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Etica das religiões - Aula 5

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17/11/2021 17:26 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA DAS RELIGIÕES
AULA 5
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Antonio Carlos da Silva
17/11/2021 17:26 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15
CONVERSA INICIAL
Quando pensamos sobre convívio social, pode nos vir à memória que, desde a antiguidade, tem-
se notícias a respeito de épocas em que houve abundância e de outras em que houve escassez. Já
estudamos que neste convívio se manifestam violências e distúrbios de modos variados.
Dentre as mais variadas práticas religiosas, parece haver disposição, ao menos em alguns
segmentos de cada religião, em se promover a prática da fraternidade. Aliada a condutas sociais e
morais com diretrizes éticas comuns, essa disposição pode ser analisada com base no que se entende
por família e no que pode nutri-la para que novas famílias surjam.
Kadlubitski e Junqueira (2010) comentam que o educando, por estar inserido num cenário de
diversidade de culturas e de tradições religiosas, pode receber um ensinamento religioso que leve ao
respeito e à tolerância para com o seu semelhante. Segundo os autores, caberia ao educador dessa
temática compreender os movimentos específicos das diversas culturas, cujo substantivo religioso
colabora com a constituição de cidadãos multiculturalistas, e também valorizar a diversidade daquilo
que distingue os diferentes componentes culturais.
Trata-se de um processo de construção de cidadania, com a finalidade de a sociedade como um
todo adotar na sua prática políticas educacionais e sociais de valorização da diversidade. A igualdade
de direitos entre todos os cidadãos, cujo propósito seja fomentar o diálogo inter-religioso e a
tolerância a todas as religiões, é um posicionamento necessário para a busca de uma fraternidade
universal (Kadlubitski; Junqueira, 2010, p. 126).
No caso do espiritismo, por exemplo, há duas tendências históricas comuns e empiricamente
observáveis. Por um lado, sob a perspectiva cognitiva, tende-se a fechar o sistema compartilhado de
conhecimento para o novo, limitando-o a atualizações. Por outro lado, de modo pragmático, as
práticas vividas em comum tendem a buscar padronizações rituais que possibilitem a
autoidentificação em regime de coerência dogmática.
Em ambas as situações, são adotados critérios para processos institucionais de inclusão e
exclusão, algo que acaba sendo uma fonte potencial de geração de conflitos no seio do movimento
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em questão (Signates, 2001, p. 151).
TEMA 1 – CONCEITUAÇÃO DE FAMÍLIA
Quando pensamos sobre como uma família se forma, temos algumas perspectivas a explorar. Há
estudos na história, na sociologia, na filosofia e demais áreas que abordam o tema família. Segundo
Pizzi (2012), a instituição conhecida por família possui significados diversos, os quais, entre outros,
consideram a classe social na qual uma pessoa é identificada, sua idade e gênero. Além disso, há
desigualdades e diferenças no seu interior a serem observadas, e até hierarquias e relações de poder
existentes entre os membros (Pizzi, 2012, p. 2).
Em termos religiosos, os livros sacros também fornecem informações e perspectivas sobre o
surgimento, desenvolvimento e transformações sobre o que se conhece e entende por família.
Destacamos como perspectiva inicial a posição que considera que a família se inicia por meio de um
casamento. Pessoa (2000), autor que estuda esse tema, escreve o seguinte:
o casamento consensual, que se originou no direito romano, o casamento exclusivamente religioso,
com fundamento no Direito Canônico até o Concílio de Trento, o casamento civil e religioso vigente
desde o Concilio de Trento até o Código de Napoleão e finalmente o casamento civil obrigatório,
correspondente à secularização do casamento. (Pessoa, 2000, p. 218)
Com base nesta declaração, podemos adotar o modelo descrito pelo autor como a forma
tradicional por meio da qual uma família se formava e era reconhecida de modo geral pela
sociedade. Sob a perspectiva religiosa, normalmente, realiza-se uma cerimônia pública com noivos e
convidados, na qual se comemora o ato do estabelecimento de um novo núcleo familiar. Há uma
comemoração social do evento.
Em algumas culturas, o padrão ético para o estabelecimento de uma família segue um roteiro
básico para que tal aconteça. O noivo interessado em contrair matrimônio precisa dirigir-se à família
da noiva, para que esta, ao ser consultada, dê o seu parecer a respeito. Havendo concordância de
todas as partes, segue-se adiante e se celebra o matrimônio. Há uma cumplicidade entre religião e
ética neste percurso de formação de uma nova família.
Mas, ao passar dos anos, conceitos e compreensões foram sendo confrontados por novas
formas de se pensar a respeito de como pode se dar o início de uma nova família. Loro (2010)
escreve que a “família hodierna, nova forma de conceber o tema, sofreu impactos profundos, que
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provocaram mudanças significativas nos seus aspectos estruturais e morais, com repercussões em
sua função social”. O modelo tradicional patriarcal, “com base no casamento, abriu-se a novas formas
de constituição familiar, mais flexíveis, democráticas, igualitárias e plurais, fundadas em laços de
afetividade entre seus membros” (Loro, 2010, p. 136).
Na atualidade, o pluralismo religioso e o liberalismo moral têm levado a sociedade a repensar
conceitos. Os fatos concretos no convívio social no presente século acabam por exigir uma
compreensão e recriação do conceito de família, marcada por novos elementos semânticos. Loro
ainda comenta que diante do redesenho familiar, enraizado numa sociedade em transformação,
aparece a necessidade de se criar um paradigma que responda às exigências da função social,
cultural e religiosa do grupo familiar (Loro, 2010, p. 136).
Bellini (2002) comenta que a vida em família passa por transformações cotidianas e não
consegue afirmar quais são as vantagens e desvantagens dessas transformações. Segundo a autora,
as pessoas são atingidas emocionalmente (Bellini, 2002, p. 3). Se essas transformações ocorrerem por
meio de algum tipo de experiência religiosa, poderão surgir conflitos que podem ser resolvidos por
meio do diálogo, bom senso e respeito.
Se um dos membros da família tomar a decisão de mudar de religião, passando a seguir
doutrinas religiosas divergentes da tradição da família, por exemplo, ocorre uma espécie de
conversão. O ideal será que de modo compassivo e ético, o relacionamento fraternal seja mantido
entre todos os membros da família, mas nem sempre é o que ocorre. Neste caso, será importante
que os membros da família sejam orientados por lideranças religiosas para tentarem compreender os
ensinamentos de religiões diferentes.
Wagner, Armani e Tronco (2011) comentam que para se pensar sobre a saúde familiar, faz-se
necessário analisar diversos conceitos que estão em constante movimento e que precisam ser
estudados e avaliados de modo peculiar. Essa perspectiva pode auxiliar no enfrentamento das
frequentes mudanças que ocorrem com as famílias e na compreensão dos diversos fenômenos com
os quais elas se deparam (Wagner; Armani; Tronco, 2011, p. 31). Entre esses fenômenos, aqueles
ligados a aspectos religiosos geram, por vezes, algumas tensões em momentos importantes da vida
humana, como a decisão a respeito de como deverá se dar o casamento dos membros da família, por
exemplo.
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TEMA 2 – O PÃO DIÁRIO
Quando olhamos os pássaros, notamos que eles se alimentam em meio ao que a natureza
oferece. Eles são providos continuamente e desfrutam quase sempre de liberdade. A humanidade
também precisa se alimentar, e o pão é um tipo de alimento que pode ser reconhecido como
universal. Essa perspectiva nos leva a um princípioque tem como base a prática do querer bem a
todos.
Trata-se da continuidade do combate à fome e à miséria como prioridade comum a todos os
praticantes de todos os credos e religiões. Baio (2015) escreve que o pão não é somente alimento
básico, vital e diário, mas foi apropriado, transformando-se em alimento espiritual, do qual a
humanidade subsiste e que deve ser repartido (Baio, 2015, p. 8). Santos (2006) comenta que os
fundamentos para a prática da solidariedade precisam considerar que cada pessoa é singular, e
somente quando se alcança esta consciência é que se torna possível uma relação de reciprocidade,
fundamentando-se na igual dignidade humana para todos (Santos, 2006, p. 63).
Uma das declarações que nos estimulam a pensar sobre o partilhar do pão é o que encontramos
na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, quando esta relata que “partilhamos as alegrias, as
tristezas e os problemas do mundo contemporâneo” (Papa Francisco; Al-Tayyeb, 2019). É a relação da
comunidade cristã com o mundo, não para demonizar, mas para acolher. Este documento pretende
estabelecer um diálogo saudável e profícuo com a realidade existente. Trata-se de um documento
inclusivo que procura unir cristãos sob a mesma perspectiva: a graça divina torna todos os seres
humanos irmãos (Papa Francisco; Al-Tayyeb, 2019).
Souza (2014) comenta que se a religião incentiva comportamentos que facilitam a prática da
colaboração dentro de um grupo religioso, é esperado que a doação de alimentos aconteça
livremente, pois, segundo a autora, esse é o recurso mais importante ao ser humano desde a
antiguidade (Souza, 2014, p. 149).
A necessidade de se alimentar é básica e comum a todo ser humano. Segundo dados
pesquisados pela Unicef, um relatório de várias agências estima que cerca de um décimo da
população global, aproximadamente 811 milhões de pessoas, têm enfrentado a fome no mundo
atual (Unicef).
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Artur Ganilo é um estudioso dedicado a esse tema e comenta que as metas de aprendizagem
encontradas no convívio comunitário visam amadurecer as responsabilidades sociais perante as
pessoas, a comunidade e o mundo, promovendo o bem comum e o cuidado mútuo. Os objetivos a
serem atingidos seriam os seguintes: perceber a importância da partilha material, bem como da
própria pessoa; reconhecer que ela pode ser “um pão vivo”, servindo aos outros de acordo com os
carismas peculiares a cada um, dando sentido prático à partilha (Ganilo, 2019, p. 75).
Santos (2019) comenta que a fome não diz respeito apenas aos elementos físicos do alimento
pão que podem ajudar na alimentação do ser humano, tratando-se, também, de ser possível
identificar a ausência de relações saudáveis e de valores sustentadores da vida. Agir com
responsabilidade humanitária, segundo o autor, é uma questão ética (Anjos, 2019, p. 153). E, quando
se observa a ação humanitária que visa atender às necessidades básicas do ser humano, considera-se
também que a abordagem religiosa poderia fazer parte se o compartilhamento das convicções
ocorrerem sob a forma de informação, e não de doutrinação.
TEMA 3 – A JUSTIÇA SOCIAL
Minussi e Ramos (2021) comentam que o conceito de justiça social é amplo e envolve diferentes
elementos para que a sociedade seja justa. Sua origem remonta aos filósofos gregos Platão e
Aristóteles, tendo grande influência da igreja católica no século XIII, com São Tomás de Aquino.
Entretanto, é a teoria de John Rawls que consolida a concepção moderna de Justiça Social (Minussi;
Ramos, 2021, p. 301). Podemos pensar que a distribuição da riqueza é uma das questões mais
importantes e também polêmicas do mundo em que vivemos.
Jürgen Habermas escreve que, em 1971, John Rawls desenvolveu uma ideia de justiça,
caracterizada por uma “distribuição justa” dos bens de uma sociedade democrática, concepção que
serve como elemento exterminador da injustiça presente em todas as relações humanas, sejam elas
particulares ou Institucionais, cuja função seria garantir e promover a justiça para todos os membros
de uma mesma comunidade (Âmbito Jurídico).
Para Habermas, a humanidade vive uma era em que as religiões, além de serem aceitas, precisam
também serem reconhecidas como instituições que exercem funções positivas na sociedade. A
dedicação de cada adepto de uma religião precisaria estar voltada para o estabelecimento de uma
sociedade mais justa, por meio de ensinamentos e práticas religiosas transformadoras, como a
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criação de centros de acolhimento e reestruturação social e reintegração do indivíduo ao convívio
tanto familiar como coletivo e comunitário.
Há relevância em se pensar sobre a questão da concentração das riquezas e poderes sob a
condução de grupos restritos com políticas questionáveis em meio às mais diversas necessidades
sociais. Quais seriam os princípios éticos adotados pelas religiões que poderiam se mesclar e
produzir beneficências para os segmentos mais carentes da sociedade? Pois sob esta interrogação é
que têm surgido debates em busca da compreensão do que se pode fazer para que haja um convívio
social igualitário e fraterno nas mais diversas culturas.
Alves e Oliveira (2010) escrevem que:
A pluralidade tornou-se a identidade de nossas sociedades contemporâneas, uma vez que não
podemos conceber sociedades democráticas geridas por uma única concepção política, moral ou
religiosa. Se admitirmos a unicidade estaremos negando a democracia e criando espaços para a
inauguração do totalitarismo. (Alves; Oliveira, 2010, p. 27)
Note que, nesta perspectiva, os tópicos unicidade e democracia se contrapõem. A vida em
comunidade apresenta diversos desafios a serem avaliados e superados. Um exemplo são as invasões
de grandes áreas de terra por parte de pessoas que vivem em estado social de vulnerabilidade, sem
casa própria e emprego formal, para viverem de modo digno, tendo atendidas suas necessidades
básicas. Como seria possível agir de modo ético religioso junto a grupos sociais com essas
características?
As terras supostamente improdutivas, ou ainda, sem algum tipo de cultivo, que são consideradas
áreas para potencial ocupação e exploração, tornaram-se pontos de conflito envolvendo não apenas
as dimensões político-econômicas, mas também a religiosa. Há também interesses diversos
presentes no convívio comunitário que são discutidos por lideranças religiosas e que têm exigido um
posicionamento social coerente, moderado, equilibrado e sensível.
Será que há uma diretriz social básica que possa ser adotada como referência por todas as
religiões? Há uma perspectiva que valoriza a importância da prática assistencialista, a ação básica em
doar ao ser humano aquilo que supra momentaneamente sua existência. Mas há, também, a
possibilidade de se criar em núcleos religiosos algum tipo de plataforma que permita aprendizados
profissionais que envolvam tecnologia, favorecimento e enriquecimento na formação acadêmica de
adolescentes e jovens. Há pessoas que já desenvolveram algum tipo de ofício e possuem
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experiências em ambientes distintos de produção, embora acabem não tendo novas oportunidades
para exercer novamente suas habilidades e competências.
Pensando sobre essas pessoas, as lideranças religiosas poderiam promover debates e
disponibilizar plataformas que as conduzissem a novas experiências no ambiente acadêmico e no
mercado de trabalho.
TEMA 4 – A PAZ MUNDIAL
Garcia e Santiago (2011), ao estudarem a respeito da paz em meio aos relacionamentos,
entendem que o conceito de paz engloba tanto o seu aspecto negativo, como a ausência de
violência, quanto o seu aspecto positivo, ou seja, a promoção de arranjos sociais que ajudem na
redução de injustiças sociais e econômicas, bem como na superação das desigualdades de gênero e
raça (Garcia; Santiago, 2011, p. 1). Mas além dessesaspectos, há a necessidade de estudarmos sobre
a paz entre segmentos religiosos que apresentem convicções e práticas semelhantes ou diferentes.
Desde os seus primeiros dias, a humanidade parece ter como maior desafio encontrar uma paz
perene e que possa ter como referência central a prática espontânea da fraternidade. Para a vida em
comunidade experimentar essa realidade, o ideal seria que houvesse um padrão ético que fosse
adotado por toda a humanidade. Barth (2007) comenta que o ser humano moderno, embora seja
atraente, dinâmico e divertido, é também vazio, evasivo e contraditório, além de ser identificado
como um ser rebelde contra todos os estilos de vida reinantes (Barth, 2007, p. 91).
Ziles (2007), estudando as ponderações de Hans Küng, defende que para que haja um sistema
ético mundial, os valores fundamentais devem ter o intuito de ajudar a resolver problemas globais,
para além de todas as diferenças de visão do mundo, diferenças culturais, nacionais ou religiosas.
O autor comenta que as formas de vida concretas e diferenciadas dos homens dificilmente
permitem passar de um consenso mínimo e formal sobre padrões éticos (Ziles, 2007, p. 224).
Segundo Küng (2001), há três questões a serem pensadas quando se almeja um projeto ético
global: “não há sobrevivência sem uma ética mundial. Não haverá paz no mundo sem paz entre as
religiões. Sem paz entre as religiões não haverá diálogo entre as religiões” (Küng, 2001, p. 7). Para
Zilles (2007), o ser humano precisa assumir responsabilidades perante os seus semelhantes. Nesse
sentido, a ética é um compromisso público comum a todos, religiosos ou não (Urbano, 2007, p.225).
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A seguir, citamos parte do discurso de Paulo Freire na Unesco, realizado em Paris, em setembro
de 1986:
De anônimas gentes, sofridas gentes, exploradas gentes aprendi sobretudo que a paz é
fundamental, indispensável, mas que a paz implica lutar por ela. A paz se cria, se constrói na e pela
superação de realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói na construção incessante da
justiça social. Por isso, não creio em nenhum esforço chamado de educação para a paz que, em
lugar de desvelar o mundo das injustiças o torna opaco e tenta miopizar as suas vítimas. (Freire,
2006, p. 388)
Manuel Muñoz comenta que:
a paz não é um objetivo a ser alcançado nem um estado de bem-estar definitivo. É caminho, é
processo, é dinâmica, é movimento, é vida... E para fazermos junto às crianças e adolescentes esse
percurso não existem receitas milagrosas. Existem caminhos que podem e devem ser trilhados para
a construção da paz na escola. (Muñoz, 1983, p. 288)
Para Figueiras (2020), a construção da fraternidade não depende da proclamação verbal e defesa
apologética da religião cristã, por exemplo. Ela depende de gestos e condutas concretas que
vinculem pessoas independentemente de credo e convicção religiosa. A busca se dá com a esperança
de que se estabeleça uma fraternidade universal. Segundo o autor, a educação para a fraternidade é
um processo no qual cada ser humano se descobre criatura, para, depois, saber-se filho e, por fim,
reconhecer-se irmão. Trata-se de uma descoberta processual em espiral (Figueiras, 2020, p. 69).
Nesse processo, seria possível resgatar e recuperar dimensões religiosas que se enfraqueceram
ao longo do tempo, mas que podem, na atualidade, serem compreendidas com maior profundidade,
entendendo a essência de seu significado.
O ser humano está em busca da prática da fraternidade altruísta e solidária disponibilizada a
todos em todas as instâncias e circunstâncias.
TEMA 5 – ELEMENTOS SAGRADOS
Blaschke (2001) defende que a humanidade está cercada por símbolos que são transmitidos por
meio da natureza. Ele entende que o símbolo é uma forma sintética de comunicação. Enquanto a
linguagem escrita é conceitual e analítica, o símbolo é intelectual e racional (Blaschke, 2001, p. 9). Sob
o aspecto religioso, os símbolos são elementos que fazem parte do universo de uma prática de fé, e
ao longo da história das religiões, vêm surgindo novos símbolos frequentemente. Mas há alguns
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temas quando se estuda religiões e seus ensinamentos e doutrinas que se destacam. Entre eles, o
assunto sobre o sagrado e o profano é um dos mais debatidos.
Gomes (2013), pensando sobre questões religiosas, comenta que elas ingressam o ser humano
no mundo da paixão e da indiferença, da comunidade e do individualismo, da vida e da morte, da
inclusão e da exclusão, da paz e do conflito, do amor e do ódio (Gomes, 2013, p. 121). Por essa
perspectiva, a vida humana e os seus relacionamentos se desenvolvem em meio a um turbilhão de
emoções e sentimentos. O sagrado e o profano estariam inseridos nesse universo. Na cenarização
diária da sociedade, entre aquilo que é identificado como sagrado pelas religiões estaria a prática da
fraternidade, algo sagrado a ser praticado por todas as religiões. O importante nesse ambiente social
em que vivemos seria pensar em como é possível extrair aprendizados adotando ou respeitando os
elementos sagrados pertencentes a cada credo e religião.
Cada reflexão envolvendo o tema fraternidade é importante no processo de amadurecimento
das ideias quanto ao modo de viver solidário. Uma forma de avançarmos em nossos estudos seria a
de pensar na importância da interação entre o sujeito e a coletividade. Uma sugestão que nos surge
seria entender que as atitudes fraternais poderiam ser adotadas como ações referenciais e analisadas
por diferentes grupos, com suas atitudes e valores, sendo renunciadas as imposições religiosas.
Opiniões e práticas entrelaçadas no convívio comunitário, em vez de gerarem desentendimentos e
dissabores sociais, poderiam se transformar num laboratório de amadurecimento social, o que
apresentaria como resultado o prevalecimento da harmonia.
Se para um segmento religioso a Eucaristia é um elemento sagrado que simboliza o corpo do
Cristo sofredor, que leva sobre si as dores da humanidade e, para outro segmento, é algo sem valor,
não haverá conflito se diferentes religiões, dentro de um senso comum social, puderem manter seus
elementos sagrados restritos aos seus credos e doutrinas. Se voluntariamente este ou aquele
desejarem participar de eventos pertinentes a outras religiões, não seria indicado proibir-lhes de
fazer tal ação.
Outro exemplo que pode ser observado seria relativo à alimentação das pessoas. Há animais e
alimentos que são sagrados a determinadas religiões e são fonte de sustâncias e proteínas para
adeptos de outras. Até em meio a seguidores de uma mesma religião, surgem convicções diferentes
quanto à forma ideal de se alimentar. A perspectiva principal seria partilhar um pão comum que
satisfizesse a todos. Dispor-se a experimentar uma comunhão sacramental e fraterna em uma religião
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diferente seria algo indicado a todos, podendo ser praticado por aqueles que assim o desejarem
(Pacheco, 2020, p. 79).
Sanchis (1997), pensando sobre as religiões dos brasileiros, comenta que há dois movimentos
simultâneos no campo religioso nacional. O primeiro deles apresenta características peculiares sobre
distinção, multiplicação e rupturas e, o outro, apresenta uma relativa homogeneização religiosa
(Sanchis, 1997, p. 29), principalmente quando se observa que há práticas religiosas comuns e
similares em boa parte de doutrinas e ensinamentos. No tema batismo, por exemplo, há diferenças
de concepção, mas, na prática, quase todas as religiões adotam algum tipo de batismo para ratificar a
iniciação de um novo adepto à sua religião.
Quando estudamos e tentamos compreender a importância de cada símbolo e elemento
sagrado de cada religião, já demonstramos que há disposição em aprender num ambiente plural. A
ética a ser praticada no âmbito religioso passa empatia,consideração e respeito aos elementos
sagrados das religiões, observando que por meio do debate, questões complexas poderão ser
melhor entendidas. Se porventura existirem práticas religiosas insalubres, a sociedade de modo geral
apontará e sugerirá mudanças para que sejam feitas reavaliações de conceitos, ensinamentos e
tradições.
NA PRÁTICA
O tema fraternidade é cada vez mais fomentado por segmentos sociais que primam por atender
às necessidades dos carentes e vulneráveis, independentemente de credo ou religião a que se
devotem ou se dediquem. Araújo (2011) comenta que ainda há quem recuse um diálogo mais
abrangente na sociedade e que partilhe sensações, novidades, dinâmicas e fluidez no mundo
contemporâneo ou pós-moderno (Araújo, 2011, p. 80).
Michel Maffesoli observa que:
A sociedade está em constante recomposição e não existem começos nem fins abruptos. Quando
os diversos elementos que compõem uma determinada entidade já não podem, por desgaste,
incompatibilidade, fadiga etc., permanecer juntos, eles entram de diversas maneiras numa outra
composição e, desse modo, favorecem o nascimento de outra entidade. Foi isso que antes que
encontrássemos um monte adequado, presidiu a elaboração da pós-modernidade. Saturação-
recomposição. (Maffesoli, 2004, p. 20)
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FINALIZANDO
Nesta aula, vimos alguns aspectos relacionados à prática da fraternidade e sua relação com
valores e princípios ético-religiosos encontrados no convívio social. Analisamos a conceituação de
família, tanto a compreensão tradicional como as novas formas de família que a pós-modernidade
tem gerado.
A prática da fraternidade pode ocorrer por meio da partilha do pão, a qual pode ser praticada
por pessoas e grupos de credos e convicções distintas, mas sob a mesma intenção, que é a de assistir
aos necessitados e lutar pelo estabelecimento de uma sociedade mais justa.
Outra necessidade da atual geração sob a perspectiva globalizada é que todas as pessoas
precisam de paz. As religiões têm esse desafio para superar. No convívio social, desfrutar de paz para
tomar decisões e agir pode ter como base princípios éticos de todas as religiões. É preciso haver algo
que se mescle e trabalhe pelo desenvolvimento de um ambiente no qual prevaleça um espírito de
cooperação. Também é necessário que possa ser dada liberdade às diferentes religiões, para que
cultuem seus elementos sagrados sem ameaças ou imposições.
REFERÊNCIAS
ÂMBITO Jurídico. O conceito de justiça de John Rawls e análise crítica de Jürgen Habermas.
Disponível em: <https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-166/o-conceito-de-justica-de-john-
rawls-e-analise-critca-de-juergen-habermas/>. Acesso em: 13 set. 2021.
ALVES, M. A.; OLIVEIRA, N. A. Justiça e políticas sociais na Teoria de John Rawls. Revista
Sociedade em Debate, Pelotas, v. 16, n. 1, p. 25-43, 2010.
ANJOS, M. F. dos. Pão, fome e contradição. Um ensaio teológico. Instituto São Paulo de Estudos
Superiores. Revista de Teologia e Cultura, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 145-157, 2019.
ARAÚJO, D. N. Fraternidade eclética: compondo memórias e construindo identidades. Brasília:
UNB, 2011.
BAIO, F. J. B. O pão de cada dia: análise filosófica, pedagógica e didática à unidade lectiva
quatro do sexto ano do ensino básico do programa de EMRC. Porto: Universidade Católica
Portuguesa. Faculdade de Teologia, 2015.
17/11/2021 17:26 UNINTER
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15
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