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MD 643 SEMIOLOGIA DE CABEÇA E PESCOÇO ROTEIRO DE ESTUDO DEPARTAMENTO DE CLÍNICA MÉDICA FCM/UNICAMP DRA REGINA MARIA INNOCENCIO RUSCALLEDA I. EXAME FÍSICO DA CABEÇA Métodos: Inspeção Palpação Percussão Ausculta 1. Cabeça Posição e movimentos Inspeção Posição centrada e em equilíbrio com o tronco. Movimento: imóvel. Quando presentes são anômalos. Ex: tiques, movimentos coreicos, transmissão de pulsações arteriais 1.1. Crânio A. Calota Craniana Inspeção Formas fisiológicas, de acordo com o tipo constitucional: Dolicocéfalo- diâmetro longitudinal maior que o diâmetro transverso Braquicéfalo- diâmetro longitudinal menor que o diâmetro transverso Mesocéfalo- diâmetro longitudinal igual ao diâmetro transverso Formas anormais: Relação crânio face desproporcional Macrocefalia- crânio aumentado em relação à face. Ex: decorrente de hidrocefalia, toxoplasmose, raquitismo. Microcefalia- crânio com menores dimensões em relação à face. Ex: decorrente de hipotireoidismo, toxoplasmose. Deformações localizadas Aumento de volume localizado ou depressão localizada- ex: decorrentes de tumores ósseos primários ou metastáticos, sequelas de trepanação, traumatismos cranianos, hérnias de duramater. Palpação Palpação generalizada de toda a superfície craniana, descrevendo se há depressões, abaulamentos, consistência, tamanho (em cm, mm). Percussão Realizada com martelo de percussão ou com a falange proximal do dedo médio, para definir se há reação dolorosa localizada, decorrente de acometimento periostal por neoplasias, doenças granulomatosas, osteomielite. Percussão do mastóide- Ex: mastoidite, complicação de otite média aguda. B. Couro cabeludo Inspeção Palpação Couro cabeludo: analisar os cabelos (brilho, consistência, distribuição, alopecia localizada ou difusa), presença de lesões, como, abscessos, tumorações benignas, malignas, decorrentes de parasitas (pediculose, miíase). 1. 2. Face Inspeção estática e dinâmica Analisar a simetria (franzir a testa, abrir a boca, fechar os olhos), a expressão fisionômica ou mímica facial (exame neurológico, Nervo facial, VII par craniano) a pele e os pelos. Sobrancelhas- são variáveis de indivíduo para indivíduo. A principal alteração é representada pela queda como na hanseníase, sífilis, cicatrizes, desnutrição acentuada. 1. 2.1. Olhos e supercílios Inspeção Supercílios: analisar a implantação Olhos: A) Pálpebras: verificar anomalias (edema, ptose, não fechamento dos olhos) B) Fenda palpebral: pode variar com a raça ou por doenças (Ex: ptose, quando a pálpebra superior e inferior não se tocam ao fechar os olhos) C) Globos oculares: devem estar bem centrados na órbita (Ex: exoftalmia, enoftalmia). D) Conjuntivas: são róseas, com aspecto da rede vascular levemente desenhada. E) Esclerótica, córnea e cristalino: Analisar a cor da esclerótica que é branca. Na raça negra pode ser amarelada. A córnea poderá ser difusamente azulada na osteogênese imperfecta, ou em áreas isoladas de escleromalácea, como na artrite reumatóide. Analisar a forma da córnea. F) Pupilas: observar forma (arredondadas), localização (centrais), tamanho (iguais em tamanho (isocóricas), desiguais em tamanho (anisocóricas), variam com a claridade do ambiente – midríase/miose). A coloração esbranquiçada é patológica, chama-se leucocoria, pode ser decorrente de catarata, retinoblastoma. Os reflexos fazem parte, em geral, do Exame Neurológico. São eles: fotomotor – contração pupilar à luz; consensual – contração pupilar de um lado pela estimulação luminosa no outro; acomodação-convergência – contração das pupilas e convergência dos globos à medida que se aproxima do nariz um foco luminoso). Os movimentos oculares são examinados solicitando ao ao paciente que movimente os olhos para os lados, para cima, para baixo e cruzadamente, devem-se aos Nervos Oculomotor, Troclear e Abducente. O fundo de olho, realizado com oftalmoscópio, bem como a motricidade dos globos oculares serão objeto de estudo do Exame Neurológico. 1.2.2. Exame do nariz Inspeção Aspecto da pirâmide nasal. Exemplo de deformidades: nariz em sela. Inspeção do conduto nasal, com lanterna e com espéculo. 1.2.3. Exame dos seios da face Inspeção Palpação Percussão Descrever aspecto da pele, sensibilidade nos seios paranasais, frontais e maxilares, etmoidais. Palpação- realizada para pesquisa de dor. Percussão- realizada para pesquisa de dor. 1.2.4. Exame de lábios Inspeção Palpação Descrever cor, forma, textura, elasticidade. 1.4.5. Exame da cavidade bucal Inspeção Palpação Usar o abaixador de língua e luvas, abertura da boca e boa iluminação.. Examinar: mucosa oral (rósea-avermelhada), língua (posição, tamanho, cor, umidade, superfície, textura, movimentos), gengivas (cor, consistência, forma), palatos (inspeção – alteração de cor, forma e motricidade), dentes, glândulas salivares. Bochechas, lábios, soalho da boca (elevação da língua / observar frênulo lingual, papilas sublinguais e prega sublingual / lesões da mucosa oral e da língua), orofaringe, músculos da face (músculos da mímica – n. facial / músculos da mastigação – n. trigêmeo). 1.2.6. Exame das gândulas salivares Inspeção Palpação Descrever localização, tamanho (em cm), consistência, ocorrência dor à palpação, aspecto da pele que as recobre. Glândulas Parótidas - localizam-se abaixo do osso zigomático, sobre o músculo masseter. Seu canal secretor (direito e esquerdo) desemboca na mucosa geniana, ao nível do segundo molar superior. Em geral, não são visíveis nem palpáveis. A palpação é realizada com os dedos indicador, médio e anular justapostos, levemente fletidos, deslizando-os sobre a superfície das mesmas. Exemplos de aumento destas glândulas: parotidite epidêmica, Síndrome de Sjögren, tumores. Glândulas submandibulares- localizam-se abaixo da metade posterior da base da mandíbula. Podem ser palpáveis em alguns indivíduos hígidos. A palpação pode ser realizada através de: a- deslizamento dos dedos indicador e médio levemente fletidos contra o ramo da mandíbula. b- técnica bidigital, com indicador da mão enluvada no assoalho da boca e o outro indicador paralelo ao primeiro, na base da mandíbula. Exemplo de aumentos: adenomas, adenocarcinomas. Glândulas sublinguais- localizam-se no assoalho da boca, próximas às pregas sublinguais, junto às quais drenam seus numerosos ductos excretores (de 10 a 30). Em condições normais, não são palpáveis. 1.2.7. Exame de orelha e aparelho auditivo Inspeção Palpação Otoscopia Analisar cor, forma, consistência, implantação das orelhas. Otoscopia- descrever os condutos auditivos externos e as membranas timpânicas. II. EXAME DO PESCOÇO Inspeção Palpação Ausculta Inspeção: Analisar a posição, simetria, aspecto da pele, tipos constitucionais normolíneo, brevilíneo e longilíneo, mobilidades ativa e passiva (flexão, extensão, rotação e lateralidade serão estudadas no Sistema Osteoarticular), a posição da traquéia e da tireóide (esta em geral, não é visível), batimentos arteriais (exemplo- dança das artérias, na insuficiência da valva aórtica, a ser estudada em Sistema Cardiovascular), turgência e estase das veias jugulares, uni ou bilaterais, pulsáteis e não pulsáteis, nódulos, linfonodos visíveis. 1. Tireoide Inspeção Palpação Ausculta Em condições normais, não é visível, porém, poderá ser palpável, em alguns indivíduos. Localização anatômica- istmo abaixo da cartilagem cricóide, e os lobos lateralmente ao istmo. Sinal de Maranõn: abdução de ambos membros superiores estendidos- se ocorrer predominantemente estase da veia jugular direita,representa um sinal semiotécnico de bocio mergulhante. Técnicas de palpação: A. Paciente sentado e examinador em pé, em abodagem posterior. As mãos e os dedos rodeiam o pescoço com os polegares fixos na nuca e as pontas dos indicadores e médios deslizam sobre glândula tireoide. B. Paciente sentado ou em pé e o examinador à sua frente. O polegar direito palpa o istmo e o lobo direito, por deslizamento, deslocando o músculo esternocleiomastoideo ipsilateral, se necessário. O polegar esquerdo palpa o lobo esquerdo. São descritos se o istmo e os lobos são palpáveis ou não, a consistência (fibroelástica, endurecida, pétrea), se o paciente sente ou não dor, o volume (mais difícil estimar), a altura do istmo e dos lobos em cm, se há nódulos, quantidade, consistência, localização. A ausculta poderá evidenciar sopros, que podem ocorrer em bócios tóxicos, no hipertireoidismo. 2. Vasos arteriais e venosos Inspeção Palpação Ausculta Pulsações arteriais visíveis- exemplo dança das artérias Artéria carótida comum é palpável na borda interna do músculo esternocleidomastoideo. Aorta palpável na fúrcula esternal- com o dedo indicador em garra, sobre a fúrcula esternal- em geral, em indivíduos brevilíneos, pode-se sentir leve pulsação da croça da aorta. Entretanto, a palpação da parede da aorta na fúrcula representa dilatação e ou alongamento da mesma, decorrente de processos patológicos, como, aortite sifilítica, aterosclerose. Ausculta do pescoço poderá evidenciar sopros decorrentes de processos em artérias carótidas (aterosclerose, vasculites), ou irradiações de sons provenientes de valvopatias, como, estenose aórtica, que cursa com sopro em serra, irradiado para o pescoço. Veias jugulares externa e anterior Turgência jugular fisiológica- em decúbito dorsal, até ângulo de 30º com o plano horizontal, e durante fase expiratória, podendo se tornar visíveis ao falar, tossir. Estase jugular pulsátil e não pulsátil Pulso jugular normal e patológico 3. Lifonodos de cabeça e pescoço Inspeção Palpação Cadeias: mentonianas, submandibulares, pré-auriculares, retro-auriculares, cervicais anteriores, posteriores, occipitais, supraclaviculares. EXEMPLO DE DESCRIÇÃO DO EXAME FÍSICO ESPECIAL (Sempre levar em conta os componentes do exame físico: inspeção, percussão, palpação e ausculta, quando se aplicarem). Cabeça Crânio: mesocéfalo, calota craniana sem abaulamentos ou depressões, indolor à palpação. Aparelho Visual: Pálpebras- oclusão ocular presente, ausência de ptose, lagoftalmo, calázio, terçol Sobrancelhas, cílios- presentes, ausência de madarose. Globo ocular –ausência de exoftalmia, enoftalmia (ou endoftalmia) Conjuntivas e córneas- ausência de pterígio e escleras azuladas Mobilidade ocular extrínseca presente, ausência de nistagmo Pupilas isocóricas, reflexos pupilares (fotomotor direto, indireto, acomodação) presentes, simétricos. Glândula lacrimal- ponto lacrimal inferior visível bilateralmente Fundo de Olho- (vasos da retina- cruzamentos patológicos, artérias em fio de cobre e prata, vasoespasmo-), papila (edema), fóvea (estrela macular), exsudatos (algodosos, moles, duros), hemorragia (em chama de vela, em lençol), neoformação vascular (microaneurismas) acuidade visual.(no módulo Sistema Nervoso) Aparelho Auditivo: Orelhas- simétricas, não infiltradas, indolores, ausência de amolecimento das cartilagens. Otoscopia- conduto auditivo externo: descrever se há hiperemia, descamação, otorréia (purulenta, hemorrágica, fungos); membrana timpânica: descrever coloração, triângulo luminoso, abaulamento e retrações, perfurações, cicatrizes, drenos, secreção purulenta. Nariz: Forma- preservada, ausência de colapso do septo nasal (ou nariz em sela) Seios da Face: ausência de dor a palpação e à percussão de seios frontais, etmoidais, maxilares. Mastóides- ausência de dor à palpação e percussão Cavidade Oral Lábios- corados e hidratados, ausência de queilose; gengivas úmidas, ausência de tártaro e sangramentos; dentes em bom estado, ausência de cáries ou falhas dentárias. Língua- papilada, corada, hidratada, em posição e tamanho medianos, aspecto liso, movimentação preservada, frênulo lingual presente; mucosa geniana hidratada, corada; papila dos ductos parotídeos visíveis ao nível do colo dos segundos molares superiores. Faringe: amídalas palatinas- em geral, não visíveis em adultos, idosos. (em crianças, adultos jovens-presentes, simétricas, normo ou hipertróficas, ausência de pontos purulentos e caseo). Pálatos duro e mole corados, movimentação de úvula preservada. Glândulas Salivares: Parótidas- em geral, não palpáveis*. Glândulas submandibulares em geral, não palpáveis*. (*se palpáveis, descrever localização, tamanho em cm, dor à palpação, coloração da pele, consistência, fistulização) Pescoço: Forma- normolíneo, ausência de abaulamentos, retrações, fístulas. Tireoide: inspeção – em geral, não visível (impressão estática e à deglutição), sinal de Maranõn ausente (bócio mergulhante), Palpação- istmo palpável abaixo da cartilagem cricóide, com um cm de altura, lobos palpáveis, altura de três cm, consistência fibroelástica, indolores, ausência de nódulos e sopros. Artérias carótidas - palpação, ausculta. Aorta- palpação na fúrcula esternal Veias jugulares: ausência de turgência e de estase jugular a 45 graus, pulsátil ou não, bilateralmente. Linfonodos- cadeias de cabeça e pescoço Ruído laringo traqueal- propedêutica de torax REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. SEMIOTÉCNICA DA OBSERVAÇÃO CLÍNICA. JOSÉ RAMOS JUNIOR. ED SAVIER; 2ª. REIMPRESSÃO, 7ª EDIÇÃO, 1998. 2. SEMIOLOGIA MÉDICA. PORTO,CC & PORTO,AL. GEN (GRUPO EDITORIAL NACIONAL)/ GUANABARA KOOGAN, 7a Edição, RIO DE JANEIRO, 2014. 3. SEMIOLOGIA GERAL E ESPECIALIZADA. MARTINEZ, JB; DANTAS, M ; VOLTARELLI,JC GEN/GUANABARA KOOGAN, 1a Edição, RIO DE JANEIRO, 2013. 4.http://www.google.com.br/search?q=semiologia+do+exame+f%C3%ADsico+de+cabe%C3%A7a+e+pesco%C3% A7o&ie=utf-8&oe=utf-8&aq=t&rls=org.mozilla:pt-BR:official&client=firefox-a 5.http://www.ebah.com.br/content/ABAAABqmsAG/semiologiae-semiotecnica-ii
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