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UCVI: Abrangência das Ações de Saúde Histologia: Hematopoese, anemias, distúrbios hemodinâmicos e dengue: Hemocitopoese: é o processo contínuo e regulado de produção de células do sangue, que envolve renovação, proliferação, diferenciação e maturação celular. As células do sangue têm vida curta e são constantemente renovadas pela proliferação mitótica de células localizadas nos órgãos hemocitopoéticos. Na vida pós-natal, os eritrócitos, granulócitos, linfócitos, monócitos e plaquetas originam-se a partir de células-tronco da medula óssea vermelha. Conforme o tipo de glóbulo formado, o processo recebe os seguintes nomes: eritropoese, granulocitopoese, linfocitopoese, monocitopoese e megacariocitopoese (coagulação). A proliferação das células-tronco pluripotentes origina células-filhas com potencialidade menor – as células progenitoras multipotentes, que produzem as células precursoras (blastos). Hematopoiese: produção das células do sangue na medula óssea. Existem fatores que podem aumentar ou diminuir a produção dessas células. Ex: eritopoieseé dependente da nutrição (ácido fólico, B12 e Fe), aspectos genéticos (presença de hemácias com defeito). Glicose: manutenção do organismo + células adiposas = base para a hemocitopoises. A alimentação e medicamentos alteram essa produção. Corte de medula óssea vermelha (hematógena) mostrando capilares sinusoides (pontas de seta) e células adiposas (asteriscos). Maneira que as células produzidas na Medula atravessam o endotélio dos capilares presente na região = diapedese. A produção de células na região medular pode sofrer diminuição ou aumento, e para esses aspectos podemos levar em consideração: Estilo de vida; Alimentação do indivíduo; Característica genética – aspecto levado em consideração em leucemias; Uso de drogas (medicamentos, entre outros); Infecções (bacterianas, virais e fungicas); Desta forma, é importante correlacionar a ausência ou o aumento dessas células com a clínica do paciente, uma vez que, essa variação na quantidade de células pode caracterizar doenças graves. Eritropoiese e anemias: As hemácias são formadas a partir de células precursoras, que são volumosas, com núcleo central, nucléolo evidente e citoplasma rico em organelas. Essa célula sofre muitas divisões mitóticas e de acordo com o grau de maturação, as células são proeritroblastos, eritroblastos basófilos, eritroblastos policromáticos, eritroblastos ortocromáticos (ou acidófilos), reticulócitos e hemácias. A medida que estas células se diferenciam, começam a produzir hemoglobina, que é lançada dentro do citoplasma. Com o decorrer do tempo, a hemoglobina ocupa praticamente todo o citoplasma. A eritropoetina (EPO) é uma glicoproteína reguladora da eritropoiese, sintetizada pelo rim (90%), e pelo fígado em menor quantidade (10%). É importante frisar que a eritropoiese depende da adequada obtenção de proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e vitaminas. Destes dois últimos grupos, os elementos mais importantes são o ferro, o ácido fólico e a vitamina B12. A absorção do ferro é facilitada pelo ácido hidroclorídrico e ácido ascórbico e depende de um componente proteico – a transferrina – para transportá-lo à medula óssea e aos órgãos de estocagem, dos quais o fígado é o principal. Anemia falciforme: gestante precisa tomar ácido fólico para não decair o seu nível de eritropoiese pela falta de aporte nutricional. Presença de reticulóides indica que a medula óssea está muito ativa (pode ser atológica) ex: dengue. Doenças renais estão relacionadas a anemia por conta da eritropoetina. A absorção da vitamina B12 requer um componente proteico, conhecido por fator intrínseco, que é uma substância existente no suco gástrico, sendo secretada pelas células parietais da mucosa gástrica. Assim, a vitamina B12 e o ácido fólico dependem do funcionamento adequado da mucosa gástrica para serem absorvidos. Assim, ferro, ácido fólico e vitamina B12 são estocados no fígado, para serem utilizados em situação de deficiência destes elementos. Anemias: A Anemia é a condição na qual a concentração sanguínea de hemoglobina (pode estar em níveis normais, mas analisando a quantidade total de hemácias diminuiu por hemólise. Ex: doenças parasitparias) se encontra abaixo dos valores esperados, tornando-se insuficiente para atender as necessidades fisiológicas. Normalmente, o indivíduo é considerado anêmico quando a taxa de hemoglobina é inferior a 12 g/dL para mulheres e 13 g/dL para homens. Contudo, na literatura, é descrita uma variação nos valores tidos como de referência, considerando valores típicos para definir anemia abaixo de 13,5 g/dL em homens adultos e abaixo de 11,5 g/dL em mulheres adultas. A diferença na concentração de hemoglobina e, consequentemente, nos valores de referência entre homens e mulheres pode ser explicada pelo efeito hormonal (efeito androgênico no tecido eritrobástico para sensibilização à eritropoietina e efeito estrogênico para inibição) sobre a eritropoiese. Classificações das anemias: A maneira usual de se analisar as anemias é de acordo com a sua patogênese e etiologia, classificando-as de acordo com a morfologia eritrocitária e com a fisiopatologia. Uma vez estabelecida a presença da anemia (pela concentração de hemoglobina), deve- se analisar os índices hematimétricos a fim de observar a classificação morfológica. Volume Corpuscular Médio (VCM): Considera-se normal de 80-100 fL. < 80 fL = Microcitose: Anemia ferropriva; talassemias; anemia sideroblásticas; anemia de doença crônica (tardia); deficiência de cobre; 80-100 fL = Normocitose: Anemia ferropriva (precoce); perda aguda de sangue; doença renal crônica; anemia aplásica; > 100 fL = Macrocitose: Abuso de álcool; deficiência de ácido fólico; deficiência de vitamina B12; reticulocitose (recuperação de anemias hemolíticas, carenciais e sangramentos); síndromes mielodisplásicas; leucemia mieloide aguda; hepatopatia crônica; medicamentos (ex.: zidovudina, hidroxiureia); Hemoglobina Corpuscular Média (HCM -> todas): Considera-se normal de 28-34 g/dL de hemácias. < 28 = Hipocromia: Anemia ferropriva; talassemias; > 34 = Hipercromia: Costuma acompanhar macrocitoses. Índice que refere-se a cor da hemácia. Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM -> cada uma): Considera-se normal de 31-36 g/dL de hemácias. < 31: Anemia ferropriva; talassemias; > 36: Esferocitose (hereditária ou adquirida); doença falciforme. Reticulócitos: revela a atividade medular de produção de eritrócitos, estando aumentado em estados hiperproliferativos e diminuído em estados hipoproliferativos: Aumentados: hemólise contínua ou perda de sangue; Diminuídos: anemia aplásica, invasão medular, infecção, quimioterapia e outras causas de supressão medulares. Red Cell Distribuition Width (RDW — indica a variação do tamanho das hemácias) Anisocitose é o termo que se dá quando o RDW se encontra aumentado, podendo ser visto no esfregaço sanguíneo uma grande variação de tamanho entre as hemácias. O RDW pode estar aumentado em algumas situações, como: o Anemia por deficiência de ferro; o Anemia megaloblástica; o Talassemia; o Doenças do fígado. Além disso, pessoas em tratamento quimioterápico ou com algum antiviral também podem apresentar RDW aumentado. Anemia ferropriva: O ferro é componente indispensável para a formação do grupo heme e consequentemente para a produção de hemoglobina nos eritroblastos. Para o diagnóstico da deficiência de ferro, é avaliada a presença de anemia, a morfologia dos eritrócitos (microcitose e hipocrômia) e a baixa concentração de ferritina (forma de armazenamento do ferro) — menor que 20 ng/mL — e o aumento dos receptores de transferrina (responsável pelo transporte do ferro). A falta de ferro para formar hemoglobina leva à formaçãode hemácias com pouco conteúdo (por isso a hipocromia — CHCM baixo), que, ao se adaptarem, a essa situação, alcançam volumes corpusculares mais baixos (microcitose — VCM baixo), bem como uma redução da hemoglobina corpuscular média (HCM baixo). Anemia megaloblástica: A anemia megaloblástica (AM) é causada por inúmeros defeitos na síntese do DNA ocasionando, assim, um conjunto comum de anormalidades hematológicas do sangue periférico e da medula óssea. Para a síntese normal do DNA e da hematopoese, são necessárias duas vitaminas: a Vitamina B9, conhecida como Ácido Fólico, e a Vitamina B12, conhecida como Cobalamina. Na falta dessas vitaminas, não há a síntese de timina e, com isso, os cromossomos não se duplicam, não havendo, assim, a divisão celular. As hemácias, como já possuem tempo médio de sobrevivência, serão retiradas, porém, não ocorrerá a sua reposição. A anemia ocorre com o déficit de vitamina B12 e/ou ácido fólico. As AM são anemias macrocíticas, caracterizadas pela presença de precursores celulares anormais, que resultam de um processo conhecido como hematopoese megaloblástica. Na anemia megaloblástica, identifica -se VCM elevado (com frequência nos casos graves acima de 120 fL), indicando macrocitose, além de leucopenia, trombocitopenia (falta de plaquetas) Anemia aplástica: A anemia aplástica, também conhecida como aplasia medular, é considerada uma doença hematológica rara, mas que possui um alto índice de letalidade, sendo caracterizada pela diminuição dos elementos celulares do sangue periférico. Esta anemia está associada à medula óssea com um alto grau de hipocelularidade, com substituição do tecido hematopoiético por gordura, sem evidências de infiltração neoplásica ou de síndrome mieloproliferativa. Geralmente, a anemia é normocítica e normocrômica, mas, nos casos mais severos, apresenta-se macrocítica (com VCM < 115 fL). A dosagem de hemoglobina, geralmente, é inferior a 10 g/dL, com contagem de plaquetas menor que 50.000/mm3 e contagem de neutrófilos menor que 1.500/mm3. Porém, o exame confirmatório é a biópsia de medula óssea. Anemia G6PD: Deficiência de G6PD e sua Repercussão Clínica: A glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) é uma enzima citoplasmática capaz de catalisar a primeira reação da via das pentoses-fosfato, na qual se dá a oxidação da glicose-6-fosfato e da 6-fosfoglicolactona, com a produção de nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH). A deficiência de G6PD pode ocorrer, devido a mutações que alteram a estrutura da proteína, com redução de sua atividade, ou ainda na quantidade de enzima produzida. Nenhum dos padrões de mutação observados em humanos causa a inativação completa da G6PD, já que isso seria letal para um embrião em desenvolvimento. Anemia hemorrágica: A anemia hemorrágica é considerada um quadro benigno, que ocorre após a perda aguda ou crônica de sangue, a qual pode levar à depleção dos estoques de ferro do organismo e à anemia ferropriva de forma secundária. Em um primeiro momento, os sintomas estão relacionados à hipovolemia e, nessa fase inicial, o exame pode demonstrar níveis de Hb ainda normais, pois tanto o conteúdo plasmático quanto o celular são perdidos de maneira proporcional. Posteriormente, devido à liberação de vasopressina e outros peptídeos, o fluido extravascular é mobilizado para o intravascular, levando a reposição volumétrica e hemodiluição. Nessa situação, evidenciam-se a redução dos níveis de Hb e consequente anemia, cujo grau reflete a quantidade de sangue perdida. Em um último momento, diante do quadro de anemia e hipóxia, a produção de eritropoietina aumenta, iniciando o estímulo da produção de eritrócitos. A reticulocitose demora de 2 a 3 dias para ser detectada, atingindo o valor mais alto de 8 a 10 dias após o quadro de hemorragia. Hemorragia por doenças crônicas: A anemia de doença crônica (ADC) é uma manifestação primariamente associada a processos inflamatórios, como: neoplasias (linfomas, carcinomas etc.); infecções agudas e crônicas (vírus da imunodeficiência humana – HIV, tuberculose, endocardite bacteriana, osteomielite, abscesso pulmonar etc.); doenças autoimunes (artrite reumatóide, colite ulcerativa, vasculite, lúpus eritematoso sistêmico – LES, etc.); rejeição crônica após transplante de órgãos sólidos; doença crônica renal. A anemia por doença crônica, geralmente, apresenta valores de hemoglobina (Hb) entre 10 e 11 g/dL, mas alguns casos podem ter anemia grave, com Hb inferior a 8g/dL (até 30% dos casos). A prevalência e a severidade da anemia estão relacionadas ao estágio da doença de base e à idade do paciente. A anemia por doença crônica, geralmente, é normocítica e normocrômica, com contagem reticulocitária diminuída, como resultado da eritropoiese diminuída, com RDW normal ou pouco aumentado. Anemia hemolítica: A apresentação clínica dos pacientes com AH é variável e depende do mecanismo fisiopatológico subjacente, desde sintomas inerentes a qualquer tipo de anemia como fadiga, taquicardia ou dispneia até sinais mais específicos de hemólise como a icterícia, alteração da cor de urina, esplenomegália ou hepatomegália. A gravidade da anemia depende da intensidade e velocidade do processo hemolítico, bem como da resposta medular consequente. Assim, o quadro clínico pode variar desde assintomático a rapidamente fatal. Esse grupo de anemias pode ser classificado pela origem da patologia, que pode ser hereditária ou adquirida. As anemias hemolíticas hereditárias são subdividas de acordo com o tipo de defeito intrínseco responsável pela doença: composição da hemoglobina (hemoglobinopatias – distúrbios falciformes e talassemias), defeitos de membrana do eritrócito e deficiências enzimáticas dos eritrócitos. A anemia hemolítica aguda pode ser diagnosticada a partir de infecções parasitárias, como por exemplo na parasitose causada pelo Plasmodium falciparum – causador da malária. Talassemias: As talassemias constituem um grupo heterogêneo de doenças genéticas, caracterizadas pela redução ou ausência da síntese de um dos tipos de cadeias de globina que formam as hemoglobinas. Consoante a cadeia cuja síntese esteja afetada, são classificadas em α-talassemias ou β-talassemias. A falta ou a insuficiência na produção devem-se a alterações cromossômicas como deleções, características da α-talassemia, ou mutações (alterações gênicas), características das β-talassemias (PCR para identificar). A talassemia é caracterizada por ser microcítica e hipocrômica com sinais ou características de hemólise, e a anemia está presente nas formas mais graves da doença que é proporcional ao déficit da cadeia, com hemoglobina muito baixa (2 a 3 g/dL). Anemia falciforme: A anemia falciforme é uma doença caracterizada pela presença da HbS (hemoglobina s) em indivíduos homozigóticos (doença autossômica recessiva). Isso ocorre devido a uma mutação do cromossomo 11 (doença genética recessiva), onde há a substituição de um ácido glutâmico pela valina. Esta substituição faz com que a hemácia fique em forma de foice, devido ao fato de a HbS ser responsável pelo processo de polimerização dos eritrócitos, ou seja, quando não recebem oxigênio, os eritrócitos são levados à falcização. Alguns Drepanócitos (hemácias em foice) ou Eritrócitos Falciformes no Campo. Alterações da série branca do sangue (leucócitos): Leucopenia: O número de leucócitos circulantes pode ser reduzido em uma variedade de doenças. Uma contagem de leucócitos baixa (leucopenia) geralmente resulta de número reduzido de neutrófilos (neutropenia ou granulocitopenia). Neutropenia: A neutropenia se refere especificamente a um número anormalmente baixo de neutrófilos e comumente é definida como uma contagem de neutrófilos circulantes inferior a 1.000/ ml. A neutropenia pode ser o resultado de redução na produção de neutrófilos, utilização ou destruição acelerada, ouum desvio da corrente sanguínea para os compartimentos dos tecidos. OBS: No contexto da hematologia e da imunologia, o sufixo “penia” significa pouco, abaixo do normal; os sufixos “citose” e “filia” significam acima no normal. Leucocitose: A leucocitose se refere a uma elevação no número de leucócitos no sangue (acima de 10.000/mm3). As leucocitoses podem ocorrer em situações fisiológicas (leucocitose fisiológica) – geralmente de grau leve, sendo comum em gestantes, recém-nascidos, lactantes, após exercícios físicos. Por outro lado, existe também a leucocitose reativa. Plaquetas: As plaquetas são produzidas através da fragmentação de pseudópodos da membrana citoplasmática de megacariócitos na medula óssea, e o processo de geração de plaquetas circulantes pelas células hematopoiéticas pode ser dividido em megacariopoiese e trombopoiese. Megacariocitopoiese é o processo pelo qual os megacariócitos sofrem proliferação e maturação, a partir da célula progenitora da medula óssea e ocorre em tecidos hematopoiéticos, sobretudo a medula óssea. A trombopoiese é o processo de formação de plaquetas, a partir de megacariócitos maduros e sua liberação para a circulação. Hemostasia: A hemostasia é composta por uma sequência de eventos integrados, os quais englobam vasos sanguíneos, plaquetas, fatores de coagulação, anticoagulantes naturais, proteínas da fibrinólise e seus inibidores. O objetivo da hemostasia é interromper sangramentos provenientes de lesão vascular. Após lesão vascular, a resposta primária da hemostasia, que envolve o endotélio vascular e plaquetas, resulta na formação de um trombo plaquetário, cujo efeito hemostático é transitório. A ativação dos fatores de coagulação culminará na geração de trombina e, subsequentemente, de uma rede de fibrina que reforçará e estabilizará o trombo. Os anticoagulantes naturais controlarão a ação dos fatores de coagulação, impedindo que a geração de trombina e de fibrina seja excessiva. Finalmente, a fibrinólis dissolverá gradualmente a rede de fibrina, garantindo um fluxo sanguíneo normal ao longo do leito vascular. Rede de fibrina (TP e TTPA): proteínas de coagulação. Fisiologia da coagulação, fibrinólise e controle da coagulação: Alterações plaquetárias quantitativas (plaquetopenia e plaquetoses): Os testes laboratoriais, além de auxiliarem no diagnóstico da disfunção plaquetária, são empregados para monitoração de drogas antiplaquetárias, de terapia pró-hemostáticas, prevenção de trombose ou sangramento e no controle de qualidade de plaquetas estocadas para transfusão. Tempo de Protrombina: avalia as vias extrínseca e comum da coagulação. É sensível às deficiências dos fatores V, VII e X, sendo menos sensível à deficiência de fator II e às formas leves de deficiência de fibrinogênio. Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada TTPA: Este é o teste de triagem para a avaliação dos fatores das vias intrínseca e comum da coagulação. Deve ter sensibilidade para detectar as deficiências dos fatores VIII, IX, XI e XII. Dengue: Doença viral transmitida por mosquitos Aedes aegypti, que ocorre em áreas tropicais e subtropicais. Pessoas infectadas com o vírus pela segunda vez têm um risco significativamente maior de desenvolver doença grave. Os sintomas são febre alta, erupções cutâneas e dores musculares e articulares. Em casos graves, há hemorragia intensa e choque hemorrágico (quando uma pessoa perde mais de 20% do sangue ou fluido corporal), o que pode ser fatal. Espectro Clínico: Na apresentação clássica, a primeira manifestação é a febre, geralmente alta (39oC a 40oC), de início abrupto, associada à cefaléia, adinamia, mialgias (dor muscular), artralgias. As formas graves da doença podem manifestar-se com sinais de disfunção de órgãos como o coração, pulmões, rins, fígado e sistema nervoso central (SNC). Exames Físicos: Estado de consciência: irritabilidade, sonolência, torpor etc. Avaliar pele: pálida ou corada; seca ou úmida; sudoreica. Pulso periférico: ausente ou presente; rápido ou normal; cheio ou fino. Sangramento de mucosas ou manifestações hemorrágicas de pele: pesquisar petéquias, sufusões hemorrágicas em locais de punção venosa e equimoses; examinar conjuntivas e cavidade oral (palato, gengiva e orofaringe). Grau de hidratação, temperatura e peso. Pulso: normal, débil ou ausente OBS: Diferentemente do que ocorre em outras doenças que levam ao choque, na dengue, antes de haver uma queda substancial na pressão arterial sistólica (menor que 90 mmHg, em adultos), poderá haver um fenômeno de pinçamento (estreitamento) da pressão arterial, ou seja, a diferença entre a pressão arterial sistólica e a diastólica será menor ou igual a 20 mmHg, caracterizando a pressão arterial convergente, que se caracteriza por ser um sinal de choque da dengue. Avaliação hemodinâmica: sequência de alterações hemodinâmicas o Distúrbios de coagulação (coagulopatias e plaquetopenia), hemorragias: As manifestações hemorrágicas na dengue são causadas pela fragilidade vascular, plaquetopenia e coagulopatia, devendo ser investigadas clínica e laboratorialmente, com prova do laço, TAP, TTPA, plaquetometria. Associa-se com frequência aos sangramentos importantes o estado prolongado de hipovolemia. o Características do Choque da Dengue: A Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e a Síndrome do Choque da Dengue (SCD) constituem as formas de sepse por vírus e assim devem ser abordadas. A FHD/SCD é caracterizada pelo extravasamento de fluidos e proteínas do leito vascular para os espaços intersticiais e cavidades serosas, devido ao aumento de permeabilidade vascular generalizada, ocasionada por uma resposta inflamatória sistêmica, que, quando desregulada, leva a formas de choque e Síndrome de Disfunção de Múltiplos Órgãos (SDMO). o Caso confirmado de febre hemorrágica da É o caso confirmado laboratorialmente e com todos os critérios presentes a seguir: a) febre ou história de febre recente de sete dias; b) trombocitopenia (≤100.000/mm3 ); c) tendências hemorrágicas evidenciadas por um ou mais dos seguintes sinais: prova do laço positiva, equimoses ou púrpuras, sangramentos de mucosas do trato gastrintestinal e outros; d) extravasamento de plasma devido ao aumento de permeabilidade capilar, manifestado por: hematócrito apresentando aumento de 20% sobre o basal na admissão; queda do hematócrito em 20%, após o tratamento adequado; presença de derrame pleural, ascite ou hipoproteinemia o A febre hemorrágica do dengue, segundo a OMS (1997), pode ser classificada de acordo com a sua gravidade em: a) grau I – febre acompanhada de sintomas inespecíficos, em que a única manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva; b) grau II – além das manifestações do grau I, hemorragias espontâneas leves (sangramento de pele, epistaxe, gengivorragia e outros); c) grau III – Síndrome do Choque da Dengue (SCD), colapso circulatório com pulso fraco e rápido, estreitamento da pressão arterial ou hipotensão, pele pegajosa e fria e inquietação; d) grau IV – Síndrome do Choque da Dengue (SCD), ou seja, choque profundo com ausência de pressão arterial e pressão de pulso imperceptível.
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