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SOUZA, CELINA resenha crítica - Patricia Azevedo

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RESENHA CRÍTICA
Patricia Helena Barbosa Azevedo 
Administração Pública – AARE 
phelena.bazevedo@gmail.com
SOUZA, Celina. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias, Porto
Alegre, ano 8, nº 16, jul/dez 2006, p. 20-45 
O artigo trata de uma revisão bibliográfica dos principais conceitos e modelos
de formulação e análise das políticas públicas, discutindo as possibilidades
aplicativas das diferentes vertentes das teorias neoinstitucionalistas à análise de
políticas públicas. 
Inicialmente, Souza traz uma reflexão literária segundo a visão de teóricos
sobre o conceito e modelos de políticas públicas, abrindo assim possibilidades de
discussão e ideias relacionadas ao tema, incluso a própria autora visa com seu
artigo “contribuir para seu teste empírico nas pesquisas sobre políticas públicas
brasileiras”.
O texto está dividido em duas partes, a primeira introduz os principais
conceitos, modelos analíticos e tipologias específicos da área de políticas públicas; e
a segunda discute as possibilidades de aplicação da literatura neoinstitucionalista à
análise de políticas públicas. Souza subdivide o artigo em 6 blocos relacionados ao
assunto: Como e por que surgiu a área de políticas públicas?; os “pais” fundadores
da área de políticas públicas; o que são políticas públicas; o papel dos governos e
modelos de formulação e análise de políticas públicas. 
No primeiro bloco, é apresentado o surgimento das politicas públicas
enquanto estudo, fazendo menção sobre seu surgimento na Europa e nos EUA e a
utilização pelo Estado, em especial após a Guerra Fria. É apresentando sobre os
fundadores da área de política pública, citando ainda como cada um construiu seu
conceito. 
Souza elenca os pilares da política pública no segundo bloco, e cita H.
Laswell (1936), como o introdutor da expressão policy analysis (análise de política
pública). Além de esclarecer que Simon (1957) introduziu o conceito de
racionalidade limitada dos decisores públicos (policy makers), esta racionalidade
podendo ser maximizada modelando o comportamento dos atores por meio de
regras. Ao explicar a multicausualidade das políticas públicas, a autora evoca os
questionamentos de Lindblom (1959; 1979) e sua proposta à incorporação de outras
mailto:phelena.bazevedo@gmail.com
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variáveis à formulação e à análise de políticas públicas, além das questões da
racionalidade “tais como as relações de poder e a integração entre as diferentes
fases do processo decisório o que não teria necessariamente um fim ou um
princípio”. Encerrando o bloco, devotando a Easton (1965) a inclusão das politicas
públicas no pensamento sistêmico, onde o ambiente desse sistema seriam os atores
políticos (partidos políticos, mídia e grupos de interesse), podendo produzir
mudanças, “influenciando resultados e efeitos”.
No terceiro bloco, a autora busca uma definição de políticas públicas, citando
desde Mead (1995) a Dye (1984) que ‘sintetiza a definição de política pública como
“o que o governo escolhe fazer ou não fazer”´, retornando a Laswell (1936), o qual
conclui que “decisões e análises sobre política pública implicam responder às
seguintes questões: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz” mas
referenciando o caráter holístico do tema, conjurando o Holismo de Émile Durkheim
(1826) de que “o todo é mais importante do que a soma das partes”, Souza mostra
as consequências desse caráter, como o de comportar outros olhares, métodos,
modelagens e teorias, e que “após desenhadas e formuladas, desdobram-se em
planos, programas, projetos, bases de dados ou sistema de informação e pesquisas”
e “quando postas em ação, são implementadas, ficando daí submetidas a sistemas
de acompanhamento e avaliação.”
Em “O papel dos governos”, Souza emerge no tema da “governabilidade’
mediante as formulações das políticas públicas, e “embora permeável a influências
externas e internas” esse tema torna-se complexo, mas não mais inibidas.
Remetendo ao ciclo das politicas públicas, numa clara referência à participação
cidadã no mesmo.
No penúltimo bloco, a autora mapeia os principais modelos de formulação e
análise de políticas públicas, a fim de extrair os seus principais elementos. Nos
principais modelos, Souza cita o tipo da política pública; o incrementalismo; o ciclo
da política pública; o modelo “garbage can”; coalizão de defesa; arenas sociais;
modelo do “equilíbrio interrompido” e os modelos influenciados pelo “novo
gerencialismo público” e pelo ajuste fiscal. Souza remata esse bloco em um resumo
em que
3
“podemos extrair e sintetizar seus elementos principais:
• A política pública permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o
que, de fato, faz.
• A política pública envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja
materializada através dos governos, e não necessariamente se restringe a
participantes formais, já que os informais são também importantes. 
• A política pública é abrangente e não se limita a leis e regras. 
• A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados. 
• A política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de
longo prazo. 
• A política pública envolve processos subseqüentes após sua decisão e
proposição, ou seja, implica também implementação, execução e avaliação.”
No sexto bloco, Souza discute o papel das instituições/regras na decisão e
formulação de políticas públicas, e analisa a contribuição do neo-institucionalismo
como importante “porque a luta pelo poder e por recursos entre grupos sociais é o
cerne da formulação de políticas públicas” mas adverte que os pressupostos dessa
teoria não analisa o “governo em ação” e que seus processos metodológicos “são
marcados pela simplicidade analítica e pela elegância, no sentido que a matemática
dá a essa palavra, e pela parcimônia, o que nem sempre é aplicável à análise de
políticas públicas”.
Souza encerra retomando à limitação do objeto de pesquisa do artigo,
concluindo “que o principal foco analítico da política pública está na identificação do
tipo de problema que a política pública visa corrigir, na chegada desse problema ao
sistema político (politics) e à sociedade política (polity), e nas instituições/ regras que
irão modelar a decisão e a implementação da política pública. O entendimento dos
modelos e das teorias acima resumidos pode permitir ao analista melhor
compreender o problema para o qual a política pública foi desenhada, seus
possíveis conflitos, a trajetória seguida e o papel dos indivíduos, grupos e
instituições que estão envolvidos na decisão e que serão afetados pela política
pública.”.
Souza tem um artigo denso e de relevância épica sobre o tema, fazendo uma
revisão literária, o que preenche parcialmente a lacuna sobre o tema. Apesar de
denso, a autora engloba a temática a tornando palatável, mas sem esgotar a
mesma, instigando o leitor ao aprendizado a posteriori e à contextualização no
4
cenário brasileiro, o que garantirá sucesso ao objetivo de “contribuir para seu teste
empírico nas pesquisas sobre políticas públicas brasileiras”.
A autora é pesquisadora Associada do Centro de Estudos e Pesquisas em Humanidades da
Universidade Federal da Bahia – CRH/UFBA e Professora Visitante da Unirio, e tem experiência na
área de ciência política, com ênfase em Estado e governo, atuando principalmente nos seguintes
temas: federalismo, descentralização, governo local, políticas públicas, estados e capacidade
burocrática, incluso escreveu diversos artigos sobre esses temas, e recebeu em 2015, o Prêmio
Anpocs de Excelência Acadêmica Gildo Marçal Brandão – Ciência Política, Anpocs. Possui
graduação em Direito pela Universidade Federal da Bahia (1971),mestrado em Administração
Pública pela FGV – Fundação Getúlio Vargas (1980) e doutorado em Ciência Política – London
School of Economics and Political Science (1995).

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