenação motora. Considerando o caso clínico apresentado, assinale a alternativa que contempla corretamente o exame laboratorial que deve ser solicitado, o resultado e o diagnóstico. A) Hemograma; VCM = 120 fl; anemia perniciosa. B) Hemograma; VCM = 80 fl; anemia por deficiência de ácido fólico. C) FAN; positivo com padrão nuclear pontilhado fino denso; encefalopatia renal. D) FAN; positivo com padrão nuclear pontilhado grosso; encefalopatia lúpica. CCQ: Saber que anemia perniciosa causa deficiência de B12, que pode cursar com confusão, incoordenação motora e reflexo de Babinski presente Caro aluno Aristo, a deficiência de B12 é um tema Pareto nas nossas provas e devemos conhecer as suas principais causas e consequências! A anemia perniciosa é uma doença caracterizada pelo desenvolvimento de autoanticorpos que atacam as células parietais do estômago, reduzindo a produção de ácido e de fator intrínseco, cursando com hipocloridria e anemia megaloblástica por má-absorção de B12. A anemia perniciosa é a doença que mais comumente causa deficiência de B12! As manifestações neurológicas por deficiência de B12 são comuns e podem ocorrer com o hemograma normal, mas geralmente existe anemia megaloblástica associada (VCM > 100). Os achados neuropsiquiátricos incluem: • Parestesia em extremidades (alteração mais precoce); • Diminuição da sensibilidade profunda (proprioceptiva e vibratória); • Desequilíbrio, marcha atáxica, sinal de Romberg; • Fraqueza e espasticidade nos membros inferiores, com sinal de Babinski, hiperreflexia profunda, refletindo uma síndrome piramidal nos membros inferiores; • Deficits cognitivos, demência e psicoses. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Correta: Exato, nossa paciente apresenta sintomas neurológicos e está descorada, sugerindo o diagnóstico de anemia megaloblástica (VCM > 100) por deficiência de B12. Alternativa B - Incorreta: A anemia por deficiência de ácido fólico não causa sintomas neurológicos e cursa com VCM > 100. Alternativa C - Incorreta: A encefalopatia renal ou urêmica é uma causa de sintomas neurológicos advindos da insuficiência renal e do acúmulo de toxinas urêmicas, porém, não seria a nossa principal hipótese diagnóstica para essa paciente. Alternativa D - Incorreta: A encefalopatia lúpica também não seria nossa principal hipótese diagnóstica, pois a paciente não apresenta história de lúpus. Portanto, o gabarito é a alternativa A. _________________________________ 56. Um pré-escolar com4 anos de idade foi diagnosticado com COVID-19 há 30 dias, sem complicações na época. Há 5 dias, tem tido febre diária, 38 a 40 °C, persistente. No segundo dia de febre, apresentou língua em framboesa, linfadenite cervical unilateral (3 cm), tendo recebido, na ocasião, dose única de penicilina benzatina. Hoje, quinto dia, é atendido no pronto-socorro com persistência da febre. Ao exame físico, encontra-se clinicamente hidratado, com hiperemia conjuntival bilateral não purulenta, exantema escarlatiniforme, edema em mãos e pés. Em face desse quadro clínico, o exame complementar e o tratamento indicados são, respectivamente, A) sorologia para Epstein-Baar; corticoterapia via oral. B) ecocardiograma; aplicação de gamaglobulina via endovenosa. C) IgG e IgM para sarampo; reposição de vitamina A via endovenosa. D) reação em cadeia da polimerase para espiroquetas; doxiciclina via oral. CCQ: Saber que a doença de Kawasaki-like está associada à COVID-19 Olá Aluno Aristo, tudo bem? Essa questão cobra uma complicação da infecção por COVID-19 que foi descrita em crianças e que ganhou bastante importância, então valea pena revisarmos com calma. Foi descrita, principalmente na pediatria, a chamada Síndrome inflamatória multissistêmica associada à COVID-19, que é uma possível apresentação da doença, em que as crianças apresentaram uma síndrome inflamatória multissistêmica, com sintomas e alterações laboratoriais parecidas com as que vemos na síndrome de Kawasaki. A doença de Kawasaki é uma vasculite cujo diagnóstico é determinado pela presença de 5 dos 6 critérios abaixo, sendo a febre obrigatória: 1. Febre há pelo menos 5 dias 2. Conjuntivite sem exsudato 3. Alterações em lábios e cavidade oral 4. Linfadenopatia cervical 5. Exantema polimórfico: pode ser rendilhado, maculopapular, escarlatiniforme ou eritema multiforme 6. Alterações das extremidades: em geral, eritema em região palmoplantar e edema de pés e mãos, seguidos por descamação periungueal na fase de convalescença. A complicação mais temida são os aneurismas de coronárias. O tratamento visa justamente diminuir a chance desses aneurismas e deve ser instituído o mais precoce possível, com imunoglobulina (2g/Kg e infusão contínua por 10 a 12 horas) e AAS na fase aguda e manutenção do AAS por seis a oito semanas na fase de convalescença. Depois dessa revisãozinha, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: A sorologia para o EBV é realizada na suspeita de mononucleose, quadro com amigdalite + mal-estar + febre + adenopatia + exantema principalmente após o uso de amoxicilina. Alternativa B - Correta: Como vimos acima, aneurisma de coronárias é uma complicação da doença de Kawasaki e o ECO deve ser realizado assim que há o diagnóstico. O tratamento envolve uso de imunoglobulinas e AAS. Alternativa C - Incorreta: Não há sinais que nos fariam pensar em sarampo, como febre, tosse intensa, manchas de Koplik e exantema morbiliforme de distribuição craniocaudal. Alternativa D - Incorreta: Considerando bactérias espiroquetas com tratamento envolvendo a doxiciclina, pensaríamos na Leishmaniose visceral, que se apresentaria como uma febre hemorrágica, com hepatoesplenomegalia, pancitopenia, entre outros. Portanto, nosso gabarito é a alternativa B. _________________________________ 57. Um paciente com 25 anos de idade foi vítima de ferimento penetrante por arma de fogo em hemitórax esquerdo. O exame físico mostrou sinais vitais normais. No exame do hemitórax esquerdo, foi evidenciado orifício de entrada na linha axilar anterior a 1,5 cm acima da linha mamilar e orifício de saída em região posterior logo acima do ângulo da escápula do mesmo lado. A ausculta pulmonar evidenciou abolição do murmúrio vesicular e maciez à percussão. A radiografia de tórax, realizada com o paciente em pé, é exibida a seguir. O diagnóstico e a conduta inicial indicada para esse paciente são A) hemopneumotórax e drenagem em selo d'água no quinto espaço intercostal. B) hemotórax e drenagem em selo d'água no quinto espaço intercostal. C) hemopneumotórax e toracocentese no quinto espaço intercostal. D) hérnia diafragmática e laparotomia exploradora. CCQ: Reconhecer um hemopneumotórax a partir de uma radiografia de tórax O Hemotórax, em um contexto de trauma, é resultado de uma laceração pulmonar, lesão de vasos intercostais ou da artéria torácica interna. Semiologicamente, o hemotórax pode ser suspeitado quando o paciente apresenta redução ou abolição do murmúrio vesicular e macicez à percussão. Mesmo o diagnóstico sendo clínico, a radiografia de tórax é um exame de rotina no trauma torácico de pacientes estáveis e auxilia na avaliação de diversas lesões importantes que podem estar associadas ao hemotórax, como o pneumotórax, fraturas de costelas, lesões diafragmáticas e pneumoperitônio. Lembrando que o hemotórax maciço pode ser definido como o acúmulo 1500 ml de sangue na cavidade pleural ou ainda 1/3 da volemia do paciente, sendo que esse volume é evidenciado com a inserção do dreno de tórax, medida terapêutica a ser tomada diante do quadro. No caso da presente questão, pela semiologia descrita, estamos diante de um quadro de hemotórax, porém com um RX que evidencia uma área hipodensa, com ausência de trama vascular logo acima, relativa a um pneumotórax propiciado pelo orifício de entrada da bala. Assim, temos: Alternativa A - Correta: O diagnóstico após a radiografia de tórax é de um hemopneumotórax e a conduta correta realmente é a drenagem em selo d'água no quinto espaço intercostal. Alternativa B - Incorreta: A questão apresenta um pneumotórax associado ao hemotórax. Alternativa C - Incorreta: Só a toracocentese é insuficiente nesse caso. Hemotórax no contexto do trauma, ainda mais com outra lesão associada como o pneumotórax, requer drenagem em selo d'água. Alternativa D - Incorreta: A semiologia descrita na questão corresponde à encontrada em um paciente com hemotórax e não hérnia diafragmática. Portanto, a alternativa correta é a letra A. _________________________________ 58. Em reunião dos membros da Unidade de Saúde da Família (USF), a médica da equipe coloca em pauta o atendimento feito a um pescador não cadastrado naquela USF para retirada de anzol em polegar direito, questionando se o pescador deveria ter sido encaminhado para atendimento na USF onde é cadastrado ou para Unidade de Pronto Atendimento. Nessa situação, considerando as diretrizes para a organização da Atenção Primária à Saúde (APS) no SUS, a conduta adequada da equipe deve ser A) solicitação de transferência para Unidade de Pronto Atendimento pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU, pois a remoção de anzol não é um procedimento previsto para a APS. B) encaminhamento do pescador para a USF de origem, observando-se as diretrizes de territorialização e adscrição de usuários. C) atendimento do usuário fora de sua área de cobertura após pactuação e negociação entre gestão e equipe de saúde. D) acolhimento do usuário pela equipe, pois é de sua competência classificar riscos e definir condutas. CCQ: Saber que a USF deve atender indivíduos em situação de urgência por demanda espontânea durante todo seu horário de funcionamento, sendo ele cadastrado ou não Gente, temos aqui uma questão interessante de aplicação prática do princípio de acesso da Atenção Básica. De acordo com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), instituída pela Portaria 2.436 de 21 de setembro de 2017, o acesso aos serviços de saúde deve ser universal e contínuo pois a atenção primária é a porta de entrada preferencial do SUS. Ele pode ser analisado por meio de3 pontos importantes: • Disponibilidade: obter a atenção necessária tanto nas situações de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html urgência/emergência quanto nas de eletividade; • Comodidade: tempo de espera de atendimento, forma de agendamento, horários disponíveis; • Aceitabilidade: satisfação do usuário. Sabendo disso, vamos analisar as alternativas juntos e aprender um pouco mais sobre esse tema: Alternativa A - Incorreta: Nada disso! A remoção de anzol não é um procedimento que necessita de alta densidade tecnológica, e quando relembramos que a resolutividade da Atenção Primária (APS) deve ser de 85% de acordo com o Ministério da Saúde, fica claro que poderia ter sido feito na Unidade de Saúde da Família (USF). Alternativa B - Incorreta: Sabemos que a APS tem como atributo essencial ser porta de entrada preferencial do SUS e, portanto, deve permitir acesso de todos os indivíduos ao serviço de saúde a livre demanda. No caso de urgências/emergências, como no enunciado, qualquer profissional que possa acolher o indivíduo deve se responsabilizar por ele, independente dele ser cadastrado ou não. A territorialização não deve ser uma barreira de acesso. Alternativa C - Correta: Exatamente isso, mentorando! O acolhimento consiste em atender todas as pessoas que chegarem à UBS, e deve acontecer durante todo o horário de funcionamento, de modo universal e sem diferenciações excludentes, de acordo com a demanda espontânea da população. Por isso, o acolhimento pode promover mudança na organização das equipes e no modo de cuidar, e muitas vezes, não é a equipe responsável que faz o atendimento daquele indivíduo na urgência/emergência. Alternativa D - Incorreta: De fato, a equipe de referência é responsável por atender integralmente o doente, cuidando de todos os aspectos de sua saúde e elaborando projetos terapêuticos, quando necessário. Ela também contribui para tentar resolver a falta de definição de responsabilidades, de vínculo terapêutico e de integralidade na atenção à saúde, fornecendo um tratamento digno, respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo. Contudo, em casos de urgência/emergência, como vimos na alternativa C, qualquer profissional disponível no horário deve realizar o atendimento. Portanto, o gabarito é alternativa C! _________________________________ 59. Um recém-nascido a termo de parto cesáreo, que foi indicado por sofrimento fetal, encontra-se, logo após o nascimento, hipotônico e cianótico, banhado em líquido meconial viscoso. Não houve retardo de crescimento intrauterino e a mãe não apresentou intercorrências durante a gestação. Na mesa de reanimação, foram realizadas as manobras iniciais de secagem, oferta de calor e aspiração de boca e narinas com sonda. Decorridos 15 segundos, o recém- nascido encontra-se hipotônico, com respiração irregular e frequência cardíaca de 75 bpm. A conduta que deve ser realizada até completar o primeiro minuto da reanimação é A) aspirar traqueia sob visualização direta para remover o mecônio. B) intubar por via endotraqueal e ventilar com pressão positiva. C) intubar por via endotraqueal e aspirar vias aéreas inferiores. D) ventilar com pressão positiva através de máscara facial. CCQ: Saber que a ventilação com pressão positiva é o procedimento mais importante da reanimação neonatal A reanimação neonatal é um dos assuntos mais frequentes na pediatria! O que precisamos de saber é basicamente: 1. Como avaliar o RN: o primeiro passo consiste em fazer aquelas 3 perguntinhas clássicas: • o RN chorou? • o RN é termo? • o RN tem tônus? 2. Cuidados iniciais: se o RN responder NÃO para qualquer uma dessas perguntas, devemos: • prover calor: colocar o RN em berço aquecido; • secar e trocar campos úmidos; • posicionar sua cabeça em leve extensão; • aspirar vias aéreas (boca e nariz), se necessário; Todos esses procedimentos devem demorar < 30 seg. 3. Avaliar a FC: o principal parâmetro para indicação da reanimação neonatal é justamente a FC: • FC < 100 = iniciar a ventilação com pressão positiva (VPP) com máscara facial dentro do primeiro minuto (“golden minute”). Entendendo isso, podemos analisar melhor o caso clínico: RN respondeu NÃO para a pergunta do tônus. Por isso, foi levado ao berço aquecido e recebeu os primeiros cuidados. Após isso, foi verificada a presença de respiração irregular e FC de 75 bpm (FC < 100). Portanto, o próximo passo é exatamente iniciar a VPP. Alternativa A - Incorreta. A aspiração de traqueia sob visualização direta para remoção de mecônio pode ser realizada em RN com líquido meconial APENAS quando houver falha do primeiro ciclo de VPP. Alternativa B - Incorreta. Como vimos, a intubação é indicada em casos de falha de pelo menos 3 ciclos de VPP adequada ou de suspeita de hérnia diafragmática. Portanto, inicialmente fazemos apenas a VPP com máscara facial. Alternativa C - Incorreta. Como vimos, a intubação é indicada em casos de falha de pelo menos 3 ciclos de VPP adequada ou de suspeita de hérnia diafragmática. A aspiração de vias aéreas inferiores não é um procedimento realizado! Alternativa D - Correta. A VPP com máscara facial é o procedimento mais importante da reanimação neonatal e é exatamente indicada em RN com FC < 100 bpm. Portanto, o gabarito é a alternativa D _________________________________ 60. Uma mulher com 64 anos de idade é encaminhada para investigação diagnóstica de quadro de tosse seca e dispneia ao realizar esforços. A paciente é portadora, há 3 décadas, de hipertensão arterial sistêmica, sendo tabagista e etilista social. Seu exame físico revela IMC = 33 kg/m², eupneica em repouso, mas com acrocianose (+/4+) e murmúrio vesicular reduzido difusamente, sendo auscultados sibilos esparsos em todo tórax. O ritmo cardíaco é regular, em 2 tempos, com 2.ª bulha hiperfonética em foco pulmonar. Há turgência de veia jugular quando a cabeceira da maca é elevada a 45 graus, além de edema de membros inferiores (2+/4+). A paciente traz à consulta uma espirometria realizada recentemente que evidencia um volume expiratório forçado no 1.º segundo (VEF1) reduzido (68 % do previsto com base em sua idade e altura), sendo a relação entre esse parâmetro e a capacidade vital forçada (VEF1/CVF) inferior a 70 %; não há elevação de 20% ou aumento superior a 200 mL em nenhum desses dois parâmetros espirométricos após a administração de broncodilatador. Com base no caso clínico e no resultado da espirometria, qual é o diagnóstico da paciente? A) Asma persistente moderada. B) Doença pulmonar obstrutiva crônica. C) Pneumopatia restritiva pela obesidade. D) Derrame pleural por insuficiência cardíaca. CCQ: Saber que VEF1/CVF < 0,7 pós- prova broncodilatadora é critério diagnóstico de DPOC Fala, pessoal! Questão abordando DPOC, que é uma doença importantíssima, com alta incidência e mortalidade. Lembre-se que o grande fator de risco é o tabagismo, sendo a deficiência de alfa-1-antitripsina uma causa importante (e muito lembrada pelas bancas) de DPOC não relacionada ao tabaco. Outros fatores de risco são o sexo feminino, exposição à poluição e asma. Suspeitamos do diagnóstico quando temos pacientes com os fatores de risco acima que desenvolvem uma síndrome clínica caracterizada por tosse + dispneia crônica. Mas o que comprova esse padrão obstrutivo é justamente uma espirometria com índice de Tiffeneau (VEF1/CVF) reduzido após prova broncodilatadora: VEF1/CVF < 0,7 após prova broncodilatadora exatamente como o paciente da questão. Lembre-se também do estadiamento:Sobre as alternativas: Alternativa A - Incorreta: O diagnóstico de asma é quando VEF1/ CVF < 75%-80% em adultos, porém apresenta prova broncodilatadora positiva: Aumento do VEF1 > 12% e > 200 ml em relação ao basal. Isso não acontece na nossa paciente. Alternativa B - Correta: Paciente com sintomas, fatores de risco e padrão obstrutivo na espirometria, exatamente como vimos que é o diagnóstico do DPOC. Alternativa C - Incorreta: O quadro clínico não é compatível, mas lembre-se também que o padrão da espirometria em doença pulmonar restritiva apresenta redução da CVF e redução da VEF1 e do Índice de Tiffeneau normal. Alternativa D - Incorreta: O que pode ter confundido nessa alternativa é que ela apresenta sintomas de ICC também, como turgência jugular e edema em membros inferiores. Mas lembre-se que pode ser causada pela DPOC (cor pulmonale), em que há aumento da pressão pulmonar, causando uma insuficiência cardíaca direita. Portanto, o gabarito é a alternativa B. _________________________________ 61. Um médico de uma equipe de Saúde da Família atende muitas pessoas tabagistas e opta por implantar um grupo operativo de enfrentamento ao tabagismo como intervenção coletiva de educação em saúde. Segundo o Consenso sobre Abordagem e Tratamento do Fumante do Instituto Nacional do Câncer, está correto o médico A) prever inicialmente seis sessões semanais e recomendar, ao grupo, uma redução progressiva do número de cigarros fumados por dia. B) planejar palestras nas sessões com imagens demonstrando as consequências maléficas do tabagismo para a saúde. C) realizar o teste de Fagerstrom durante a primeira sessão do grupo para avaliação da gravidade da dependência nicotínica. D) indicar farmacoterapia sem contraindicações clínicas para fumantes que já tentaram parar de fumar somente com terapia cognitivo- comportamental. CCQ: Saber que a farmacoterapia deve ser indicada para fumantes que já tentaram parar de fumar antes mas sem êxito pelos sintomas de abstinência Galera, questão que foge do pareto! Vamos aproveitar para aprender com ela! De acordo com o Consenso sobre Abordagem e Tratamento do Fumante do Instituto Nacional do Câncer, o paciente deve ser avaliado quanto à sua dependência de nicotina e seu grau de motivação para deixar de fumar. Uma das formas de avaliar o grau de dependência da nicotina é pelo teste de Fargerström! Lembre-se que outra indicação para farmacoterapia são os fumantes com escore do teste de Fagerström igual ou maior do que 5, ou avaliação individual, a critério do profissional. Portanto, antes de indicar a farmacoterapia, seria importante realizar o teste! Alternativa A – Incorreta: não há essa determinação de 6 reuniões semanais. A indicação vai variar com a necessidade e disponibilidade do serviço de saúde. Alternativa B – Incorreta: não está indicada palestra com sequência de imagens maléficas. A abordagem deve ser cognitivo-comportamental. Alternativa C – Incorreta: essa alternativa é polêmica! O teste de Fagerström pode ser usado para avaliação da dependência de nicotina e deve ser aplicado inicialmente. Provavelmente a banca considerou a alternativa incorreta pois ele não necessariamente será aplicado no primeiro encontro, e preferencialmente, deve ser aplicado de forma individual. Primeiro, seria importante informar o fumante sobre os riscos de fumar e benefícios de parar de fumar, motivá-lo a deixar de fumar e apoiá-lo no processo de cessação ao tabagismo, fornecendo orientações para que possa lidar com síndrome de abstinência, com a dependência psicológica e os condicionamentos associados ao hábito de fumar. Alternativa D – Correta: um dos critérios para indicar a farmacoterapia é: "fumantes que já tentaram parar de fumar anteriormente apenas com a abordagem cognitivo- comportamental, mas não obtiveram êxito devido a sintomas da síndrome de abstinência". Portanto, o gabarito é a alternativa D _________________________________ 62. Uma mulher com 25 anos de idade vai ao ambulatório de ginecologia com queixa de dor pélvica há 24 horas. Possui ciclos regulares de 28 dias (3 a 4 dias) e a sua última menstruação ocorreu há 3 semanas. No exame clínico, observou-se PA = 110 x 70 mmHg e pulso = 84 bpm. Notou-se dor à palpação profunda em fossa ilíaca esquerda e em região hipogástrica, Blumberg negativo. Sem outras anormalidades durante o exame físico. Foi realizada ultrassonografia transvaginal que revelou estrutura cística no ovário esquerdo, medindo 7,0 x 6,5 cm, sem fluxo ao estudo Doppler, conforme indica imagem a seguir. Considerando o caso clínico apresentado e a hipótese diagnóstica mais provável, qual deve ser a conduta médica? A) Solicitar ressonância magnética da pelve. B) Encaminhar para laparoscopia exploradora. C) Orientar a repetição da ultrassonografia após a menstruação. D) Solicitar marcadores tumorais, como o antígeno carcino-embrionário e o CA- 125. CCQ: Cistos funcionais apresentam características benignas ao USG e a conduta é conservadora, se estabilidade clínica Olá, aluno Aristo! Questão sobre cistos ovarianos, muito comuns nas provas e na prática clínica. Vamos lá! O importante para essa questão é entender que cistos funcionais podem se formar nos ovários ao longo do ciclo menstrual, podendo gerar ou não sintomatologia associada. É comum que um folículo não ovule e mantenha o conteúdo, cresça e dê origem a um cisto como o da imagem acima. O que nos ajuda aqui é que a paciente não está descompensada, não tem sinais de alerta, não traz sintomas mais preocupantes que nos levem a pensar em algo maligno e nem tem um histórico de ciclos irregulares. Junto com isso, temos um exame de imagem tranquilizador, com aspecto cístico, sem fluxo ao doppler, menor de 8 cm e aspecto regular. Para relembrar, veja a tabela abaixo das principais características a serem avaliadas em cisto ovariano ao USG: Então, vamos às alternativas! Alternativa A- Incorreta: O USG já nos tranquiliza e não indica complementação com outro exame de imagem. Alternativa B - Incorreta: A paciente está hemodinamicamente estável e sem sinais de peritonite, com achado em USG de cisto que em geral apresenta resolução espontânea. Não há indicação cirúrgica. Alternativa C - Correta: Essa é a boa! Como dito acima, esse cisto tem relação com o ciclo menstrual da paciente, então podemos ter uma abordagem mais expectante e repetir a avaliação pelo USG transvaginal logo após a menstruação. Alternativa D- Incorreta: O uso de marcadores tumorais não traria benefícios para a definição diagnóstica, uma vez que são principalmente utilizados na suspeita e acompanhamento neoplásico. Sendo assim, nossa resposta correta é alternativa C ________________________________ 63. Um homem com 36 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde queixando-se de lesão cutânea localizada no membro superior direito. Ele informa que, cerca de 10 dias após realizar atividades de jardinagem em seu sítio, utilizando a enxertia de algumas de suas laranjeiras, observou o aparecimento de uma pápula dolorosa no 1.º quirodáctilo direito. Nos dias subsequentes, essa lesão evoluiu com ulceração local, surgindo, posteriormente, lesões similares no mesmo antebraço. Durante o exame, são observadas pápulas ulceradas na região assinalada, havendo aspecto sugestivo de disseminação linfangítica do processo. O médico suspeita de uma determinada dermatose de etiologia infecciosa. Com base na apresentação clínica e considerando a história epidemiológica relatada, o agente etiológico e o meio de cultura em agar adequado para sua detecção são, respectivamente, A) Nocardia asteroídes e chocolate.B) Sporothrix schenckii e Sabouraud. C) Staphylococcus aureus e Sabouraud. D) Mycobacterium kansasii e chocolate. CCQ: Saber que o causador da esporotricose é o Sporothrix Schenckii e o meio de cultura para sua detecção é o Sabouraud Fala pessoal! Questão boa do revalida, com um tema não tão frequente, mas que quando cai geralmente é isso ai que a banca nos perguntou, então é bom que você aprenda este CCQ. A esporotricose é uma micose causada pelo fungo Sporothrix Schenckii, classicamente o paciente é infectado por meio de acidentes com espinhos ou lascas de madeira, opa olha o nosso paciente da questão com antecedente de "realizar atividades de jardinagem em seu sítio", a banca nunca colocará informações avulsas no enunciado, se um dado como este esta presente, fique atento! O sintoma inicial da esporotricose é uma lesão muito parecida a uma picada de inseto (pápula dolorosa) na região da infecção, podendo evoluir para: lesões ulceradas com pus, feridas que não cicatrizam, tosse, falta de ar, dispneia, febre (afetação pulmonar seria um quadro mais grave). Um detalhe bem interessante é que a doença tem disseminação linfangítica, dando o aspecto de "Rosário" para o aparecimento das lesões. Como vimos, nosso paciente da questão apresenta todos os aspectos descritos aqui para fazermos o diagnóstico de esporotricose, mas isso não bastava para respondermos. Tínhamos que saber qual é o fungo responsável, que como já citado é o Sporothrix Schenckii, como não tínhamos outras opções com esse mesmo fungo, não precisávamos saber o meio de cultivo, mas é um CCQ a mais para que você tenha em mente. Este fungo é cultivado no meio de Sabouraud. Vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Causa a nocardiose, a qual tem relação com o trabalho com a terra, mas não causa as lesões características descritas no enunciado. Alternativa B - Correta: Exatamente, nossa principal hipótese e com o meio de cultura correto. Alternativa C - Incorreta: A infecção de pele por S. Aureus, não apresenta as características descritas pela banca. Alternativa D - Incorreta: Essa alternativa a banca colocou uma bactéria totalmente fora de pareto, saiba que ela produz um pigmento amarelo quando exposta à luz e provoca principalmente infecções pulmonares, mas nada parecido com o quadro descrito pela banca. Portanto, o gabarito é a alternativa B _________________________________ 64. Um homem com 60 anos de idade comparece à Unidade Básica de Saúde para atendimento, relatando que, ao realizar caminhadas, sente dor no membro inferior direito que o obriga a parar a cada 4 ou 5 quarteirões. Apresenta como fatores de risco à saúde ser tabagista, com consumo de 20 maços-ano, obesidade, hipercolesterolemia, hipertensão arterial e diabete melito, que afirma tratar de forma irregular. Traz um eco- Doppler arterial que evidencia estenose moderada (entre 20 e 49%) do segmento aortoilíaco direito. Nesse caso, a conduta médica adequada é A) encaminhar ao pronto-socorro para avaliação urgente com especialista. B) orientar e tratar os fatores de risco e encaminhar para avaliação eletiva com especialista. C) orientar e tratar os fatores de risco, prescrever aspirina para prevenir doença tromboembólica arterial. D) solicitar angiografia por tomografia ou ressonância magnética para descartar tromboangeíte obliterante de Buerger. CCQ: Reconhecer quadro clínico de DAOP e seu manejo Aluno Aristo, a doença arterial obstrutiva periférica é definida como o processo patológico de degeneração ou oclusão parcial/das artérias (exceto àquelas que irrigam coração e cérebro), mais comumente afeta as artérias que irritam membros inferiores, provenientes de ramos da artéria poplítea. Os principais fatores de risco são: tabagismo, hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia, ou seja, o paciente da questão apresenta todos eles. O quadro clínico é de claudicação intermitente, caracterizada por uma dor que surge durante o exercício e que melhora com repouso, ocasionada pela diminuição do fluxo sanguíneo para os músculos irrigados pela artéria acometida. A dor referida pelo paciente apresentado pela banca é exatamente essa! O paciente traz então um eco-doppler que mostra estenose moderada do segmento aorto - ilíaco, e, aqui, podemos lembrar da tríade de Leriche: claudicação dos membros inferiores ou das nádegas, pulsos femorais ausentes ou muito diminuídos, disfunção erétil. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Pessoal, a questão não nos dá informações sobre o exame físico do paciente. Para pensarmos em uma emergência, precisaríamos estar frente a uma situação de isquemia crítica (dor em repouso associada a risco importante de perda de membro sem intervenção), gangrena seca/infecção necrosante, ou uma obstrução arterial aguda (lembrem dos 6Ps - palidez, pulso ausente, paralisia, parestesia, perfusão prejudicada e pain - dor). Alternativa B - Correta: O tratamento da DAOP normalmente é clínico, com controle dos fatores de risco e vasodilatadores (cilostazol é a escolha). Nosso paciente apresenta uma clínica de claudicação moderada, e um exame que mostra uma estenose também moderada. O ideal é encaminharmos para o especialista para avaliação. Alternativa C - Incorreta: Pessoal, aspirina como prevenção primária é um tema polêmico, A prescrição de aspirina aqui seria pensando em uma redução do risco cardiovascular e de eventos cardiovasculares, considerando que esse paciente é um paciente de muito alto risco. Caso fosse indicada a prescrição de aspirina para esse paciente, seria para redução de mortalidade por eventos como IAM ou AVC. De qualquer forma, sabemos que a alternativa B está MAIS correta, então podemos excluir essa alternativa. Alternativa D - Incorreta: Guardem esse CCQ - doença de Buerger nas provas é igual a paciente tabagista + sinais de isquemia distal (ausência de pulsos distais com necrose de extremidades - acometimento de digitais). Portanto, o gabarito é a alternativa B _________________________________ 65. Um homem com 28 anos de idade, residente na área rural coberta pela Unidade Básica de Saúde, procura atendimento queixando-se de tosse seca, manchas vermelhas e coceira na pele, cefaleia, dispneia e astenia há 3 dias. Trabalha há 3 meses na carcinicultura (criação de camarões), sem carteira assinada, com a tarefa de calagem. Informa que, nessa atividade, faz a limpeza do viveiro drenado espalhando cerca de 1 000 quilos de cal/hectare sobre o solo. Já trabalhou como agricultor e auxiliar de pedreiro. Além de assistência imediata ao paciente, quais são as atividades que a equipe de Saúde da Família (eSF) deve exercer? A) Encaminhar o caso ao setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador para que seja notificado no Sistema Nacional de Notificação de Agravos e acionar o município para desencadear as ações pertinentes de promoção, de proteção e de educação em saúde. B) Construir o perfil epidemiológico dos trabalhadores da área adscrita e informar ao setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador do município para que intervenha com ações de promoção e de prevenção em saúde do trabalhador no território adscrito à eSF. C) Mapear as atividades produtivas desenvolvidas no território para conhecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e da população residente e para identificar situações de vulnerabilidade socioambiental decorrentes dessas atividades, com vistas ao planejamento e execução das ações de saúde no território. D) Realizar a vigilância dos locais de trabalho dos usuários sob sua responsabilidade, permitindo o planejamento, a programação descentralizada e o desenvolvimento de ações,com impacto na situação, nos condicionantes e determinantes da saúde das pessoas e coletividades presentes naquele espaço adstrito. CCQ: Saber que a ESF deve conhecer os riscos ocupacionais aos quais sua população está exposta para que possa planejar e executar, junto com a Vigilância em Saúde do Trabalhador, ações de saúde no território Essa questão pergunta sobre quais atividades a ESF deve exercer para um trabalhador que apresenta uma doença possivelmente relacionada ao ambiente de trabalho. Vamos revisar esse tema, mentorando! Primeiro, precisamos entender que as ações da ESF para o cuidado da saúde dos trabalhadores nos serviços de saúde devem considerar a inserção destes nos processos produtivos, considerando que o trabalho é determinante importante do processo saúde- doença. Assim, é essencial que as equipes conheçam o trabalho ou a ocupação do usuário-trabalhador e incorporem esse conhecimento às ações de promoção, proteção e vigilância, assistência e reabilitação, na rede de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS). Antes de ir para os itens, vamos revisar como funciona a notificação de doenças relacionadas ao trabalho! Ministério da Saúde Agora, vamos analisar as alternativas e discutir um pouco mais sobre esse tema! Alternativa A - Incorreta: O item afirma que a equipe deve encaminhar o caso ao setor de Vigilância em Saúde do Trabalhador para notificar no sistema. Contudo, a notificação deve ser feita na Estratégia de Saúde da Família, seguindo a imagem que inserimos no texto introdutório. Alternativa B - Incorreta: Além da vigilância em Saúde do Trabalhador dever realizar ações de promoção e prevenção em saúde do trabalhador, também é importante que a equipe realize essa tarefa na área adscrita. Logo, deve haver uma ação conjunta entre eles. Alternativa C - Correta: Essa é a nossa resposta! É muito importante que a equipe conheça a sua população e saiba quais são as atividades produtivas desenvolvidas no território, além de identificar a quais riscos e situações de vulnerabilidade a população está exposta. Com isso, é possível planejar ações para intervir antes que ocorra o problema. Ademais, é fundamental contar com a parceria da Vigilância em Saúde do Trabalhador. Alternativa D - Incorreta: Sem dúvidas, planejar e desenvolver ações que tenham o objetivo de prevenir doenças para o trabalhador é uma função da equipe de saúde da família. Contudo, fazer a vigilância dos locais de trabalho é uma função da Vigilância em Saúde do Trabalhador. ________________________________ 66. Um lactente com 1 mês de vida, nascido a termo de parto normal sem intercorrências, em aleitamento materno exclusivo, retornou à Unidade Básica de Saúde para consulta de puericultura. A mãe começou a apresentar febre (temperatura axilar = 38ºC) há 2 dias e encontra-se em bom estado geral. Apresenta dor, calor, edema e rubor em quadrante superior esquerdo da mama direita, sendo indicado tratamento domiciliar com cefalexina e ibuprofeno. Nesse caso, o aleitamento materno deverá A) ser mantido em ambas as mamas como parte da terapêutica materna. B) ser mantido, oferecendo somente a mama esquerda e preservando a mama afetada. C) ser suspenso pelo risco de contaminação do lactente pelas bactérias presentes no leite. D) ser suspenso devido ao uso materno de medicamentos incompatíveis com a amamentação. CCQ: Conhecer a conduta frente a uma lactante com mastite As provas frequentemente abordam a mastite e o ingurgitamento puerperais, e esses temas podem aparecer tanto na prova de G.O. quanto de pediatria, por englobarem também o aleitamento materno. Em relação à mastite, ela ocorre devido à estase láctea por esvaziamento insuficiente, que pode conduzir a um quadro inflamatório agudo e possibilitar a proliferação bacteriana (normalmente por Staphylococcus aureus). Em relação ao quadro clínico, caracteriza-se por dor mamária, geralmente unilateral, associada a febre e sinais flogísticos localizados. É importante saber diferenciar do ingurgitamento mamário, que inclusive pode precipitar um episódio de mastite, e se caracteriza por mamas distendidas (com pele brilhante), com aumento de volume, mamilos achatados, sinais flogísticos em toda a extensão da mama e eventualmente pode apresentar episódios de febre baixa. Tanto na mastite quanto no ingurgitamento, a principal medida terapêutica é realizar o esvaziamento mamário frequente e, em ambos os casos, o aleitamento materno não está contraindicado. A única precaução é que sejam prescritos medicamentos (analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos, quando necessário) compatíveis com a amamentação. Alternativa A - Correta: Conforme discutido acima. Alternativa B - Incorreta: Ambas as mamas devem ser oferecidas, tanto para evitar o ingurgitamento da mama não acometida, quanto para realizar a terapêutica na mama com mastite. Alternativa C - Incorreta: O aleitamento materno deve ser incentivado. Alternativa D - Incorreta: A cefalexina e o ibuprofeno não são contraindicados na amamentação. _________________________________ 67. Uma mulher com 42 anos de idade, com ciclos menstruais regulares, comparece ao ambulatório de ginecologia por apresentar um laudo de exame de ultrassonografia transvaginal evidenciando cisto ovariano de paredes finas, com contornos regulares, conteúdo anecóico, medindo 4 cm em seu maior diâmetro. A paciente nega sintomas. Diante desse quadro, a principal hipótese diagnóstica e o exame complementar que auxiliaria no esclarecimento dessa hipótese são, respectivamente, A) cisto hemorrágico, com dosagem de antígeno carcino-embrionário. B) cisto folicular, sem necessidade de exame adicional. C) teratoma, com dosagem de alfa-feto proteína. D) endometrioma, com dosagem de CA-125. CCQ: Reconhecer as características do cisto folicular E ai pessoal, tudo bem?? Nós sabemos que as questões envolvendo tumores ovarianos são motivo de desespero para a maioria dos alunos. De fato, este é um assunto difícil e confuso, mas se você souber os principais CCQs, irá garantir todas as questões na sua prova. O primeiro passo para acertar a questão é reconhecer se o cisto apresenta características benignas ou malignas à USG-TV. Vamos revisar? Dessa forma, percebemos que a paciente da questão possui um cisto benigno, dado que mede 4cm, possui contornos regulares, paredes finas e conteúdo anecoico. Agora, vamos analisar as alternativas para ver qual a melhor hipótese diagnóstica. Alternativa A - Incorreta - Os cistos hemorrágicos são cistos benignos que ocorrem devido ao sangramento do folículo após a menstruação. A descrição ecográfica associada será: conteúdo com aspecto heterogêneo linear. Já descartamos essa alternativa, visto que o conteúdo do cisto em questão é anecoico. Além disso, no cisto hemorrágico, a conduta é expectante, não havendo necessidade de realizar a dosagem de CEA. Alternativa B - Correta - Pessoal, essa é a afirmação correta. A questão descreve um cisto benigno simples, com características de cisto folicular, e a conduta é expectante, já que estes cistos se resolvem espontaneamente em dias ou meses. Alguns autores preconizam repetir a USG-TV entre 4-8 semanas, mas há divergências na literatura sobre esta conduta. Alternativa C - Incorreta - O teratoma possui na descrição ultrassonográfica ecos brilhantes (decore!) e sombras acústicas. Alternativa D - Incorreta - Os achados característicos do endometrioma ao ultrassom são: aspecto homogêneo associado a pontilhado em vidro fosco e cápsula espessa. Portanto, o gabarito é a letra B _________________________________ 68. Uma criança com 8 anos de idade éatendida na emergência com exantema. Segundo sua mãe, o quadro clínico iniciou-se há 2 dias com febre alta, calafrios, vômitos, cefaleia, prostração e odinofagia. Há 1 dia, surgiu exantema em pescoço, axilas e virilhas, generalizando-se a seguir. Ela nega antecedentes patológicos relevantes. Em exame físico, a criança apresenta estado geral regular, corada, hidratada; com amígdalas hiperemiadas, hipertrofiadas e recobertas por exsudato purulento. Ao redor da boca, observa-se palidez e, nas demais áreas da pele, exantema papular, eritematoso e áspero. Há linhas hiperpigmentadas em áreas de flexão da pele. Para esse caso, o exame laboratorial que confirma o diagnóstico é A) dosagem de anticorpos heterófilos. B) dosagem de imunoglobulinas. C) dosagem de antígenos NS1. D) cultura de orofaringe. CCQ: Saber que o diagnóstico da escarlatina pode ser feito com cultura de orofaringe Pessoal, questão dentro do Pareto sobre doenças exantemáticas! Nela, temos a descrição de um quadro de escarlatina, com presença de uma fase prodrômica, com cefaleia, prostração e odinofagia, seguida de uma fase exantemática, com início na região do pescoço e progressão caudal. O paciente em questão apresentava, ainda, sinais típicos da doença, como pele em lixa, sinal de Filatov (linhas hiperpigmentadas em áreas de flexão de pele) e de Pastia (palidez perioral). Portanto, sabendo que a probabilidade do diagnóstico ser escarlatina é alta, como podemos confirmar essa suspeita? Com a pesquisa do Streptococcus pyogenes em esfregaço colhido por SWAB da nasofaringe! Agora ficou tudo bem claro, não é mesmo? Vamos dar uma olhada nas demais alternativas: Alternativa A – Incorreta: A dosagem de anticorpos heterófilos pode ser feita em caso de suspeita de mononucleose, cujo quadro clínico clássico se caracteriza por fadiga, faringite, linfadenopatia generalizada e edema palpebral (Sinal de Hoagland). Embora mononucleose seja um dos diagnósticos diferenciais da escarlatina, o paciente em questão não apresenta nem uma linfadenopatia importante nem o sinal de Hoagland, que são importantes para se diferenciar uma patologia da outra na prática clínica. Alternativa B – Incorreta: A dosagem de imunoglobulinas poderia ser feita caso se pensasse em um processo alérgico, porém, como vimos, o paciente apresentava muitos sinais de uma doença infecciosa, com fase prodrômica e exantemática bem marcadas. Alternativa C – Incorreta: A dosagem de antígenos NS1 poderia ser feita em caso de suspeita de dengue. De fato, alguns sintomas, como a cefaleia, e sinais como a prostração e o exantema, poderiam fazer com que pensássemos em dengue. No entanto, o aspecto de lixa da pele, bem como sinais típicos da escarlatina, como de Filatov e de Pastia, enfraquecem a hipótese. Alternativa D – Correta: Como vimos, a cultura de orofaringe com pesquisa para S. pyogenes pode ser utilizada para confirmar o diagnóstico de escarlatina! No entanto, aqui cabe lembrar que o diagnóstico é basicamente clínico! Portanto, o gabarito é a letra D. ________________________________ 69. Uma mulher com 28 anos de idade, primigesta, com 14 semanas de gestação, comparece à segunda consulta de pré-natal com resultado de exame de sorologia para toxoplasmose com IgG e IgM positivos. A paciente está assintomática. Nesse caso, a conduta médica adequada ao realizar o atendimento a essa gestante é A) prescrever imediatamente espiramicina e solicitar teste de avidez de IgG. B) prescrever imediatamente espiramicina e solicitar nova sorologia em 1 mês. C) tranquilizar a paciente, dizendo que se trata de infecção antiga e não solicitar mais sorologias. D) tranquilizar a paciente, dizendo que pode se tratar de falso positivo e solicitar nova sorologia em 2 semanas. CCQ: IgG e IgM positivos em gestante de primeiro trimestre → solicitar teste de Avidez de IgG Importantíssimo que você domine esse tema, as questões que abordam o teste de avidez de toxoplasmose são muito frequentes nas provas de residência. Vamos aproveitar essa questão para revisar um pouco sobre o tema. Embora a paciente esteja de 14 semanas, ela já está com o resultado dos exames que habitualmente são realizados no primeiro trimestre. Visto isso, vamos revisar a conduta quando as sorologias (IgM e IgG) são positivas em uma gestante no primeiro trimestre. De acordo com o Ministério da Saúde, a positividade do IgM no primeiro trimestre indica que a infecção pode ter ocorrido logo antes da concepção ou durante o início da gestação. Frente a essa possibilidade de infecção durante a gestação, a conduta é solicitar o teste de avidez de IgG. Um teste com avidez forte, indica infecção adquirida antes de 12 -16 semanas, ou seja, não há necessidade de mais investigação. Já um teste de avidez fraca sugere infecção mais recente, durante a gestação, com a necessidade de prescrever espiramicina na esperança de tentar evitar a passagem transplacentária, além de realizar a investigação do feto. Em resumo: IgG - e IgM - : Gestante suscetível a infecção (nunca teve a doença); IgG - e IgM + : Iniciar espiramicina para diminuir as chances de transmissão materno-fetal, e repetir o exame em 3 semanas: Se IgG - e IgM +, provável resultado falso negativo; Se IgG+ e IgM+, infecção aguda, encaminhar para centro de referência. IgG + e IgM - : Contágio prévio à gravidez, já apresenta imunidade; IgG + e IgM + : Infecção pode ser aguda ou crônica. Nesses casos, até 16 semanas de idade gestacional, solicitaremos o teste de avidez. Avidez alta (> 60%) indica contágio prévio à gestação, mantendo pré-natal de rotina; na avidez baixa, repetiremos o exame em 2 semanas: se avidez duplicar, provável infecção prévia à gestação; se avidez não duplicar, iniciar espiramicina e encaminhar para centro de referência. Agora, vamos as alternativas: Alternativa A - Correta: conforme discutido acima. Alternativa B - Incorreta: o teste de avidez que deve ser solicitado, não a repetição da sorologia. Na avidez baixa, repetiremos o exame em 2 semanas: se avidez duplicar, provável infecção prévia à gestação. Alternativa C - Incorreta: caso os exames tenham sido coletados no primeiro trimestre e o resultado do teste de avidez seja avidez forte, a conduta será a descrita nessa alternativa. Alternativa D - Incorreta: não tem necessidade de repetir a sorologia e sim realizar o teste de avidez, para estimar o tempo que ocorrer a infecção. Gabarito: A _________________________________ 70. Uma paciente com 25 anos de idade foi submetida à ressecção eletiva de segmento de cólon sigmoide de cerca de 10 cm devido à estenose intestinal ocasionada por endometriose pélvica. No pré-operatório, foi realizado apenas preparo de cólon distal com clister glicerinado. Durante a cirurgia, com duração de 4 horas, não houve extravasamento de fezes no momento da abertura colônica e foi realizada anastomose primária com fio inabsorvível monofilamentar. Para esse caso, a antibioticoprofilaxia adequada deve ser feita A) no momento da incisão com dose única. B) no momento da incisão, com repetição da dose a cada 2 a 4 horas e manter por 24 horas após a cirurgia. C) até uma hora antes da incisão cirúrgica com repetição da dose a cada 2 a 4 horas e manter por 48 horas após a cirurgia. D) até uma hora antes da incisão cirúrgica com repetição da dose a cada 2 ou 4 horas apenas durante o ato operatório. CCQ: Antibioticoprofilaxia em cirurgias deve ser iniciada 1h antes da incisão cirúrgica, podendo-se repetir a dose do antibiótico se tempo operatório for superior a 3h Fala Pessoal! Questãozinha do INEP- Revalida de 2020 trazendo um tema frequente, então bora lá! Diz respeitoa uma paciente com 25 anos que foi submetida à ressecção eletiva de segmento de cólon sigmoide de cerca de 10 cm devido à estenose intestinal ocasionada por endometriose pélvica. No pré-operatório, foi realizado apenas o preparo de cólon distal com clister glicerinado. Durante a cirurgia, com duração de 4 horas, não houve extravasamento de fezes no momento da abertura colônica e foi realizada anastomose primária com fio inabsorvível monofilamentar. Como deve ser realizada a antibioticoprofilaxia? Bora avaliar cada alternativa! Alternativa A - Incorreta: a antibioticoprofilaxia deve ser realizada uma hora antes da incisão cirúrgica e não no momento da incisão. Além disso, há preferência pela dose única, porém isso é variado. Alternativa B - Incorreta: alternativa parcialmente correta, porém, não há necessidade de mantermos a antibioticoprofilaxia por 24 h após o fim do procedimento. Alternativa C - Incorreta: não se deve manter os antibióticos profiláticos por 48 h após a cirurgia. Alternativa D - Correta: a antibioticoprofilaxia deve ser realizada 1h antes da incisão cirúrgica e, nos casos de procedimentos mais extensos, geralmente com duração superior a 3h, podemos fazer o repique da dose de antibiótico profilático. O período pode variar conforme a duração do procedimento cirúrgico, porém já podemos considerar o repique para procedimentos que duram mais que 2- 4h. Algo a mais: o antibiótico profilático comumente utilizado no mundo inteiro é a cefazolina, 1g! Portanto, a alternativa correta é a letra D! _________________________________ 71. Uma mulher com 20 anos de idade procura atendimento hospitalar devido a quadro clínico iniciado há 2 meses com artrite, rash malar, alopécia, além de anemia por doença crônica, leucopenia e proteinúria. A pesquisa do fator antínuclear revela-se positiva para Anti-Sm (título 1:640 e padrão nuclear pontilhado grosso). As pesquisas de Anti-Jo-1, Anti-La e Anti-Ro apresentam-se negativas. Em face desse quadro clínico, qual é a principal hipótese diagnóstica? A) Polimiosite. B) Síndrome Sjogren. C) Artrite reumatoide. D) Lúpus eritematoso sistêmico. CCQ: Saber que artrite e rash malar em pacientes femininas sugere lúpus eritematoso sistêmico Pessoa, toda vez que virem na questão rash malar desconfiem de Lúpus Eritematoso sistêmico, afinal, o eritematoso não está no nome à toa. O nome "sistêmico" também dá uma ideia de outra característica: ele acomete diversos órgãos. Guardem: O protótipo de paciente com lúpus é mulher jovem (entre 15- 45 anos), negra, apresentando fotossensibilidade, artrite de pequenas articulações e proteinúria, assim como nossa paciente. O anticorpo anti- Smith positivo é o anticorpo mais específico para a doença. Nossa paciente apresenta, além de história muito sugestiva, ao todo, 6 critérios para lúpus: 1. Artrite 2. Acometimento cutâneo agudo (rash malar) 3. Alopécia 4. Leucopenia 5. Nefrite (proteinúria) 6. Anti Smith positivo Embora seja necessário 10 pontos para fechar o diagnóstico, o quadro é muito sugestivo. Alternativa A - Incorreta - Embora possa apresentar eritema facial, a polimiosite não está associada à artrite e nefrite, e apresenta Anti-Jo 1 positivo. Alternativa B - Incorreta - Em Sjögren também podemos encontrar artrites e citopenias, no entanto, o eritema costuma ser anular (incomum) e os anticorpos mais comumente associados são o Anti-Ro e o Anti-La (ainda que possam ser negativos). Alternativa C - Incorreta - A artrite reumatoide também pode cursar com artrite (dã), lesão renal, anemia e leucopenia. Contudo, o acometimento cutâneo se manifesta principalmente na forma de nódulos subcutâneos e a doença está relacionada à positividade de Fator Reumatoide e Anti-CCP. Alternativa D - Correta - Como dito, mulher entre 15 e 45 anos com rash malar e artrite, muito provavelmente é lúpus. Portanto, o gabarito é a alternativa D ________________________________ 72. Um paciente com 30 anos de idade, vítima de traumatismo há 5 dias, necessitou de laparotomia por trauma fechado de abdome para rafia de lesão hepática, esplenectomia e rafia de alça de delgado. Ele encontra-se em estado grave na unidade de terapia intensiva, com necessidade de aminas vasoativas (3 mL/h de noradrenalina) e em ventilação mecânica. Há 24 horas foi passado cateter de Swan-Ganz através de veia subclávia direita para melhor monitorização dos parâmetros hemodinâmicos. Hoje apresenta hipotensão grave (PA = 70 x 20 mmHg), refratária à reposição volêmica e necessitando de aumento de noradrenalina para 18 mL/h. Os parâmetros do Swan-Ganz são os seguintes: índice cardíaco = 2,5 L/min.m² (valor de referência: 2,8 a 4,0 L/min.m²), resistência vascular periférica = 2 000 dina.seg/cm-5 (valor de referência: 770 a 1 500 dina.seg/cm- 5), pressão capilar pulmonar = 1 cmH₂O (valor de referência: 2 a 12 cmH₂O), pressão venosa central (PVC) = 15 cmH₂O (valor de referência: 0 a 9 cmH₂O). A natureza provável do choque desse paciente é A) hipovolêmico. B) cardiogênico. C) obstrutivo. D) séptico. CCQ: Hipotensão grave + índice cardíaco baixo + pressão capilar pulmonar baixa sugerem TEP proximal = choque obstrutivo Pessoal, o choque acontece quando o sistema circulatório é incapaz de fornecer oxigênio necessário para a adequada perfusão tissular, o que leva a disfunção celular e falência orgânica. O perfil hemodinâmico dos diferentes tipos de choque é um dos CCQs mais importantes para sua prova, vamos revê-los: • Choque hipovolêmico: baixo DC, alta RCP, baixa POAP, baixa PVC; • Choque distributivo: alto DC, baixa RVP, POAP baixa ou normal, PVC baixa ou normal; • Choque obstrutivo: alto DC, baixa RVP, POAP baixa ou normal, alta PVC; • Choque cardiogênico: baixo DC, alta RVP, alta POAP, alta PVC. Legenda: DC = débito cardíaco | RVP = resistência vascular periférica | POAP = pressão capilar pulmonar | PVC =pressão venosa central. O choque obstrutivo (ou choque cardiogênico compressivo) é uma síndrome clínica que pode ter diferentes etiologias (pneumotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco, embolia pulmonar), e a depender desta podemos encontrar tanto valores de pressão capilar pulmonar altos quanto normais ou baixos - apesar de os valores aumentados serem a situação clínica mais comum. Mas por que isso acontece? A compressão extrínseca leva a uma enorme pós-carga, desencadeando todo aquele processo de congestão e, com isso, levando à hipertensão pulmonar e ao aumento da pressão capilar pulmonar. Só que neste caso é diferente! Neste caso temos um paciente grave em UTI após um grande procedimento cirúrgico pós-trauma, o que nos alerta para a possibilidade de uma embolia pulmonar! Na embolia pulmonar podemos ter diferentes situações: quando há uma embolia maciça em vasos terminais vai ocorrer sim uma hipertensão pulmonar com aumento da pressão capilar pulmonar, mas se a embolia for em um vaso muito proximal (ex.: no tronco da pulmonar) o sangue nem sequer vai passar dali. Com isso, não vai ser desencadeado o mecanismo de hipertensão pulmonar - e podemos chegar a esta quase "exceção" do caso citado! Repare que "do nada" o paciente apresenta uma hipotensão gravíssima, com índice cardíaco também baixo mas uma pressão capilar pulmonar baixa. Opa! Deve ser um TEP beem proximal! Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: No choque hipovolêmico a pressão venosa central é baixa! Alternativa B - Incorreta: Quase hein! Mas no choque cardiogênico esperamos uma pressão capilar pulmonar alta devido à congestão retrógrada e à hipertensão pulmonar. Alternativa C - Correta: Exatamente! Não é a situação clínica mais comum,mas o choque obstrutivo por TEP pode cursar com pressão capilar pulmonar baixa! Alternativa D - Incorreta: No choque séptico a resistência vascular periférica é baixa. Portanto, o gabarito é a alternativa correta, letra C ________________________________ 73. Uma mãe leva seu filho de 5 anos de idade para atendimento, na Unidade Básica de Saúde, relatando febre persistente há 24 horas, diminuição do apetite, náuseas e vômitos. A criança amanheceu febril, com cefaleia e sede. A mãe relata que a criança frequentou uma festa de aniversário há cerca de 5 dias. Ela tem vacinação em dia. No exame físico, os resultados de sua avaliação foram os seguintes: pouco reativa; FC = 130 bpm; FR = 30 irpm; temperatura axilar = 38,8 °C; Sat. O₂ = 96 %; mucosas desidratadas 3+/4+; petéquias puntiformes em membros inferiores, tórax e abdome. Ele possui dor à flexão da coluna cervical. Nesse caso, qual é a conduta médica adequada? A) Suspeitar de infecção bacteriana e iniciar antibioticoterapia, dado o quadro de infecção de foco e de etiologia desconhecidos. Liberar a criança para casa com hidratação oral, antitérmico, antiemético, antibiótico, com retorno em 72 horas para reavaliação clínica. B) Solicitar hemograma para diferenciar etiologia viral ou bacteriana. Descartar meningite por Haemophilus do grupo B, pois a vacinação está atualizada. Liberar a criança para casa com hidratação oral, sintomáticos e retorno em 24 horas com resultado de exame. C) Acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU com encaminhamento à emergência, instituir hidratação venosa e isolamento, pois trata-se de um caso suspeito de COVID-19 com provável infecção bacteriana secundária. Notificar o caso e isolar contactantes. D) Acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU com encaminhamento à emergência, com hidratação venosa, isolamento, antibioticoterapia e sintomáticos por tratar-se de caso suspeito de meningite meningocócica. Notificar o caso e instituir tratamento profilático aos comunicantes. CCQ: Saber que febre + queda do estado geral + cefaleia + rigidez de nuca + petéquias = meningite meningocócica A meningococcemia é uma variedade da doença meningocócica caracterizada pela presença de lesões de pele, petéquias e/ou púrpuras, principalmente nas extremidades e nas regiões da pele submetidas a pressões. Ela pode ou não estar associada a meningite meningocócica, que se manifesta com cefaleia, febre, rigidez de nuca, mialgia, náuseas, vômitos, irritabilidade e convulsões. A meningococcemia fulminante é quando a doença evolui de forma extremamente rápida com sinais de choque e coagulação intravascular disseminada. Os sinais de gravidade são: hipotensão, ausência de meningite, leucopenia ou plaquetopenia, dor nas pernas, extremidades frias, coloração anormal da pele, pneumonia, conjuntivite. O diagnóstico é confirmado pela coleta de líquor e pela hemocultura. Outros exames, como hemograma, sódio, coagulograma e gasometria, são mais utilizados para avaliação de possíveis complicações associadas. O tratamento deve ser iniciado de forma empírica com ceftriaxone ou penicilina cristalina por pelo menos 7 dias. Se houver sinais de choque, devemos realizar ressuscitação volêmica, uso precoce de inotrópico e ventilação mecânica a fim de diminuir a mortalidade. Todos os contactantes familiares íntimos, as crianças da festa e os profissionais de saúde que não fizeram o uso adequado de EPI devem fazer a profilaxia com rifampicina, 600mg, VO, 12/12h, por 2 dias ou 10mg/kg, 2 vezes ao dia, por 2 dias (crianças). Entendendo isso, podemos analisar melhor o caso clínico: Menino, 5 anos, com história de ter frequentado uma festa (aglomeração!) e iniciado quadro de febre, cefaleia, náuseas e vômitos, o que já nos leva a pensar na possibilidade de meningite. Além disso, no exame físico, observa-se petéquias puntiformes e dor à flexão da coluna cervical (irritação meníngea), o que indica meningite associada a meningococcemia. A evolução rápida do quadro (24h) associada a rebaixamento do nível de consciência, taquicardia e taquipneia sugerem evolução para um quadro de choque. Então, vamos as alternativas: Alternativa A - Incorreta: realmente estamos suspeitando de infecção bacteriana e devemos iniciar antibioticoterapia, mas já temos uma suspeita etiológica: doença meningocócica, que é causada pela bactéria Neisseria meningitidis. Além disso, a presença de sinais sugestivos de choque e a seriedade da doença são indicativos de internação! Alternativa B - Incorreta: realmente, podemos descartar infecção pelo HIB devido ao estado vacinal, mas não precisamos de hemograma para definir a etiologia e o tratamento deve ser em regime de internação! Alternativa C - Incorreta: devemos sim encaminhar essa criança para a emergência e a isolar, mas não se trata de um caso de COVID. Apesar de no cenário atual ele praticamente sempre ser um diagnóstico diferencial, a questão traz um quadro clássico, bem sugestivo de meningococcemia. Alternativa D - Correta: exato, estamos suspeitando fortemente de meningite meningocócica e, pela gravidade do quadro, devemos internar o paciente e o isolar. Além disso, é essencial notificar o caso, entrar em contato com os contactantes e iniciar a profilaxia. Portanto, o gabarito é a alternativa D. _________________________________ 74. Um lactente com 2 meses de idade é atendido na emergência, acompanhado pela mãe, que relata vômitos pós-grandiais desde os 15 dias de vida, com piora progressiva em frequência e intensidade. Ela conta que, após tais episódios eméticos, o lactente chora e parece ter fome. Informa, ainda, que seu filho nasceu a termo, com peso de 3 000 g e 49 cm de comprimento e que os testes de triagem neonatal foram normais. Ela nega a ocorrência de doenças gestacionais e perinatais. Ao exame físico, o lactente apresenta-se emagrecido (peso = 3 200 g), ativo, acianótico, antictérico, desidratado (1+/4+) e corado, com abdome distendido, especialmente na região epigástrica, notando-se ausência de hepatoesplenomegalia e presença de ondas de Kussmaul observadas após a alimentação. Os exames laboratoriais iniciais revelam pH = 7,5 (valor de referência: 7,35 a 7,45); HCO₃ = 27 mEq/L (valor de referência: 23 a 28 mEq/L); Na = 135 mmol/L (valor de referência: 136 a 145 mmol/L); Cl = 95 mmol/L (valor de referência : 98 a 106 mmol/L) e K = 4,5 mmol/L (valor de referência: 3,5 a 5,5 mmol/L). Nesse caso, a conduta médica adequada é A) solicitar endoscopia digestiva alta e elevação da cabeceira do berço. B) solicitar ultrassonografia de abdome e piloromiotomia à Fredet-Ramstedt. C) investigar doenças metabólicas e administrar dieta hipoproteica e hipercalórica. D) prescrever expansão com soro fisiológico 0,9% e infusão de hidrocortisona 50 mg/m² subcutânea/dia. CCQ: Saber que o principal exame de imagem para diagnóstico de estenose hipertrófica do piloro é USG de abdome e o tratamento é feito com a piloromiotomia à Ramstedt Fala, pessoal! Esse tema é frequente nas provas, não podemos dar bobeira! Vamos revisar o tema em cima da questão? A questão nos traz uma criança de 2 meses com vômitos pós-prandiais desde as primeiras duas semanas de vida, com o lactente mantendo sinais de fome. Ao exame físico, é observado emagrecimento, distensão epigástrica e ondas de Kussmaul após a alimentação. Nos exames laboratoriais, a criança se encontra com alcalose hipoclorêmica. Com esses dados, podemos ver que essa história condiz bastante com a estenose hipertrófica do piloro, não? A estenose hipertrófica do piloro tem como causa a hipertrofia das camadas musculares do piloro, o que levaa uma obstrução do fluxo gástrico nessa topografia. Isso resulta em atraso no esvaziamento gástrico, dilatação e hiperperistalse (ondas de Kussmaul). Crianças do sexo masculino são mais acometidas, com quadro iniciando geralmente após a 3ª semana de vida. Os vômitos são em jato, após as mamadas, não biliosos e a criança se mantém com fome após esses episódios. No exame físico, podemos encontrar uma oliva palpável em epigastro (ou relato de distensão nessa região, como a questão citou) e ondas hiperperistálticas no abdome (ondas de Kussmaul). No exame laboratorial, podemos ter alcalose metabólica hipoclorêmica, devido à perda de ácido clorídrico nos vômitos. Além disso, é possível encontrar hipocalemia, numa tentativa de compensar a alcalose metabólica ao trocar esse íon pelo hidrogênio. Para confirmação do diagnóstico, utilizamos a ultrassonografia (USG) do abdome, o principal exame de imagem diagnóstico. Diâmetro do piloro > 14 mm, comprimento > 19 mm e espessura > 4 mm confirmam o quadro. E qual seria o tratamento, portanto? Inicialmente corrigimos o distúrbio hidroeletrolítico e, após, realizamos a cirurgia, sendo a piloromiotomia o tratamento definitivo (técnica de Ramstedt). Ufa! A revisão foi longa, mas valeu a pena! Vamos às alternativas, então! Qual a conduta do caso? Alternativa A - Incorreta: EDA não é o melhor método, e a elevação da cabeceira não resolve o quadro. Alternativa B - Correta: A conduta é solicitar USG de abdome e o tratamento é com piloromiotomia à Fredet-Ramstedt. Alternativa C - Incorreta: O quadro da criança sugere estenose hipertrófica do piloro, não sendo necessário investigar doenças metabólicas e, tampouco, administrar dieta hipoproteica e hipercalórica. Alternativa D - Incorreta: Devemos inicialmente corrigir o distúrbio hidroeletrolítico e realizar a cirurgia. Não há indicação de uso de hidrocortisona. Alternativa correta: letra B! _________________________________ 75. Um homem com 34 anos de idade, em acompanhamento e tratamento ambulatorial há 5 anos por retocolite ulcerativa, é internado em hospital terciário para investigação diagnóstica de quadro de prurido generalizado. Seu exame físico é normal, salvo pela presença de escoriações difusas e de cicatriz cutânea antiga no membro inferior direito por pioderma gangrenoso. Exames laboratoriais recentes revelam níveis séricos extremamente elevados (cerca de 10 vezes acima do limite superior normal [LSN]) da fosfase alcalina e níveis cerca de 2 vezes o LSN das aminotransferases, sendo normais os níveis séricos de bilirrubinas. As concentrações sanguíneas de IgG, em particular da fração IgG4, são normais e as pesquisas de anticorpos anti- mitocôndria, anti-LKM1 e anti-músculo liso se revelam negativas. É solicitada uma colangiopancreatografia por ressonância magnética, que revela a presença de múltiplas estenoses fibróticas nas vias biliares intra- hepáticas, sendo tais estenoses entremeadas por dilatações saculares de áreas aparentemente normais, conferindo um aspecto em ""contas de rosário"". Qual é o diagnóstico do quadro colestático desse paciente? A) Peri-hepatite aguda. B) Cirrose biliar primária. C) Colangite esclerosante. D) Hepatite crônica autoimune. CCQ: Vias biliares intra-hepáticas em contas de rosário + elevação de enzimas canaliculares + história de retocolite ulcerativa = COLANGITE ESCLEROSANTE E aí pessoal! Aqui temos uma questão muito interessante e que traz aspectos importantíssimos para levamos para a prova. Temos um paciente com história de retocolite ulcerativa que se apresenta à internação com quadro de prurido generalizado. O paciente apresenta elevação importante de enzimas canaliculares e elevação mais discreta de transaminases. Além disso, em exame de colangiopancreatografia por ressonância magnética ficou evidenciado a presença de múltiplas estenoses fibróticas entremeadas por dilatações saculares, dando um aspecto de contas de rosário. Pessoal, com esta história clinica temos que nos lembra na hora de colangite esclerosante. Esta patologia possui etiologia autoimune e é caracterizada por inflamação e fibrose de ductos biliares tanto intra como extra-hepáticos. O padrão laboratorial da doença é justamente de elevação das enzimas fosfatase alcalina e GGT, como foi o caso clínico do paciente. É uma doença que, embora rara, possui relação com outras doenças autoimunes do fígado e com Doenças inflamatórias intestinais O diagnóstico da colangite esclerosante é suspeitado justamente com o quadro clínico-laboratorial típico e confirmado por meio da realização de uma colangiopancreatografia por ressonância magnética, que possui sensibilidade e especificidade de 80 e 87% respectivamente. O achado descrito no caso, com a via biliar em contas de rosário é típico da doença. Achado típico da colangite esclerosante, com irregularidades murais associadas a estenoses e saculações da árvore biliar intra e/ou extra-hepática. Imagem retirada do programa de educação médica continuada da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Visto isso, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: O quadro clinico da hepatite aguda cursaria com dor abdominal importante juntamente com elevação significativa de transaminases, diferente do que foi apresentado. Alternativa B - Incorreta: Neste caso o paciente também se apresentaria com um quadro clínico diferente, de evolução prolongada. A colangite biliar primária, em quadros crônicos graves cursa com cirrose e insuficiência hepática. Alternativa C - Correta: O quadro clínico é justamente compatível com colangite esclerosante. A história clinica de doença inflamatória intestinal juntamente com o achado de contas em rosário ao exame de imagem é típico da doença. CCQ's importantes para levar para a prova, mentorando!! Alternativa D - Incorreta: Hepatite crônica autoimune também se apresentaria com quadro clinico diferente, cursando com dor abdominal e aumento importante de transaminases. Dessa forma, o gabarito é a letra C ________________________________ 76. Um médico presta atendimento domiciliar a um paciente de 69 anos de idade, já acompanhado há um ano, com hipertensão e diabete melito compensados, com hemiplegia direita por acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico há 10 anos, parcialmente independente para as atividades de vida diária e em uso de andador. A filha e cuidadora do idoso refere que o pai está apresentando noctúria há alguns meses e que isso a preocupa devido ao risco de queda. O paciente nega incômodo com a noctúria e não refere outros sintomas urinários. Nega emagrecimento e não tem história familiar de câncer de próstata. Ao exame físico, o idoso apresenta-se lúcido, orientado e com diminuição de força à direita. Ao ser questionado, ele se recusa a realizar exame de toque retal e Antígeno Prostático Específico (PSA) para investigar a possibilidade de câncer de próstata. Entretanto, sua filha insiste na realização de exames, afirmando ""receio de ser algo mais grave"". Considerando a situação descrita, qual é a conduta médica adequada? A) Explicar ao paciente a necessidade do rastreamento de câncer de próstata (PSA e ultrassonografia de vias urinárias, pelo risco da neoplasia, pois o diagnóstico precoce comprovadamente diminui a mortalidade por essa doença, e solicitar anuência da filha, responsável pelo paciente, para realização dos exames de rastreamento. B) Explicar ao paciente e à filha que a noctúria se deve ao AVE isquêmico prévio e ao envelhecimento; orientar ser desnecessário o rastreamento de câncer de próstata e recomendar que o paciente evite, à noite, a ingesta hídrica e o consumo de cafeína; avaliarsuspensão de diuréticos e prescrever medicação para aumento do tônus vesical. C) Explicar ao paciente que o câncer de próstata é o mais prevalente em homens, com alta mortalidade e que somente seu diagnóstico precoce evita complicações e óbitos; convencer o paciente a realizar o toque retal e encaminhá-lo ao urologista; se o toque retal e o PSA se mostrarem alterados, encaminhá-lo para realização de biópsia prostática. D) Explicar ao paciente e à filha que o rastreamento de câncer de próstata depende de uma decisão compartilhada entre o médico, paciente e família; oferecer explicações, em linguagem acessível, sobre os benefícios e riscos desse rastreamento; respeitar a decisão compartilhada com o paciente para prosseguimento ou não do rastreamento. CCQ: Saber que a decisão terapêutica deve ser compartilhada entre médico e paciente, respeitando a autonomia do mesmo após esclarecimentos de riscos e benefícios Mentorando, esse é o tipo de questão em que não podemos nos descuidar. No caso em questão, temos um senhor de 69 anos de idade com suspeita de câncer de próstata (noctúria) e com múltiplas comorbidades. E aqui temos um dilema ético, pois, enquanto o paciente, lúcido e orientado, manifesta o desejo de não realizar os exames de rastreamento do câncer de próstata, a filha do paciente insiste que os exames devem ser feitos. E agora, como o médico deve proceder? Antes de mais nada, precisamos reconhecer que a forma de exercer a medicina mudou ao longo dos anos. Antes, o médico apenas informava o que deveria ser feito. Hoje em dia, o médico informa sobre as possibilidades terapêuticas e estabelece um acordo a respeito de qual é a melhor solução para cada paciente. E é nesse contexto que entra o conceito de Tomada de Decisão Compartilhada (TDC), modalidade em que o paciente é estimulado a decidir sobre o próprio tratamento a partir do diálogo sobre as opções existentes, a relação risco-benefício de cada uma das opções e o diálogo decisional a partir das preferências dos pacientes. Um adendo: excetuando-se o câncer de pele não-melanoma, quais são os tipos de câncer de localização primária mais comuns (maior incidência) nos homens, em ordem decrescente, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) de 2020? • Próstata; • Cólon e Reto; • Pulmão; • Estômago; • Cavidade Oral; • Esôfago. E quais são os tipos de câncer de localização primária com maior índice de mortalidade nos homens, em ordem decrescente, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer) de 2019? • Pulmão; • Próstata; • Cólon e Reto; • Estômago; • Fígado e vias biliares intra- hepáticas; • Pâncreas. Vamos agora analisar as alternativas: Alternativa A - Incorreta: O paciente é lúcido e orientado. Logo, a decisão sobre o tratamento deve ser compartilhada com a família e com o médico. Alternativa B - Incorreta: A noctúria não necessariamente se deve ao histórico de AVC isquêmico. A hiperplasia prostática pode ser devido ao processo de envelhecimento, porém, precisamos verificar a possibilidade de investigação diagnóstica. Alternativa C - Incorreta: O câncer de próstata é o tipo de câncer com maior incidência entre os homens, e não prevalência. Cuidado, mentorando, as questões adoram pregar essas peças nos candidatos que não leem com atenção. Alternativa D - Correta: O paciente e a família devem estar cientes das possibilidades diagnósticas e das vantagens e desvantagens da realização do rastreamento do câncer de próstata, devendo a autonomia de decisão do paciente ser respeitada ao longo do processo de escolha da conduta mais adequada. Portanto, o gabarito é a alternativa D _________________________________ 77. Uma mulher com 52 anos de idade apresenta queixa de sangramento uterino anormal com aumento do fluxo e diminuição do intervalo entre os sangramentos há 3 meses. A paciente possui histórico de 2 partos e laqueadura tubária há 18 anos. Nega comorbidades. Seus exames clínicos e ginecológicos estão sem anormalidades. A ultrassonografia transvaginal visualizou espessamento focal endometrial com fluxo ao doppler. Nesse caso, a principal conduta médica a ser realizada é A) solicitar histeroscopia com biópsia. B) indicar histerectomia total. C) fazer ecografias periódicas. D) prescrever progesterona. CCQ: Saber qual a conduta diante de um espessamento de endométrio Uma paciente que possui espessamento do endométrio pode apresentar sangramento aumentado, sangramento entre os ciclos menstruais ou sangramento na menopausa. Uma vez detectado por ultrassonografia, é necessário aprofundar a investigação, já que esse espessamento pode representar uma hiperplasia atípica ou câncer de endométrio. Alternativa A - Correta. A histeroscopia combinada com a biópsia direta é o método mais adequado para aprofundar a investigação da doença de base do espessamento do endométrio, além de permitir biópsias dirigidas, com menor risco de erro de amostragem. Alternativa B - Incorreta. A histerectomia total pode ser indicada caso seja diagnosticado câncer de endométrio. Alternativa C - Incorreta. Nesse caso, o ideal é continuar a investigação com histeroscopia e biópsia e não apenas com ecografias periódicas. Alternativa D - Incorreta. Primeiro é importante aprofundar a investigação para posteriormente definir o tratamento mais adequado. Portanto, gabarito é a alternativa A _________________________________ 78. Um homem de 50 anos de idade realiza investigação ambulatorial devido ao aumento de transaminases: AST = 122 U/L (valor de referência: < 38 U/L) e ALT = 142 U/L (valor de referência: < 41 U/L) evidenciado em um exame de rotina. O paciente consome 5 latas de cerveja diariamente e nega o uso de drogas ilícitas. Não apresenta queixas clínicas. Os exames laboratoriais solicitados para a investigação demonstraram o que está apresentado no quadro a seguir. Com base nos aspectos clínicos e laboratoriais, o diagnóstico e a conduta neste momento devem ser, respectivamente, A) hepatite B crônica; indicar vacinação. B) hepatite B aguda; indicar interferon alfa peguilado. C) hepatite C curada; orientar interrupção do etilismo. D) hepatite B crônica; orientar interrupção do etilismo. CCQ: Saber o diagnóstico laboratorial de hepatite B crônica Fala, pessoal, questão muito frequente nas provas, então se você ainda não sabia como identificar os tipos de hepatite B, aproveite esta questão para aprender. O vírus da hepatite B possui várias sorologias disponíveis, que são: • Antígeno S (HbSAg) : Este antígeno com s de superfície, está presente na membrana do vírus! • Anticorpo anti-antígeno S (Anti HbS): Anticorpo gerado a partir do contato com o antígeno S, que pode ser a partir de uma infecção ou a partir da vacina. • Antígeno C (HbCAg): Antígeno do "coração" do vírus - este aqui não pode ser detectado! Somente os anticorpos estarão presentes! • Anticorpo anti-antígeno C (Anti HbC): Este sim pode ser dosado, e é importantíssimo, pois só se encontra elevado em pacientes que realmente tiveram contato com o vírus! Pode ainda ser dividido em IgM e IgG, o qual denota um contato com o vírus recente ou viral. Repetindo, este anticorpo não se eleva em pessoas vacinadas! • Antígeno E e anticorpo anti AgE: Estes 2 são menos cobrados, e demonstram replicação viral. Por que é tão importante sabermos disso? A partir destas sorologias, podemos dizer se é uma hepatite crônica ou aguda, ou até mesmo se temos uma imunidade por vacina. Os principais padrões são: • Anti-HbS positivo + Anti-HbC negativo + HbSAg negativo = Imunidade por vacinação • Anti-HbS positivo + Anti-HbC positivo (geralmente IgG) + HbSAgnegativo = Imunidade por contato com o vírus (o paciente teve a infecção e obteve cura espontânea) • Anti-HbS negativo + Anti-HbC positivo (geralmente IgM) + HbSAg positivo = Paciente apresenta a doença aguda pela hepatite B • Anti-HbS negativo + Anti-HbC positivo (geralmente IgG) + HbSAg positivo = Hepatite B crônica Temos algumas variantes a partir da presença de IgG, ou até mesmo da presença concomitante de Anti-HbS com o próprio antígeno HbS, mas não são tão cobradas em provas. Portanto, podemos já distinguir que nosso paciente apresenta Hepatite B crônica! Agora vem um detalhe, que devemos gravar com muita atenção: todo paciente com Hepatite (sem importar a etiologia) deve ser orientado à interrupção do etilismo. Portanto, o gabarito é alternativa D: hepatite B crônica; orientar interrupção do etilismo. _________________________________ 79. Uma paciente com 45 anos de idade apresenta queixa de astenia, mal-estar e tosse seca persistente. Ela procurou assistência médica em Unidade Básica de Saúde. Em seu exame físico, notou- se adenomegalia cervical bilateral, sem outros achados. Foi realizada a radiografia de tórax, conforme exibido na imagem. No atendimento ambulatorial, foi realizada a biópsia de um dos nódulos que revelou células gigantes, multinucleadas em aspecto de ""olhos de coruja"" e do subtipo esclerose nodular. De acordo com os achados radiográficos e histopatológicos, a conduta indicada é encaminhar a paciente para A) rede UNACON/CACON de assistência oncológica. B) hospital terciário para tratamento especializado em infectologia. C) hospital terciário para tratamento especializado em Cirurgia Torácica. D) hospital terciário para tratamento especializado em Cirurgia de Cabeça e Pescoço. CCQ: Saber que o paciente com linfoma de Hodgkin deve ser encaminhado para tratamento na rede UNACON/CACON Pessoal, questão importante sobre linfoma! A paciente se apresenta com alargamento mediastinal, identificado na radiografia de tórax, associado a adenomegalia cervical e células de Reed-Sternberg na biópsia (células gigantes, multinucleadas, em “olhos de coruja”). Esse quadro é sugestivo de Linfoma de Hodgkin, que deve ser tratado com quimio e radioterapia a depender do estadiamento. Para isso, devemos encaminhar a paciente para a rede UNACON/CACON de assistência oncológica. A Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer determina que o tratamento do câncer pelo SUS deve ser feito de forma integral nas Unidades de Assistência de Alta Complexidade (UNACON) e Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (CACON). Lembre-se que o linfoma de Hodgkin se apresenta com disseminação por contiguidade, o acometimento extranodal é raro e o mediastinal é comum. Costuma acometer pacientes mais jovens e tem melhor prognóstico. Vamos às alternativas? Alternativa A – Correta: Paciente com suspeita de linfoma de Hodgkin, portanto, deve ser encaminhada para assistência oncológica. Alternativa B – Incorreta: O quadro da paciente não parece ser infeccioso, por isso não faz sentido encaminhá-la para um centro de infectologia. Alternativa C – Incorreta: O tratamento do linfoma de Hodgkin não é cirúrgico, portanto não devemos encaminhar a paciente para a cirurgia. Alternativa D – Incorreta: Assim como o item anterior, não devemos encaminhá-la para uma unidade cirúrgica. Portanto, o gabarito é a alternativa A _________________________________ 80. Uma mulher de 45 anos de idade comparece à Unidade de Saúde da Família do seu bairro pedindo atendimento de urgência devido a fortes dores nos braços e costas. A paciente já realiza acompanhamento regular por quadro depressivo de difícil controle, iniciado há 4 meses. Foi referenciada a um Centro de Atenção Psicossocial, porém, ainda não conseguiu agendamento. Em seu exame físico, constatou-se a presença de hematomas e de escoriações em membros superiores e na região lombar. Ao final da consulta, confidencia sofrer agressões físicas frequentes pelo marido. Nesse caso, a conduta médica indicada será A) Acionar a polícia sobre violência intradomiciliar à mulher e planejar uma intervenção familiar. B) realizar encaminhamento à psiquiatria, pois na Atenção Primária à Saúde não é possível manejar esse caso. C) solicitar avaliação pela equipe do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF, que decidirá o melhor plano terapêutico. D) agendar consulta compartilhada com a equipe do NASF para decisão de abordagens interprofissionais. CCQ: Saber que o Núcleo Ampliado de Saúde da Família apresenta uma equipe multiprofissional que atua de forma integrada com a Equipe de Saúde da Família Tema de grande relevância para a prática clínica. Vamos entender qual o papel da equipe de estratégia de saúde da família (ESF) em relação à violência doméstica! Pode-se dizer que é de responsabilidade das ESF conhecer, discutir e identificar as pessoas vulneráveis à violência intrafamiliar na população adscrita, facilitando a definição de ações a serem desenvolvidas com a finalidade de intervir preventivamente ou confirmar um diagnóstico e viabilizar a adoção das medidas adequadas ao enfrentamento das diversas situações de violência intrafamiliar. Nesse sentido, a equipe da ESF deve estar capacitada para orientar e dar suporte às pessoas em situação de violência, ajudando-as a compreenderem, analisarem e tomarem as decisões pertinentes à problemática. Esse suporte deve agregar a rede de serviços especializados das áreas de saúde, social, de segurança e justiça e da comunidade, envolvendo as associações de moradores, os grupos de mulheres e religiosos, entre outros. Ademais, vamos relembrar quais são os tipos de violências que existem: - Violência física: ações que ofendam a integridade ou a saúde do corpo, como: bater ou espancar, empurrar, atirar objetos na direção de uma pessoa, sacudir, chutar, apertar, queimar, cortar ou ferir. - Violência psicológica: ações que causam danos emocionais e diminuição da autoestima, ou que visem degradar ou controlar seus comportamentos, crenças e decisões; mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir, ou qualquer outro meio que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. - Violência sexual: ações que forcem a pessoa a fazer, manter ou presenciar ato sexual sem que ela queira, por meio de força, ameaça ou constrangimento físico ou moral. - Violência patrimonial: ações que envolvam a retirada de dinheiro conquistado pela pessoa com seu próprio trabalho, assim como destruir qualquer patrimônio, bem pessoal ou instrumento profissional. - Violência moral: ações que desonram a pessoa diante da sociedade com mentiras ou ofensas. É, também, acusá-la publicamente de ter praticado crime. Após essa revisão, vamos ler as alternativas e achar nossa resposta! Alternativa A – Incorreta: O médico deve notificar a agressão e estimular a pessoa a buscar ajuda por meio da autoridade policial. Alternativa B – Incorreta: A questão afirma que a paciente já foi referenciada ao CAPS, contudo, não conseguiu a vaga. Apesar de o acompanhamento com o psiquiatra e psicólogo ser fundamental para o tratamento da paciente, visto que ela apresenta um quadro de depressão, essa não é a única forma que a equipe pode ajudá-la. É necessário que a equipe busque a rede apoio e serviços que possam contribuir com a saúde dessa mulher como um todo. Alternativa C – Incorreta: A equipe multiprofissional do NASF, sem dúvidas, ajudará para o planoterapêutico desta paciente, contudo, não é possível retirar a responsabilidade da equipe da UBS, pois essas duas equipes trabalham de forma integrada. Alternativa D – Correta: Como falamos no item acima, é fundamental que a equipe da UBS possa contar com a equipe do NASF, para que de forma conjunta, busquem solucionar os problemas relacionados à saúde dessa paciente. Portanto, ficamos com a letra D como gabarito _________________________________ 81. Um pré-escolar com 3 anos de idade, previamente hígido, é atendido no pronto-socorro. A mãe relata que seu filho apresentou manchas no corpo há 2 dias. Além disso, refere que a criança esteve resfriada no mês anterior e que melhorou após 5 dias. Durante o exame físico, estava afebril, alerta, com múltiplas petéquias em membros e tronco, pequenos hematomas em joelhos, ausência de visceromegalias ou linfonodomegalia. O exame de esfregaço de sangue periférico mostra plaquetas de 57 000/mm³ (valor de referência: 150 000 a 450 000/mm³), com macroplaquetas; células vermelhas e brancas com morfologia e quantidade normais. Nesse caso, o diagnóstico provável e a conduta adequada são, respectivamente, A) leucemia; aspiração e biópsia de medula óssea. B) púrpura trombocitopênica idiopática; seguimento clínico. C) púrpura trombocitopênica idiopática; corticoide em altas doses. D) leucemia; exames de citometria de fluxo e imuno-histoquímicos. CCQ: Reconhecer o diagnóstico e a conduta da púrpura trombocitopênica idiopática Mentorando, questões de hematologia costumam ser uma pedra no sapato de muitos candidatos, por isso não podemos deixar de revisar o assunto. Nessa questão temos um menino de três anos com histórico de resfriado há um mês, em bom estado geral, porém, com surgimento de múltiplas petéquias em membros e tronco, além de hematomas em joelhos e sem hepatoesplenomegalia ou linfonomegalia associadas. Ao se realizar o esfregaço periférico, observa- se plaquetopenia com macroplaquetas e não se observam alterações nas séries vermelhas ou brancas. E por qual motivo esse esfregaço foi fundamental para acertarmos a questão? Porque nas leucemias iríamos observar alterações nessas séries. Lembre-se, mentorando: na leucemia mieloide, observamos alterações tanto na série vermelha como nas plaquetas devido a um precursor em comum. Já na leucemia linfoide, observaríamos alteração na série branca. Um algo a mais: qual é a leucemia mais comum na infância? A leucemia linfoide aguda. E nos adultos? A leucemia mieloide aguda. Guarde essas informações com carinho. Voltando à questão: A Púrpura trombocitopênica idiopática, ou trombocitopenia primária imune, é causada pela destruição imunomediada das plaquetas, geralmente desencadeada por um quadro infeccioso prévio. É a principal causa de trombocitopenia na infância. O diagnóstico é de exclusão e é considerado quando se observa sangramento isolado sem manifestações sistêmicas associado à plaquetopenia abaixo de 100 mil/mm3, ausência de hepatomegalia ou linfadenomegalia e com esfregaço de sangue não sugerindo outra etiologia (séries branca e vermelha sem alterações de etiologia). Em aproximadamente 85% dos casos a evolução é benigna e autolimitada, com recuperação completa em até seis meses. Costuma afetar crianças de dois a cinco anos ou adolescentes saudáveis, com apresentação súbita do quadro clínico após infecção ou após a aplicação de algumas vacinas, tais como da hepatite B e da tríplice viral. E o tratamento? O objetivo aqui é manter o nível de plaquetas estável a fim de evitar hemorragias. Em casos de manifestações exclusivamente cutâneas, a conduta é expectante, com seguimento clínico. A transfusão de plaquetas, imunossupressão com corticoides ou uso de imunoglobulina é considerada apenas em casos graves com instabilidade hemodinâmica ou comprometimento cardiovascular. Vamos às alternativas? Alternativa A - Incorreta: Na leucemia haveria alteração morfológica ou na série branca ou na série vermelha, fora que a biópsia de medula óssea é inadequada para o caso por ser um exame invasivo. Alternativa B - Correta: Temos aqui plaquetopenia sem linfonodomegalia ou hepatoesplenomegalia, com sangramento espontâneo na pele e sem comprometimento do estado geral - ou seja, um quadro compatível com o diagnóstico de púrpura trombocitopênica idiopática. Logo, a conduta é expectante, com seguimento clínico para avaliação dos níveis de plaquetas. Alternativa C - Incorreta: Não utilizamos imunossupressores em casos leves, pois a maioria dos casos evolui satisfatoriamente sem a necessidade de intervenção farmacológica. Alternativa D - Incorreta: O diagnóstico não é compatível com leucemia, logo, não há necessidade de imunofenotipagem para identificação dos marcadores e da linhagem afetada. Logo, o gabarito é a letra B. _________________________________ 82. Uma mulher com 25 anos de idade é atendida na Unidade Básica de Saúde após palpar um nódulo em sua mama direita. Na avaliação médica, identifica- se um nódulo de 1 cm, no maior diâmetro, móvel, com consistência fibroelástica, regular e indolor. Nesse caso, qual deve ser a conduta médica inicial? A) Punção e citologia. B) Exérese do nódulo. C) Seguimento ecográfico. D) Encaminhamento ao Centro de Oncologia. CCQ: Reconhecer as características sugestivas de malignidade em um nódulo de mama A conduta frente a um nódulo de mama e a uma classificação de BI-RADS são tópicos frequentemente abordados nas provas. Por isso, aproveite essa questão para revisar. Em relação a um nódulo mamário palpável no exame físico, são características sugestivas de malignidade: • consistência endurecida; • aderência aos planos profundos; • nódulo mal definido e/ou irregular; • lesão cutânea associada ou sobrejacente. Segundo o fluxograma da FEBRASGO, por se tratar de uma paciente com menos de 30 anos, a investigação inicial de um nódulo mamário, independente de suas características no exame físico, é com ultrassonografia. Além disso, como as características da lesão sugerem benignidade, se essas características forem confirmadas na ultrassonografia, a conduta é seguimento ultrassonográfico, conforme consta na alternativa C. Alternativa A - Incorreta: Caso a consistência fosse cística ou houvesse uma ultrassonografia indicando um cisto simples e a paciente fosse sintomática, a punção (sem necessidade de citologia) poderia ser uma opção. No entanto, nessa questão o nódulo tem consistência fibroelástica, não cística. Alternativa B - Incorreta: Além de não ter características de malignidade no exame físico, a paciente também não tem exames de imagem que sugerem malignidade. Ou seja, para essa paciente do caso clínico, a exérese do nódulo não é a conduta inicial. Alternativa C - Correta: Conforme discutido acima. Alternativa D - Incorreta: Um nódulo sem características de malignidade não tem indicação de iniciar seguimento com a oncologia. Pela descrição clínica, provavelmente trata-se de um fibroadenoma, uma lesão mamária benigna. Portanto, o gabarito é a letra C. ________________________________ 83. Um paciente com 32 anos de idade, tabagista, com histórico de epigastralgia, apresentou, há cerca de 4 horas, quadro de hematêmese e melena. Ao chegar a um pronto-socorro hospitalar, encontrava-se com PA = 90 x 50 mmHg e FC = 112 bpm. No local, foram realizadas reposição volêmica com normalização dos parâmetros hemodinâmicos bem como endoscopia digestiva alta, que evidenciou úlcera péptica localizada na incisura angularis do estômago, com vaso visível, porém sem sangramento ativo. Realizou-se, então, terapia combinada de hemostasia da úlcera. Nesse caso, a condutaimediata adequada para o paciente é indicar A) internação hospitalar e preparação para a cirurgia de emergência. B) internação hospitalar, octreotide endovenoso e repetição da endoscopia em 48 horas. C) internação hospitalar, inibidor de bomba de prótons endovenoso e monitorização hemodinâmica não invasiva. D) alta hospitalar, inibidor de bomba de prótons por via oral por 30 dias e repetição de endoscopia digestiva alta em 3 meses. CCQ: Saber que em caso de Forrest IIa devemos realizar o tratamento clínico-endoscópico com IBP EV Fala pessoal! Questão sobre HDA (hemorragia digestiva alta). Na EDA foi evidenciada úlcera péptica com VASO VISÍVEL. Vamos revisar a classificação de Forrest? Forrest I – hemorragia ativa • Ia – sangramento em jato; • Ib – babando. Forrest II – sinais de hemorragia recente • IIa – vaso visível; • IIb – coágulo; • IIc – hematina. Forrest III – úlcera com base clara Portanto, nosso paciente tem uma classificação de Forret IIa e já foi tratado corretamente através de terapia combinada para hemostasia. O que a questão quer saber é o que precisamos fazer após isso, então bora conferir! Alternativa A – Incorreta: Nosso paciente não precisa de cirurgia de emergência visto que já foi adequadamente tratado através de terapia endoscópica. Alternativa B – Incorreta: O octreotide é um vasoconstritor esplâncnico indicado nos casos de HDA de origem VARICOSA, o que não é o caso da questão. Alternativa C – Correta: Exatamente isso, mentorando! Precisamos internar esse paciente, utilizar IBP e monitorá- lo! Alternativa D – Incorreta: Não devemos dar alta hospitalar para um paciente com Forrest Ia que ainda tem chance de Ressangramento! Portanto, alternativa correta letra C. _________________________________ 84. Uma mulher de 58 anos de idade, portadora há longa data de diabete melito tipo 2 e de hipertensão arterial sistêmica (HAS), é internada em hospital terciário com queixas de náuseas, vômitos, soluços e dor precordial ventilatório-dependente. O quadro se iniciou na véspera, quando procurou o pronto-socorro, onde realizou alguns exames complementares que revelaram glicose = 145 mg/dL (valor referência: 70 a 99 mg/dL), ureia = 264 mg/dL (valor referência: 20 a 40 mg/dL), creatinina = 12,8 mg/dL (valor de referência: 0,7 a 1,2 mg/dL) e potássio = 5,8 mEq/L (valor de referência: 3,5 a 5,2 mEq/L), além da presença, no eletrocardiograma convencional, de supradesnivelamento difuso (exceto em AVR e V1) do segmento ST, com ondas T positivas (exceto as duas derivações anteriores) e infra do segmento PR. Foi administrado gluconato de cálcio e endovenoso e resina de troca catiônica via oral (VO), sendo solicitada transferência para internação hospitalar. A paciente havia parado de fazer acompanhamento médico regular, não comparecendo às consultas nos 2 últimos anos. Entretanto, continuava fazendo uso dos seguintes fármacos: metformina 500 mg VO duas vezes ao dia; hidroclorotiazida 25 mg/dia VO; e anlodipino 10 mg VO duas vezes ao dia. Durante exame físico, a paciente se revela sonolenta, bradipsíquica, com hálito desagradável em com soluços. Está hipocorada (2+/4+), com mucosas úmidas, acianótica, anictérica e afebril. O ritmo cardíaco é regular, em 2 tempos, sendo auscultado um ruído sistólico rude em borda esternal esquerda baixa, além de um sopro sistólico de baixa intensidade pancardíaco. Há turgência jugular patológica, mas não há pulso paradoxal arterial ou venoso. Além disso, apresenta PA = 180 x 100 mmHg; FC = 122 bpm; FR 26 irpm. A ausculta pulmonar evidencia redução no murmúrio vesicular nas bases, estendendo-se ao terço médio do hemitórax direito. Membros inferiores revelam edema 2+/4+, não havendo sinais de trombose venosa. Considerando o caso apresentado, assinale a alternativa que indica corretamente quais são as condutas que o plano de cuidados dessa paciente deve incluir nesse momento. A) Iniciar terapia dialítica imediata por via de uma fístula arteriovenosa; melhorar o controle glicêmico através da associação de insulinização ao fármaco hipoglicemiante já em uso; e ajustar os fármacos para controle da HAS, incluindo a associação de furosemida ao esquema em curso. B) Providenciar acesso venoso profundo com cateter duplo lúmen para início de terapia dialítica; suspender o esquema antidiabético oral, mantendo controle glicêmico apenas através de insulinização; e ajustar os fármacos para controle de HAS, incluindo a suspensão do uso da hidroclorotiazida. C) Puncionar o líquido pericárdico para definir a causa da pericardite, tratando- a adequadamente; melhorar o controle glicêmico através da associação de insulinização ao fármaco hipoglicemiante já em uso; e ajustar os fármacos para controle da HAS, incluindo a suspensão do uso da hidroclorotiazida. D) Encaminhar a paciente para a cateterismo coronário e possível revascularização percutânea; suspender o esquema antidiabético oral, mantendo controle glicêmico apenas através de insulinização; e ajustar os fármacos para controle da HAS, incluindo a associação de furosemida ao esquema em curso. CCQ: Reconhecer quadro clínico de uremia Fala Pessoal! Questão longa que tenta nos complicar com um quadro clínico exuberante! De vários sistemas, mas tudo poderia ser explicado por apenas 1 causa, a uremia! Um paciente com insuficiência renal crônica, pode vir a desenvolver uremia, um quadro pelo acúmulo de ureia, que não consegue ser excretada pelo rim. Os sintomas mais comuns são: • Náuseas, vômitos, sonolência, torpor, coma. • Derrame pericárdico ou pleural. • Confusão mental, convulsões, anorexia. • Soluço. Note que o paciente apresenta os sintomas em negrito, e além disso, temos alguns exames para analisar! Preste atenção na ureia (264 mg/dL) e na creatinina (12,8 mg/dL) só com estes exames, já pensamos diretamente em uma disfunção renal! E a banca nos ajuda mais ainda: • ECG com supradesnivelamento difuso do segmento ST = Pericardite. O paciente apresenta todos os sintomas prováveis de uma síndrome uremica! Por isso é nossa principal hipótese diagnóstica. O tratamento para a mesma, é a hemodiálise de urgência, pois o paciente esta com uremia grave. Se é de urgência, não temos tempo de confeccionar uma fístula artério- venosa! E por isso, a diálise deve ser feita por uma via venosa central. Vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Como citado, não podemos fazer a diálise por uma fístula artério-venosa! Pois não temos tempo para prepara-lá. Alternativa B - Correta: Exatamente como explicado acima! Quadro muito sugerente de uremia, e devemos fazer a diálise de urgência para estabilizarmos o paciente. Alternativa C - Incorreta: Nossa causa provável de pericardite é a uremia! Pelos níveis séricos de ureia e creatinina já temos nossa principal suspeita! Por isso não precisamos fazer a punção do líquido pericárdico. Alternativa D - Incorreta: Aqui a banca tenta nos fazer pensar em uma síndrome coronariana pela presença de supra de ST, mas lembre-se! Supra de ST em múltiplas derivações devemos pensar em pericardite! Ainda mais o dado semiológico da dor, que é ventilatório dependente. Portanto, o gabarito é alternativa B. _________________________________ 85. Uma mulher, G2P1A0, com 26 anos de idade, 39 semanas de gestação, apresenta-se na maternidade em franco trabalho de parto. O obstetra realiza o parto vaginal sem intercorrências. Na assistência ao terceiro período da parição, ainda na sala de parto, logo após a saída do recém-nascido, o médico solicita que a equipe de enfermagem administre ocitocina, de forma intramuscular. O médico também realiza a tração controlada do cordãoumbilical. Após o desprendimento da placenta, a paciente é encaminhada para a enfermaria. No entanto, cerca de 10 minutos depois, ela apresenta sangramento intenso, taquicardia e hipotensão. O obstetra realiza massagem uterina e solicita a instalação de ocitocina endovenosa, de soro fisiológico, além da administração de misoprostol via oral. Diante das condutas realizadas, assinale a alternativa correta. A) Na sala de parto, o médico deveria ter prescrito misoprostol ao invés de ocitocina após o desprendimento do feto. B) Caso a paciente persista com sangramento, a próxima conduta do médico será indicar histerectomia. C) O médico deveria ter realizado a extração manual da placenta, seguida de curagem ou curetagem. D) O uso de misiprostol via oral justifica- se por seu início de ação rápido. CCQ:Na atonia uterina, o misoprostol administrado por via oral tem início de ação mais rápido Questão sobre manejo de atonia uterina. Tema muito importante para as provas. Vamos lá!! A atonia uterina é a principal causa de hemorragia no pós-parto, sendo esta uma importante causa de morbimortalidade materna no Brasil e no mundo. As outras principais causas de morte materna são hipertensão e infeccão. O manejo dessas pacientes é baseado na compressão uterina bimanual associada a utilização de uterotônicos e de antifibrinolíticos (ácido tranexâmico). O uterotônico de primeira linha é a ocitocina. Os outros uterotônicos utilizados são os derivados da ergot e o misoprostol (por via retal ou oral). Caso essas medidas não funcionem, pode-se tentar o balão intraútero, ligadura ou embolização de artérias uterinas/hipogástricas ou sutura de B- lynch e por fim, a histerectomia (caso todas as outras medidas sejam insuficientes ou indisponíveis). Lembre-se que existe uma forma de prevenção da hemorragia no pós- parto: a administração de ocitocina IM de forma universal logo após o parto. Visto isso, vamos às alternativas: Alternativa A – Incorreta: Como vimos, após o desprendimento do feto deve-se administrar ocitocina para todas as pacientes. Alternativa B – Incorreta: Existem diversas medidas (balão intraútero, ligadura de artérias, sutura de B-Lynch) antes que o médico precise indicar uma histerectomia. Alternativa C – Incorreta: Não há indicação de extração manual da placenta, ou de curetagem uterina. Alternativa D – Correta: O misoprostol pode ser administrado por via retal ou por via oral. Pela via oral o seu inicio de ação é de 7 a 11 minutos. E por via retal, o inicio de ação é de 15 a 20 minutos. Portanto, o gabarito é a letra D _________________________________ 86. Um recém-nascido a termo, com 24 horas de vida e peso de nascimento de 3 200 g, realiza o teste de triagem neonatal para cardiopatia congênita crítica (Teste do Coraçãozinho) com os seguintes resultados: Saturação de O₂ em membro superior direito (MSD) de 97 % e em membro inferior direito (MID) de 93 %. A conclusão do resultado do teste e a conduta médica indicada em relação ao caso são, respectivamente, A) teste normal e a criança deve permanecer por mais 24 horas no alojamento conjunto para observação e, então, poderá ser liberada para casa. B) teste limítrofe e deve ser repetido após 12 horas de intervalo e, se persistir com saturação de MID < 95%, deve ser solicitada ecocardiografia. C) teste alterado e deve ser solicitado exame radiológico de tórax e avaliação cardiológica com ecocardiografia para esclarecimento. D) teste alterado e deve ser repetido após 1 hora de intervalo e, se persistir com alteração, deverá ser solicitada ecocardiografia. CCQ: Oximetria < 95% e diferença entre os membros maior ou igual a 3% = teste do coraçãozinho alterado, cuja conduta é repetir o teste em 1 hora e - se alterado - devemos solicitar ecocardiograma O teste do coraçãozinho consiste em realizar a aferição da oximetria de pulso nos recém-nascidos aparentemente saudáveis com idade gestacional > 34 semanas. • Local de aferição: membro superior direito e um dos membros inferiores; • Momento da aferição: entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar. O resultado é normal quando a saturação periférica é ≥ 95% em ambas as medidas, sendo a diferença entre elas < 3%. Assim, quando qualquer medida é < 95% ou a diferença entre elas é ≥ 3%, temos um teste anormal. Diante da alteração, a conduta é realizar um novo teste em 1 hora e - se novamente alterado - realizar um ecocardiograma dentro de 24 horas. Sabendo disso, vamos analisar o nosso paciente! Trata-se de um RN a termo, com 24 horas de vida, que realiza o teste do coraçãozinho, cujo resultado é: saturação de 97% em MSD e de 93% em MID. Além de uma das medidas ser menor que 95% (a do membro inferior), a diferença entre elas é de 4%. Dessa maneira, devemos repetir esse teste em 1 hora e, se continuar alterado, solicitar um ecocardiograma. Vamos então para as alternativas: Alternativa A - Incorreta: O teste está alterado, uma vez que uma das medidas está abaixo de 95% e a diferença entre as medidas é de 4%. Alternativa B - Incorreta: O teste está alterado e deve ser repetido dentro de 1h. Alternativa C - Incorreta: Diante de um teste alterado, a conduta inicial é realizar um novo teste em 1 hora, e não solicitar radiografia de tórax. Alternativa D - Correta: Como visto acima, o teste está alterado pois um dos membros está menor que 95% e a diferença entre as duas medidas é maior do que 3%, então devemos repeti-lo em 1 hora. Solicitar um ecocardiograma, apenas se o novo teste também vier alterado. Portanto, o gabarito é a letra D _________________________________ _________________________________ 87. Uma lactente com 1 ano de idade foi levada à Unidade Básica de Saúde para atendimento. A mãe relatou que a menina apresentava uma tumoração na região inguinal direita durante o banho, porém que tinha desaparecido no dia seguinte. Durante o exame físico, foi confirmada uma nodulação na região inguinal direita, móvel, indolor, redutível e com transiluminação negativa. Nesse caso, a suspeita diagnóstica e a conduta terapêutica corretas são A) adenomegalia inguinal e manter conduta expectante. B) hérnia inguinal e realizar tratamento operatório eletivo. C) hérnia inguinal e aguardar a regressão espontânea até os 5 anos de idade. D) cisto do canal de Nuck e aguardar a regressão espontânea até os 5 anos de idade. CCQ: As hérnias inguinais na infância devem ser operadas de forma eletiva Temos uma paciente de 1 ano apresentando história tumoração inguinal percebida em um dia e que sumiu no dia seguinte. Ao exame, foi novamente percebida, móvel, indolor e passível de redução. Em pacientes masculinos (principalmente) poderíamos ficar em dúvida entre hérnia inguinal e hidrocele comunicante, mas o exame de transiluminação é capaz de auxiliar nessa diferenciação, sendo positivo na hidrocele e negativo na hérnia. Lembre- se de que a hidrocele comunicante costuma evoluir ao longo do dia, sendo menor de manhã e maior ao final do dia. Nesse caso, temos tudo para pensar em uma hérnia inguinal redutível. Importantíssimo lembrar que o tratamento das hérnias inguinais na infância é cirurgia eletiva assim que possível. Vamos às alternativas: Alternativa A – Incorreta: Uma adenomegalia não desapareceria e reapareceria dessa maneira. Alternativa B – Correta: A descrição é compatível com hérnia inguinal e o tratamento deve ser a cirurgia eletiva, exatamente como colocado na afirmativa. Alternativa C – Incorreta: A hérnia da infância que podemos aguardar que regrida espontaneamente até os 4-6 anos é a umbilical. Lembrando que as indicações de tratamento cirúrgico para esse tipo de hérnia são:tamanho > 1,5cm, hérnia inguinal associada ou em pacientes > 6 anos. Alternativa D – Incorreta: O cisto do canal de Nuck, também chamado de hidrocele feminina, é uma condição rara decorrente da não obliteração do processo vaginal. Apresenta-se como massa palpável irredutível e normalmente indolor. A transiluminação nesse caso seria positiva, como ocorre na hidrocele comunicante masculina. Portanto, o gabarito é a letra B. _________________________________ 88. Um homem com 24 anos de idade comparece à Unidade de Saúde da Família do seu bairro. Há uma semana, iniciou quadro de tosse produtiva, febre de 38ºC e inapetência. Afirmou fazer uso regular de antirretrovirais para tratamento de HIV/aids há 2 anos. Houve emagrecimento de 5 kg nos últimos seis meses. Sem alterações na ausculta pulmonar e cardíaca ou nos demais itens do exame físico. Qual deve ser a conduta médica para a investigação diagnóstica desse paciente, além da solicitação de radiografia de tórax? A) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose, caso haja alteração na radiografia de tórax. B) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose e, se negativo, indicar a cultura de escarro com teste de sensibilidade. C) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose e cultura de escarro com teste de sensibilidade já na primeira consulta. D) Solicitar teste rápido molecular para tuberculose e cultura de escarro com teste de sensibilidade somente se resistência à rifampicina. CCQ: Saber que a investigação de tuberculose em pacientes HIV + é feita com teste rápido molecular e cultura do escarro Caro aluno Aristo, a coinfecção HIV-TB é assunto frequente nas provas! Diante de um paciente com febre, sudorese noturna, emagrecimento e/ou tosse, independentemente da duração, devemos investigar tuberculose. Esse é exatamente o caso do paciente dessa questão, que vem se apresentando com tosse, febre e emagrecimento. Dada a grande vulnerabilidade dos pacientes HIV+, recomenda-se que a investigação seja feita através de diferentes metodologias em conjunto: teste rápido ou baciloscopia + cultura com teste de sensibilidade. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Não devemos esperar um raio X alterado para fazer a pesquisa com teste rápido. Alternativa B - Incorreta: Devemos já iniciar a investigação com diferentes metodologias desde o início, de forma a não atrasar o início da terapia. Alternativa C - Correta: Como discutido, já na primeira consulta, devemos solicitar teste rápido e cultura. Alternativa D - Incorreta: Nos pacientes HIV+ já há um risco aumentado de resistência à rifampicina, assim, está indicado a investigação com ambos exames. Um extra: lembre-se que a TARV deve ser iniciada 15 dias após o início do tratamento para tuberculose, em pacientes com sintomas de imunodeficiência ou CD4 < 50, devido ao risco de síndrome da reconstituição imune (resposta inflamatória exacerbada a infecções devido ao início do reestabelecimento da imunidade). Nos demais casos, a TARV deve ser iniciada após a 8.ª semana de tratamento. Portanto, o gabarito é a alternativa C _________________________________ 89. Uma lactente com 10 meses de idade é levada à Unidade Básica de Saúde pela mãe, a qual demonstra preocupação pelo contato da filha com um tio que, no dia anterior, chegou de viagem do exterior com sintomas respiratórios e manchas no corpo. Ele procurou atendimento no pronto- socorro e foi diagnosticado como caso suspeito de sarampo. A conduta médica indicada para a lactente é administrar a vacina A) tetraviral em até 48 horas após o contato com o caso suspeito, sendo essa a dose 1, seguida da segunda dose aos 12 meses. B) tetraviral em até 72 horas após o contato com caso suspeito, sendo essa a dose 1, seguida da vacinação habitual aos 12 meses. C) tríplice viral em até 48 horas após o contato com o caso suspeito, sendo essa a dose zero, seguida da segunda dose aos 12 meses. D) tríplice viral em até 72 horas após o contato com o caso suspeito, sendo essa a dose zero, seguida da vacinação habitual aos 12 meses. CCQ: Após contato com caso suspeito de sarampo, vacinação em até 72 horas Fala pessoal, vamos seguir com a agenda de revisões abordando uma questão sobre doenças exantemáticas. Neste caso, o sarampo. O sarampo é uma doença causada por um vírus de RNA (família Paramyxoviridae e gênero Morbillivirus), tem sua transmissão realizada a partir de gotículas e aerossóis, logo tem uma alta taxa de transmissibilidade. O quadro clínico é típico e cursa com febre alta, coriza, tosse, conjuntivite e um enantema oral (o sinal de koplik). Tratamos dessa afecção com sintomáticos e vitamina A, que deve ser administrada no momento da suspeita, ainda na unidade de saúde. Um assunto super cobrado em relação ao sarampo são suas complicações, a mais comum é a otite média aguda e a que mais causa morte é a pneumonia (CCQ cobrado demaaais). Nos pacientes que tiveram contato com um paciente com um caso suspeito ou confirmado, deve ser realizado o bloqueio vacinal em até 72 horas. Nos contatos de 6 meses até 11 meses e 29 dias, como o do nosso paciente em questão, deve ser realizada a vacina tríplice viral, sendo que essa não será válida para a rotina regular de vacinação. Agora, vamos as alternativas: Alternativa A - Incorreta: como explicado, esse paciente deve receber uma dose da tríplice viral até 72 horas, sendo essa a dose zero. Alternativa B - Incorreta: o tempo está certo, 72 horas, mas a vacina está errada e a dose também. Alternativa C - Incorreta: quase certa, só errou no tempo, sendo até 72 horas. Alternativa D - Correta: corretíssima, deveríamos aplicar a tríplice viral em até 72 horas, sendo essa a dose zero. Portanto, ficamos com a alternativa D como gabarito _________________________________ 90. Um homem com 64 anos de idade é encaminhado ao ambulatório para investigação de anemia, detectada nas últimas semanas durante investigação de quadro de fadiga, cansaço e dores ósseas. Ao exame físico, paciente apresenta-se em regular estado geral, hipocorado, não havendo outras anormalidades. Os exames complementares realizados recentemente revelaram o seguinte: hemoglobina = 10g/dL (valor de referência: 13 a 17 g/dL); hematócrito = 28% (valor de referência: 40 a 52%); volume corpuscular médio = 88 fL (valor de referência: 80 a 100 fL); leucometria e contagem plaquetária normais; ureia = 60 mg/dL (valor de referência: 20 a 40 mg/dL); creatínina = 1,3mg/dL (valor de referência: 0,7 a 1,2mg/dL); e cálcio sérico = 11,8mg/dL (valor de referência: 8,0 a 10,5mg/dL). Os exames laboratoriais realizados no dia do atendimento apresentam: ureia = 88mg/dL; creatinina = 2,4mg/dL e cálcio sérico = 12,0mg/dL; proteinograma sérico: albumina = 3,1g/dL (valor de referência: 3,5 a 5,5 g/dL), e globulina = 8,2g/dL (valor de referência: 1,5 a 2,5g/dL). Nesse caso, o diagnóstico, a partir dos dados clínicos e laboratoriais, é de A) gamopatia monoclonal associada a mieloma múltiplo. B) gamopatia policlonal associada a síndrome hemolítico-urêmica. C) inversão albumina/globulina por cirrose hepática complicada com síndrome hepatorrenal. D) hipoalbuminemia decorrente de síndrome nefrótica por nefropatia membranosa associada a síndrome hiper-IgG. CCQ: Reconhecer que o mieloma múltiplo cursa com pico de globulina + anemia + disfunção renal + dor óssea + hipercalcemia Aluno Aristo, se você encontrar uma questão falando de um paciente idoso (como é o caso acima), com anemia e mais nenhum dado hematimétrico, cuja função renal está piorando, e apresentando dor óssea, pode ter certeza que a questão está querendo puxarpara o diagnóstico de mieloma múltiplo, ainda mais se também citar uma hipercalcemia associada e a presença de lesões líticas (clássicas do mieloma). Afinal, o mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica das células plasmocitárias, comum nos idosos, e o que falamos acima é a apresentação clássica da doença e, inclusive, o seu critério diagnóstico. Para confirmar que é mieloma, é preciso ter mais de 10% de plasmócitos clonais na medula OU ter uma confirmação histopatológica (pela biópsia) de uma plasmocitoma + pelo menos um dos seguintes: hipercalcemia (> 11), lesão renal aguda (creatinina > 2), anemia (Hb < 10) e presença de lesões ósseas líticas. Mas, veja, o critério obrigatório para diagnóstico do mieloma necessita de um exame invasivo da medula óssea, seja o mielograma ou biópsia. De alguma forma, então, devemos suspeitar da doença antes de partir para testes invasivos, e tem um dado além das manifestações que fazem parte dos critérios diagnósticos e que vai nos ajudar: o aumento de globulinas identificado no exame convencional, com inversão da relação albumina/globulina (quando o correto é ter mais albumina) e o pico monoclonal de globulinas na eletroforese, o que configura a gamopatia monoclonal, relacionada às globulinas produzidas pelos plasmócitos clonais na medula. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Correta: Apesar de não ter o critério obrigatório aqui, após ler os parágrafos anteriores, é muito provável estarmos diante de um paciente com mieloma múltiplo! Alternativa B - Incorreta: Pensar em síndrome hemolítico-urêmica em um paciente com anemia + disfunção renal é uma boa pedida, poderia ter um aumento das globulinas de caráter policlonal secundário à inflamação (pico policlonal), mas o contexto seria outro. Teríamos a história prévia de diarreia, pois a principal etiologia é a infecção por bactérias produtoras da toxina Shiga - E. coli e Shigella. Além disso, a anemia é hemolítica microangiopática, sendo necessário ter esquizócitos no sangue periférico (guarde essa bandeira vermelha) e seria relatada a plaquetopenia. Já deu para perceber que não podemos marcar essa alternativa. Alternativa C - Incorreta: Se a questão não ofereceu dados, não podemos ficar inventando moda. Onde está escrito que o paciente apresenta estigmas de doença hepática? No mínimo uma cirrose hepática complicada por síndrome hepatorrenal já teria causado ascite, seria relatado histórico de doença hepática. Nada disso foi citado na questão. Alternativa D - Incorreta: Para falarmos que se trata de uma síndrome nefrótica, deveríamos ver os seus comemorativos: edema, hipoalbuminemia, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e o principal → proteinúria na faixa nefrótica (> 3,5 mg/24h). Não vemos isso descrito aqui. A nefropatia membranosa pode ser secundária aos distúrbios da imunidade, como a doença do IgG4, mas se não foi relatado um quadro de síndrome nefrótica, já excluímos essa alternativa. ________________________________ 91. Um homem com 27 anos de idade busca atendimento, pela primeira vez, na Unidade de Estratégia de Saúde da Família (ESF) do bairro onde reside, pois apresenta constantemente crises de falta de ar, com tosse e 'chiadeira' no peito. Durante a consulta, afirma que, desde a infância, tem diagnóstico de asma, porém, as crises se exacerbaram após ter iniciado o trabalho na câmara fria de um frigorífico da cidade. O paciente relata ter comunicado ao seu chefe sobre seu estado de saúde, mas seu superior respondeu que, se ele não quisesse trabalhar, haveria muitas pessoas interessadas no emprego e que deveria, portanto, 'pedir as contas'. Considerando o texto, assinale a alternativa que indica o que compete ao médico da ESF, além do tratamento da asma. A) Fornecer declaração médica determinando a troca de função pelo empregador. B) Aconselhar o paciente a pedir demissão, tal como sugerido pelo empregador. C) Encaminhar o paciente ao centro de referência em saúde do trabalhador. D) Encaminhar o paciente à perícia médica do INSS. CCQ: Os Centros de Referência em Saúde do Trabalhador podem auxiliar nos casos de doenças ocupacionais e agravadas pelo trabalho O CEREST (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) é um componente estratégico do SUS, onde é prestado assistência aos trabalhadores urbanos e rurais, com a função de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e vigilância em saúde dos trabalhadores, porém é um nível média pra alta complexidade, que não possui porta aberta. Dessa forma o médico da APS deve acolher a queixa do paciente relacionado ao trabalho e encaminhá-lo quando necessário ao centro especializado. Dentre os temas sobre Medicina do Trabalho, a classificação de Schilling é um dos que mais você precisa ficar atento. Não se esqueça que a Classificação de Schilling é um método utilizado para estabelecer uma relação de causa e efeito entre patologias e o trabalho. Ela pode ser classificada em: • Shilling I: Doenças para as quais a atividade exercida no trabalho é um fator necessário para o seu desenvolvimento; • Shilling II: Doenças para as quais o trabalho é um fator contributivo, mas não necessário; • Schilling III: Doenças para as quais o trabalho é um fator provocador ou fator agravador. Abaixo deixaremos uma tabela com alguns exemplos para que você possa estudar: Observe que a classificação do nosso paciente é Schilling III, pois tem asma prévia que agravou devido ao trabalho. Agora vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta Existe uma especialidade médica destinada à saúde do trabalho que correlaciona queixa com a condição e serão eles que vão orientar e definir troca de função se for necessário. Alternativa B - Incorreta Não cabe ao médico da ESF influenciar nessa escolha, afinal, pedir demissão do trabalho nem sempre é a escolha possível! Alternativa C - Correta Isso, mesmo! A função do médico da ESF é cuidar do paciente como um todo, mas quando o assunto é uma doença agravada pelo trabalho, esse paciente vai precisar passar pelo médico do trabalho para poder ajudá-lo nos trâmites dentro da empresa em relação a sua comorbidade e seu trabalho. Alternativa D - Incorreta A asma não é uma doença incapacitante em que o paciente precisa se ausentar do trabalho, exceto que esse agravo incapacite por mais de 15 dias o paciente, este deverá passar pelo INSS, já que será ele que fará o pagamento do trabalhador em questão. Contudo, em um primeiro momento iremos tratar a asma do paciente e encaminhá-lo ao médico do trabalho. Portanto, o gabarito é alternativa C ________________________________ 92. Uma secundigesta com 23 anos de idade comparece à consulta ambulatorial de pré-natal de alto risco, encaminhada pela Unidade Básica de Saúde. Afirma estar receosa com a gestação atual e refere ter tido, na gravidez anterior, elevação da pressão arterial e convulsão antes do parto, que ocorreu com 37 semanas. No momento, encontra-se com 14 semanas de gestação e sem queixas, não havendo outros antecedentes patológicos. Ao exame físico, mostra-se dentro da normalidade, com PA = 115 x 82 mmHg. Avaliando-se essa história clínica, qual medicamento faz parte da prevenção da condição que a paciente apresentou em sua primeira gestação? A) Metildopa. B) Ácido fólico. C) Progesterona. D) Ácido acetilsalicílico. CCQ: Conhecer que o AAS é usado como medicação profilática para gestantes de alto risco para pré- eclâmpsia As doenças hipertensivas específicas da gestação (DHEG) são a maior causa de morte materna no Brasil, o que demonstra a importância do tema e justifica sua recorrência nas provas. Por isso pessoal, vamosrelembrar alguns conceitos importantes! A paciente em questão tem uma história prévia de eclâmpsia em gestação passada, o que é um fator de risco importante para intercorrências hipertensivas na gestação atual, como desenvolvimento da pré-eclâmpsia e progressão para eclâmpsia. Por isso, pacientes com alto risco devem receber AAS em baixas doses (60 mg a 150 mg/dia) para prevenção da PE, devendo ser iniciado antes da 16ª semana de idade gestacional (IG). Tais pacientes também devem receber suplementação de cálcio (1 g/dia), após a 12ª semana de IG, especialmente aquelas com dieta pobre no elemento. Não há um consenso entre as referências bibliográficas sobre a realização dessas condutas, mas tanto a ACOG (American College of Obstetricians and Gynecologists) quanto a OMS recomendam. Alternativa A - Incorreta: Paciente não apresenta alterações pressóricas atualmente que justifiquem o início de uma terapia anti-hipertensiva. Alternativa B - Incorreta: O ácido fólico tem como objetivo prevenir defeitos no tubo neural do feto, formado no momento inicial da gravidez. A ingestão da substância reduz em até 75% o risco de má formação dessa estrutura, prevenindo casos de anencefalia, paralisia dos membros inferiores, entre outras alterações. Alternativa C - Incorreta: A progesterona é um hormônio que diminui as contrações uterinas e tem um importante papel na manutenção da gravidez. Por isso, o seu uso é sugerido para a prevenção do parto prematuro para gestantes de risco. Alternativa D - Correta: Isso! Ocorre ação inibitória da aspirina na síntese de tromboxane sem alterar de forma significativa a produção de prostaciclinas, restaurando assim o equilíbrio entre essas duas substâncias. Dessa forma, as propriedades anticoagulantes e vasodilatadoras do endotélio são restabelecidas (maior produção de PGI2), e ocorre uma diminuição da reatividade vascular a substâncias vasopressoras. Logo, a alternativa correta é a letra D _________________________________ 93. Uma mulher com 55 anos de idade, previamente hígida, é admitida em hospital após episódio de síncope. Apresenta bradicardia sinusal, discreta hipertensão arterial sistêmica e edema palpebral bilateral. Nota-se um aumento difuso da tireoide que a paciente não havia percebido até então. Não há rouquidão, disfagia nem alteração recente de peso. Ademais, não apresenta histórico familiar de câncer. Um estudo ultrassonográfico da tireoide mostra 3 nódulos de bordas regulares, parcialmente císticos, com componente sólido isoecoico, sem calcificações, de 0,4 cm, 0,6 cm e 0,8 cm. Não há linfadenopatia cervical. O exame revelou TSH = 17,2 mUI/mL (valor de referência = 0,3 a 5,0 mUI/mL). Nesse caso, a abordagem adequada para com a paciente é A) solicitar T3 total e T4 livre e cintilografia da tireoide antes de definir o tratamento. B) prescrever levotiroxina e realizar acompanhamento clínico e ultrassonográfico dos nódulos. C) prescrever levotiroxina e dosar anti- tireoide peroxidase para definir a abordagem dos nódulos. D) solicitar T4 livre e punção aspirativa com agulha fina do maior nódulo antes de definir o tratamento. CCQ: Saber que nódulos isoecoicos menores de 1cm não necessitam de PAAF Aluno Aristo, as tireoideopatias são um tema Pareto para as nossas provas e devemos conhecer as suas principais características! A banca nos traz uma paciente com clínica de hipotireoidismo (bradicardia sinusal, hipertensão arterial e edema palpebral bilateral, com bócio - aumento difuso da tireoide). No hipotireoidismo pode haver discreto bócio indolor (pela infiltração inflamatória crônica), mas é mais comum a tireoide estar atrófica. O diagnóstico é confirmado com a clínica sugestiva mais o TSH elevado, além de não apresentar sintomas sugestivos de neoplasia (perda de peso, disfagia e rouquidão). Ao USG encontramos 3 nódulos de bordas regulares, parcialmente císticos, com componente sólido isoecoico, sem calcificações, de 0,4 cm, 0,6 cm e 0,8 cm. Ou seja, nódulos com características benignas! É muito importante lembrar as características sugestivas de malignidade dos nódulos: hipoecogenicidade, conteúdo sólido, mais alto do que largo, margem irregular, hipervascularização ao doppler e microcalcificações (CCQ importante). Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Não necessitamos solicitar T3 e T4 para confirmar o diagnóstico de hipotireoidismo, pois na fase precoce ocorre hipotireoidismo subclínico, com T4 livre na faixa normal. A cintilografia é útil na investigação do hipertireoidismo para diferenciar Doença de Graves (aumento difuso da captação de iodo), bócio nodular tóxico (aumento localizado da captação) e tireoidites (captação diminuída). Alternativa B - Correta: Exato, precisamos tratar o hipotireoidismo com levotiroxina e acompanhar os nódulos com USG de controle. Alternativa C - Incorreta: Não necessitamos da dosagem do anticorpo anti-tireoide peroxidase para definir a abordagem dos nódulos. Alternativa D - Incorreta: Não há necessidade de realizar a PAAF em nódulos menores de 1 cm com características benignas (bordas regulares, císticos, calcificação em casca de ovo). Só consideramos realizar a PAAF em nódulos menores que 1 cm se apresentarem características malignas. Portanto, o gabarito é a alternativa B. _________________________________ 94. Um paciente com 70 anos de idade foi atendido no pronto-socorro de hospital de nível secundário, relatando dor abdominal com irradiação para região dorsal, além de emagrecimento, há 4 meses. Há 2 meses, começou a apresentar prurido cutâneo progressivo e urina escura. Há 15 dias, notou que os 'olhos ficaram amarelos'. Na ocasião do exame físico, encontrava-se emagrecido, ictérico (++/4+), com escoriações dérmicas provocadas pelo ato de coçar. A borda do fígado era palpada a 1,5 cm abaixo de rebordo costal direito, com palpação não dolorosa. Com base no caso clínico, os resultados dos exames laboratoriais que confirmam a hipótese diagnóstica são A) aumento da bilirrubina indireta e aumento da amilase. B) aumento da bilirrubina direta e aumento da fosfatose alcalina. C) aumento da bilirrubina indireta e aumento da alanina aminotransferase. D) aumento da bilirrubina direta e diminuição do tempo de protrombina em segundos. CCQ: ↑ bilirrubina direta e ↑ FA e ↑ GGT são indicativos de obstrução de árvore biliar Salve salve, família, tudo bem com vocês? Questãozinha do INEP-Revalida de 2021 trazendo um tema frequente nas provas de residência, sendo abordado de forma simples, direta e fácil, concordam? Temos um paciente de 70 anos de idade que foi atendido no pronto-socorro de hospital de nível secundário, com relato de dor abdominal com irradiação para região dorsal, além de emagrecimento, há 4 meses. Há 2 meses, começou a apresentar prurido cutâneo progressivo e urina escura. Há 15 dias, notou que os 'olhos ficaram amarelos'. Na ocasião do exame físico, encontrava-se emagrecido, ictérico (++/4+), com escoriações dérmicas provocadas pelo ato de coçar. A borda do fígado era palpada a 1,5 cm abaixo de rebordo costal direito, com palpação não dolorosa. Qual é o diagnóstico mais provável? Temos os seguintes dados: colúria + icterícia + dor abdominal com irradiação para dorso + emagrecimento = coledocolitíase, concordam? Pois é, mas aqui que algumas questões podem te enganar! Note que nosso paciente apesar de apresentar dor abdominal, não é uma dor característica de cólico biliar, além disso a idade do paciente e o antecedente de perca de peso deve chamar a sua atenção! Agora vem o detalhe: • A borda do fígado era palpada abaixo do rebordo costal não doloroso! Lembre-seque muitas vezes é difícil descrevermos a palpação da vesícula, pois a mesma é aderida ao fígado! Por isso acreditamos que a banca quis nos descrever uma vesícula palpável e não dolorosa, a chamada vesícula de courvoisier-terrier. Característica de quadros com obstrução de vias biliares sem uma vesícula patológica! E quais são as nossas principais hipóteses aqui? Os tumores peri ampulares! Agora a banca nos pergunta quais exames poderiam confirmar a nossa hipótese diagnóstica, mas note que é a hipótese de realmente ser uma obstrução de via biliar! E não a etiologia desta obstrução. Algumas questões do revalida são assim mesmo mentorando! Então não brigue com a questão. Vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: BI e amilase não costumam se elevar de forma significativa nos casos de obstrução de árvore biliar Alternativa B - Correta: Conforme explicação acima. Alternativa C - Incorreta: BI e TGP/ALT não costumam se elevar de forma significativa também nos casos obstrução de via biliar Alternativa D - Incorreta: Devido ao fato das vitaminas lipossolúveis estarem presentes na bile e essa estar em estase, ou seja, não ser reabsorvida pela obstrução mecânica ao fluxo biliar, teremos uma redução da vitamina K sérica. Assim, os fatores da coagulação dependentes da vitamina K também não serão produzidos de forma adequada, alargando o valor do tempo de ativação de protrombina e alterando o RNI. Portanto, a alternativa correta é a letra B! _________________________________ 95. Uma mulher com 26 anos de idade, primigesta, chega á emergência de uma maternidade confusa e com cefaleia por estar apresentando, há cerca de 30 minutos, um sangramento vivo que chegou a 'escorrer por suas pernas', além de dor abdominal intensa. A paciente nega trauma e/o outras queixas. Relata ainda ter feito duas consultas de pré-natal, mas não trouxe consigo o seu cartão de pré-natal e trouxe ultrassonografia gestacional normal de duas semanas atrás. Pela data da última menstruarão, o médico calcula a idade gestacional em 32 semanas. Em seu exame físico constatou-se PA = 180 x 120 mmHg, pulso = 114 bpm, abdome gravídico com dinâmica uterina ausente, altura uterina compatível com a idade gestacional, útero lenhoso e frequência cardíaca fetal de 108 bpm. Em exame especular, foi visualizado sangramento vivo ativo vindo do orifício cervical externo. Proteinúria de fita revelou +++. Após iniciado o sulfato de magnésio, qual a conduta médica imediata a ser tomada. A) Administrar betametasona para o amadurecimento pulmonar. B) Realizar ultrassonografia gestacional com urgência. C) Iniciar indução do parto com misoprostol. D) Realizar cesariana de urgência. CCQ: Reconhecer a conduta mais adequada na DPP com feto vivo e parto não iminente é a cesárea Fala, pessoal! Esse tema é bem prevalente nas provas, então bora falar sobre isso para tirá-lo de letra. Primeiro, antes de entrarmos de fato às alternativas, temos que fechar o diagnóstico que a questão nos propôs, ok? Temos um relato de uma gestante, de 32 semanas de idade gestacional, com pressão elevada de 180x120 mmHg + proteinúria (pré-eclâmpsia), dor súbita em abdome, com sangramento, hipertonia uterina (útero lenhoso) e sofrimento fetal (FCF < 110 bpm)! Só com esses dados, já conseguimos pensar na principal hipótese diagnóstica: o descolamento prematuro de placenta (DPP). Ele é caracterizado por uma separação da placenta normalmente inserida no corpo uterino com 20 semanas ou mais de gestação. Clinicamente, a gestante apresenta-se com dor abdominal, podendo ou não, estar associado a sangramentos. Pode haver ainda uma hipertonia uterina, sofrimento fetal e história de hipertensão materna. Fique atento, porque o sangramento mais escuro, associado a uma hipertonia uterina e sofrimento fetal, são os achados clássicos da doença! E aí, depois de fecharmos o diagnóstico, temos que pensar na conduta mais adequada, não é mesmo? Então, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Como se trata de uma emergência obstétrica, em que o feto corre risco de vida por não estar recebendo os aportes de nutrientes necessários devido o descolamento da placenta, não há indicação de corticoterapia, já que o parto deverá ser imediato! Alternativas B - Incorreta: Através do BCF já fica claro que há um sofrimento fetal, não sendo necessários exames de imagem. Além disso, o diagnóstico de DPP é clínico e a conduta deve ser tomada quanto antes. Alternativa C - Incorreta: Como o quadro é grave, indica-se interrupção imediata da gestação, não devendo realizar indução. Quando o parto for iminente (subjetivo), pode-se fazer o parto vaginal, mas normalmente (na prática, quase sempre) o parto é cesáreo. Em ambas as vias, deve-se realizar amniotomia para reduzir complicações, pois isso reduz a velocidade do descolamento. Lembre-se que se o feto estiver morto (infelizmente, é comum) a via de parto preferencial é a vaginal. Alternativa D - Correta: então, devemos seguir da forma mais rápida possível, de maneira a evitar a morte fetal e também intercorrências maternas, por isso, a cesárea é a melhor opção de conduta a ser feita. Portanto, o gabarito é a alternativa D. _________________________________ 96. Uma lactente com 1 ano e 10 meses de idade, previamente hígida, foi atendida no pronto-socorro com quadro de febre e irritabilidade iniciado há 72 horas. Não foram encontradas alterações em exame físico realizado na criança. Procedeu-se, então, à coleta de urina tipo 1 por sondagem vesical e hemograma. A criança foi encaminhada ao ambulatório para verificação dos exames. O hemograma revelou Hb = 11,8 g/dL (valor de referência: 12,6 ± 1,5 g/dL), Ht = 38 % (valor de referência: 37 a 40 %), leucócitos = 18 000 mm³ (valor de referência: 5 000 a 15 000/mm³), plaquetas = 300 000 mm³ (valor de referência: 150 000 a 450 000/mm³), segmentados = 60 %, linfócitos = 37 % e monócitos = 3 %. O exame de urina tipo 1 apresentou densidade = 1 015 (valor de referência: 1 005 a 1 030), pH = 5,7 (valor de referência: 5,5 a 7,5), leucócitos = 180 000/mL (valor de referência: até 10 000/mL), hemácias = 10 000/mL (valor de referência: até 10 000/mL), cilindros piocitários raros, nitrito positivo e a bacterioscopia mostrou a presença de agente Gram negativo. Diante desse quadro clínico, a conduta médica indicada é A) encaminhar a criança para tratamento hospitalar com indicação de antibioticoterapia parenteral empírica. B) solicitar urocultura com antibiograma e aguardar o resultado para orientação da antibioticoterapia adequada. C) solicitar urocultura com antibiograma e iniciar antibioticoterapia domiciliar empírica, antes da obtenção do resultado do exame. D) iniciar antibioticoterapia domiciliar empírica imediatamente, sem necessidade de outros exames, e reavaliar a criança em 24 horas. CCQ: Conduta na infecção do trato urinário na infância Essa questão do Revalida traz muito bem uma das principais causas de idas às emergências - seja na infância, seja na vida adulta. Criança pré-escolar, de 1 ano e 10 meses, apresentando quadro de febre e irritabilidade, exame físico normal, leucocitose de 18000 e exame de urina tipo 1 (exame de EAS) com alterações sugestivas de infecção do trato urinário - 180 mil leucócitos, cilindros piocitários, nitrito positivo e a bacterioscopia com presença de organismo Gram-negativo (possivelmente a E. coli, por ser o agente mais comum). A banca questiona então qual seria a melhor conduta nesse caso: coletar urocultura a fim de determinar o agente e antibiograma e iniciar antibioticoterapia empírica para casa (antes do resultado da cultura). Alternativa A- Incorreta: Para criança sem sinais de sepse, toxemia, sinais de pielonefrite e exame físico normal, não há indicação de internação e antibioticoterapia venosa. As indicações de internação são: pielonefrite aguda, sinais de sepse, crianças < 1 mês (alguns livros dizem < 3 m), sinais de desidratação, vômitos e incapacidade de ingerir líquidos e alimentos. Alternativa B - Incorreta: Pois não devemos aguardar até 72 h para ver o resultado da cultura. A infecção já foi constatada, devemos iniciar o antibiótico empírico e, se houver necessidade de escaloná-lo, fazemos após o resultado da cultura. Alternativa C - Correta: Devemos solicitar a urocultura e já iniciar antibioticoterapia empírica antes de sair o resultado. Alternativa D - Incorreta: Na criança, existe a indicação de coletar urocultura para determinar o agente e o melhor antibiótico. Não devemos pedir urocultura para aquela 1.ª ITU na mulher adulta, fora esse caso, sempre pediremos urocultura. Portanto, a alternativa correta é letra C. _________________________________ 97. Uma paciente com 35 anos de idade procura atendimento hospitalar devido a episódio único de sangramento anal vermelho vivo, indolor, em pequena quantidade durante evacuação. Nega qualquer história prévia de traumatismo local. Em seu exame físico, constatou-se que a paciente está em bom estado geral, normocorada, PA = 120 x 60 mmHg, FC = 76 bpm e com pulso radial amplo, regular. Abdome plano e depressível, indolor à palpação, sem massas palpáveis e sem sinais de irritação peritoneal. A anuscopia não demonstrou doença hemorroidária externa e/ou fissuras anais e/ou fístulas perianais. O toque retal não identificou lesões palpáveis, até cerca de ± 6 cm da margem anal, porém, evidenciou discreta quantidade de sangue em dedo-de-luva. O médico assistente solicitou hemograma, cujo resultado foi normal. A paciente foi liberada com encaminhamento ambulatorial e com solicitação de exame de colonoscopia. O resultado da colonoscopia mostrou alguns pólipos colônicos, não pediculados, e lesão de borda elevada com ulceração central, séssil, ± 1,5 cm de diâmetro, em cólon sigmoide, distando ± 35 cm da margem anal - a qual foi biopsiada. Nesse caso clínico, a hipótese diagnóstica mais provável para essa paciente é de A) polipose adenomatosa familiar. B) síndrome de Peutz-Jeghers. C) neoplasia colônica. D) doença de Crohn. CCQ: Saber que lesão de borda elevada com ulceração central na colonoscopia sugere como diagnóstico neoplasia colônica Fala, pessoal! Questão boa para revisarmos alguns aspectos da neoplasia colônica, então bora lá! O primeiro aspecto que temos que saber sobre neoplasia colo-retal é que a maioria das ocorrências é por causa esporádica e não por doenças hereditárias, mas as bancas adoram cobrar as causas hereditárias e dentre elas, a mais cobrada é a PAF (polipose adenomatosa familiar). O que temos que saber nesta doença é que o cólon do indivíduo é revestido por pólipos (no mínimo centenas) e, como a história natural de desenvolvimento de CA cólon retal vem de pólipos, esses pacientes têm praticamente 100% de chance de virem a desenvolver uma neoplasia, pois apresentam muitos. Um CCQ a mais: importante sabermos também que o pólipo com maior chance de malignização é o adenoma viloso (vilão). Voltando à questão, a banca cita presença de alguns pólipos, isso já nos faz afastar o quadro de PAF (que gerou mais dúvida nos alunos), mas ué? Paciente jovem com neoplasia colônica? • A medicina não é uma ciência exata, apesar de ser mais frequente em idades mais avançadas, é possível ter pacientes mais jovens com esse tipo de condição. Por isso, nossa paciente, mesmo sem apresentar sintomas constitucionais, com essa colonoscopia com achado de lesão de borda elevada com ulceração central, dentre as alternativas, a mais provável realmente seria uma neoplasia colônica. Questão bem difícil, pela epidemiologia e nem sintomas da paciente corroborarem com este diagnóstico, mas, como vamos ver, é a mais provável dentre as alternativas citadas pela banca. Alternativa A - Incorreta: Vimos que para diagnóstico desta condição o paciente precisa ter o cólon "forrado" de pólipos e não somente "alguns" pólipos. Por isso, descartamos esta opção. Alternativa B - Incorreta: Esta síndrome é caracterizada por manchas melanocíticas e pólipos hamartomatosos, não é o quadro descrito pela banca. Alternativa C - Correta: Como descrito é a nossa principal hipótese dentre as citadas pela banca. Alternativa D - Incorreta: A doença de Crohn não apresenta os achados descritos (pólipos ou lesão de bordas elevadas com ulceração central), lembre-se que é uma doença inflamatória intestinal de acometimento transmural e com afetação salteada (não é contínua como na RCUI). Pessoal, questão bem difícil, a maneira mais fácil de resolver seria por eliminação das outras alternativas, portanto, não se preocupe se você errou esta questão, difícil aparecer outra questão como esta. Portanto, o gabarito é a alternativa C. ________________________________ 98. Em uma reunião da Unidade de Saúde da Família, com a presença dos membros das cinco equipes de Saúde da Família, incluindo os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), decidiu- se que, em razão do aumento do número de usuários sem cadastro que passaram a procurar a unidade para atendimento, seria iniciado o processo de atualização da territorialização, que inclui várias etapas e principia pela fase preparatória. Considerando-se essa situação, que conjunto de ações e/ou atividades está incluído na etapa preparatória do processo de territorialização? A) Fazer o levantamento dos dados populacionais e socioeconômicos, analisar os dados, adquirir mapa do território, identificar os equipamentos sociais com base no tamanho da população e delimitar o território de acordo com os dados obtidos. B) Indagar às lideranças comunitárias sobre fatores facilitadores ou dificultadores do trabalho desenvolvido pela equipe de saúde e acerca do funcionamento da unidade de saúde, além de obter informações sobre dificuldades de acesso à unidade. C) Realizar entrevistas para levantar informações sobre o território e a vida das famílias e da comunidade, aspectos geográficos, políticos, econômicos, sociais e culturais percebidos e de relevância para a comunidade. D) Levantar a documentação (incluindo plano diretor do município, projetos e estudos, dados demográficos, econômicos e sociais; adquirir mapa- base e definir responsabilidades, principalmente dos ACS (Agente Comunitário de Saúde e dos profissionais mais antigos e/ou moradores na área. CCQ: Para que ocorra a territorialização, deve-se, inicialmente, planejar o processo com a aquisição de documentos para informações sobre a região, além de nomear qual a tarefa de cada pessoa Questão um pouco fora do pareto sobre territorialização, pessoal, mas vamos revisar para que possamos entender o que foi pedido pela banca do INEP. Vamos entender primeiramente o que é a territorialização: é um processo de reconhecimento do território. Pode ser visto como uma prática, um modo de fazer, uma técnica que possibilita o reconhecimento do ambiente, das condições de vida e da situação de saúde da população de determinado território, assim como o acesso dessa população a ações e serviços de saúde, viabilizando o desenvolvimento de práticas de saúde voltadas à realidade cotidiana das pessoas. Além disso, para que esse processo ocorra, são necessárias 03 fases, são elas: • Fase 1: preparatória ou de planejamento: estabelecer o que se deseja saber e como será a melhor maneira de obter as informações necessárias; •Fase 2: de coleta de dados/informações: coletar informações de observações do local, acesso aos Sistemas de Informação à Saúde, entrevistas com as pessoas do território; • Fase 3: fase de análise dos dados: análise de forma organizada de todos os dados coletados. Antes de olhar os itens, vamos relembrar qual é a pergunta da banca! “Que conjunto de ações e/ou atividades está incluído na etapa preparatória do processo de territorialização?” Assim, está sendo questionado sobre a fase 1, correto? Agora vamos analisar as alternativas: Alternativa A – Incorreta: Realizar levantamento dos dados populacionais e analisar os dados fazem parte da fase 3. Adquirir mapa do território, identificar os equipamentos sociais fazem parte da fase 2. Assim, essa não é a nossa resposta! Alternativa B – Incorreta: As questões levantadas neste item fazem referência a fase 2, visto que é a fase de coleta dos dados adquiridos na comunidade. Alternativa C – Incorreta: Esse item também fala sobre a fase 2, pois, novamente, é falado sobre a fase de coleta de dados. Alternativa D – Correta: Essa é a nossa resposta! Aqui percebemos que está havendo um planejamento para que ocorra as fases seguintes, pois fala sobre levantar documentos, projetos e estudos, além de definir responsabilidades para os ACS e moradores da região. Portanto, o gabarito é a letra D _________________________________ 99. Uma escolar com 7 anos de idade foi levada para atendimento no pronto- socorro após episódio de violência sexual. A criança, no dia anterior, foi deixada aos cuidados do primo com 18 anos de idade para que os pais pudessem trabalhar. No dia seguinte, pela manhã, a mãe notou que a criança estava chorosa e com presença de sangue em roupas íntimas e de ferimento em região anal. Durante o atendimento, a criança informou que o seu primo introduziu o pênis em seu orifício anal e que isso tem acontecido há 1 ano. A caderneta de vacinação da criança encontra-se completa. Durante o exame físico, a criança mostra-se em bom estado geral, mas bastante assustada, com sinais vitais estáveis e presença de laceração em região anal. Após o atendimento inicial, são realizados exames laboratoriais e o resultado do anti-HBs da criança é negativo. O primo da criança encontra- se foragido. Segundo a linha de cuidado para a atenção integral à saúde de crianças em situação de violências, para a profilaxia para hepatite B, recomenda-se realizar A) nova série de vacinação Anti- hepatite B (3 doses. B) acompanhamento clínico, sem medidas específicas. C) duas doses de imunoglobulina humana Anti-hepatite B. D) uma única dose de imunoglobulina humana Anti-hepatite B. CCQ: Saber que criança com anti-Hbs negativo, apesar de esquema completo, deve receber profilaxia com 3 doses da vacina de hepatite B em caso de abuso sexual infantil por agressor não testado/resultado desconhecido para HbsAg A imunoprofilaxia contra a hepatite B deve ser considerada nos casos em que haja suspeita ou confirmação de exposição da vítima ao sêmen, sangue ou outros fluidos corpóreos do agressor. Nos casos em que não haja contato com fluidos, o agressor seja vacinado ou use preservativo durante todo o ato de violência sexual ou nos casos de violência crônica (geralmente intrafamiliar), a imunoprofilaxia contra hepatite B não está recomendada. O início da profilaxia está indicado nos casos de dúvida, desconhecimento do estado vacinal ou esquema vacinal incompleto e não deve estar condicionada a coleta e análise de exames. Alternativa A - Correta: Uma vez que a paciente possui o calendário vacinal para hepatite b completo, mas se encontra com anti-Hbs negativo, é necessário a realização de três doses adicionais da vacina contra hepatite B. A primeira dose deve ser administrada na ocasião do atendimento, e as doses posteriores, realizadas nas unidades de atenção primária à saúde, após análise dos exames de primeira consulta. Alternativa B - Incorreta: É necessário tomar medidas específicas, como a profilaxia com vacinação. Alternativas C e D - Incorretas: A imunoglobulina humana anti-hepatite B (IGHAHB) poderá ser administrada em até, no máximo, 14 dias após a violência sexual, mas recomenda-se aplicação nas primeiras 48 horas após a violência. No entanto, quando a violência sexual na infância é crônica e prolongada, perpetrada pelo mesmo agressor, o uso da imunoglobulina não é recomendado, porém, é essencial que se interrompa o ciclo de violência. Portanto, a alternativa correta é a letra A. _________________________________ 100. Um homem com 50 anos de idade é internado em hospital terciário para investigação diagnóstica e tratamento de quadro caracterizado por dispneia aos moderados esforços. Há relato, ainda, de precordialgia em aperto, com duração de cerca de 5 minutos, precipitada por esforços e aliviada com o repouso, além da ocorrência de 2 episódios de síncope nos últimos 12 meses. Ao realizar exame físico, constatou-se que o paciente se encontra em regular estado geral, corado, acianótico, eupneico, com a cabeceira do leito elevada a 30 graus. Seu ritmo cardíaco é regular, em 3 tempos, com a presença de 4.ª bulha e a existência de um sopro mesossistólico 3+/6+ mais audível no 2.º espaço intercostal direito, na borda esternal; os pulsos arteriais são do tipo parvus et tardus. A ausculta pulmonar apresenta discretos estertores crepitantes em bases. Não há edema de membros inferiores. A radiografia de tórax (PA e perfil) mostra leve dilatação da raiz da aorta, área cardíaca normal e presença de calcificações mitro-aórticas. É solicitado, então, um ecocardiograma transtorácico que revela área valvar aórtica de 0,9 cm² (normal: 3 a 4 cm²), sendo o gradiente ventrículo esquerdo (VE) - aorta de 55 mmHg e velocidade máxima de fluxo transvalvar de 4,5 metros/segundo (normal = inferior a 2m/seg); fração de ejeção do VE é de 52 %. Frente ao processo de avaliação diagnóstica e ao estabelecimento de plano terapêutico neste momento, qual é a conduta médica indicada para o paciente e sua justificativa? A) Indicar início de tratamento farmacológico com diurético de alça, inibidor de enzima conversora de angiotensina e nitrato, dada a presença de insuficiência cardíaca provocada pelo aneurisma da aorta torácica ascendente. B) Solicitar a complementação do ecocardiograma com infusão endovenosa de dobutamina, em razão da necessidade de melhor definir o comprometimento da função diastólica causado pela regurgitação valvar aórtica. C) Proceder cateterismo cardíaco diagnóstico e possivelmente terapêutico, dada a inegável existência de doença arterial coronariana como causa da angina pectoris estável e disfunção sistólica do VE. D) Solicitar avaliação do risco cirúrgico visando à realização de troca valvar aórtica, em razão da existência de estenose aórtica grave sintomática, com indicação de substituição da valva afetada. CCQ: Saber que dispneia, angina e síncope + pulso parvus e tardus + sopro sistólico em foco aórtico = estenose aórtica Caro aluno Aristo, temos aqui uma questão fácil para revisar valvulopatias. Recebemos um paciente com sintomas de dispneia, angina e síncope (tríade clássica!), que no exame se apresenta com sopro mesossistólico 3+/6+ mais audível no foco aórtico, B4 e pulso parvus e tardus (baixa amplitude e maior duração). Essas são as características típicas, figura de livro, da estenose aórtica! Suas principais etiologias são valva aórtica bicúspide, cardiopatia reumática crônica e degeneração calcifica, esta última a provável causa em questão, pelas calcificações observadas ao raio-X. A troca valvar está indicada na presença de estenose grave(área valvar < 1) sintomática, estenose grave com FE < 50% e estenose grave em pacientes que já serão submetidos a cirurgia cardíaca, e é o único tratamento que reduz mortalidade. Assim sendo, vamos às alternativas: Alternativa A - Incorreta: Como vimos a causa da insuficiência cardíaca é a estenose aórtica, que pode levar a uma dilatação da raiz aórtica, e não um aneurisma. Além disso, nesse caso o tratamento farmacológico é pouco efetivo, estando indicada a troca valvar. Lembre-se que os betabloqueadores devem ser evitados pela redução da contratilidade miocárdica! Alternativa B - Incorreta: Não há regurgitação aórtica, mas sim estenose. Alternativa C - Incorreta: A causa da angina é a estenose aórtica e não uma doença arterial coronariana. Alternativa D - Correta: Como discutimos acima. Portanto, o gabarito é a alternativa D.