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PEDIATRIA 1. EMBRIÃO X FETO - Embrião – fecundação até a 8ª semana. - Feto – a partir da 9ª – os folhetos embriionários começam a formar tecidos, órgãos e sistemas. 2. DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO 1) FERTILIZAÇÃO - Ocorre na ampola da tuba, por meio que sinais químicos secretados pelo ovócito e células foliculares. Demora em torno de 24 horas e termina na metáfase I. - Hialuronidase do acrossoma do sptz facilita a passagem pela corona radiata > penetração na zona pelúcida (ligação por meio de receptores com oligossacarídeos) > reação zonal (não passa mais sptz) > cariogamia (fusão das membranas do sptz e ovócito) > termina a meiose II do ovócito e se forma o pronúcleo feminino e masculino > zigoto 2) CLIVAGEM - Ocorre 30 horas após fecundação > divisões mitóticas que resultam em blastômeros totipotentes > mórula (12- 32 blastômeros) 3) BLASTOCISTO - 4 dias após a fecundação > trofoblasto (camada externa que forma a parte embrionária da placenta) e embrioblasto (embrião) 4) NIDAÇÃO - 6 dias após fertilização. Blastocisto adere ao endométrio devido as intgrinas do blastocisto que se ligam aos receptores de colágeno, laminina, fibronectina, ácido hialurônico. - Trofoblasto se divide em citrotrofoblasto (camada interna de células) e sincício (externa – invagina para o endométrio e produz hCG – mantem o corpo lúteo). 3. CRESCIMENTO/PESO INTRAUTERINO (CIU) - O CIU corresponde ao período em que se atinge maior velocidade de crescimento de toda a vida → por volta de 20 semanas da gestação, o feto cresce 2,5 cm em 1 semana. OBS.: compreende tanto o crescimento embrionário (1º trimestre; hiperplasia celular) como fetal (fim da embriogênese até o nascimento; hipertrofia celular). No ultimo trimestre de gestação, a hiperplasia diminui e a hipertrofia continua a aumentar. GANHO PONDERAL / AVALIAÇÃO DO PESO IU - Para avaliação do peso intrauterino, utiliza-se gráfico com curva relacionando peso ao nascimento e IG; - A curva de crescimento não é uniforme durante todo o período de gestação, e a velocidade de ganho ponderal apresenta 4 períodos → TABELA; - Considera-se como crescimento intrauterino adequado (CIU) quando o peso para determinada IG situa-se entre o percentil 10 e 90, classificando, consequentemente, o RN em AIG, PIG e GIG; - As curvas mais utilizadas são as de Lubchengo e de Alexander (inúmeros autores passaram a apresentar curvas de crescimento intrauterino, tornando-se clássicas as de Lubchenco, Gruenwald, Usher e Mac Lean, Babson e Benda, Williams). OBS.: o Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR) é definido quando a curva de peso fetal afasta-se do percentil 10. - Frequentemente os termos CIUR e PIG são usados como sinônimos, mas essa prática é incorreta: O termo PIG indica RN com peso abaixo do percentil 10 → medida estática, que leva em consideração apenas o peso de uma determinada IG após o nascimento; O RN com CIU apresenta uma curva de peso abaixo do percentil 10 decorrente de processo patológico intra-útero → medida evolutiva, secundária a um processo de doença que prejudica o ganho ponderal fetal, que pode ser de origem materna – doença hipertensiva específica da gravidez ; placentária – placenta prévia; ou do próprio feto – anomalias cromossômicas. - De modo simplificado pode-se dizer que a maioria dos RN com CIUR é PIG, mas nem todo PIG é um CIU; - O CIUR pode ser classificado de acordo com a patologia: Tipo I – Simétrico ou intrínseco ou proporcional ou hipoplásico: ocorre em 20% dos casos, sendo decorrente de fatores etiológicos que atuam no início da gravidez, na fase de hiperplasia celular, reduzindo o número de células dos órgãos. os principais fatores etiológicos são as infecções maternas (TORCH), as alterações cromossômicas e as malformações congênitas. Fetos pequenos e Geralmente não apresentam hipóxia neonatal; Tipo II – Assimétrico ou desproporcional: ocorre em 75% dos casos, sendo geralmente decorrente de insuficiência placentária. A agressão ocorre desde o início do 3º trimestre da gravidez, na fase de hipertrofia celular, determinando déficit no crescimento celular (hipotrofia). Como consequência observa-se desproporção entre o crescimento do polo cefálico e do tronco e membros. Essa desproporção resulta da redução da circunferência abdominal, uma vez que o fígado, principal órgão afetado tem seu crescimento Arthur Rodrigues | @arthurnamedicina | Problema 01 prejudicado pelo maior consumo de glicogênio, caracterizando os fetos como magros, com estatura normal e polo cefálico proporcionalmente grande. Nessa fase de hiperplasia ocorre redução da oferta de nutrientes que determina redistribuição dos fluxos sanguíneos para privilegiar órgãos como cérebro, coração e suprarrenais. Podem apresentar hipóxia e hipoglicemia; Tipo III – Intermediário ou misto: responde por 5% a 10% dos casos, sendo consequente a processos de agressão tanto na fase de hiperplasia quanto na de hipertrofia do crescimento celular. Os principais fatores etiológicos são desnutrição materna e consumo de drogas ilícitas, álcool, fumo e cafeína. O diagnóstico clínico do tipo III é difícil, sendo geralmente os RN classificados como tipo I ou II. CRESCIMENTO EM COMPRIMENTO - É influenciado pelo estado nutricional, pelo tamanho do útero e pelo ambiente metabólico: Hormônios como o IGF-1 e suas proteínas ligadoras têm importância fundamental no crescimento do feto; O GH e hormônios tireoidianos não parecem ter importante participação no crescimento do feto → evidenciado por crianças com deficiência congênita de GH ou hipotireoidismo, que apresentam peso e estatura normais ao nascimento (> influência no crescimento pós-natal). - A fase de maior crescimento do indivíduo acontece no período pré-natal, com velocidade de crescimento (VC) média de: 1,5cm/semana no 1º trimestre; 2,5cm/semana no 2º trimestre; 0,5cm/semana no 3º trimestre. FATORES DETERMINANTES NO CRESCIMENTO IU - Oferta materna de substratos – glicose, proteínas, ag, b9, genoma (inicialmente apenas o genoma), no fim da gestação estado nutricional e hormonios aumentam influência. Obs: t4 e trh passam para o feto mas não tem grande efeito no crescimento fetal (apenas neuronal e osseo). Glicocorticoides desenvolvem sistemas enzimáticos e surfactantes, mas provocam inibição de igf. 1) FATOR GENÉTICO: 2) FATOR HORMONAL - O crescimento pré-natal é regulado principalmente por mecanismos hormonais que dependem da disponibilidade de nutrientes e da ação parácrina e autócrina dos fatores de crescimento. Enquanto que o crescimento pós-natal é regulado principalmente pelo eixo hipotálamo-hipofisário. a) Somatotropina coriônica humana ou Hormônio lactogênico placentário (hCS): produzido pela placenta, junto com gonadotrofina coriônica humana (hcg). É semelhante ao GH e é responsável por estimular IGF, suprir demandas de glicose e aminoácidos, diminuir sensibilidade à insulina, liberar agl das reservas de gordura da mãe (energia alternativa). A placenta também produz fatores de crescimento IGF I e II. b) IGF I e desenvolvimento fetal: proliferação e diferenciação celular. No início da gestação, IGF2 (estimulado por hcs) são mais altos que I. Depois IGF1 é mais prevalente (regulado pelo eixo glicose-insulina-igf) | placenta transfere glicose > estimula insulina fetal > aumenta igf. | Pós natal: Gh é o principal regulador de igf para o crescimento linear (fígado produz). Na circulação, o igf se liga aos igfpb. c) Alterações metabólicas na gestante: 1ª metade – estado anabólico e o feto não representa uma sobrecarga nutricional grave. 2ª – no terço final, os pesos fetal e placentário aumentam aceleradamente, elevando as necessidades calóricas. Metabolismo glicídico – a gravidez é potencialmentediabetogênica com leve hiperinsulinemia, com consequente hipoglicemia em jejum e hiper pós prandial. – No início, a glicemia materna diminui de 10 a 20%. À medida que as exigências fetais vão aumentando, as reservas maternas de glicose são mobilizadas pela hiperinsulinemia: não pode ser explicada por alterações do seu metabolismo (pois a semi-vida não está alterada) acredita-se que o estrogênio, progesterona e lactogénio placentário humano (hCS) sejam responsáveis pela hipertrofia, hiperplasia e hipersecreção das células β na gravidez (mecanismo não totalmente esclarecido); como resultado da hiperinsulinemia: a. Em grávidas saudáveis ocorre hipoglicemia em jejum, possivelmente devido ao aumento da insulina em circulação; b. Ocorre uma hiperglicemia e hiperinsulinemia prolongadas, com maior supressão do glucagon, após uma sobrecarga oral de glicose → o propósito deste mecanismo é, provavelmente, assegurar um suprimento mantido de glicose ao feto no período pós-prandial. OU SEJA... - A grávida primeiro forma reservas lipídicas e de glicogênio (1ª ½ gravidez) para depois poder fornecer glicose para o feto (2ª ½ gravidez). DESENVOLVIMENTO DE DIABETES GESTACIONAL - a grávida alterna rapidamente de um estado pós- prandial (↑glicose plasmática), para o estado de jejum (↓glicemia e aminoácidos, como a alanina); também os níveis de ácidos graxos livres, triglicerídeos e colesterol (pela ação do hCS: lipólise) são mais elevados na grávida durante o estado de jejum → Assim parece haver um desvio de substratos metabólicos, dos glicídios para os lipídeos; - Assim, a diminuição da tolerância à glicose observada em algumas grávidas resulta do: aumento da resistência periférica à insulina + incapacidade pancreática para se adaptar ao estado gravídico com o necessário aumento de produção insulínica → situação clínica denominada por diabetes gestacional que regride após a gravidez. 3) FATOR NUTRICIONAL - Leva-se em conta não só o estado nutricional materno, mas também a capacidade placentária de transferir nutrientes; - Doenças maternas e alterações placentárias podem interferir nesse processo de aporte nutricional, interferindo também no CIU. a) Nutrição do embrião - A progesterona secretada pelo corpo lúteo ovariano tem efeito sobre o endométrio uterino, convertendo as células do estroma endometrial em grandes células inchadas contendo quantidades extras de glicogênio, proteínas lipídios e mesmo alguns minerais necessários ao desenvolvimento do concepto → essas células são agora chamadas de células decíduas, e a massa total de células é denominada decídua; - Os nutrientes armazenados na decídua são usados pelo embrião para crescimento e desenvolvimento: Durante a primeira semana após a implantação esse é o único meio pelo qual o embrião consegue obter nutrientes; Ele continua a receber parte de sua nutrição por este meio até a 8ª semana. - Uma mulher normalmente absorve cerca de 10% do ferro presente nos alimentos consumidos. - Além do mais, o feto armazena ferro durante o último mês ou nos dois últimos de gestação; - A gravidez dobra a necessidade feminina de folato (ácido fólico ou folacina). A deficiência em folato pode resultar em anemia megaloblástica, que ocorre mais frequentemente no último trimestre da gravidez. - As grávidas também têm um aumento na necessidade de vitamina B6 e B12. A vitamina B6 pode ser suprida pelo consumo de mais grãos integrais, leite, gemas e órgãos (fígado, rins, miolos, etc). - A vitamina B12 ocorre somente em alimentos de origem animal. Mulheres grávidas adultas necessitam de 400mg a mais de cálcio diariamente. Quase todo o cálcio extra vai para os ossos do bebê. Esta necessidade geralmente é suprida pelo aumento do consumo de mais produtos lácteos: Se não houver cálcio suficiente na dieta materna, o feto pode retirar o cálcio dos ossos da mãe → osteopenia na mãe; é perdido em menor quantidade na urina e fezes, e a sua passagem através da placenta para o feto é facilitada; - A conduta sobre ganho de peso durante a gravidez mudou nos últimos anos: No passado, grávidas eram instadas a ganhar cerca de 7,5kg. Pensava-se que um ganho maior estava relacionado a certo número de problemas → toxemia (também chamada de Hipertensão Induzida por Gravidez), uma condição de origem desconhecida, que ocorre após a 20ª semana de gravidez e que envolve pressão sanguínea alta + proteinúria ou retenção hídrica ou ambos; Embora um grande ganho de peso rápido, retenção hídrica e elevação da pressão sanguínea continuem a ser reconhecidos como sinais perigosos de toxemia, a maioria dos médicos concordam que o ganho de peso por si só não causa toxemia. As consequências na restrição do ganho de peso, de fato, parecem ser potencialmente mais perigosas, particularmente ao feto, que o ganho de peso sem restrição, mesmo em mulheres que estejam com sobrepeso pré- gravidez; - A alimentação deve ser bem monitorada; a ingestão baixa em calorias pode resultar em quebra (lise) da gordura armazenada na mãe, conduzindo à produção de cetonas no seu sangue e urina → a produção crônica de cetonas pode resultar em uma criança com retardo mental. Por estes motivos, a Academia Nacional de Ciências dos EUA recomenda que grávidas consumam uma média de 150 kcal a mais por dia no primeiro trimestre e 350kcal a mais por dia nos dois trimestres subsequentes. 4. DADOS ANTROPOMÉTRICOS ESPERADOS AO NASCER PESO AO NASCER (PN) - é a primeira medida de peso do feto ou RN obtido preferencialmente durante a primeira hora pós- nascimento, antes que ocorra significativa perda de peso pósnatal; - Além da classificação relacionada à idade gestacional (IG), os RN também podem ser classificados de acordo com o PN, sendo considerados, independentemente da IG: a) RN de baixo peso ao nascer (BPN): entre 1,5- 2,499kg; o CID-10 (1995) classifica dois subgrupos: - RN de muito baixo peso (MBP): de 1-1,5kg; - RN de extremo baixo peso (EBP): PN < 1kg. b) RN de peso adequado ao nascer: entre 2,5-4,499kg, que se subdivide em: - Peso insuficiente: 2,5-2,999kg; - Peso normal: 3,0-3,999kg; - Peso elevado: 4,0-4,499kg; c) RN de tamanho excessivamente grande: PN ≥ 4,5kg PESO x IG a) Adequados para a idade gestacional (AIG): quando o peso se encontra entre os percentis 10 e 90. b) Pequenos para a idade gestacional (PIG): abaixo do percentil 10; c) Grandes para a idade gestacional (GIG), quando o peso está acima do percentil 90 para IG. - O RN pode ser PIG em consequência de: constituição genética, infecções crônicas durante a gravidez, hipertensão materna, disfunções placentárias, malformações congênitas, síndromes cromossômicas, dentre outras. O grupo de RN PIG, conforme denominação do CID-10, compreende dois subgrupos: P05.0 (RN PIG): com PN abaixo do percentil 10, porém com estatura acima do percentil 10 para a IG; P05.1 (RN PIG): peso e estatura ao nascer abaixo do percentil 10. - O RN pode ser GIG por: constituição genética ou em consequência de diabetes materno. O filho de mãe diabética apresenta um risco aumentado para mortalidade perinatal, prematuridade, asfixia, hipoglicemia precoce, distúrbios respiratórios, tocotraumatismos, infecções e malformações congênitas. O CID-10 subdivide o grupo em: P08.1: outros RN GIG (exclui RN > 4.500 g). P70.0: RN de mães com diabete gestacional; P70.1: RN de mães diabéticas. COMPRIMENTO - O termo “comprimento” é usado para determinar o crescimento linear em crianças até 2 anos; a partir de então utiliza- se o termo “altura”. A “estatura”, por sua vez, se refere a ambos os termos; - Medida do comprimento/altura: Até os 2 anos: o comprimento é medido com a criança deitada, colocando-sea régua em contato com o vértice da cabeça e sobre a sola dos pés em ângulo de 90° (pernas bem estendidas e pé em posição neutra) → medida cabeça-calcanhar; Após os 2 anos: a altura é medida com a criança de pé, apoiando-se a região occipital e os calcanhares sobre a régua vértice (estadiômetro). - O comprimento do RN é de aproximadamente 50cm. PERÍMETROS a) cefálico 1) O PC é obtido com o uso de uma fita métrica que passa entre a glabela e a protuberância occipital externa, com cuidado para não se passar pelo pavilhão auricular; 2) Deve-se ter cautela na medida do perímetro cefálico quando a criança tem cabelos espessos ou orelhas proeminentes ou ainda quando está usando grampos nos cabelos, para que esses não aumentem falsamente a medida; - A medida deve ser realizada prioritariamente durante os 3 primeiros anos de vida, pois reflete o crescimento cerebral; nos primeiros meses de vida é útil para identificação de desvios do desenvolvimento neurológico; - Valores: Para a definição de microcefalia, o MS adotou desde o início da investigação, visando a identificar o maior número de recém-nascidos (RN), o parâmetro mais sensível (PC 33 cm), posteriormente 32 cm; Em agosto de 2016, o MS alinhou-se às recomendações da OMS, que passou a considerar para as primeiras 24 a 48 horas de vida os parâmetros da tabela de referência InterGrowth, para ambos os sexos e 37 semanas de gestação, o perímetro cefálico de 30,24cm (ou 31,5) para meninas e 30,54cm (ou 31,9) para meninos. - O PC aumenta aproximadamente 10cm no primeiro ano, ocorrendo, a partir daí, uma desaceleração (esse aumento coincide com a grande velocidade de crescimento do SNC nos primeiros meses de vida). b) PERÍMETRO TORÁCICO (PT) - é a circunferência torácica medida no nível dos mamilos. A medida entre os mamilos chama-se distância intermamilar, que pode estar aumentada na síndrome de Turner, por exemplo; - Ao nascimento: em torno de 30-33cm, sendo 2-3cm menor que o PC; c) PERÍMETRO ABDOMINAL - deve ser aferido logo acima do umbigo; - Ao nascimento: em torno de 30cm, sendo 1-2cm menor que o PT. - A aferição dos dados antropométricos é realizada após a primeira hora do nascimento, podendo ser postergados e realizados no momento antes do primeiro banho e comparar essas medidas com curvas padrões; - Essa primeira avaliação do RN realizada na sala de parto tem como objetivos determinar a vitalidade, fatores de risco, detecção precoce de malformações congênitas, traumas obstétricos e distúrbios cardiorrespiratórios que possam comprometer a saúde do neonato. CLASSIFICAÇÃO QUANTO IDADE GESTACIONAL - RN Pré-termo: RN < 37 semanas; em virtude de diferenças marcantes, encontradas no que diz respeito às manifestações clínicas e ao desfecho prognóstico após o nascimento (morbimortalidade), dois grupos de RN pré-termo apresentam denominação específica: o Pré-termo extremo: RN < 28 semanas; o Pré-termo precoce: RN entre 28-33 semanas e 6 dias; o Pré-termo tardio: RN entre 34-36 semanas e 6 dias; A termo: RN entre 37 e 41 semanas e 6 dias: o A termo precoce: RN entre 37-38 semanas e 6 dias; o A termo adequado: RN entre 39-40 semanas e 6 dias; o A termo tardio: RN entre 41-41semas e 6 dias; Pós-termo: RN ≥ 42 semanas OBS: PREMATURO (OBJETIVO 9): A OMS recomenda a nomenclatura de pré-termos para crianças que nascem com idade gestacional menor que 37 semanas. Portanto, o nascimento prematuro é definido como todo nascimento que ocorre antes de 37 semanas de idade gestacional ou menos de 259 dias, contados a partir do primeiro dia do último período menstrual da mulher. Principais causas: Has gestacional, dm gestacional, parto prematuro anterior, doenças uterinas (miomas, mal formação, insuficiência do colo, infecções maternas (itu, vaginal, sistêmicas). 5. SALA DE PARTO CUIDADOS INICIAIS – PREPARO PARA A ASSISTÊNCIA 1) Anamnese materna: condições clínicas (dm, has), intercorrências, gestação múltipla, alterações de volume (amnion), problemas com vitalidade fefal > chamam atenção para possibilidade de reanimação. 2) Disponibilização e preparo de material necessário e equipe treinada para reanimação neonatal: a) Todo material necessário para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível, em local de fácil acesso, antes do nascimento. Esse material é destinado à manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações; b) É fundamental que pelo menos um profissional capaz de iniciar de forma adequada a reanimação neonatal esteja presente em todo parto. Quando se antecipa o nascimento de um concepto de alto risco, podem ser necessários dois a três profissionais treinados e capacitados a reanimar o RN de maneira rápida e efetiva; c) No caso do nascimento de gemelares, deve-se dispor de m aterial e equipe próprios para cada criança. - Para a recepção do RN, utilizar as precauções-padrão que compreendem a lavagem/higienização correta das mãos e o uso de luvas, aventais, máscaras ou proteção facial para evitar o contato do profissional com material biológico do paciente. AVALIAÇÃO DA VITALIDADE - Imediatamente após o nascimento, a necessidade de reanimação depende da avaliação rápida de quatro situações referentes à vitalidade do concepto, sendo feitas as seguintes perguntas: 1) Gestação a termo? 2) Respirando ou chorando? 3) Tônus muscular bom? - Se a resposta é sim a todas as perguntas → RN com boa vitalidade e não necessita de manobras de reanimação; - Atualmente, a avaliação independe do aspecto do líquido amniótico (meconial ou não). - A reanimação depende da avaliação simultânea da respiração e da frequência cardíaca (FC) → VER FLUXOGRAMA: A FC é o principal determinante da decisão de indicar as diversas manobras de reanimação. Logo após o nascimento, o RN deve respirar de maneira regular, suficiente para manter a FC > 100 bpm; A FC deve ser avaliada por meio da ausculta do precórdio com estetoscópio. Se há necessidade de qualquer procedimento de reanimação, a avaliação da FC é feita por meio do monitor cardíaco com 3 eletrodos; A ausculta precordial, a palpação do cordão e o sinal de pulso na oximetria podem subestimar a FC. BOLETIM DE APGAR - Não é utilizado para determinar o início da reanimação (que podem ser iniciada antes do 1º minuto de vida) nem as manobras a serem instituídas no decorrer do procedimento. No entanto, sua aplicação permite avaliar a resposta do RN às manobras realizadas e a eficácia dessas manobras: Podem receber notas entre 0 e 2, somando um total de 10 pontos; Realizada no 1º e no 5º minuto de vida do RN, sendo que o 5º minuto orienta à intensidade de qualquer agravo sofrido pelo RN; Se o escore é inferior a 7 no 5º minuto, recomenda-se realizá-lo a cada 5 minutos, até 20 minutos de vida; Um escore de APGAR < 7 no 5º minuto de vida indica depressão do SNC, e < 4, depressão grave do SNC. CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL - Se, ao nascimento, o RN é de termo, está respirando ou chorando, com tônus muscular em flexão, independentemente do aspecto do líquido amniótico meconial, indica-se o CLAMPEAMENTO TARDIO do cordão umbilical: Clampeamento precoce: definido como aquele feito até 60 segundos após a extração completa do concepto; Clampeamento tardio: tem definição variável, com mínimo de 60 segundos até alguns minutos após cessar a pulsação do cordão: o Para RN a termo, o clampeamento tardio melhora as reservas de ferro nos primeiros meses, sendo benéfico com relação aos índices hematológicos na idade de 3 a 6 meses (período que normalmente se desenvolve anemia), embora possa elevar a necessidade de fototerapia por hiperbilirrubinemia indireta na primeira semana de vida peloaumento dos níveis de hemoglobina no RN; o Recomenda-se, portanto, que, no RN a termo, saudável e com boa vitalidade ao nascer, o clampeamento seja efetuado 1 a 3 minutos depois da extração do concepto do útero materno (preferencialmente entre 30-60 segundos segundo a American College of Obstetricians and Gynecologists - ACOG). - Até que seja feito o clampeamento, o neonato pode ser posicionado no abdome ou tórax materno durante esse período. COMO É REALIZADO? Coloca-se uma pinça a 2-3cm do abdome do bebê e outra a 3 cm de distância da primeira, cortando-se entre ambas; Envolve-se o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico; Verificar a presença de duas artérias e de uma veia umbilical, pois a existência de artéria umbilical única pode associar-se a anomalias congênitas. OBS.: Estudo recente sugere que, em neonatos que não iniciam a respiração ao nascer, o clampeamento tardio do cordão pode retardar o início da ventilação com pressão positiva, com maior chance de admissão em unidade de cuidados intermediários/intensivos ou morte no primeiro dia de vida. Assim, não existem evidências do benefício do clampeamento tardio nessas situações. Vale notar que, também, não existem evidências da segurança e eficácia da ordenha de cordão em comparação ao clampeamento precoce ou tardio de cordão, no RN a termo → pode levar à hiperbilirrubinemia. ASSISTÊNCIA AO RN A TERMO COM BOA VITALIDADE - Em situações de boa vitalidade ao nascer (sem necessidade de reanimação), o RN deve continuar junto de sua mãe depois do clampeamento do cordão umbilical; nesse momento, deve-se: Prover calor: para manter a temperatura corporal entre 36,5-37,5ºC (normotermia) deve-se garantir a temperatura ambiente na sala de parto entre 23-26ºC, secar o corpo e o segmento cefálico com compressas aquecidas e deixar o RN em contato pele-a-pele com a mãe, coberto com tecido de algodão seco e aquecido; Cuidar para manter as vias aéreas pérvias: sem flexão ou hiperextensão do pescoço, verificando se não há excesso de secreções na boca e nariz; Avaliar a vitalidade do RN de maneira continuada: avaliar, inicialmente, a frequência cardíaca (FC) com o estetoscópio no precórdio, o tônus muscular e a respiração/choro. Depois, de maneira continuada, observar a atividade, o tônus muscular e a respiração/choro do RN; Estimular o contato da mãe com o bebê: O contato pele a pele com a mãe imediatamente após o nascimento reduz o risco de hipotermia em RN a termo com boa vitalidade, desde que cobertos com campos pré-aquecidos; Nesse momento, pode-se iniciar a amamentação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno seja iniciado na primeira hora de vida, pois se associa a um período maior de amamentação, melhor interação mãe-bebê e menor risco de hemorragia materna. MÉTODO DE CREDÉ, VIT. K E ANTROPOMETRIA - Quando as condições clínicas do RN forem satisfatórias, os seguintes procedimentos devem ser realizados: a) Profilaxia antigonocócica obrigatória com nitrato de prata a 1%: a. Retirar o vérnix da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer outra solução salina; b. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho e massagear suavemente as pálpebras deslizando- as sobre o globo ocular para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva; c. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento; d. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras; e. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. b) Administração de 1mg de vitamina K hidrossolúvel via IM (vasto lateral da perna esquerda): a. Catalisa a síntese de protrombina no fígado, necessária a coagulação sanguínea, prevenindo a doença hemorrágica do RN; b. Realizar ao nascimento; c) Antropometria: realizar exame físico simplificado, incluindo peso, comprimento e os perímetros cefálico, torácico e abdominal. EXAME FÍSICO - dividido nas seguintes etapas: 1) PELE - deve-se observar descamações fisiológicas que acometem principalmente os pés e mãos de recém- nascidos pós-maturos. Além disso, deve-se avaliar a (01) presença de Nevus pigmentosus (mancha mongólica), semelhante à pequena equimose comum na região sacra, que desaparece durante a infância; (02) escleredema ou edema endurecido não depressível, mais frequentemente visto em infecções neonatais graves e cardiopatias com débito cardíaco diminuído; (03) presença de petéquias que não desaparecem à digitopressão e são de etiologia mecânica (traumatismo), fragilidade capilar (infecção) ou plaquetopenia; (04) e hemangioma plano, que são manchas vermelho-violáceas mais comumente observadas na nuca, região frontal e pálpebras superiores, que desaparece em alguns meses. 2) CRÂNIO: - deve-se medir o perímetro cefálico para observar microcrania (sugestivo de anencefalia ou microcefalia) e macrocrania (sugestivo de hidrocefalia). Além disso, deve-se observar a (01) presença de céfalo- hematomas, de consistência mais elástica que aparece em horas ou meses após o parto, sendo consequência de traumatismo e possuindo localização parietal; (02) as fontanelas devem medir de 1 a 4 cm, avaliando-se também a tonicidade da fontanela; (03) avaliar a consistência dos ossos do crânio; (04) e observar se há presença de encefalocele, que é a exteriorização do tecido nervoso por defeito nos ossos do crânio, mais comum em nível occipital. 3) FACE: - observar simetria, aparência sindrômica, implantação das orelhas, distância entre os olhos (hipertelorismo ou hipotelorismo, respectivamente, aumento e diminuição da distância entre os olhos), tamanho do queixo e aspecto do nariz e língua. Nos ouvidos, o exame físico consiste em avaliar a forma, tamanho, implantação da orelha, audição e observar a presença de apêndices pré-auriculares. Nos olhos, deve-se observar se o RN consegue abrir os olhos, além de ser necessário palpar o globo ocular e verificar o reflexo vermelho usando o oftalmoscópio; além disso, o exame dos olhos é complementado pela observação de pupila branca (sugestivo de catarata congênita, retinoblastoma, etc.), estrabismo, secreção ocular e opacificação da córnea. No nariz, o exame físico consiste em avaliar forma, tamanho, permeabilidade, canal nasolacrimal e secreção nasal (se for sanguinolenta, deve-se pensar em sífilis congênita). Por fim, na boca, deve-se observar coloração dos lábios, integridade do palato e dos lábios, consistência da língua, presença de dentes e úvula bífida. 4) PESCOÇO: - deve-se pesquisar massa, fístulas, mobilidade e excesso de pele ao exame físico. Além disso, é de vital importância observar a presença de bócio congênito no RN, geralmente de causa idiopática ou por suplementação de iodo pela mãe durante a gestação; esse bócio geralmente é de consistência elástica em forma de colar cervical e pouco móvel, podendo causar obstrução respiratória. Há também a pesquisa de torcicolo congênito, observando a contratura do músculo esternocleidomastóideo que se estende até a 2ª semana de vida, possuindo resolução rápida e espontânea na maioria dos casos 5) TÓRAX: - deve-se medir o perímetro torácico do RN a termo que, em média, é de 1cm a 2cm menor que o perímetro cefálico. Discretas retrações subcostais e intercostais são comuns em RNs sadios pela elasticidade das paredes torácica, enquanto que retrações supraclaviculares são sempre patológicas. Nas clavículas, deve-se observar a presença de fraturas e nas mamas, verificar a assimetriae distância intermamilar, além de mamilos supranumerários. 6) AVALIAÇÃO CARDÍACA: - deve-se obedecer à seguinte ordem: (01) na inspeção, observar a presença de cianose, abaulamento precordial, turgência jugular, localização e tamanho do ictus cordis e o padrão respiratório (taquipneia, dispneia e a amplitude respiratória); (02) na palpação, aferir os pulsos nos 4 membros e comparar os pulsos entre membros superiores e inferiores; (03) aferição da pressão arterial em braço e perna direita, tendo como pressão normal no RN atermo os valores entre 25 mmHg e 30 mmHg, enquanto que no RN prematuro esse valor gira em torno de 15 mmHg a 25 mmHg; (04) ausculta cardíaca, observando a presença de B1 e B2, avaliar som, intensidade, ritmo, frequência e presença de desdobramentos fisiológicos de acordo com cada foco; (05) e identificar a presença de sopros, se é sistólico, diastólico ou contínuo, e informar o timbre (suave, rude ou aspirativo). 7) PULMONAR - deve-se prosseguir da seguinte forma: (01) na inspeção, avaliar o padrão respiratório quanto à frequência respiratória do RN, a amplitude dos movimentos respiratórios, retração xifoidiana, batimentos de asas do nariz, estridor respiratório e gemidos; (02) na ausculta bilateral e comparativa, deve-se auscultar as regiões axilares e avaliar a presença de crepitações, roncos e diminuição do murmúrio vesicular normal. 8) ABDOMINAL - deve-se prosseguir da seguinte forma: (01) na inspeção, observar a presença de abaulamento supraumbilical (atrésia duodenal ou distensão gástrica), abaulamento infraumbilical (distensão da bexiga) e a presença de circulações colaterais; (02) na palpação, deve-se avaliar o fígado, baço, rins, bexiga e massas, além de pesquisar a presença de ascites; (03) e na ausculta abdominal, pesquisar a presença dos ruídos hidroaéreos nos quatro quadrantes superiores e inferiores do abdominal, pois sua ausência significa íleo paralítico. No exame da coluna vertebral, colocar o RN em decúbito ventral para a procura de tumores, hipertricose, manchas hipercrômicas e seio pilonidal, correndo os dedos pela coluna. 9) APARELHO GENITAL - deve-se prosseguir da seguinte forma: (01) para RNs do sexo masculino, verificar o comprimento do pênis, o orifício uretral, prepúcio, testículos na bolsa escrotal e a presença de hérnias e hidroceles; (02) para RNs do sexo feminino, verificar o tamanho do clitóris, fusão dos grandes lábios, orifício da vagina e da uretra e a distância entre o ânus e a vagina, além da presença de fístulas. REANIMAÇÃO DO RN – passos iniciais - Indicação: pacientes com IG diferente do termo (< 37 semanas ou ≥ 42 semanas) e aqueles de qualquer idade gestacional que não iniciam movimentos respiratórios regulares e/ou aqueles cujo tônus muscular está flácido precisam ser conduzidos à mesa de reanimação; - Passos: indica-se os seguintes passos: (1) prover calor, (2) posicionar a cabeça em leve extensão, (3) aspirar boca e narinas, se necessário, e secar o paciente. Esses passos devem ser executados em, no máximo, 30 segundos. 1) Manter a temperatura entre 36,5-37,5. É importante pré-aquecer a sala de parto e a sala em que serão realizados os procedimentos de reanimação, mantendo temperatura ambiente de 23 a 26°C; Após o clampeamento do cordão o RN é recepcionado em campos aquecidos e colocado sob calor radiante: o RN com IG < 34 semanas: recomenda-se o uso do saco plástico transparente de polietileno de 30 x 50 cm → após posicionar o RN sob fonte de calor radiante e antes de secar, introduz-se o corpo, exceto a face, dentro do saco plástico e, a seguir, realizam-se as manobras necessárias. Essa prática deve ser suplementada pelo emprego de touca dupla (plástico e lã/algodão) para reduzir a perda de calor na região da fontanela; o RN com IG ≥ 34 semanas: após a colocação sob fonte de calor radiante e a realização das medidas para manter as vias aéreas permeáveis, secar o corpo e a região da fontanela e desprezar os campos úmidos. 2) MANTER A PERMEABILIDADE DAS VAS/I > LEVE EXTENSÃO DO PESCOÇO - As vezes é necessário colocar um coxim sob os ombros do paciente. 3) se houver excesso de secreções nas vias aéreas, a boca e depois as narinas são aspiradas delicadamente com sonda traqueal conectada ao aspirador a vácuo, sob pressão máxima aproximada de 100 mmHg. A aspiração da hipofaringe deve ser evitada, pois pode causar atelectasia, trauma e prejudicar o estabelecimento de uma respiração efetiva. - Avaliação da respiração e FC: Se houver vitalidade adequada, com respiração rítmica e regular e FC > 100 bpm → os cuidados de rotina na sala de parto; Se o paciente, após os passos iniciais, não apresenta melhora → indica-se a VPP, a colocação dos eletrodos do monitor cardíaco e do sensor neonatal do oxímetro de pulso. - VPP – VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA: - Após os cuidados para manter a temperatura e a permeabilidade das vias aéreas, a presença de apneia, respiração irregular e/ou FC < 100 bpm indica a VPP, que precisa ser iniciada nos primeiros 60 segundos de vida (“minuto de ouro”). - oxigênio suplementar: Quando é indicada no RN ≥ 34 semanas: Deve-se iniciar com ar ambiente (O2 a 21%), e monitorar a oferta de O2 com oximetria de pulso; Caso o RN não melhore e/ou não atinge valores desejáveis de SatO2 com a VPP em ar ambiente, verifica-se se há erros na técnica para corrigir antes de oferecer oxigênio suplementar; Deve-se esperar cerca de 30 segundos para ocorrer equilíbrio da concentração de oxigênio oferecida pela ventilação por toda a área pulmonar do RN; Em relação aos nascidos com IG < 34 semanas: as pesquisas ainda não responderam qual a concentração de oxigênio ideal para sua reanimação. Se, por um lado, o uso de ar ambiente na ventilação de prematuros, durante a reanimação em sala de parto, pode não ser suficiente para que esses pacientes atinjam uma oxigenação adequada,14 o emprego de oxigênio a 100% pode ser excessivo e deletério, contribuindo para lesões inflamatórias em pulmões e sistema nervoso central. Recomenda-se, atualmente, utilizar a concentração inicial de 30%, aumentando-a ou reduzindo-a por meio de um blender, - Massagem cardíaca: - A asfixia pode desencadear vasoconstrição periférica, hipoxemia tecidual, diminuição da contratilidade miocárdica, bradicardia e, eventualmente, parada cardíaca. A ventilação adequada reverte esse quadro na maioria dos pacientes. Quando não reversão, apesar da VPP parecer efetiva, pode ser que a hipoxemia e a acidose metabólica estejam deprimindo o miocárdio de tal maneira que o fluxo sanguíneo pulmonar esteja comprometido e o sangue não seja adequadamente oxigenado pela VPP; - Indicação: a massagem cardíaca só é indicada se, após 30 segundos de VPP, a FC estiver < 60 bpm → a massagem cardíaca diminui a eficácia da ventilação e esta é a ação mais efetiva na reanimação neonatal, por isso as compressões só devem ser iniciadas quando a expansão e a ventilação pulmonares estiverem bem estabelecidas; - Técnica: é realizada no terço inferior do esterno, onde se situa a maior parte do VE; há 2 técnicas, a dos 2 polegares e dos 2 dedos → a técnica dos 2 polegares é mais eficiente, pois gera > pico de pressão sistólica e de perfusão coronariana, além de ser menos cansativa; os polegares podem ser sobrepostos e justapostos: os sobrepostos geram maior pico de pressão e pressão de pulso, enquanto os polegares justapostos aumentam a chance de lesão dos pulmões e do fígado; - Posição do profissional: o que realiza a massagem cardíaca fica atrás da cabeça do RN, enquanto o que realiza a VPP fica em um dos lados; - Massagem x VPP: ambas são realizadas sincronicamente na proporção de 3:1, ou seja, 3 movimentos de massagem cardíaca para 1 movimentode ventilação, com frequência de 120 eventos por minuto (90:30): Deve-se aplicar a massagem cardíaca coordenada à ventilação por 60 segundos antes de reavaliar a FC (tempo mínimo para que a massagem efetiva possa restabelecer a perfusão coronariana): o Caso FC < 60 bpm → continuar massagem cardíaca e VPP; o Caso FC > 60 bpm → suspende massagem cardíaca, porém permanece VPP; o Caso FC > 100 bpm e respirações regulares → VPP também pode ser suspensa; o Se o paciente persistir com FC < 60 por um tempo → deve-se considerar cateterismo venoso umbilical de urgência e indica-se adrenalina. - MEDICAÇÕES - A bradicardia neonatal é resultado da insuflação pulmonar insuficiente e/ou da hipoxemia profunda; - Indicação: quando a FC permanece < 60 bpm, a despeito de ventilação efetiva por cânula traqueal com oxigênio a 100% acompanhada de massagem cardíaca adequada por no mínimo 60 segundos → indica-se o uso de adrenalina e, eventualmente, do expansor de volume; - Vias: A via preferencial para a infusão de medicações na sala de parto é a endovenosa (EV), sendo a veia umbilical de acesso fácil e rápido. O cateter venoso umbilical deve ser inserido apenas 1 ou 2 cm após o ânulo, mantendo-o periférico, de modo a evitar sua localização em nível hepático; A administração de medicações por via traqueal só pode ser usada para a adrenalina, uma única vez, enquanto o cateter venoso está sendo inserido, sabendo-se que a absorção por via pulmonar é lenta e imprevisível e a resposta, em geral, é insatisfatória. a) ADRENALINA - Indicação: a adrenalina está indicada quando a ventilação adequada e a massagem cardíaca efetiva não elevaram a FC acima de 60 bpm; - Ação: aumenta a perfusão coronariana principalmente por meio de vasoconstrição periférica; - Administração: via preferencial é EV; Enquanto o cateterismo venoso umbilical está sendo realizado, pode-se administrar única dose via traqueal; Caso a via traqueal não tenha efeito, realiza-se a endovenosa por ter absorção mais rápida. - Doses: recomenda-se sua administração por via endovenosa na dose de 0,01 a 0,03 mg/kg. Doses elevadas de adrenalina (> 0,1 mg/ kg) não devem ser empregadas, pois levam à hipertensão arterial grave, diminuição da função miocárdica e piora do quadro neurológico; - Quando não há reversão da bradicardia com o uso da adrenalina → pode-se repeti-la a cada 3 a 5 minutos (sempre por via endovenosa) e considerar o uso do expansor de volume caso o paciente esteja pálido ou existam evidências de choque. b) EXPANSOR DE VOLUME - Indicação: pode ser necessário para reanimar RN com hipovolemia → utilizado em caso de perda de sangue ou sinais de choque hipovolêmico, como palidez, má perfusão e pulsos débeis; - Administração e dose: EV, realizada com soro fisiológico na dose de 10 mL/kg de maneira lenta durante 5 a 10 minutos, podendo ser repetida a critério clínico; - Espera-se aumento da FC e melhora dos pulsos e palidez; se não houver resposta, deve-se verificar a posição da cânula traqueal, a técnica da ventilação e da massagem e a permeabilidade da via de acesso vascular. FLUXOGRAMA - REANIMAÇÃO 7. CALCULO DA IG - CAPURRO Usando parâmetros somáticos e neurológicos, esse método estima a idade gestacional do recém-nascido. Ele é aplicável para recém-nascidos de 29 semanas ou mais. O Método de Capurro Somático utiliza 5 características somáticas, enquanto que o Capurrro Somático e Neurológico utiliza 4 parâmetros somáticos e 2 neurológicos. Cada parâmetro conta com diferentes opções que recebem pontuações distintas. A avaliação da idade gestacional em semanas, é feita com a soma do total de pontos obtidos, mais 204, e o resultado dividido por 7. PONTUAÇÕES E PARÂMETROS Textura da pele 0 pontos = muito fina, gelatinosa; 5 pontos = fina e lisa; 10 pontos = algo mais grossa, discreta descamação superficial; 15 pontos = grossa, rugas superficiais, descamação nas mãos e pés; 20 pontos = grossa apergaminhada, com gretas profundas. Forma de orelha 0 pontos = chata disforme, pavilhão não encurvado; 8 pontos = pavilhão parcialmente encurvado na borda; 16 pontos = pavilhão parcialmente encurvado em toda parte superior; 24 pontos = pavilhão totalmente encurvado. Glândula mamária 0 pontos = não palpável; 5 pontos = palpável, menos de 5mm; 10 pontos = entre 5 e 10mm; 15 pontos = maior de 10mm. Pregas plantares 0 pontos = sem pregas; 5 pontos = marcas mal definidas sobre a parte anterior da planta; 15 pontos = marcas bem definidas sobre a metade anterior, e sulcos no terço anterior; 20 pontos = sulcos em mais da metade anterior da planta. Sinal do xale 0 pontos = o cotovelo alcança a linha axilar anterior do lado oposto; 6 pontos = o cotovelo situado entre a linha axilar anterior do lado oposto e a linha média; 12 pontos= o cotovelo situado ao nível da linha média; 18 pontos = o cotovelo situado entre a linha média e a linha axilar anterior do mesmo lado. Posição da cabeça ao levantar o RN 0 pontos = cabeça totalmente deflexionada, ângulo toráxico 270%; 4 pontos = ângulo cérvico-toráxico entre 180° e 270°; 8 pontos = ângulo cérvico-toráxico igual a 180°; 12 pontos = ângulo cérvico-toráxico menor de 180°. Formação do mamilo 0 pontos = apenas visível; 5 pontos = aréola pigmentada – diâmetro menor que 7,5 mm; 10 pontos = aréola pigmentada, pontiaguda – diâmetro menor que 7,5 mm, borda não levantada; 15 pontos = borda levantada – diâmetro maior que 7,5 mm. - Levar em consideração, para recém-nascidos extremamente prematuros, os seguintes critérios: Pálpebras fundidas (recém nascido geralmente menor que 26 semanas), pele gelatinosa, fragilidade dos vasos sanguíneos e escoriações da pele; pele pegajosa, mamilo imperceptível e ausência de lanugem, nos recém-nascidos com menos de 25-26 semanas de gestação. 10. TRANSPORTE PLACENTÁRIO - 4 mecanismos: difusão simples, facilitada, ativo e pinocitose. Mas existem outros 3 métodos de transferência: 1) falhas microscópicas na membrana placentária (permite passagem de hemacias fetais para a circulação materna durante parto). 2) Células e microrganismos podem cruzar a membrana por movimentros próprios (leucocitos maternos). 3) lesões na membrana placentária (pode ser causada por protozoários – toxoplasma). - Transporte de gases: O2, Co2 e CO (difusão simples). Tabagismo causa vasoconstrição placentária e induz hipóxia. - Substâncias nutritivas: água (difusão simples)) / colesterol, triglicerídeos ou fosfolipídios: pouca ou nenhuma transferência (passa agl) / aminoácidos (transporte ativo – essencial para síntese proteica) / vitaminas – difusão simples (hidrossolúveis cruzam mais facilmente) / glicose (GLUT1 – difusão facilitada) – apenas 1/3 da glicose é absorvida pelo feto, pois grande quantidade é utilizada pela placenta, a transferência aumenta no 3º trimestre (30ª semana) para proporcionar ganho de peso ao feto; baixa transferência de glicose afeta o crescimento fetal, causando sofrimento fetal e consumo de reservas de gordura. - Hormônios: a placenta é impermeável aos peptídicos. Algumas atravessa: glicocorticoides, catecolaminas, T3 e T4, e são neutralizados por enzimas placentárias, logo, não chega quantidade significativa ao feto. Os esteróides não conjugados atravessam livremente. Testosterona pode causar masculinização de feto feminino. - Eletrólitos: Na+ , K+ , Ca+ , Mg2+, Cl- , HCO3 + e HPO4 - são livremente trocados através da membrana placentária em quantidades significativas, cada um com sua própria velocidade dependente do número de canais abertos por meio dos potenciais de ação → quando uma mãe recebe líquidos endovenosos, estes também passam para o feto e afetam seu teor de água e eletrólitos.O transporte de ferro é feito pela transferrina materna, que cruza a membrana placentária por meio de receptores especiais. - ANTICORPOS MATERNOS: o feto produz pequenas quantidades de anticorpos. Imunidade passiva é conferida ao feto (Ig alfa e beta em quantidades pequenas). IgG (gamaglobulinas) são transportadas por transcitose. IgGs sofrem endocitose pelo sinciciotrofoblasto → no endossomo, a porção Fc da IgG se liga à receptores FcRn (receptores Fc neonatais) contra a ação do pH ácido, protegendo as IgGs contra ação lisossomal → o endossoma se funde à lâmina basal trofoblástica → a IgG materna é liberada do receptor pela ação do pH fisiológico e ganha acesso ao endotélio fetal, e assim, à circulação fetal; A concentração de IgG permanece baixa até o 2º trimestre, observando-se um aumento na média entre a 17ª e a 22ª semanas (aproximadamente 10% da concentração materna) e entre a 28ª e 32ª semanas (aproximadamente 50%), sendo que os níveis fetais de IgG continuam aumentando durante o 3º trimestre; Níveis de IgG de recém-nascidos a termo podem exceder os níveis maternos, o que pode estar associado com a concentração de IgG dentro do sinciciotrofoblasto antes da sua liberação para o espaço intersticial; Todas as subclasses atravessam a placenta sendo, porém, diferentes quanto à intensidade devido às diferenças de afinidade pelo receptor FcRn do trofoblasto; a afinidade seria maior por IgG1 > IgG3 > IgG4 > IgG2 - Anticorpos maternos conferem imunidade ao feto contra doenças como a difteria, a varíola e o sarampo; entretanto, não é adquirida imunidade contra pertussis (coqueluche) ou varicela (catapora); - Baixos níveis de IgG estão associados a(o): Hipergamaglobulinemia materna: responsável pelo baixo transporte de IgG devido à saturação dos receptores de IgG e consequente downregulation dos mesmos; Baixo fluxo volêmico e à prematuridade. IMPORTANTE! A maior velocidade de transferência é regulada por: Grau de lipossolubilidade da molécula ionizada; Espessura da barreia placentária: passagem facilitada no final da gravidez - Produtos de excreção: CO2, ureia e ácido úrico passam pela membrana placentária por difusão simples; a bilirrubina não conjugada ou indireta (lipossolúvel) também é facilmente retirada pela placenta para uma rápida depuração. - Drogas e seus metabólicos: a maioria das drogas e seus metabólitos cruzam a placenta por difusão simples (exceto aqueles que se assemelham estruturalmente a aminoácidos, como a metildopa e antimetabólitos). Drogas ilícitas: algumas causam importantes anomalias congênitas. O uso materno de drogas como a heroína pode levar à dependência fetal a drogas (50% a 75% dos RNs apresentam sintomas de abstinência); dependência psíquica não se desenvolve no período fetal, não há risco de vício subsequente. Agentes usados durante o trabalho de parto (p.ex.: anestésicos): maioria deles cruza prontamente. Dependendo da dose e do momento em que forem administradas no decorrer do parto, essas drogas podem causar depressão respiratória na criança, que pode levar ao ↑ácido lático e à acidose metabólica; Sedativos e analgésicos: todos afetam o feto de alguma maneira; Agentes bloqueadores neuromusculares: os que podem ser usados na cirurgia obstétrica cruzam a placenta em pequenas quantidades; Drogas antiepilépticas: todas (carbamazepina, oxcarbazepina, valproato, hidantoína, fenitoína, primidona) atravessam a barreira placentária e atingem concentrações fetais iguais ou superiores às concentrações maternas, podendo causar anormalidade ligadas a defeitos no tubo neural, de linha média na face, hipoplasia digital, microcefalia e restrição de crescimento. Deve-se considerar a suspensão da ingestão da droga anticonvulsivante para as mulheres que desejam engravidar e que não apresentam convulsões por longo tempo, no mínimo dois anos, em uso da medicação; no entanto, se apresentar crises convulsivas, o tratamento durante a gestação é essencial, evitando-se o ácido valpróico e os hidantoinatos, que têm maior risco teratogênico.
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