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Aula 6 - proteção contratual e cláusulas abusivas r1

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25.9.2020LEGENDA
Conceito
Prazo
Destaque
Cai em prova
Jurisprudência/súmula
Proteção contratual
· Base: princípios da política nacional das relações de consumo = art. 4º, I, III, IV e VI
· Direitos básicos dos consumidores: art. 4º, II, III, IV V e VIII
Interpretação do contrato em favor do consumidor
· Pré-contratual: marketing
· Tudo que é dito e anunciado no momento pré-contratual vincula diretamente o fornecedor
· Princípio da vinculação da oferta e da publicidade
· Atinge todas as informações prévias a respeito de preço, condições de pagamento, qualidade do produto e garantia
· Em caso de descumprimento a oferta ou publicidade, consumidor tem 3 opções:
· Cumprimento forçado da obrigação nos termos da oferta
· Aceitar outro produto ou serviço equivalente
· Rescindir o contrato com direito a restituição da quantia paga antecipadamente, e indenização por perdas e danos
· Nova teoria contratual:
· Diverge da teoria contratual clássica: fundamento na liberdade de contratar com intervenção mínima ou nenhuma do estado, e na pacta sunt servanda
· Nova análise dos princípios contratuais clássicos, observados agora pelo prisma da boa-fé objetiva, equilíbrio econômico e função social do contrato
· Contrato não é mais visto apenas como instrumento da satisfação individual, mas sim considerando a sua potencialidade de risco a vida ou segurança, possibilidade de gerar vantagem excessiva ou enriquecimento sem causa do fornecedor
· Adequa aos interesses da coletividade
· Súmula 595, STJ: instituições de ensino respondem objetivamente pelos danos de curso não reconhecido pelo MEC sobre o qual não tenha sido dada prévia informação
· Relações pautadas pela lealdade e transparência, com definição clara dos direitos e deveres das partes
· Se a parte não tem conhecimento pré-contratual de determinadas cláusulas ou se a redação foi feita de modo a dificultar a compreensão do sentido e alcance, não tem o dever de observá-las
· Independe da complexidade do produto ou serviço
· Contratos devem ser legíveis, com o uso de termos claros e de fácil compreensão
· Cláusulas que estabelecem obrigações do consumidor devem ser redigidas com destaque, letras maiores, maiúsculas, negritadas, etc.
· STJ: prestadoras de TV a cabo e outras de telecomunicações são obrigadas a calcular a multa de fidelidade proporcionalmente ao valor do benefício concedido e ao período restante para o decurso do prazo mínimo estipulado
· A cobrança integral da multa, sem cômputo do prazo de carência parcialmente cumprido pelo consumidor gera vantagem excessiva ao fornecedor e é conduta incompatível com a equidade
· Aplica-se a cláusulas obscuras e contraditórias, e também a cláusulas claras, diferente do código civil que restringe a interpretação mais favorável apenas às ambíguas e contraditórias
· Se a análise da cláusula permite duas ou mais interpretações, deve prevalecer a mais vantajosa
· Cláusulas que tem redação que contraria os termos da oferta e da publicidade são nulas, não havendo margem para interpretação e sim para total afastamento
· Oferta e publicidade para ser vinculante deve trazer todas as informações necessárias e obrigatórias para o livre convencimento e escolha pelo consumidor
Direito de arrependimento e desistência do contrato
· Compras a distância
· Ocorre fora do estabelecimento comercial
· Principalmente
· Pelo telefone
· Pela internet
· A domicílio
· Direito de se arrepender
· 7 dias contados do recebimento do produto ou contratação de serviço
· Contagem deve ocorrer da maneira mais benéfica ao consumidor
· Valor eventualmente pago: deve ser devolvido de imediato, monetariamente atualizado
· Independe de qualquer existência de vício no produto ou serviço
· Basta a manifestação do consumidor da sua vontade de cancelar a compra do produto ou serviço
Garantia contratual
· Objeto da garantia: em que consiste, sua forma, prazo e lugar, como poderia ser exercitada, ônus a cargo do consumidor e obrigatoriedade de ser entregue
· Como é uma garantia que depende da vontade do fornecedor, é possível estabelecer condições, ônus e limites ao consumidor, de acordo com a razoabilidade
· Poderá ser parcial, abranger apenas algumas peças ou itens da prestação do serviço
· Informações devem ser repassadas de maneira prévia
Aplicação do CDC às cláusulas abusivas
· Possibilidade de reconhecimento de abusividade de cláusulas
· Âmbitos administrativo e judicial
· Em regra, a declaração de nulidade atinge apenas a cláusula
· Pode ser estendida, a depender do caso concreto, a todo o contrato, se a exclusão da cláusula gerar ônus excessivo para qualquer das partes = invalida o contrato
· Efeitos ex tunc até a data da celebração do contrato
· Elaboração de cláusulas abusivas pode configurar infração, permitindo sanção administrativa ou judicial, independentemente da ocorrência efetiva de danos ao consumidor
· Análise de abusividade em 3 vetores:
· Afastamento da incidência da causa
· Alteração do conteúdo da causa, importante revisão dos contratos
· Modificação de cláusula que estabelece prestação desproporcional
· Revisão em caso de fato superveniente que a torne excessivamente onerosa
· Atinge tanto contratos instantâneos quanto os de longa duração, desde que o seu prolongamento no tempo crie uma situação de onerosidade excessiva ao consumidor
· Definição de linhas norteadoras de análise do caso concreto, nos casos em que cláusulas contratuais de diferentes setores do mercado estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou equidade
· Possibilidade de declaração de nulidade de ofício pelo juiz
· Exceção a regra do art. 141, CPC
· Não pode haver declaração de abusividade de ofício no âmbito de contratos bancários. Súmula 381, STJ
Rol exemplificativo do art. 51, CDC
· Exemplos concretos de cláusulas abusivas
· Permite que outras também sejam identificadas: “entre outras”
· Impedimento, exoneração ou atenuação prévia da responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza, ou que implique renúncia ou disposição de direitos pelo consumidor
· Nas relações de consumo entre fornecedor e consumidor pessoa jurídica a indenização pode ser limitada em situações justificáveis
· Retirada da opção de reembolso ao consumidor de quantia já paga
· Transferência de responsabilidade a terceiros
· Relação de consumo tem base na confiança
· Não se aplica a casos de contratação de seguro, por exemplo
· Cláusulas incompatíveis com a boa-fé e com o equilíbrio econômico do contrato, que estabelecem obrigações:
· Iníquas
· Abusivas
· Que coloquem o consumidor em desvantagem exageradas
· Incompatíveis com a boa-fé ou a equidade
· Presume exagerada a vantagem que:
· Ofende princípios fundamentais
· Restringe direitos ou obrigações inerentes a natureza do contrato de modo a ameaçar seu objetivo ou equilíbrio contratual
· Excessivamente onerosa ao consumidor
· Critérios hermenêuticos para verificar o potencial da cláusula de criar deveres anexos ou limitar exercício de direitos
· STJ: abusiva a cláusula penal de contrato de pacote turístico que estabeleça, para a hipótese de desistência do consumidor, a perda integral dos valores pagos antecipadamente. Penalidade deve ser reduzida equitativamente
· STJ: contratos de promessa de compra e venda de imóvel, juiz pode reduzir o percentual da cláusula penal para evitar o enriquecimento ilícito
· STJ: incorporação imobiliária (compra de imóvel em construção): fornecedor não pode reter mais do que 10% dos valores já pagos pelo consumidor quando o imóvel ainda não foi entregue
· Cláusulas que preveem a inversão prejudicial do ônus da prova: nulas de pleno direito
· Cláusulas que preveem a utilização compulsória de arbitragem (cláusula compromissória): nulas de pleno direito
· Contratos de adesão: cláusula compromissória só terá eficácia se:
· O aderente tomar a iniciativa de instituir a arbitragem
· O aderente concordar expressamente com a instituição da cláusula, desde que por escrito em documento anexo ou em negrito, coma assinatura ou visto especialmente para essa cláusula
· Cláusulas que impõem representante para agir em nome do consumidor: nulas de pleno direito: CDC e jurisprudência não permitem a possibilidade de nomeação de representante ou mandatário para a resolução de questões envolvendo relações de consumo, diante do risco de incompatibilidade entre os interesses do mandatário e do consumidor (mandante)
· Cláusulas que preveem exclusivamente ao fornecedor a opção de concluir o contrato (nulas): vedado ao fornecedor manter exclusivamente para si a prerrogativa de conclusão da contratação, mesmo diante de aceite do consumidor aos termos da oferta e a disposição de fazer o pronto pagamento
· Alteração unilateral do contrato após a sua celebração, aplicar variação de preço de forma unilateral: nulas de pleno direito
· Alteração de preço deve ser pautada pela bilateralidade
· Alteração do objeto, prazo, preço, limites de responsabilização, deveres de obrigação
· Também é nula cláusula que autorize o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao consumidor
· Ressarcimento unilateral dos custos de cobrança (nulas): cláusulas que obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe seja conferido contra o consumidor
· Fixação prévia e extrajudicial de uma quantia, a título de custos de cobrança, deve seguir a boa-fé e equilíbrio das relações
· Ex: cláusula que impõe ao consumidor a título de honorários advocatícios, sem qualquer atividade judicial ou extrajudicial
· Cláusula que infrinja ou possibilite a violação de normas ambientais: nulas
· Cláusula que contraria o sistema de proteção do consumidor
· Não pode contrariar os direitos previstos no CDC e em outros dispositivos que tragam maiores garantias (inclusive tratados e convenções internacionais) = diálogo das fontes
· Julgador usa de critérios hermenêuticos para verificar se a cláusula fere as normas protetivas
· Cláusula que possibilite a renúncia à indenização por benfeitorias necessárias pelo consumidor
· Normativos que estabelecem cláusulas abusivas nos contratos de consumo
· Secretaria Nacional do Consumidor tem competência para estabelecer por portaria um elenco complementar de cláusulas abusivas
· A edição de portarias que complementem o rol exemplificativo do art. 21 não vinculam o juiz, mas oferecem parâmetros para a atuação uniforme dos Procons e entidades civis de defesa do consumidor
· Portaria n. 4/98, n. 3/99, n. 3/01, 5/02, Ministério da Justiça: STJ já embasou julgamentos utilizando cláusulas abusivas contidas em tais portarias
· Ex: cláusula prevista em contrato de cartão de crédito que permitia que o banco compartilhasse dados dos consumidores com outras entidades financeiras ou mantenedoras de cadastros, sem que seja dada opção de discordar daquele compartilhamento
· Ex: súmula 302, STJ – abusiva cláusula do plano de saúde que limita tempo de internação do segurado
Limites e regras dos contratos de adesão
· Contrato de adesão: aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo
· CDC: a inserção de cláusula em formulário de forma manuscrita não desfigura a natureza de adesão do contrato
· CDC impõe limites ao fornecedor, quanto à forma e ao conteúdo, de modo que, se descumpridas, retira-se o valor jurídico da contratação, possibilitando a aplicação de sanções administrativas pelos Procons e obtenção de indenização
· Regras:
· Apresentação do contrato de adesão:
· Redigidos em termos claros
· Caracteres ostensivos e legíveis
· Tamanho da fonte não inferior a 12
· Facilitar a compreensão pelo consumidor
· Cláusulas que impliquem limitação de direito do consumidor deverão ser redigidas com destaque
· Também as que estabelecem as principais obrigações, limitações sobre restrição ou limitação de preço, forma de pagamento e reajuste, prazo de entrega, carência, entre outras
· Sem expressões tácitas ou de conhecimento restrito apenas a profissionais da área
Crédito e financiamento ao consumidor
· Fornecedor deve informar prévia e adequadamente sobre:
· Preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional
· Juros de mora e taxa efetiva anual de juros
· Acréscimos legais
· Número e periodicidade das prestações
· Soma total a pagar, com e sem financiamento
· Multas de mora decorrentes do inadimplemento não poderão ser superiores a 2% do valor da prestação
· É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos
· Não incidirá cobrança de tarifa ou multa
· Admite a faculdade do consumidor em extinguir o vínculo contratual com o pagamento, ou reduzir o saldo devedor
Contratos em espécie
Contratos bancários
· Contrato de depósito e guarda de valores
· Contrato de conta-corrente
· Contrato de crédito
STJ: é válida a cláusula que institui comissão de permanência para viger após o vencimento da dívida, mas a importância cobrada não poderá ultrapassar a soma dos encargos remuneratórios e moratórios previstos no contrato:
· Juros remuneratórios à taxa média de mercado, não podendo ultrapassar o percentual contratado para o período de normalidade da operação
· Juros moratórios até o limite de 12% ao ano
· Multa contratual limitada a 2% do valor da prestação
Súmula 381, STJ – nos contratos bancários, é vedado ao julgador reconhecer de ofício abusividade de cláusulas
Exemplos de práticas abusivas:
· Venda casada
· Recusa de atendimento (negativa de concessão de empréstimo quando a concessão estiver de acordo com as normas)
· Envio ou entrega de produto ou serviço sem solicitação prévia (cartão de crédito)
· Exigência de vantagem excessiva
· Restrição de direitos
· Aplicação de fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratual
Conselho Monetário Nacional: todo brasileiro tem direito a um Pacote de Serviços Essenciais, o qual não terá custo nenhum. Contempla: conta-corrente e conta-poupança, com isenção de cobrança em relação a confecção de cadastro para início de relacionamento e às consultas via internet.
	Fornecimento de cartão inicial de débito – após o vencimento, a segunda via deve ser gratuita.
	Saques: limite de 4 saques gratuitos por mês em conta corrente e 2 na poupança, podendo cobrar o que exceder mediante informação prévia ao consumidor.
	Extrato mensal e transferência: até 2 por mês gratuitas.
Contratos de transporte: remuneração direta ou indireta (idosos, estudantes)
· Bilateralidade: obrigações para ambas as partes
· Contrato de duração: decorre certo lapso temporal para o cumprimento
· Responsabilidade: objetiva no caso de danos
· Qualquer cláusula que exclua é considerada nula: súmulas 161 e 187, STJ = responsabilidade por acidente com passageiro não é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação de regresso.
· Aplica-se às estradas de ferro e às rodovias
· STJ: empresa de transporte coletivo interestadual não deve ser responsabilizada pela partida do veículo, após parada obrigatória, sem a presença do viajante (consumidor) que, por sua culpa exclusiva, não compareceu para reembarque mesmo após a chamada dos passageiros, sobretudo quando houve o embarque tempestivo dos demais
Contratos de seguro: é possível haver delimitações dos riscos assumidos pela seguradora, mas é imprescindível que a abrangência esteja em conformidade com o CDC
STJ: há relação de consumo entre a seguradora e a concessionária de veículos que firmam seguro empresarial visando à proteção do patrimônio desta (destinação pessoal) – ainda que com o intuito de resguardar veículos utilizados em sua atividade comercial –, desde que o seguro não integre os produtos ou serviços oferecidos por esta.
	É diferente se o seguro empresarial fosse contratado para cobrir riscos dos clientes, ocasião em que faria parte dos serviços prestados pela pessoa jurídica, o que configuraria consumo intermediário, não protegidopelo CDC.
· Não é abusivo o segurador recusar a segurar determinado bem ou assumir riscos que não sejam convenientes
· Corretores: responsabilidade tem início desde a assinatura da proposta até o fim da cobertura securitária.
· Deve o corretor ser prudente e diligente ao executar a atividade de mediação dos interesses dos consumidores e da empresa seguradora, devendo ainda prestar informações sobre as características e o andamento do negócio (informar a segurança os riscos, as alterações de valores etc.), bem como sobre a atualização de coberturas e endossos, devendo a atividade do corretor perdurar durante toda a vigência da apólice assinada pelo consumidor.
Contratos de plano de saúde: tem como objeto a promoção da cobertura dos riscos de assistência à saúde dos contratantes, mediante prestação de serviços médicos hospitalares e/ou odontológicos em rede própria ou conveniada, bem como reembolso das despesas efetuadas, ou pagamento direto ao prestador dos serviços em questão.
· Regido pelo CDC e pela Lei 9.656/98
· Influência do princípio da proteção do vulnerável
· STJ: abusiva a cláusula que preveja o indeferimento de quaisquer procedimentos médico-hospitalares quando solicitados por médicos que não compõem o quadro da operadora
· Exames, internações e demais
· STJ: abusiva é a cláusula que prevê carência para utilização dos serviços de assistência médica nas situações de emergência ou urgência se ultrapassado o prazo máximo de 24h da contratação = súmula 597, STJ
· Caracteriza dano moral, não mero aborrecimento

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