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Prova Ministério Público do Estado de Roraima - CEBRASPE - 2017 - para Promotor de Justiça.pdf

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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
PROVA DISCURSIVA P3
• Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje, os espaços para rascunho indicados no presente caderno. Em seguida,
transcreva os textos para o CADERNO DE TEXTOS DEFINITIVOS DA PROVA DISCURSIVA P
3
, nos locais apropriados,
pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.
• Qualquer fragmento de texto que ultrapassar a extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Será
desconsiderado também o texto que não for escrito na(s) folha(s) de texto definitivo correspondente(s).
• No caderno de textos definitivos, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha
qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Caso queira assinar seus textos, utilize apenas o nome
Promotor de Justiça Substituto. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente
à identificação do candidato em local indevido.
• Na peça, ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 14,00 pontos, dos quais até 0,70 ponto será atribuído ao quesito
apresentação (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos) e estrutura textual (organização das ideias em texto
estruturado). Em cada questão, esses valores corresponderão a 2,00 pontos e 0,10 ponto, respectivamente.
PEÇA II – PEÇA PROCESSUAL CIVIL
O Ministério Público do Estado de Roraima ajuizou ação civil pública em face da empresa pública
estadual X, concessionária de serviço público e responsável pelo fornecimento de energia elétrica aos
moradores do município Y, em razão dos seguintes fatos.
1 No município Y, tem ocorrido, de forma repetida e reiterada, a interrupção no fornecimento de
energia elétrica, além de oscilação de tensão.
2 Conforme apurado pelo Ministério Público e alegado na petição inicial, os problemas têm sido
causados pela falta de manutenção preventiva e pela grave deterioração do sistema de
fornecimento de energia elétrica.
Na petição inicial, elaborada de acordo com os requisitos formais previstos no CPC, além de ter
requerido a citação da empresa ré, o Ministério Público pediu
1 a concessão da tutela provisória, inaudita altera pars, consistente na obrigação de fazer, para que
a empresa ré adotasse, no prazo de dez dias, providências técnicas eficazes no sentido de
eliminar as constantes oscilações e quedas da energia elétrica fornecida aos moradores do
município Y, sob pena de pagamento de multa no valor de R$ 20.000 a cada ocorrência, a ser
revertido em favor do Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos, além da concessão, ao final
do processo, da tutela em caráter definitivo;
2 a condenação da ré ao pagamento de indenização genérica aos usuários destinatários finais do
serviço que tivessem sofrido prejuízos materiais, com posterior liquidação de sentença a ser
promovida pelos interessados;
3 a total procedência da ação para condenar a requerida à reparação dos danos morais coletivos
decorrentes da deficiência na prestação de serviço público essencial, no valor de R$ 500.000,
montante a ser revertido em favor do Fundo Estadual de Defesa dos Direitos Difusos, conforme
previsão no art. 13 da Lei da Ação Civil Pública;
4 a inversão do ônus da prova em razão da presença dos requisitos previstos na legislação.
Ao examinar a petição inicial, o magistrado indeferiu a concessão da tutela provisória referente
à obrigação de fazer, sob o fundamento de que não era possível demonstrar a culpa da empresa antes
da devida instrução do processo e de que não haveria justificativa plausível para que não se aguardasse
a tutela definitiva quanto a esse pedido. O juiz também rejeitou parcialmente a petição inicial quanto ao
pedido de pagamento de indenização genérica aos usuários que tivessem sofrido prejuízos materiais, sob
o fundamento de ilegitimidade da parte autora para a tutela de direitos individuais, além de ter julgado
liminarmente improcedente o pedido de danos morais coletivos em razão de sua impossibilidade jurídica,
por considerar que essa modalidade de indenização não encontra amparo no ordenamento jurídico pátrio.
Por fim, indeferiu o requerimento de inversão do ônus da prova, tendo apenas mencionado, quanto a
esse ponto, que "não estavam configurados os requisitos para deferimento desse pedido". Dessa forma,
o magistrado determinou a citação da empresa apenas em relação ao pedido de obrigação de fazer
(adoção, no prazo de dez dias, de providências técnicas eficazes no sentido de eliminar, definitivamente,
as constantes oscilações e quedas da energia elétrica).
Na condição de promotor de justiça, elabore a peça judicial cabível para impugnar a decisão junto ao tribunal de justiça do estado.
Ao elaborar a peça, aborde todos os aspectos de direito material e processual pertinentes ao caso. Dispense o relatório e não crie fatos
novos.
CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – PEÇA 2 – PEÇA PROCESSUAL CIVIL – 1/4
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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – PEÇA 2 – PEÇA PROCESSUAL CIVIL – 2/4
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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – PEÇA 2 – PEÇA PROCESSUAL CIVIL – 3/4
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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – PEÇA 2 – PEÇA PROCESSUAL CIVIL – 4/4
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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
QUESTÃO 4
O estado de Roraima editou lei com o objetivo de regulamentar a ocupação, por sociedades
empresárias, de espaços em logradouros públicos de determinada região, concedendo prazo para a
regularização e a ocupação. O Ministério Público do Estado de Roraima (MP/RR), então, ajuizou ação civil
pública contra o estado e várias sociedades comerciais, com vistas a impedir e reprimir a ocupação de
áreas públicas da referida região. Em um dos vários pedidos, o MP/RR arguiu a inconstitucionalidade da
referida lei.
A partir da situação hipotética apresentada e considerando o entendimento dos tribunais superiores, redija, de forma fundamentada,
um texto dissertativo acerca do controle de constitucionalidade na ação civil pública em apreço. Em seu texto, aborde, necessariamente,
os seguintes aspectos:
1 a possibilidade de ajuizamento de ação civil pública com fundamento em controle de constitucionalidade; [valor: 1,00 ponto]
2 a legitimidade do MP/RR para propor a referida ação; [valor: 0,40 ponto]
3 a competência jurisdicional para processar e julgar essa espécie de ação quanto à manifestação sobre a constitucionalidade
da lei. [valor: 0,50 ponto]
CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – QUESTÃO 4
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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
QUESTÃO 5
Após instauração e instrução de processo administrativo disciplinar, a comissão processante de
um órgão público do estado de Roraima concluiu pela absolvição de determinado servidor público desse
órgão por insuficiência de provas. Do exame do relatório da comissão remanesceram dúvidas quanto à
necessidade de continuidade das diligências investigativas, razão por que a autoridade competente
designou nova comissão processante, que, depois de realizar novas diligências instrutórias, concluiu pela
prática de ato de improbidade administrativa que causa prejuízo ao erário o fato de o servidor ter usado
de forma intencional e em seu proveito bem do acervo patrimonial do poder público, o que culmina na
penalidade de demissão.
Considerando essa situação hipotética e o entendimento do STF sobre a matéria, responda, de modo fundamentado, aos seguintesquestionamentos.
1 Foi válida a designação de nova comissão processante? [valor: 0,70 ponto]
2 Foi correta a classificação da conduta do servidor? [valor: 0,60 ponto]
3 É possível que a própria administração pública apure e puna, na esfera disciplinar, servidor público pela prática de ato de
improbidade com base no Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis do Estado de Roraima? [valor: 0,60 ponto]
CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – QUESTÃO 5
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CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
QUESTÃO 6
O Sistema Único de Saúde (SUS) adquiriu de determinada empresa próteses auditivas, que foram
distribuídas para a população em ação de assistência terapêutica à saúde das pessoas com deficiência
auditiva. Próteses de um dos lotes distribuídos apresentavam igual defeito de série, o que ocasionou
agravamento na deficiência auditiva de um determinado grupo de indivíduos beneficiados pela ação do
SUS. Ao tomar conhecimento desse fato, uma entidade de defesa das pessoas com deficiência ajuizou
ação civil pública na justiça estadual de Roraima contra a empresa vendedora e contra o Estado,
requerendo condenação a indenização por danos causados ao grupo de pessoas que recebeu as próteses
defeituosas. O pedido foi julgado improcedente por insuficiência de prova. A entidade não recorreu e a
decisão transitou em julgado. Meses depois, outra entidade de defesa da saúde das pessoas com
deficiência propôs, na justiça estadual do Acre, nova ação civil pública com o mesmo objeto, ou seja,
ação requerendo a condenação da empresa e do Estado por danos causados àqueles que receberam, por
meio da ação do SUS, próteses auditivas com defeito.
Considerando a situação hipotética acima apresentada, atenda ao que se pede a seguir. 
1 Informe a espécie de interesse ou direito que as ações ajuizadas pelas entidades visavam defender. [valor: 0,60 ponto]
2 Apresente as possíveis situações, com relação aos interessados individuais e coletivos, decorrentes de haver coisa julgada
pela improcedência nesse tipo de ação coletiva. [valor: 0,60 ponto]
3 Discorra sobre a viabilidade da demanda proposta na justiça do estado do Acre, conforme a jurisprudência do STJ.
[valor: 0,70 ponto]
CESPE | CEBRASPE – MP/RR – Aplicação: 2017
RASCUNHO – QUESTÃO 6
1
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CONCURSO PÚBLICO 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RORAIMA – MP/RR 
 
CARGO: PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO 
 
PROVA DISCURSIVA P3 – PEÇA 2 – PEÇA PROCESSUAL CIVIL 
 
Aplicação: 4/6/2017 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
Medida cabível 
A medida processual cabível para impugnar todos os capítulos da decisão interlocutória é o recurso de 
agravo de instrumento, cabível em face de decisão interlocutória nos casos expressamente indicados no CPC. No 
caso, a decisão é interlocutória porque, conforme o CPC, sentença “é o pronunciamento por meio do qual o juiz, 
com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum” e decisão interlocutória é 
todo pronunciamento judicial de natureza decisória, em primeiro grau, que não se enquadre na definição de 
sentença (art. 203, § 1.º e 2.º, do CPC). Na hipótese, a fase cognitiva prossegue para exame do pedido não 
analisado em caráter definitivo. 
No caso, cabe agravo quanto ao 
(a) capítulo da decisão que indeferiu o pedido de tutela provisória (art. 1.015. Cabe agravo de instrumento 
contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I ‒ tutelas provisórias). 
(b) capítulo da decisão que rejeitou parcialmente a petição inicial pela falta de legitimidade autoral para um 
dos pedidos (art. 354. Ocorrendo qualquer das hipóteses previstas nos arts. 485 e 487, incisos II e III, o 
juiz proferirá sentença. Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput pode dizer respeito a apenas 
parcela do processo, caso em que será impugnável por agravo de instrumento). 
(c) capítulo da decisão que julgou liminarmente improcedente o pedido de danos morais 
coletivos (art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
(...) II – mérito do processo;). 
(d) capítulo da decisão que indeferiu o requerimento de inversão do ônus da prova (art. 1.015. Cabe agravo 
de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: (...) XI – redistribuição do ônus da 
prova). 
 
Requisitos formais 
 Endereçamento e competência: Turma ou Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado. 
 Indicação do agravante e do agravado. 
 Identificação do rol de peças/documentos cuja cópia é de juntada obrigatória: cópias da petição inicial, da 
contestação, da petição que ensejou a decisão agravada, da própria decisão agravada, da certidão da 
respectiva intimação ou outro documento oficial que comprove a tempestividade e das procurações 
outorgadas aos advogados do agravante e do agravado (art. 1.017, CPC). 
 Requerimento de intimação do advogado da parte contrária para contrarrazões. 
 Fechamento da peça. 
 
 
Recurso quanto ao capítulo referente ao indeferimento da tutela provisória de urgência antecipada 
 Deve ser requerida a reforma da decisão que indeferiu a tutela provisória de urgência antecipada, pois 
estão presentes os requisitos para sua concessão. Assim, o agravante deve demonstrar a existência dos 
seguintes requisitos. 
 
a) Probabilidade da existência do direito: indicação da existência de relação de consumo e da aplicação do 
Código de Defesa do Consumidor (CDC), que determina que “Os órgãos públicos, por si ou suas 
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são 
obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.” 
(art. 22, CDC). Ao contrário do afirmado pelo juiz, a presença de culpa não é relevante porque o 
fornecedor de serviços responde de forma objetiva de acordo com a sistemática prevista no CDC e na CF. 
De acordo com o STJ. (REsp 1396925/MG, Rel. ministro Herman Benjamin, Corte Especial, julgado em 
5/11/2014, DJe 26/2/2015) 
b) Perigo na demora da prestação jurisdicional (novos danos iminentes): a interrupção no fornecimento de 
energia elétrica fere direitos e coloca em risco a vida, a saúde, a segurança e o patrimônio dos 
consumidores, entre outros bens. Assim, fica clara a urgência na concessão da medida pleiteada, de 
modo a prevenir a produção de novos danos. 
 
 Por essas razões, quanto a esse pedido, deve ser requerida a concessão, pelo relator, de tutela 
antecipada em grau recursal, com sua confirmação em decisão final do colegiado. 
 
Recurso quanto ao capítulo em que se rejeitou parcialmente a petição inicial por ilegitimidade ativa 
 Deve ser requerida a anulação da decisão nesse ponto, porque o magistrado se equivocou ao indeferir 
parcialmente a petição inicial em razão da falta de legitimidade para um dos pedidos. Com efeito, a hipótese versa 
sobre direitos individuais homogêneos de consumidores, espécie de direito coletivo em sentido amplo. De acordo 
com o CDC, direitos individuais homogêneos são aqueles decorrentes de uma origem comum e são tutelados 
coletivamente por causa da dimensão do dano, da necessidade de facilitação do acesso à justiça e da efetividade 
da prestação jurisdicional, embora seus titulares sejam pessoas determinadas e seu objeto divisível. 
 O CDC atribui ao Ministério Público legitimidade extraordinária para a defesa de interesses ou direitos 
individuais homogêneos (art. 82, inciso I, c/c o art. 81, parágrafo único, inciso III, CDC). Ademais, o STJ possui 
entendimento reiterado no sentido de que o Ministério Público possui legitimidade para atuar em defesa de direitos 
individuais homogêneos dos consumidores, notadamente quando presente a relevância social da tutela coletiva. 
(AgInt no AREsp 961.976/MG, Rel. ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, julgado em 13/12/2016, 
DJe 3/2/2017). 
 Portanto, demonstradaa legitimidade do Ministério Público, a decisão deve ser anulada, devendo a 
empresa ré ser citada também quanto ao pedido de pagamento de indenização genérica aos usuários 
destinatários finais do serviço que tiverem sofrido prejuízos materiais, com posterior liquidação de sentença a ser 
promovida pelos interessados. 
 
Recurso quanto ao capítulo em que se julgou improcedente o pedido de danos morais coletivos 
 O CPC excluiu a possibilidade jurídica do pedido do rol das condições da ação porque o cotejo do pedido 
com o direito material deve levar a uma solução de mérito, ou seja, à sua improcedência. Na hipótese, contudo, 
deve ser requerida a anulação desse capítulo da decisão porque, ainda que o caso concreto fosse de 
impossibilidade jurídica do pedido, o CPC não autoriza o julgamento liminar do pedido nessa situação. Assim 
dispõe o CPC quanto às hipóteses de julgamento liminar de improcedência do pedido (art. 332, CPC). 
 Além disso, o pedido realizado é plenamente possível sob o ponto de vista jurídico. A reparabilidade do 
dano moral tem previsão constitucional (art. 5.º, inciso X) e infraconstitucional (art. 6.º, incisos VI e VII, do CDC). 
No caso, são patentes os prejuízos de natureza moral causados aos consumidores pela agravada, na medida em 
que há ofensa aos direitos consumeristas, principalmente quando o consumidor é negligenciado quanto a serviço 
público essencial, apesar de adimplente. 
 O dano moral coletivo deve ser compreendido como o resultado de uma lesão à esfera extrapatrimonial de 
determinada comunidade, de classe determinada ou não de pessoas, ocorrendo quando a conduta do ofensor 
agride, de modo totalmente injusto e intolerável, o ordenamento jurídico e os valores éticos fundamentais desse 
grupo ou dessa comunidade. Quanto a esse tema, o STJ, em inúmeros julgados, reconheceu a existência de dano 
moral coletivo. (REsp 1.410.698/MG, Rel. ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 30/6/2015; REsp 
1.057.274/RS, Rel. ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 26/2/2010). 
 Portanto, nesse ponto, a decisão deve ser também anulada, e a parte agravada deve ser citada para se 
manifestar quanto ao pedido de dano moral coletivo. 
 
 
 
 
 
Recurso quanto ao capítulo de indeferimento de inversão do ônus da prova 
 Deve ser requerida a nulidade da decisão por falta de fundamentação. O dever de fundamentação é 
norma processual fundamental (CPC, arts. 12 e 489, § 1.º, III). 
 Os requisitos para concessão da inversão do ônus da prova estão presentes. O CDC (Lei n.º 8.078/1990) 
estipula, em seu art. 6.º, inciso VIII, a possibilidade de “facilitação da defesa do consumidor”, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, quando houver verossimilhança nas alegações ou quando for ele hipossuficiente. 
 No caso, como possui relevante poder econômico e domínio absoluto das questões técnicas, a empresa 
tem significativa vantagem na produção probatória, estando claras a verossimilhança das alegações e a 
hipossuficiência da agravante, que age em nome e no interesse dos direitos transindividuais coletivos (em sentido 
amplo). 
 Ademais, o CPC expressamente adota a teoria da carga dinâmica da prova, e, no caso, a agravada está 
em melhores condições de realizar a prova dos fatos narrados na petição inicial (art. 373, § 1.º). 
 Desse modo, ficam demonstradas também a nulidade da decisão e a presença dos requisitos para a 
concessão da inversão do ônus da prova. 
 
Pedidos no recurso de agravo de instrumento 
 Pedido de conhecimento ou recebimento do recurso de agravo de instrumento. 
 Pedido de reforma da decisão que indeferiu a tutela provisória de urgência antecipada e a concessão, de 
forma monocrática, pelo relator, de tutela antecipada em grau recursal, com sua confirmação em decisão 
final do colegiado. 
 Pedido de anulação dos seguintes capítulos da decisão: (a) rejeição parcial da petição inicial, em razão da 
ilegitimidade ministerial para um dos pedidos; (b) improcedência liminar do pedido de danos morais 
coletivos; e (c) indeferimento de inversão do ônus da prova. 
 
Observação: a jurisprudência e os dispositivos legais citados são ilustrativos. 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RORAIMA – MP/RR 
 
CARGO: PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO 
 
PROVA DISCURSIVA P3 – QUESTÃO 4 
 
Aplicação: 4/6/2017 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
1) É possível ajuizar ação civil pública para declarar a inconstitucionalidade de lei estadual, desde que seja 
incidenter tantum, ou seja, por meio do controle difuso, sendo este o entendimento do Supremo Tribunal Federal, 
conforme se extrai do recurso extraordinário abaixo transcrito. 
 
“Ementa: Recurso Extraordinário. Ação Civil Pública. Controle de Constitucionalidade. Ocupação de 
logradouros públicos no Distrito Federal. Pedido de inconstitucionalidade incidenter tantum da 
Lei n.º 754/1994 do Distrito Federal (...) Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Distrito 
Federal com pedidos múltiplos, dentre eles, o pedido de declaração de inconstitucionalidade 
incidenter tantum da Lei Distrital n.º 754/1994, que disciplina a ocupação de logradouros públicos no 
Distrito Federal (...) A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem reconhecido que se pode 
pleitear a inconstitucionalidade de determinado ato normativo na ação civil pública, desde que 
incidenter tantum. Veda-se, no entanto, o uso da ação civil pública para alcançar a declaração de 
inconstitucionalidade com efeito erga omnes (...)”. (RE 424.993/DF. Relator: min. Joaquim Barbosa. 
Julgamento: 12/9/2007. Tribunal Pleno). 
 
2) O MP/RR tem legitimidade para propor a ação, por tratar-se de controle incidental de constitucionalidade. 
 
3) Todos os órgãos judiciais podem exercer o controle incidental de constitucionalidade. 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RORAIMA – MP/RR 
 
CARGO: PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO 
 
PROVA DISCURSIVA P3 – QUESTÃO 5 
 
Aplicação: 4/6/2017 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
Validade do processo administrativo disciplinar, vinculação ao relatório e possibilidade de designação de 
nova comissão 
 
O STF tem entendido ser possível a realização de diligências instrutórias com a designação de nova comissão 
processante, no caso de, a partir do exame do relatório da primeira comissão, haver motivação e dúvida razoável 
que ampare a continuidade das diligências investigativas. Segundo o princípio da verdade material, a autoridade 
julgadora pode baixar os autos do processo administrativo disciplinar em diligência, dado que, entre outros 
motivos, a autoridade julgadora do processo administrativo disciplinar não se vincula ao relatório da comissão 
processante. 
 
Classificação em improbidade administrativa 
 
O uso, por servidor público, em proveito próprio, de bens integrantes do acervo patrimonial do poder público 
constitui prática de improbidade administrativa que resulta em enriquecimento ilícito, já que o agente aufere 
dolosamente vantagem patrimonial indevida. Portanto, está incorreta a capitulação como ato de improbidade que 
causa prejuízo ao erário. 
 
Apuração e punição de ato de improbidade pela própria administração 
 
Com base na independência das instâncias, ao prever a demissão do servidor que incorre em ato de improbidade 
administrativa, o estatuto dos servidores faz remissão às condutas tipificadas na Lei de Improbidade 
Administrativa, que podem ser apuradas e punidas pela própria administração. Entretanto, na esfera disciplinar, 
somente é reconhecível a prática de ato de improbidade administrativa doloso, nunca culposo. Inclusive, o STF 
reputa correta a capitulação do fato imputado a servidor como improbidade administrativa quando a situação posta 
trata de improbidade por ato de enriquecimento ilícito em que se exige o elemento dolo. 
 
Fontes: 
Maria Sylvia Zanella di Pietro. Direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2015, p. 990; Alexandre Mazza. Manual 
de direito administrativo. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 651; Antonio Carlos Alencar Carvalho. Manual deprocesso administrativo disciplinar e sindicância. 4.ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2014, p. 1.464-5; José 
Armando da Costa. Direito administrativo disciplinar, São Paulo, Método, 2009, p. 537 (“pelo menos na esfera 
disciplinar, somente é reconhecível a prática de ato de improbidade administrativa doloso, nunca culposo.”); e 
STF: RMS 33666/DF, rel. orig. min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão min. Edson Fachin, 31/5/2016. (RMS-33666). 
 
 
CONCURSO PÚBLICO 
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE RORAIMA – MP/RR 
 
CARGO: PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO 
 
PROVA DISCURSIVA P3 – QUESTÃO 6 
 
Aplicação: 4/6/2017 
 
PADRÃO DE RESPOSTA 
 
1 Dos Interesses individuais homogêneos 
Como a empresa causou danos a determinado grupo de pessoas que teria recebido próteses do mesmo lote 
produzido com igual defeito de série, trata-se de interesse ou direito individual homogêneo, assim entendido o 
decorrente de origem comum. Interesses individuais homogêneos são aqueles de grupo de pessoas determinadas 
ou determináveis, que compartilham prejuízos divisíveis, de origem comum, normalmente oriundos das mesmas 
circunstâncias de fato. 
 
2 Coisa julgada pela improcedência dos interesses individuais homogêneos 
Como se trata de ação coletiva que envolve direitos individuais homogêneos, se a decisão for pela 
improcedência (independentemente do motivo), duas situações podem ocorrer: a) os interessados individuais 
que não tiverem intervindo no processo coletivo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título 
individual; e b) interessados coletivos não podem propor nova ação coletiva, mesmo que seja outro legitimado 
coletivo (independentemente de ele ter participado ou não da primeira ação). 
 
3 Propositura de nova demanda 
O STJ firmou entendimento no sentido de que, após o trânsito em julgado de decisão que julga improcedente ação 
coletiva proposta em defesa de direitos individuais homogêneos, independentemente do motivo que tenha 
fundamentado a rejeição do pedido, não é possível a propositura de nova demanda com o mesmo objeto por outro 
legitimado coletivo, ainda que em outro estado da Federação. 
 
Fontes: 
Hugo Nigro Mazzilli. A defesa dos interesses difusos em juízo. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 56-62. 
STJ: REsp 1302596/SP, Recurso Especial 2012/0004496-3, Relator Ministro Paulo De Tarso Sanseverino, Relator 
para Acórdão Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Segunda Seção, DJe 1.º/2/2016; e Recurso Especial 
N.º 931.513 – RS (2007/0045162-7), Primeira Seção, Julg. 25/9/2009. 
CDC: art. 81, II e inciso III, cc com o § 2.º do art. 103. 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo 
individualmente, ou a título coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
(...) 
III – interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum. 
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada: 
(...) 
III – erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus 
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81. 
(...) 
§ 2.° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do pedido, os interessados que não tiverem 
intervindo no processo como litisconsortes poderão propor ação de indenização a título individual.

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