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POLÍTICAS EDUCACIONAIS NOS ANOS DE 1930 A 1950: INCIDÊNCIA SOBRE COLETIVOS DE IDADE Lívia Diana Rocha Magalhães1 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/Museu Pedagógico Nesse texto temos a tarefa fundamental de expor os primeiros relatos de um dos recortes do projeto de pesquisa sobre a “Educação em Vitória da Conquista: seus sujeitos, representações e materiais” levado a cabo por uma equipe multidisciplinar do Museu Pedagógico da UESB. Trata-se de uma discussão sobre a interdisciplinaridade que se busca entre as várias ciências, particularmente entre a História e a Sociologia, tomando como eixo as matrizes de pesquisa que possibilitam o convite à reflexão sobre a origem e a transformação dos tempos sociais com relação à educação e/ou aos sistemas educativos. Tomando como base o que afirma Sandoica: Los fundamentos de la historiaría, se han indo haciendo más dispares y complejos a lo largo de la segunda mitad del siglo XX. Al contacto poliédrico com las ciências sociales, sus fronteras se han ido desplazando y abriendo sucesivamente, dejando que penetren em la historia disciplinas limítrofes, com sus procedimientos desiguales y sus técnicas variadas (2004, p. 10). Com essa afirmação pretendemos recorrer aos argumentos das teses sobre a “coetaneidade” e da formação de coortes geracionais que tomamos como análise na nossa principal linha de pesquisa e observar o propósito explicitado acima. Para Ryder (1965, p. 844) uma coorte é um grupo de “pessoas que nascem no interior do mesmo intervalo de tempo e conseqüentemente envelhecem juntas” e são das experiências vividas por uma coorte que se formam as gerações, ou seja, uma consciência coletiva especifica, de atitudes, de comportamentos que lhes diferenciam de outros grupos de idade. Nessa perspectiva há sempre “um conjunto de coetâneos que acompanham e sofrem as influências das mudanças da conjuntura histórica do mesmo estágio de vida” (MAGALHÃES, 1999, p. 13). Discutir os materiais herdados de nossos antepassados e rastreados na pesquisa sobre fontes documentais escritas e orais, levantadas pela equipe do Museu Pedagógico 1 Professora do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas/UESB e coordenadora do Museu Pedagógico. em sua relação com o projeto sobre a Escola Pública do HISTEDBR, para refletir sobre a Política Educacional desenvolvida em cada período de nossa História da Educação e sua relação e incidência sobre determinadas estruturas e situações, particularmente sobre determinadas “coortes geracionais”, é um dos propósitos que aqui começa a ser apresentado. Assim sendo, estamos considerando que provavelmente uma dada política educacional afeta mais a determinados coletivos de idade do que a outros, dependendo do atendimento ás necessidades dos tempos de vida que mais requer acesso na idade certa aos níveis e seriação educacional, e pode denunciar como pode ter sido a escolarização pública herdada em um dado período da História. E, ainda considerar, que os materiais legados e herdados de dadas circunstâncias históricas e sua integração ou não a uma dada geração, podem representar que relações se estabelecem entre os padrões educacionais de uma época, a definição de sua política educacional, e as exigências e lacunas entre os padrões e a realidade de um dado momento de uma sociedade. Transitando entre a aproximação macroanalítica e microanalítica, cuja tensão entre o geral e o particular é dialeticamente pensada, pretendemos não abandonar os níveis de relações que se estabelecem entre atores coletivos e individuais; entre forma e conteúdo dos fenômenos. Portanto, nos apropriaremos das diversas abordagens históricas sem perder de vista a polarização dialética entre o global e o local. Nesse primeiro momento, passamos a expor, as nossas primeiras notas de pesquisa sobre a estrutura do nosso sistema educativo entre os anos de 1930 a 1950, partindo de algumas reflexões sobre a legislação educacional e de certas circunstâncias sobre as quais se manifestam sua afirmação e negação social. Nessa perspectiva, vamos tomar como referência para estudar, os testemunhos das reformas educativas ocorridas entre os anos de 1930 a 1950 e as características educacionais de um contingente populacional de nascidos entre 1926 e 1935 considerando as evidências dos dados dos censos demográficos e do discurso expresso em textos oficias. Primeiro cabe recordarmos, que a instauração da chamada I República do Brasil consagrada pela Constituição de 1891, que instituiu o sistema federativo de governo, conseqüentemente efetivou a descentralização do ensino, que embora seja perfilado por um considerável aparato jurídico-político, como uma das garantias da instauração da democratização educacional, acabou consolidando o sistema dual de ensino, advindo do império: escola secundaria acadêmica e superiores, sob a responsabilidade da União e instaladas nas capitais, e ensino primário e profissional, de responsabilidade dos Estados, para a população menos aquinhoada economicamente, nos municípios. Os anos de 1930 a 1937 nascem cheios de expectativas de eminentes intelectuais, e abarca a idéia da democratização da escolarização pública uma escola pública, gratuita e laica. Herdam os frutos dos movimentos políticos e econômicos supostamente anti-oligárquicos e a “[...] implantação do capitalismo de modelo urbano- industrial” (ROMANELLI, 1999, p. 46) e de uma recessão econômica internacional, cujo auge é representado pela crise de 1929, mas também vem acompanhada de uma euforia pelas supostas necessidades educacionais dos setores secundários e terciários da economia, bem como de esperanças de mudanças pedagógicas e democratização da escola, cunhado pela nossa literatura como “entusiasmo pela educação”. Os protagonistas chamados “renovadores, escolanovistas”, esperam dos novos políticos o apoio e as condições necessárias para tirar a educação da prostração. Nos anos seguintes (1937-1946) o “Estado Novo” assume a gestão da instrução nacional e toma a prescrição legal de tudo o que se refere a conhecimentos, doutrinas e objeto do ensino público: os métodos, os livros, a distribuição do tempo etc., como principal instrumento de controle educacional. Poder-se-ia dizer que enquanto a primeira República enfrenta-se com a instalação da gratuidade e obrigatoriedade da escola primária, um dos principais parâmetros para a implementação da República, os períodos seguintes enfrentam-se com o problema não resolvido da estatização e laicização da educação, em particular do ensino secundário, até então sob o domínio hegemônico das escolas confessionais católicas. O ensino secundário chega a ser exaltado e adquire finalidade singular com relação ao ensino primário. A escola elementar necessária e uniforme cria uma relação entre a escola e a moral, a escola e a nação, que tivera uma força especial no terreno da educação primária, por meio de castigos, determinação de modos de conduta e de valores. A disciplina rígida, de sobra conhecida por uma geração de estudantes, desencontrar-se-á da gestão da escola secundária. Esta terá uma versão diferenciada de uma cidadania útil ao sujeito e a Nação. De fato, a prioridade da prescrição legal para o ensino secundário, indica o quanto há uma expectativa do Estado para com o ensino secundário. As autoridades educacionais, principalmente durante os anos do Estado Novo, apresentam o cuidado especial com esse nível de formação tanto no plano geral das reformas quanto na determinação dos conhecimentos e doutrinas; de métodos, de livros para unificar a instrução nacional do ensino secundário. Não faltam, portanto, testemunhos para demonstrar a preocupação do setor público com essa formação. As exigências para a equiparação ou reconhecimento de estabelecimentos de ensino que queiramfuncionar como ensino secundário ginasial (1o ciclo) e colegial (2o ciclo), expressos na portaria número 375 de 16 de agosto de 1949, emitidas pelo ministro de Educação Clemente Mariani e as exigências de condições materiais dessas escolas são elucidativas. E ainda mais nas normas já compatibilizadas com a portaria ministerial nº 501 de 1952 (apud NÓBREGA, s.d. p. 381-404). Em síntese, encontra-se determinada as exigências para a identificação: Do nome, ao regime (Externato, Semi-Internato ou Internato) dos estabelecimentos; da sua Capacidade (limite máximo da matrícula); horários; corpo docente; regulamento; e uma ficha detalhada para acompanhar as condições físicas e pedagógicas da escola: salubridade; ausência de ruídos; ausência de perigo; causas perturbadoras de atenção; natureza, permeabilidade e regularidade do terreno; área coberta para recreio e abrigo; área livre; Edifício: disposição interna e situação; número de pavimentos; material e conservação; entradas, escadas e corredores; e em seguida a pontuação para cada um dos itens: Instalações (450 pontos): extintores de incêndio; caixa d’ água; instalação para limpeza geral do prédio; bebedouros; Lavatórios; Gabinetes sanitários; Salas de aulas (500 pontos) e números de salas (3); área; forma; isolamento; quadros negros; pintura; área de iluminação; disposição das janelas; acústica; carteiras, móveis diversos; Salas especiais e materiais didáticos (500 pontos): auditório; biblioteca; sala de geografia; sala de línguas vivas; e ainda material suplementar para colégios: coleção de livros em espanhol (60); coleção de discos em espanhol (30); coleção de filmes espanhóis (40); coleção de livros; discos e filmes franceses, ingleses e espanhóis; sala de ciências; instalações (150); material de demonstração (650); material de experimentação (100); Física e Química: sala de demonstração (200); Laboratório; Física; Química: Material de experimentação (300); Reagentes (180), Gabinete de História Natural; (300); sala de desenho; e ainda prossegue estabelecendo as condições materiais até os chuveiros para o caso dos semi-internatos. Coexistindo os dois projetos: o da realização da escola primária para “todos” e a escola secundária para cidadãos úteis a nação e a si mesmos, ambas continuaram longe de serem unificadas, apesar da luta dos pioneiros da escola nova em defesa da articulação do ensino primário ao secundário desde o Manifesto de 1932. Por exemplo, na exposição de motivos da Lei Orgânica do Ensino Secundário, pronunciado pelo Ministro de Educação Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, em 1 de abril de 1942, retoma as chamadas “Reformas Francisco Campos” (por meio de decretos) que, sobretudo, efetivou a estrutura e organização do ensino secundário (decreto 19.890 de 18/04/1931), que até então era realizado por meio de exames e cursos propedêuticos para o ensino superior exalta: O sistema vigente de ensino secundário data de 1931. Dentre as vantagens que deles provieram para a educação no país e de notar antes do mais a concepção que lhe serviu de base, isto é, a afirmação do caráter educativo do ensino secundário, em contraposição à prática então reinante de considerá-lo como mero ensino para os cursos do ensino superior. Dessa concepção decorreu um corolário de importância fundamental: a metodizarão do ensino secundário, isto é, a seriação obrigatória de seus estudos e a introdução nesses estudos de uma disciplina pedagógica [...]. Representa por outro lado, significativo resultado da legislação ora em vigor ter facilitado a generalização do ensino secundário, antes ao alcance de poucos, a todos os pontos do país. Havia no Brasil, em 1931, menos de duzentas escolas secundárias, hoje essas são quase oitocentas (apud NÓBREGA, s.d., p. 387-389). E distinguindo a função da escola primária da escola secundária, prossegue: O ensino primário deve dar os elementos essências da educação patriótica. Nele o patriotismo, esclarecido pelo conhecimento elementar do passado e do presente do país, deverá ser formado como um sentimento vigoroso, como um ato de fervor de indissolúvel apego e à indefectível fragilidade para com a pátria. Já o ensino secundário tem mais precisamente por finalidade a formação da consciência patriótica. É que o ensino secundário se destina a preparação das individualidades condutoras, isto é, dos homens que deverão assumir responsabilidades maiores dentro da sociedade e da nação, dos homens portadores de atitudes espirituais que é preciso infundir nas massas, que é preciso tornar habitual entre o povo [...] (idem). Nesta época, começa a tornar-se visível a criação de unidades escolares públicas, reunindo um amplo corpo de professores e alunos em torno da criação e principalmente da equiparação de escolas, ao nível secundário,2 em importantes núcleos urbanos. Logo, as polêmicas criadas em torno da substituição da educação secundária privada pela 2 Até então eram escassas, em sua maioria privada confessional, e quase na totalidade católica. O colégio Pedro II, criado desde o Império, ou seja, o Seminário de São Joaquim no Rio de Janeiro é convertido em Colégio de Pedro II, pelo Imperador, cujo nome leva o colégio, em dezembro de 1837 e que passa a servir de parâmetro nacional para as escolas secundárias. pública, que vão se acirrar logo mais, por ocasião da discussão da LDB prevista em 1946 (A Lei 4.024/61), quando se ascenderam os ânimos em torno do debate escola pública e escola particular. O fato é que o ensino secundário sempre esteve especialmente desenhado para incorporar exíguas camadas altas e médias da população brasileira. O classismo do ensino secundário, sob forte privatização da confessionalidade católica, na sua oferta educativa, indicava o quanto o seu acesso era seleto. É interessante observar que a escola primária, a cargo dos Estados, recebeu pouca atenção, quando se compara com a legislação do ensino secundário. A continuidade da política de atenção ao ensino secundário prossegue particularmente no governo do Estado Novo (1937-1946), que acresce iniciativas no campo dos cursos profissionais. Só em 1946, já no governo provisório de José Linhares, ocorre um decreto 8.529/1946 e do ensino Normal (lei 8.530) no mesmo ano. Assim, retomando nosso propósito inicial, perguntamos: quais foram os reflexos dessas políticas sobre a grande parte da população de nascidos a partir dos anos de 1920, crianças e jovens que nos anos da segunda república, estavam em plena idade escolar de 7 a 14 anos e de 15 a 24 anos? Naturalmente, tais fenômenos conjunturais não incidem de maneira homogênea, em decorrência principalmente da situação de classe, entre outras, como região, gênero, etnia etc. No entanto, a política educacional de uma nação tende a refletir, sobretudo, entre aqueles que dependem dos serviços públicos, ou seja, do oferecimento da escola pública e de seus diversos níveis. Os dados são elucidados. Na pesquisa sociodemográfica que realizamos em 1991 (IBGE, Censos Demográficos), constituímos um recorte de dados a partir dos nascidos entre 1926-1935, considerando que essa é uma população que vai vivenciar seus anos formativos entre os 15-24 anos, em 1950. Portanto em um período em que supostamente estariam implantadas as reformas do ensino secundário e como vimos acima, sob a égide de consideráveis iniciativas na área educacional, e da atmosfera de importantes nuances de desenvolvimento econômico e político. Considerando os dados, no entanto, a situação é lastimável: em 1950, quase a metade da população de 15 a 24 anos, portanto crianças nascidas entre 1926-1934, não sabiam ler e escrever (46,5%), conseqüentemente, só 53,5% desse contingente populacional está alfabetizado no ano mencionado. De fato, as reformas do ensino secundário ainda não eram uma realidade patente. Umaparcela considerável dessa população tão somente alcança a escola primária ou elementar (95,5/%). Um pouco mais de mulheres (96,7/%) do que homens (94,2%), revelando que a maior parte das crianças e jovens que viveram seus anos escolares durantes os anos de 1930 a 1950, alcançam em sua maioria, tão somente a escolar primária. Essa realidade é confirmada quando se observa que somente 3,7% do contingente de jovens de 15-24 no ano de 1950, concluíram o ensino secundário. Um pouco mais de homens do que mulheres galgam esses níveis de ensino, 4,4% e 3,1%, respectivamente. O fato é que as escolas secundárias ainda estão ao alcance de poucos, e como fica implícito no discurso do ministro Capanema, o poder da norma em um sistema de igualdades formais, com base na naturalização das individualidades, do desempenho, na verdade, escondem o estatuto de nascimento, de classe. Possivelmente um contingente significativo dos nascidos nos anos em pauta, em idade escolar durante os anos dos decretos e leis educacionais principalmente para o ensino secundário não são, em sua maioria, os herdeiros dessa política, indicativo de que de fato, as leis e os decretos pouco modificam a realidade, quando não estão consubstanciadas em bases democráticas concretas, ficando assim, algumas gerações mais do que outras, a mercê desse estágio de coisas. ROMANELII (apud FERNANDES, 1966) ratifica essa afirmação, quando analisa dados educacionais do período: Vê-se que a taxa de escolarização de nível primário abrangia, em 1950, de modo geral, mais de 50% da população escolarizável. Este nível predominava sobre os outros, o que mostra que a taxa de escolarização da população brasileira indicava uma escolaridade máxima de nível elementar naquela época. O nível médio aparece com uma proporção mínima nas duas datas assinaladas, embora com algumas diferenças positivas em favor de 1950 (1988, p. 81). No entanto, prossegue a nossa pergunta: as gerações dos nascidos nessas décadas, depois dos 24 anos, nos anos seguintes, continuaram estudando e se beneficiaram das políticas de educação de jovens e adultos das décadas de 1960 e das demais? Foram instigados a estudar com o passar dos anos? Organizando os dados para acompanhar os anos adultos dos nascidos entre 1926-1935, observamos que há alguns pontos positivos, a maior para esses coetâneos com relação ao aumento da escolaridade nos anos adultos, fruto possivelmente da concretização dessas políticas e das políticas dos anos de 1950, em particular, quanto à alfabetização de adultos, ou seja, se havia um percentual 55, % de pessoas alfabetizadas aos 15-24 anos em 1950 e no ano de 1960, aos 25-34 anos, o percentual de alfabetizados passa para 64,6/%, chegando essa população com uma parcela de pessoas aos 55-64 nos anos de 1990/19913 com 65,4 % alfabetizadas. Nos anos seguintes há um aumento do percentual dessa população, quando adulta também para o ensino médio, porém em ritmos menos acentuados. Se tão somente 3,7% dessa população chega à idade jovem, ao grau médio, aos 25-34 anos esse percentual sobe para 5,6?%, chegando os setentões e oitentões (55-64 anos) dessa “coorte” com 8,8% no nível em pauta, sendo 9,1% para as mulheres e 8,8% para os homens (9,1% e 8,85) respectivamente, indicativos de que esses coletivos se apropriaram das possibilidades educacionais seguintes, mesmos nos anos adultos. No entanto, a maioria dessa população alcança os 55-64 anos nos anos de 1990/1991 em sua maioria apenas com a escola elementar (86,5%). Essa realidade se torna patente, quando se observa “tipos sociais” de coetâneos, homens e mulheres entre setenta e oitenta anos, fruto da historia educacional. As testemunhas ainda vivas, de hoje, se são escolarizados, com formação de nível médio ou superior, geralmente são homens, para não falar das poucas mulheres, que certamente, se lembram com clareza dos comportamentos e doutrinas que lhes impunham os padres, as feiras dos ginásios, colégios e conventos. No entanto, esses são poucos, a maioria dos componentes dessa “coorte geracional”, alcançou tão somente o nível primário, oferecido por seus Estados em seus municípios, e ainda com forte diferença se estavam vivendo em um Estado e município, rico ou pobre, com fortes vínculos políticos federativos ou não etc. Certamente, a maioria da população dessas “coortes” são testemunhas vivas da prova dos nove, dos rígidos castigos “no milho”, por exemplo, das escolas primárias de professores e de professoras, e do ensino mútuo, sem se falar de um contingente principalmente de mulheres analfabetas, em geral donas de casa e mães de uma família numerosa, que incluía uma média de cinco a mais filhos. De fato, a ampliação das oportunidades educacionais até o nível médio ainda é bastante recente no Brasil, se a Lei 4.024/61 não modificou muito essa realidade, é particularmente nos anos de 1970, com a lei educacional do governo militar a 5.691/71, 3 O Censo de 1990 foi realizado em 1991. que compatibiliza formalmente a formação geral com a profissionalização desse nível de ensino, que ocorrerá uma expansão quantitativa, que continua sendo questionada devido a sua hipotética formação, agora ao contrário dos anos de 1930 a 1950, anteriormente explicitadas, sem as mínimas condições materiais. O ensino médio desenhado pelos educadores por volta das discussões da LDB (9.394/96) continua no plano da indagação, uma vez que as “coortes geracionais”, nascidas nos anos de 1990, aos 7–14 entre os anos de 1997 e 1998, estão sendo recepcionadas, em sua maioria, por escolas públicas de ensino fundamental e médio onde impera o tradicional darwinismo social: separando as “coortes” que podem freqüentar a ante-sala de preparação para o vestibular nas escolas particulares contra as “coortes” ansiosas para encontrar as longínquas oportunidades de trabalho e as promessas do ensino superior. REFERÊNCIA BIBLIOGRÀFICA IBGE –Fundação Instituto Brasileira de Geografia e Estatística.Censo demográfico Brasil-Rio de Janeiro. _______.Censo demográfico-Brasil 1960 –Rio de Janeiro, 1960. _______.Censo demográfico-Brasil 1960 –Rio de Janeiro, 1970. _______.Censo demográfico-Brasil 1960 –Rio de Janeiro, 1980 ________Censo demográfico-Brasil 1960 –Rio de Janeiro, 1991. MAGALHÃES, L.D.R. A trajetória das gerações nascidas entre 1926 e 1975; um perfil sociodemográfico. Campinas, 1999. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade de Campinas. NÓBREGA, V.L. Enciclopédia da Legislação do Ensino. v1 e 2. Rio de Janeiro, s.d. ROMNANELLI, O. História da Educação no Brasil. Petrópolis (RJ); Vozes, RJ.10a. ed., 1988. RYDER, N.B .The cohort in the studey of social change. In: American sociological Review, v 6, p. 843-861, 1965. SANDOICA, H.E. Tendências historiográficas actuales: escribir historia hoy. Madrid: Akal, 2004.
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